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A474
Watson, Thomas 1620- 1686. O deleite espiritual dos santos / Thomas Watson Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2016. 42p.; 14,8 x 21cm Título original: The Saint”s Spiritual Delight 1. Teologia. 2. Alegria 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230
3
Sumário
CAPÍTULO I - Mostrando que a Bondade Negativa é Apenas um Título Fajuto para
o Céu.............................................................................
4
CAPÍTULO II - O Que se Quer dizer com a Lei de Deus, o Que é se Deleitar na Lei, e
Qual é a Proposição Resultante......................
10
CAPÍTULO III - De Onde Brota o Deleite Espiritual do Santo?..............................................
13
CAPÍTULO IV - Mostrando uma Diferença
Característica entre um Filho de Deus e um Hipócrita............................................................
15
CAPÍTULO V - Dois Casos de Consciência
Resolvidos..................................................................
19
CAPÍTULO VI - Provação do Deleite de um
Cristão em Deus.....................................................
23
CAPÍTULO VII - Uma Persuasão para Este
Deleite Santo em Religião..................................
29
CAPÍTULO VIII - Mostrando Como um
Cristão Pode Chegar a Esse Deleite na Lei
de Deus........................................................................
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CAPÍTULO IX - O Deleite Santo Deve
Causar Gratidão......................................................
41
4
CAPÍTULO I
Mostrando que a Bondade Negativa é Apenas
um Título Fajuto para o Céu
Como o livro de Cantares é chamado de Cântico
dos Cânticos por um hebraísmo, por ser o mais excelente; de igual modo o Salmo 1 pode ser
chamado de Salmo dos Salmos, pois contém em
si a própria medula e quinta-essência do
cristianismo. “1 Bem-aventurado o homem que não anda
segundo o conselho dos ímpios, nem se detém
no caminho dos pecadores, nem se assenta na
roda dos escarnecedores; 2 antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua
lei medita de dia e noite.
3 Pois será como a árvore plantada junto às
correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo
quanto fizer prosperará.
4 Não são assim os ímpios, mas são semelhantes
à moinha que o vento espalha. 5 Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo,
nem os pecadores na congregação dos justos;
6 porque o Senhor conhece o caminho dos
justos, mas o caminho dos ímpios conduz à ruína.” (Salmo 1)
O que Hierom diz das epístolas de Paulo, o
mesmo pode ser dito deste salmo; é curto em
sua composição, mas cheio de conteúdo e força em seu assunto. Este salmo carrega a bem-
aventurança no frontispício; ele começa onde
5
todos esperamos terminar: ele pode muito bem
ser chamado de Guia de um cristão, porque ele
descobre as areias movediças, onde os ímpios
afundam até a perdição, verso 1, e o solo firme em que os santos pisam rumo à glória, verso 2.
O texto é um resumo e breviário da religião,
"mas o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite." Cada palavra tem
sua ênfase; Eu começo com a primeira palavra:
“mas”.
Este “mas” é cheio de vinho espiritual, vamos abordar isso e provar um pouco, então
prosseguiremos.
“Mas”. É uma conjunção adversativa que
carrega o significado de oposição. O santo é descrito:
I. Por meio da negação, em três aspectos. (1.) “Ele
não anda segundo o conselho dos ímpios;” ele não segue o seu conselho; e não dá maus
conselhos. (2.) "Ele não se detém no caminho dos
pecadores." Ele não vai ficar entre aqueles que
não serão capazes de ficar de pé no juízo - verso 5. (3.) "Ele não se assenta na roda dos
escarnecedores.” Ainda que isto seja uma
cadeira de Estado, ele não vai sentar-se nela,
pois sabe que será muito desconfortável no final. A palavra “assenta” implica,
1. Um hábito em pecado. Salmo 50. 20 – “Tu te
sentas a falar contra teu irmão; difamas o filho
de tua mãe.” 2. Sentar implica familiaridade com os
pecadores, Salmo 26.4. - “Eu não tenho
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assentado com homens falsos;” ou seja, eu não
ando na sua companhia. O homem de Deus
sacode toda a intimidade com os ímpios. Ele
pode trafegar com eles, sem se associar às suas más obras; ele pode ser civil para com eles,
como vizinhos, mas não se misturar à
iniquidade. II. O homem de Deus é descrito neste Salmo por
meio de posição ou melhor, de oposição, "Mas o
seu prazer está na lei do Senhor. “ A partir desta
palavra, observa-se que a bondade negativa não é suficiente para nos dar direito ao céu. Não ser
escarnecedor, é bom, mas não é suficiente. Há
alguns no mundo cuja religião consiste
somente em aspectos negativos; eles não são alcoólatras, eles não são perjuros, e por isso eles
abençoam a si mesmos. Veja os ares de orgulho
liberados pelo fariseu em Lucas 18.11. "Deus,
graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros," etc.
Infelizmente, não ser escandaloso não vai fazer
um bom cristão mais do que uma cifra vai fazer
uma soma. O homem de Deus vai mais longe, "ele não se assenta no banco do escarnecedor,
mas o seu prazer está na lei do Senhor.” Nós não
estamos prontos somente para cessar de
praticar o mal, como também para fazer o bem. “Aparta-te do mal, e faze o bem: busca a paz, e
segue-a (Salmo 34.14). Será isto uma apelação
pobre, afinal - Senhor, me guardei de ser
manchado com pecados graves. Eu não fiz qualquer dano; mas que bem há em ti? Não é
suficiente para o servo da vinha não fazer
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qualquer dano contra ela, que ele não quebre as
árvores, ou destrua as sebes; pois se não
trabalhar na vinha, ele perde o seu pagamento;
e assim não é o suficiente para nós dizer, no último dia, que não fizemos nenhum mal, que
temos vivido sem qualquer pecado grave; mas
que bem que temos feito na vinha? onde está a graça que temos obtido? se não podemos
mostrar isso, vamos perder o nosso pagamento,
e perder a salvação.
Aplicação: Não se contente com a parte negativa da religião; aquela que nega simplesmente
determinados atos pecaminosos, porque muitos
constroem suas esperanças para o céu sobre
este fundamento rachado, eles não são dados a qualquer vício, ninguém pode acusá-los de
quaisquer erros e faltas, e estas são as suas
cartas credenciais para serem exibidas; a essas
pessoas eu digo três coisas: 1. Você pode não ser exteriormente ruim, e
ainda não ser interiormente bom. Você pode
estar tão longe da graça como do vício; embora
ninguém possa dizer, seu olho é negro, mas sua alma pode ser tingida de preto. Embora suas
mãos não estejam trabalhando em iniquidade, a
cabeça pode estar tramando-a. Embora você não
saia para curtir o seu arbusto, você pode secretamente estar vendendo a sua mercadoria:
uma árvore pode estar cheia de vermes, mas as
folhas sadias podem cobri-los para que eles não
sejam vistos; e assim as folhas justas de civilidade podem escondê-los dos olhos do
homem, mas Deus vê os vermes de orgulho,
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incredulidade, e cobiça em seu coração: “Vós
sois os, “diz Cristo”, “que vos justificais a vós
mesmos diante dos homens, mas Deus conhece
os vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação."
(Lucas 16.15). Um homem pode não ser
moralmente mau, e ainda não ser espiritualmente bom. Ele pode estar livre da
enormidade grosseira, mas cheio de inimizade
secreta contra Deus; como a serpente, que
apesar de ser de uma cor muito boa, ainda tem seu aguilhão.
2. Se vocês são bons somente no sentido
negativo, Deus não faz cômputo de vocês;
porque são como dígitos na aritmética de Deus, e ele não anota dígitos no livro da vida. Pegue um
pedaço de bronze, embora não seja um metal
tão ruim como chumbo ou ferro, ainda não é tão
bom como a prata ou o ouro, e como há pouco cômputo nele, ele não vai servir de lastro para a
moeda corrente; e assim, embora você não seja
profano, ainda que seja um bom metal,
querendo o carimbo da santidade sobre você, não pode ser de uso para Deus e ele lhe
despreza, porque você é senão um cristão de
bronze.
3. Um homem pode muito bem ir para o inferno por não fazer o bem, como por fazer o mal;
aquele que não dá bom fruto é um bom
combustível para o inferno, tanto quanto aquele
que dá frutos maus. "E já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois que não
produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.”
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(Mt 3.10). Pode-se muito bem morrer por não
comer alimentos, como com veneno, um
terreno pode muito bem ser estragado por falta
de boa semente como por ter joio semeado no mesmo; os que não estavam ativos em obras de
caridade, foram infelizmente condenados:
"Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o
fogo eterno, preparado para o Diabo e seus
anjos; porque tive fome, e não me destes de
comer; tive sede, e não me destes de beber;" (Mt 25. 41,42). Não é dito: pegue comida comigo, mas
“não me destes de comer.” Por que foram as
virgens loucas caladas? Elas não tinham feito
nenhum dano, não tinham quebrado as suas lâmpadas, mas elas "não levaram azeite em suas
lâmpadas,“(Mt 25.3). Elas tinham falta de azeite,
foi a acusação: Portanto, que nenhum homem
construa a sua esperança para o céu em cima de negativas. Isto é construir sobre a areia; a areia é
ruim para construir; ela não vai cimentar; mas
suponha que um homem deve terminar uma
casa em cima dela, qual é o problema? A inundação vem - a perseguição - e a força dessa
inundação vai afastar a areia e fazer a casa cair;
e o vento sopra, o sopro do Senhor, como um
vento veemente e vai explodir um edifício tão arenoso no inferno; tenha temor, então, para
descansar na parte positiva da religião, lance
sua luz e seja eminentemente santo. Então eu
venho para as próximas palavras, mas "o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita
de dia e de noite."
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CAPÍTULO II
O Que se Quer dizer com a Lei de Deus, o Que é
se Deleitar na Lei, e Qual é a Proposição Resultante
As palavras dão uma dupla descrição de um homem piedoso.
Em primeiro lugar, tem prazer na lei de Deus.
Em segundo lugar, Ele medita na lei de Deus.
Eu começo com a primeira, "Seu prazer está na lei do Senhor:" O grande Deus tem afeto e
carinho por cada criatura; isto tem, pelo instinto
da natureza, algo para agradar a si mesmo nisso.
Agora o verdadeiro santo, não por intuição, mas por inspiração divina faz com que a lei de Deus
seja o seu prazer.
Este é o emblema de um cristão, "Seu prazer está
na lei do Senhor.“ Um homem pode trabalhar em seu comércio, e não deliciar-se com ele,
quer no que diz respeito à dificuldade do
trabalho, ou à pequenez da renda; mas um
homem piedoso serve a Deus com prazer; pois é a sua comida e bebida fazer a Sua vontade.
Para a explicação das palavras, isto deve ser
analisado:
1. O que se entende por "a lei do Senhor. “ Esta palavra, Lei, pode ser tomada de forma mais
estrita ou mais ampla. (1) Mais estritamente,
para o Decálogo ou Dez Mandamentos. (2.) Mais
amplamente: [1] Para toda a palavra escrita de Deus. [2] Para aquelas verdades que são
deduzidas a partir da palavra, e que se
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concentram nela. [3] Para todo o assunto da
religião que é a contrapartida da lei de Deus, e
concorda com ela assim como a transcrição
com o original. A Palavra é um fundamento, algo estabelecido, e a religião é uma mostra, uma
exibição da prática da lei de Deus. Vou
aproveitar esta palavra em toda a sua latitude e extensão.
2. O que se entende por prazer na lei de Deus.
Tanto o original Hebraico quanto a Septuaginta
trazem: “sua vontade está na lei do Senhor; e aquilo que é voluntário é deleitoso; um coração
misericordioso serve a Deus a partir de um
princípio de inocência; ele faz da lei de Deus não
somente a sua tarefa, mas a sua recreação. Doutrina: Que um filho de Deus, embora ele não
possa servir ao Senhor perfeitamente, mas ele
lhe serve de bom grado; sua vontade está na lei
do Senhor; ele não é um soldado pressionado, mas um voluntário; pelo bater deste pulso
podemos julgar se há vida espiritual em nós, ou
não. Davi professou que a lei de Deus era o seu
prazer (Salmo 119,77), ele teve sua coroa para deleitar-se, teve sua música para animá-lo, mas
o amor que ele tinha à lei de Deus fez afogar
todos os outros deleites.
“Tenho prazer na lei de Deus”, diz Paulo, "no homem interior." (Rom 7,22), a palavra no
original grego é, eu tenho o prazer; a lei de Deus
é a minha recreação, e foi um prazer no coração,
isto é, no homem interior. Um homem ímpio pode ter alegria no rosto ( 2 Cor. 5.12), como o
mel de orvalho, que molha a folha; mas o vinho
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do Espírito de Deus alegra o coração. Paulo se
encantou na lei no homem interior.
(Nota do tradutor: Deus criou o homem para que
se deleitasse nas coisas criadas mas sobretudo na maior fonte de deleites que é Ele próprio.
Mas o homem não pode ter a devida apreciação
de todo este deleite caso não ande em conformidade com o caráter de Deus, o qual é
revelado na Sua Lei, e daí nos ser ordenado e
indicado não raras vezes nas próprias Escrituras
sobre a necessidade de amarmos e praticarmos os mandamentos de Deus porque sem isto é
impossível agradá-lo, e se Ele não se agradar de
nós, como poderemos, por nosso turno achar
qualquer prazer nEle, ou até mesmo desfrutar tudo o mais que criou para o nosso aprazimento,
com comedimento, sabedoria e com um
coração reto, para um verdadeiro desfrute?
Pode uma má consciência desfrutar a paz? Pode um viver na imundície conhecer e desfrutar o
prazer que há na pureza? E assim por diante,
nada é de real valor e deleite se não houver este
prazer na lei de Deus no coração. A justificação pela graça mediante a fé em Jesus
Cristo pode nos garantir o ingresso no céu, mas
para termos o deleite espiritual aqui referido a
justificação e regeneração que são obtidas na conversão não serão suficientes para termos
este deleite no Senhor, caso não sejam
acompanhadas pela santificação diária, pela
qual somos capacitados pelo Espírito Santo a também amar e guardar os mandamentos de
Deus.)
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CAPÍTULO III
De Onde Brota o Deleite Espiritual do Santo?
O deleite do santo procede da lei de Deus.
1. A partir de solidez de julgamento. A mente
apreende uma beleza na lei de Deus; Agora, o julgamento chama as afeições. "A lei de Deus é
perfeita" (Salmo 19.7). A palavra hebraica para
perfeito, parece aludir a um corpo completo,
corpo inteiro, que não tem falta de qualquer membro ou detalhes. A Lei de Deus deve
necessariamente ser perfeita, pois é capaz de
nos fazer sábios para a salvação (2 Tim. 3. 15).
A Septuaginta – versão grega do Velho Testamento - diz que a lei do Senhor é pura,
como a beleza que não tem mancha, ou o vinho
que é clarificado e refinado. A alma que olha
para essa lei, vendo tanto brilho e perfeição não pode deixar de deliciar-se com ela; a lâmpada do
meio do santuário que era acendida com o fogo
do altar, acendia todas as demais luzes do
candelabro de sete hastes. Assim, o julgamento tendo sido iluminado pela Palavra, começa a
arder em seus afetos por ter sido incendiado
pela Palavra.
2. Este santo deleite nasce da predominância da graça. Quando a graça vem com autoridade e
majestade sobre o coração, ela o preenche com
prazer; naturalmente, não temos prazer em
Deus; "Eles dizem a Deus afaste-se de nós, pois não desejamos ter conhecimento dos teus
caminhos“; ou melhor, não há apenas uma
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antipatia, mas a antipatia; pois pecadores são
chamados de aborrecedores de Deus (Rom.
1.30), mas quando a graça entra no coração, que
grande mudança acontece nele! A graça prepondera, e lança fora a rebelião da vontade,
faz um homem ser de outro espírito. Ela
transforma a ferocidade leonina em uma doçura igual à da pomba, ela muda o ódio em
prazer; a graça coloca um novo viés na vontade,
ela opera uma espontaneidade e alegria no
serviço de Deus. “O teu povo será um povo disposto no dia do teu poder” (Salmo 110,8).
3. Este prazer santo em religião é derivado da
doçura do fim. Bem podemos com alegria lançar
a rede do nosso esforço quando temos um tão excelente projeto. O céu no final do dever traz
consigo o deleite no caminho do dever.
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CAPÍTULO IV
Mostrando uma Diferença Característica entre
um Filho de Deus e um Hipócrita
Aplicação 1. Isto nos mostra uma diferença
entre um filho de Deus e um hipócrita, o que serve a Deus a partir de um princípio de prazer,
e outro que não o faz, mas finge que o possui, e
por isso dizemos hipócrita, não em sentido
ofensivo, mas em relação a tentar mostrar algo que não se possui de fato.
"Melhor é para mim a lei da tua boca do que
milhares de ouro e prata.“ ( Salmo 119.72).
(Nota do tradutor: além de ter uma aplicação geral, isto se aplica especialmente aos falsos
pastores e mestres da religião que são
enganadores e que fazem um comércio para
explorar os incautos. Estes são lobos em peles de ovelhas, e nada possuem da verdadeira
santidade. De maneira que o deleite que propõe
aos seguidores não é e nem pode ser aquele que
decorre da guarda genuína dos mandamentos de Deus, senão das vantagens que são
fundamentadas no tráfico de promessas que
não são espirituais, celestiais e divinas, mas
todas de caráter mundano e relativas aos interesses desta vida, conforme são buscadas e
agradam aqueles que vivem e andam na carne e
não no Espirito.)
Com que deleite um avarento fala sobre os seus milhares? Ah, mas a lei de Deus era melhor do
que os milhares de Davi; um filho de Deus olha
16
para o serviço de Deus, não só como seu dever,
mas como o seu privilégio. Um coração gentil
ama cada coisa que tem o selo de Deus sobre ela.
A Palavra é o seu prazer. "Acharam-se as tuas palavras, e eu as comi; e as tuas palavras eram
para mim o gozo e alegria do meu coração; pois
levo o teu nome, ó Senhor Deus dos exércitos.” (Jer 15.16). O dia do Senhor, o Sabath, é o seu
prazer. "Se desviares do sábado o teu pé, e
deixares de prosseguir nas tuas empresas no
meu santo dia; se ao sábado chamares deleitoso, ao santo dia do Senhor, digno de honra; se o
honrares, não seguindo os teus caminhos, nem
te ocupando nas tuas empresas, nem falando
palavras vãs; então te deleitarás no Senhor, e eu te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te
sustentarei com a herança de teu pai Jacó;
porque a boca do Senhor o disse.” (Isa. 58.13,14).
A oração é o seu prazer – “sim, a esses os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha
casa de oração (Isa 56.7). A audição da Palavra é
o seu prazer - "Quem são estes que voam como
pombas para as suas janelas?“ (Isa 60.8). A alma gentil voa como uma pomba para uma
ordenança, sobre as asas do deleite. O
sacramento é o seu prazer – “E o Senhor dos
exércitos dará neste monte a todos os povos um banquete de coisas gordurosas, banquete de
vinhos puros, de coisas gordurosas feitas de
tutanos, e de vinhos puros, bem purificados.”
(Isa. 25.6). Um dia de santa ceia é um dia de alma festiva; aqui Cristo toma a alma em sua casa de
banquete, e exibe a bandeira do amor (Cant 2.4).
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Aqui estão as iguarias celestiais que nos são
dadas. Cristo nos dá seu corpo e sangue. Este é o
pão dos anjos, este é o néctar celestial, aqui está
um copo perfumado com a natureza divina; aqui está o vinho aromático com o amor de Deus. Os
judeus em suas festas derramam bálsamo sobre
seus hóspedes, e os beijam; aqui Cristo derrama o óleo da alegria para o coração, e nos beija com
os beijos de seus lábios. Este é o banho do rei
onde somos lavados e purificados da nossa
lepra: a alma seca, após o recebimento desta Santíssima Eucaristia, tem sido como um jardim
regado, frutífero e florescente, ou como os
campos do Egito, após o transbordamento do
Nilo; e você quer saber como um filho de Deus se deleita nas coisas santas? Ele precisa ser
voluntário na religião.
Mas não é assim com um hipócrita; ele pode ser
forçado a fazer o que é bom, mas não querer o que é bom; ele não vai servir a Deus com alegria.
"Deleitar-se-á no Todo-Poderoso?” ((Jó 27.10).
Aquele que não tem nada desta complacência e
deleite, aparece, assim, porque ele serve a Deus de má vontade; ele traz o seu sacrifício com uma
mente perversa (Prov. 21.27).
Assim se deu com Caim: foi muito antes de ele
trazer a sua oferta, que não era as primícias; e quando o fez trouxe-a a contragosto; não foi uma
oferta voluntária (Deut 16. 10). É provável que era
o costume da família de seu pai sacrificar; e
talvez a sua consciência possa tê-lo confrontado por tolerar por tanto tempo, e por fim, quando a
oferta foi trazida, veio como uma tarefa em vez
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de um dever; como um imposto ou multa em vez
de um sacrifício apresentado com amor.
Caim trouxe a sua oferta, mas não a si mesmo. O
que Sêneca diz de um presente, posso dizer de um sacrifício; não é ouro e prata que faz um
presente, senão uma mente disposta. Por isso,
não é a oração e a audição da Palavra que faz um sacrifício aceitável a Deus, mas é um espírito
voluntário. Caim não era uma oferta, mas um
imposto, não uma adoração, mas uma
penitência.
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CAPÍTULO V
Dois Casos de Consciência Resolvidos
Mas aqui estão dois casos a serem colocados.
Caso 1. Se uma pessoa regenerada pode servir a
Deus com cansaço. Resposta. Sim; mas 1. Este prazer em Deus não é
totalmente extinto. Esta lassidão e cansaço em
um filho de Deus pode surgir, da corrupção
interior, Rom. 7.24. Isto não provém da graça que há nele, mas do pecado; como o afundamento de
Pedro sobre a água não foi decorrente de sua fé,
mas de seu medo; ainda eu digo que a vontade
de uma pessoa regenerada é para Deus, Rom. 7.15. Paulo encontrou, por vezes, uma
indisposição para o bem, Rom. 7,23; mas, ao
mesmo tempo, ele professa uma complacência
em Deus, verso 22. “tenho prazer na lei de Deus, no homem interior.”
Uma pessoa pode deleitar-se com música, ou
qualquer recreação, ainda que com cansaço do
corpo, e estando indisposta; um cristão pode amar a lei de Deus, embora às vezes a obstrução
da carne pese para baixo, e ele encontra seu
antigo vigor e agilidade abalados.
Resposta 2. Respondo que esta fraqueza e cansaço em uma pessoa regenerada não é
habitual; não é o seu temperamento constante;
quando a água do mar flui pode ser maré baixa,
mas logo depois de um tempo será maré alta de novo; de igual modo na vida do cristão há um
tempo de maré baixa, ele encontra uma
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indisposição para o que é bom, mas dentro de
um tempo há uma maré alta de afeto, e a alma é
levada a cumprir com disposição e alegria os
deveres sagrados; dá-se com um cristão o mesmo que acontece com um homem que está
enfermo, ele não tem prazer em sua comida
como antigamente; ou melhor, por vezes, a simples visão dela o ofende, mas quando ele está
bem, ele volta a comer novamente com prazer e
apetite; por isso, quando a alma é destemperada
através de tristeza e melancolia, não acha deleite na palavra e oração como
anteriormente; mas quando ele retorna ao seu
temperamento saudável novamente, agora ele
tem o mesmo deleite e alegria no serviço de Deus como antes.
Resposta 3. Respondo que esse cansaço em uma
pessoa regenerada é involuntário; ela está
preocupada com isso; e não vai abraçar a sua doença, mas lamentá-la. Ele está cansado de seu
cansaço. Quando ele encontra um peso no
dever, ele vai pesadamente sob aquele peso; e
então ora, chora, luta, usa de todos os meios para recuperar seu entusiasmo no serviço de
Deus como ele estava acostumado a ter. Davi,
quando as rodas de sua carruagem eram
quebradas, ele colocava mais peso na religião, quantas vezes ele orou por vivificação da graça?
(Salmo 119).
Quando os santos encontram seus corações
desmaiados, suas afeições enfraquecendo, e um estranho tipo de letargia apreensiva sobre eles,
eles nunca estão em repouso até que tenham se
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recuperado, e cheguem àquela liberdade e
prazer em Deus como experimentavam antes.
Caso 2. O segundo caso é, se um hipócrita não
pode servir a Deus com alegria? Eu respondo, ele pode; Herodes ouviu João Batista de bom
grado (Mt 6.20). e aqueles que jejuaram para
contendas e debates, “tinham prazer em saber o caminho de Deus,” (Isa, 58.2). O hipócrita pode,
por algumas esperanças chamativas do céu,
mostrar um deleite na bondade; mas ainda não
é um deleite como é encontrado no regenerado, porque o seu deleite é prazer carnal. Um homem
pode ser carnal, enquanto ele está fazendo as
coisas espirituais: não é na santidade e rigor na
religião que o hipócrita se deleita, mas em outra coisa; ele se deleita em orar, mas isto é senão
uma exibição de dons, do que o exercício da
graça. Ele tem prazer em ouvir a palavra, mas
não é na espiritualidade da palavra que ele se deleita; não no sabor do conhecimento e da
prática, mas no brilho. Quando ele vai ouvir a
palavra pregada, é para que ele possa celebrar a
sua fantasia e não para melhorar o seu coração; como se um homem devesse ir à farmácia por
uma pílula, só para ver o douramento da
mesma, não para a virtude operativa.
O hipócrita vai para a palavra para ver o que há de dourado em um sermão, e que possa
encantar o intelecto. Os hipócritas vêm para a
palavra como quem entra em um jardim para
arrancar e cheirar alguma fina flor; e não como uma criança que vem ao peito por alimento. Isto
é mais curiosidade do que a piedade. Tais eram
22
os que são citados em Ez 33.32: “E eis que tu és
para eles como uma canção de amores, canção
de quem tem voz suave, e que bem tange;
porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra." O profeta sendo eloquente, e
fazendo uma entrega da Palavra de Deus, lhes
era muito doce e agradável, ele soava para eles como uma música, mas não era da
espiritualidade do assunto que eles gostavam,
senão da tonalidade da voz.
Esta foi uma repreensão afiada, ainda aplicável à nossa época, de Crisóstomo aos seus ouvintes:
“Isso é o que”, diz ele, “afunda as suas almas,
vocês ouvem seus ministros como muitos
menestréis, para agradar ao ouvido, e não para ferir as suas consciências.“ Você vê que o deleite
de um hipócrita na religião é carnal; isto não é o
que está sendo criado com as palavras da fé,
senão a eloquência do discurso, a vividez da fantasia, a suavidade do estilo: ele se esforça
apenas para arrancar o conhecimento da árvore
do conhecimento. Ai, pobre é aquele que pode
ter a luz da estrela do conhecimentos e, no entanto, pode ser noite em sua alma.
23
CAPÍTULO VI
Provação do Deleite de um Cristão em Deus
Aplicação 2. Provação. Deixe que isto seja
colocado sob um escrutínio santo, se temos este
deleite na religião? Responder isto é como uma questão de vida ou de morte.
Questão. Como pode este deleite espiritual ser
conhecido?
Resposta 1. Aquele que se deleita na lei de Deus, está frequentemente pensando nisto; que um
homem se deleita em seus pensamentos que
ainda estão em execução; aquele que se deleita
em dinheiro, sua mente está ocupada com isso; portanto, do avarento é dito que só pensa nas
coisas terrenas (Fp 3.19). assim, se há um prazer
nas coisas de Deus, a mente estará ainda
meditando sobre elas. Que tesouro raro é a Palavra de Deus! Ela é o campo onde a pérola de
alto valor está escondida; quão preciosas são as
promessas? Elas são o canal que contém a água
da vida; elas são como aqueles dois ramos de oliveira - "Segunda vez falei-lhe, perguntando:
Que são aqueles dois ramos de oliveira, que
estão junto aos dois tubos de ouro, e que vertem
de si azeite dourado?” (Zac 4.12). Estas selam perdão, adoção, e glória: “Ó Senhor por estas
coisas vivem os homens,” (Isa 38.16). Onde há
um prazer na lei de Deus, a mente está
totalmente ocupada sobre ela. 2. Se nos deleitarmos com a religião, não há nada
que possa nos afastar disso, mas vamos estar
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familiarizados com a palavra, a oração, e os
sacramentos. Aquele que ama o ouro vai
negociar por ele. O mercador irá cruzar terra e
mar para ganhar dinheiro. Se há um deleite em coisas santas, não vamos
ser detidos por uma ordenança, pois não
estamos traficando para a salvação. Se um homem estiver com fome, ele não deixará de ir
ao mercado por causa de uma dor em seu dedo.
As ordenanças são um mercado evangélico, não
se afastarão por causa de qualquer provação leve.
(Nota do tradutor: o fardo de Jesus é leve, ou seja,
o seu serviço, e o seu jugo é suave, ou seja, o
dever que temos de guardar os seus mandamentos em obediência à direção do
Espírito Santo que nos guia. Guardar os
mandamentos não é, portanto, conforme dizer
do apóstolo João, algo que seja penoso. Não é um peso mas um prazer para o crente guardar a Lei
de Deus. E quanto às provações da fé que temos
neste mundo, elas não podem ser comparadas
em sua leveza momentânea, com o eterno peso de glória que aguarda por todos aqueles que têm
a Cristo como seu Salvador e Senhor.)
“Alegrei-me, quando me disseram, vamos à
casa do Senhor“ (Salmo 122,1). Você que fica feliz quando o diabo lhe ajuda com uma desculpa
para se ausentar da casa do Senhor, está muito
longe deste santo deleite.
3. Aqueles que se deleitam com a religião vão muitas vezes falar dela; "Então aqueles que
temiam ao Senhor falaram uns aos outros:” (Mal
25
3.16). Onde há graça infundida, ela será efusiva.
“As palavras da boca do sábio são cheias de
graça," (Ecl 12.10). Davi deleitando-se com os
testemunhos de Deus, “iria falar deles diante dos reis,” (Salmo 119,46). A esposa deleitando-se
com seu amado, não conseguia esconder o seu
amor, mas irrompe em expressões não menos elegantes: "O meu amado é branco e rosado, o
primeiro entre dez mil, a cabeça é como o ouro
mais refinado“ etc.
Os discípulos cujos corações estavam sobre Cristo, fizeram dEle todo o seu assunto quando
eles estavam indo para Emaús (Lucas 24.19). Os
cristãos primitivos que foram alimentados com
o amor a Deus, falavam tanto do céu, e do reino preparado por Cristo para eles, que o imperador
suspeitava que pretendiam tomar o seu reino
dele. As palavras são o espelho da mente, elas
revelam o que está no coração. Onde há deleite espiritual, como o vinho novo, ele exalará o seu
aroma; a graça se derramou em seus lábios
(Salmo 45.2). Um homem que é da terra fala da
terra (João 3.,31). Ele pode falar, senão com dificuldade, três palavras, mas duas delas são
sobre a terra. Sua boca, como a do peixe no
evangelho, está cheia de ouro. (Mt 17.27). Então,
onde há um prazer em Deus, “a nossa língua será como a pena de um escritor habilidoso”.
(Salmo 45). Esta é uma escritura que é uma
pedra de toque para provar os corações dos
homens. Infelizmente, revela quão pouco eles se deleitam em Deus, porque são possuídos por
26
um demônio mudo; eles não falam a língua de
Canaã.
4. Aquele que se deleita em Deus, vai dar-lhe o
melhor em cada serviço. Aquele a quem amamos melhor, terá o melhor. A cônjuge
deleitando-se com Cristo, lhe dará de seus
frutos excelentes (Cant 7,13), e se ela tem um copo de vinho aromático, e cheio do suco da
romã, ele deve beber disto (Cant 8.2).
Aquele que se deleita em Deus dá-lhe a força de
suas afeições, a nata das suas funções; se ele tem qualquer coisa melhor do que outra, Deus a terá.
Os hipócritas não se importam com isso, pois
oferecem a Deus aquilo que jogariam fora ou o
que nada lhes custe. Oferecem orações que não lhes custam lágrimas ou o derramar da alma. (1
Sam 1). Eles não colocam qualquer custo em
seus serviços. Caim trouxe do fruto da terra
(Gên 4.8). É observável, que o Espírito Santo não menciona
qualquer coisa que possa elogiar, ou detalhar o
sacrifício de Caim. Quando ele fala de Abel, ele
coloca uma ênfase sobre isso, "Abel trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua
gordura", versículo 4, mas quando fala de Caim,
somente diz, "ele trouxe do fruto da terra."
Alguma coisa talvez tirada de uma vala; mas Deus, que é o melhor, será servido com o
melhor. Domiciano não teria a sua estátua
esculpida em madeira ou ferro, mas em ouro.
Deus terá o melhor das nossas melhores coisas, serviços de ouro. Aquele que se deleita em Deus,
dá-lhe a gordura da oferta; o mais puro do seu
27
amor, o mais quente do seu zelo; e quando ele
fez tudo, lamenta que ele não pôde fazer mais, e
vê uma desproporção infinita entre a Divindade
e o dever. 5. O que se deleita em Deus, não encontra mais
deleite em qualquer outra coisa. O mundo
parece estar em um eclipse; Paulo deleitava-se na lei de Deus, no homem interior, e como ele
foi crucificado para o mundo? (Gal. 6.14). Não é
absolutamente ilegal deleitar-se com as coisas
do mundo, (Deut 26.11). “Te alegrarás por todo o bem que o Senhor teu Deus te deu. "
Mas ninguém pode usufruir melhor e ter o
conforto dessas coisas que os crentes têm; pois
eles têm um melhor direito a elas, e têm o orvalho de uma bênção destilada, “Pegue dois
talentos, disse Naamã a Geazi,”(2 Reis 5.23).
Assim diz Deus a um crente, tome dois talentos,
para teus confortos exteriores, e toma o meu amor com eles; mas os filhos de Deus, embora
sejam gratos por misericórdias exteriores,
todavia, eles não se ocupam muito com essas
coisas; eles apenas as usam como uma conveniência, para a sua peregrinação, mas
sabem que quando se assentarem no reino dos
céus, e eles próprios descansarem, eles não
terão qualquer uso pessoal destas coisas de Jacó. Crentes não oram muito por essas coisas que
ainda estão passando. Seu prazer está
principalmente em Deus e na sua lei; e isto é
assim? Temos esta baixa opinião de todos os confortos sob a lua?
28
Disse o astrônomo, que se um homem fosse
levantado tão alto quanto a Lua, a Terra
pareceria para ele, senão como um pequeno
ponto. Se pudéssemos ser levantados para o céu em nossas afeições, todos os prazeres terrestres
pareceriam ser nada; quando a mulher de
Samaria havia se encontrado com Cristo, para baixo foi o cântaro, ela o deixou para trás; aquele
que se deleita em Deus, como tendo provado a
doçura nele, também deixa o cântaro, e o
mundo para trás. 6. O verdadeiro deleite é constante. Hipócritas
têm suas dores de desejo, e flashes de alegria,
que são breves. Os judeus se regozijaram na luz
de João Batista por uma temporada (Jo 5,35). Corações doentios podem ter prazer na lei do
Senhor por uma temporada; mas, eles vão
mudar rapidamente a sua nota: "Que canseira é
servir o Senhor!" O crisólito (pedra de ouro), que é de uma cor
dourada, na parte da manhã é muito brilhante
para se olhar, mas ao meio-dia ele fica sem
brilho, e tem perdido o seu esplendor; tais são os brilhos de hipócritas. O verdadeiro deleite,
como o fogo do altar, nunca apaga; e a aflição
não pode extirpá-lo. "Tribulação e angústia se
apoderam de mim, mas os teus mandamentos são o meu prazer." (Salmo 119,145)
29
CAPÍTULO VII
Uma Persuasão para Este Deleite Santo em
Religião
Aplicação 1. Exortação. Deixe-me persuadir os
cristãos a trabalharem para este prazer santo; comentando o texto "Deixe seu prazer estar na
lei do Senhor:" E para que eu possa cumprir
melhor a exortação, vou colocar diante de você
várias considerações de peso. 1. Há aquilo que na lei de Deus, pode causar
prazer; como aparece em duas coisas. Há nela:
1. Verdade.
2. Bondade. 1. Verdade. A lei de Deus é uma série de verdades
(Sl 119.160). "A tua palavra é a verdade desde o
início." Os dois Testamentos são os dois lábios
pelos quais o Deus da verdade tem falado para nós. Aqui está uma base firme para a fé.
2. Bondade. “Desceste sobre o monte Sinai, do
céu falaste com eles, e lhes deste juízos retos e
leis verdadeiras, bons estatutos e andamentos;” (Ne 9.13).
Aqui está a Verdade e a Bondade; uma adequada
para a compreensão, e a outra para a vontade.
Agora, esta bondade e excelência da lei de Deus resplandece em nove indicações.
1. A presente lei abençoada de Deus é uma carta
enviada a nós do céu, ditada pelo Espírito Santo,
e selada com o sangue de Cristo; veja algumas passagens da carta: Isa. 62.5 "Pois como o
mancebo se casa com a donzela, assim teus
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filhos se casarão contigo; e, como o noivo se
alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu
Deus “ e Oséias 2.19: “Desposar-te-ei comigo
para sempre em justiça e em benignidade, e em misericórdias.” Não é agradável a leitura desta
carta de amor?
2. A lei de Deus é uma luz "que brilha em lugar escuro“ (2 Pe 1.19). É a nossa estrela polar para
guiar-nos para o céu; foi a lâmpada e a luz para o
caminhar de Davi (Sl 119,105). Agora a luz é doce
(Ec 11.7). É triste a falta dessa luz nos pagãos que não têm o conhecimento da lei de Deus, e que
em sua necessidade tropeçam para o inferno no
escuro.
3. A lei de Deus é um espelho espiritual para vestir nossas almas. Davi olhou-se neste
espelho, e teve muita sabedoria, Salmo 119,104 -
“Pelos teus preceitos alcanço entendimento. "
A lei de Deus é um espelho para nos mostrar nossos rostos, e uma pia para nos lavarmos.
4. Esta lei de Deus contém em si as nossas
evidências para o céu; saberíamos se somos
herdeiros da promessa, se os nossos nomes estão escritos no céu? devemos encontrá-lo
neste livro da lei. 2 Tessalonicenses. 2.13 - "Mas
nós devemos sempre dar graças a Deus por vós,
irmãos, amados do Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a santificação
do espírito e a fé na verdade”. 1 João 2.14 - "Nós
sabemos que já passamos da morte para a vida,
porque amamos os irmãos;“ e não é confortável esta leitura sobre as nossas evidências?
31
5. A lei de Deus é um lugar de munição, a qual
devemos buscar para nossa artilharia espiritual
para lutar contra Satanás. Pode ser comparada
com a “torre de Davi, edificada para sala de armas; no qual pendem mil broquéis, todos
escudos de guerreiros valentes. “ (Cant. 4.4). Ela
é chamada de "espada do Espírito” (Ef. 6.16). É observável, que quando o diabo tentou nosso
Salvador, ele correu para as Escrituras para
armar-se, “está escrito”; três vezes feriu Cristo a
serpente com esta espada, (Mt 4,4). É bom ter a nossa armadura sobre nós quando o inimigo
está no campo.
6. A lei de Deus é o nosso livro físico espiritual,
ou um livro de receitas. Basílio compara a palavra de Deus à loja de um boticário que tem
todos as receitas para qualquer doença que
estiver crescendo na alma. Se nos encontramos
mortos no dever, aqui está uma receita, Salmo 119.50. “A tua palavra me vivifica”; "se nossos
corações estão frios, aqui está uma receita," Não
é a minha palavra como fogo?” (Jer 23.29).
Isto é capaz de derreter a rocha em ternura. Se ficar orgulhoso, aqui está uma receita, 1 Pe 5.5 -
"Deus resiste aos soberbos”; se há alguma culpa,
temos aqui um remédio soberano para tomar, Jo
17.17. "santifica-os na tua verdade.“ A lei de Deus é como um jardim de um médico, onde se pode
caminhar e recolher qualquer erva medicinal
para expelir o veneno do pecado.
7. A lei de Deus é um tesouro divino para nos enriquecer; aqui estão as riquezas do
conhecimento, e as riquezas da segurança que
32
deve ser encontrada, Col. 2.2. Nesta lei de Deus
estão espalhadas muitas verdades como
diamantes preciosos para adornar o homem
oculto do coração. Davi tomou a lei de Deus como sua herança, Salmo 119,111. Nesta mina
abençoada está escondida a verdadeira pérola;
aqui nós cavamos até encontrarmos o céu. 8. A lei de Deus é o nosso conforto em tempos
difíceis; e é um forte consolo, Heb. 6.18. "Para
que possamos ter uma forte consolação." Elas
são consolações fortes certamente que podem adoçar a aflição, que podem transformar água
em vinho, que podem resistir contra a provação
ardente. “Este é o meu conforto na aflição,
porque a tua palavra me vivifica,” (Salmo 119.50). Os confortos do mundo são consolações fracas;
o homem tem conforto na saúde, mas deixe a
doença vir, onde está o seu conforto, então? Ele
tem conforto em uma propriedade, mas deixe a pobreza vir, onde está o seu conforto, então?
Estas são consolações fracas, eles não podem
suportar problemas; mas o conforto da palavra
são consolações fortes, elas podem adoçar as águas de Mara. Deixe a doença vir, o conforto da
palavra pode acalmar e "o habitante da terra não
deve dizer que está doente,“ (Isa 33,24). Deixe a
morte vir, e um cristão pode dizer com coragem: "Ó morte, onde está o teu aguilhão?” (1 Cor.
15,55). E não é confortável ter tal poder para
expelir o veneno da morte?
(Nota do tradutor: O consolo de Deus nos vem pela Palavra, mas não devemos esquecer que é o
próprio poder emanado da pessoa de Deus Pai,
33
de Jesus e do Espírito Santo, que com Sua
presença fortalece o coração do crente abatido,
quando este coloca a sua confiança na Palavra
de Deus e anda segundo os Seus mandamentos.) 9. A lei de Deus é o maná; um maná celestial que
se adapta ao paladar de todos os cristãos. Qual é
o desejo da alma? vivificação? fortalecimento? ela pode encontrar tudo neste maná.
2. Deleite-se com as coroas da religião e todos os
nossos serviços. Portanto, Davi aconselha seu
filho Salomão, não somente a servir a Deus, mas a servi-lo "com um espírito voluntário“ (1 Cron
28.9). Deleitar-se com o dever é melhor do que o
próprio dever; como é pior para um homem ter
prazer em pecado do que cometê-lo, porque não há mais a vontade em pecar; assim o prazer no
dever é para ser preferido: “Oh quanto amo a tua
lei,” (Salmo 119.97). Não é o quanto fazemos, mas
quanto nós amamos; hipócritas podem obedecer à lei de Deus, mas os santos amam sua
lei; isso leva embora a guirlanda.
3. Deleite-se com as coisas espirituais
evidenciadas pela graça; é um sinal de que recebemos o espírito de adoção. Uma criança
inocente deleita-se em obedecer seu pai; aquele
que é nascido de Deus é enobrecido pela graça,
e age a partir de um princípio de inocência; a graça altera o viés do coração, e faz com que seja
mudado de relutante, para disposto. O espírito
da graça é chamado de espírito voluntário
(Salmo 51). não só porque ele funciona livremente, mas porque torna o coração livre e
alegre em obediência; um coração
34
misericordioso, que não age por
constrangimento somente, mas por livre
consentimento.
4. Deleitar-se na religião vai fazer o assunto da religião se tornar mais fácil para nós. O deleite
faz cada coisa fácil; não há nada difícil para quem
é de espírito voluntário; o deleite transforma a religião em recreação; é como o fogo para o
sacrifício, como o óleo para as rodas, como o
vento para as velas do navio, ele nos leva ao
cumprimento completo do dever; aquele que se deleita no caminho de Deus, nunca vai reclamar
da aridez do caminho; uma criança que vai à
casa de seu pai, não vai se queixar de um mau
caminho. Um cristão está indo para o céu no caminho do
dever; cada oração, cada sacramento, é um
passo mais próximo da casa de seu Pai; a certeza
de que ele está tão cheio de alegria e que ele está indo para casa, fará com que não reclame do
mau caminho. Obtenha então este prazer santo.
Amados, não temos muitos quilômetros para
percorrer, a morte vai encurtar nosso caminho, vamos então nos deleitar docemente nisto.
5. Todos os deveres em religião são para o nosso
bem. Teremos o benefício; "Se tu és sábio, serás
sábio para ti mesmo“ (Prov 9.12). Deus tem misturado a glória e o nosso bem
juntos. "Eu dei-lhes os meus estatutos, que se
um homem fizer, ele viverá por eles," (Ez. 20.11).
Não há nada que o Senhor exija que não tenda à autopreservação. Deus nos convida a ler a sua
palavra, e por quê? esta palavra é a sua vontade
35
e testamento em que ele faz com que mais de
uma propriedade equitativa seja fixada sobre
nós, (Col. 1.12; 1 João 2.25). "E esta é a promessa
que ele nos fez, a vida eterna;" ele nos manda orar, e este dever transporta alimento em sua
boca, 1 João 5.14. "Esta é a confiança que temos
nele, que se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve." Peça o que você
deseja, ele vai assinar suas petições.
Se você tivesse um amigo que lhe dissesse:
Venha a mim quando precisar, que eu vou fornecer-lhe com dinheiro, você não se
deleitaria em visitar esse amigo? Deus lhe dará
mais da metade do reino, e não devemos
deleitar-nos com a oração? Deus nos manda crer, e há um favo de mel para ser encontrado
neste preceito: "Creia e você será salvo." A
salvação é a coroa que está na cabeça da fé. Bem
pode o apóstolo dizer, “os seus mandamentos não são pesados. "Oh então, se a religião é tão
benéfica, e se há tal ouro para ser escavado desta
mina, isto pode fazer-nos ter deleite nos
caminhos de Deus. 6. Como Cristo se deleita com a obra da nossa
redenção? "Eis-me aqui, tenho prazer em fazer a
tua vontade, ó meu Deus,“ (Salmo 40.7,8). Nisto
concordam os expositores quando falam misticamente de Cristo; quando ele veio ao
mundo para sacrificar sua vida por nós, que foi
por oferta de uma vontade livre. "Eu tenho um
batismo para ser batizado com ele" (Lucas 12.50). Cristo deveria ser, e assim foi, por assim dizer,
batizado em seu próprio sangue, e como ele
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desejava que isto se cumprisse. Cristo deleitou-
se com a obra da nossa redenção, e não vamos
nos deleitar com o seu serviço? Ele sofreu de
bom grado, e oraremos de má vontade? Ele entregou a sua vida por nós tão alegremente, e
não vamos desistir de nossas vidas por ele?
Certamente, se qualquer coisa pudesse fazer Cristo se arrepender de derramar seu sangue,
seria isso, ver os cristãos se saírem tão mal no
dever, fazendo-o antes como uma penitência do
que um sacrifício. 7. Deleitar-se no serviço de Deus nos faz
semelhantes aos anjos no céu. Eles servem a
Deus com alegria; assim que Deus fala a palavra,
eles ficam ambiciosos para obedecer. Como eles são enchidos com prazer, enquanto eles estão
louvando a Deus! No céu, seremos como os
anjos; o deleite espiritual deveria nos fazer
como eles aqui; porque servir a Deus por constrangimento, é ser como o diabo; todos os
demônios do inferno obedecem a Deus, mas é
contra a sua vontade, eles aceitam uma
obediência passiva; mas o serviço que sai com prazer é angelical: isto é porque oramos para
que a vontade de Deus seja feita na terra como
no céu; e esta não é feita com prazer lá?
8. Seu prazer na lei de Deus não produzirá excesso. As coisas carnais muitas vezes causam
aversão e náusea; logo se cansam de nossos
deleites; por isso é que mudam de um sentido
para outro. Prazer demasiado é uma dor; mas as coisas espirituais não enfastiam ou cansam a
alma; pois quanto mais estudamos na lei de
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Deus, mais prazer encontramos. E a este
respeito Davi podia dizer que as palavras da boca
de Deus eram "mais doces ao seu paladar do que
o mel “(Salmo 119.103). porque alguém pode em breve se enjoar do mel, mas ele nunca pode se
enjoar com a palavra de Deus. Aquele que tem
uma vez, como Jeremias, “encontrado a palavra e a comido" (Jer 15.16). não ficará enjoado com
ela; há um sabor e aroma na palavra, que fazem
um cristão clamar: “Senhor, sempre me dê
deste pão.” Há aquela doce comunhão com Deus, que faz a alma dizer: "Oh que eu possa
estar sempre assim; Oh que eu sinta sempre o
que eu sinto agora!" Aquele que se deleita em
Deus, não vai se queixar que tem muito de Deus, mas muito pouco: ele abre e espalha as velas do
barco da sua alma para ter mais dessas
tempestades celestiais, ele anseia por aquele
tempo em que ele estará sempre se deleitando na visão doce e abençoada de Deus.
9. Sem este prazer santo nós nos cansamos, e
cansamos a Deus também, Isa. 7.13. " Então disse
Isaías: Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, que ainda afadigareis
também ao meu Deus?”. O nosso prazer em
Deus faria com que ele se agradasse de nós; mas
quando começamos a dizer que estamos cansados de servir ao Senhor (Mal 1.13), Deus
fica tão cansado como nós ficamos. Quando os
deveres são um fardo para nós, eles são um
fardo para Deus, e o que devemos fazer com eles? quando um homem está cansado de um
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CAPÍTULO VIII
Mostrando Como um Cristão Pode Chegar a
Esse Deleite na Lei de Deus
Aplicação 4. Para atingir este deleite abençoado na lei de Deus, três coisas são necessárias.
Direção 1. Tenha uma alta estima pela Palavra; o
que preza ao julgamento, as afeições abraça;
aquele que valoriza o ouro, irá deleitar-se com
ele; estamos aptos, por meio de um princípio de ateísmo, para entreter ligeiros pensamentos da
religião, portanto, nossas afeições são tão
pequenas. Davi valorizava os estatutos de Deus
numa taxa elevada; "Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino“ (Salmo
19.10), e, portanto, cresceu nele esse amor
inflamado por eles; “Terei prazer nos teus
estatutos" (Salmo 119,16).
2. Ore por um coração espiritual; um coração mundano não irá se deleitar com os mistérios
espirituais; a terra apaga o fogo. O mundanismo
destrói a alegria santa; obtenha um paladar
espiritual, para que você possa saborear a doçura da Palavra. Aquele que conhece a doçura
do mel, vai se deliciar com ele. "Se é que já
provastes que o Senhor é bom“ (1 Ped 2.3). Não é o suficiente ouvir um sermão, mas você tem que
provar o sermão; não é suficiente ler uma
promessa, mas você tem que provar a promessa;
quando tiver chegado a este paladar espiritual, então a Palavra de Deus estará com você "o gozo
e alegria do seu coração" (Jer 15.16).
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3. Se você deseja ter deleite na lei de Deus, lance
fora a alegria pelo pecado; porque o pecado
envenenará este deleite espiritual: Se você
deseja ter a doçura da lei de Deus, não deixe que “o mal lhe seja doce na boca” (Jó 20.12). Quando
o pecado for o seu fardo, Cristo será o seu
deleite.
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CAPÍTULO IX
O Deleite Santo Deve Causar Gratidão
Aplicação 5. Gratidão.
Que motivo têm para serem gratos aqueles que
podem encontrar este deleite espiritual em Deus? Como Davi bendisse a Deus que moveu os
corações das pessoas para ofertarem tão
alegremente para a construção do templo; "Mas
quem sou eu, e quem é o meu povo, para que pudéssemos fazer ofertas tão voluntariamente?
Porque tudo vem de ti, e do que é teu to damos.”
(1 Cron 29.14). A sua vontade era mais do que a
sua oferta; por isso um cristão deve dizer: Senhor, quando há tantos soldados servindo,
quem sou eu, que eu deveria ofertar tão
voluntariamente? Quem sou eu que deveria ter
teu espírito livre, e servir-te com um coração voluntário! É uma grande bênção ter esta
prontidão e presteza no serviço de Deus.
O deleite anima o espirito para o dever; agora
nós agimos de acordo com o propósito da
religião. Os cristãos nunca são descritos de forma tão poderosa e docemente, como quando
a cadeia de deleite é presa ao seu coração. Sem
isso tudo está perdido; nossa oração e audição da Palavra é como a água derramada no chão.
Isto perdeu sua beleza e recompensa; então,
bendiga a Deus, cristão, que ungiu as rodas da
tua alma com prazer, e agora tu podes “correr e não se cansar”. Porque teu conforto está
assegurado e não terás falta de qualquer coisa
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