Madalena Fernandes
ESPAN 2013/14
Madalena Fernandes
ESPAN –Queluz - 2013/14
Desde pequeninos ouvimos
histórias contadas por alguém,
seja por familiares, amigos ou,
até, pelo próprio professor. Quem
não conhece a história do
Capuchinho Vermelho, A Bela
Adormecida, Os Três Porquinhos,
entre tantas outras, não é
verdade?
Vou contar-vos
uma história…
O conto é uma narrativa curta e fictícia.O termo “narrar” significa
contar um ou vários acontecimentos, que podem ser reais ou irreais.
Vamos ver, agora, as
suas características.(v.p.87)
ESTRUTURA• Introdução: apresentação do protagonista, do
espaço e do tempo.
Muitas vezes iniciada por “Era uma vez…”;
• Desenvolvimento:
Aparecimento de uma série de peripécias, que atingem um ponto culminante;
• Desfecho:
O equilíbrio é estabelecido “…e viveram felizes para sempre.”
*O conto é uma narrativa fechada. Ficamos a saber o fim das personagens.
Vamos exemplificar com o conto A Aia de Eça de Queirós.
1ª parte, a introdução:
“Era uma vez um rei, moço e valente, senhor de um reino abundante em cidades e searas, que partira a batalhar por terras distantes, deixando solitária e triste a sua rainha e um filhinho, que ainda vivia no seu berço, dentro das suas faixas…”
“A lua cheia que o vira marchar, levado no seu sonho de conquista e de fama, começava a minguar, quando um dos seus cavaleiros apareceu, com as armas rotas, negro do sangue seco e do pó dos caminhos, trazendo a amarga nova de uma batalha perdida e da morte do rei, trespassado por sete lanças entre a flor da sua nobreza, à beira de um grande rio.
A rainha chorou magnificamente o rei. Chorou ainda desoladamente o esposo, que era formoso e alegre. Mas, sobretudo, chorou ansiosamente o pai, que assim deixava o filhinho desamparado, no meio de tantos inimigos da sua frágil vida e do reino que seria seu, sem um braço que o defendesse, forte pela força e forte pelo amor…”
2ª parte, o desenvolvimento:
Aqui, percebemos o clímax, ou, seja o momento de maior expectativa.
“… Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela adormecer, já despida, no seu catre, entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um curto rumor de ferro e de briga, longe, à entrada dos vergéis reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os cabelos para trás, escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam passos pesados e rudes. Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente sobre lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas ... Num relance tudo compreendeu - o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe! Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga e tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real, que cobriu com um brocado.
Bruscamente um homem enorme, de face flamejante, com um manto negro sobre a cota de malha, surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou – correu ao berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se arranca uma bolsa de ouro, e, abafando os seus gritos no manto,
“Agarrara o punhal, e com ele apertado fortemente na mão, apontando para o céu, onde subiam os primeiros raios do Sol, encarou a rainha, a multidão, e gritou:
— Salvei o meu príncipe, e agora... vou dar de mamar ao meu filho.E cravou o punhal no coração.”
3ª parte, o desfecho:
Nota: Como podes constatar, nem sempre acaba bem.
Ação
Narrativa breve e única:Geralmente, sem intrigas
secundárias;Com caráter moralizador e lúdico.
PERSONAGENS• Número reduzido;
• Normalmente, não têm nome;
• São personagens-tipo*;
• Os heróis e os vilões, que representam o Bem e o Mal, ou seja, as qualidades e os defeitos do ser humano;
• Vitória do Bem sobre o Mal.
Princesas sempre bonitas e boas;
Bruxas más;
Príncipes fortes e corajosos;
Madrastas malvadas.
*As personagens-tipo representam um determinado grupo social: o rei; o cavaleiro; a velha; o sapateiro; o avarento;…
TEMPO
• Curto, indefinido e indeterminado:
“Era uma vez…”
“Há muitos, muitos anos…”
“No tempo em que os animais falavam…”
Remete para um tempo longínquo, mas sem dizer “quando”.
ESPAÇO
• Reduzido, indefinido e indeterminado:
A ação desenrola-se num palácio/castelo; numa floresta; num deserto; numa aldeia; numa terra;…
O local não é bem especificado. Não é referido exatamente “onde”.
Simbologia• O nº 3:
• A rosa:
• O beijo:
• A juventude da heroína:
• Desafios propostos ao herói:
• O nº 7:
• A pomba branca:
• Perfeição
• O amor
• O renascimento
• Pureza e inocência
• Amadurecimento
• As 7 maravilhas
• A paz
Mas qual é a sua origem?
OrigemAntigamente, as pessoas, nos seus serões, contavam histórias irreais ou verídicas, pois não tinham outra diversão. Geralmente essas histórias eram contadas à lareira.
Mas já no séc. XVII, em França, Charles Perraultreunira alguns contos tradicionais, passando-os à escrita. No séc. XIX, os Irmãos Grimm, na Alemanha, ou Teófilo Braga e Almeida Garrett, em Portugal, fizeram o mesmo, publicando muitas histórias que até aí não tinham sido escritas.
“A sua origem perdeu-se no tempo. Ninguém é dono e senhor dos contos populares. Por isso, cada povo e cada geração contam-nos à sua maneira, às vezes corrigindo e acrescentando um ou outro pormenor no enredo. Daí o provérbio: “Quem conta um conto acrescenta um ponto”.”Podem existir várias versões de um mesmo relato.”
(in Alexandre Parafita “Histórias de arte e manhas”, Texto Editores, Lisboa, 2005, p. 30)
Charles Perrault (França) – sec.XVII
Irmãos Grimm (Alemanha) – sec. XVIII-XIX
Hans Christian Andersen (Dinamarca) – sec.XIX
Contos portugueses
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FUNÇÃO
O conto foi criado e enriquecido pela imaginação popular e procura deleitar, entreter ou educar o ouvinte.
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