O Brasil e a Ásia
Marco Cepik
UFRGS
Seminário Atores e Agendas da Política Externa Brasileira
Belo Horizonte, MG
2012
Marco Cepik Professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Coordenador Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos
Internacionais (PPGEEI - http://www6.ufrgs.br/ppgeei/)
Diretor do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV -
http://cegov.ufrgs.br/)
Membro da International Studies Association (ISA), Association for Asian Studies
(AAS), International Political Science Association (IPSA), Latin American
Studies Association (LASA), Associacao Brasileira de Relacoes Internacionais
(ABRI), Associacao Brasileira de Ciencia Politica (ABCP) e Associacao
Brasileira de Estudos de Defesa (ABED)
Agradeço aos assistentes de pesquisa Felipe Machado e Bruno Kern, bem como ao
Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq).
Justificativa para o autor falar sobre o tema da importância da Ásia
para o Brasil:
1. CEPIK & MACHADO. O Comando do Espaço na Grande
Estratégia Chinesa: Implicações para a ordem internacional
contemporânea (2012).
2. CEPIK. A Política de Cooperação Espacial Chinesa. (2011)
3. CEPIK. Segurança Regional e Integração na América do Sul: o
que a UNASUL poderia aprender com as experiências da OSCE
e da Organização para Cooperação de Shangai? (2010)
4. CEPIK. Segurança Regional, Instituições de Defesa e
Capacidade Militares nos Países do Forum IBAS: India, África do
Sul e Brasil em perspectiva comparada (2010)
1. A Ásia importa para o mundo, por sua pujança econômica,
por sua riqueza cultural, pelo seu impacto na tripla
transição mundial demográfica, tecnológica e energética,
bem como pelo seu crescente poder militar e político.
1. O Brasil se importa com o mundo, dado o nível de
internacionalização da economia brasileira, a percepção das
elites e da população sobre a inviabilidade de uma
alternativa autárquica e os diferentes graus de exposição a
risco externo por parte do estado e da sociedade.
2. Logo, o Brasil se importa com a Ásia.
3. Interesse brasileiro na Ásia: demanda por investimentos e
tecnologia de ponta, bem como fatias de mercado
consumidor.
4. Interesse dos países asiáticos no Brasil: investimentos e
matérias primas (principalmente produtos alimentícios e
insumos básicos); acesso a terceiros mercados.
Ásia e o Mundo
Foco da análise são 30 países:
Ásia Meridional: Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal,
Paquistão, Sri Lanka;
Ásia Central: Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão,
Turquemenistão, Uzbequistão, Afeganistão;
Leste Asiático: Coreia do Norte, Coreia do Sul, Japão, Mongólia,
República Popular da China, Taiwan
Sudeste Asiático: Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos,
Malásia, Myanmar, Cingapura, Tailândia, Timor Leste, Vietnã.
Ásia e o Mundo
Área: 23.500.000 km², 17% da área mundial (excluindo a
Antártida)
População (2011): + de 4 bilhões, 56% da mundial
PIB (2010): US$ 17 trilhões, 27% do PIB Mundial
Região com grande diversidade e centralidade cultural
China, Índia, Japão e Coréia do Sul são os principais países
da região
Indonésia e Paquistão estão se tornando cada vez mais
importantes
Potência vizinhas: Rússia, Austrália, Oriente Médio e
Estados Unidos
Complexos Regionais de Segurança
CRS Oriente Médio Sudeste Asiático Leste Asiático Ex-URSS
Quantidade de
fronteiras com outros
CRS
4 3 2 4
Tipo de Complexo Padrão Padrão Padrão Centrado
Polaridade Multipolar Bipolar Multipolar Unipolar
Polarização Alto Media Alto Médio
Grau de Penetração
de Grandes Potencias
extra-regionais
Alto Alto Alto Médio
Níveis de Relações
Interregionais Alto Alto Alto Alto
Capacidade de
Integração
(Transporte/
Comunicações)
Médio Baixo Médio Alto
Tipo Predominante de
Estados (em média) Em desenvolvimento Em desenvolvimento Em desenvolvimento Em desenvolvimento
Quantidade de
Subcomplexos 3 0 2 3
N° de Organizações
de Segurança
Regional
2 2 3 5
N° de Grandes
Potências 0 0 1 1
N° de Potências
Regionais 6 2 7 0
O Brasil e a Ásia
Diretrizes da PEB desde Lula:
Cooperação Sul-Sul como eixo articulador
Maior assertividade em direção aa África e Ásia
Inserção internacional por meio de integração e
alianças variáveis
Construção de capacidade para ação regional
Temas
Ásia e Oceania
Mecanismos Inter-regionais
BRICS
Cúpula América do Sul -
Países Árabes (ASPA)
IBAS
Foro de Cooperação
América do Sul-Países da
África do Leste (FOCALAL)
Unidades
Departamento de Mecanismo Interregionais (DMR)
• Divisão do Fórum IBAS e Agrupamento BRICS
(DIB)
• Divisão do Seguimento de Cúpulas (DSC)
Departamento de Ásia Central, Meridional e Oceania
(DACMO)
Divisão de Ásia Central (DASC)
Divisão de Ásia Meridional (DIAM)
Divisão de Oceania (DOCEAN)
Departamento de Ásia do Leste (DAL)
Divisão de China e Mongólia (DCM)
Divisão da ASEAN e Timor Leste (DASEAN)
Divisão do Japão e Península Coreana (DJC)
Estrutura do MRE para Ásia: Subsecretaria-Geral Política II (SGAP II)
O Brasil e a Ásia
IBAS (2003); FOCALAL/FEALAC (Forum for East Asia-Latin
America Cooperation, 2007); BRICS (2008); BASIC (2009)
Ásia é o principal destino das exportações brasileiras
(25,8%) e a principal origem das importações brasileiras
(28,3%).
Assimetria Comercial: exportações brasileiras (produtos
básicos de baixo valor agregado); importações brasileiras
(manufaturados, bens industriais)
Parcerias estratégicas com China, Índia, Japão e Coreia
do Sul.
O Brasil tinha, em 2002, 150 postos no exterior. Em 2010, este
número havia subido para 230.
Em 2011, o governo do Brasil estabelecera 19 embaixadas, 7
Consulados e uma (01) Missão na Ásia
Ao todo, 16 países asiáticos tem embaixadas no Brasil
Fonte: MRE. Elaboração própria.
Representações Diplomáticas
Representações Diplomáticas do Brasil na Ásia
Pinos verdes: Embaixadas;
Pinos amarelos: Consulados;
Pinos azuis: Demais Missões
Fonte: MRE. Elaboração própria.
Embaixadas
Ásia Central: Cazaquistão
Ásia Meriodional: Bangladesh, Índia,
Nepal, Paquistão, Sri Lanka
Sudeste Asiático: Cingapura, Filipinas,
Indonésia, Malásia, Myanmar,
Tailândia,Timor-Leste, Vietnã
Leste Asiático: China, Coreia do Norte,
Coreia do Sul, Japão
Consulados
Ásia Meriodional: Mumbai (Índia)
Leste Asiático: Guanzhou (China), Hong
Kong (China), Shanghai (China),
Hamamatsu (Japão), Nagóia (Japão) e
Tóquio (Japão)
Demais Missões
Leste Asiático: Taipei (Taiwan)
O Brasil e a Ásia
Fonte: MDIC. Elaboração própria.
Total de US$256 bilhões
Total de US$55,1 bilhões
Total de US$55,8 bilhões Total de US$226,2 bilhões
Japão
Exportações: 4,5% (2000) para 3,7% (2011)
Importações: 5,3% (2000) para 3,5% (2011)
China
Exportações: 2% (2000) para 17,3% (2011)
Importações: 2,2% (2000) para 14,5% (2011)
Coreia do Sul
Exportações: 1% (2000) para 1,8% (2011)
Importações: 2,5% (2000) para 4,5% (2011)
Índia
Exportações: 0,4% (2000) 1,25% (2011)
Importações: 0,5% (2000) para 2,7% (2011)
Ásia (ex. Or.M):
Exportações: 11,5% (2000) para 30% (2011)
Importações: 15,5% (2000) para 31% (2011)
ASEAN
Exportações: 1,7% (2000) para 3,65% (2011)
Importações: 2,5% (2000) para 3,7% (2011)
Análise da Evolução do Comércio Com os Principais Parceiros
Desconhecimento mútuo e déficit de Area Studies no Brasil
Distância geográfica, logística e infra-estrutura como dificuldades
Assimetrias comerciais (imp./exp.) versus investimentos e
cooperação em C&T
Reformulação do MRE, novas embaixadas e acompanhamento da
segurança internacional.
Ásia é mais importante para o Brasil do que o Brasil é para a Ásia
Expansão da representatividade, quantidade e diversidade de
instituições multilaterais na Ásia e lições para o Brasil (OCX, ASEAN,
SAARC, APEC, APSCO etc.)
Referências
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