ENsAios HisTóRicos
I o
Marcasdágua papeis avergoadosLeopold RvtIt
QLiando unia folha de papel avergoado é olhada a conraluz ela
apresenta de forma visível pela suamaior transparência uma série detraços retos justapostos e paralelamente espaçados entre si que se cruzam perpendicularmente com outrasérie de traços também paralelos porém bem atais espaçados que os primeiros AN duas séries pontusais ecororidéi respectivamente formamw linhzisdágua que caracterizam ospapéis avergoados e que decorrem dasuperposição entrecruzada dos fiosque configuram a peneira da fôrmaonde foi gerada a folha
Antecedentes históricos
Tudo parece indicar que as primeiras folhas de papel foram elaboradas pescando uma fina camadade fibras vegetais que após seremdevidamente socadas foram disper
sas numa massadágua e seguidamente deixadas em repouso até ficarem sobrenadando na superfície livre do líquido A camada de fibrasassim disposta era retirada medianteum tecido de malha fina numa operação que faz lembrar uma pescacom rede de modo a conseguir umadistribuição contínua e uniforme dasfibras sobre a rede do tecido usado
As folhas assim elaboradas não apresentavam marcas dágua a não serumas áreas ou manchas de maior ou
menor opacidade causadas pela faltade uniformidade na dispersão dasfibras sobrenadantes ou como re
sultado de uma pescaria turbulentaem demasia
Na época que o papel era manufaturado mediante fôrmas providas depeneiras o estudo cuidadoso das marcasdágua por elas deixadas nos papéis avergoados e nas filigranas per
mite estimar e visualizar com grandeprecisão as condições que determinavam a qualidade dos papéis assimmanufaturados Os levantamentos re
lativos às dimensões dalação localização geográfica tipo de fibras entreoutras características desta marcas
dágua indicam urna dependência dastecnologias papeleiras com relação àdisponibilidade na época de fios comcaracterísticas adequadas à retençãodas Fibras celulósicas sobre as malhas
das peneiras Estes fios imprescindíveis no preparo destes artefactoscondicionam uma parte não desprezível da evolução da tecnologia papeleira pela própria evolução das tecnologias de Fiação de fibras vegetaisou as de trefilação de metais ou desuas ligas
Portanto é conveniente conhecer a
disponibilidade dos diferentes fiosusados para confeccionar peneiras aolongo das sucessivas épocas históricas focalizando suas características
principais e especialmente os aspectos relativos a suas vantagens seusinconvenientes e eventuais fatores li
mílantes com relação à qualidade dospapéis com elas manufaturados
A produção de fios à base de crinasanimais de fios de seda de fibras
vegetais transadas ou de suas misturasou ainda de fios de metais ou de suas
ligas é uma área de conhecimentostecnológicos aparentemente periféricos Eles se apresentam porém comuma grande importância para os aspectos qualitativos do papel manufaturado mediante peneiras porquantoo conhecimento destes elementos é
de grande ajuda e fornece fundamentos sólidos para uma interpretaçãocorreta das mensagens deixadas pelasmarcasdágua nos papéis assim preparados
14 0 PapelAgosto 1995
Avergado da fórina papeleira
Tabela 1
Vegetal
Gampi
Comprimento
L mm
Diâme
tro
0 g
índice
110
44 370 12
Formio 75 500 is
Tapa 20 670 30
Mitsumate 45125
1000 16
Cânha 1140 22
Algodão 22
trapos
1160
1650
19
20Linho 33
Algodão
virgem
35 1960 18
Rami 135 2700 50
Provável seqüência evolutiva dosfios papeleiros
Quando os diferentes tipos dos fiosutilizados na confecção das peneiraspapeleiras são colocados numa seqüência que indica a complexidadecrescente da respectiva fiadura aparece a seguinte série crinas animaisfios de seda fios de lá fios vegetaisvarinhas ou taquara de bambu efinalitienle os fios metálicos mos
trando uma linha genealógica queiniciando no Reino animal segue peloReino vegetal e teriffina rio Reinomineral
Fios de origem animalAs crinas e a seti3 são os fias mais
importantes entre os de origem animale consistem em substâncias naturais
filamentosas de seção circular e comuni diâmetro muito reduzido com
relação ao seu comprimento Estacaracterística propicia desde os tempos mais remotos o seu uso comofios para costurar e amarrar os maisdiversos materiais por exemplotecidos para vestimentas lonas paravelas couros para arreios entre inúmeras outras utilidades
Os longos pêlos das crinas demamíferos nascem da epiderme ondeé formada a queratina substáneiaprotéica de grande importância naconstituição das crinas cabelos unhase cornaduras porquanto a queratinização das crinas ocorre de formacontinua de modo a assegurar umcrescimento também contínuo duran
te vários anos destes longos fios
naturais Quando era necessário reforçar a resistência de uma crina ela eratransada com outras crinas torcidas
todas elas e o seu conjunto aindarecoberto de breu ou outras resinas
vegetais com a finalidade de conseguir uma melhor proteção durante ouso das finas cordas assim formadas
Os fios de seda tal como retirados
dos casulos invólucros que contêmas larvas do bichodaseda são finos
demais para poder ser usados diretamente na elaboração de tecidosCom esta finalidade formase um fei
xe de entre cinco e dez fios singularesde seda para o seu conjunto ser fortemente torcido antes de ser dobrado
e assim induzir as duas metades a
ficarem mutuamente enroscadas e
formando uma única corda muito fina
Diversas destas cordilhas de seda eram
por sua vez agrupadas e torcidas paraserem dobradas novamente para darlugar a uma corda com uni diâmetromaior e urna grande resistência Fiosde seda assim preparados eram verdadeíras cordas liliputianas e sua re
sistência permitiu o seu uso bemsucedido na elaboração de peneirass
finas que receberam o nome desedaços
Os fios de lã obtidos pela fiaçãode pêlos bem mais curtos que ascrinas precisaram desenvolver técnicas de preparo mais elaboradas paraa sua manufatura Estes fios devido a
sua resistência à ração ser muitolimitada nunca foram realmente
usados na preparação de peneirasCaberia lembrar aqui porém a função dos panos de lã feltrada queretendo as fibras celulósicas deixam
passar a água das folhas de papelrecémformadas ao ser delas expulsaà força nas prensas de manchão
Fios de origem vegetalEntre os fios de origem vegetal
usados na elaboração de peneiras destinadas às fórinas papeleiras destacamse os formados por vegetais eujas fibras apresentam um comprimento elevado com relação ao seu diâmetro característica que permitia formar fios de uma grande estabilidadedimensional e também suportar oscontínuos esforços de tração aosquais ficavam sujeitos os fios daspeneiras no diaadiados moldes manuais para folhas de papel Na tabela1 são listadas fibras vegetais commaiores índices LI
A tabela mostra claramente queos vegetais que fornecem fibrasadequadas para sua Fação são também aqueles cujas fibras foram consagradas como fibras papeleiras combase ao excelente desempenho funcional das folhas de papel com elasobtidas nas antigas manufaturas
As marcas dágua irregulares registradas em papéis muito antigosparecem indicar o uso de peneiras compontusais constituídos de fibras vegetais ou até por filaças juntadas naforma de feixes finos e paralelosassim mantidos muito juntos mediantefios ou crinas atravessadas perpendicularmente e que os amarravam emcada cruzamento de forma a deixar
no papel formado nestas condiçõesumas marca dágua configurandouma linha reta chamada delinha de
corondéis Mesmo após imersão emóleo quente ou breu fundido paraserem reforçados estes fios assimtratados não deram tão certo quantoas Finas taquaras de bambu ou varinhas de madeiras com seu diâmetro
cuidadosamente reduzido antes de
serem endurecidas mediante os
Tabela 2
0 PapelAgosto 1995 15
Corondéís Pontusais
SéculoEspaçamento
médio
Variância Número
médiocs
Variância
X 133 339 255xi
1 503 713 141 175 559 319
X11 666 2642 396 113 38 336
Xill 449 821 185 135 26 195XIV 432 769 182 113 35 309XV 215 35 163 1
0 PapelAgosto 1995 15
tratamentosuuais naquela época
Fios de origem mineral0 dos Fios elaborados
com base a metais ou às suas ligas foiLim acontecimento muito importanteno desenvolvimento tecnológico dasmanufaturas papeleiras Os arames demetal eram já usados 3000 anos antesda nassa era Inicialmente o metal
preiiialo na forma de folhas eracortado em tiras muito estreitas e cujaseção retangular era pacientementetrabalhada mediante mariciamento do
metal adequadamente aquecido atéconseguir uni perfil circular comdiâmetro uniforme 0 martelamento
do metal quente era uma tecnologíainspirada nas práticas metalúrgicasusadas nas forjas de aço e nasfundições de cobre estanho zinco echumbo assim como nos trabalhos
com metais preciosos como o ouro e
uma melhoria cujo aparecimento poderia ser logicamente esperado apósa introdução da trefilação mecânicados arames destinados às peneirasCabe ressaltar que este levantamentopreliminar provavelmente utilizouuma amostra não suficientemente
representativa para validar estescálculos estatísticos Evidentemente
se comparamos quantitativamente onúmero de valores mencionados porOriol Valls i Subirá na obra La
Historia del Papel cri Espafia siglosXXIV1978 com a infinidade de
documentos disponíveis nos diversosArquivos ffistóricos da Península Ibérica fica mais do que evidente a insuficiente base quantitativa do levantamento esboçado e cuja presente publicação somente visa motivar algumestudioso para dar inicio a um levantamento digno da ampla base documental reconhecidamente disponível AL
3A SEMANA DE CELULOSE E PAPEL
18 a 22 de Setembro de 1995
a prata dos ourivesEm 1321 o arame metálico foi
usado em Fabriano por primeira vezem peneiras manuais e ele foi preparado provavelmente por martelamento e arredondamento de tiras es
treitas cortadas de folhas metálicas
ou mediante extrusão em fieiras
manuais Somente em 1350 aparece afieira mecânica inventada por Rodolfo de Nurenberg Ao uniformizaros diâmetros dos diferentes fios das
peneiras papeleira a fieira mecânicadeveria ler perinflido dar uni grandepasso em direção a melhores qualidades de papel Um levantamentomuito preliminar porém das variâncias nos valores observados nos espaçamentos entre os corondéis e das variâncias calculadas para o número depontusais nos papéis avergoados aolongo dos séculos X ao XIV videQuadro 111 não parece apontar para
Palestras técnicas e exposição de indústria e fornecedo
res fazem parte da programação do evento
Promoção SENAI Centro de Tecnologia em Celulose e Papel
Local Casa da Cultura
Telémaco Borba Paraná
E
Maiores informações e inscrições pelo telefonefax0422721925
Telêmaco Borba Paraná
0 PapelAgosto 1995
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