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NOVAS LINGUAGENS, NOVOS DESAFIOS: A INTERNET NO CONTEXTO ESCOLAR

Elizete L. M. Matos Neival Pinel

O final do século XX, sob o influxo da globalização que requer uma troca rápida de informações e conhecimentos, mostrou-nos um mundo de transformações moldado pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e repleto de novas significações que passam a afetar profundamente a sociedade contemporânea.

Com efeito, o fenômeno denominado globalização1 trouxe-nos mudanças que aparecem como um novo modelo de vida e de mundo: uma nova economia, uma nova cultura e uma nova forma de organização social. Por tais motivos, é que, não raro, somos invadidos pela dúvida se estamos à mercê da tecnologia ou se a tecnologia está evoluindo no ritmo das conjunturas da sociedade. Castells (2002, p.43) nos auxilia nessa questão afirmando que “a tecnologia não determina a sociedade e nem a sociedade transcreve o curso da transformação tecnológica”, o que ocorre é a interligação, uma interação de diferentes fatores. Como resultado, temos um movimento que gera mudanças, evolução, revolução, inovação.

Na educação, vamos perseguindo a síntese de todo esse movimento, de todas essas mudanças: muitas informações, novos significados, novos paradigmas. A escola tenta acompanhar todas essas modificações buscando um ambiente de aprendizagem condizente com as características da sociedade atual e que seja mais adequado às necessidades dos alunos em função do mundo a que pertencem.

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A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO OU A ERA DAS RELAÇÕES?

Segundo Werthein (2000, p.71), a expressão “Sociedade da Informação” passou a ser utilizada como forma de transmitir o conteúdo específico do “novo paradigma técnico-econômico”. A expressão refere-se “às transformações técnicas, organizacionais e administrativas que a sociedade vem passando, propiciadas pelos avanços tecnológicos na microeletrônica e telecomunicações”.

De acordo com Castells (2002, p.68), estamos passando por um momento histórico semelhante ao da Revolução Industrial, pois as mudanças possibilitadas pela tecnologia são de tal envergadura que estão induzindo uma “descontinuidade nas bases da economia, sociedade e cultura”. Descontinuidade no sentido de profundidade nas transformações que vêm acontecendo nas atividades humanas.

A Sociedade da Informação refere-se ao momento atual da história, em que a transformação do modelo da sociedade está pautada em um novo paradigma tecnológico, um modelo baseado na tecnologia da informação. E, nesse sentido, Castells (2002, p.69) sinaliza que não são os conhecimentos e as informações que caracterizam de fato esta fase, mas sim a aplicação que faremos desses conhecimentos e dessas informações, em uma sequência de “processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso”.

O mesmo autor salienta que, por esse motivo, são características fundamentais da Sociedade da Informação: a informação como matéria-prima; os efeitos de penetrabilidade que as tecnologias possuem nas atividades humanas; o predomínio da lógica das redes; a flexibilidade e a convergência entre tecnologias. Com esses avanços tecnológicos, a Sociedade da Informação transformou as possibilidades das relações entre os indivíduos, as relações financeiras e as formas de comunicação.

Sob outra perspectiva da sociedade atual, Moraes (1997) traz uma concepção segundo a qual fazemos parte de uma nova era, sem dúvida, mas não a era da informação, e sim a Era das Relações. Em verdade, estaríamos no processo de transição da era antiga, a Material, para a Era das Relações, a atual.

A autora sinaliza que, no período da Era Material, o poder estava relacionado à quantidade e à disponibilidade de recursos materiais e apoiado em valores econômicos, no progresso, na eficiência e na produtividade. Caracterizava-se pela dualidade entre o homem e o mundo, uma visão fragmentada de sujeito, “prevalecendo o individualismo e à ausência de cooperação, compaixão e solidariedade” (MORAES, 1997, p.210).

No período atual, a Era das Relações, “o poder está na teia das relações”, apoiado nas informações disponibilizadas e nas condições de o homem articular o conhecimento disponível,

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mediante autoconsciência e diversidade cultural. Está caracterizada pela “unicidade com o real, com o eu, a integração do homem com a natureza, a crença na inexistência de partes distintas e o prevalecimento de formas mais elevadas de cooperação entre seres viventes e não-viventes” (MORAES, 1997, p.210).

De acordo com a autora, estamos em um momento social que engloba conexões entre as relações inter, intra e transpessoais, além das questões relacionadas ao uso dos meios tecnológicos. Uma fase em que prevalece o valor do indivíduo e das sociedades, na evolução da humanidade. Uma era que necessitará de uma educação que favoreça a transição entre a era material para a era das relações a fim de corrigir os desequilíbrios, as injustiças e as desigualdades existentes na sociedade em que vivemos, mediante uma nova postura de comportamento e comprometimento de cada indivíduo para com a sociedade.

Essa educação deve trabalhar com o aluno na perspectiva de uma formação integral, abrangendo o desenvolvimento de suas inteligências intelectuais, emocionais e relacionais. Uma formação que cultive valores, responsabilidades sociais, comprometimento com o outro e com o mundo; além das atividades voltadas para a formação de um profissional criativo, reflexivo, decisivo e que esteja preparado para aprender ao longo da vida, adaptando-se aos momentos de mudança, de transformação.

Nesse sentido, Moraes (1997) se refere a novos ambientes de aprendizagem que favoreçam a circulação de informações e a construção do conhecimento, numa evolução da consciência individual e coletiva.

A INTERNET E AS REDES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO

Dando continuidade às ideias acima destacadas, se considerarmos que estamos na Sociedade da Informação, cuja característica é o volume de informações disponíveis, ou se considerarmos a Era das Relações como a possibilidade de as pessoas articularem tais informações, entendemos que, de qualquer forma, estamos diante de uma realidade na qual não podemos ignorar a humanidade dada a complexidade que se apresenta.

A sociedade necessita de pessoas competentes para lidar com informações que estão em constantes transformações, uma vez que a rapidez da tecnologia2 nos permite novas descobertas a cada dia. Ao mesmo tempo, conforme Moraes (1997), precisamos de sujeitos capazes de usufruir de seus conhecimentos para libertar-se dos problemas que a humanidade possui e que estão relacionados aos aspectos sociais, psíquicos, éticos e morais que vêm transformando o homem e a mulher em seres individualistas, egocêntricos, sem noção de ética e solidariedade.

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Se precisamos de pessoas com conhecimentos capazes de articular informações com tecnologia, ao mesmo tempo em que deverão aprimorar suas relações pessoais e a sua visão de mundo, compreendendo-o como um sistema complexo e articulado, há também a necessidade de uma escola que atenda a essa demanda, que consiga trilhar essa busca para a formação do homem.

Valente (2005) salienta que existem dois aspectos a serem considerados na implantação das tecnologias em ambiente escolar. A primeira sinaliza que tanto o conhecimento técnico quanto o pedagógico devem estar acontecendo simultaneamente. Dessa forma, o pedagógico é beneficiado pelo conhecimento da técnica, e a técnica acaba criando novas possibilidades que atendam ao pedagógico.

O segundo aspecto refere-se exclusivamente às aplicações pedagógicas, e o destaque está na especificidade de cada mídia3, em determinada situação. Esse aspecto aponta a importância de o professor ter conhecimentos necessários sobre o uso adequado dessas mídias para explorá-las em diferentes situações educacionais.

Para atender a essa diversidade de atividades que a tecnologia possibilita às escolas e aos alunos, é fundamental que o professor esteja familiarizado com as modalidades do uso da informática4 em ambiente escolar, o que requer a exploração de atividades cada vez mais sofisticadas. Isso significa refletirmos sobre as possibilidades que a escola tem de trabalhar com o volume de informações que possuímos na sociedade atual, de forma crítica, reflexiva, significativa e que de fato contribua para a formação do aluno favorecendo a construção do seu conhecimento.

As aplicações da Internet5 no âmbito educacional, para Sancho (2001), podem variar entre ser considerada como um recurso educacional, como instrumento de comunicação, para a realização de projetos, para transmitir conteúdos, para auxiliar em pesquisas e, ainda, no desenvolvimento profissional dos professores. Mas essa utilização exige conhecimentos prévios por parte do professor e uma política bem definida na escola. É uma questão de currículo. A escola necessita organizar-se na interação dessas novas linguagens e cenários que estão representados pelas tecnologias da informação e da comunicação.

Apresentam-se a seguir algumas possibilidades de uso no processo ensino-aprendizagem; são serviços disponíveis na Internet e que podem ser utilizados em ambiente escolar para diversas atividades pedagógicas. Entre eles, o chat6, o correio eletrônico, o fórum, a lista de discussão, o blog. Os portais e os sites, juntamente com as redes sociais, disponibilizam serviços que podem integrar significativamente os diversos grupos exitentes na escola, no familiar e naa comunidades.

O chat: “é uma conversa entre pessoas por meio de um programa eletrônico em redes de computadores em tempo real” (CORTELAZZO, 2000). Um bate-papo com hora marcada, com envio simultâneo das mensagens digitadas. Pedagogicamente pode ser uma maneira de integração

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entre professor-aluno para trocar informações, sanar dúvidas, compartilhar experiências e curiosidades. Os temas podem ser variados e poderá haver convidados para um debate. O chat “potencializa a socialização on-line quando promove sentimento de pertencimento, vínculos afetivos e interatividade” (SILVA, 2005, p.65).

O correio eletrônico “é um serviço de troca de correspondência entre usuários (um a um, um a vários ou vários a vários). Cada usuário tem um endereço eletrônico (e-mail) para correspondência” (CORTELAZZO, 2000). As mensagens são trocadas via linguagem escrita, mas o sistema permite anexar à mensagem qualquer tipo de arquivo.

O fórum, diferentemente do chat, é uma ferramenta assíncrona, ou seja, não exige comunicação em tempo real. Nas atividades pedagógicas pode ser utilizado para disponibilizar questões que envolvam debates de diversos assuntos, gerando discussões entre diferentes opiniões ou posicionamentos divergentes entre os membros do grupo. As questões podem ser disponibilizadas e respondidas por um período determinado, e cada participante é livre para respondê-las quando melhor lhe convier, sem limites de participação, conforme o desenrolar das discussões.

Os portais7 são caracterizados como locais e não como serviços, e possuem como característica disponibilizar várias informações em um único local. São utilizados por empresas, profissionais liberais e, principalmente, por escolas, agrupando informações institucionais, calendário de atividades, jogos e pesquisas para as crianças, reportagens e textos informativos para os pais.

Os sites8, assim como os portais, também não são caracterizados como serviços e sim como locais, e ofertam ao usuário o maior número possível de informações disponibilizadas na word wide web (www), mediante buscas por palavras-chave de informações específicas “sobre determinada pessoa, empresa, instituição ou evento” (SILVA, 2005, p.66) As informações são acessadas via endereço eletrônico das páginas hospedadas.

Os blogs são uma espécie de diários, em que cada usuário publica o que desejar: fotos, histórias, notícias, ideias e pensamentos. Na maioria das vezes, o proprietário do blog9 deixa aos visitantes a possibilidade de eles contribuírem com as informações ali disponibilizadas. Segundo Silva (2005, p. 66), “como diário virtual, o professor ou estudante pode disponibilizar conteúdos de aprendizagem e postar sua produção pontual”, cuidando da publicação do conteúdo e da interação com os demais leitores e o material por eles postados.

Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) são os responsáveis pela maioria dos cursos a distância que possuímos. Caracterizados como sala de aula interativa, possibilitam aos seus usuários “uma construção integrada de informação, comunicação e aprendizagem on-line” (SILVA, 2005, p. 66). Permitem a disponibilização de materiais diversos produzidos pelo professor; em geral,

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possuem fórum, chat e correio eletrônico, o que propicia a troca de informações entre professores e alunos.

O AVA é um recurso de ensino e aprendizagem muito utilizado atualmente, tem por finalidade oportunizar a aprendizagem colaborativa. As interações devem estar presentes durante todo o processo de aprendizagem no ambiente, como alertam Palloff e Pratt (2004, p. 141):

[...] cursos com altos níveis de interação tendem a obter maior índice de satisfação e menor índice de abandono. Assim, incentivar um alto nível de interação é papel fundamental do professor. Na verdade, talvez seja a sua tarefa mais importante no ambiente de aprendizagem on-line.

O ambiente proporciona a construção do conhecimento, a autonomia e a participação dos alunos no processo ensino-aprendizagem, bem como o acompanhamento do professor quanto à participação de cada um dos seus alunos.

Christensen; Horn e Johnson (2012) comentam sobre a importância de o professor perceber as mudanças que a sociedade contemporânea apresenta em relação às TICs e, com isso, inovar no processo de ensino aprendizagem presencial ou virtual.

Contudo, é necessário que o professor apresente boas estratégias metodológicas para transformar as TICs em Tecnologias de Aprendizagem e do Conhecimento (TACs). Conforme Barba e Capella (2012, p. 36): “O acesso a uma enorme quantidade de informações, recursos, ferramentas e pessoas favorece não só o ensino formal, mas especialmente o aprendizado informal, e autodidata, e constitui um espaço para o aprendizado ao longo do ciclo da vida e o desenvolvimento profissional”.

A internet afeta as relações escolares; porém, o conhecimento em rede no ambiente educacional transforma-se em aprendizado quando se têm claro as metodologias e os objetivos de aprendizagem. As redes sociais estão num processo de expansão, principalmente as redes sociais focadas em relacionamentos via Web (Orkut, Facebook, Twitter, Myspace etc.). E algumas redes sociais apresentam aplicativos10 educacionais para auxiliar alunos e professores na aprendizagem colaborativa.

O Facebook11 pode ser considerado hoje a principal Rede de relacionamentos disponível na Internet. No final de 2011, eram quase 850 milhões de usuários ao redor do mundo, com mais de 900 milhões de buscas mensais realizadas no site. Estima-se que cada usuário tenha em média 135 amigos conectados e uma utilização mensal per capita na casa de 750 minutos.

Esse é apenas um exemplo de como são estabelecidas as novas relações na era dos chamados nativos digitais, ou seja, jovens que hoje se encontram na fase da adolescência e que têm, nestas tecnologias, uma base importante e cada vez mais intensa para a construção de sua identidade, seja ela a pessoal ou a social.

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Para Palfrey e Gasser (2011), a era da internet, em que estão crescendo os nativos digitais, está proporcionando outra grande mudança no que significa construir e administrar a sua própria identidade.

Assim, a partir das múltiplas possibilidades oferecidas pelos meios digitais, uma pessoa pode – de forma online – divulgar em seu perfil seus interesses, expressar sua opinião acerca dos mais variados temas, desenvolver novos hábitos e interesses e criar um rede de relacionamentos sem precedentes, não apenas com seus amigos e conhecidos mais diretos, como também estabelecer laços com os amigos e conhecidos de sua própria rede de contatos.

Para o caso específico do Facebook12, as mais comuns dizem respeito à divulgação de notícias sobre sua rotina diária, hábitos, hobbies, aliados na maior parte das vezes à publicação de fotos. Essas fotos e notícias são inicialmente comentadas por quem as publicou e posteriormente são seguidas por amigos, por meio do botão curtir ou do comentar, no qual se podem fazer observações que ficam adicionadas historicamente à foto originalmente publicada.

Essa é uma característica presente no mundo das redes sociais, o que permite a seus usuários experimentar, desenvolver e aprender a representar novos papéis, expressando seus pontos de vista e usando a intensa criatividade, tão presente e ativa nesta faixa etária (qual?). Então, pode-se não apenas reproduzir, como também gerar novos conteúdos, numa escala nunca vista antes, a qual é potencializada pelo alcance e a infinidade de recursos disponíveis nos meios digitais, em constante evolução.

Um exemplo desse alcance pode ser medido pelo Twitter, considerado uma rede social com o conceito de um “microblog”, permitindo a seus usuários enviar e receber atualizações pessoais em mensagens de até 140 caracteres. As atualizações são exibidas no perfil de um usuário em tempo real e também enviadas a outros usuários seguidores, que tenham assinado para recebê-las. Os fundadores do Twitter alegam contar com aproximadamente 180 milhões de usuários na ferramenta.

O Twitter permite um excelente intercâmbio de informações com diversas redes sociais, entre elas o Facebook, em que é possível que toda postagem do usuário pelo Twitter seja também disponibilizada em sua conta do Facebook e vice-versa.

Dessa forma, percebemos claramente o poder desses novos meios digitais e o impacto que têm e terão no dia a dia dos usuários. Questão como produção de conteúdo, dossiês digitais, relação com a mídia e o consumo, privacidade e segurança, podem e devem ser trabalhados em sala de aula, promovendo um amplo debate entre os alunos, educadores e gestores escolares.

A esse respeito é oportuno acompanhar as ideias de Brookfield (1987, p.1 citado por PALLOFF e PRATT, 2004, p. 27), quando diz:

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Ser alguém que pensa criticamente é parte daquilo que forma a pessoa que se desenvolve. O professor pode ajudar no desenvolvimento do pensamento crítico, usando várias técnicas de instrução, tais como estudo de caso, debates, simulações etc. [...] no entanto, é o aluno que reconhece, por meio da reflexão sobre aprendizagem que surge dessas atividades, que a base de seu conhecimento e de sua capacidade de refletir criticamente está aumentando.

Uma das grandes possibilidades é a internet13, como um espaço considerado, de acordo com Barba e Capella (2012, p. 34),

“A internet como biblioteca”, faz alusão á enorme quantidade de recursos que a rede mundial oferece: obras de referência, como dicionários e enciclopédias; galerias de arte; revistas e outras publicações periódicas; arquivos e bases de dados dos mais variados assuntos...Podemos utilizar a rede para ter acesso a uma grande quantidade de materiais interessantes que, de outra forma, estariam fora de nosso alcance. Uma aula de inglês numa visita virtual ao British Museum não pode ser feita todos os dias. Acessar fac-símiles de documentos históricos, a hemeroteca de um jornal, as fotos da NASA, as últimas estatísticas oficiais, uma biblioteca virtual de obras clássicas ou um crescente número de publicações científicas não é pouca coisa. Somente por esse tipo de uso, o mais evidente, já se justifica a utilização da internet nas escolas.

Porque, afinal de contas, estamos falando do “Nativo Digital”, podemos até pensar numa simbiose considerando o “Digimano”, digital e humano, nesta era de redes, relações, interações e meios digitais. Diante dessas evidências não é de se estranhar que entrem em colapso as tradicionais maneiras de ensinar e acessar as informações.

Segundo Palfrey e Gasser (2011), são três os grandes pontos que devemos ter presentes quando falamos das diversas interações que fazem parte do mundo dos nativos digitais. A primeira delas diz respeito à velocidade com que os jovens interagem com a informação e suas consequências para o futuro da sociedade. Em segundo lugar, devemos considerar a própria formação de uma nova cultura global, como tendência natural de um mundo cada vez mais globalizado.

Segundo os autores, as consequências dessa segunda noção, de uma cultura global emergente, devem ser esmagadoramente positivas. É uma amplificação dramática dos benefícios diplomáticos e interculturais conseguidos com a invenção do telégrafo, milhões de intercâmbios internacionais de estudantes e a ascensão da economia globalmente interligada. Por fim, os mesmos autores apontam que, embora não haja uma solução única e abrangente para as questões que nos preocupam – privacidade, segurança, pirataria, sobrecarga etc. – as melhores e mais duradouras soluções têm como base os esforços baseados em comunidade.

O terceiro ponto a ser evidenciado tem como proposta a ideia de trabalharmos juntos, sendo flexíveis, pensando coletivamente, propondo projetos e debates em torno dos temas junto aos alunos, aproveitando e mergulhando em todo o potencial criativo proporcionado e potencializado pelas tecnologias as quais, possivelmente, seguirão em seu ritmo avassalador de evolução, abrindo fronteiras e nos guiando a novos estágios de interação e desenvolvimento cultural e social.

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Muitas outras possibilidades de acesso às informações disponibilizadas na internet podem ser

usadas pelo professor para ampliar suas possibilidades pedagógicas, entre elas: acessar conteúdos

de revistas e jornais; vídeos e clips de assuntos variados que podem ser trabalhados como meios

de motivação ou como revisão de conteúdos; exibição de desenhos, imagens, mapas, fotografias,

documentos, que complementam aulas e (ou) possibilitam trabalhos e pesquisas escolares. Sem

contar a quantidade de aulas prontas disponibilizadas por professores em suas páginas pessoais e

(ou) por empresas que trabalham no desenvolvimento de conteúdos para a internet. Um exemplo

seria o Portal do Professor14 disponibilizado pelo Ministério da Educação e Cultura, o qual contém

aulas, softwares, pesquisas, imagens, livros, documentários considerados de domínio público e,

portanto, de livre acesso.

E é desse cenário de possibilidades proporcionado pela Internet e da mobilização dos

indivíduos diante desse potencial que a escola vem buscando novas metodologias para o processo

ensino-aprendizagem, tentando sistematizar algumas condições que favoreçam uma prática

transformadora e uma aprendizagem mais significativa para o contexto atual.

Tais mudanças podem incluir flexibilidade de horário, trabalhos multidisciplinares, salas

apropriadas, suporte técnico, formação de professores, participação mais ativa dos alunos nas

atividades desenvolvidas, apoio pedagógico e uma reflexão sobre currículo.

De acordo com Sánchez (2012, p. 152),

Que aprendemos de muitas maneiras diferentes é um fato que já conhecemos; que aprendemos uns com os outros é uma realidade que não podemos negar. É evidente que os processos mentais individuais e que a construção do conhecimento é feita por cada um de nós, mas para que esta construção seja possível, é necessário que interajamos com o entorno, entendendo como entorno tudo o que nos rodeia; os fatos, as vivências, as pessoas etc.

O desafio está em buscar uma prática pedagógica que seja capaz de superar a fragmentação dos conteúdos e a reprodução do conhecimento, e que valorize atividades que promovam a autonomia, a reflexão, o senso crítico, a criatividade; tornando o aluno vetor de seus estudos, valorizando toda ação que estimule a busca do seu próprio conhecimento. Que o habilite na capacidade de reconhecer o momento e a realidade em que vive, refletindo e inferindo sobre ela. O desafio também está em possibilitar ao professor a utilização dos meios de comunicação, em especial o computador e a Internet, com o intuito de ampliar suas possibilidades didáticas em sala de aula, ou seja, que tais recursos possam servir como uma nova proposta de diálogo e interação na sua relação com seus alunos.

Ainda se pensarmos em currículo, cabe destacar Barba e Capella (2012, p. 47),

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O currículo não somente corre paralelo à oficialidade e formalidade de uma legislação educacional, mas também se desenvolve em outros contextos denominados “não formais” e “informais”. Assim, em virtude da análise da realidade atual, esses outros contextos deverão fazer parte das propostas curriculares realizadas pelas escolas como uma referência clara para a posterior avaliação e os acordos sobre a superação dos diferentes critérios existentes e implantados. Sem dúvida, a chegada das competências básicas nos currículos e projetos educativos das escolas traz consigo novas necessidades e abordagens. Isso significa a mudança de conceitos antiquados e um caro compromisso com a elaboração de um projeto em conjunto no qual toda comunidade educativa deve participar e a realidade deve ser referência.

O desafio está em interpretar, aceitar as mudanças sociais e incorporá-las, pois se inicia

novamente um grande processo de mudança não somente na escola, mas também em todos os

segmentos sociais, o qual vai sinalizar as estruturas fundamentais neste século XXI. Por isso,

é preciso indagar constantemente: Como educar num mundo com aceleradas inovações? Que

opções são as melhores? Que aluno é esse? Que professor se faz necessário? Que escola pode

realmente informar, comunicar e formar para uma sociedade mais digna comprometida com o

ensino e a pesquisa, como mola mestra para o desenvolvimento das nações?

Diante das rápidas mudanças tecnológicas presentes na sociedade contemporânea se faz

necessário que o professor acompanhe as evoluções, principalmente as que envolvem o cenário

educacional, podendo com isso inovar e redimensionar a prática pedagógica na sala de aula.

Uma dessas tecnologias da contemporaneidade é o tablet ou tablet PC, dispositivo pessoal

em formato de prancheta que pode ser usado para acessar a internet em sala de aula, facilitar a

comunicação entre aluno-professor e possibilitar novas maneiras de ensinar e aprender. O tablet

como recurso no processo de aprendizagem pode ser útil em sala de aula, pois favorece que o

aluno e o professor explorem várias possibilidades educacionais que a internet hoje oferece,

juntamente com as apresentadas acima.

Cabe aos professores refletir sobre o alcance pedagógico do computador, dos notebooks

ou tablet, envoltos com a grande rede mundial da internet, em que coabitam redes sociais,

links, hiperlinks e um espaço vasto de informação e comunicação. A escola, com certeza, deve

estar inserida, envolvida, conhecendo e compreendendo como interagir a partir de suas práticas

pedagógicas, afinal estamos diante deste maravilhoso mundo net onde estão os nativos digitais.

Atualmente, o Ministério da Educação (MEC) em seu site apresenta o projeto Educação

Digital que têm por objetivo distribuir tablets aos professores e alunos do ensino médio de escolas

públicas federais, estaduais e municipais.

Isso pode ser mais uma solução pedagógica, mas o fundamental é a figura mediadora do

professor que vai aguçar junto aos seus alunos um mundo de possibilidades investigativas por

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meio de pesquisa, descoberta, análise, constatações, nestas novas linguagens que a sociedade apresenta no atual cenário mundial.

Por todo o exposto, talvez seja o momento de potencializar nossos sentidos e traduzi-los numa escola em que professores, alunos, familiares e comunidade colaboram, trocam, ousam e buscam, por meio da pesquisa, novas possibilidades em prol de um desenvolvimento humano que integre não somente o conhecimento de coisas, mas também o real conhecimento da vida, da humanidade sustentável neste planeta.

REFERÊNCIAS

BARBA, Carme; CAPELLA, Sebastià (Org.). Computadores em sala de aula: métodos e usos. Porto Alegre: Penso, 2012.

CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Sociedade em Rede. v. 1. 7. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

CHRISTENSEN, Clayton M; HORN, Michael B e JOHNSON, Curtis W. Inovação na Sala de Aula: como a inovação disruptiva muda a forma de aprender. Tradução Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2012.

CORTELAZZO, Iolanda Bueno de Camargo. Colaboração, trabalho em equipe e as tecnologias da comunicação: relações de proximidade em cursos de pós-graduação. 2000. 210 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 1997.

SACHO, Juana María; HERNANDEZ, Fernando. Tecnologias para transformar a educação. Tradução Valéria Campos. Porto Alegre: Artmed, 2002.

SILVA, Marco. Internet na escola e inclusão. In: ALMEIDA, Maria Elizabeth: MORAN, José Manuel (Org.). Integração das tecnologias na educação. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2005.

PALFREY, John; GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração dos nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011.

PALLOFF, Rena. M; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004. 215 p.

VALENTE, José Armando. Pesquisa, comunicação e aprendizagem com o computador: o papel do computador no processo ensino-aprendizagem. In: ALMEIDA, Maria Elizabeth; MORAN, José Manuel (Org.). Integração das tecnologias na educação. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2005.

WERTHEIN, Jorge. Information society and its challenges (2000). Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em 2012.

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DEFINIÇÕES E NOTAS EXPLICATIVAS

1 Veja o vídeo no Youtube “Globalização e suas consequências” e reflita sobre esse assunto. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=EIw63BJop34&feature=fvwrel7>.

2 Veja o vídeo no Youtube “Evolução da Tecnologia” e perceba a relação do vídeo com o pensamento de Moraes (1997). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=eJTQGym1Hl4&feature=related>.

3 Para conhecer mais sobre a especificidade das mídias, temos como sugestão de leitura um artigo científico: “A Internet no contexto escolar: uma mídia pedagógica para promover a inclusão digital e social de alunos do ensino fundamental” disponível em: <http://www.br-ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/534>.

4 Para ampliar o conhecimento sobre o uso do computador no ambiente escolar, temos como sugestão de leitura o livro: “Computadores em sala de aula: Método e usos”. Organizadores Barba e Capella, 2012 (Anexo).

5 “Como utilizar a internet na educação”. Visite a página do Professor José Manuel Moran disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/internet.htm>.

6 Visite o Blog “Educação e Tecnologias” disponível em: <http://educacao-e-tecnologias.blogspot.com.br/2010/06/utilizacao-do-chat-como-um-recurso.html>. A utilização do chat como recurso educativo.

7 Alguns portais, disponíveis em <http://www.portaldosprofessores.ufscar.br/links.jsp>; <http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=educalinks.links&id_educalink=26>; <http://www.educacional.com.br/>.

8 Site Anped: Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação disponível em: <http://www.anped.org.br/>.

9 Sete motivos para um professor criar um blog. Disponível em: <http://www.educacional.com.br/articulistas/betina_bd.asp?codtexto=636>.

10 Aplicativos Educacionais utilizados nas redes sociais. “Uso de redes sociais no processo ensino-aprendizagem: avaliação de suas características” Disponível em <http://www.abed.org.br/congresso2011/cd/61.pdf>.

11 100 maneiras de usar o Facebook em sala de aula disponível em: <http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/05/25/936671/100-maneiras-usar-facebook-em-sala-aula.html>.

12 “Facebook para Educadores” disponível em: <http://facebookforeducators.org/wp-content/uploads/2011/ 07/Facebook-for-Educators-Portuguese.pdf>.

13 Possibilidades educacionais de sites na internet, ver em linkgrafia (Anexo).

14 Portal do Professor disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html>.