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V CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA

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V ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE

PROGRAMAÇÃO E CADERNO DE RESUMOS

O Brasil na Historiografia de Felisbelo Freire: Reflexos na Pesquisa e no Ensino de História

IHGSEAracaju, 2016

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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA SEÇÃO SERGIPE - ANPUH/SE

DIRETORIADiretor: Diogo Francisco Cruz MonteiroVice-diretor: Jeferson Augusto da Cruz

Secretária: Joelma Dias MatiasTesoureira: Maria Fernanda dos Santos

CONSELHO FISCAL1º Conselheiro: João Paulo Gama Oliveira

2º Conselheiro: Sura Souza Carmo3º Conselheiro: Wanderlei de Oliveira Menezes

SUPLENTES1° Suplente: Edna Maria Matos Antonio

2° Suplente: Samuel Barros de Medeiros Albuquerque3° Suplente: Kleber Luiz Gavião Machado de Souza

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE – IHGSE

Presidente: Samuel Barros de Medeiros Albuquerque 1º Vice-Presidente: José Ibarê Costa Dantas

2º Vice-Presidente: Igor Leonardo Moraes AlbuquerqueSecretário-Geral: José Rivadálvio Lima

1º Secretária: Tereza Cistina Cerqueira da Graça 2ª Secretária: Lenalda Andrade Santos

Oradora: Terezinha Alves de Oliva1º Tesoureiro: Saumíneo da Silva Nascimento

2º Tesoureira: Eva Maria Siqueira AlvesDiretora do Museu e da Pinacoteca: Sura Souza Carmo

Diretor da Biblioteca e do Arquivo: Lorena de Oliveira Souza Campello Editor da Revista: João Paulo Gama Oliveira

V Congresso Sergipano de História & V Encontro Estadual de História da ANPUH/SE

O Brasil na Historiografia de Felisbelo Freire: re-flexos na pesquisa e no ensino de história – Pro-gramação e Caderno de Resumo / Associação Nacional de História Seção Sergipe – ANPUH-SE. – Ara-caju: Instituto Histório e Geográfico de Sergipe, 2016.

124 p. ISBN: 978-85-68234-05-1 1. História de Sergipe 2.Felisbelo Freire 3. Historio-

grafia I. V Congresso Sergipano de História II.V Encontro Estadual de História III. Assunto

CDU 94(813.7)

Catalogação – Claudia Stocker – CRB 5/1202

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Organizadores do Livro de ResumoDiogo Francisco Cruz Monteiro

Jeferson Augusto da CruzJoelma Dias Matias

Maria Fernanda dos Santos

COMISSÃO RESPONSÁVEL

COMISSÃO ORGANIZADORA

IHGSESamuel Barros de Medeiros Albuquerque

(Presidente)

José Ibarê Costa Dantas(1º Vice-Presidente)

Igor Leonardo Moraes Albuquerque(2º Vice-Presidente)

José Rivadálvio Lima(Secretário Geral)

Tereza Cristina Cerqueira da Graça(1ª Secretária)

Lenalda Andrade Santos(2ª Secretária)

Terezinha Alves de Oliva (Oradora)

Saumíneo da Silva Nascimento(1º Tesoureiro)

Eva Maria Siqueira Alves(2ª Tesoureira)

Lorena de Oliveira Souza Campello(Diretora do Arquivo/Biblioteca)

Sura Souza Carmo(Diretora do Museu/Pinacoteca)

João Paulo Gama Oliveira(Editor da Revista do IHGSE)

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COMISSÃO CIENTÍFICA

Prof. Dr. Alfredo Julien (UFS)Profa. Dra. Andreza Santos Cruz Maynard (CODAP/UFS)

Profa. Dra. Beatriz Piva Momesso (UFF)Prof. Dr. Bruno Gonçalves Álvaro (UFS)

Profa. Me. Carine Santos Pinto (ANPUH/SE)Profa. Dra. Carla Miucci Ferraresi de Barros (UFU)

Profa. Dra. Edna Maria Matos Antônio (UFS)Profa. Dra. Fabiana Lopes da Cunha (UNESP)

Profa. Me. Mariana Emanuelle Barreto de Gois (UniAges)Prof. Me. Kleber Luiz Gavião Machado de Souza (UNP/IFBN)

Profa. Me. Viviane Andrade de Oliveira Dantas (UNIT)Prof. Me. Wanderlei de Oliveira Menezes (PMI)

ANPUH/SEDiogo Francisco Cruz Monteiro

(Presidente)

Jeferson Augusto da Cruz(Vice-Presidente)

Joelma Dias Matias(Secretária)

Maria Fernanda dos Santos(Tesoureira)

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O Brasil na Historiografia de Felisbelo Freire e suas Reflexões na Pesquisa e no Ensino

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APRESENTAÇÃO

Considerado o pai da Historiografia Sergipana, o médico e político Felisbelo Firmo de Oliveira Freire (1858-1916) legou, na verdade, um importante e pouco conhecido legado à Historiografia Brasileira, a partir de obras como: “História de Sergipe” (1891); “História da Revolta de 6 de Setembro de 1893 [Revolta da Armada]” (1896); “História Constitucional da República dos Esta-dos Unidos do Brasil” (1894 e 1895); “História Territorial do Brasil: Bahia, Ser-gipe e Espírito Santo” (1906); “Os portugueses no Brasil” (1907); “História do Banco do Brasil” (1907); “História da Cidade do Rio de Janeiro” (1912 e 1914).

No ano que marca o centenário de morte de Felisbelo Freire, o IHGSE e a ANPUH/SE tomaram como tema da quinta edição Congresso Sergipano de História & Encontro Estadual de História da ANPUH/SE “O Brasil na Histo-riografia de Felisbelo Freire e suas Reflexões na Pesquisa e no Ensino”. O evento, que já se consolida como a mais importante na área de História em Sergipe, buscará promover reflexões e debates sobre esse importante lega-do intelectual, destacando a contribuição do autor para a pesquisa, a escrita e o ensino de História em Sergipe e no Brasil.

A programação do congresso/encontro conta com conferências e mesas re-dondas sobre a temática proposta e, além disso, serão ofertados minicursos e simpósios temáticos para apresentação de trabalhos. Pretende-se, com a realização deste evento, congregar as comunidades de professores e pes-quisadores de História e áreas afins, tanto de Sergipe quanto dos demais estados do país, para o aprofundamento das discussões sobre a historio-grafia de Felisbelo Freire e o contributo de suas reflexões para a pesquisa e o ensino de História, bem como proporcionar a todos os participantes um espaço profícuo para o diálogo e difusão do conhecimento histórico.

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PROGRAMAÇÃO

24 DE OUTUBRO DE 2016 (SEGUNDA-FEIRA)14h às 18h CREDENCIAMENTO.19h30min SOLENIDADE DE ABERTURA.20h CONFERÊNCIA “A Teoria da História em Felisbelo Freire”, com o Prof. Dr. Francisco José Alves (UFS e IHGSE).

 25 DE OUTUBRO DE 2016 (TERÇA-FEIRA)

08h SIMPÓSIOS TEMÁTICOS.14h SIMPÓSIOS TEMÁTICOS.18h LANÇAMENTO DE LIVROS.19h CONFERÊNCIA “A História da Cidade do Rio de Janeiro, de Felis-belo Freire”, com o Prof. Dr. Paulo Knauss de Mendonça (UFF e MHN).

 26 DE OUTUBRO DE 2016 (QUARTA-FEIRA)

08h às 12h MINICURSOS.08h SIMPÓSIOS TEMÁTICOS.14h SIMPÓSIOS TEMÁTICOS.18h LANÇAMENTO DE LIVROS.19h CONFERÊNCIAS:- “O Espírito Santo na Historiografia de Felisbelo Freire”, com a Profa. Dra. Adriana Pereira Campos (UFES).- “A Bahia na historiografia de Felisbelo Freire”, com a Profa. Dra. Jo-ceneide Cunha (UNEB).

 

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27 DE OUTUBRO DE 2016 (QUINTA-FEIRA)08h às 12h MINICURSOS.14h MESA REDONDA “Felisbello Freire, a Pesquisa e o Ensino de His-tória”, com a Profa. Dra. Terezinha Alves de Oliva (UFS e IHGSE), a Pro-fa. Me. Lenalda Andrade Santos (UFS e IHGSE), o Prof. Marcos Vinicius Melo dos Anjos (SEED/SE), o Prof. Antonio Wanderley de Melo Corrêa (SEED/SE) e a Profa. Maria Fernanda dos Santos (PROHIS/UFS).18h LANÇAMENTO DE LIVROS.19h CONFERÊNCIA “Escrita de si na ‘História de Sergipe’ de Felisbelo Freire”, com o Prof. Dr. Samuel Barros de Medeiros Albuquerque (UFS e IHGSE).20h POSSE DA NOVA DIRETORIA DA ANPUH/SE.

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SUMÁRIO

11 001. Cidades, diálogos modernos e práticas culturais

21 003. Da invisibilidade historiográfica à história indígena: discus-sões acerca do estudo da história e da cultura indígena

26 004. História da educação: sujeitos, práticas e instituições educativas

37 005. Histórias da escravidão, resistência e pós-abolição no Brasil

48 006. Memórias, representações, práticas e apropriações: diálogos interdisciplinares sobre trajetórias, impressos e literatura

61 007. Museus, histórias e patrimônios

79 009. O uso de arquivos pessoais e fundos da administração públi-ca na construção do conhecimento histórico

86 010. Por um ensino de história plural: reflexões sobre o saber his-tórico escolar e o acadêmico

92 011. Relações étnico-raciais: memória, história e educação

96 012. Sergipe d’El Rei: poder, sociedade e cultura

102 013. Sergipe no Século XIX

114 014. Ensino de História: didática, currículo e linguagens

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001. Cidades, Diálogos

Modernose Práticas Culturais

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001. Cidades, Diálogos Modernos e Práticas Culturais.Coordenação: Jeferson Augusto da Cruz, Marta Regina da Silva Amorim

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 25/10

A CIDADE SOBE AO PALCO: O GRUPO TEATRAL DE AMADORES CRATENSES (1942-1950)

Marta Regina da Silva Amorim

Resumo: Este trabalho tem o objetivo de analisar, através da perspectiva da História Cultural, a atuação do Grupo Teatral de Amadores Cratenses (GRU-TAC) entre os anos de 1942 e 1950, na busca de compreender os valores sociais cratenses do período estudado. Percebemos que a prática teatral deste grupo pode nos dizer muito sobre a sociedade cratense, e da histó-ria do teatro amador que se desenvolveu no Brasil das primeiras décadas do século XX. Utilizamos como metodologia para este trabalho a pesquisa bibliográfi ca, através da leitura de livros, artigos científi cos, dissertações e teses que abordam o tema estudado. A pesquisa documental foi feita em jornais de época, fotografi as, livros de memórias, revistas, programas de pe-ças apresentadas pelo grupo e textos teatrais escolhidos para serem ence-nados. Através da análise desta documentação, observamos que o GRUTAC se apropriou da produção teatral nacional para apresentar a moralidade e os costumes presentes na sociedade em que estava inserido.

ECOS DA JOVEM GUARDA NO CENÁRIOMUSICAL DE ARACAJU: 1965 – 1970

Wilian Siqueira Santos Gomes

Resumo: Este trabalho de pesquisa apresentado como Monografi a, tem como principal objetivo identifi car de que forma o movimento cultural que fi cou conhecido como Jovem Guarda repercutiu em Sergipe, mais de-

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tidamente em sua capital, Aracaju. O recorte temporal escolhido, sempre necessário nas pesquisas de História, foi de 1965 a 1970, baseado no pe-ríodo de maior destaque do movimento e das carreiras de seus protago-nistas. O principal instrumento metodológico adotado aqui foi a história oral, com a realização e transcrição de entrevistas com participantes dos fatos pesquisados. Foram usadas também como fontes, jornais da época, na forma de arquivos digitalizados e livros que retratam o período estu-dado. Através da análise dessas fontes, se tornou possível afirmar que a Jovem Guarda, derivando de um contexto mundial no qual o Rock’n’roll foi o catalisador, tendo Elvis Presley e The Beatles como seus mais desta-cados expoentes, teve sim, em Aracaju, seus representantes. Estes foram jovens estudantes, que, ainda no colegial ou iniciando o curso superior, formaram conjuntos, saindo assim do papel de espectadores e passando a protagonistas, mesmo sem muitas perspectivas de profissionalização ou de se igualar aos seus ídolos em termos de sucesso. Programas de rádio dedicados ao estilo, notícias e resenhas em jornais e uma grande quanti-dade de shows dos ídolos nacionais completaram o cenário da participa-ção local nesse movimento cultural.

A HISTÓRIA CULTURAL E O RESGATE DAS SENSIBILIDADES URBANAS

Yago Felipe Campelo de Lima Resumo: É nosso objetivo neste artigo discutir sobre a cidade como objeto de estudo, não a partir de uma perspectiva descritiva, ou quantitativa, mas a partir de uma busca de vestígios imateriais como o sensível, as sociabilida-des, as representações e o imaginário que extrapolam o campo do material, do físico do quantificável, mas que possuem um modo específico de exte-riorização que permite a análise científica deste fazer humano dentro do espaço urbano. Tendo como norte a abordagem historiográfica culturalista. Apoiamo-nos nas contribuições teóricas de PESAVENTO, CHARTIER, RAGO e BARROS, afim de apreendermos de forma mais consistente as muitas ques-tões pertinentes a história cultural e o fenômeno urbano.

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CAPITOLINO HENRIQUE DA COSTA E A FOLHA DE SERGIPE NA ARACAJU NO FINAL DO SÉCULO XIX

Suelayne Olievira Andrade Resumo: O objetivo deste trabalho é proporcionar através da história de Capitolino Henrique da Costa a construção da realidade da profissão de ti-pografo na Aracaju das últimas décadas do século XIX e as teias de sociabili-dades vividas pelo personagem através do seu trabalho na imprensa. Como cidade projetada com a perspectiva de ser um eixo de desenvolvimento do progresso de Sergipe, Aracaju estrutura-se fisicamente a medida que a vida urbana se desenvolve, proporcionando com o crescimento estrutural da nova capital sergipana, o progresso cultural e as atividades profissionais próprias do espaço urbano. Nesta perspectiva, é válido apontar a ativida-de tipográfica e os diversos jornais que circularam em Aracaju durante o final do século XIX. É a partir de um dos jornais que circulou em Aracaju nas décadas de 1880 e 1890 que é possível perceber aspectos do cotidiano da cidade e suas representações. Através do jornal Folha de Sergipe que será apresentado Capitolino Henrique da Costa e as querelas de sua profissão de tipografo. O objetivo deste trabalho é proporcionar através da história de Capitolino Henrique da Costa a construção da realidade da profissão de tipografo na Aracaju das últimas décadas do século XIX e as teias de sociabi-lidades vividas pelo personagem através de seu trabalho na imprensa.

MEMÓRIAS DO TURISMO EM NATAL/RN: DESCARTE,

DESVALORIZAÇÃO, ESQUECIMENTOAndrea de Albuquerque Vianna

Resumo: A cidade do Natal/RN vem ao longo do tempo incorporando qua-lificações. Destino turístico reconhecido no mercado nacional e internacio-nal, prioriza seus atrativos naturais enquanto descola-se de eventos/monu-mentos significativos da sua história, como é o caso do Hotel Internacional dos Reis Magos, marco do desenvolvimento urbano e turístico do estado, que, destituído de sua importância histórica, encontra-se abandonado e ameaçado de demolição. Desvalorização e esquecimento integram a cul-

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tura natalense quanto a seus lugares de memória, propiciando a destrui-ção de objetos/edifícios pertencentes à memória histórico-arquitetônica da cidade. Este artigo busca compreender a relação memória/esquecimento existente na cotidianidade natalense, considerando o desenvolvimento do turismo e valores referentes à preservação do patrimônio arquitetônico lo-cal frente à crescente turistificação da capital potiguar.

OS USOS DAS SALAS DE CINEMA EM ARACAJU DURANTE A SEGUNDA GUERRA

Andreza Santos Cruz Maynard Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar a construção de imagens de Aracaju pelos frequentadores dos cinemas entre 1939 e 1945. Os habitués dos cinemas organizavam (mentalmente) a cartografia da cidade a partir da programação mais atraente de um dos cinco cinemas funcionavam re-gularmente neste período: o Rio Branco, o Rex, o Guarany, o São Francisco e o Vitória. A partir da abordagem teórica da Nova História Cultural e do exame de documentação produzida no período investigado, sobretudo jornais que circulavam diariamente em Aracaju, foi possível perceber que esses espaços que aparentemente se prestavam apenas à exibição de fil-mes, eram utilizados com finalidades distintas para atender aos interesses dos proprietários desses estabelecimentos, do Estado Novo e dos repre-sentantes comerciais.

OUVINDO OS SONS DO PASSADO NA CIDADE. TEORIA E METODOLOGIA NA ESCUTA PENSANTE

Cleber de Oliveira Santana

Resumo: O mundo acústico está recheado de sons tanto ditos tradicionais ou os chamados modernos e a cultura do sensível vem a cada dia expondo trabalhos que busquem compreender essas sonoridades trazendo elemen-tos do sensível e do emocional promovendo releituras de um passado, bem como propondo novos desafios à historiografia. Nesse sentido, o presente

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artigo tem por objetivo evidenciar a discussão em torno das sonoridades ur-banas existentes e como essas ambiências sonoras podem ser recuperadas pelo historiador a partir de teoria e metodologia próprias.

RÉPONDEZ S’IL VOUS PLAÎT: SOCIABILIDADES E DIVERSÕES URBANAS NO BRASIL ENTRE OS SÉCULOS XIX E XX.

Sandro Vasconcelos Da Silva Resumo: A partir da segunda metade do século XIX algumas cidades bra-sileiras passaram por modificações impulsionadas por um desejo de se equiparar as nações exemplos de civilização da época, tais como a França e Inglaterra, muitas delas só serão concluídas na centúria posterior. Nesse contexto, casas, praças, teatros e outros espaços passaram a ser adaptados para receber novos costumes e hábitos de seus habitantes: as classes domi-nantes. Estas, por sua vez, buscaram refinar seu comportamento no tocan-te a convivência entre seus pares, promovendo (con)vivências e diversões que impulsionaram uma vida cultural efusiva e intensa. Essa foi a época dos elegantes jantares, saraus, soirées, óperas e outros encontros promovidos tanto nos ambientes privados (a casa) quanto nos públicos (teatros, clubes, cafés, etc.). O trabalho ora apresentado tem como objetivo fazer um apa-nhado desses eventos analisando e discutindo as formas de sociabilidades e divertimentos no período que vai de 1850 a 1920 nas principais cidades brasileiras (Rio de Janeiro, Recife, Salvador). Tomaremos como base de nos-sa análise as informações contidas em jornais, revistas, relatos, iconografias e etc., tentando desta forma compreender as novas formas urbanas de se viver da classe intelectual e endinheirada.

REPRESENTAÇÕES E PRÁTICAS DE MODERNIDADE NO RECIFE DA DÉCADA DE 1930.

Ewennye Rhoze Augusto Lima Resumo: Considerada a “Paris Nordestina”, a cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco, tornou-se referencial de modernidade no inicio do

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século XX. Passando por reformas urbanas que tiveram como modelo àque-las realizadas primeiramente em Paris e posteriormente em cidades tupi-niquins como no Rio de Janeiro, Recife foi alvo de uma modernização dos costumes, tendo sido receptáculo de discursos de modernidade advindos da Europa e dos Estados Unidos que motivavam a transformação de um jeito tradicional de ser a uma “efervescência” social da inovação, do inusita-do, dos aparatos modernos. Neste contexto surge, em fevereiro de 1930, o periódico P’ra Você – semanal ilustrado que era associado à empresa Diário da Manhã S.A – que publicou matérias sobre vida social, cultura, moda, arte e literatura todas com o intento de apresentar à sociedade recifense as úl-timas novidades referentes a estes aspectos culturais, além de ter contado, entre seus colaboradores, com Jorge de Lima, Álvaro Lins, Aurélio Buarque de Holanda, Josué de Castro e Mário Melo na composição das principais matérias da revista voltadas para o público feminino, especialmente o das elites da cidade. O objetivo desta pesquisa, portanto, é investigar como a revista P’ra Você apresenta uma imagem de cidade moderna “ideal” em suas páginas, ao passo que se torne possível compreender certas mudanças cotidianas e de costumes nas práticas do “moderno”, na década de 1930.

CASA DE FOLCLORE ZÉ CANDUNGA, A CONSERVAÇÃO DE UMA MEMÓRIA

Déboralys Ferreira da Silva, Gabrielle do Nascimento Matos Resumo: O museu como partícipe da tentativa de se fazer ciência é um ato relativamente novo fruto de um movimento que se convencionou a chamar de Nova Museologia museu deixa de ser um simples “deposito” para um lugar produtor do fazer ciências. E uma das formas de se produzir ciências nas instituições museológicas é a produção de inventários museológicos. O inventário é uma base de dados que pode mostrar múltiplos significados das peças, portanto isso é uma forma clara de produção de conhecimento. É com esse intento que o Projeto Pibix,“Brincando com a Casa Zé Candunga” propõe uma feitura de inventário de 24 peças que compõem o acervo da casa. O trabalho propõe-se ao preenchimento de fichas onde se terá acesso ao que é a peça e seu significado e importância para a construção da memó-

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ria de toda a produção folclórica que marca a cidade de Laranjeiras durante toda a trajetória de existência da cidade. Usando como referência para a produção do texto os autores Renato Cardoso Padilha, Lorena Sancho Que-rol e Beatriz Goes Dantas.

DELÍRIOS DA MEMÓRIA: ANÁLISE DE DISCURSOSSOBRE A CASA DO IPHAN EM SÃO CRISTÓVÃO

Madjer Costa Souza César Resumo: A Casa do IPHAN é um sobrado do século XVIII que pertenceu ini-cialmente a família do padre José Valentim de Oliveira Sobral, sendo ad-quirido em seguida pela família Freire do engenho Belém em Itaporanga, tendo assim uma série de proprietários particulares, só se tornando bem do Estado no século XXI. Localizada no vértice leste/sul da Praça São Francisco, ao lado do Museu Histórico do Estado de Sergipe (antigo Palácio Provincial), no município de São Cristóvão/SE, a casa atualmente está sob proteção e responsabilidade do IPHAN e funciona como sede da referida instituição. Entretanto, ao contrário do que foi possível encontrar em documentos e pesquisas recentes, a memória que a população da cidade carrega é de que antigamente a casa funcionou como Ouvidoria de São Cristóvão e poste-riormente como Assembléia Provincial. Este artigo pretende investigar esse discurso apresentado pela população a décadas, a fim de coletar dados que possam facilitar a compreensão da história do sobrado e a partir disso fazer relações com a memória local.

O COMÉRCIO DE GADO EM FEIRA DE SANTANA E OS

IMPERATIVOS DE LIBERAIS NA BAHIA DA DÉCADA DE 1920Andrei de Brito Valente

Resumo: Este artigo pretende comunicar alguns resultados de pesquisa de-senvolvida no Mestrado em História da Universidade Estadual de Feira de Santana/BA, sobre Comerciantes e Mercado de gado em Feira de Santana, entre as décadas de 1920 e 1940. A cidade de Feira de Santana é reconheci-

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da como importante entreposto comercial e para ela fluem boiadas de todo o interior da Bahia, do Piauí e de Minas Gerais, garantido o abastecimento de diversas cidades litorâneas, incluindo entre estas Salvador e Aracajú. Nes-te artigo pretendo demonstrar como as disputas em torno deste comércio refletem mudanças no mercado de alimentos, que deixa de atender a carac-terísticas de uma economia de provisão e passa a responder a imperativos de competitividade e produtividade, próprios do capitalismo, evidenciando transformações nas relações entre campo e cidade. Este artigo busca emba-samento nos textos de Edward P. Thompson, ao analisar a economia moral da multidão inglesa, que emerge dos conflitos entre uma economia pater-nalista de provisão e o modelo econômico liberal, as contribuições de Ellen Meiksins Wood, a partir do conceito de capitalismo agrário e Norbert Elias, para refletir sobre as tensões no ambiente da feira livre o do mercado de carnes verdes. Utilizo como fontes jornais e documentos do Arquivo Público Municipal de Feira de Santana e do Arquivo Público do Estado da Bahia.

O FUTEBOL NO COTIDIANO DA CIDADE DA PARAHYBA DO NORTE NO INÍCIO DO SÉCULO XX

George Henrique de Vasconcelos Gomes Resumo: O presente artigo pretende apresentar o Futebol enquanto fe-nômeno cultural, responsável por influenciar de maneira significativa o cotidiano das pessoas residentes na capital da Paraíba, no início do século XX. Este esporte era considerado um dos expoentes da Modernidade, e sua chegada à capital paraibana causou mudanças significativas no cotidiano da população da cidade. Após realizar uma introdução acerca de sua chega-da e de seu gradual estabelecimento, segue o aprofundamento da análise do fenômeno e suas peculiaridades, relacionando-o com diversos aspectos naquela sociedade, entre eles, os ideais higienistas e a política. As informa-ções utilizadas neste artigo foram fruto de projeto de pesquisa realizada no ano de 2014, e a coleta das fontes foi feita a partir de documentos, jornais e revistas, datadas entre os anos de 1908 e 1924, sendo estas por tanto, vitais para a construção deste trabalho.

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OS CAMINHOS DA MODERNIZAÇÃO: O RECIFE E OLINDA EM TEMPOS E MOVIMENTOS DE PROGRESSO (1880-1920)

Tiago Alexandre Alves Pereira Resumo: Na passagem entre os séculos XIX e XX os principais centros ur-banos do Ocidente viviam uma “euforia” de modernização, onde as trans-formações das estruturas tanto físicas como culturais determinavam di-ferentes formas de vivência da cidade, essas ideias aportaram em terras brasileiras visando uma modernização das cidades e rompendo com os laços do passado colonial, buscando uma equiparação e comunhão com os ideais estéticos europeus. Seu estabelecimento e execução dissemi-naram as mais diversas ações e reações em seus habitantes. Posto isso, o objetivo desse trabalho é observar e analisar como tais influências se es-tabeleceram nas cidades vizinhas do Recife - que se tornou a capital da província em 1827 - e de Olinda - resignada a uma posição secundária em relação a primeira – e quais suas consequências. Para nossa pesquisa, tomamos como marco cronológico o intervalo entre as décadas de 1880 e 1920, período marcado por grande movimentação política e cultural.

OS PRAZERES NOTURNOS: BOEMIA E

PROSTITUIÇÃO NO RECIFE (1900-1930)Marcos José Ferreira Batista Junior

Resumo: Nossa pesquisa tem como recorte espacial e temporal a cidade do Recife nas três primeiras décadas do século XX. Palco de várias transforma-ções tanto no âmbito estrutural como cultural; dentro desse contexto foi realizada a reforma da área portuária, com o objetivo de facilitar e moderni-zar a comercialização e o transporte de mercadorias, assim como, fez surgir modernos edifícios e avenidas aos modos parisienses que estimulavam a vida noturna e a boemia, onde a sexualidade era vivenciada, por alguns, com polêmicas e excessos. As casas noturnas, ou simplesmente “cabarés” tiveram um papel fundamental nesse momento, era lá que encontrava-se o prazer, a luxúria, mas nem tudo era gozo, era nesses locais que viviam mulheres que precisavam ganhar a vida com seus corpos e os homens que

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as procuram na ânsia de saciar seus desejos. Foi justamente esse interesse pelas histórias de alcova e do prazer libidinoso ocorridas dentro dos prostí-bulos no alvorecer do século passado que inspiraram nossa comunicação.

SOB NOVA DIREÇÃO: ESTRUTURAÇÃO E MODERNIZAÇÃODA CIDADE DO PAULISTA – PE (1900-1930)

Elton Pereira do Nascimento Resumo: O trabalho ora apresentado tem como foco a cidade operária de Paulista situada na região metropolitana do Recife, no Estado de Pernambu-co, grande produtora têxtil da primeira metade do século XX. Temos como objetivo discutir sobre as atividades da Companhia de Tecidos Paulista que se desenrolaram entre 1900 a 1930 e que foram responsáveis, entre outras coisas, pela reestruturação da indústria de tecidos e seu papel no proces-so de urbanização e modernização da localidade. Nossa análise recai sobre a atuação de uma nova administração fabril concentrada numa família de origem sueca chamada Lundgren. Herman Theodor Lundren e seus filhos foram responsáveis pela construção e desenvolvimento de uma nova estru-tura fabril, urbana e de serviços, tais como: a expansão do parque industrial, construção de uma vila operária, assistência médica, abastecimento, etc., propiciando aos trabalhadores que eram aliciados das mais diversas regiões do interior e dos estados vizinhos, uma nova vivência imersa num ambiente urbano recém-estruturado e moderno.

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003. Da invisibilidade historiográfi ca à história indígena: Discussões acerca do estudo da história e da cultura indígena

Coordenação: Carine Santos Pinto, Michelle Reis de Macedo

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ENTRE INDÍGENAS, CABOCLOS E MORADORES DE ALDEIA. A MEMÓRIA DO EXTINTO ALDEAMENTO DE ÁGUA AZEDA E SUAS

QUERELAS JUDICIAISCarine Santos Pinto

Resumo: O presente texto se propõe a analisar a memória dos moradores e ex-moradores do atual povoado Aldeia através de entrevistas realizadas no extinto aldeamento de Água Azeda-SE, onde buscou-se informações re-lativas aos confl itos enfrentados pelos mesmos e seus antepassados, que acabaram por enfraquecer os indícios da cultura indígena daquela locali-dade. Para tanto, foi feito uso das técnicas da história oral, que aliadas aos teóricos aqui aplicados trouxeram novidades científi cas para a área da his-tória indígena sergipana. Os autores utilizados neste estudo alternam-se en-tre teóricos da Nova História Indígena, assim como Maria Regina Celestino, João Pacheco de Oliveira, Maria Hilda B. Paraíso, entre outros e teóricos da história política, cultural e história oral.

CONSIDERAÇÕES LINGUÍSTICAS PARA UMA ANÁLISE DA HISTORIOGRAFIA E DOS DISCURSOS FUNDANTES DO BRASIL

Juliana Cecci Silva

Resumo: Os recentes estudos das Ciências da Linguagem, principalmente os que se colocam sob perspectivas que se ancoram no pressuposto de que os sentidos são construídos historicamente – como é o caso, por exemplo, dos es-tudos da Análise do Discurso pêcheuxtiana, da Semântica da Enunciação e de certas correntes da Sociolinguística Variacionista e da Linguística Histórica – já

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provaram que não há nada de homogêneo e claro na linguagem, mas que, ao contrário, o que há é uma perene transformação das línguas, dos sentidos e de nós mesmos, os sujeitos da linguagem. Nesse sentido, queremos mostrar como o diálogo entre a Nova Historiografia e as citadas Ciências da Linguagem opor-tuniza reflexões sobre a dimensão político-ideológica (que necessariamen-te inclui a linguagem) subjacente à concepção de brasileiro pelos brasileiros, abordando a questão da “sobrevivência” do índio face ao apagamento; apaga-mento que foi instituído de diversas formas pelo discurso colonialista do século XVI e que foi perpetuado pelos discursos imediatamente posteriores, os quais foram e são produzidos pela permanência da ideologia eurocêntrica.

JEAN-BABTISTE PARRISIER E O ENSINO DE HISTÓRIA: UMA FONTE

PARA A HISTÓRIA INDÍGENA DO VALE DO JURUÁ NO FINAL DO SÉCULO XIX

Paulo de Oliveira Nascimento Resumo: O ensino de História Indígena tem se mostrado desafiador, mes-mo em face da promulgação da Lei 11.645/2008 e da militância política dos indígenas e estudiosos sensíveis à problemática. Neste trabalho, pretende-mos apresentar um relato de experiência desenvolvida com alunos do nível médio integrado do IFAM/Campus Eirunepé, um estudo dirigido do texto etnográfico do Padre Espiritano Jean-Baptiste Parrisier sobre os povos in-dígenas do Vale do Juruá, escrito em 1898. Recorremos ao texto etnográ-fico – tomado enquanto fonte primária – uma vez que não há, nos livros didáticos disponíveis e programas curriculares, referências significativas sobre a história e a memória dos povos indígenas daquela região. Ademais, não identificamos haver, entre os alunos, uma percepção da importância histórica dos povos indígenas para a cidade de Eirunepé e a região. Com a realização da experiência, pudemos problematizar a construção históri-ca do Vale do Juruá e destacar a importância dos povos indígenas, seja na relação com outros grupos étnicos, seja na relação com os não indígenas. O trabalho constitui-se, portanto, como uma tentativa de dar visibilidade àqueles sujeitos históricos invisibilizados nos livros didáticos e nos progra-mas curriculares que compõem a educação escolar dos nossos educandos.

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O JEJUM RITUAL INDÍGENA RETRATADO COMO PECADO CONTRA O PRIMEIRO MANDAMENTO EM DOIS CONFESSIONÁRIOS TUPI

JESUÍTICOSJaqueline Ferreira da Mota

Resumo: Esta comunicação pretende apresentar uma das hipóteses sobre a qual apoiamos nossa tese de doutorado, aquela em que afirmamos ser uma etnografia o texto catequético dos confessionários escritos pelos jesuítas Antônio de Araújo (1618) e Bartolomeu de Leão (1686), usado entre índios aldeados do Estado do Brasil. Como podemos ler em diversas perguntas desses confessionários, os jesuítas converteram em pecado vários dos ri-tuais indígenas, dentre eles o jejum praticado pelo índio adulto quando do nascimento de seu filho. Para André Thevet (1575) , frade franciscano, as cerimônias pós-parto da esposa feitas pelo índio tratavam-se de superstição e fantasia. O jejum, portanto, era uma atividade ritual profundamente rele-vante no cotidiano indígena e considerado problemático tanto para Thevet, que o atribui à influência do caraíba, como para os jesuítas dos confessio-nários tupi, que o converteram em pecado contra o primeiro mandamento. Eduardo Navarro, em seu Dicionário de Tupi Antigo (2013), também mostra que os jesuítas dizem ser transgressão ao primeiro mandamento fazer res-guardo devido ao parto da esposa. Armando Cardoso, que também estu-dou esses confessionários e mais particularmente aquele atribuído a José de Anchieta, o qual descreve na citação a seguir, chama de superstições o que chamamos de rituais: “Os itens 6 a 11 tratam de superstições próprias de índios. Convém lembrar que superstições se encontram em todos os povos, mesmo cristãos (...)” (CARDOSO, 1992: 83). O que pretendemos com este texto é mostrar que de acordo com o que registraram os jesuítas, os rituais tratados como “superstições” não eram os mesmos dentre os dife-rentes povos aldeados e por isso, os confessionários tupi não podem ser uma cópia um do outro e é possível, a partir desses confessionários tupi, escrever uma história indígena pelas pistas deixada nas perguntas sobre os rituais que os missionários queriam eliminar do cotidiano dos índios.

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OS XUKURU-KARIRI: A HISTÓRIA ENTRE O ANONIMATO E O PROTAGONISMO

Amanda Maria Antero da Silva

Resumo: A historiografia disseminou durante muitos séculos uma visão pes-simista sobre a história dos povos indígenas, caracterizando-os como infe-riores, incapazes, sem conhecimento e que caminhavam para o desapareci-mento. Este artigo tem como propósito discutir a escrita da história indígena apontando um novo olhar sobre o índio, agora como sujeito ativo de sua his-tória, que resistiu de diversas maneiras o avanço colonizatório e atuou direta-mente na conquista de seus direitos. Tendo como fundamentação teórica as concepções de Varnhagem, Martiuns, John Monteiro, Memmi, Silva, Luciano, Oliveira e Freire, dentre outros, enriquecida com pesquisa de campo na Aldeia Mata da Cafurna, situada em Palmeira dos Índios no Estado de Alagoas. E des-se modo busca compreender como os índios foram protagonistas da História.

PADRE ALFREDO DÂMASO, O SERVIÇO DE PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS E OS FUNI-Ô EM ÁGUAS BELAS/PE

Deisiane da Silva Bezerra

Resumo: Nossas reflexões serão desenvolvidas a partir da carta “Pelos índios: O Serviço de Proteção aos Índios e a Tribu dos Carijós no Sertão de Pernambuco”, publicada em O Jornal e no Jornal do Comércio, periódicos cariocas, em abril de 1931, selecionada da correspondência pessoal do Padre Alfredo Pinto Dâmaso, ex-Pároco de Águas Belas/PE, em posse do Memorial dedicado ao mesmo, loca-lizado na cidade de Bom Conselho/PE. A citada carta é uma resposta as acusa-ções ao SPI no jornal A noite, também da cidade do Rio de Janeiro. Buscamos identificar e analisar o contexto histórico e político em que esta aliança civil com o órgão indigenista, percebida no discurso do Padre, favoreceu a partir da Década de 1930 as estratégias de mobilizações para o reconhecimento de povos indígenas no Nordeste, mais especificamente os Carijó, atualmente povo indígena Fulni-ô, habitando em Águas Belas/PE. A análise terá enquanto base teórica autores como Canclini, Certeau, Geertz, e João Pacheco de Olivei-ra, José Arruti, Edson Silva, Mariana Dantas e Ugo Andrade.

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INDIGENISMO E MEDIAÇÃO: UMA ANÁLISE DA EXPOSIÇÃO “O NU E O VESTIDO” DA COMISSÃO PRÓ-ÍNDIO DE SERGIPE

Diogo Francisco Cruz Monteiro, Kléber Rodrigues Santos

Resumo: A Comissão Pró-Índio de Sergipe (CPI/SE), instalada no ano 1981, tinha como objetivos reconhecer, respeitar e apoiar a autonomia cultural e o direito a autodeterminação dos povos indígenas do Brasil; assessorar grupos indígenas e pessoas, grupos e entidades que com eles estejam tra-balhando, além de estimular e promover estudos e atividades culturais, tendo como tema o índio brasileiro. Esse artigo analisa as ações da CPI/SE através da observação do projeto de exposição fotográfica “O Nu e o Vesti-do”; destaca a importância das exposições da CPI/SE como instrumentos de mediação entre as questões indígenas e a opinião pública; identifica ainda o tipo de indigenismo praticado pela CPI/SE por meio da análise dos discursos presentes nos documentos das exposições: projetos, folders, relatórios de atividades, listas de presença dos visitantes, ofícios expedidos e recebidos.

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004. História da Educação: sujeitos, práticas e instituições educativas

Coordenação: Leyla Menezes de Santana, Dilson Gonzaga Sampaio

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A REFORMA CAPANEMA NO ATHENEU SERGIPENSE: PASSOS DE UMA TRANSIÇÃOSayonara Do Espírito Santo Almeida

Resumo: Estudos demonstram que desde o fi nal da primeira República, o ensino secundário esteve em meio aos principais debates entre intelectuais, políticos e educadores brasileiros. Em 1942, desta vez com a Reforma Capa-nema, esta modalidade de ensino adquiriu novas formas de organicidade, racionalidade e padronização. Sendo assim, este artigo propõe-se analisar como ocorreu, no Atheneu Sergipense (instituição ofi cial de ensino secun-dário do período), o processo de adaptação para os moldes da Lei orgânica de 1942. De modo a observar, além da conjuntura política e sócio educa-cional que contribuíram para esta transição, as difi culdades e as principais mudanças enfrentadas pela referida escola e assim, perceber até que ponto o ensino secundário sergipano esteve em concordância com a nova lei. A fi m de atingir o objetivo pretendido, utilizou-se algumas fontes, entre as quais se destacam: leis, atas, boletins localizados no Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense (CEMAS), além de jornais e diários ofi ciais do estado de Sergipe.

A REPRESENTAÇÃO FEMININA NA TRAJETÓRIA INTELECTUAL DA PROFESSORA MARIA LÍGIA MADUREIRA PINA

Jose Genivaldo Martires

Resumo: Este estudo tem como objetivo discutir a representação feminina na trajetória intelectual da professora Lígia Pina. Em relação à metodologia aplicada, utilizamos a pesquisa bibliográfi ca, por intermédio da produção

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acadêmica da citada professora. Lígia Pina nasceu em Aracaju, no dia 30 de setembro de 1925, realizou os estudos nos colégios: Prof.ª Carlota, Frei Santa Cecília, Nossa Senhora de Lourdes e no Instituto Rui Barbosa (antiga Escola Normal). O Ensino superior em História e Geografia foi realizado na Faculda-de Católica de Filosofia de Sergipe no período de 1955 a 1958. Iniciou a vida profissional no magistério a partir de 1958, lecionando em vários colégios na cidade de Aracaju. Em 1967 foi convidada para lecionar no Colégio de Apli-cação, Permanecendo até 1991, em razão de sua aposentadoria. No decorrer desta trajetória as presenças marcantes das professoras serviram como exem-plos e conduta de sua vida, ao tempo que constatou as injustiças no universo feminino. Fruto destas inquietações, a Prof.ª Maria Lígia Madureira Pina criou em 1992 a Academia Literária de Vida, onde congrega somente mulheres, dis-cutem e divulgam as suas produções literárias. Em 1994 publicou o Livro A Mulher na História onde consta um capítulo destinado a história de mulheres Sergipanas que foram esquecidas ou são desconhecidas pela geração atual.

A LÍNGUA INGLESA NO ENSINO SECUNDÁRIO DO LYCEU DE SÃO CRISTÓVÃO: 1848 – 1853

Waldinei Santos Silva Resumo: Este artigo tem como objetivo compreender como a disciplina de Língua Inglesa se estabeleceu na instrução pública de ensino secundário na capital da Província de Sergipe durante o século XIX, mais precisamente entre os anos de 1848 a 1853. O recorte temporal corresponde ao período em que o Lyceu de São Cristóvão passou a funcionar em espaço alugado do Convento Nossa Senhora do Carmo em São Cristóvão, reunindo as aulas avulsas em um só lugar com vistas ao ensino preparatório exigido para in-gresso nas Academias e ofertou a cadeira de Língua Inglesa completando o quadro das disciplinas de línguas estrangeiras até 1853, quando suas portas foram encerradas. Com abordagem essencialmente gramatical, a disciplina de Língua Inglesa, no entanto, deveria assumir caráter prático e científico no programa de ensino. Para alcançar o objeto proposto, utilizou-se a me-todologia de pesquisa documental baseada em documentos arquivados no Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense (CEMAS), Falas e

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Relatórios da Província, bem como o conjunto de leis, normas e decretos educacionais para a educação secundária no período correspondente. Essa pesquisa se insere no campo da História Cultural e História das Disciplinas Escolares, segundo Chervel (1990) e Goodson (1997).

DOS CORTES DAS PIAÇAVAS À PESCA DA GAROUPA: CONTRABANDISTA, PRESIDENTES DA CÂMARA, JUÍZES – OUTRAS ATIVIDADES ALÉM DO MAGISTÉRIO DE PROFESSORES PÚBLICOS

PRIMÁRIOS NO SÉCULO XIXAntonio Barbosa Lisboa

Resumo: Através de uma análise micro histórica, o presente trabalho tem o objetivo de investigar atuações de professores públicos na comarca de Porto Seguro – Província da Bahia (1849-1883), no intuito de apreender fazeres de homens que eram professores primários, tais como seus variados negócios, contrabando e participação política institucional que se articulavam ao exer-cício do magistério de forma costumeira e como passaram a ser negativizados em consonância a constituição de um sistema de ensino provincial a partir da criação da Diretoria Geral dos Estudos, em 1849. Esse trabalho dialoga com conceitos da história social da cultura, atrelado ao campo/área história da educação. O corpus documental da pesquisa é documentos manuscritos do APEB (correspondências, inventários pós mortem, testamentos e outros), documentos impressos (digitais) tais como Relatórios de Presidentes da Pro-víncia e escritos de viajantes, entre outros. O método de tratamento dessas fontes é o paradigma indiciário da micro-história italiana de Ginzburg.

EDUCAÇÃO JURÍDICA COMO INSTRUMENTO CRIADOR DE UMA CULTURA POLÍTICA-JURÍDICA NACIONAL NO BRASIL DO SÉCULO XIX

Rute Oliveira Passos Resumo: Trata o presente trabalho de uma breve análise do contexto his-tórico do Brasil após a sua independência nos momentos da construção de uma cultura nacional político-jurídica. Esse fenômeno foi identificado atra-

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vés da criação de cursos jurídicos no país, permitindo que as futuras auto-ridades da nação possuíssem uma formação jurídica “brasileira” e não por-tuguesa, como já acontecia por décadas, na qual todas as autoridades do Brasil e toda a elite tinha formação acadêmica europeia, sendo na maioria dos casos em Portugal pela Universidade de Coimbra. Nesse estudo será observado quais os repertórios utilizados pelos bacharéis da época, espe-cificamente os alunos da Faculdade de Recife de 1883, permitindo a com-preensão das principais características do novo Brasil que se formara, tendo por base o conceito de Repertório defendido por Ângela Alonso e de forma precursora Charles Tilly. Com isso, pretende-se apresentar contribuições aos estudos da História da Educação, em especial a Educação Jurídica no Brasil, observando os seus delineamentos e reflexos de todo esse movimento nos dias hodiernos.

EXPANDINDO A PRECARIZAÇÃO:O ENSINO PRIMÁRIO NA SALVADOR REPUBLICANA (1912-1916)

Fabiano Moreira da Silva Resumo: O estudo sobre o processo de escolarização primária na cidade de Salvador durante Primeira República tem muito a contribuir para o conheci-mento desse período marcado por agitações políticas e sociais, dificuldades financeiras, administrativas e condições econômicas desfavoráveis. Esse ar-tigo trata das condições precárias de trabalho dos professores e professoras do ensino primário de Salvador (1912 -1916) tendo por base os prédios e as casas onde estavam instaladas as escolas pela cidade. Através de repor-tagens publicadas na imprensa foi possível conhecer a dura realidade do professorado municipal que tinha que exercer o seu ofício em imóveis que não atendiam a determinação da lei e que funcionavam em casas e prédios alugados que eram adaptados para servirem de escola. O período abordado nesse artigo refere-se ao período do primeiro governo de J.J Seabra mar-cado pelas intervenções urbanísticas, o déficit habitacional e a carestia no preço dos alugueis.

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HISTÓRIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NOS DOCUMENTOS EDUCACIONAIS BRASILEIROS A PARTIR DE 1988

Rebecca Batista de França

Resumo: Os meios de comunicação, assim como os profissionais de edu-cação costumam fazer o seguinte questionamento: o termo correto é “Por-tador de deficiência”? “Pessoa portadora de deficiência”? “Pessoa com de-ficiência” ou “Pessoa com necessidades especiais”? O presente estudo tem por objetivo apresentar as modificações das expressões que foram usadas para definir “pessoa com deficiência”. Para investigar tal questão, foram analisados oito documentos e legislações que influenciaram na história das políticas educacionais brasileiras, a partir da Constituição Federal de 1988. O referencial teórico está sustentado em pesquisas como as de Januzzi (2004) onde se analisa a trajetória da pessoa com deficiência na História do Brasil. Destaca-se a importância de evidenciar a história desses sujeitos invisibili-zados e os sentidos que carregam as linguagens empregadas pelos grupos hegemônicos para definir a identidade de tais sujeitos. Os estudos sobre de-ficiência algumas vezes abordaram o conceito de deficiência como desvan-tagens associadas ás limitações decorrentes da condição de cada pessoa, contudo atualmente cresce na sociedade a necessidade de valorização da diversidade humana afastando-se do discurso da cultura da “normalidade”.

INSTRUIR E EVANGELIZAR: AS PRIMEIRAS ESCOLAS NORMAIS CATÓLICAS EM ARACAJU(1937-1946)

Dilson Gonzaga Sampaio Resumo: O presente artigo tem como objetivo principal apresentar as duas primeiras escolas normais confessionais católicas: Colégios Nossa Senhora de Lourdes (1937) e o Colégio Patrocínio de São José (1946). Ambas fun-dadas em Aracaju/Se por congregações femininas de origem europeia no início do século XX. Dessa forma, teceremos algumas considerações a respeito das contribuições do curso normal na profissionalização feminina em Aracaju. A investigação tem como marco temporal o ano de fundação desses cursos nessas instituições quando as mesmas já mantinham outras

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modalidades de ensino. O aporte bibliográfico desta pesquisa ancorou-se nos escritos de Nosella e Buffa (2009), Magalhães (2004) e Bourdieu, (2009); bem como na pesquisa documental com o foco nos anúncios propagados pelos Colégios no Jornal A Cruzada, os documentos institucionais e as atas dos inspetores de ensino. Ressaltamos que, para o período investigado as instruções educativas estavam inseridas no projeto dogmático católico, atrelado a uma formação moral de educar mulheres, pautada nos “bons” costumes e no cumprimento de ser boa esposa e mãe.

EDUCAÇÃO PRIMÁRIA FEMININA EM SERGIPE DURANTE O BRASIL IMPERIO

Joseilde de Santana Santos

Resumo: A sociedade brasileira vivenciou ao longo dos oitocentos, múlti-plas tentativas organizacionais nos âmbitos político, econômicos, cultural e social, visando à modernização do país. Um dos caminhos trilhados para alcançar esta finalidade foi através da instrução pública, que, paulatinamen-te vai sendo implantada e organizada conforme possibilidades administrati-vas da Corte. Em Sergipe a educação acompanhava diretrizes estabelecidas pelo sistema de ensino ainda em formação. Nesta perspectiva, intenta-se neste trabalho apresentar a educação primária feminina oitocentista em Sergipe durante o Império brasileiro e seus desdobramentos. Analisando a historiografia educacional desse gênero no período imperial, buscando entender como se configurou a educação para o sexo feminino perante uma sociedade patriarcal que enxergava a mulher como mera reprodutora e dona de casa. Para alcançar este intento foi realizado um levantamento documental e bibliográfico que abordasse a temática em questão, nas quais foi possível compreender leis e práticas que instituíram a instrução pública feminina em Sergipe, bem como os entraves encontrados durante a conso-lidação do sistema educacional em Sergipe.

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NARRATIVAS CINQUENTENÁRIAS: O PERCURSO HISTÓRICO-EDUCACIONAL DA ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR FÁBREGAS ANTE

A SINGULARIDADE DE UMA COMUNIDADE URBANO/RURALRoseli da Costa Silva

Resumo: Reconstruir a memória de um povo, tendo como instrumento a Educação, perpassa o ato de comemorar, solenizar ou recordar. Emerge-se nesta reconstrução a subjetividade de cada personagem às margens da coletividade cultural e genealógica de uma comunidade, onde os agentes reconstrutores fazem a própria história. Tem-se como objetivo deste artigo, narrar a construção de cinquenta anos de uma educação escolar, funda-mentada na paráfrase dos seres urbanos/rurais que permeiam ou permea-ram as insígnias da Escola Estadual Professor Fábregas onde, subitamente, transcenderam o espaço geográfico escolar, revolvendo-se em cognições apreendidas em tempos passados, singularizadas no presente e projeta-das no futuro. A metodologia da pesquisa foi fundamentada em registros orais, imagéticos e textuais de mestres, alunos e comunidade, através de narrativas abertas, tendo como foco a história da educação em Luminárias, onde esta escola, durante os cinquenta anos vigentes, conferiu sentido à sua trajetória institucional. A questão norteadora desta pesquisa foi: Como a Escola Estadual Professor Fábregas influenciou e continua influenciando a vida da comunidade luminarense durante estes cinquenta anos de existên-cia e que instrumentos foram utilizados na construção da identidade edu-cacional luminarense? Desta forma, as articulações entre as narrativas da comunidade e a trajetória educacional da escola, permitem o entendimen-to da forma peculiar como cada docente constrói sua trajetória e determina o desenrolar do percurso institucional e profissional. Em comemoração aos cinquenta anos da escola, faz-se necessário o registro das comparações de metodologias de ensino utilizadas durante as décadas, em consonância às assertividades culturais do meio luminarense. Como resultado, pretende-se trabalhar as bases educacionais atuais com projeção de argumentos consis-tentes à formação de alunos como cidadãos.

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NOTÍCIAS DE JOEL SILVEIRASimone Paixão Rodrigues

Resumo: O presente artigo busca apresentar traços da vida estudantil de Joel Silveira, jornalista sergipano que atuou na imprensa carioca e, é reco-nhecido como um dos fundadores do jornalismo literário brasileiro. Para alcançar tal objetivo recorri a uma pesquisa bibliográfica e documental e adotei uma arquitetura textual que descortina atuação de Joel Silveira na imprensa estudantil de Sergipe e a sua formação intelectual e profissional. Como principais referências para produção deste texto destaco as pesqui-sas realizadas por Rodrigues (2015), Ferrari (2011) e Miranda (2007). Joel Silveira alcançou fama e reconhecimento como jornalista, profissão que co-meçou a trilhar nas páginas do Jornal A Vóz do Atheneu quando, ainda, era aluno do Atheneu Sergipense e presidente do Grêmio Literário Clodomir Silva. O famoso jornalista sergipano, possuidor de uma escrita forte, ousada, envolvente e marcante que lhe rendeu o apelido de “A Víbora”, morreu aos 88 anos, no dia 15 de agosto de 2007. Seu corpo foi cremado, na cidade de Rio de Janeiro e a sua morte foi definida por muitos de seus colegas de pro-fissão como uma lamentável perda para a imprensa brasileira, pois morria o fundador do jornalismo literário brasileiro.

O COLÉGIO SENHOR DO BOMFIM: TRAJETÓRIA E COTIDIANO ESCOLARCristiano Ferronato, Helena Maria Fagundes dos Santos Braz

Resumo: O presente texto é proposta a ser desenvolvida como dissertação no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tiradentes. A finalidade da pesquisa insere-se no processo de organização, funciona-mento e normas internas do Colégio Senhor do Bomfim bem como estudar os conhecimentos curriculares, valores e habilidades cultuados e que teve influência na formação de cidadãos. A instituição escolar Colégio Senhor do Bomfim foi criada em 1953, no município de Aracaju, no estado de Sergipe, o qual possuía cinco filiais e contava com o funcionamento dos cursos de Estudos Adicionais, Técnico em Administração, Técnico em Contabilidade e Formação de professor do Ensino de 1º grau da 1ª a 4ª série. No âmbito me-

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todológico, a pesquisa basear-se-á em pesquisa documental com análise qualitativa, apoiada em pesquisas bibliográficas que norteiam o tema His-tória das Instituições Escolares, tanto quanto, materiais específicos que rela-tam o histórico do colégio, num recorte temporal de 1953 a 2009, além de fontes importantes, tais como livros, decretos, leis, Diário Oficial da União, documentos do próprio colégio e outros poderão aparecer ao longo da pes-quisa. Toda a pesquisa será dialogada com os autores Justino Magalhães e Roger Chatier.

PRESENÇA NORTE-AMERICANA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA NOS ANOS 1940 E 1950: UM DEBATE ENTRE PASCHOAL LEMME E ROBERT

KING HALL NA X CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO (1950).Adriana Mendonça Cunha

Resumo: Este trabalho analisa a presença norte-americana na educação brasileira nos anos de 1940 e 1950, tendo como foco a crítica de Paschoal Lemme, direcionada ao professor norte-americano Robert King Hall, na X Conferência Nacional de Educação (1950). Lemme foi um intelectual brasi-leiro que se preocupou com a influência que os Estados Unidos começavam a exercer sobre o Brasil nos anos 1940. Robert King Hall era professor da Universidade de Columbia e atuou em algumas instituições educacionais brasileiras, a exemplo do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) como técnico e esteve presente na X Conferência Nacional de Educação como relator. A presença de Hall e seu discurso na conferência foi duramen-te criticado por Pachoal Lemme, que via em Hall um divulgador dos inte-resses imperialistas norte-americanos. O período analisado se caracterizou pela aproximação entre Brasil e Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e início da Guerra Fria. O objetivo é apresentar, a partir das ideias destes dois intelectuais, as relações Brasil- EUA, no campo da edu-cação, no contexto de Guerra Fria, abordando a relação de pesquisadores norte-americanos com instituições e pesquisadores da educação brasileira do período. São utilizados como fontes textos produzidos por Robert King Hall e Paschoal Lemme sobre a educação brasileira e a X Conferência Nacio-nal de Educação.

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UMA ANÁLISE SOBRE AS DISCUSSÕES PARA CRIAÇÃO DAS ESCOLAS NOTURNAS BAIANAS PARA TRABALHADORES

ADULTOS NO FINAL DO SÉCULO XIXJucimar Cerqueira dos Santos

Resumo: “Os adultos, cujos pais não puderam proporcionar-lhes bem tão importante, resignam-se com dificuldade à sua mesquinha sorte e em mui-tos lugares correm às aulas noturnas”, essa foi a primeira referência do Pre-sidente da Província da Bahia, Francisco Gonçalves Martins, na reforma edu-cacional de 1870, a criação das escolas noturnas. Em relatório apresentado à Assembleia Legislativa provincial de 1869, ele comentou sobre o “mal que estava embaraçando o progresso, principalmente, da instrução primária, tão essencial e garantida pela Constituição”. Para o que Martins chamava de melhoria da educação baiana havia o discurso do fim da ignorância, a ins-trução como elemento essencial à “estabilização” política e econômica da nação e como formação de uma mão de obra mais qualificada para serviços mecânicos. O objetivo desse trabalho é analisar as discussões sobre a cria-ção das escolas noturnas baianas a partir de reformas educacionais provin-ciais (1870 e 1873), das imperiais (1878 e 1879), os pareceres educacionais de Rui Barbosa (1882 e 1883), assim como de anais da Assembleia legislati-va provincial, anúncios de jornais e relatórios dos presidentes da Província. Tudo isso, investigando e situando a criação dessas escolas entre questões sociais e políticas no período de 1870 a 1883, quando vigoravam os “ideais civilizatórios” (progresso, povo livre, cidadania, voto, eleição, patriotismo e “regeneração do país”) e a movimentação abolicionista.

“UTIL PARA OS MENINOS DAREM NAS ESCHOLAS”: FONTE DA VERDADE OU CAMINHO PARA A VIRTUDE

Leyla Menezes de Santana

Resumo: Objetivando analisar a proibição do folheto Fonte da Verdade ou Caminho para a Virtude (TEIXEIRA, 1841), que se caracteriza como um cate-cismo que fora adotado como recurso didático a ser utilizado pelos profes-sores primários, este artigo descreve também aspectos da instrução primá-

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ria na Província de Sergipe no período de 1833 a 1835. As principais fontes são: o Folheto; as correspondências emitidas por professores primários no ano de 1835; o Relatório do Presidente Manoel Ribeiro da Silva Lisboa do ano de 1835; além da legislação educacional da época e de obras historio-gráficas que discorrem sobre o tema aqui estudado. A principal problemá-tica diz respeito às motivações que levaram o Presidente da Província de Sergipe a proibir o uso em sala de aula do impresso. Recorre-se as orien-tações elaboradas por Ginzburg (1989), através do método indiciário, pois encontra-se centrado nos resíduos. A principal consideração apontado pelo estudo sinalizou que a suspensão do impresso teve origem principalmente nos aspectos doutrinários, com alegações de que o impresso apresentava ideias contrárias à doutrina cristã.

AS TRANSFORMAÇÕES DAS PRÁTICAS DE LEITURA NA CONTEMPORANEIDADE

Vladimir Jose Dantas Resumo: A presente comunicação tem como objetivo analisar as transfor-mações das práticas de leitura na contemporaneidade, observando a re-lação entre a Leitura Popular e da Leitura Pop, o qual se desenvolveu na primeira metade do século XX, enquanto a leitura Pop tem suas transforma-ções nas práticas de leituras do contexto em que se esta inserida, como é o caso das mídias e a tecnologia. Sendo assim, pode-se dizer que a leitura Pop se redimensiona pelo uso amplo do cognitivo através dos conhecimentos concretos que os meios audiovisuais implantaram na contemporaneidade, saindo do padrão que a leitura Popular defende, tal como a retórica visual. Portanto, a necessidade é mostrar que apesar das transformações ocorridas perante as práticas de leituras que são realizadas, mesmo de forma distintas devido ao contexto em que é exercidas e ambas se completam.

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005. Histórias da escravidão, resistência e pós-abolição no Brasil

Coordenação: Camila Barreto Santos Avelino, Igor Fonsêca de Oliveira

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 25/10

O PODER DAS SENZALAS: MAGIA E RESISTÊNCIA ESCRAVA NA BAHIA SEISCENTISTAAndreia Franco Belmont

Resumo: Esta pesquisa teve como fontes um processo do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, bem como denúncias, disponíveis no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT). Através da análise de fontes inquisitoriais, um dos objetivos do estudo é refl etir sobre as resistências escravas na Bahia, ob-servando as vivências dos escravos, de onde vinham e como se adaptavam ao novo espaço. Percebemos que com a intensifi cação do tráfi co atlântico a mistura de várias etnias proporcionou à colônia uma multiplicidade cultural. Essa pesquisa mapeou dois casos de africanos acusados pela inquisição, um processo do ex-escravo Simão que, em 1688, foi acusado de matar 15 escra-vos de certa propriedade. E também encontramos Francisco Dembo, acusa-do de ser feiticeiro por algumas testemunhas, porém referido também como curandeiro. Com base nesses dois casos analisamos o que seria esse poder nas senzalas, que por sua vez está inserido nesse contexto de resistir de to-das as formas possíveis, o que pode ser notado através das práticas mágicas.

PORTEIRA ADENTRO: COTIDIANO E ESCRAVIDÃO NA FAZENDA DE GADO SOBRADO CONCEIÇÃO – PIAUÍ, SÉCULO XIX.

Nayanne Magna Ribeiro Viana

Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de discutir a utilização da mão--de-obra escrava nas fazendas de gado da região sudeste do Piauí em meados do século XIX, a partir do estudo Fazenda Sobrado Conceição. Por meio da análise do cotidiano da fazenda pressupõe-se a possibilidade de caracterizar

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a utilização de mão-de-obra escrava: se foi ou não extensiva; as relações de trabalho, as atividades desenvolvidas, condições ou não de liberdade. Para realização da investigação são utilizadas fontes como: inventário, testamen-tos, documentos de compra e venda de terras e entre outros. No que remete a forma de abordagem analítica optou-se pela microanálise, por acreditar-mos que os registros esparsos sobre as cercas à dentro da fazenda Sobrado Conceição nos permite atingir o cotidiano e as experiências históricas dos seus trabalhadores escravos. O estudo estabelece diálogos com historiogra-fia da escravidão negra no Piauí por meio de autores como Miridan Britto Knox Falci (1995); Tanya Maria Brandão (1999); Solimar Oliveira Lima (2005).

TRÊS ESCRAVOS E UMA FORMA DE RESISTÊNCIA: UM ASSASSINATO EMBLEMÁTICO EM RIACHÃO DO DANTAS NO FINAL DO SÉCULO XIX.

Israel Santos Nascimento

Resumo: No final do século XIX, o Brasil observava um imperador cansado e um império quase que insustentável, já se via uma escravidão caminhando para um “fim”, pois as leis cada vez mais encurralavam os grandes proprietá-rios de escravos possibilitando com prazos determinados alguns futuros be-nefícios para escravos. Diante de tantos fatores, sejam econômicos, sociais e principalmente políticos ha de se perceber que isso corroboraria para que ocorresse uma mudança no país. Somente leis que favoreciam um espirito abolicionista não deram conta de evitar certas indignações ou revoltas por parte dos escravos para com seus proprietários. Um misterioso assassinato de um feitor no engenho Grutão no dia 20 de junho de 1884 na Comarca de Riachão do Dantas situado no centro-sul sergipano chamou a atenção das autoridades pela organização e parceria feita por escravos deste e de outro engenho. Abriu-se um inquérito policial e começaram as investiga-ções que tinham como suspeitos três escravos: Bertholdo, Fortunato e Luiz. A investigação continuou até que a lei fosse cumprida e os culpados fos-sem punidos. Mas o que levara a três escravos a matarem um feitor? Estas perguntas podem ser respondidas com base nas interpretações das fontes encontradas sobre o fato. Este artigo tem como base em fontes encontradas no Arquivo Judiciário de Sergipe, mas especificamente em um sumário de

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culpa, inquérito aberto para a investigação do crime. A pesquisa tem como fito entender o ensejo principal da morte do feitor, e a partir disso perceber como a resistência foi fundamental para que os escravos mostrassem cada vez mais o enfraquecimento da escravidão no centro-sul sergipano, este por sua vez mais voltado para a criação de gado e não para plantação como fora o litoral. É uma pesquisa da área de História Social. A partir do método de Ligação Nominativa e da Micro História, é possível perceber desde o fato em si especifico, no caso o crime, ate uma relação do mesmo com algo mais geral que é as relações dos escravos com seus proprietários. Uma trama mis-teriosa, mas não tão nova para um século XIX que mostrava que o ponto chave da economia partia de uma mão de obra barata advinda dos escra-vos, estes se utilizavam de formas para burlar tal sistema, ou seja, crimes cometidos por escravos não eram novidade. Em um espaço escravista como o Brasil a resistência era uma das principais válvulas de escape de humanos que já não aguentavam mais a forma como eram tratados e percebiam a discrepância entre o tratamento de um senhor e de um escravo, talvez fosse “o começo do fim”.

“LEI HUMANITÁRIA OU LEI EMANCIPADORA”: OS REBULIÇOS PROVOCADOS PELA LEI DO VENTRE LIVRE NA PROVÍNCIA DE

SERGIPEMoisés Augustinho dos Santos

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo problematizar as publi-cações feitas no Jornal do Aracaju relacionadas a lei 2.040, promulgada em 28 de setembro de 1871, que pode ter influenciado às atitudes de escravos e abolicionistas em relação a contestação do cativeiro legal. A reflexão his-tórica em questão, gira em torno dos artigos e notas presentes no referido jornal, que trataram da referida lei a partir de significados variados, o que pode ter causado interpretações divergentes dos verdadeiros propósitos do citado dispositivo jurídico. Sendo assim, a partir dos pressupostos teóri-cos da micro-história e da “descrição densa”, podemos conhecer os impac-tos sociais provocados pela legislação a partir dos meios de comunicação, nesse caso específico, o jornal impresso.

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TRAJETÓRIAS SOCIAIS E ENGAJAMENTO POLÍTICO DE ABOLICIONISTAS NO RECÔNCAVO BAIANO (1880-1820)

Jacó dos Santos Souza Resumo: Região de terras banhadas pela Baía de Todos os Santos, o Re-côncavo baiano esteve diretamente envolvido em questões relacionadas à escravidão do negro africano. Ao longo da década de 1880, entretanto, di-ferentes discursos e comportamentos abolicionistas marcaram a campanha antiescravista na região. Alguns indivíduos se envolveram numa vertente moderada do movimento, adotando medidas legalmente aceitas quando, por exemplo, se apresentavam para advogar causas de liberdade em ações cíveis promovidas por escravos contra seus senhores. Outros, abraçaram métodos mais arrojados, incitando e acoitando cativos fugidos, despertan-do indignação em senhores de engenho que se mobilizavam no sentido de conter o crescimento do sentimento abolicionista. Essa comunicação bus-ca refletir sobre trajetórias individuais de abolicionistas, a saber, professor Cincinato Ricardo Pereira da Franca, o maestro Manuel Tranquilino Bastos e Cesário Ribeiro Mendes. Torna-se imperioso entender a rede de relacio-namentos que promoveu aproximações e/ou distanciamentos dos projetos dos referidos abolicionistas, levando em conta os diferentes espaços por onde eles circulavam, tendo como pano de fundo a teia social de finais do século XIX e início do XX.

LIBERDADE ESCRAVA E EXPECTATIVAS SENHORIAIS NOS ÚLTIMOS ANOS DA ESCRAVIDÃO EM SERGIPE

Edvaldo Alves de Souza Neto Resumo: A presente comunicação tem como objetivo fazer uma breve aná-lise das expectativas senhorias em torno da liberdade dos escravos que cir-cularam nos jornais da grande imprensa sergipana durante a última década da escravidão. Também é de nosso interesse observar como os escravocra-tas sergipanos se comportaram diante da interferência abolicionista na rela-ção senhor/escravo, que visava acelerar o processo de conquista da alforria. A historiografia brasileira vem apontando que nos meses que antecedem o

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13 de maio de 1888, data da abolição do cativeiro no Brasil, vários foram os proprietários que se anteciparam a legislação e emanciparam seus escra-vos, alguns condicionados a prestar serviço por mais um tempo, outros de maneira incondicionada. Essa tentativa de criação de laços e sentimentos de pertencimento por meio da antecipação da alforria foi uma das estraté-gias mais utilizadas pela classe proprietária para reorganizar a passagem do trabalho escravo para o trabalho livre. Em Sergipe, há indícios de que esse movimento não foi diferente, nesse sentido, por meio de uma análise dos jornais sergipanos de maior circulação, é possível contribuir com o debate em torno das diferentes “visões de liberdade”.

LIBERDADE EM DISPUTA: A POLITIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO EMANCIPACIONISTA NO PROCESSO DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO

EM SERGIPE (1880-1888).Camila Barreto Santos Avelino

Resumo: Este trabalho faz reflexões sobre como o uso do discurso públi-co sobre a Lei de 1871 (mais conhecida como Lei do Ventre Livre e a Lei Saraiva – Cotegipe, de 1885, ou Lei dos sexagenários) acentuou expecta-tivas e ansiedades acerca da extinção da escravidão no Brasil. O objetivo é evidenciar a relevância do movimento abolicionista, na década de 80, para a politização das lutas sociais em prol da abolição da escravidão. Assim, pre-tendemos estabelecer um diálogo entre a história social da escravidão e as recentes tendências dos estudos sobre abolição no Brasil. Para isso, dis-cutiremos parte da historiografia sobre esses temas, buscando pontos de comunicação entre eles, contudo, utilizando fontes primárias para tentar dar suporte aos argumentos. Aqui, privilegiaremos uma categoria especí-fica de escravizados: africanos e afro-brasileiros que moveram petições de liberdade entre os anos de 1882 a 1886, na capital da província sergipana - Aracaju. Essa escolha foi feita por diversos motivos: primeiro, por ser uma categoria profundamente marcada pelas tensões e conflitos que antecede-ram os anos finais da escravidão e/ou por apresentarem em suas narrativas argumentos embasados nas ambiguidades da legislação emancipacionistas no Brasil.

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MULHERES NEGRAS NO PÓS-ABOLIÇÃO EM SERGIPE: INDÍCIOS DE REDES DE SOCIABILIDADE E SOLIDARIEDADE

Selma Da Silva Santos Resumo: A população de cor com o fim da escravidão em muitos momen-tos de sua nova condição social utilizou das relações pessoais para vivenciar e construir estratégias e caminhos para inserção na sociedade, sejam elas no campo do trabalho, mobilidade social ou geográfica, bem como as rela-ções com o Estado. Tomando como cenário o estado de Sergipe, este traba-lho pretender trazer alguns apontamentos sobre as redes de sociabilidade e solidariedade vivenciadas pelas mulheres negras no período pós-abolição. A pesquisa se justifica pela necessidade de trazer para cena a mulher negra a partir de sua fala, e dar lugar de sujeito construtor de sua própria História, mostrar como esses sujeitos foram autônomos e donos de suas vidas, em um período que pouco ainda conhecemos, mas que muito ainda pode ser revelado. Através da análise de processos crimes, ocorridos no estado de Sergipe, mas focando em sua maioria no município de Aracaju entre os anos de 1888 a 1900, esta pesquisa buscar traçar alguns apontamentos sobre as relações sociais desenvolvida pelas mulheres negras bem como contribuir com a historiografia afro-sergipana.

“ESTAS CENAS REBAIXAM A NOSSA RAÇA E A NOSSA SOCIEDADE”: MUTUALISMO E IDENTIDADE RACIAL ENTRE TRABALHADORES DE

COR NO PÓS-ABOLIÇÃOLucas Ribeiro Campos

Resumo: A Sociedade Protetora dos Desvalidos foi uma associação de so-corros mútuos da cidade de Salvador, constituída por trabalhadores de cor. Tinha como objetivo auxiliar seus associados em momentos de doença, de-semprego e ajudando as famílias destes em casos de morte. Durante sua trajetória, de irmandade até se tornar uma sociedade de auxílios mútuos, a SPD conservou o critério racial para a admissão de seus sócios. Após sua fundação, em 1832, os membros da então Irmandade de Nossa Senhora da Soledade Amparo dos Desvalidos discutiram a formulação de um termo de

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compromisso, que estabelecia somente a entrada de indivíduos de cor pre-ta como sócios. Na segunda metade do século XIX, o estatuto de 1874 admi-tia como sócios “todos os cidadãos brasileiros de cor preta”. Este critério era tão rigoroso que, vinte anos depois, no artigo 69 de uma espécie de esboço do estatuto de 1894, todos os regulamentos poderiam ser reformulados, menos o artigo 1º, considerado “perpetuo” e “inviolável”, pois se referia à entrada de indivíduos de cor na associação. Deste modo, a SPD permaneceu com uma característica que a diferenciava de muitas associações de auxilio mútuo do século XIX: não existia uma identificação em torno de um ofício, mas sim em relação a cor. Ao contrário das associações que surgiram na mesma época, a SPD teve como critério racial sua principal referência de identidade. Nesta comunicação pretendo discutir os significados e os senti-dos atribuídos por estes sujeitos em relação a essa identidade racial. A partir de dois episódios específicos, busco compreender as formas como os traba-lhadores de cor daquela associação, acionaram sua identidade racial para transmitirem uma imagem alinhada às expectativas das autoridades, com o objetivo de legitimar o espaço de solidariedade que eles haviam construído para os trabalhadores de cor, desde a época do império.

ASSOCIATIVISMO NEGRO NA PRIMEIRA REPÚBLICA: O GRÊMIO DRAMÁTICO RECREATIVO E LITERÁRIO ELITE DA LIBERDADE

Ana Cláudia Pereira

Resumo: O trabalho investiga, por meio dos jornais da imprensa negra e do depoimento memorialístico de José Correia Leite, o Grêmio Dramático Recreativo e Literário Elite da Liberdade, clube negro da cidade de São Pau-lo- SP, no período de 1919 a 1926. O Elite da Liberdade, celebrando símbo-los afro-diaspóricos, preconizando narrativas de igualdade e promovendo diversas atividades coletivas, se constituiu em local de sociabilidade privile-giado, no qual engendrou-se uma identidade negra livre dos estereótipos tradicionalmente associados à “população de cor”. A proposta desse traba-lho é reconstituir aspectos da trajetória desse clube à luz de suas aspirações, formas de organização, identidade e luta.

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“A LOTERIA É UM JOGO”: BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE CONCESSÕES LOTÉRICAS NOS ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

FEDERAIS DA BAHIA (1894-1896).Igor Antonio Santiago Soares

Resumo: Nesta comunicação buscaremos apresentar os primeiros re-sultados de uma pesquisa sobre a temática dos jogos de azar, com foco nas concessões de loteria, tendo como fonte principal os Annaes da Câ-mara dos Deputados Federais da Bahia no período de 1894 e 1896, cru-zando as atitudes dos deputados aí registradas com o decreto nº 847 de 11 de outubro de 1890: Código Penal dos Estados Unidos do Brasil. Exibiremos a tabulação dos 42 projetos de concessões de loteria encontrados nos Annaes da Câmara dos Deputados Federais da Bahia, problematizando as taxas de solicitantes, áreas interessadas no recurso lotérico, distribuição geográfica dos interessados e as taxas de aprovação e negação destes proje-tos na Câmara. Discutiremos os argumentos de solicitantes e de deputados presentes nos projetos e nos pareces apreciados. Os deputados negavam as concessões de loteria relacionando-a com a desorganização econômica e o abalo das relações sociais e, quando aprovavam, destacavam as referências à caridade e ao bem público. Essas vozes são múltiplas e plurais, sendo al-gumas vezes conflitantes e contraditórias. São nestes trechos que podemos perceber o diálogo com as formas de trabalho e as estratégias de controle da população trabalhadora no pós-abolição, bem como algumas defini-ções, ainda que nebulosas, daquilo que se considerava como ‘não trabalho’. Também problematizaremos a exploração das loterias, vista como a face legalizada dos jogos de azar e as contradições existentes no campo legis-lativo. Através deste objeto foi possível acessar as contradições presentes sobre a temática dos jogos de azar no Brasil republicano, inserido no con-texto amplo das sucessivas criminalizações de práticas de lazer e sociabili-dades das classes trabalhadoras. Estudar as loterias também nos possibilita acessar outros temas no pós-abolição, como formas dos representantes do Estado darem manutenção econômica para instituições de áreas diversas, com intuitos também diversos, destacando suas trocas de capital político, bem como conflitos entre as jurisdições da igreja e Estado no início da Re-pública, por exemplo.

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“TUDO CHEIRAVA A ÁFRICA”: OS CLUBES AFRICANOS E OS “MALTRAPILHOS” NO CARNAVAL DE SALVADOR (1890-1910)

Jéssica Santos Lopes da Silva Resumo: A historiografia vem mostrando como o período após abolição foi de racialização das relações sociais, as quais envolviam conflitos e nego-ciações acerca da cidadania negra e da tentativa da manutenção do sta-tus quo de uma antiga classe senhorial, além das diversas construções de identidades. Muitos são os caminhos para entender essa sociedade, aqui, guiada pelo viés da história social da cultura, faço o esforço para enten-der partes dessas relações construídas através das disputas pelo espaço festivo, mais especificamente, o Carnaval. O objetivo da comunicação é, através da análise de jornais, pensar sobre os conflitos gerados em torno da presença dos clubes africanos e mascarados indesejados no carnaval de Salvador entre a última década do XIX e a primeira do século XX. As crô-nicas, as charges e os versos publicados nos permitem fazer uma análise dos discursos públicos, utilizando o conceito pensado por James Scott, e a partir de suas brechas, entender as tensões presentes naqueles espaços. Fo-carei aqui principalmente nas crônicas e charges que nos permitem pensar a participação desses grupos, imagens e formas de controle a eles inferidas que buscavam barrar e criminalizar as manifestações culturais e a própria circulação desses sujeitos.

“O SÍTIO É ALTO MAS O SAMBA É DE RODA”:

REFLEXÕES A CERCA DA REMANESCENCIA QUILOMBOLADaniela Santos Silva

Resumo: O presente artigo tem como foco analítico o processo de reconhe-cimento da comunidade Sítio Alto como remanescente quilombola. O ob-jetivo é desenvolver uma análise de como a comunidade em questão tem construído o discurso de remanescente quilombola entre seus membros, ao mesmo tempo em que busca-se refletir sobre a concepção de quilom-bos presente na atualidade. Neste sentido procuro compreender como a questão étnica vem sendo difundida e socialmente construída entre os mo-

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radores de Sítio Alto nos últimos cinco anos. Nesse mesmo cenário se coloca em questão a trajetória da comunidade e sua luta pelo reconhecimento e certificação do território como sendo remanescente quilombola, portanto dotados de direitos em relação às políticas públicas empreendidas pelo Es-tado a esta categoria.

A CONTRADITÓRIA DEMOCRACIA RACIAL NO BRASIL DOS ANOS 50Diego Lima e Silva

Resumo: No início dos anos 50 no Brasil, a democracia brasileira dava alguns passos, depois de uma ditadura que seria rompida em 1945. No obstante, a vigência das teorias raciais já não encontrava espaço, sobretudo depois da experiência nazista. Assim, a elite governante brasileira distribuía notícias que no Brasil era vivido uma democracia racial. Nesse sentido, tal artigo tem em vista analisar o período da segunda república a respeito da democracia racial. Tendo em vista, verificar as contradições e uma possível falácia sobre harmonia de raças no país. Para tal análise, foram abordados procedimen-tos metodológicos como: levantamento bibliográfico, leitura de artigos, dissertações e teses sobre o objeto de estudo, os quais contribuíram com entendimento acerca da democracia racial em que atores oprimidos revela-vam contradições a respeito de uma integração social sem conflitos. Como resultado foi constatado que a democracia entre raças, não passaria de um mito, já que os negros no país ocupavam as mais profundas massas de po-breza e quase não tinham representação na elite, fato ocorrido em virtude do racismo brasileiro.

ZÉ D’ OBAKOSSÔ E A NOITE DOS COMBONES: UM RITUAL AFRO-BRASILEIRO EM ARACAJU/SE

Ivoneide Santos Resumo: O presente trabalho opta por fazer uma reflexão sobre a partici-pação de Zé D’ Obacoussou no evento que ficou conhecido como a “Noite dos Combones” realizado no Ginásio Charles Moritz em Aracaju/se em 1969.

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Ressaltaremos a importância deste líder religioso e as principais atividades desenvolvidas pelos combonos dos terreiros ali representados. Partindo da idéia de Roger Chartier, na qual, a representação simbólica permeia uma comunidade e tendo esta uma “função mediadora que informa as diferen-tes modalidades de apreensão do real, quer opere por meios dos signos lin-güísticos, das figuras mitológicas e da religião, ou dos conceitos do conheci-mento cientifico”. Sendo assim, supomos que esse ritual foi um marco para a sociedade aracajuana no tocante a representação da cultura afro-brasilei-ra no Estado de Sergipe por se tratar de uma época em que a cultura “negra” precisamente o Candomblé caminhava a passos lentos no campo cultural.

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006. Memórias,

representações, práticas e

apropriações

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006. Memórias, representações, práticas e apropriações: diálogos interdisciplinares sobre trajetórias, impressos e

literaturaCoordenação: Roselusia Teresa de Morais Oliveira, Ana Márcia Barbosa dos Santos

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 26/10

A HISTORIA E A MEMÓRIA (RE)VISITADAS NO ROMANCE“COIVARA DA MEMÓRIA” (1991), DE FRANCISCO DANTAS

Miriam Ferreira de Matos

Resumo: O conhecimento se produz por meio de memórias de um pas-sado consolidado no presente. Nessa perspectiva, o presente artigo tem como principal objetivo, apresentar os contributos da Literatura a partir das contribuições da História Cultural. Tendo como objeto de pesquisa dessa investigação, o romance histórico “Coivara da Memória” (1991), do sergi-pano Francisco Dantas. O foco das discussões aqui promovidas tem como perspectiva principal a de ressaltar os aspectos da História e da Memória de modo a oportunizar uma melhor compreensão do silêncio contido na forma como a narrativa é construída, onde o narrador-protagonista, ao recuperar o tempo perdido de sua infância, reconstitui uma sociedade de valores rí-gidos e fundamentada em uma estrutura patriarcal, características dos fi ns do século XIX e início do século XX. O embasamento teórico deste estudo, repousa na utilização das categorias de análise de conteúdo, representação e apropriação de Chartier (1990). A metodologia pautou-se em pesquisas bibliográfi cas e documentais, representadas por livros, publicações em peri-ódicos, artigos científi cos e a análise da supracitada obra. Sendo assim, com esse olhar investido na história e na memória, analisaremos o processo de discurso contido ou silenciamento de três personagens relevantes, para e na infância do narrador, quais sejam: Garangó, Avô e Avó.

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006. Memórias,

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apropriações

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HISTÓRIA, CIENCIA E ÉTICA NO SÉCULO XXGiovanni Barbon de Oliveira

Resumo: Ao refletirmos sobre o século XX, encontramos vários assuntos que estão presentes em todo ele. Entre eles o papel da ciência e as ques-tões da ética humana (principalmente se considerar que houveram as duas maiores guerras além dos conflitos pelo mundo afora) e isso muito por con-ta da tecnologia de ponta que nos cerca. O estudo busca a partir da filosofia pressuposicionalista, como Thomas Kuhn e CS Lewis, entender como deve ser nossa análise e como isso se dá em torno da bomba atômica. Assim tam-bém, com análise de jornais publicados durante a segunda guerra, o estudo quer entender como esse assunto chegava à população em geral e como isso se reflete posteriormente quando, por exemplo, Einstein e Russel criti-caram as pesquisas científicas no pós guerra, foi um posicionamento corre-to ou infundado? Como podemos julgar isso?

DE CAPELA A ARACAJU: MEMÓRIAS DOS PERCURSOS ESCOLARES DE MANOEL CABRAL MACHADO (1927-1935)

João Paulo Gama Oliveira Resumo: Manoel Cabral Machado (1916-2009) foi um dos pioneiros profes-sores do ensino superior e de um variado número de escolas do ensino se-cundário em Sergipe. Diante dos vastos caminhos percorridos por Cabral Machado neste estudo analiso seu itinerário discente no recorte temporal de 1927 a 1935. A primeira data refere-se ao início dos estudos na cidade de Capela/SE, a segunda, concerne ao ano que concluiu suas atividades discen-tes no Atheneu Sergipense. Os registros das suas vivências nesses espaços foram vasculhados em diferentes arquivos privados e públicos, além das memórias registradas por ele nos seus últimos anos de vida e entrevistas com o próprio Cabral Machado. O estudo concluiu que “professores-pa-radigma” são creditados como influenciadores dos caminhos percorridos pelo jovem estudante e “lugares de memória”, como ensina Pollak (1992), são rememorados por Manoel Cabral Machado ao se predispor a registrar aspectos do seu passado como estudante.

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apropriações

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O BRASIL NOS COMIC BOOKS ESTADUNIDENSES DURANTE A SEGUNDA GUERRA: O CASO DA ALL STAR COMICS 9.

Ricardo Bruno Flor Resumo: O presente estudo é decorrente da pesquisa para nossa Tese de Douto-rado sobre como os comic books estadunidenses publicados até 1945 mostram o Brasil, a América do Sul e a América Latina. Até o momento encontramos algu-mas HQs que mostram países (fictícios e reais) da América Latina, incluindo uma na qual Dr. Fate combate forças nazistas no Brasil, publicada na All Star Comics 9 em 1942. É nesse comic book que nosso presente trabalho se foca. Levando em conta os resultados iniciais da nossa pesquisa para a Tese de Doutorado, faze-mos a comparação do comic book com outros contemporâneos e anteriores a ele; estudamos o contexto cultural de sua publicação; e analisamos brevemente a forma como outros países da América Latina são mostrados dentro dos quadri-nhos estadunidenses e os usos dessas representações na Segunda Guerra; para responder uma única pergunta: como a All Star Comics 9 mostra o Brasil?

“EU SOU POETA POPULAR”: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO CORDELISTA NO SÉCULO XX (1906-2010)

Rosilene Alves de Melo Resumo: A proposta deste trabalho é problematizar as construções de sen-tido atribuídas à Literatura de Cordel no Brasil no século XX. A intenção é compreender como se elabora a figura do autor e as construções identitá-rias que estão implicadas na emergência da noção de poeta popular. A pes-quisa tem como referências inicial os artigos publicados nos periódicos bra-sileiros a partir da primeira década do século XX - no momento em que são efetivadas as condições para a produção sistemática de folhetos - até a so-licitação junto ao IPHAN do reconhecimento da Literatura de Cordel como patrimônio imaterial do Brasil. Ao longo deste período uma série de insti-tuições e agentes (poetas, folcloristas, jornalistas, acadêmicos) mobilizam categorias e conceitos analíticos para nomear, representar e refletir acerca dos lugares da Literatura de Cordel enquanto manifestação do folclore, ex-pressão da cultural subalterna, literatura de evasão e patrimônio cultural.

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O GRUPO ESCOLAR FAUSTO CARDOSO NAS ESCRITAS DOS SEUS ALUNOS: VESTÍGIOS DA “CULTURA ESCOLAR” NO JORNAL

ESTUDANTIL O IDEAL (1942)Roselusia Teresa de Morais Oliveira

Resumo: O presente trabalho faz parte do projeto “A ‘cultural escolar’ na imprensa sergipana: vestígios das práticas escolares do Grupo Escolar Faus-to Cardoso (1925-1960)”, que contou com o apoio financeiro da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPI-TEC/SE), com o intuito de estimular a pesquisa científica na educação bási-ca. Nesse recorte do projeto, a proposta consiste em analisar aspectos da “cultura escolar” por meio do jornal estudantil O Ideal, publicado em 1942, e produzido pelos alunos Grupo Escolar Fausto Cardoso (GEFC). Assim, in-vestigamos sua materialidade, as seções nas quais se dividiam, as notícias e assuntos abordados pelo período estudantil, bem como correlacionamos o impresso com outros jornais congêneres que circularam em distintas insti-tuições educacionais de Sergipe, nesse período.

SAMBA DE COCO EM ARCOVERDE-PE: NARRATIVAS SOBRE O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO PATRIMÔNIO

CULTURAL IMATERIALReginaldo Vilela de Lima

Resumo: Esta pesquisa objetiva analisar e compreender o samba de coco como expressão do patrimônio cultural imaterial do município de Arco-verde-PE, problematizando-o na perspectiva das transformações que são necessárias para revitalizar a brincadeira. Noções como tradição, autentici-dade e originalidade se constituem empecilho para os sujeitos-brincantes introduzirem novas letras na música e novas figuras como ícones do brin-quedo, desenvolvendo atividades de ressignificações, indispensáveis para que as novas gerações, imersas numa sociedade moderna, possam se sentir identificadas com esta produção cultural. Portanto, será desenvolvida tam-bém uma análise de discursos construídos ao longo da história dos mestres de coco com o objetivo de legitimar este bem, através da reprodução de

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imagens-clichês que perduram até hoje nas divulgações feitas pelos agen-tes culturais da cidade. Esta produção está inserida na dimensão da história cultural, na perspectiva analítica da micro-história, considerando a histori-cidade local como importante referente e os praticantes de samba de coco como fontes de memórias e informações históricas sobre a manifestação. A principal estratégia metodológica foi à utilização da História Oral, cujos depoimentos não serviram apenas como fontes subsidiárias para ilustrar o que porventura algum documento oficial venha afirmar. Mas, se constituirá em um recurso utilizado como forma de atender a necessidade de se re-gistrar a memória de indivíduos suprimidos dos registros documentais de caráter oficial do município. Foi utilizado também nas abordagens desen-volvidas; músicas, fotografias e anúncios festivos. Foram realizadas pesqui-sas de campo, por meio de visitas aos arquivos da secretaria municipal de cultura para analisar os documentos, que destacam a abertura do festival Lula Calixto, consagrado na história da cidade pela diversidade cultural que representa. Os arquivos se constituirão em uma fonte para analisar o caráter das programações dos festivais da cidade e discutir a partir de que momen-to histórico se começa a emergir conceitos relacionados à cultura, exótico e tradição. A observação participante ocorreu através de minha participação em eventos culturais da cidade, o Festival Lula Calixto realizado no ano de 2013 e o São João de Arcoverde neste ano de 2014. Esses dois momentos foram fundamentais para o desenvolvimento de um olhar em torno do sam-ba de coco, que o caracteriza não apenas como uma forma de comunicação, mas também de resistência diante das adversidades sociais enfrentadas pe-los sujeitos-brincantes.

O JORNAL DAS SENHORAS E A ESCRITA PERIÓDICA NO RIO DE JANEIRO IMPERIAL (1852-1855)

Carla da Silva de Sales

Resumo: Fundado em 1852 no Rio de Janeiro Imperial, o periódico O Jor-nal das Senhoras deixou sua marca em um momento significativo para o Brasil: o do crescimento da publicação de impressos. A criação da Impres-são Régia, em 1808, representou um desenvolvimento cultural para o Brasil,

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tendo em vista a permissão para a impressão de documentos, ainda que fosse necessária a licença dos censores régios. Em 1822, com a liberdade da imprensa, os periódicos passam a se estabelecer como chave fundamental para a divulgação de ideais, e a partir da segunda metade do referido sé-culo origina-se a chamada Imprensa Feminina, com jornais fundados por mulheres - onde O Jornal das Senhoras é o primeiro - e que tinham como principal objetivo o esclarecimento das leitoras sobre seus direitos, dentre os quais a educação era o primordial. Publicado entre os anos de 1852 e 1855, O Jornal das Senhoras era um periódico semanal que trazia em suas edições sessões sobre moda, teatro, música, belas artes e crítica, possuindo três redatoras-chefes: Joanna Paula Manso de Noronha, Violante Atabalipa Ximenes de Bivar e Vellasco e por último Gervásia Nunezia Pires dos Santos Neves. Com textos direcionados à elite feminina na Corte Imperial, o Jornal buscou ensinar, alertar e recomendar aquilo que era necessário para o cres-cimento da mulher tanto a nível intelectual e pessoal quanto a nível social, sendo um meio de questionamentos, esclarecimentos, de luta e almejo de ideais. Este trabalho visa abordar a relevância que o Jornal teve para a vida das redatoras e leitoras, visto o poder que a escrita tem para a formação de opinião, possibilitando, portanto, a análise de um período histórico através da imprensa feminina, tendo em vista que os escritos dos periódicos repre-sentam o discurso de sua época.

O JORNALISMO COMO FERRAMENTA DE RECUPERAÇÃO DA HISTÓRIA: AS CRÔNICAS DE FRANCINO SILVEIRA DÉDA E AS

MEMÓRIAS DE PARIPIRANGA (1920-1960)Ana Maria Ferreira de Oliveira

Resumo: O jornalismo enquanto seguimento da comunicação de massa mantém relações claras com a História. O jornal caracteriza-se como uma importante ferramenta de compreensão e recuperação do passado. Este trabalho tem como objetivo analisar a participação do jornalismo na preser-vação da memória na cidade de Paripiranga na Bahia; través das crônicas do jornalista local Francino Silveira Déda, publicadas nos semanários O Paladi-no e O Ideal, entre 1920-1960, e que tratam de relatos e pesquisas acerca do

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passado da cidade. O trabalho aqui apresentado é fruto da compilação e da análise de mais de 150 crônicas publicadas por Déda, no início do século XX. Numa região onde ler jornal era um habito impregnado de significados e os registros acerca do passado da cidade eram escassos, os escritos de Déda, mesmo que involuntariamente, escrevem a história do lugar. Assim, O jor-nalismo torna-se uma parte central e não apenas um registro da memória coletiva. Não apenas grava o que está acontecendo, não apenas armazena um arquivo do que passou. Ele funciona como um lugar de memória, onde a própria cultura se instala.

JOSÉ AUGUSTO GARCEZ: TRAJETÓRIA,

ESTRATÉGIAS E SOCIABILIDADESilvaney Silva Santos

Resumo: As reflexões aludidas no presente artigo objetivam analisar e compreender a trajetória do intelectual José Augusto Garcez a partir da década de 1940 à segunda metade do século XX. Para tal, faz-se necessário o estudo das estratégias explicitas e implícitas nos textos produzidos por e sobre o sergipano e das redes de sociabilidade criadas pelo idealizador do Movimento Cultural de Sergipe (1953), no contexto regional e nacional. Sobretudo, perceber nos textos escritos e de “ocasiões” as imagens que se criou do intelectual; como editor, responsável pela inserção de diversos talentos no mundo das letras, a exemplo do poeta Santos Souza e da es-critora Gizelda Morais; e como o “mecenas das letras” em terras de Tobias Barreto de Meneses. A partir dos discursos produzidos sobre e por este intelectual nos jornais, nas revistas e livros editados pelo seu Movimento Cultural, sobretudo, da sua práxis no campo editorial na “pequena provín-cia”, poder-se-á visualizar a contribuição desse agente para a cultura e a memória dos sergipanos.

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A MORTE PEDE PASSAGEM: OS COSTUMES FÚNEBRES E AS ATITUDES DA POPULAÇÃO DE PARIPIRANGA-BA, PARA COM A

MORTE E OS MORTOS (1920-1940)Robério José Santos Junior

Resumo: A proposta objetiva discutir a morte no município de Paripiranga no estado da Bahia, entre as décadas de 20 e 40; bem como os seus aspec-tos Socioculturais; dando destaque aos enterramentos e as mentalidades da população; ou seja, analisando o significado da morte e as suas várias visões. Considerando que a história cultural está ganhando cada vez mais espaço na historiografia brasileira, por abordar aspectos pouco explorados de uma determinada sociedade de outrora. Compreendendo assim, práticas do co-tidiano de cada indivíduo e de uma comunidade como um todo. O trabalho que se pretende realizar tem como objetivo central trazer à baila a visão social acerca da morte, bem como os processos de enterramento, que por sua vez, eram impregnados de elementos culturais típicos da região. Para tal, se faz necessária a utilização de fontes históricas documentais e orais; como os registros paroquiais de óbitos, depoimentos, e notas necrológicas em jornais da época; visto que estes impressos eram os principais veículos de comunicação na cidade, no período estudado. Tendo como base essas fontes, é possível abordar a representação da morte no âmbito da socieda-de e claro, a estratificação social entre os indivíduos que a compõem. Mos-trando dessa forma, as notas de pesar e até mesmo as preces realizadas em prol da melhoria do enfermo, quando o mesmo era reconhecido na região. Com isso, busca-se um maior entendimento sobre um lado social não muito explorado, mas que se torna relevante para o entendimento da evolução de práticas e ritos locais e regionais acerca da morte; mostrando assim, as transformações fúnebres ocorridas em Paripiranga, nos 30 anos abordados. Assim, é importante destacar que o município de Paripiranga-Bahia se torna um local propício para o desenvolvimento desse trabalho, pois, as fontes mostram a grande variação cultural relacionada ao morrer e aos processos de enterro. Por fim, a escolha do recorte temporal fora feita basicamente através das próprias fontes, e da relevância dos assuntos encontrados nas mesmas, que poderão acrescentar informações precisas, para o desenrolar do trabalho.

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AS INFLUÊNCIAS DO DISCURSO FOLCLORISTA E DA REFORMA URBANÍSTICA NAS REPRESENTAÇÕES DE CARYBÉ:

APONTAMENTOS INICIAIS DE PESQUISA.Bruno Rodrigues Pimentel

Resumo: Este trabalho resulta de uma pesquisa desenvolvida atualmente no PPGHS da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que tem como objetivo central investigar a cons-trução feita por Carybé e seus colaboradores dos aspectos característicos do universo da cultura popular baiana por meio das representações imagéticas contidas na Coleção Recôncavo, 1951. A coleção soma 10 volumes, cada qual sobre um tema da cultura popular baiana, desenvolvida através de de-senhos pelo artista. Na Coleção, para cada conjunto temático de desenhos, existe um texto introdutório. Os textos foram assinados por Vasconcelos Maia, Odorico Tavares, José Pedreira, Wilson Rocha, Carlos Eduardo, Pier-re Verger; e pelo próprio Carybé. Os temas da Coleção foram: 1) Pesca de Xaréu; 2) Pelourinho; 3 ) Jogo da capoeira; 4 ) Feira de Água de Meninos; 5 ) Festa do Bonfim; 6 ) Conceição da Praia; 7 ) Festa de Iemanjá 8 ) Rampa do Mercado; 9 ) Temas de Candomblé; 10 ) Orixás. Mas o que teria influenciado este artista no desenvolvimento da Coleção Recôncavo? Por que ele elegeu os temas mencionados e não outros? Para resposder essas questões inves-tigaremos e dicorreremos sobre a influência do discurso folclorista e das re-formas urbaníticas soteropolitanas que vinham sendo defendidas desde a década de 1940. Esta comunicação tem como ojetivo demonstrar como as propagandas e projetos para a modernização da cidade de Salvador influ-ênciaram Carybé e seus colaboradores na execução da Coleção Recôncavo. Também veremos como o debate estabelecido pelos folcloristas, debate que se estabeleceu a partir da década de 1940, mais precisamente em 1947, quando foi criada a Comissão Nacional do Folclore (CNFL) influiu nesta obra. Cabe lembrar que no contexto do pós-guerra, a preocupação com o folclo-re encaixa-se na atuação da UNESCO em prol da paz mundial. O folclore é percebido como um meio de compreensão entre os diferentes povos. Por último refletiremos também sobre o fato de que os objetos, entre eles de-senhos, carregam consigo ideias, memorias, abstrações e, por sua vez, estão ligados a concepções sociais e também ganham sentidos pelos diferentes

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atores e lugares por onde circulam. Os desenhos de Carybé também podem ser pensadas enquanto objetos e como tal a sua materialidade nos permite refletir sobre como as ideias circulam por distintos lugares. As obras desse artista estão carregadas de símbolos que, por sua vez, transmitem mensa-gens e essas são a maneira como ele optou por representar, consciente ou inconscientemente, determinadas expressões culturais para a posteridade.

CALABAR DE LÊDO IVO: PERCEPÇÕES SOBRE

O NORDESTE, O TURISMO E O MITOMarília Teles Cavalcante

Resumo: O propósito deste trabalho é investigar a produção literária de Lêdo Ivo, Calabar. Esta se trata de um livro dividido em três partes, sendo a primeira o poema dramático que da título a obra, o qual analisaremos com mais cuida-do, e outras duas partes de poesias. A proposta de abordagem deverá ser não de observar como o contexto é referenciado pelo livro, pelo contrário, é per-ceber de que maneira o contexto social e o interesse do autor se expressam a partir dessas linhas, é observar as preocupações estéticas, e tentar responder ao questionamento sobre o uso da literatura como fonte, sua relevância no momento histórico em questão e como ela nos permite acessá-lo e compre-ender muito mais do que apenas a análise crítica da obra nos permitiria. Essa obra nos permite três abordagens muito interessantes: o nordeste, enquanto visto pelo outro que nos remete a Durval Muniz de Albuquerque, em A Inven-ção do Nordeste (2009); ao turismo, enquanto produção de uma imagem do nordeste vendível e lucrativa; e ao mito, enquanto busca de entender quem é Calabar, pelo Turista, e de reposicioná-lo como um herói, pelos outros perso-nagens, a partir de uma abordagem de mítica.

DITADURA NA ESCOLA DE MEDICINA DA UFBAGilberto Couto Oliveira

Resumo: Este trabalho faz parte de uma pesquisa em desenvolvimento no mestrado e tem como objetivo central demonstrar os impactos causados

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pelo Golpe civil-militar de 1964 na Faculdade de Medicina da UFBA, ob-servando os desdobramentos sobre os professores apoiadores e críticos do novo governo que se instalava no país. A pesquisa tem por enfoque a trajetória do professor Nelson Soares Pires, ex-coronel do Exército, Catedrá-tico da Escola de Medicina da UFBA e comunista ativo na vida política da faculdade. A história de Nelson Pires foi resgatada neste trabalho a partir dos documentos coletados na Faculdade de Medicina pela Comissão Milton Santos da Verdade e Memória da UFBA (que participei como estagiário), nos relatórios dos Arquivos Público dos Estados de; Minas Gerais e São Paulo, Relatórios do CISA e na memória de ex colegas e alunos do professor. Outro ponto importante do trabalho será descrever o processo de expulsão do professor Nelson Pires da Cátedra de Medicina, após o AI-1 e as nuances que sua condição de ex-militar e veterano da 2ª Guerra Mundial trazia ao proces-so de aposentadoria, tendo em vista o benefício aplicado pela Lei da Praia.

ENTRE A ERUDIÇÃO E PROSA: A BIOGRAFIA HISTÓRICA “RENOVADA”

Fernanda Lédo Flôres Resumo: Enquanto gênero híbrido que transita entre a história e a literatu-ra, a biografia é o objeto central deste trabalho que é parte teórica introdu-tória de uma pesquisa de mestrado em andamento. Partindo da trajetória da biografia dentro do campo historiográfico, seus limites, divergências e possibilidades; caracterizando a biografia “renovada” dentro do cená-rio editoral atual; e estabelecendo as devidas conexões entre a biografia que se pretende histórica e a ficção biográfica, busca-se aqui levantar as questões acerca do porquê, para quem, e como escrever biografias his-tóricas que consigam unir tanto a erudição quanto a prosa no seu texto.

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006. Memórias,

representações, práticas e

apropriações

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MULHERES BORDADEIRAS: PRÁTICAS E MEMÓRIAS NA CONSTRUÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL EM

ALAGOINHA-PE.Janeclay Alexandre da Silva, Maria Cecilia Feitosa Da Silva

Resumo: A construção do artesanato faz parte da cultura e da histó-ria do município de Alagoinha-PE, possui um envolvimento de cons-trução e reconstrução da memória, um aprimoramento de técnica de trabalho manual, com o passar dos anos preserva-se um oficio, o qual é aprimorado com narrativa da história local expondo a memória uma legitimidade de reconstrução do bordado com o passar dos anos. O patrimônio cultural imaterial abrange a ação do homem em uma sociedade, é nessa concepção que a mulher bordadeira precisa ser analisada como reprodutora de um saber-fazer, preservado pela me-mória e passada entre as gerações. Diante desse novo desafio, esco-lhemos apresentar novas perspectivas em relação à manifestação cul-tural, dando ênfase para as mulheres bordadeiras de Alagoinha- PE. O estudo de História Local e Patrimonial é de suma importância, estando presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais e nas Leis de Diretrizes e Bases da educação. Percebe-se uma ausência de trabalhos que se voltem à questão patrimonial, essa pesquisa traz uma proposta de expor a mulher bordadeira como construtora de uma história e de uma identidade, neces-sariamente no saber-fazer com a constituição do bordado manualmente.

O PONTO DO BEIJU: CULTURA E MODOS DE PRODUÇÃOErico da Silva França

Resumo: O Ponto do Beiju é uma comunidade tradicional do município de Alagoinhas-Bahia, afamada pela produção do beiju, iguaria considerada a força propulsora responsável pela fundação e sustentação do grupo so-cial. Trazer à luz os aspectos inerentes a cultura e aos modos de produção do beiju na comunidade pontobeijuzense, assim como as suas rupturas, transformações e ressignificações, considerando as experiências laborais, simbólicas e estéticas das personagens envolvidas no processo criativo e

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V Congresso Sergipano de História & V Encontro Estadual de História da ANPUH/SE

006. Memórias,

representações, práticas e

apropriações

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comercial da iguaria, a saber, os beijuzeiros, além de relacionar os “modus operandi” pontobeijuzenses a outras experiências e praças beijuzeiras é a principal fi nalidade deste trabalho. O mesmo procurou identifi car e mapear bibliografi a e fontes documentais (escritas, visuais e orais) que tratassem da cultura do beiju (dentro e fora da comunidade alagoinhense); da relação existente entre culinária (arte de confeccionar alimentos) e cultura; das ten-sões entre cultura dominante e cultura popular; e, dos modos de produção capitalista e solidário.

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007. Museus,

Histórias e Patrimônios

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007. Museus, Histórias e PatrimôniosCoordenação: Clovis Carvalho Britto, Michel Platini Fernandes da Silva

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 25/10

A DOCE MEMÓRIA: O MUSEU DA CIDADE DO RECIFE E O IMAGINÁRIO POPULAR

Lucas de Lima Silva

Resumo: O Museu da Cidade do Recife (MCR) foi criado em 1982, tendo como missão institucional o estudo e a preservação da memória e da con-temporaneidade urbana e social da cidade; funciona nas instalações do For-te das Cinco Pontas, fortifi cação construída originalmente pelos holande-ses em 1630. Atualmente encontra-se em cartaz nesse espaço a exposição “Doce Recife” que aborda o desenvolvimento da cidade e as transformações de suas paisagens naturais à luz da produção açucareira. Nosso trabalho tem como objetivo analisar os diálogos discursivos entre a exposição e seus visitantes, através da contextualização histórica da proposta expositiva, en-quanto produto sociocultural específi co, onde a instituição é detentora de grande poder de construção e consolidação de narrativas sobre um lugar e/ou povo; sem esquecer a impressão dos visitantes, que não são elementos passivos no processo e fazem parte de uma experiência dialética, sujeita a “distorções” por parte dos agentes envolvidos, o que pode infl uenciar a for-ma como os visitantes enxergam o MCR e a sua exposição.

AZULEJARIA DE FACHADA EM OURO PRETO - O CASO DA POUSADA VILA RICA

Marina Araujo Poloni de Amaro

Resumo: O edifício da Pousada Vila Rica é um importante representante da história da arquitetura mineira e brasileira. Seu valor histórico está rela-cionado tanto às soluções arquitetônicas adotadas – visto que quanto ao

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V Congresso Sergipano de História & V Encontro Estadual de História da ANPUH/SE

007. Museus,

Histórias e Patrimônios

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uso de azulejaria em fachada, é o único representante no estado de Minas Gerais – quanto à evolução dos partidos arquitetônicos nos finais do século XVIII e as adaptações realizadas para adequar as moradas mineiras à moda neoclássica. O presente trabalho pretende, através da produção documen-tal e bibliográfica, ser um meio de garantir a salvaguarda dessa edificação - visto que seu estado de conservação é precário – e enriquecer o estudo da azulejaria no Brasil. Além de uma breve explanação sobre a utilização do azulejo em fachadas e sobre os exemplares existentes em Ouro Preto, a fa-chada azulejada será destacada através de seu histórico e da caracterização arquitetônica do imóvel e seus pormenores.

NAS TRILHAS DO CANGAÇO: O REPERTÓRIO MUSICAL DOS “CABRAS DE LAMPIÃO”

Jéssica da Silva Souza

Resumo: Assim como outros tipos de manifestações artísticas, a músi-ca e a dança podem ser instrumentos de análise para o estudo da cultu-ra popular de determinado grupo ou comunidade. Há um repertório muito vasto de canções relacionadas ao sertão e ao cangaço. A escolha e execução do repertório que compõe as apresentações do Grupo de Xa-xado Cabras de Lampião não são aleatórias, partem de escolhas referen-tes ao que os diretores dos espetáculos objetivam passar para o público. As canções são carregadas de significados e intenções que fazem parte da essência e da existência do próprio grupo. A partir de estudos pauta-dos na relação entre história e música, o objetivo deste trabalho é analisar as letras de canções que embalam as apresentações do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, oriundo do município de Serra Talhada, Pernambuco.

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O Brasil na Historiografia de Felisbelo Freire e suas Reflexões na Pesquisa e no Ensino

007. Museus,

Histórias e Patrimônios

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MUSEUS E MEMÓRIAS AFRO-DIASPÓRICAS: ITINERÁRIOS NA MUSEOLOGIA BRASILEIRA

Jislaine Santana dos Santos Resumo: Este trabalho tem por objetivo narrar como s populações negras vêm sendo representadas em alguns museus, sobre a temática afro-brasi-leira. Assim o mesmo se desenvolve por meio de uma revisão bibliográfi-ca destacando alguns autores no campo da Museologia no Brasil que pro-blematizaram as aproximações entre as exposições museais e memórias afro-diaspórica. Para tal ato citamos Myrian Sepúlveda (2004) que ressal-ta as representações dos negros nos museus brasileiros, a Deborah Silva (2014) que fala sobre as culturas negras nos museus no século XIX, entre outros. Ainda são dadas exemplificações de instituições que desfavorecem a raça negra e também as que abrem um leque para se apresentar o ne-gro e sua cultura de forma favorável, o Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro que silencia na sua exposição os artistas negros, o Museu do Têxtil do Instituto Feminino da Bahia (Salvador) que deixa transpare-cer a desigualdade racial, exemplos significantes em relação ao silêncio, a desigualdade, o preconceito racial em muitos aspectos relacionados ao negro, mas também são mostradas as instituições que lhe dão oportuni-dade de melhorias no meio cultural como os Museus afro-brasileiros de Salvador e de São Paulo. Desta forma faz-se possível dizer que há muito a se mudar quando se fala em heranças culturais e da raça negra dentro dos museus no nosso país, os mesmos precisam ter voz ativa nesses locais.

NOVOS MUSEUS E SUAS CONCEPÇÕES: A INSERÇÃO DA TECNOLOGIA NOS ESPAÇOS MUSEAIS DA CONTEMPORANEIDADE

Laís Moura Silva Resumo: A tecnologia está presente em diversos meios de comunicação e objetiva trazer diversos benefícios aos seres humanos, especialmente no que tange ao processo de comunicação. Neste artigo, o uso da tecnologia e seus instrumentos e meios, como celulares, computadores, e programas serão estudados como suportes informacionais que atuam como facilita-

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dores no diálogo com o grande público. Assim, os suportes áudios-visuais passaram a ser usados mais frequentemente nas exposições museológicas no Brasil a partir de 2006 com a abertura do Museu da Língua Portuguesa. Localizado no prédio da Estação da Luz, em São Paulo, o museu nasce com a proposta de trabalhar fortemente com o sensorial o que despertou um amplo interesse e fez surgir a massiva procura de visitantes. Com o sucesso desse projeto, em 2008 é inaugurado também na cidade de São Paulo o Museu do Futebol. Instalado no estádio do Pacaembu, o museu também vive a experiência de ter um público constante e numeroso. Esse processo curatorial de uso de tecnologias ainda é encontrado em duas outras instituições: em Sergipe no Museu da Gente Sergipana, primeiro no norte-nordeste, e na cidade do Rio de Janeiro o Museu do Amanhã, na zona portuária. Desta forma, o objetivo desse artigo é analisar, por meio do tempo histórico de abertura e implantação das referidas instituições o que atrai esse alto fluxo interrupto de visitantes e qual o papel da tecno-logia nesse cenário.

O IRREDENTISMO NO NORDESTE DEMONSTRADO NO CHAPÉU DO CANGACEIRO

André Lucas Silva Santos Resumo: A proposta deste trabalho é analisar o movimento cangaceiro como um movimento irredentista que visava manter a todo custo o seu pa-drão de existência e reagir diante do coronelismo vigente no sertão nordes-tino e da concentração de terras. O cangaço é um movimento importante e tipicamente nordestino e um dos principais responsáveis pela identidade regional tendo como principal personagem Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, chefe do bando que não pode ser considerado, nem heróio nem bandido, mas um resistente. O objetivo é destacar o chapéu do cangaceiro como elemento mais referenciado e icônico, impregnado de um simbolis-mo marcado de significados, atitudes e valores religiosos.

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O MUSEU GALDINO BICHO E O REGISTRO DA INFORMAÇÃO: UMA ANÁLISE HISTÓRICA E TÉCNICA DOS INSTRUMENTOS

DOCUMENTAIS NO IHGSETatyane de Oliveira Vieira Santana

Resumo: O Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe – IHGSE tem como intuito salvaguardar a memória do estado, adquirir documentos e artefatos tanto por meio de doações quanto por produção de seus integrantes, bem como promover discussões acerca da cultura. O prédio abriga a Pinacoteca Jordão de Oliveira; biblioteca e hemeroteca com aproximadamente 43.000 volumes de livros e de periódicos e 1.000 exemplares de jornais; o arquivo composto por documentos oriundos das atividades internas e fotografias e o Museu Galdino Bicho que, segundo o primeiro Estatuto interno foi criado no Instituto para organizar os “objetos que tenham pertencido aos homens mais notáveis do Brasil, com especialidade os de Sergipe”. Deste modo, ad-quirindo uma variada tipologia de acervo e sem distinguir claramente qual seria a especialidade desse museu é notável a dificuldade na identificação, classificação e registro dos artefatos. Segundo levantamento inicial já rea-lizado, a ficha de registro, por exemplo, apresenta-se inadequada porque foi construída objetivando tratar da totalidade do acervo do Instituto e isso faz com que haja, entre outras questões, lacunas em branco. Atualmente a ficha possui 32 colunas dispostas em aproximadamente quatro páginas podendo crescer por conta de acréscimos de informação. Entre as colunas podemos citar referências arquivísticas/bibliográficas, diagnóstico, reco-mendação, termo, data, data atribuída que, se por um lado possa atender às necessidades do arquivo e da biblioteca, não contempla às especificidades dos objetos museológicos e assim descumprem a função do instrumento. Objetiva-se discutir qual a melhor forma de tratamento documental do acervo em geral e como podemos melhorar a disposição da informação dis-posta em cada repartição do IHGSE no que tange o controle interno, bem como a disponibilização para pesquisas futuras.

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O PATRIMÔNIO SIMBÓLICO MARGINALIZADO: A ROTA GEOGRÁFICA DO CANGAÇO

Luan Vinícius Carvalho de Almeida

Resumo: O cangaço foi um fenômeno social ocorrido no sertão brasileiro no final do século XIX, tendo grande destaque na década de 30 do século seguinte, devido à atuação de grupos vistos como bandidos por todo o nor-deste. Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, foi o líder que ganhou mais destaque pela resistência, disciplina e organização de seu bando, sendo posteriormente bastante estudado. Esse grupo era constituído de homens e mulheres que estavam insatisfeitos com uma ordem social estabelecida devido às desigualdades e injustiças econômicas da época em que viviam. Após um período de grande empobrecimento geral da população onde disputas de terras entre famílias eram constantes, os cangaceiros ocupa-ram um importante papel de guarda de propriedades rurais o que justifi-ca, entre outras coisas, as lutas armadas no sertão. Sergipe, Alagoas, Bahia, Pernambuco e Ceará são os principais Estados por onde o cangaço, mais especificamente o bando de Lampião, passou e deixou marcas históricas que atualmente são identificadas em museus; locais geográficos de cele-bração, como a Grota de Angicos; fazendas de coiteiros que eram utiliza-das como refúgio, entre outras espaços. Dessa forma, observa-se que em muitos lugares por onde o cangaço passava, havia uma certa preocupa-ção da sociedade em delimitar nessa geografia os registros que os bandos deixavam e que futuramente ganharam atributo de lugares de memória. Pensar esses locais como pontos geográficos memoráveis e quais os sig-nificados atribuídos a eles pode ser um indicativo para construção de uma rota patrimonial do cangaço. Assim, esse artigo objetiva identificar os possíveis locais para construção de um circuito expográfico do canga-ço que englobe os estados nordestinos do país e que discuta esse patri-mônio cultural muitas vezes marginalizado. Acredita-se que o processo de musealização dos locais e das celebrações que ocorrem como a missa dos vaqueiros, por exemplo, poderá fortalecer e valorizar a cultura nordes-tina e sertaneja como mais um importante elemento simbólico do país.

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PAISAGENS ENTRE A CIDADE E O RIO: REFLEXÕES ACERCA DOS INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO NO CASO DO RIO

COTINGUIBA, EM LARANJEIRAS-SELucas Fellipe Oliveira Freire, Mayanna Pinheiro de Souza

Resumo: A cidade de Laranjeiras foi formada em um ponto de união de dois vales, sendo delimitada pelo rio Cotinguiba. Teve seu conjunto arqui-tetônico e paisagístico tombado pelo IPHAN em 1996. Na área protegida, há aproximadamente 500 edificações tombadas pelo valor arquitetônico e histórico atribuído ao conjunto que expressa a força da arquitetura colo-nial, mas também onde praças e ruas alinham-se obedecendo ao traçado fluvial. O presente trabalho pretende refletir acerca dos instrumentos de proteção do patrimônio no caso do rio Cotinguiba, problematizando o pa-pel da profunda relação entre o meio natural e os arranjos socioculturais que viabilizaram o desenvolvimento social e econômico da cidade – uma das principais produtoras de açúcar do País entre os séculos XVIII e XIX. A despeito do fim da pujança econômica, levada a termo pela derrocada da economia colonial, a relação entre cidade e rio são refletidas até hoje na urbe marcada por um intenso comércio de escravos que deixou uma forte influência nas manifestações da cultura popular tradicional. As reflexões serão feitas à luz de dois recentes instrumentos que vêm tentando superar dicotomias conceituais na gestão do patrimônio no tocante à relação en-tre o patrimônio material e imaterial, entre o natural e o cultural, a saber: a Chancela da Paisagem Cultural Brasileira (Brasil, 2009) e a World Heritage Convention (UNESCO, 1992).

POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL: UM OLHAR

DA MUSEOLOGIA E BIBLIOTECONOMIALudmilla Silva de Oliveira

Resumo: Resumo: Tendo em vista as Políticas Públicas no âmbito de mu-seus e bibliotecas, essa comunicação, tem como objetivo apresentar um pa-norama histórico e de evolução dessas políticas no campo da museologia e biblioteconomia Através do método analítico-crítico e de uma pesquisa

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bibliográfica, nossa metodologia parte de diversas fontes de informação, onde podemos observar os desafios é perceber como problemática, como se da a implantação dessas políticas no que tange o nível da cultura e das ar-tes no âmbito da museologia e da biblioteconomia? Pretende-se com essa discursão, abrir o debate sobre a temática, com perspectiva de mobilizar novos atores, que criem uma percepção para a à importância de se discu-tir cientificamente sobre o desenvolvimento das políticas públicas culturais para o desenvolvimento desses espaços culturais.

RESISTÊNCIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA:

UMA ANÁLISE HISTÓRICA DO TERREIRO FILHOS DE OBÁ E SUA ESTRATÉGIA PARA O FORTALECIMENTO SOCIAL

Vanessa Cavalcanti Vargas Leal Resumo: O Terreiro Filhos de Obá tem sua fundação datada por volta de 1909 e ganha destaque como Sociedade de Culto Afro-brasileiro em 1930 com a marcante atuação do Babalorixá Alexandre da Silva que desenvol-ve inúmeras ações sociais frente a comunidade de Laranjeiras/SE. Após seu falecimento, Pai Alexandre deixa a frente da Casa sua filha de santo Maria Cecilia da Silva que conserva o conhecimento tradicional religioso ofertado por ele e dá continuidade às ações desenvolvidas até 1988, ano provável do seu falecimento. Entre as ações comunitárias, destaca-se o financiamen-to de formação de jovens estudantes, a distribuição de cestas básicas para famílias carentes e adoção de crianças portadoras de deficiências que eram abandonados pela família consanguínea. Assim, esse artigo pretende dis-cutir, a partir dos documentos presentes na Casa, como se deu o processo histórico e social que ocorreu no Terreiro entre os anos de 1988 a 1994, visto que durante esses sete anos o Terreiro encerra suas ações na comunidade de Laranjeiras e passa por um período de luto que compromete até o fun-cionamento interno religioso. Entendemos que as iniciativas sociais foram fundamentais para ascensão do Terreiro que tornou-se conhecido em todo o estado de Sergipe como símbolo de resistência e fortalecimento social por meio do candomblé. Problematizar essas questões pode ser uma inte-ressante iniciativa estratégica para que a atual Ialorixá da casa possa desen-

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volver novas ações conjuntas que visem a preservação da memória, iden-tidade e religiosidade restabelecendo todo o funcionamento e prestigio já pertencente a Casa.

UM ESTUDO DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS DA CASA DE CIENCIA E

TECNOLOGIA DE ARACAJU: ESTUDO DE PÚBLICOIolanda da Conceição Santos

Resumo: O presente trabalho trata de um estudo das ações educativas da Casa de Ciência e Tecnologia de Aracaju Galileu Galilei- CCTECA. A pesqui-sa buscou compreender a função educativa da instituição a partir do refe-rencial teórico metodológico que fundamenta os estudos de público nos museus. Essa análise ajudou a compreender como essas ações educativas chegaram ao público e como foram realizadas. Mas não só isso, este estu-do também identificou a importância da Casa de Ciência e Tecnologia de Aracaju não só para a difusão e propagação da ciência e tecnologia, como também para compreender as ações educativas e os respectivos públicos que freqüentam a instituição. Como subsidio para fundamentar esse enten-dimento sobre práticas educativas em espaços de educação não formal to-mou-se como base as idéias de Julia Rocha (2010); Adriana Almeida (2005); Marília Xavier Cury (2015); Alberto Gaspar (1993) e de Marta Marandino (2005) que corroboraram na compreensão sobre as ações educativas não formais, sobre conceitos de avaliação de público e sobre o processo de me-diação comunicação em museus. O presente trabalho foi realizado com o apoio COPES/UFS.

O “SEGREDO NA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES”: IMAGEM DE RESISTÊNCIA NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA

Tereza Candida Alves Diniz Resumo: A pluralidade cultural presente na contemporaneidade histó-rica exigiu a emergência de novas fontes documentais além das tradicio-nais fontes escritas. A xilogravura como fonte visual apresenta-se como

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um objeto dessas possibilidades cujas práticas trazem imbuídos em suas formas e técnicas a chancela de representações simbólicas e culturais des-ses fazer histórico. O presente artigo busca a partir de uma xilogravura do artista Stênio Diniz, natural de Juazeiro do Norte/CE, demonstrar como essas representações são ao mesmo tempo práticas do mundo cotidiano, mas podem conter indícios e sinais de resistências a esse mundo em si.

A FABRICAÇÃO DA CULTURA POPULAR NO CAMPO MUSEAL DE SERGIPE: A MUSEALIZAÇÃO DO TEATRO DE BONECOS EM ARACAJU

Clovis Carvalho Britto, Jean Costa Souza Resumo: O artigo apresentará o projeto de pesquisa cujo objetivo é ana-lisar as estratégias de fabricação e promoção do folclore e da cultura po-pular nordestina (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2013) tendo como foco a ima-ginação museal (CHAGAS, 2005) relacionada ao teatro de bonecos em Sergipe. A partir de diferentes aspectos da musealização dos saberes em torno do Mamulengo de Cheiroso, grupo de teatro de bonecos sergipano atuante desde 1978, problematiza o modo como a arte e a cultura popu-lar são representadas por meio dos processos museológicos na exposição de curta duração ‘Mamulengo de Cheiroso: a magia do teatro de bone-cos’, no Museu da Gente Sergipana, e na exposição de longa duração na ‘Sala de Cultura Popular’, do Centro Cultural de Aracaju. Desse modo, os pressupostos que orientaram a elaboração da proposta dialogam com os apresentados por Suely Kofes (2001) quando projetou fazer da intenção biográfica um exercício etnográfico. Soma-se a esse fato, o reconhecimento de que a memória se pauta em um jogo entre lembranças e esquecimen-tos e, no âmbito individual, na disputa entre o que deve ser lembrado, nar-rado, fabricado. Questões que desembocam em embates de uma política da memória que permeia a constituição das narrativas. O intuito é identi-ficar as estratégias de produção da crença (BOURDIEU, 2002) na arte e na cultura popular, acionadas por meio dos diferentes discursos sobre o tea-tro de bonecos no campo museal de Sergipe manifestos nas expografias.

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ARTEFATOS DE FÉ: O PERCURSO DOLOROSO DE RECONHECIMENTO E RESPEITO DO ACERVO AFRO DO IHGSE

Debora Rejane Viana Sobral Resumo: Este artigo é um recorte de uma pesquisa em andamento sobre o conjunto de peças da cultura afro-brasileira do Instituto Histórico e Geo-gráfico de Sergipe – IHGSE, na qual são realizadas reflexões acerca do tra-tamento da informação em acervos afro dispostos em instituições culturais e museológicas. Sendo o IHGSE uma instituição propulsora na produção e reprodução do conhecimento que permite a (re) construção da memória lo-cal por meio de documentos valorados históricos, nos quais se inclui a cultura material. Neste trabalho são realizadas reflexões acerca da doação e salvaguar-da desses artefatos religiosos, provenientes de apreensões policiais realizadas nas primeiras casas de cultos religiosos de matrizes africanas instauradas na cidade de Aracaju em meados do século XIX. A partir de uma reflexão teórica apoiada na análise qualitativa do conteúdo de documentos é demonstrada um pouco da história e da (re) significação simbólica dos artefatos, bem como o modo como essa (re) significação perpassa por questões culturais e pela influência mútua de universos locais. A análise realizada neste trabalho ob-jetiva contribuir para a quebra dos silêncios e silenciamentos que envolve os artefatos, problematizando o (re) reconhecimento destes como parte de um sistema classificatório que legítima protagonismos sociais.

CAPOEIRA: VALORAÇÃO DO SABER CULTURALAna Karina Rocha de Oliveira, Wesley Nunes Meneses

Resumo: O Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial foi instituído no Brasil a partir do Decreto n° 3.551/2000 e com ele os quatros livros onde são registrados tais bens: o Livro de Registro dos Saberes, o Livro de Regis-to das Celebrações, o Livro de Registro das Formas de Expressão e o Livro de Registro dos Lugares. Mas a preocupação com o patrimônio imaterial pode-se ser observada em momentos que antecedem ao Decreto, como nos pensamentos de Mário de Andrade desde 1920, na criação da Comissão Nacional de Folclore e no seminário Patrimônio Imaterial: estratégias e for-

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mas de proteção realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1997. Na Europa a UNESCO foi o órgão responsável por organizar encontros para discussão deste tema e, num dos encontros promovidos, a Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imate-rial, foi apresentado o desejo de organizar uma lista contendo o patrimônio cultural imaterial da humanidade. O Brasil possui seis bens culturais regis-trados como patrimônio cultural imaterial da humanidade, sendo um deles a Roda de Capoeira, um dos pontos deste artigo. A Roda de Capoeira junto com o Ofício dos Mestres de Capoeira foram registrados e reconhecidos pelo IPHAN como patrimônio imaterial brasileiro no dia 21 de outubro de 2008. A Capoeira que tem sua criação dividida em três diferentes origens (africana, brasileira e indígena) desenvolveu-se principalmente em centros urbanos e cidades portuárias a partir do final do século XVIII, foi criminalizada tanto na regência de D. João VI quanto no governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca. A sua descriminalização só veio ocorrer após os pensamentos nacionalistas da belle époque, na década de 20, e com a política naciona-lista do Estado Novo da Era Vargas em meados de 1930. Mesmo estando presente em todo território nacional existem três cidades - Rio de Janeiro, Salvador e Recife - que são referências no que se diz respeito à capoeira. Po-rém, foi em Salvador que surgiram as duas principais escolas de capoeira do Brasil: a capoeira Regional de Mestre Bimba e a capoeira Angola de Mestre Pastinha. Graças a essas duas escolas e esses dois mestres, que a capoeira foi reconhecida e espalhada pelo território nacional. A visão exclusivamente esportista e turística da capoeira, em meados de 1960 e 1970, junto com a popularização da prática fez com o Conselho Federal de Educação Física criasse em seu estatuto normas que vinculasse a exclusividade do ensino da capoeira em escolas, academias e universidades a profissionais graduados na área de educação física, constituindo assim o problema a ser discutido neste artigo. Objetiva-se problematizar se há ou não uma desvalorização do saber cultural dos Mestres de Capoeira em valoração do saber letrado e acadêmico.

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EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS PARA AS “SENHORAS E SENHORITAS” DA SOCIEDADE BAIANA: O DISCURSO PERFORMATIVO DO

INSTITUTO FEMININO DA BAHIA (1920 A 1968)Suely Moraes Ceravolo

Resumo: Tendo em vista o estudo mais amplo sobre a constituição do pa-trimônio cultural em retrospectiva, analisa-se o caso das exposições tempo-rárias promulgadas de 1920 a 1968, pelo Instituto Feminino da Bahia (IFB), escola particular para mulheres na cidade do Salvador. O aporte teórico para a aproximação com as fontes priorizadas (noticias publicadas na mídia impressa e opúsculos), centra-se na observação do discurso performativo que tanto descreve como prescreve segundo Pierre Bourdieu (2013). Com essa base se destaca as diferentes finalidades das mostras temporárias para reproduzir modelos de percepção com vistas a manter a estrutura das rela-ções de classe. Conclui-se que, sem abrir mão de princípios caros ao IFB, as exposições de curta duração ainda que com finalidades diferentes, visavam principalmente reforçar a dimensão feminina das mulheres da elite baiana tendo como modelo a mulher de um fausto passado.

MALÊS ÀS MARGENS DO SÃO FRANCISCO: O SILENCIAMENTO DOS ESCRAVOS ISLAMIZADOS NOS MUSEUS DA CIDADE DE

PENEDO, ALAGOAS.Isabela Maria Pereira Barbosa

Resumo: A partir do conhecimento sobre a presente participação dos afri-canos islamizados na cidade de Penedo, interior do Estado de Alagoas, no período do Levante, e por possuírem vastos conhecimentos intelectuais, serem alfabetizados e dominarem mais de um idioma, é claro o fato de que houve uma contribuição cultural, social e econômica deles no processo de construção histórica do lugar. Com isso é que surge uma curiosidade em observar as diversas formas de representação da história local a partir da observação das práticas museais nos museus de longa duração da cidade. Partindo da premissa de que os museus são os locais de exposição de uma cultura elitista relacionada ao poder dominante, a análise da representação

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dos malês se faz na observação dos três museus existentes na cidade de Pene-do. O estudo consiste em analisar se existe um silenciamento desses escravos islamizados na história da cidade por parte das representações dos artefatos dos museus de longa duração, de acordo com uma concepção de patrimônio e de representação museal voltada aos diálogos com as questões de raça, cultura e identidade, no sentido de entender como ocorre o silenciamento dessas figu-ras na construção histórica e de memória no Estado de Alagoas.

A INTOLERÂNCIA NA LETRA DA LEI. OS CRISTÃOS

NOVOS SOB A ÉGIDE DA INQUISIÇÃOReinaldo Peixoto de Melo Filho

Resumo: Essa pesquisa tem por objetivo abordar a questão da identidade cultural através das práticas de intolerância amparada pelo ordenamento legal vigente durante o recorte temporal em que vigorou a ação do Santo Ofício no Brasil, que desencadeou uma contumaz perseguição a determi-nados grupos, dentre eles os judeus da inquisição, que ficaram conhecidos como cristãos novos, ocasionando danos consideráveis em sua cultura, vis-to que, em determinados grupos, a política de terror implantada pela inqui-sição era efetivada nas perseguições, torturas e julgamentos sigilosos e sem a devida ampla defesa, proporcionando uma constituição de uma identi-dade em detrimento de outra, visto que houve uma diluição de costumes e crenças em prol da crença do poder constituído, o que acabou por influir diretamente na cultura do grupo perseguido, sobretudo os cristãos novos, até que restassem apenas alguns resquícios desses costumes e hábitos que poucos praticantes ainda mantinham e, quando mantinham, era na maioria das vezes, por herança da tradição familiar, sem maiores considerações do que aquelas práticas cotidianas significavam para o praticante desavisado. Como que envolvidas em um âmbar que resistiu aos séculos, preservados nos costumes de grupos descendentes dos marranos da inquisição, as prá-ticas semiconscientes dessa cultura ainda sobrevivem na atualidade, alber-gada na alimentação, nos atos cotidianos e em ações supostamente supers-ticiosas, mas que guardariam amparo na própria religião judaica.

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MAR, GUERRA E MONUMENTO SOB UM OLHAR ARQUEOLÓGICORoberta da Silva Rosa

Resumo: O presente trabalho tem a finalidade de discutir, de maneira crí-tica, alguns aspectos do contexto social vivenciado em Sergipe durante o período da Segunda Guerra Mundial, por meio de análises e interpre-tação de parte da cultura material da época, como por exemplo, os dois Cemitérios dos Náufragos enquanto Monumento Histórico Estadual, na prática, e os sítios arqueológicos de naufrágios enquanto Patrimônio Ar-queológico Subaquático, na teoria. Para alcançarmos tal objetivo, utiliza-mos como aporte teórico-metodológico, as abordagens da Arqueologia de Ambientes Aquáticos e da Arqueologia Histórica, através das quais in-vestigamos alguns eventos trágico-navais ocorridos com as embarcações mercantes brasileiras - Baependy, Araraquara e Aníbal Benévolo -, que fo-ram torpedeadas e consequentemente afundadas pelo submarino alemão U-507, em agosto de 1942, entre a costa litorânea de Sergipe e da Bahia, fato este que provocou a morte de mais de 500 pessoas entre civis e mi-litares, sendo este acontecimento considerado um dos motivos maiores que levou o governo brasileiro a declarar guerra contra os países do Eixo.

MEMÓRIA, PATRIMÔNIO E LITERATURA FANTÁSTICA:EM BUSCA DE DIÁLOGOS

Michel Platini Fernandes da Silva Resumo: A Literatura Fantástica e seus subgêneros podem ser uma rica fonte de inspiração para refletir sobre nossas relações com a memória so-cial e o patrimônio cultural por intermédio dos museus. Muitos autores da literatura fantástica, em especial do gênero ficção científica, se voltam à problemática da memória como ponto central de suas reflexões sobre as relações entre as sociedades humanas e as dimensões de tempo e espaço. Exemplo disso são inúmeros contos, romances, filmes e exposições muse-ológicas dedicados a desastres ambientais (provocados ou não pela ação humana), viagens no tempo, ucronias, predição de aparatos tecnológicos, personagens fantásticos etc., que se manifestam especialmente em torno

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da problemática da memória social. Desta forma, a Memória é entendida como um ato de imaginação, de criação, uma construção mobilizada sem-pre a partir do presente. Discutiremos em que medida a literatura fantás-tica reflete uma demanda por uma melhor relação da sociedade com sua memória; se, a partir da literatura fantástica, é possível promover e pro-por novas relações com o patrimônio cultural; buscar-se-á assim enten-der essas relações como fruto de nossas construções sócio-históricas, em busca de promover outros diálogos possíveis com o patrimônio cultural.

PARA ‘BEM REPRESENTAR A BAHIA’ NAS EXPOSIÇÕES DA PRIMEIRA REPÚBLICA (1908 E 1922): INVESTIMENTO MATERIAL E

ACERVOS NO DISCURSO PARA OS CERTAMES NACIONAISCinthia da Silva Cunha

Resumo: As Exposições ditas Universais ou Internacionais concorreram para elaborar novas formas cênicas de apresentar e propagar o ideal da ci-vilização burguesa desde a metade do século XIX. O Brasil teve forte par-ticipação nestes eventos no exterior ou no país nas primeiras décadas do século XX. Em 1908 e 1922, nesse ultimo ano uma exposição internacio-nal, foram realizadas no Rio de Janeiro. A exposição realizada em 1923 na cidade do Salvador teve caráter também político em prol de um discurso identitário regional. O estado da Bahia e a cidade do Salvador deram sua colaboração na celebração para estes eventos com investimentos mate-riais, equipes executoras de perfil diversificado e acervos variados. O ob-jetivo da presente reflexão é apresentar e discutir os esforços baianos na organização de exposições preparatórias, organizadas para a seleção de produtos e amostras que representariam o estado na capital da Repúbli-ca nos anos de 1908 e 1922, e comentar aspectos da exposição de 1923 que formou um acervo regional, escolhido pelas comissões organizado-ras estaduais fornecendo subsídios para analisar elementos de uma sín-tese da cultura baiana a ser legitimada através dessas formas expositivas.

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UM MUSEU SOB OS NOSSOS PÉS-PROGRAMA EDUCATIVO DO MUSEU DE HISTÓRIA DE BARCELONA

Jezulino Lúcio Mendes Braga Resumo: Nessa comunicação analiso os impressos usados no progra-ma educativo desse museu e relaciona as suas potencialidades na re-lação com a cidade. O Museu de História de Barcelona tem como mis-são conservar, estudar, divulgar e expor o patrimônio histórico da cidade de Barcelona. A exposição do MUHBA não está limitada ao edifí-cio sede, agrupando vários centros patrimoniais dos bairros e distritos. Em sua relação com as escolas o MUHBA definiu para os anos de 2013 a 2014 o programa Interrogar Barcelona, que tem como objetivo principal refletir sobre a história da cidade por meio de temas relevantes como transportes, alimenta-ção, arquitetura, religião, conflitos, atividades econômicas entre outros temas. Em Barcelona na década de 90 aconteceu o Primeiro Congresso Inter-nacional que subscreveu a Carta das Cidades Educadoras, que preco-niza uma cidade em que se concede prioridade a formação educacio-nal e cultural da população. A partir desse princípio buscam-se meios para atingir esses objetivos, até mesmo na colaboração entre os cen-tros de educação, os espaços formativos como bibliotecas e museus. De acordo com Dominguez (1999) o museu é: (...) uma institución capaz de generar cultura, propiciar el conocimiento de uma buena parte de nuestro legado patrimonial y convertirse em um espacio educativo en el que se des-dibujan las fronteras de la edad, al acoger em sus instalaciones a todo tipo de público; que cifra en la comunicación y en la inteligibilidade del discurso uno de sus objetivos prioritarios y que acrescienta el valor de sus colecciones por la acesibilidad, uso y disfrute de sus visitantes. (DOMIGUEZ, 1999, p 117) Os museus são instituições potencialmente capazes de estabelecer par-cerias com a comunidade em projetos de preservação e difusão do patri-mônio, atividades culturais diversas e discussão sobre direito à cidade. O Museu de Historia de Barcelona além da sede na Praça do Rei têm espaços patrimoniais como o Templo de Augusto, a Via Sepucral Romana, o Monas-tério de Pedralbes e outros espaços. Integra vários nichos patrimoniais pela cidade com o objetivo de proporcionar a apropriação do espaço urbano e difundir o patrimônio. Para Joan Roca, diretor do MUHBA, a cidade sempre

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Histórias e Patrimônios

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educa, mas é necessário potencializar esse papel educador por meio de par-cerias entre instituições culturais e escolas. Para Roca é preciso aprender a ler a cidade, as ruas, edifícios e sua vida pulsante. Conhecer a cidade é fundamen-tal para uma participação cidadã ativa, tomar conhecimento das decisões importantes, analisar as situações e influenciar na tomada dessas decisões.

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009. O uso de arquivos pessoais e fundos da administração pública na construção do conhecimento histórico.

Coordenação: Lorena de Oliveira Souza Campello

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 26/10

AMERICANISMO E AÇÃO INTELECTUAL NA BAHIA: O PROJETO COLÚMBIA UNIVERSITY

Larissa Penelu Bitencourt Pacheco

Resumo: Este texto é parte da organização do material de nosso projeto de doutoramento na Universidade Federal da Bahia, sobre a atuação de Rollie Edward Poppino, interprete estadunidense do Brasil, junto a agências de Es-tado (entendidas nos aparelhos institucionais, de governo, como na ação in-telectual). Na pesquisa do doutorado, propomos compreender o modo como a atuação da pesquisa em História, de 1945-1964, foi associada aos projetos hegemônicos de observação da realidade brasileira, fundamentando propo-sições sobre o funcionamento da democracia e reverberação de posiciona-mentos liberais e anticomunistas nas leituras sobre o Brasil do período. Nesta comunicação, objetivamos discutir o Programa de Pesquisas Sociais Estado da Bahia – Colúmbia University (1949-1952) – programa no qual o autor fez doutoramento no Brasil, no conjunto de ações do campo intelectual e na mobilização de agências de Estado para a expansão americanista no pós--Guerra. O debate com a literatura do tema é feito pela via da interpretação de Antônio Gramsci sobre o Estado Ampliado e a disputa de hegemonia. Para Gramsci, cumprem as agências de saber e de ciência uma importante função de elaboração de concepções civilizatórias baseadas no modo de vida “ame-ricano” para as áreas sobre as quais o imperialismo almejava sua expansão. Retomamos, no texto, discussões acerca do papel que tiveram personagens e instituições como Otávio Mangabeira, Anísio Teixeira, Thales de Azevedo na aproximação da pesquisa sobre a realidade social da Bahia com pontos de vista norte-americanos de democracia e desenvolvimento. Através de re-leitura de discussões sobre o americanismo na Bahia, inserimos novos ques-

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tionamentos sobre o papel que as redes de contatos e circuitos acadêmicos tiveram na construção de mecanismos para o exercício da produção de ex-plicações sobre a realidade de “comunidades” no Estado. Concluímos que o projeto, juntamente com a Fundação para o Desenvolvimento da Ciência na Bahia (1950) e fundações privadas, aliaram interesses locais que evocavam a “fala” estadunidense sobre a democracia com motivações acadêmicas e polí-ticas imperialistas estadunidenses para a região estudada. Utilizamos nesta comunicação documentos do Centro de Memória da Bahia, referentes ao governo de Otávio Mangabeira (1949-1951), suas correspondências no Mi-nistério das Relações Exteriores (1927-1930), algumas correspondências de Anísio Teixeira durante suas primeiras viagens aos Estados Unidos, mate-riais recolhidos junto ao Museu Pedagógico Padre Palmeira da Universida-de do Estado da Bahia, referente ao conjunto de “estudos de comunidades”, notas sobre arquivos pessoais de pesquisadores que participaram do Projeto e outros, juntamente à bibliografia que já se acumula sobre o assunto.

AS CARTAS PATENTES COMO FONTE HISTÓRICA: PERSPECTIVA DE ESTUDO SOBRE MOBILIDADE SOCIAL DE

PRETOS E PARDOS LIVRES E LIBERTOS NA SOCIEDADE ESCRAVISTA BAIANA DO FINAL DO SÉCULO XVIII

Celio de Souza Mota Resumo: A História Social, desde o advento da Escola dos Annales tem apre-sentado novos temas, problemas e aberto o leque de fontes para constru-ção do conhecimento histórico. Processos criminais, registros da polícia em busca de sujeitos das classes subalternas, uma vez que, permite perceber o seu cotidiano, as relações de classe e suas expectativas. Embora seja um do-cumento oficial, esta fonte permite perceber as vozes tanto da elite letrada e jurisconsultos, quanto das classes subalternas, social e politicamente. Na his-toriografia da escravidão novos documentos têm contribuído para elucidar questões até então ocultas. Testamentos, diários, cartas, jornais, inventários e cartas de alforrias, entre outros, são documentos privilegiados para dar conta dessa tarefa. No Brasil, essas fontes vêm sendo bastante exploradas pelos his-toriadores da escravidão desde a década de 80, na perspectiva de que trazem

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à baila escravos e libertos como agentes históricos em suas múltiplas facetas. Contudo, outras fontes de pesquisas como cartas patentes, requerimento de cartas patentes e confirmação de cartas patentes, não obstante, se robuste-çam de riqueza para captar os interesses e falas de homens de cor livres e libertos na sociedade escravista baiana do final do século XVIII, ainda são ti-midamente exploradas. As cartas patentes, requerimento de cartas patentes e confirmação de cartas patentes informam dados como corporação militar, nome, posição hierárquica, localidade e às vezes a cor do indivíduo. Essas ain-da contêm uma série de petições de homens de cor à Coroa e a respectiva resposta, em alguns casos, que permitem a análise das complexas relações entre as classes subalternas, a Coroa e seus funcionários reais. Denotando os interesses, conflitos e negociações entre os vassalos, pretos e pardos, e à Coroa em torno de seus interesses. Essa documentação é encontrada tanto no acervo concernente aos militares no APEB, quanto nos disponibilizados pelo Projeto Resgate Barão do Rio Branco, nos quais constam os documentos do Arquivo Histórico Ultramarino, especialmente os denominados Avulsos Bahia, Luíza da Fonseca e Eduardo de Castro e Almeida. Assim, a presente comunicação tem o escopo de debater como esses documentos contribuem parar elucidar as possibilidades de mobilidade social de pretos e pardos, livres e libertos, na Bahia do final do século XVIII.

O PODER LEGISLATIVO CONSTITUINTE MONÁRQUICO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO BRASIL: O CASO DE

LUIS PAULINO DE OLIVEIRA PINTO DA FRANÇA (1823)Antonio Cleber da Conceição Lemos

Resumo: No segundo semestre de 1823, o governo português, após seu processo constitucionalista, comunicou o envio de uma missão diplomática ao Brasil para ser recebida por D. Pedro I. Dentre os representantes do Es-tado português estava um baiano, Luis Paulino de Oliveira Pinto da França. Este havia sido representante da província da Bahia nas Cortes Gerais de Lisboa (1821-1822), era um defensor da união entre a província e Portugal. Em meio às contendas entre deputados do Brasil e de Portugal, Luis Paulino optou ficar na antiga metrópole e continuar fiel ao movimento constitu-

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cionalista, diferentemente de seus conterrâneos Cipriano José Barata de Al-meida, Francisco Agostinho Gomes e José Lino Coutinho que optaram por deixar as Cortes e assinar um manifesto em conjunto com Antônio Manuel da Silva Bueno e Diogo Antônio Feijó, que eram deputados pela província de São Paulo; manifesto este que justificava o rompimento com as Cortes e os desentendimentos com os deputados portugueses. A notícia de que este ex-deputado constituinte estaria na missão causou uma interessante discussão na Assembleia Geral Constituinte do Rio de Janeiro, pois, prin-cipalmente os deputados representantes da Bahia, dentre eles, pessoas que militaram na Guerra de Independência da Bahia – como Francisco Gé Acayaba de Montezuma – não aceitavam a presença de Luis Paulino na mis-são e exigiam que a Assembleia também fosse consultada sobre o interes-se de Portugal em negociar o reconhecimento da Independência do Brasil. Dessa forma, foi levantada naquele momento toda uma discussão sobre quais deveriam ser as atribuições do poder legislativo nas relações inter-nacionais, e nisto reside o objetivo da discussão do meu trabalho, analisar como, a partir deste caso, a Assembleia Geral Constituinte do Rio de Janeiro tentou definir prerrogativas e atribuições do poder legislativo para as rela-ções internacionais do Brasil monárquico no momento de fundação do seu Estado Nacional.

TENSÕES DISCIPLINARES: A SOCIEDADE BRASILEIRA DE FOLCLORE E A CIENTIFICIDADE DO POPULAR

Francisco Firmino Sales Neto Resumo: Esta reflexão decorre do projeto de pesquisa “Folclore em mo-vimento: a Sociedade Brasileira de Folclore e o processo de institucionali-zação dos estudos folclóricos no Brasil (1941-1963)”, no qual investigamos a trajetória, a atuação e a produção intelectual da Sociedade Brasileira de Folclore: instituição organizada pelo escritor Luís da Câmara Cascudo, na cidade do Natal, estado do Rio Grande do Norte, entre 1941 e 1963. Na primeira metade do século XX, ocorria no Brasil e no mundo um intenso debate intelectual que buscava delimitar contornos disciplinares para as ci-ências sociais, em um debate que envolvia a antropologia e o folclore. Em

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particular, os folcloristas procuravam delimitar as especificidades do saber que desenvolviam estabelecendo definições teóricas e perspectivas me-todológicas centradas na categoria do popular. Atenta a esse cenário in-telectual de conformação de campos disciplinares, a Sociedade Brasileira de Folclore publicou uma série de documentos institucionais definindo os estudos folclóricos que desenvolvia enquanto uma ciência popular. Dessa forma, buscamos refletir aqui sobre as elaborações teórico-metodológicas desenvolvidas pela Sociedade Brasileira de Folclore no seu intuito de es-tabelecer o folclore enquanto um campo disciplinar específico, propondo uma cientifização do popular.

NOTAS PARA UMA HISTÓRIA DO TRABALHO OPERÁRIO EM JABOATÃO DOS GUARARAPES: O CASO DA WILLYS.

Suzane Batista de Araújo Resumo: A necessidade de preservação e conservação de 63.386 proces-sos nas dependências do Tribunal Regional do Trabalho fez com que tra-balhistas existentes no Arquivo do Projeto Memória e História da 6ª Região surgisse uma parceria entre a Universidade Federal de Pernambuco e o próprio TRT que levou a criação do Projeto Memória e História onde foram realizadas a higienização, digitalização e catalogação com a finalidade de alimentar o banco de dados desses documentos. A importância desse tra-balho reside na riqueza de informações que podem servir como fontes para a história do trabalho em Pernambuco. Em meio a processos homologados, procedentes, e arquivados, podemos acompanhar a narrativa de atores so-ciais envolvidos e partir daí, puxar os fios, conectando-os ao contexto so-cial, político e econômico desse período. Nesse sentido, pretendemos nos debruçar sobre a contribuição da documentação dos processos trabalhista operários da Fábrica da Willys para a formação de uma nova classe operária em Jaboatão na década de 1960.

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O ARQUIVAMENTO DAS FONTES DIGITAIS E AS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013 EM ALAGOAS

Sara Angélica Bezerra Gomes Resumo: Os comentários, imagens, textos, músicas, entre outras infor-mações postadas nas redes sociais e principalmente no facebook sobre as manifestações de junho de 2013 ocorridas no estado de Alagoas, con-figuram-se como importantes fontes para o estudo deste fenômeno. O uso da fonte digital na pesquisa histórica, entretanto, ainda é percebido com um desafio para os historiadores, pois, além do arquivamento desse tipo de fonte ocorrer de diferentes formas, a referenciação da mesma em trabalhos científicos não segue um único padrão. E, além disso, a orga-nização das fontes digitais muitas vezes está submetida a um arquivo pessoal do historiador e inviável a consulta pública. Nesse sentido, o ob-jetivo deste trabalho é discuti como as informações postadas nas redes sociais, e, sobretudo, no facebook sobre as manifestações de junho de 2013 em Alagoas podem ser arquivadas e disponibilizadas para consulta e para futuras pesquisas.

REGISTROS IMAGÉTICOS NA ESCRITA

DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃORísia Rodrigues Silva Monteiro

Resumo: Este artigo aborda o uso de fotografias, vídeos e outras fontes imagéticas em pesquisa no campo da História da Educação. Apresenta par-te dos procedimentos metodológicos de uma pesquisa que investigou as práticas educativas postas em circulação nos primeiros programas infantis apresentados por Nazaré Carvalho nas TVs sergipanas na década de 1970. Sabendo-se que a educação se dá em outros níveis que não apenas o es-colar, o estudo buscou conhecer e analisar os programas Clube Júnior (TV Sergipe) e Nosso Mundo Infantil (TV Atalaia), e entender a contribuição da apresentadora enquanto educadora não formal. Este artigo trata da cons-trução metodológica da pesquisa empreendida, e objetiva demonstrar a re-levância que os arquivos pessoais, fotografias e vídeos, quando devidamen-

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te interrogados e analisados, assumem em uma pesquisa. Neste estudo, os arquivos fotográficos e documentais da comunicadora e de ex-participan-tes dos programas infantis tiveram papel relevante. História, memória, do-cumento e representações são categorias utilizadas no estudo, que toma como principais referenciais teóricos Le Goff, Kossoy, Chartier, Burke, Bosi, Pollak e Halbwachs.

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010. Por um ensino

de história plural

010. Por um ensino de história plural: refl exões sobre o saber histórico escolar e o acadêmico

Coordenação: Analice Aves Marinho Santos, Kleber Luiz Gavião Machado de Souza

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 25/10

A CONTAÇÃO NO ENSINO DE HISTÓRIA: A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS COMO MEIO PARA A APROPRIAÇÃO DO SABER

HISTÓRICO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTALMartha Ângela Gouveia dos Santos

Resumo: O ensino de história representa um vasto campo dentro de uma escola nos anos iniciais, pois, entre tantas potencialidades, desenvolve a lin-guagem, auxilia na criação de bons textos, cria possibilidades pedagógicas criativas e estimulantes para concentração do aluno. Nesse sentido, o ob-jetivo deste artigo é propor a contação de histórias como método para o ensino de conteúdos de história para crianças. Aproximar o saber histórico acadêmico do saber histórico escolar não é tarefa fácil, principalmente para as crianças, mas se compreendermos que toda história pode ser contada de forma criativa e refl exiva, proporcionando na oralidade riqueza extra-ordinária no sentido de organizar o discurso para aproximar o conteúdo da realidade da criança, podemos estar no caminho dessa aproximação. Metodologicamente, este artigo se baseia em experiências de sala de aula com crianças dos anos iniciais do ensino fundamental. Como resultado, pretendemos demonstrar que a arte do contar e recontar história amplia o universo literário, desperta o interesse pela leitura e estimula a imaginação através da construção de imagens interiores conduzindo à refl exão sobre o conteúdo histórico, à melhora na forma de compreender e até criar seus próprios textos.

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DIÁLOGOS EM MOVIMENTO: CULTURA ESCRITA E O ENSINO DE HISTÓRIA.

Izabel dos Santos, Lourença Joyce Menezes Barbosa

Resumo: A proposta central deste trabalho visa percorrer de forma estreita as relações entre experiência docente, e as experiências de discentes de uma escola pública em Delmiro Gouveia, a respeito do ensino de História e suas (re)construções, entendendo os mesmos como sujeitos históricos e sociais. Para tal propensão as notórias perspectivas serão oriundas na tomada das próprias experiências, enquanto futuras docentes de História, entendendo o Estágio Supervisionado (Observação e Regência) como porta de entrada para tais mediações. No que diz respeito ao fi o condutor destes pressupos-tos, nossas perspectivas perpassam pela problematização da construção do saber histórico dentro da sala de aula, as fontes escritas, serão aqui utiliza-das como norteadoras de um conhecimento histórico capaz de construir e abarcar os novos contextos da realidade dos mesmos, do ensino de História, e de suas múltiplas confi gurações enquanto disciplina escolar, e acadêmica.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO ENSINO DE HISTÓRIA: APROXIMAÇÕES ENTRE O SABER HISTÓRICO

ACADÊMICO, ESCOLAR E LOCALElissandra Silva Santos, Kátia Cilene Rocha de Araújo

Resumo: Este artigo tem a intenção de apresentar a educação patrimonial como prática pedagógica pertinente para a o ensino de História nos anos iniciais do ensino fundamental com o objetivo de relacionar o saber histó-rico acadêmico ao saber histórico escolar. Nossa proposta visa usar a edu-cação patrimonial como meio para trabalhar conteúdos de história usando a cidade, as praças, os casarios, enfi m, o patrimônio cultural e ambiental do local onde a criança mora para aproximar o conteúdo trazido nos livros didáticos. O ensino de História valoriza o saber histórico acadêmico esque-cendo que esse saber deve ser trabalhado de modo a construir signifi cado para os alunos. Metodologicamente, esse artigo é um texto de base teórica através do qual refl etiremos sobre o conceito de Educação Patrimonial e do-

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cumental por relacionar essa educação para o patrimônio com os Parâme-tros Curriculares Nacional. Como resultado, pretendemos propor um ensino de história que aproxime o regional, nacional e até internacional dos conte-údos que estão nos livros didáticos com a realidade sociocultural da criança.

O HAGAQUÊ NO ENSINO DE HISTÓRIA:

POR UMA HISTÓRIA CONTADA PELOS ALUNOSValéria Fernandes Oliveira Santos

Resumo: O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância do uso de tecnologias digitais no ensino de História nos anos inicias do ensino funda-mental, tendo em vista dar ênfase às novas metodologias que facilitem de forma significativa a mediação de ensino e aprendizagem buscando tornar acessível o saber histórico no âmbito escolar. Nessa perspectiva, propomos o software HagáQuê como um recurso tecnológico facilitador, em razão de oferecer ferramentas que potencializam a construção e interpretação de textos e imagens. A partir desse software, o estudante poderá construir nar-rativas a partir de imagens e conteúdos tornando-se não somente ouvinte, mas contador de histórias. Metodologicamente, esse artigo é fruto de uma pesquisa do tipo exploratória através da qual exploramos as ferramentas do software HagáQuê com o intuito de propor práticas pedagógicas para o ensino de História. Como resultado, podemos afirmar que as interfaces suscitam a construção de histórias de forma ilustrada e lúdica possibilitando uma aproximação do aluno com os conteúdos históricos.

APONTAMENTOS SOBRE A BASE NACIONAL CURRICULARCOMUM (BNCC): INCOMPREENSÕES SOBRE CURRÍCULO,

IDEOLOGIA E ENSINO DE HISTÓRIAKleber Luiz Gavião Machado de Souza

Resumo: Desde os anos de 1960, no contexto da agitação cultural e ins-titucional que marcou a crítica aos sistemas de ensino em vários países, a questão dos conteúdos escolares (sua natureza, utilidade, interesse e valor

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intrínseco) nunca deixou de ser uma temática cara aos vários atores que dis-putam os sentidos para a formação de crianças e jovens. No Brasil, estamos mais uma vez em um momento crítico de reconfiguração dos currículos no Brasil e do significado dos conteúdos escolares através das discussões que envolvem a definição de uma Base Nacional Curricular Comum (BNCC) para a Educação Básica. Este breve ensaio busca refletir sobre alguns aspectos que envolveram a construção da BNCC para a disciplina História e os argu-mentos contrários à sua efetivação através da análise das posições de três personagens da intelectualidade brasileira que opinaram sobre a questão: o filósofo e ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro e os historiadores Ronaldo Vainfas e Mary del Priore.

FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES: UM DEBATE SOBRE A QUALIDADE EDUCACIONAL

Edson Santos Ferreira da Silva Resumo: As discussões sobre a qualidade da educação perpassam por várias questões: a desvalorização do salário dos professores, a super-lotação das salas de aula, falta de maiores investimentos no sistema educacional, as dificuldades para a formação continuada dos docen-tes, assim como, a formação de novos educadores. No que tange a for-mação de novos professores, tema bastante discutido, vale salien-tar a discussão acerca da formação dos formadores, assunto pouco debatido, mas que merece atenção. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo discutir a questão e como ela auxilia na garantia da qualidade dos cursos de formação de professores e, consequentemen-te, da prática desses novos profissionais da educação em sala de aula.

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES: O CASO DA DISCIPLINA FUNDAMENTOS DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE

HISTÓRIA A DISTÂNCIA (CESAD/UFS)Sayonara Rodrigues do Nascimento Santana

Resumo: O presente artigo tem por objetivo discutir aspectos da forma-ção de professores, sob o olhar da disciplina Fundamentos de Estágio Su-pervisionado, do curso de História a distância, da Universidade Federal de Sergipe – CESAD/UFS. Para tanto, partimos de uma historicização sobre a formação de professores no Brasil, notadamente de História e, neste con-texto, inserimos a realidade do curso de História a distância do CESAD/UFS. Partindo desse pressuposto, utilizamos como base para a nossa discussão, literatura que versa sobre a formação de professores, com ênfase para Tar-dif (2008) e Pimenta (2002), e sobre o ensino de História, Bittencourt (2008; 2010) e Fonseca (2006). Nessa perspectiva, apresentamos alguns aponta-mentos acerca da experiência vivenciada com a prática da referida disci-plina, considerando-a como suporte significativo para o Estágio Supervi-sionado, fornecendo base teórico-metodológica para a prática docente.

REPRESENTAÇÕES SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA NABIBLIOGRAFIA HISTÓRICA DE FIDELINO FIGUEIREDO (1910-1920)

Taysa Kawanny Ferreira Santos Resumo: Esta comunicação informa sobre as potencialidades heurísticas de repertórios bibliográficos para o estudo da história do ensino de histó-ria em Portugal. Como parte do projeto “Teorias da história e didáticas da história em perspectiva comparada – 1880/1920” (desenvolvido por alunos do Departamento de História da Universidade de Brasília e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe), descre-vemos as representações que o historiador e bibliógrafo Fidelino Figueire-do construiu sobre o ensino de história no período 1910-1920, tempo que marca a publicação da principal fonte desse trabalho: as três edições de O espírito histórico – introdução à biblioteca (noções preliminares) seguida duma bibliografia portuguesa de teoria e ensino de história. Na investiga-

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ção, empregamos estratégias da “análise de conteúdo” para caracterizar a natureza da documentação inventariada pelo referido historiador e avaliar a contribuição desse material ao conhecimento das relações entre os então designados métodos “científicos” da história e os métodos de ensino de his-tória, no período contemplado pelo projeto.

DIDÁTICA DA HISTÓRIA PARA A ESCOLARIZAÇÃO BÁSICA NO SÉCULO XIX: CONCEPÇÕES DO HISTORIADOR IGNACIO RAMÓN MIRÓ Y MANENT SOBRE A HISTÓRIA E O ENSINO DE HISTÓRIA.

Analice Aves Marinho Santos Resumo: Neste artigo, analisamos o verbete Historia escrito pelo historiador espanhol Ignacio Ramón Miró y Manent (1821-1892) presente no Diccio-nario de Educacción y Métodos de Enseñanza (1855) editado por Mariano Carderera (1816-1893). Através da análise de conteúdos de Laurence Bar-din, respondemos aos seguintes questionamentos: o que é história? Como se caracteriza o ensino de história? Os resultados encontrados indicam que Ignacio Miró apresenta duas variantes da História: a do ensino escolar e a produzida pelos historiadores. Em um tom de crítica, Ignacio Miró anali-sa a educação escolar espanhola e defende uma didática da história para formar o homem completo: moral, inteligente, religioso, físico e sociável. Nessa proposta, Ignacio Miró informa que à partir da adoção de um méto-do para se ensinar história nas escolas primárias e secundárias, a disciplina não mais seria marcada pelo excesso de informações desconexas, mas sim, pela eleição dos fatos e acontecimentos mais notáveis, reconhecimento do encadeamento entre eles e compreensão das suas causas e consequências, ocorrendo assim, a reaproximação entre o ensino escolar e as discussões dos historiadores e o melhor proveito do ensino de história para a sedimen-tação da nacionalidade espanhola.

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Étnico-Raciais: Memória, História e Educação

011. Relações Étnico-Raciais: Memória, História e Educação

Coordenação: Valéria Maria Santana Oliveira, Mirianne Santos de Almeida

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 25/10

O JORNAL A SEMANA: IMPLICAÇÕES DECORRENTE DA LUTA ANTICOMUNISTA NO MUNICÍPIO DE SIMÃO DIAS (1946-47)

Priscila Neves dos Santos

Resumo: O referido projeto de pesquisa tem como propósito fazer uma prévia analise através dos periódicos (O jornal A Semana), fazendo, pois, o resgate da conjuntura política da cidade de Simão Dias- SE, no tocante as implicações da luta anticomunista. Dessa maneira o presente trabalho visa contribuir com a história política de Simão Dias, no tocante a essa pro-blemática da questão anticomunista, e até mesmo para conscientizar os leitores do que é o comunismo, e como se desenvolveu o anticomunismo nessa localidade. E também entender o porquê que até hoje as pessoas tem uma visão errônea das ideias socialista, criado historicamente pela classe dominante, de que era ruim, que afrontava a religião e a fé dos indivíduos, em prol de fortalecer o Sistema Capitalista que estava em colapso devido à eminência das ideias comunistas. Penso que toda ideologia tem problemas, mas o importante é trazer a menção da sua contribuição para História em quanto tal, até porque foi com a legalização do Partido Comunista do Brasil, e sua participação na Assembleia Constituinte, que foram discutidas ques-tões como redução de horas trabalhista que, no entanto só foi aprovado na Constituição de 1988, e prevalece até os dias atuais.

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Étnico-Raciais: Memória, História e Educação

EDUCAÇÃO E RESISTÊNCIA ENTRE OS CRISTÃOS-NOVOSNilton Bruno Feitosa Santana

Resumo: Os “estatutos de pureza de sangue” tem sua origem na aristocra-cia e possuía um caráter social. Consiste na adoção da ideia do sangue puro ibérico e da sua exaltação como sangue nobre, sangue de alta estirpe. Era considerado “impuro” todos aqueles que tivessem sangue judeu, mouro ou negro, com o tempo algumas instituições passaram a excluir grupos sociais que não se enquadravam nos padrões de pureza de sangue. Contribuindo para uma marginalização de tais grupos. Esses estatutos tornaram-se o pri-meiro modelo de racismo organizado na história da humanidade, mesmo 400 (quatrocentos) anos depois as mesmas normas técnicas seriam utiliza-das pelos nazistas para classifi car todos aqueles, que segundo eles, tinham “raça inferior”. O mito da pureza de sangue não foi criação da Inquisição, nem foi sua invenção a discriminação contra os judeus e seus descendentes. Mas vale ressaltar que os inquisidores fortaleceram o conceito do mito de honra explicado pelo sangue puro, em outras palavras, os inquisidores chegaram a endossar o mito da pureza de sangue criado pela nobreza ibérica com o in-tuito de fortalecer a sua legitimidade. Com a conversão forçada dos judeus ao catolicismo fez surgir o cristão-novo, e a inquisição agora possuía um res-paldo religioso para perseguir todo aquele que tivesse “sangue infecto”. O que convém analisar aqui são as formas de resistência da religiosidade e da sexualidade cristã-nova mediante a sanha inquisitorial. Resistência essa que se dava por meio da hereditariedade graças aos ensinamentos familiares. Os cristãos-novos desenvolveram uma educação familiar peculiar com práticas insurgentes para que seus costumes e ideias continuassem a ser seguidos entre os seus descendentes no mundo ibero-americano. No artigo serão demonstrados alguns exemplos importantes da resistência cristã-nova par-tindo de documentos produzidos pela Inquisição portuguesa e espanhola.

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011. Relações

Étnico-Raciais: Memória, História e Educação

A ANEMIA FALCIFORME E AS QUESTÕES ÉTNICOS/RACIAIS EM SERGIPE: UMA ABORDAGEM SOBRE A DOENÇA NA

INTERDISCIPLINARIDADEViviane Santos de Almeida e Silva

Resumo: Doença genética originária da malária, a Anemia Falciforme pre-valeceu em grande parte da população negra escrava, e teve toda a sua tra-jetória associada à raça. Diagnosticada pouco mais de 100 anos, a doença é considerada um problema de saúde pública no Brasil onde a sua incidência é maior em regiões que foram povoadas por escravos onde ainda existem diversas comunidades quilombolas remanescente. Diante do exposto, esta comunicação tem como objetivo analisar a Anemia Falciforme e as ques-tões étnico/raciais em Sergipe no contexto educacional, sobretudo interdis-ciplinar, pois, configurando-se como uma das doenças genéticas de maior importância epidemiológica no Brasil e no mundo, possui altíssimas taxas de morbimortalidade. Contudo, foram utilizadas referências bibliográficas na qual promovem reflexões que relacionam a doença à cor negra provo-cada pela miscigenação no Brasil. Desta forma, faz-se necessário inserir a doença na temática da cultura afro-brasileira atualmente obrigatória, insti-tuída pela Lei 10.639/03.

INFLUÊNCIAS DO MOVIMENTO PAN-AFRICANISTA NO KIT DE LIVROS PARADIDÁTICOS AFRICANIDADES

Edson Silva de Araujo Resumo: A aprovação da lei 10639/2003 trouxe à tona um crescente nú-mero de publicações sobre história e cultura do Continente Africano, bem como de práticas e costumes afeitas aos negros e não brancos deste país. Neste sentido um kit de livros paradidáticos denominado Africanidades aborda temas diversos. Os textos referem-se a temas diretamente relacio-nados com práticas e costumes culturais geralmente associados aos negros e negras. Nos textos podem-se observar conceitos e frases, como “religião africana no Brasil”, “língua africana”, “povo negro” e outras categorias que remetem a compreensão de que as práticas contemporâneas dos negros

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Étnico-Raciais: Memória, História e Educação

e negras são, na verdade, mera transposição da África para o Brasil. Além disso, é possível afirmar que alguns dos conceitos utilizados na coleção acima referida alude a ideia de que existe uma raça negra, e que esta se originou no continente africano. Neste sentido, tomando como pressu-posto teórico metodológico a História Intelectual, este trabalho objetiva discutir as influências do movimento Pan-Africanista da primeira metade do século XIX na coleção “Africanidades”, e de como isto contribui para a construção de imagens e representações estereotipadas sobre práticas e costumes culturais de homens e mulheres do tempo presente, que neces-sariamente não reivindicam laços de ancestralidade, ou qualquer tipo de liame com o continente africano. Para este trabalho foi utilizado bibliografia específica sobre o tema, além da análise do kit paradidático acima referido.

FALSAS MEDIDAS : OS ESTUDOS CRANIOMÉTRICOS E A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO HOMOFÓBICO NO SÉCULO XX

Madson de Souza Fonte Resumo: A ciência parece estar pintada aos nossos olhos como um campo livre de corrupção social e política, de racismo, preconceito e outros males que afetam a sociedade e, ao mesmo tempo, corroboram para a perpetuação de hierarquias, segregação e exclusão. O tabu da homossexualidade, que parece ser um dos mais sólidos ferrolhos morais das sociedades pós-industriais, também solapou a Craniometria, que até o século XX, fora tomada como base empírica tanto para endossar pensamentos hegemônicos quanto para legitimar ideias e práticas homofóbicas. Desta forma, este trabalho tem como premissa discutir a utilização de métodos craniométricos em indivíduos homossexuais, por parte de pesquisadores do século XX, na fadada tentativa de pseudocientifização do discurso de ódio voltado à homossexualidade, bem como refletir sobre as suas conse-quências na retórica massiva dos dias atuais.

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012. Sergipe d’El Rei: poder, sociedade e culturaCoordenação: Wanderlei de Oliveira Menezes, Anderson Pereira dos Santos

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 25/10

A CIDADE DE SERGIPE DEL REY E A DEFESA DO ESTADO DO BRASIL NOS SÉCULOS XVII E XVIII

Luís Siqueira

Resumo: São Cristóvão ou Cidade de Sergipe del Rey exerceu a hegemonia política, social e econômica de Sergipe del Rey até o século XIX. Além dessas funções, também foi estruturada como espaço estratégico de defesa para capitania. Este trabalho tem por objetivo contextualizar a função militar que a cidade passou a desempenhar no conjunto dos territórios que compu-nham o Estado do Brasil, no que diz respeito ao sistema defensivo. Fundada e mudada de lugar tão logo ocorreu a efetivação do processo da conquista do território, sob a direção de Cristóvão de Barros, em 1590, a capital, no decorrer dos séculos, aos poucos começou a ser organizada como centro administrativo de Sergipe del Rey para dar sustentação às bases da coloni-zação portuguesa no território. A partir da segunda metade do seiscentos, com a ascensão da dinastia de Bragança ao trono português, São Cristóvão, devido a sua localização, passou a fazer parte do projeto defensivo da colô-nia com ações bélicas voltadas para combater e afastar possíveis inimigos externos e internos. Os relatos de cronistas e as comunicações estabelecidas entre os capitães mores, governadores gerais e Conselho Ultramarino evi-denciam que a capital passou a ser inserida como espaço complementar do sistema militar defensivo estabelecido para o Estado do Brasil. Nesse senti-do, para essa parte da colônia, a Coroa portuguesa optou pela estratégia da fortifi cação das regiões de maior relevância política e econômica, a exemplo da Bahia e Pernambuco. Para outras capitanias, como a sergipana, organi-zou-se um sistema de vigilância que contemplava a formação de tropas de ordenanças para fazerem a vigilância constante das barras dos rios e de es-

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sociedade e cultura

tradas. No caso da Cidade de Sergipe del Rey, a capital passou a desempe-nhar a função de cidade vigilante, guarnecida com uma tropa de soldados do exército regular de onde sairiam ações para defesa territorial.

A INSERÇÃO, FIXAÇÃO E INFLUÊNCIA DOS CARMELITAS CALÇADOS NA VILA DE SANTO AMARO DAS BROTAS (SÉCULO XVIII).

Roberta Bacellar Orazem

Resumo: Desde o início do século XVII, os carmelitas calçados da Província da Bahia e Pernambuco, com sede no Convento do Carmo de Salvador, ocupavam terras, administravam fazendas de gado e missões indígenas e construíam e moravam em conventos na Capitania de Sergipe d’El Rei. Até o início do século XVIII, em Sergipe, os carmelitas calçados possuíam: Missão e Hospício do Rio Real; conjunto de fazendas de gado dos Palma-res, nas imediações da Vila de Lagarto, e fazendas de Santa Isabel, entre os Rios Japaratuba, São Francisco e Poxim, no litoral Norte; Missão de Japa-ratuba, entre os Rios Japaratuba e Japaratuba-Mirim; Convento do Carmo e Capela de São Gonçalo, na Cidade de São Cristóvão; além de fazendas próximas à Itaporanga ou à Praia do Rio de Santa Maria (na atual Aracaju); entre outros bens. Através de registros documentais, investigados no Ar-quivo do Carmo da Província Carmelitana de Santo Elias (em Belo Horizon-te-MG), confi rmamos a atuação dos carmelitas calçados na Vila de Santo Amaro das Brotas no século XVIII. Em 1701, os calçados já atuavam como capelães na Igreja Matriz, bem no início da organização daquela vila (em 1700). Em 1721, o coronel Pedro Barbosa Leal e sua mulher Dona Mariana Espinoza fi zeram doações aos carmelitas calçados da Bahia e Pernambuco: concederam a Igreja Matriz de Santo Amaro das Brotas, mandaram cons-truir um pequeno convento (hospício e capela) na mesma vila para abri-gar os religiosos calçados, além de doarem 100 braças de terra em quadra (cerca 48.400 m²) no sítio da Igreja Matriz e mais 100 braças (cerca de 220 m) de terra a começar do Sítio da Igreja Matriz até o Rio Sergipe. Nas Actas da Província Carmelitana da Bahia e Pernambuco do século XVIII, a partir de 1721, aquelas doações do patrono são registradas pelos religiosos, que confi rmaram a construção do hospício, sendo administrado pelos calça-

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dos ao longo do século XVIII. O antigo hospício dos carmelitas calçados na Vila de Santo Amaro foi demolido na segunda metade do século XX, havendo alguns resquícios arquitetônicos no Museu Histórico de Sergipe em São Cristóvão. Entretanto, afirmamos que esse hospício (pequeno con-vento e capela) existiu próximo a Igreja Matriz e a antiga Casa de Câmara e Cadeia de Santo Amaro das Brotas, provavelmente, atrás da Matriz, a frente de um pequeno largo, na atual Avenida Lourival Batista, principal via de acesso à vila no período colonial e com acesso ao antigo porto co-lonial. Também, os registros atestam que os calçados possuíam um barco para navegar pelo Rio Cotinguiba. Certamente, os carmelitas calçados já tinham influência desde 1701 na Vila de Santo Amaro e permaneceram influentes ao longo do século XVIII, por serem a única ordem religiosa que atuou naquela vila durante o período colonial.

A OUVIDORIA E OS OUVIDORES DE SERGIPE D’EL REI (1696-1820): UM ESTUDO ACERCA DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA NUMA

COMARCA ULTRAMARINA DA AMÉRICA PORTUGUESAWanderlei de Oliveira Menezes

Resumo: Esta comunicação aborda a administração da justiça na comar-ca de Sergipe durante o período colonial. Instalada em 1696, a ouvidoria de Sergipe d’El Rei é considerada um marco na história de Sergipe du-rante a fase colonial. A existência da justiça letrada, a partir da nomeação régia de ouvidores, caracterizou o esforço da monarquia portuguesa em aumentar e qualificar a presença de oficiais régios na capitania. Preten-de-se aqui estudar os perfis sociais e trajetórias administrativas dos ouvi-dores-gerais e as redes administrativas e pessoais destes com os poderes locais, especialmente os oficiais de justiça das câmaras da cidade de São Cristóvão e demais vilas da Capitania de Sergipe. Interessa-nos compre-ender a ação política desses ministros régios e os conflitos/cooperações com capitães-mores (governadores) e altas autoridades da administração da América portuguesa bem como o papel desses na promoção da ordem política e social. É igualmente importante perceber as estratégias dos ou-vidores para levarem as determinações reais e adequá-las aos interesses

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das elites locais. Faremos uso do método prosopográfico na avaliação do perfil dos ouvidores designados para a comarca de Sergipe e da história política renovada no intuito de perceber a importância da atuação políti-ca dos ouvidores e como a monarquia portuguesa durante o século XVIII, tornando-os interlocutores entre os interesses locais e a política imperial.

ECONOMIA E ESPAÇO EM SERGIPE DEL REI NO FINAL DO SÉCULO XVIII

Carlos de Oliveira Malaquias Resumo: A presente comunicação utiliza as conhecidas listas de plantado-res de mandioca da Comarca de Sergipe Del Rei, produzidas na última déca-da do século XVIII, para analisar o espaço abrangido pelo cultivo da cassava e discutir sua extensão e configuração geográfica.

LIBERDADE E ESCOLHA: O JORNAL SERGIPANO E A LUTA FEMINISTA NO SÉCULO XX.

Jôycimara Ferreira Barreto Resumo: O referente artigo tem como objetivo analisar as notícias do jornal sergipano nos anos novecentos como meio de tentar entender a luta feminista que foi um movimento político com a ideia de conquistar igualdade e liberdade entre os direitos humanos e a participação ativa das mulheres na sociedade, a finalidade era desmistificar a visão de indi-ferença entre os gêneros para alcançar um espaço no mercado de traba-lho. O contexto de Sergipe e as notícias de jornais se tornam a principal fonte de informação da população Sergipana. Notas que trazem notícias e uma diversidade de ocupações empreendidas pela condição feminina para garantir um olhar de igualdade entre os gêneros. A luta para trans-formar uma visão que estava voltada para o sexo masculino onde esse era o único responsável por trabalhar e sustentar sua família fez o movimen-to feminista lutar por uma sociedade diferente, onde todos fossem vistos e tivesse a mesma oportunidade de trabalho. As fontes analisadas foram

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encontradas no acervo pessoal do IHGSE, com intuito de buscar entender a figura e participação feminina na sociedade possibilitando um olhar crí-tico sobre os noticiários nos jornais de Sergipe.

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DA COMARCA DE SERGIPE DEL REI NO FINAL DO SÉCULO XVIII

Anderson Pereira dos Santos Resumo: As receitas provenientes das exportações e importações da Comar-ca de Sergipe pode ser um dos indicadores para medir o nível de riqueza do local. A riqueza produzida na Comarca de Sergipe concentrou-se nas mãos de um pequeno grupo de senhores de engenho, lavradores de cana, criadores, ne-gociantes, e lavradores de tabaco. Os produtos exportados e importados pela/para Comarca percorriam diferentes circuitos mercantis. O presente trabalho tem como objeto os tipos e os valores dos produtos comercializados pela Co-marca de Sergipe território integrante da Capitania da Bahia, no final do século XVIII. O objetivo principal foi analisar os produtos que eram negociados pela Comarca e sua implicação no nível de riqueza. O estudo teve como principais aportes teóricos Irving Fisher e Max Weber. No estudo foi utilizado como técni-ca de coleta de dados a pesquisa documental; e a análise de conteúdo como técnica de análise de dados. As principais fontes foram os mapas de exportação e importação da Capitania da Bahia e da Comarca de Sergipe. À guisa de con-clusão, exportar e importar através dos portos mercantis de Salvador e Recife significou para a Comarca de Sergipe a sua participação no comércio global entre as nações, e por sua vez aumentou o nível de riqueza concentrada.

OS NOMES DE LUGARES NAS CARTAS DE

SESMARIAS DE SERGIPE DEL REY (1596-1623)Cezar Alexandre Neri Santos

Resumo: Este trabalho investiga os nomes de lugares inscritos nas cartas de sesmarias da capitania de Sergipe Del Rey emitidas entre 1596 e 1623. Essa nominata é examinada a partir dos manuscritos destes documentos e con-

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frontada, quando possível e necessário, com a transcrição paleográfica de Felisbelo Freire (1891). Esta documentação, que abarca o período inicial da ocupação territorial dos europeus em terras sergipanas, permite um estudo interdisciplinar por natureza, tal como o diálogo entre a Onomástica, a His-tória Social e a Geografia Cultural. Assim, interessa-nos descrever e analisar estes signos toponímicos tanto em seu aspecto morfológico quanto semân-tico-histórico, demonstrando a relevância de estudos linguístios motivados por corpora diacrônicos como fontes primárias, especificamente de Sergipe Colonial. Como resultado de pesquisa, demonstra-se a majoritária perma-nência desta nominata (pré-) colonial, principalmente de origem indígena, nos mapas contemporâneos de Sergipe e de territórios vizinhos, como a Bahia, dado à relação ativa entre colonizadores e indígenas. Catalogamos, classificamos e interpretamos os topônimos apresentados, percebendo reminiscências morfolexicais e fenômenos gramaticais. Em suma, como o corpus constitui-se um dos mais antigos e fidedignos documentos sobre Sergipe, advoga-se por uma contribuição para a confecção de um futuro glossário toponímico para o período delimitado.

REVISÃO HISTORIOGRÁFICA SOBRE O PAPEL DAS CÂMARAS NA HISTÓRIA DA AMÉRICA PORTUGUESA

Heloisa dos Santos Santana Resumo: As Câmaras municipais, ou o senado da câmara como muitas vezes se dizia, constituem um campo privilegiado para estudar a composição social da elite e limites dos poderes locais. Diante disto, apresento nesta comunica-ção reflexões iniciais do projeto de pesquisa intitulado “As câmaras munici-pais e o poder local em Sergipe no reinado de D. João V”, nosso objetivo aqui será fazer uma análise de como a historiografia vem problematizando o pa-pel das câmaras de vereadores na história da América Portuguesa. Propomos assim, fazer uma revisão crítica de autores clássicos da historiografia como Gilberto Freire, Caio Prado Junior, Raimundo Faoro, Charles Boxer e das novas perspectivas historiográficas sobre o tema, para que a partir destas considera-ções seja possível fazer um análise aprofundada no que diz respeito ao papel das Câmaras em Sergipe del Rey no período acima mencionado.

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013. Sergipe no Século XIXCoordenação: Samuel Barros de Medeiros Albuquerque

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 25/10

BATUQUE NA COZINHA A SINHÁ NÃO QUER...E O DELEGADO TAMBÉM NÃO!

Cesar Augustus Santos Barbieri

Resumo: Este estudo apresenta o percurso do negro na constituição de nos-sa matriz cultural, destacando a sua capacidade e resistência às pressões ofi -ciais advindas dos interesses de uma elite branca e letrada. A visão precon-ceituosa presente desde o Brasil Colônia não conseguiu apagar o Homem negro como sujeito histórico que agiu em defesa de sua identidade sócio--cultural. Apoiado em textos representativos da afi rmação da etnia negra em nossa formação social, os autores revelam a força do batuque, não ape-nas na sustentação da música ou do ato de tocar e dançar, mas como uma forma de resistência no universo da cultura afro no Brasil, especialmente, em Aracaju, Estado de Sergipe. Dos seus argumentos, pode-se depreender a força das manifestações sonoras, ritmadas, dos negros (escravos, libertos, forros e livres), que fi ncaram raízes profundas nas músicas genuinamente brasileiras dos dias atuais e em outras manifestações de nossa cultura.

BALANÇO DA PRIMEIRA EDIÇÃO DO SIMPÓSIO TEMÁTICO SERGIPE NO SÉCULO XIX (IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV

ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE, ARACAJU, 2016)Samuel Barros de Medeiros Albuquerque

Resumo: Entre os dias 21 e 24 de outubro de 2014, o Instituto Histórico e Geográfi co de Sergipe – IHGSE e a Associação Sergipana de História/Secção Sergipe – ANPUH/SE realizaram a quarta edição do Congresso

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no Século XIX

Sergipano de História & Encontro Estadual de História da ANPUH/SE. In-tegrando a programação do evento, foi realizado o simpósio temático Sergipe no século XIX, coordenado pelos professores doutores Samuel Barros de Medeiros Albuquerque e Edna Maria Matos Antonio, ambos da Universidade Federal de Sergipe, atuando no Programa de Pós-Gradua-ção em História, líder e vice-líder do Grupo de Pesquisa Sergipe Oitocen-tista (GPSEO – UFS/CNPq). Tencionando delimitar um espaço específi co para a divulgação de estudos e pesquisas (concluídas ou em andamento) sobre a história da Província/Estado de Sergipe, o simpósio acolheu traba-lhos com variados temas e abordagens que remetem à história de Sergi-pe oitocentista. Esta comunicação pretende fazer um balanço da primei-ra edição do simpósio temático Sergipe no século XIX, realizado entre os dias 22 e 23 de outubro de 2014, durante o mencionado IV Congresso Sergipano de História & IV Encontro Estadual de História da ANPUH/SE.

LÁ VEM O FRANCÊS: O CONDE D’EU NAS PÁGINAS DA IMPRENSA SERGIPANA OITOCENTISTA

Rafael de Oliveira Cruz

Resumo: Em junho de 1889, o conde d’Eu empreendeu uma série de vi-sitas às províncias do Norte do Império. Tal excursão ganhou maior noto-riedade por ser acompanhada pelo famoso propagandista republicano Silva Jardim e os desdobramentos causados nos confl itos entre republi-canos e membros da Guarda da Negra na capital baiana. O presente tra-balho visa observar de que maneira dois periódicos sergipanos – O Repu-blicano e O São Francisco – descreveram as passagens do príncipe pelas províncias da Bahia, Pernambuco, Ceará e Sergipe. Pretende-se a partir dis-to analisar como tais jornais debatiam o futuro da monarquia brasileira e concebiam a imagem do marido da herdeira do trono imperial brasileiro.

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O BARÃO NOS JORNAIS: UM OLHAR SOB A REPRESENTAÇÃO DO BARÃO DE MAROIM NOS JORNAIS SERGIPANOS

Barbara Barbosa dos Santos Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de mostrar um aspecto sob a representação de João Gomes de Melo nos jornais Sergipanos, entre as décadas de 40 e 60 do século XIX. Este sergipano, recebeu o Título nobiliár-quico de Barão ainda na primeira metade do oitocentos, a partir da repre-sentação desta personagem e sua relação com o seu tecido social, preten-de-se também iluminar nuances da dinâmica social do período. Para tanto foram utilizados jornais sergipanos como veículo de acesso ao cotidiano e relações de poder durante as décadas supracitadas. Os números dos jornais analisados fazem parte do acervo da hemeroteca digital, projeto da biblio-teca nacional, o uso deste material apresenta novas possibilidades de fon-tes para a escrita da história Sergipe e seus sujeitos.

IMAGENS DA NOBREZA SERGIPANA: O ÁLBUM FOTOGRÁFICO DO ENGENHO ESCURIAL

Gustavo Raimundo Vieira Bonfim Resumo: Têm-se neste diálogo o estudo da reprodução visual como uma fonte que preserva determinados marcos históricos; cada uma com sua individualidade, mas que, a princípio, não divergem de suas interrogativas tipológicas. Aqui temos um álbum de família que servira como suporte prático e histórico de que a fotografia, mesmo interligada ao método tradicionalista, é uma fonte inesgotável de história; já que desde seu advento, tem causado impactos nas sociedades e se tornado, juntamente com esses meios sociais, uma forma de guardar e eternizar, das lembranças mais íntimas aos maiores momentos de mudança da humanidade. Com a invenção da fotografia, passou-se a registrar diversos fatos que até então somente eram descritos por fontes orais ou escritas, deixando por conta do leitor, ou ouvinte, a tentativa imaginária de reconstrução daquele momento o qual não fez parte. Denotando à fotografia, por seu riquíssimo detalhamento dos fatos, a mesma conotação de documento, assim como qualquer outro método aceito dentro da historiografia. Temos nela, além de toda sua carga

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história, a existência das marcas culturais empregadas em seus processos. E mesmo com as dicotomias que cercam essas fontes fotográficas, têm-se o cuidado de se fazer uma análise de tais documentos, estabelecendo uma sistemática para identificar essas supostas ambiguidades de informação, tendo em vista que essas fontes podem estar representando o que realmente ocorreu em um determinado momento histórico, ou ainda pode estar somente transmitindo o que os padrões da época queriam salientar. Sendo justamente por isso que existe a necessidade de também conhecer as personagens impressas nestas fontes; neste caso específico temos como demonstrativo prático um dos álbuns fotográficos da família Rollemberg, grupo social de enorme importância no cenário social, político e econômico do Sergipe dos séculos XIX e XX. Época em que se estabeleceram pais, filhos e demais sucessores de Manoel Rollemberg d›Azevedo, um dos primeiros Rollembergs que se tem notícia em terras sergipanas; era descendente de senhores de engenho, e, também, deixou uma vasta descendência de se-nhores de engenho; muitos de grande destaque na vida política e socioe-conômica na região do Cotinguiba e em Sergipe. No contexto familiar em questão deste diálogo, trabalha-se a vertente familiar do Engenho Escurial, resultante da junção de duas grandes casa nobiliárquicas - do Barão da Ja-paratuba (os “Faro Rollemberg”) e do Barão da Estância (os “Dias Coelho e Melo”). Sendo assim, devido ao poder hierárquico da família, e sua parti-cipação na açucarocracia brasileira e sergipana, tem-se um amplo campo historiográfico a ser entendido e revelado; mostrando, assim, alguns traços culturais e sociais do Sergipe oitocentista.

PARENTELA E POLÍTICA NA MEDICINA NO SÉCULO XIX EM SERGIPEArthur Ives Nunes da Mota Lima, Fagner dos Santos Bomfim, Fernanda Rios Petrarca

Resumo: Esse artigo é parte integrante de uma pesquisa mais ampla so-bre os processos de recrutamento e modalidades de inserção na medici-na em Sergipe. Por meio do método prosopográfico foram captadas as trajetórias sociais, políticas e profissionais dos médicos que chegaram a ocupar posições dirigentes no Estado de Sergipe, com enfoque no sécu-lo XIX. Os resultados obtidos até o momento indicam que foram as rela-

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ções sociais de base familiar que forneceram os critérios e as condições de recrutamento e ascensão da elite médica. Tomamos como referên-cia o conceito de parentela, desenvolvido por Pereira de Queiroz e Linda Lewin; o qual flexibiliza os princípios rígidos do parentesco. E observa-mos que as parentelas se utilizavam das titulações universitárias como uma estratégia de conservação de status social e dominação política.

RIQUEZA E SOCIEDADE NA COMARCA DE ARACAJU: UM ESTUDO SOBRE A DINÂMICA SOCIAL DA ELITE SERGIPANA (1855-1889)

Bruna Morrana dos Santos Resumo: No início do Segundo Reinado, a Província de Sergipe continuava com uma estrutura social sustentada na monocultura, sobretudo a do açú-car. Visando manter a mesma posição social e aumentar o patrimônio, as famílias da elite estreitavam os laços de solidariedade através dos batismos e dos casamentos. O objetivo deste trabalho é estudar a composição social e econômica da elite da Comarca de Aracaju e as suas estratégias de re-produção da riqueza. A transferência da capital de São Cristóvão para uma região cercada por mangues e rios foi oficializada em março de 1855. Em vista disso, pretendemos também, investigar como se deu o deslocamen-to dos indivíduos do Vale do Cotinguiba, zona mais próspera da província, para Aracaju. A análise de variadas fontes como inventários, testamentos, jornais, coleções particulares, mapas estatísticos e listas de qualificação, nos ajudará a reconhecer essas redes de relações existentes na sociedade, além de determinar o nível de riqueza do grupo social dominante.

A EXPERIÊNCIA DA PESQUISA SOBRE A “HISTÓRIA DA

CIDADE DO RIO DE JANEIRO”, DE FELISBELO FREIREMaria Fernanda dos Santos

Resumo: Esse trabalho irá apresentar os passos da pesquisa sobre a re-cepção crítica à obra História da Cidade do Rio de Janeiro, de autoria do historiador e médico, Felisbelo Freire, desenvolvida no programa de pós-

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-graduação em História da Universidade Federal de Sergipe, desde o ano de 2015, que subsidiará a dissertação de mestrado. Partimos de consi-derações teóricas da pesquisa a partir das referências de Roger Char-tier (2000), Pierre Bourdieu (1996) e Pierre Nora (1993), buscando des-tacar alguns dos principais conceitos e características das obras desses teóricos. A metodologia utilizada são as atas e as revistas do IHGB, os discursos dos sócios, os jornais fluminenses, além das bibliografias da época. Em seguida iremos demonstrar de que forma e quais simpósios e eventos acadêmicos o trabalho foi apresentado. Por último, faremos um levantamento da pesquisa no momento que apresentamos esse artigo. Palavras-Chave: Felisbelo Freire, estado da arte, recepção crítica.

PODER E PRESTÍGIO SOCIAL NA VILAS DE BOQUIM E LAGARTO (1850-1888)

Carlos Roberto Santos Maciel

Resumo: O presente estudo tem por finalidade mostrar as estratégias e meios empregados para obtenção de prestígio, status social e poder de mando utilizados pelas elites socioeconômicas das vilas de Boquim e La-garto/ SE entre 1850-1888. Para a realização do estudo foi analisado e in-terpretados inventários, os quais constam as patentes da guarda nacional dos inventariados, além de suas respectivas riquezas. Documentos de Câ-maras municipais e listas de qualificação de votantes das vilas analisadas, onde encontram-se os personalidades políticos que compunham as vilas em estudos. Utilizamos ainda fontes impressas como o dicionário biobi-bliográfico de Armindo Guaraná no qual cita biografia de alguns ilustres personagens e sua formação acadêmica. O fato de possuir uma grande fortuna, ser proprietário de escravos, de grandes extensões de terras e de rebanhos de gado, por si só já garantiam a seus proprietários destaque na sociedade. Mas a elite desejavam ser mais distinta dentro da sociedade, por isso, buscavam ainda prestígio e poder por meio de obtenções de patentes militares - seja da guarda nacional ou de ordens militares - ocupação de cargos públicos e políticos e investindo ainda na educação de seus filhos.

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CRIMES, MORTES E O COTIDIANO LOCAL EM BOQUIM OITOCENTISTA (1849-1878)

José Marcos Santos Maciel Resumo: O presente artigo visa analisar alguns casos de crimes ocorridos na sociedade boquinense oitocentista, tendo em vista que através da análise destes delitos procuraremos entrar no cotidiano da sociedade de Boquim e Sergipe Imperial do período de 1849-1878. Para tal análise, utilizaremos como fontes os Relatórios de Presidente de Província de Sergipe do período de 1849-1878 a fim de analisarmos os relatos oferecidos pelos Secretários de policias de Sergipe aos Presidentes de Províncias acerca dos atos criminosos ocorridos em Boquim. Além desta fonte, usaremos inventários e a Lista de Classificação de escravos de 1873, assim como também as Efemérides Ser-gipanas de Epifânio Dórea e o Código de Posturas Municipais de Lagoa Ver-melha. Utilizaremos do suporte teórico-metodológico oferecido por Carlo Ginzburg através do seu paradigma indiciário, dado que os procedimentos oferecidos por este, calcado na “reconstrução” dos fatos a partir da coleta de pistas, indícios e/ou sintomas, seguramente se encontram consoantes aos intentos de nossa investigação.

A CAPOEIRA NO JORNAL O REPUBLICANO DE SERGIPE EM 1890: REFLEXÕES SOBRE UM DOS ATOS DO GOVERNADOR FELISBELO

FREIRETatiane Trindade Machado

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo relatar como os capoeiras foram descritos no final do século XIX, na Província de Sergipe, no jornal O Republicano de 1890. Durante a pesquisa em jornais sergipanos em busca de indícios desta manifestação, encontramos um episódio envolvendo a ca-poeira no jornal O Republicano. Em 1890, o então Governador de Sergipe, Felisbelo Freire, tomou uma atitude considerada, por jornalistas da capital Federal, como autoritária. Segundo o jornal, o governador deportou para o Rio de Janeiro, capital Federal, 52 vagabundos, ladrões de cavalos e ca-poeiras e essa atitude causou um reboliço no Rio de Janeiro. Na visão das

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autoridades e da imprensa, tanto de Sergipe como a carioca, o Governador deveria ter feito o julgamento em Sergipe. Segundo o jornal a Gazeta de Sergipe, o então governador deportou os sergipanos sem processo-crime. Esse fato rendeu uma série de notícias em defesa do governo no jornal O Republicano, que tinha claramente um cunho governista.

PRÁTICAS DE COLPORTAGEM NO SERGIPE

OITOCENTISTA E A REAÇÃO CATÓLICA NA IMPRENSATatiane Oliveira da Cunha

Resumo: A historiografia sergipana tem destacado os conflitos envolvendo os grupos políticos em vários contextos históricos. Nesse trabalho identifi-camos que as disputas religiosas também fizeram parte da tessitura social envolvendo diversos sujeitos, inclusive políticos. Para compreender essas ri-validades no campo religioso começaremos a investigação pelas raízes das disputas envolvendo católicos e protestantes durante a segunda metade do século XIX na Província/Estado de Sergipe. Para tanto, identificaremos os primeiros sujeitos envolvidos nesse contexto de rivalidades entre cristãos, que se inicia com a vinda dos primeiros colportores (vendedores de lite-ratura religiosa) para Sergipe. As práticas desses sujeitos provocaram uma reação católica em diversos espaços, inclusive na imprensa. Essas disputam aumentaram a partir de dezembro de 1884, com a organização da primei-ra Igreja Presbiteriana em Laranjeiras e a conseqüente inserção desse novo grupo religioso por diversas localidades sergipanas, inclusive na Capital. A análise dos jornais na perspectiva de Jacques Le Goff de documento mo-numento e a representatividade que os mesmos faziam dessas disputas a partir das considerações de Roger Chartier servem de inspiração para essa pesquisa.

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A REPRESENTAÇÃO DO JUDEU NA IMPRENSA OITOCENTISTA SERGIPANA: UMA ANÁLISE DO FOLHETIM “ESMERALDA, A

APÓSTATA” (1883-1884)Nelson Santana Santos

Resumo: Inspirado na abordagem característica da micro-história italia-na, o presente estudo consiste em uma microanálise acerca da conjuga-ção entre literatura e jornalismo como locus de reprodução de ideias de teor racista no Brasil do século XIX. Mais especificamente: empreende uma análise da representação dos judeus no folhetim intitulado “Esme-ralda, a apóstata”. Trata-se de um texto de autoria de F.M. de Moraes, dividido em 10 capítulos, e publicado no jornal aracajuano “O Guarany”, entre os anos de 1883 e 1884. O foco da análise são os traços negativos de personalidade atribuídos aos personagens judeus presentes no en-redo. Baseado nas noções da literatura como fonte histórica e do jorna-lismo como instrumento de construção e reprodução de identidades e representações identitárias, o presente trabalho busca evidenciar como no texto em análise verificam-se indícios da representação – ainda que literária – dos judeus em moldes típicos dos estereótipos elaborados pelo pensamento antissemita e reforçados pelos ideais do Darwinismo Social então vigente.

COTIDIANO ESCRAVO NOS ENGENHOS DE AÇÚCAR EM SERGIPE OITOCENTISTA: UMA ANÁLISE DA HISTORIOGRAFIA SERGIPANA

Sura Souza Carmo Resumo: O presente texto tem como finalidade analisar o cotidiano escra-vo nos engenhos de açúcar do Sergipe oitocentista, a partir dos registros legados pela Historiografia Sergipana. Desde a História de Sergipe (1891), de Felisbello Freire, os estudos históricos indicam para o tardio desenvol-vimento da agroindústria açucareira em terras de Sergipe d’El Rey. Para alguns historiadores, teria sido inclusive, o incremento econômico gerado pelo açúcar, a partir de fins do século XVIII, um dos motores do proces-so de emancipação política de Sergipe (em relação à Bahia) na segunda

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década do século XIX. Ao longo dos oitocentos, a sociedade sergipana recebeu um número significativo de escravos e, a maior parte deles, passou a viver nos engenhos e usinas espalhados pelas bacias do Piauí, Vaza-Barris, Cotinguiba e Japaratuba, entretanto, a quantidade de mão--de-obra escrava empregada no cultivo da cana-de-açúcar foi menor em comparação a Pernambuco e Bahia. Essa população escrava não deixou de criar redes de sociabilidade, laços familiares e desenvolver/difundir suas práticas culturais. As fontes averiguadas são obras que tratam, dire-ta ou indiretamente, da temática da escravidão em Sergipe no século XIX, como dissertações, teses e livros.

A CONSTRUÇÃO DA TRAJETÓRIA DO CURSO NORMAL FEMININO NO SÉCULO XIXCristina de Almeida Valença Cunha Barroso

Resumo: O objetivo desse texto é discutir como as reformas educacionais influenciaram na construção da trajetória do curso normal ainda no sécu-lo XIX, mais precisamente, para tentar entender a implantação do curso normal feminino, em 1876, no Azylo Nossa Senhora da Pureza. Para essas análises buscou-se através dos programas, as leis e decretos, tese de ex--normalista, mensagens, relatórios, artigos de jornais e das falas proferidas pelos intelectuais da educação sobre essa instituição compreender como se configurou a trajetória desde a implantação em 1876 a 1891, ano que o curso foi extinto. O curso normal formava as jovens que tinham por fi-nalidade seguir a carreira do magistério, mas também formava moças com condutas apropriadas para as exigências sociais da época e que seriam boas donas de casa. Ao preparar as jovens asiladas e as alunas externas, o curso normal feminino cumpria sua função social de disseminar regras, valores e comportamentos necessários para a formação destinada para a mulher do final do século XIX.

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O AMOR ESCRITO EM CARTAS: UMA ANÁLISE DAS NARRATIVAS PRESENTES NA OBRA LUZ NA TORMENTA

Joelma Dias Matias Resumo: As formas de amar, assim como outros traços culturais da humani-dade, passaram por diversas transformações ao longo dos séculos. O amor e as formas de amar estão no íntimo da natureza humana, porém cada cultura lhes imprime significados, formas de sentir e de expor que são peculiares. Dessa forma, este artigo tem como objetivo analisar as narrativas presentes na obra Luz na tormenta (1948) para compreendermos como se davam as práticas amorosas em Sergipe no século XIX. Esta obra trata-se da compi-lação de 110 cartas, de teor amoroso, que foram trocadas entre o casal de noivos Emília e Joaquim Fontes no período compreendido entre os anos de 1890 a 1894. Portanto, os conteúdos da escrita de si produzidas pelo casal podem nos revelar não só a forma como eles se comportavam diante das regras socioculturais impostas pela sociedade da época acerca das práticas amorosas como também pode nos mostrar toda a realidade na qual os au-tores estavam inseridos.

A LINGUAGEM BUROCRÁTICA EM CARTAS OFICIAIS DE SERGIPE OITOCENTISTA

Renata Ferreira Costa Resumo: Este trabalho busca entender a organização linguístico-textual de cartas produzidas na administração pública de Sergipe na primeira metade do século XIX, focalizando a adequação das tradições discursivas do perío-do e a habilidade dos escribas em relação ao que Coseriu denominou “es-crita exemplar”. Para alcançar tal objetivo, faz-se uso de correspondências oficiais manuscritas, especificamente ofícios, produzidas por autoridades sergipanas entre 1802 e 1839, que estão sob a custódia do Arquivo Público do Estado da Bahia – APEB e foram editadas semidiplomaticamente no âm-bito do projeto “Em busca da ancianidade do português popular brasileiro” (PIBIC/UFS). A análise tem como fundamentação os pressupostos teóricos e metodológicos da Filologia, da Linguística Histórica, da Linguística Textual, da Diplomática e das Tradições Discursivas.

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A FERROVIA TIMBÓ A PROPRIÁ EM SERGIPE (1911-1935).André Luiz Sá de Jesus

Resumo: Esta comunicação é fruto da pesquisa em andamento no mestra-do em história da Universidade Federal de Sergipe, na qual estudamos a história, memória e arquitetura da primeira estação ferroviária de Aracaju (1911-1974). Nesta comunicação, apresentaremos o que já levantamos his-toricamente a respeito da Ferrovia Timbó a Propriá em Sergipe. Essa fer-rovia fez parte de um contexto histórico-urbano de transporte ferroviário no Brasil no final do século XIX e início do século XX, com a autorização dos governos imperial e republicano, e com o uso do capital e a explora-ção de empresas estrangeiras. O projeto da construção de uma ferrovia em Sergipe, que a ligasse aos Estados da Bahia e Alagoas, surgiu na segunda metade do século XIX, mas, devido a alguns problemas técnicos, foi con-cretizado no ano de 1903, com base no projeto de um deputado sergipano. Tal projeto foi realizado com a construção da Ferrovia Timbó a Propriá, que ligou a estação ferroviária de Timbó (no norte do Estado da Bahia, próxima a Sergipe) à estação ferroviária de Propriá (no norte do Estado de Sergipe, no Rio São Francisco e próxima ao Estado de Alagoas). A ferrovia prolon-gava-se de sul a norte de Sergipe, tendo uma ramificação para o leste, em direção à estação ferroviária da capital Aracaju. Os trabalhos de constru-ção daquela ferrovia foram iniciados em 1909 e encerrados em 1915. De 1911 a 1935, a administração daquela ferrovia era realizada pela empresa franco-belga “Chemins de Fer”, momento em que existia uma circulação de mercadorias (cana-de-açúcar e algodão) e de passageiros (elite religio-sa e política, pessoas menos abastadas, entre outros) entre os pontos de paradas nas povoações e entre as estações ferroviárias nas cidades (pon-tos estratégicos onde havia engenhos, fazendas, entre outros) ao longo da ferrovia, bem como o direcionamento para os Estados de Bahia e Alagoas.

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014. “Ensino de História: Didática, Currículo e Linguagens”Coordenação: Danielle de Oliveira Cavalcante

SESSÃO DE SIMPÓSIO TEMÁTICO - 25/10

A HISTÓRIA DOS CONCEITOS E A CONSTRUÇÃO DO SABER HISTÓRICO NA SALA DE AULA

Railton Souza Santos

Resumo: A presente comunicação tenciona, a partir do elo entre a História dos Conceitos e a História Social, defendido pelo historiador alemão, Rei-nhart Koselleck, abordar algumas questões didático-metodológicas concer-nentes ao trabalho com conceitos no ensino de História. Busca-se também destacar alguns conceitos a serem investigados em sala de aula, apontan-do maneiras de fazê-lo e diversos recursos didáticos a serem utilizados na aprendizagem signifi cativa dos mesmos. Essa problematização em torno da historicidade do vocábulo é bem frutífera, pois o exame de conceitos polí-ticos, econômicos e sociais enquanto palavras nas quais se concentra uma multiplicidade de signifi cados exige que se entenda que todos os conceitos são polissêmicos e o seu conteúdo precisa ser compreendido a partir do contexto em que ele é utilizado. Sob esse prisma, pode-se afi rmar que uma palavra se torna um conceito se a totalidade das circunstâncias político-so-ciais e práticas nas quais e para as quais essa palavra é usada, a ela se agrega, por isso, a História Conceitual é uma necessária ferramenta para investigar os problemas teóricos inerentes ao campo da pesquisa em História Social, como também para pensar metodologicamente as relações entre lingua-gem e história e o seu ensino.Desse modo, o professor, na sua prática didá-tica, objetivando um ensino renovado, adota como um dos pressupostos do seu fazer, a apropriação, construção e emprego dos conceitos históricos por parte de seus estudantes.

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de História”

ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA ESCOLAR: A UTILIZAÇÃO DE MÚSICAS NOS LIVROS DIDÁTICOS E NAS PROVAS DO ENEM

Antonio Manuel da Silva Junior

Resumo: O principal objetivo desse artigo é verifi car como a cultura escolar e seus fatores internos e externos podem infl uenciar a construção dos currí-culos, dos materiais didáticos e das avaliações do ENEM. No primeiro tópico iremos verifi car como o Ensino e conhecimento histórico é formulado com toda a infl uência da cultura Escolar. Posteriormente iremos também verifi -car como é a elaboração do currículo escolar e suas infl uencias internas e externas. Por último iremos demonstrar como a música é (ou não) utilizada em algumas coleções de livros didáticos e no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

A LINGUAGEM DAS ARTES: O ACERVO DA ARTISTA PLÁSTICA “ROSA FARIA” E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO DA HISTÓRIA

SERGIPANA (1968-1977)Danielle de Oliveira Cavalcante

Resumo: A possibilidade de trabalhar com os bens culturais e históricos inseridos nas obras de arte, nos ajuda a ter um acesso interdisciplinar ao ensino-aprendizagem de História, criando estímulos aos alunos num senso de preservação da memória social coletiva e na construção de identidades. Rosa Moreia Faria, foi uma professora, que depois da sua aposentadoria, não se refugiou ao anonimato e decidiu continuar ensinando através das suas obras de arte, montando um acervo com pinturas de sua própria auto-ria, onde fundou o que anos mais tarde foi tido como Museu de Arte e His-tória “Rosa Faria”, retratando a história sergipana em azulejos e porcelanas. Este trabalho tem como objetivo analisar a formação do acervo “Rosa Faria”, como contribuição para uma nova linguagem no ensino-aprendizagem da História de Sergipe. Encontrando como fontes para este trabalho, um acer-vo que retrata fatos históricos em mais de 1000 obras, além de fotografi as e documentos que demonstram as visitações e parcerias com escolas, na divulgação do seu acervo.

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de História”

O ENSINO COMO PRÁTICA REFLEXIVA: AS MULHERES NA HISTÓRIAAry Albuquerque Cavalcanti Junior

Resumo: A presente comunicação é fruto das reflexões realizadas em do-cência e no desenvolvimento de minha dissertação de mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local da Universidade do Estado da Bahia que discute a participação das mulheres na resistência à ditadura. Assim, neste trabalho, objetivamos analisar em quais espaços e momentos didáticos as mulheres são referenciadas na história. Sabe-se que por muito tempo a visão da história sobre a presença feminina foi deixada de lado, ganhando força principalmente a partir da década de 70 do século passado e posteriormente a partir de estudos como os de Natalie Davis, Mi-chelle Perrot e a terceira geração dos Annales. Dessa forma, o ensino de his-tória, apesar dos inúmeros avanços alcançados nas ultimas décadas, ainda reserva pouco espaço para discussões voltadas às relações de gênero, bem como a participação específica da mulher nos ditos grandes eventos. Em um dos aportes teóricos mais utilizados na escola brasileira, o livro didático, a presença da mulher é quase que inexistente, aparecendo em quadros des-tacados à parte do conteúdo, não sendo trabalhada suas ações e conquis-tas em consonância com o tema trabalhado, salvo raras exceções. Assim, através dessa comunicação pretende-se observar quais as possibilidades e dificuldades as quais o docente pode encontrar ao trabalhar com tal temá-tica, bem como tecer reflexões de utilização de mulheres do cotidiano de variados lugares no âmbito da disciplina história.

OS MATERIAS DIDÁTICOS DA OLIMPÍADA NACIONAL DE HISTÓRIA DO BRASIL E SUAS LEITURAS NO ENSINO DE HISTÓRIA.

Rejanne do Carmo Ramos Resumo: Este artigo busca, primeiramente, analisar o comportamento lei-tor de estudantes, do ensino Fundamental II, frente ao estudo dos materiais didáticos presente e disponibilizados na Olimpíada Nacional de História do Brasil - ONHB (2016). Em específico, no uso e apropriação dos materiais di-dáticos pelos estudantes disponíveis nas atividades e tarefas da ONHB, es-tes materiais didáticos surgem como um aporte significativo, abrem espaço

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para novos diálogos, novos formatos e um novo ritmo para ensinar e apren-der história, disponibiliza discursos plurais acerca do passado e também do presente. A questão colocada foi identificar como os materias didáticos disponibilizados na ONHB orientam compreenção de noções históricas dos alunos, dos dois anos finais do ensino fundamental II, que objetivamente incorrem nos processos de localização da informação; de inferenciais, com-preensão e interpretação; e de reflexão sobre os materiais didáticos lidos. Esse estudo, de certa forma, dá continuidade a uma sequência de atividades já desenvolvidas no espaço escolar, de construção de expectativas de com-preensão leitora. O lócus da investigação foi uma escola localizada no muni-cípio de Santanópolis, da rede estadual de educação da Bahia. Discutiremos também algumas características do material didático, as dificuldades para o aprendiz, porque exigem destes, habilidades, estratégias e conhecimen-tos de mundo, levamos em consideração as experiências sociais e sociali-zadoras, constitutiva dos esquemas de ação desses sujeitos. Tendo como aporte o ensino de história que estimula o contato com fontes históricas e incorpora a metodologia do historiador nas atividades com estudantes da educação básica.

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Índice Onomástico

Adriana Mendonça Cunha 34Amanda Maria Antero da Silva 24Ana Cláudia Pereira 43Ana Karina Rocha de Oliveira 71Ana Márcia Barbosa dos Santos 48Ana Maria Ferreira de Oliveira 53Analice Aves Marinho Santos 86, 91Anderson Pereira dos Santos 96, 100André Lucas Silva Santos 64André Luiz Sá de Jesus 113Andrea de Albuquerque Vianna 13Andrei de Brito Valente 17Andreia Franco Belmont 37Andreza Santos Cruz Maynard 14Antonio Barbosa Lisboa 28Antonio Cleber da Conceição Lemos 81Antonio Manuel da Silva Junior 115Arthur Ives Nunes da Mota Lima 105Ary Albuquerque Cavalcanti Junior 116Barbara Barbosa dos Santos 104Bruna Morrana dos Santos 106Bruno Rodrigues Pimentel 56Camila Barreto Santos Avelino 37, 41Carine Santos Pinto 21Carla da Silva de Sales 52Carlos de Oliveira Malaquias 99Carlos Roberto Santos Maciel 107Celio de Souza Mota 80Cesar Augustus Santos Barbieri 102Cezar Alexandre Neri Santos 100Cinthia da Silva Cunha 76Cleber de Oliveira Santana 14

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Clovis Carvalho Britto 61, 70Cristiano Ferronato 33Cristina de Almeida Valença Cunha Barroso 111Daniela Santos Silva 45Danielle de Oliveira Cavalcante 114, 115Debora Rejane Viana Sobral 71Déboralys Ferreira da Silva 16Deisiane da Silva Bezerra 24Diego Lima e Silva 46Dilson Gonzaga Sampaio 26, 30Diogo Francisco Cruz Monteiro 25Edson Santos Ferreira da Silva 89Edson Silva de Araujo 94Edvaldo Alves de Souza Neto 40Elissandra Silva Santos 87Elton Pereira do Nascimento 20Erico da Silva França 59Ewennye Rhoze Augusto Lima 15Fabiano Moreira da Silva 29Fagner dos Santos Bomfim 105Fernanda Lédo Flôres 58Fernanda Rios Petrarca 105Francisco Firmino Sales Neto 82Gabrielle do Nascimento Matos 16George Henrique de Vasconcelos Gomes 18Gilberto Couto Oliveira 57Giovanni Barbon de Oliveira 49Gustavo Raimundo Vieira Bonfim 104Helena Maria Fagundes dos Santos Braz 33Heloisa dos Santos Santana 101Igor Antonio Santiago Soares 44Igor Fonsêca de Oliveira 37Iolanda da Conceição Santos 69Isabela Maria Pereira Barbosa 73Israel Santos Nascimento 38

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Ivoneide Santos 46Izabel dos Santos 87Lourença Joyce Menezes Barbosa 87Jacó dos Santos Souza 40Janeclay Alexandre da Silva 59Jaqueline Ferreira da Mota 23Jean Costa Souza 70Jeferson Augusto da Cruz 11 Jéssica da Silva Souza 62Jéssica Santos Lopes da Silva 45Jezulino Lúcio Mendes Braga 77Jislaine Santana dos Santos 63João Paulo Gama Oliveira 49Joelma Dias Matias 112Jose Genivaldo Martires 26José Marcos Santos Maciel 108Joseilde de Santana Santos 31Jôycimara Ferreira Barreto 99Jucimar Cerqueira dos Santos 35Juliana Cecci Silva 21Kátia Cilene Rocha de Araújo 87Kleber Luiz Gavião Machado de Souza 86, 88Kléber Rodrigues Santos 25Laís Moura Silva 63Larissa Penelu Bitencourt Pacheco 79Leyla Menezes de Santana 26, 35Lorena de Oliveira Souza Campello 79Luan Vinícius Carvalho de Almeida 66Lucas de Lima Silva 61Lucas Fellipe Oliveira Freire 67Lucas Ribeiro Campos 42Ludmilla Silva de Oliveira 67Luís Siqueira 96Madjer Costa Souza César 17Madson de Souza Fonte 95

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Marcos José Ferreira Batista Junior 19Maria Cecilia Feitosa da Silva 59Maria Fernanda dos Santos 106Marília Teles Cavalcante 57Marina Araujo Poloni de Amaro 61Marta Regina da Silva Amorim 11Martha Ângela Gouveia dos Santos 86Mayanna Pinheiro de Souza 67Michel Platini Fernandes da Silva 61, 75Michelle Reis de Macedo 21Miriam Ferreira de Matos 48Mirianne Santos de Almeida 92Moisés Augustinho dos Santos 39Nayanne Magna Ribeiro Viana 37Nelson Santana Santos 110Nilton Bruno Feitosa Santana 93Paulo de Oliveira Nascimento 22Priscila Neves dos Santos 92Rafael de Oliveira Cruz 103Railton Souza Santos 114Rebecca Batista de França 30Reginaldo Vilela de Lima 51Reinaldo Peixoto de Melo Filho 74Rejanne do Carmo Ramos 116Renata Ferreira Costa 112Ricardo Bruno Flor 50Rísia Rodrigues Silva Monteiro 84Robério José Santos Junior 55Roberta Bacellar Orazem 97Roberta da Silva Rosa 75Roseli da Costa Silva 32Roselusia Teresa de Morais Oliveira 48, 51Rosilene Alves de Melo 50Rute Oliveira Passos 28Samuel Barros de Medeiros Albuquerque 102

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Sandro Vasconcelos da Silva 15Sara Angélica Bezerra Gomes 84Sayonara do Espírito Santo Almeida 26Sayonara Rodrigues do Nascimento Santana 90Selma da Silva Santos 42Silvaney Silva Santos 54Simone Paixão Rodrigues 33Suelayne Olievira Andrade 13Suely Moraes Ceravolo 73Sura Souza Carmo 110Suzane Batista de Araújo 83Tatiane Oliveira da Cunha 109Tatiane Trindade Machado 108Tatyane de Oliveira Vieira Santana 65Taysa Kawanny Ferreira Santos 90Tereza Candida Alves Diniz 69Tiago Alexandre Alves Pereira 19Valéria Fernandes Oliveira Santos 88Valéria Maria Santana Oliveira 92Vanessa Cavalcanti Vargas Leal 68Viviane Santos de Almeida e Silva 94Vladimir Jose Dantas 36Waldinei Santos Silva 27Wanderlei de Oliveira Menezes 96, 98Wesley Nunes Meneses 71Wilian Siqueira Santos Gomes 11Yago Felipe Campelo de Lima 12