“O MEU MUNDO É IGUAL AO
TEU”
LIVRO DE EXPERIÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Instituto António Feliciano de
Castilho
CAMPO DE OURIQUE
(1973-1979)
A VIDA NEM SEMPRE COMEÇA
BEM, MAS PODE ACABAR
MELHOR!
EU E OS MEUS AVÓS
PATERNOS
CAROLINA E MANUEL
Nasci em Alcântara Terra e fui criado em Alcântara Mar.
Abandonado pela minha mãe, entregue á Santa Casa e depois
acabei por ir parar a casa dos meus avós paternos. Estes já na
casa dos 50 anos, com os filhos já criados e netos, já nascidos,
tiveram aqui, uma oportunidade de regressarem ao tempo de
serem pais. Cuidaram de mim, deram-me o mesmo amor e
dedicação, que deram aos 5 filhos.
Os meus avós paternos, Carolina e Manuel, eram pessoas
muito humildes trabalhadoras. Ele, engraxador no Largo de
Alcântara e ela, vendedora de fruta na Ribeira e também no
Largo de Alcântara. Eu, lá acompanhava a minha avó para a
Ribeira ou quando não me levava, ia ter com ela a pé.
Muito se disse sobre a minha educação em casa dos meus
avós, mentiu-se mais ainda e a cobra peçonhenta da mulher que
me teve, acabou por ela mesma provar do seu próprio veneno.
Odiada por todos, pela família e filhos e que vive como cadela
rafeira em casa.
Não me vou deter em falar da família, que não merece uma
linha sequer, mas sim do trajecto entre o colégio e a vida para a
sociedade, que me esperava 5 anos depois de sair.
Entretanto, os meus avós, teriam de me dar um nome.
Escolheram José Carlos e foram até á Igreja de S. Francisco de
Paula, na Calçada da Pampulha. O meu pai estava na tropa em
Elvas e as testemunhas foram o sacristão e uma tal de Maria
Helena, que se encontrava na igreja, depois de ter sido
madrinha de baptismo de uma criança, antes de mim. Fez-se o
que tinha de ser feito, até que, os avós maternos e a destravada
da filha, resolveram provocar algo, que tão bem sabiam fazer.
Serem varinas. Foram á igreja, obrigaram o Padre Vicente em
alterar o registo de baptismo por que sim, não havendo razão
para tal, mas eles é que decidiam e pronto. Mas, como odiavam
o meu pai, e por consequência iriam fazê-lo comigo, não
queriam que eu levasse o nome dele. Foram pessoas de muito
mau gosto, e sem pensarem, resolveram colocarem-me o pior
nome, o do avô materno. Ora, tinham 2 nomes á escolha,
António, por ter nascido no dia a seguir a Santo António e/ou
Francisco, por ser o nome da igreja. Padrinhos o mesmo sistema
e pessoas, que deram nome ao primeiro baptismo.
Passando a fase traumática causada pela indiferença e
odio dos avós maternos, que morreram bem cedo, passo ao que
me merece destaque pelo amor e coragem em criarem um neto
com tantas dificuldades e sujeitos ao veneno da ex-nora, uma
desequilibrada, mal amada e leviana.
Depois das atribulações e das guerras entre famílias,
fiquei com os meus avòs paternos.
Depois de ter ido para a creche Vitor Manuel no Calvário,
onde também a minha irmã mais velha andava, e de muitas
vezes ter ficado á porta com a educadora, enquanto a avó
materna levava a neta, passei para o Centro Infantil Helen
Keller. Entre os 4 e os 9, tornei-me aluno esterno. A carrinha ia-
me buscar ao fundo da rua. Lá estava eu e a minha avó, na ida e
no regresso.
Depois, e porque crescendo a responsabilidade dos avós
sobre mim, aumenta, a vizinhança acoselhou-os a meterem-me
na Xasa Pia, pois eles já náo tinham idade nem tempo para
cuidarem de mim. O meu avô Manuel, engraxava os sapatos de
manha e á tarde, tinha outra actividade. Era alcoólico e vinha
quase sempre bêbado para casa. A minha avó, porque saía
sempre de casa pelas 6h da manha, para ir para a Ribeira,
buscar as caixas de fruta para vender ora na Ribeira, ora no
Largo de Alcântara. Por isso, é que não havia condições para
que uma criança ali ficasse ao Deus dará. Não só não era
verdade, como ia com ela ou ter com ela á Ribeira e de tarde
estava em casa acompanhado.
Fui então com a minha avó e tia á Casa Pia. Trtatava-se do
colégio Nuno Alvares em Belém. As saudades apertaram e fui-
me embora de novo para casa da avó.
As férias de verão, eram passadas entre a praia com os
meus tios e primas. Até que, o meu avô materno se lembrou de
me levar para a Colónia Balnear Infantil de “O Século”. Um ano
depois da minha irmã mais velha lá ter estado. Sendo misto, já
naquele tempo, mas os meus avós maternos teimavam em não
nos quererem perto um do outro. Sempre que a velha sabia que
eu estava em casa da minha prima e que a minha irmã, também
lá se encontrava, vinha feita loba em busca da sua presa e a
tentar sempre desviar-me do mesmo caminho que ela. Teria eu
uns 7 anos.
Fui sempre o patinho feio da família. Tenho quase a
certeza, que se deve ao facto de seu ser deficiente visual ou
quem sabe se haver algum grave segredo familia, que me
tenham envolvido com o meu nascimento.
Era no colégio que eu me sentia bem. Seguro e protegido
dos olhares familiares.
TEATRO-COMO TUDO COMEÇOU
Estava no ano de 1977. No colégio era normal haver
manifestações artisticas. Seja com alunos, ou com gente de
fora. Na minha sala, a prof. Maria José, propos-nos uma peça
para ser representada no palco, que se situava no ginásio.
Aquele ginário era mais ou menos multicultural. Nele, além de
educação fisica, que tinhamos com o prof. João Latino, também
se realizava a missa de Domingo e uma sala de espectaculos.
Na sala, a prof. Mostrava e falava da peça. Eu não tinha
grande entusiasmo, porque não era aquele o meu sonho. A peça
chamava-se ”Auto dos 3 Reis Magos” de Gil Vicente. A mim
coube-me o papel de ”Gaspar”. Na estreia da peça, não correu
lá muito bem e no final, pior ainda. Na plateia, muitos familiares
de alunos e colegas da peça, e ningém da minha para me verem.
No ano seguinte, uma monitora brasileira, vinha
preparando uma pequena peça de teatro. Esta peça de teatro,
era baseada na novela que curiosamnete estava a dar na RTP. A
peça e a novela, chamavam-se “O Astro” e tinha como
protagonista Francisco Cuoco. Na peça, seria eu o”Astro”. Esta
peça fora representada no refeitorio, já o ginásio estaria em
obras. A spessoas até que gostaram. Sendo que, os ensaios era
uma catástrofe. Ninguém estava muito interessado em fazer
teatro nenhum. Não deixou de ser um risco, e um desafio.
Depois, comecei por apreciar as novelas que estavam a dar.
“Gabriela”, ”O Astro”, ”O Casarão”, ”Ciranda de Pedra”, ”Olhai os
Lírios do Campo”, “D. Xepa”. Desperou em mim algo estranho.
Não estava a ser a representação, nem a huistória, mas como é
que aquilo era feito. Lia as entrevistas aos actores, e foi a partir
disso, que comecei a ter o gosto e a querer saber mais sobre
aquilo. Como faziam, como gravavam, se comiam a sério, etc.
Começava a fase do querer ser. No entanto, o facto de sver mal,
poderia ser um impedimento para tv. Mas fiquei mais tranquilo
quando li uma entrevista a Lucélia Santos, a eterna ”Escrava
Isaura”, que segundo ela, era uma moça miope que que sem
lentes não via quase nada e muito menos ao longe.
Em 1982, estava eu a trabalhar na Carris como telefonista,
alguém me disse que havia teatro ou melhor, um grupo de teatro
dos trabalhadores. Tentei logo arranjar forma de saber. Fui
assistir a um espectaculo deles. Os ensaios ficavam ali para a
Calçada do Combro, ao Bairro Alto. O encenador era um senhor
já de idade chamado Vitor Mokes. O grupo era pequeno.
Formado por umas 5 pessoas. Foram eles, Jorge, Carlos e
Helena Espada, a Lurdes e o Domingos Pulgas, que era cantor e
se fazia acompanhar da sua viola para onde o grupo fosse. Fui
ver a estreia em Miraflores e adorei a peça. A peça daqual não
me lembra o nome, mas era de uma carga emocional, de uma
grande e triste história de vuida de uma familia, que me
impressionou muito. Sento, que era ali que ia ser o meu lugar.
Em 1983, entro no grupo e a peça que estava destinada
era de António Manuel Couto Viana. Chamada “A Loja do Mestre
André”. No elenco faziam parte, para além de mim, o Carlos
Espada e o Jorge Estrela. Eu, era o “Anão Presunção”, o Crlos
Espaa, “Gigante Galante” e o Jorge o “Alfaiate André”. Foi uma
belíssima peça. Sala cheia, e foi a concurso para o festival de
teatro amador. Ficando em 4º lugar. Eram vários grupos de
teatro, creio que uns 12.
O tempo foi passando e as peças foram se seguindo e em
1984, consegui concorrer sozinho com um monólogo, escrito por
mim chamado”Marco, Um Produto de Esgoto da Cidade”. Esta
peça era baseada em factos reais e que se tinha passado
comigo, que um ano antes, passei por sem-abrigo, dormindo na
rua, etc. Consegui depois e já em 1983, no fim, regressar á
Carris por mais um ano.
Esta peça, escrita pelo António Manuel Couto Viana,
retrata uma divergência entre o “Anão Presunção” e o “Gigante
Galante”. Ambos queriam ir ao um baile bem vestidos e acima
de tudo, tinham de ir um melhor que o outro. O alfaiate era o
mesmo e as indicações de cada um, era que tinham de brilhar
mais,mas sem que um soube do outro. A mim custou-me ter de
andar com sapatos nos joelhos um a tunica, para que parecesse
mesmo um anão. Teve uma boa aceitação do público e
concorreu ao festival de teatro amador, arrancando um 4º lugar.
Em 1984, já fora da Carris e do grupo de teatro, concorri
para um concurso de histórias que a Radio Comercial tinha. Um
programa apresentado por Maria João Aguiar, Manuela Moura
Guedes e Dora Maria. Ganhei um prémio que por pouco que
fiosse tinha muito significado para mim e fui aos estúdios
receber das mãos de Dora Maria e Manuela Moura Guedes.
Fiquei contente porque alguém que não me conhecia de lado
nenhum, me davam alguma inportância.
Por falar em rádio não posso esquecer um amigo que era
locutor da Radio Antina 1, que na altura ficava na Rua do
Quelhas, onde conheci a Mara Abrantes, distinta artista e do
Marques Vidal. Passei por lá várias vezes e um dia pedi-lhe para
me deixar assistir a um dos seus programas, do qual era ouvinte
e ele, não só deixou, como me ensinou como se lidava com
aqueles aparelhos. Falei algumas vezes na radio, e acima de
tudo, fascinava-me todo aquele ambiente de rádio. Mais tarde,
vim a ter a mesma experiência na Rado Renascença com o
António Macedo num programa que ele tinha chamado “Serões
da Radio”, onde para além de assistir ao programa da noite,
acabei por poder falar com a Olga Cardoso, que fazia também a
partir do Porto o mesmo programa. Foi um previlégio, falar com
aquela que eu ouvia anos no seu eterno programa da manha
“Despertar” ao lado de António Sala. A Ogra Cardoso, perante o
meu já e, depois, o sonho de me tornar actor profissional, disse,
que “um sonho deve ser realizado, lutando, sendo humilde e
nunca desistir. Acrescentou ainda, que me queria ver na tv,ou
teatro”. Aquelas palavras dela, fora até hoje, o eco e a
realidade.
Por falar no programa “Despertar”, sempre achei que o
António Sala não iria receber ninguém tão facilmente e muito
menos a mim. Habituado que estava a ouvi-lo, gostava de um
dia de poder falar com ele. Estavamos na época dourada dos
Festivais da Canção, o tambem aparecimento do António
Variações, que iria dar um concerto no Coliseu dos Recreios,
seria o mote. Fui aos estúdios da Renascença e sem grande
esperança de ser recebido por ele, entrei perguntei na recepção
se me recebia e ao que me responderam, que ele recebe toda a
gente. Sentei-me mais ou menos o tempo, que terminaria o
programa e, se preparava para sair. Quando dei conta, lá vinha
ele ao meu encontro. Sentámo-nos, falámos e disse-lhe que
tinha muito receio de não ser atendido por ele ao que ele
respondeu, que era uma pessoa como qualquer outra e que
atende sempre, quem queira falar com ele. Ajudou-me a falar
com o António Variações ao telefone e de ir ao concerto dele.
Gosrtava de ter concorrido ao Festival da Canção com uma letra
dele, mas isso seria muito abuso da minha parte e não lhe
manifestei tal pedido. Foi uma pessoa estremamente sociável,
simples e humilde.
“FESTIVAL DA MALTA-84”
ESTAMOS EM 1984, EM MARÇO. LEU NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS, QUE ABRIU
CONCURSO DE NOVOS TALENTOS QUE SE CHAMA “FESTIVAL DA MALTA-84”. CONCURSO QUE SE
IRIA DIVIR POR 3 PARTES EM 3 MESES. O PRIMEIRO MÊS SERIA A 1 DE ABRIL, A 3 DE MAIO E 6 DE
JUNHO. TODOS SÃO APRESENTADOS NA ACADEMIA DE SANTO AMARO. A APRESENTAÇÃO PARA A
RTP, ESTAVA A CARDO DE ARISTIDES TEIXEIRA. NOS JURADOS, TINHAM NOMES COMO FÁTIMA
MEDINA, JORNALISTA CARLOS CASTRO, MARIA DOS ANJOS, ALICE CRUZ E FERNANDO PESSA.
TODOS ELES, SE IRIAM DIVIDIR EM 3 SESSÕES. ANTES DISSO, E A UMA SEMANA DE FINAL DE
ENTREGA DE CANDIDATURAS, DESLOQUEI-ME Á ORGANIZAÇÃO INICIATIVA, QUE FICAVA POR CIMA
DA PASTELARIA SUIÇA NO ROSSIO, CONSEGUI CHEGAR Á FALA COM O ARISTIDES TEIXEIRA. PARA
QUE EU PUDESSE CONCORRER, TERIA DE FAZER CHAGR UMA PEÇA ESCRITA POR MIM OU POR OUTRO
QUALQUER, QUE FOSSE INTERPRTETADA POR MIM E JÁ QUE NÃO ESTARIA INTEGRADO EM GRUPO
NENHUM, TERIA DE ME DESENRASCAR. NEM SEQUER SABIA ESCREVER UMA PEÇA. MAS ACABEI POR
ESVCREVER UM MONÓLOGO BASEADO NA MINHA EXPERIÊNCIA COMO SE-ABRIGO. ENTREGUEI A
TEMPO A CANDIDATURA E PASSEI.
NO DIA 1 DE ABRIL, DE MANHA LÁ FUI EU PARA A ACADEMIA DE SANTO AMARO. PELAS
10H. ESTAVAM JÁ BASTANTES CONCORRENTES E MUSICOS, ALÉM DE ARTISTAS DE VÁRIOS
GÉNEROS. CONHECI NOÉMIA COSTA E O SEU MARIDO DE ENTÃO LICÍNIO FRANÇA. AMBOS IAM
CANTAR. TAMBÉM A ISA, CONCORRENTE DO FESTIVAL DA CANÇÃO DO ANO ANTESRIO QUE FICARA
EM 2º LUGAR, TAMBÉM LÁ ESTAVA. EU CONFESSO, QUE ESTAVA ALI UM POUCO Á NORA. ALGUÉM
DA ORGANIZAÇÃO TEVE UMA IDEIA BRILHANTE. A MINHA PRESTAÇÃO IA TER 3 FIGURANTES. A
ERMELINDA DUARTE, QUE FICARA FAMOSA COM O SEU HINO “A GAIVOTA”, EMPRESTOU-ME O
MICRO DE LAPELA, A ISA E MAIS UM CASAL, FIZERAM DE MEUS FIGURANTES E ESTAVA TUDO
PRONTO. ENSAIOS NÃO HOUVE NEHUNS, A NÃO SER A EXPLICAÇÃO AOS FIGURANTES, COMO
ENTRARIAM E SAIRIAM DA PEÇA. HOUVE NESSE DIA BASTANTES CANDIDATOS. NO FINAL, E JÁ EM
PALCO, OUVIMOS A SENTENÇA DO PÚBLICO, QUE ME DEU O 2º LUGAR DE 10 CANDIDATOS A
MONOLOGOS E GRUPOS DE TEATRO.
MAIS UMA PEQUENA SUBIDA. MAIS UMA PARAGEM TAMBÉM. MAIS TARDE EM 1994,
ESTREIU-ME NA MUSICA. NUM GRUPO DE TEATRO NA ASSOCIAÇÃO DE CEGOS LUIS BRAILLE, ONDE
ANOS ANTES ANTÓNIO RAMA, TINHA LÁ ENCENADO UMA PEÇA, QUE ACABOU POR ABANDONAR,
POIS RECEBERA CONVITE PARA INTEGRAR A NOVELA”CHUVA NA AREIA” DE LUIS STAU MONTEIRO.
NESSE MESMO RECINTO, QUE EU TAMBÉM FAZIA PARTE COMO ASSOCIADO, POIS NÃO SENDO CEGO,
SOU AMBLIOPE.
A MINHA DEFICIÊMCIA VISUAL NÃO ME TEM IMPEDIDO DE FAZER SEJA O QUE FOR. A
MINHA LIMITAÇÃO VISUAL, QUER SEJA EM TEATRO, CINEMA E TELEVISÃO, SÃO PERFEITAMENTE
CONTROLADAS. BASTA QUE PARA ISSO NÃO LEIA Á FRENTE DOS ACTORES. NÃO FAÇO DISSO, UM
BICHO DE 7 CABEÇAS, MAS CONTORNO EM SABER FAZER, SABER SER E SABER ESTAR. É NESTE
CONTEXTO, QUE TENHO FEITO A PULSO A MINHA CARREIRA, SEM CONTUDO TER AJUDA OU APOIO
FAMILIAR, QUE DESDE CEDO, SOUBERAM SER INDIFERENTES.
EM 1996, CONCORRI AO 1º FESTIVAL DA CANÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE CEGOS –ACAPO. A
CANÇÃO QUE FUI DEFENDER CHAMAVA-SE “PECADOS DE ESTUDANMTE”, DEPOIS DE TER ACTUADO
AO VIVO NO CINEMA MUNDIAL, PARA O PROGRAMA”LUGAR AOS NOVOS”, APRESENTADO PELO
FERNANDO DE ALMEIDA POR 2 VEZES, FOI A VEZ DO FESTIVAL. FIQUEI EM 5º LUGAR. ACABÁMOS
POR IR CANTAR Á AULA MAGNA. AQUI, A APRESENTAÇÃO FOI DO LOCUTOR DA ANTENA 1, JAIME
FERREIRA DE CARVALHO.
NO ANO SEGUINTE, PARTICIPEI NO TEATRO DE REVISTA”HISTÓRIAS DE CANÇÕES 1” . A
HISTÓRIA EM VÁRIOS SKETCHS, MUSICAS. EU, AQUI ERA SO MESMO CANTOR. FOMOS DEPOIS
ACTUAR AO CENTRO CULTURAL DO BAIRRO PADRE CRUZ E Á VOZ DO OPERÁRIO.
A MÚSICO FOI FLUÍNDO, NÃO QUE EU TIVESSE BOA VOZ, MAS PORQUE ERA OUTRO
PROJECTO, ONDE TERIA DE ME COLOCAR Á PROVA TAMBÉM. TINHA O LUIS ESTEVES, UM EXCELENTE
ORGANISTA QUE FAZIA O ACOMPANHAMENTO E A SUA ESPOSA, MARIA LUZIA ESTEVES, QUE
ESCREVIA AS LETRAS, ALÉM DOS TEXTOS DE E PARA TEATRO DE REVISTAS.
MARCHAS POPULARES
MARCHA DE S. VICENTE DE FORA
(1998/2000)
Estava em Fevereiro de 1998. Depois do ano anterior ter
visto os ensaios da Marcha de S. Vicente, cuja ensaiadora era a
Luisa Rafael e seu marido José Luis Almeida. Mas por um fatal
destino, veio a Luisa, a morrer nesse mesmo ano em Agosto.
Inscrevi-me na Academia Leais Amigos e ainda que eu
tivesse limitação visual, queria experimentar. Chegados a Abril,
apresentei-me nas instalações da Voz do Operário para nos
conhecermos a todos e tambem perceber como tudo ia
funcionar. Começámos pelas letras da música, que teriamos de
saber de cor para levarmos ao Pavil~hao Carlos Lopes e depois,
á Av. da Liberdade. Eu, que na academ,ia cheguei a fazer parte
de 1º Secretário da Mesa de Assembleia Geral, tomei desta vez,
outra actividade. Ensaiou-se as letras e teriamos então de as
decorar para cantarmos em coro.
Mais tarde, acabamos por ensaiar as marcações e aqui,
começa a dificuldade. Os ensaios são á noite. São cerca de 12
arcos com 48 elementos, 4 por cada arco. Sendo 2 a pegar o
arco e 2 um de cada lado dos que estão ao arco. As marcações,
são efectuadas de noite, entre as 21h30 e as 23h30, num grande
recinto da Voz do Operário. Eu, que não via um boi á frente,
estava cada vez mais receoso se aquillo me iria ou não
dificultar, quer no pavilhão, quer na Avenida. Não quis revelar
na altura e deixei ir até onde fosse preciso.
Quando estavamos com as roupas de marcghantes e
quase a ir para o pavilhão, algo era por de mais evidente. Errei
as marcações!
Havia 2 filas, que se tinham de alinhar. Elas estavam numa
distância uma da outra de 100 metros. Eu teria de me guiar pelo
meu colega de lado, que se encontrava a 100 mestros. Ora se
nem a um, como teria de fazer? Contava e saía ou deixaria que
eles, os ensaiadores me expulçassem? Bem, acabei por optar
em dizer. Ser frontal e logo se via o que poderia acontecer.
Contei então, que omiti a deficiência visual desde o inicio,
pois se o dissesse não me deixariam entrar com a desculpa, que
seria dificil para quem vê bastante mal. Compadeceram-se e
deixaram-me continuar.
Fomos todos então em romaria para a porta do Pavilhão
Carlos Lopes, que também só ficaria a funcionar nesse ano.
Várias marchas estavam a aproximar-se para começarem o seu
desfile. Muito povo já se encontrava dentro do recinto. De
lembrar que os meus padrinhos desse ano, eram a Anita
Guerreiro e o Vasco Rafael, que já estaa doente e que viria a
falecer ainda no decorrer das marchas. Muito barulho, muita
vida e gritaria. As várias manifestações, pelas marchas dos
seus bairro. Uma verdadeira loucura!
A nossa vez de entrar, nãio poderia ser diferente. Gritaria e
os bairristas de S. Vicente a puchar por nós. Foi um momento
único na minha vida! Depois, foi a vez de irmos para a Avenida
da Liberdade. Onde estava a tv, e os respectivos juris. Eu, que
via mal, mas tinha de fazer o possível, melhor e sem que se
apercebessem de nada. Fui até ao fim. Mais tarde, todas a
marchas tiveram o convite de de sfilar na Expo`98. Fomos todos
para o grande desfile no Parque das Nações, como se tornou
mais tarde conhecido. Algo interessante se passou. Estavam
quase todas a marchas dentro do recinto, incluindo as rivais de
S. Vicente, Alfama e Graça. A mossa e a de Marvila e Bica,
estavam de fora e não queria deixar entrar pois já tinham
chegado depois da hora. A marcha de Alfama, anunciou que se
as marchas que estavam fora do recinto não entrassem,
ninguem marchava. Ora, sendo transmitido em directo pela
televisão, e sob ameaça de outras marchas, a não desfilarem,
não tiveram outro remédio que não fosse deixarem-nas entrar.
Assim se viu o esperito solidário!
Foi bom experimentar e fiquei contente e claro, a
organização ficou tão espantada com a minha prestação, que
me quis lá para mais 2 anos.
Apresentei em 1990, uma rubrica para a RTP-2, num
programa já existente chamado ”Novos Horizontes”. Este
programa era apresentado pelo Luis Mendonça. Este programa
era de autoria do Engº Jaime Filipe, que trabalhava na RTP há
muito tempo. Tornei-me seu amigo, visitava-o algumas vezes na
RTP, onde tambem me cruzava com outros grandes
profissionais, Fernando Balsinha, Alice Cruz, Julio Isidro,
Fernando Pessa, entre outros. A rubrica chamava-se”A Melhor
Voz de Todos Nós”.
Depois veio a televisão. A música ficou entretanto para
trás, mas em 2000, e na despedida da minha colaboração da
Marcha de S. Vicente de Fora, fui actuar com a famosa
banda”Furia do Açúcar” do João Melo, que também era o nosso
padrinho com a Sónia Brazão, actriz e apresentadora.
Cantei a solo depois, numa velha canção que há muito
tinha cantrado em público. Foi giro ter voltado acantar em
público ao pé de artistas convidados como a Ana, João Melo,
Anita Guerreiro, Dany Silva, Lenita Gentil e Alexandra. Terminou
o espectaculo com a exebição de novo da marcha de S. Vicente.
Em 2001, a estreia em televisão.
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