O professor fora de série:
Como atingir a tão sonhada excelência na carreira
docente.
Prof. José Tejada
20 de setembro de 2007.
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Introdução:
Primeiramente agradeço por você, meu prezado leitor
(professor), estar lendo essas linhas introdutórias de meu quarto livro.
Pelo simples fato de você ter pego esse livro na prateleira
demonstra o seu genuíno interesse de alcançar uma excelência em
matéria de ensino, por isso acredito que o título tenha lhe chamado
bastante a sua atenção.
Professor fora de série? Será possível isso? Puxa, que grande
desafio!
Sem dúvida nenhuma é um grande desafio nos tornarmos
verdadeiramente um fora de série; aliás, esse desafio está presente em
qualquer profissão.
Talvez mais difícil ainda, no caso de um professor, visto que
trabalhamos com o capital intelectual (conhecimento) das pessoas e
precisamos estudar sempre para, em nenhuma hipótese, ficarmos
desatualizados.
Devido a minha atividade docente desde 1996, constatei a
necessidade de escrever um livro que pudesse divulgar um pouco da
minha experiência em sala de aula para poder ajudar, de alguma
forma, a meus colegas professores a desempenhar melhor a sua função
no contato diário com os alunos independentemente do nível de
ensino.
Apesar do título do livro é pertinente ressaltar que de nenhuma
forma me considero um professor fora de série, na verdade, meu intuito
é fazer com que, nós, professores, tenhamos a consciência de buscar
constantemente a excelência a fim de que possamos ter um
desempenho cada vez melhor em sala de aula.
Na realidade, a busca da excelência é um caminho que tem
início, mas não tem fim, ou seja, a excelência é algo sempre a ser
buscado em nossa profissão.
A grande verdade, como veremos no livro, é que o professor
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fora de série precisa ser um eterno aprendiz, como diz aquela música
do saudoso Gonzaguinha, ou seja, como professores, temos que ter a
humildade e consciência de que sempre estaremos aprendendo
através do estudo e, talvez, principalmente, através da vida e de nossas
experiências.
Inclusive, nós veremos que o professor fora de série tem o dom
de aprender com todas as pessoas a sua volta o que inclui seus próprios
alunos.
Esperamos que o livro seja muito útil nesse aspecto.
Na realidade, o perfil do professor atual mudou, ou seja, é muito
diferente do perfil antigo, na época em que fomos estudantes.
Hoje o perfil do professor moderno inclui liderança, carisma,
motivação, auto-atualização constante, criatividade, inteligência
emocional, planejamento, estratégia, superação constante de limites,
humildade, etc. Todas essas características serão exploradas a fundo no
livro.
Além disso, o livro está cheio de exemplos práticos de como
podemos tornar a nossa aula mais interessante para os nossos alunos a
fim de que possam melhorar consistentemente o seu aprendizado.
No capítulo final abordaremos justamente o que não devemos
mais fazer em sala de aula, afinal a educação precisa e deve evoluir
sendo que hoje se exige um novo perfil de professor em sala de aula.
De outra forma, precisamos ter consciência de que os tempos
mudaram e o professor também deve se adequar a esses novos tempos
se não quiser ficar para trás.
A maioria dos métodos antigos de aprendizagem não funciona
mais, por isso precisamos nos adequar a esses novos tempos, onde a
ousadia e a criatividade devem estar presentes nas estratégias de
aprendizado de qualquer professor que se preze.
Como sabemos estamos na era do conhecimento, que é
considerado o verdadeiro ouro moderno, por isso mesmo a atuação de
qualquer professor em qualquer nível de ensino (fundamental, médio,
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superior ou de pós-graduação) é cada vez mais importante para a
construção de um país de ponta em todos os aspectos.
Acreditamos que a chave para a saída de nossos graves
problemas sociais passe, inevitavelmente, pela educação.
Por isso, resolvi escrever esse livro. Precisamos, acima de tudo,
valorizar os professores e contribuir de alguma forma para a construção
de um país mais humano e mais justo com as pessoas.
E isso somente vai acontecer quando todas as mesmas tiverem
acesso a uma educação de reconhecida qualidade.
Isso pode ser um sonho no presente, mas, como professores,
precisamos de muito idealismo em nossa profissão, pois professor é
acima de tudo uma vocação, ou seja, uma paixão pelo magistério.
Se você é professor sabe, com certeza do que eu estou falando.
Agradeço muito a você pela compra desse livro, se é que você
vai comprar o mesmo depois de ler essa introdução e desejo-lhe bom
proveito na leitura do mesmo.
Prof. José Tejada
16 de janeiro de 2008
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Capítulos:
I – O professor como líder.
II – A paixão pelo magistério.
III – A criatividade como método.
IV – O carisma que conquista.
V – Perfil empreendedor
VI – A necessária humildade de ser um eterno aprendiz.
VII – O ideal como missão.
VIII – Auto-atualização constante.
IX – A constante superação de limites.
X – O exemplo em todos os aspectos.
XI – O que não fazer - estratégias que comprovadamente apresentam poucos
resultados.
XII – Considerações finais.
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Cap. 1 - O professor como líder
Talvez uma das mais importantes características de um professor fora
de série seja a sua inquestionável liderança. Na verdade, o grande professor
precisa ser um líder por natureza. Líder, pois ele precisa ser uma pessoa
inspiradora em todos os aspectos. Ele precisa, acima de tudo, inspirar seus
alunos, através de seu exemplo pessoal e profissional, a aprender
continuamente, ou seja, a buscar incansavelmente o conhecimento o que não é
uma tarefa nada fácil.
Por isso, ele sempre precisa ser exemplo, aliás, a verdadeira liderança
sempre se dá pelo exemplo, já que somente o discurso não é capaz de inspirar
muita coisa a alguém, ou seja, a verdadeira liderança obrigatoriamente inclui
ação.
De outra forma, tudo o que ele cobrar e exigir dos alunos, ele terá de
fazer primeiro. Por exemplo, se o professor preza pela pontualidade de seus
alunos em todos os aspectos (trabalhos, provas, comparecimento à aula, etc.),
ele precisa também ser extremamente pontual em todos os seus atos (chegada
à sala de aula, correção de provas, entrega de notas, etc.); se ele preza pela
qualidade de sua aula (buscando continuamente sua auto-atualização), ele
também cobrará a excelência dos seus alunos no que tange ao desempenho
nas provas e trabalhos propostos.
“O verdadeiro mestre é tão exigente
consigo mesmo como é para com seus alunos.”
Na verdade, o grande mestre precisa puxar a frente de todos os
processos, como se fosse uma locomotiva que puxa um trem; ele precisa tomar
a iniciativa, buscar a excelência, ser um modelo a ser seguido e, muitas vezes,
também mostrar o “caminho das pedras” para os seus alunos, ou seja, fazer o
pior trabalho para que o seu aluno perceba como realmente se pode realizar
um trabalho difícil com muita qualidade e comprometimento.
O professor fora de série, na verdade, sempre está disposto a ajudar
seus alunos no que for necessário, ele é incansável nesse aspecto, ou seja,
sempre está extremamente motivado para responder as perguntas e dúvidas,
pois isso revela o interesse que os alunos têm por sua matéria, o que, por sua
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vez, demonstra que seu trabalho está atingindo os objetivos, ou seja,
despertando o interesse dos alunos no assunto e, por conseqüência,
despertando o interesse em aprender.
O verdadeiro mestre também sabe identificar os verdadeiros talentos e
extrair o melhor de cada um de seus alunos, desenvolvendo o grande
potencial, muitas vezes, adormecido de cada um.
Ele também acredita fortemente no potencial do ser humano e, por
isso, sempre tem como objetivo de que todo seu aluno possa romper suas
barreiras pessoais e intelectuais apresentando um desempenho muito acima
de esperado (às vezes até pelo próprio aluno).
Logicamente, o verdadeiro mestre tem ciência de que as capacidades
dos alunos são muito diferentes, alguns alunos apresentam um enorme
potencial o que não acontece com outros que apresentam dificuldades em
muitos aspectos. Justamente por isso, ele sabe quando tem um “puro-sangue”
(um verdadeiro talento) nas mãos.
Por isso, o grande mestre (líder), exige mais de quem é capaz de
responder melhor ou responder à altura do desafio proposto. Como acontece
com um “puro-sangue”, que quando leva uma chicotada responde
imediatamente.
Dessa forma, como líder nato que é o professor fora de série é uma
pessoa que tem o dom de inspirar seus alunos a atingirem o seu verdadeiro
potencial (embora, como dissemos anteriormente, os alunos tenham potenciais
diferentes). Ele consegue fazer com que seus alunos se superem
constantemente, ou seja, busquem continuamente a excelência, procurando
superar seus limites intelectuais diariamente, em outras palavras, aprender
sempre com tudo e com todos, pois o verdadeiro mestre sabe que ele sempre
pode aprender com qualquer pessoa por mais simples que seja e em qualquer
situação.
“O verdadeiro mestre aprende com tudo e com todos todo o tempo!”
Na verdade, o grande mestre aprende com a vida, com todas as
pessoas, com seus erros e acertos e, principalmente, com o tempo.
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“Na escola da vida não há férias.”
Autor desconhecido
A partir disso, o professor fora de série sabe como poucos fazer com
que seus alunos desenvolvam seu espírito crítico e aprendam a pensar. Ele
não se considera, em hipótese alguma, o dono da verdade, mas incentiva que
seus alunos tenham seus próprios pontos de vista, seus posicionamentos, ou
seja, saibam pensar por si próprios, defendendo suas opiniões com uma
adequada argumentação.
Infelizmente, hoje em dia, pouquíssimos professores conseguem esse
objetivo, aliás, vejo que alguns, inclusive, têm grandes dificuldades em
desenvolver seu próprio senso crítico.
“O grande mestre consegue fazer com que seus alunos aprendam a
pensar e a questionar todo e qualquer assunto.”
Em conseqüência disso, o professor fora de série questiona (faz
perguntas) constantemente a seus alunos para que eles consigam pensar por
conta própria e achar as suas próprias soluções, ou seja, como líder, o
professor faz com que seus alunos reflitam continuamente sobre os assuntos
estudados para que eles aprendam por si mesmos tendo um posicionamento
crítico a respeito da matéria vista em aula, ou seja, construam seu próprio
conhecimento a respeito de um assunto.
“Não se pode ensinar nada a ninguém; apenas se ajudam as pessoas
a descobrir as coisas por si próprias.”
Galileu Galilei
Também torna-se muito importante que o mestre-líder saiba promover
um ambiente voltado para a criatividade, onde seus alunos possam se
comunicar livremente, sem medos ou traumas, aprendendo uns com os outros.
Na realidade, o verdadeiro mestre deve fazer com que seus alunos
percam o medo de errar e usem a sua ousadia e, por que não dizer, coragem
para pensar e propor soluções aos assuntos vistos em aula. Logicamente, esse
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ambiente deve ser baseado em confiança e respeito mútuos, onde os
eventuais erros ou equívocos sejam vistos como grandes oportunidades de
aprendizado entre a classe e não como aspectos que devam ser evitados a
todo custo, pois, afinal, muitas vezes é errando que se aprende.
Um outro aspecto da liderança de um professor fora de série se refere
a sua empatia com o aluno. O professor fora de série sabe compreender as
dificuldades de seu aluno, pois também já foi estudante e já passou por
problemas semelhantes quando estava na escola ou na universidade. De outra
forma, ele sabe se colocar no lugar do aluno e, por isso, todos os alunos o
respeitam como profissional e, principalmente como ser humano.
Conseqüentemente o professor fora de série demonstra fortemente um
grande respeito e interesse pelo seu aluno, ele sabe que é preciso respeitar
para ser respeitado, por isso trata seu aluno como uma pessoa muito
importante, pois, afinal, a razão de ser de qualquer professor, foi é e sempre
será o seu aluno.
Por esse motivo, os alunos normalmente criam uma grande
identificação com um professor fora de série. Mas de que forma e como nos
identificamos com alguém (pessoa famosa ou não)? Por favor, pense por
alguns instantes.
Eu diria que é por que, de certa forma, nos achamos parecidos com
essa pessoa em algum aspecto (atitude, comportamento, crenças, valores,
trajetória de vida, experiências, família, etc.).
Então, o verdadeiro líder ou professor fora de série tem a grande
capacidade de fazer com que os seus alunos se identifiquem com ele, pois ele
não se considera superior a ninguém, ou seja, ele é mais um na sala de aula e
não age como alguns professores que conheço que se consideram muito
superiores aos demais. É claro que com essa postura de superioridade ou
arrogância fica muito difícil estabelecer qualquer identificação por parte do
aluno, o que vai prejudicar o desempenho do mesmo em sala de aula.
“Na verdade, nunca conheci nenhuma pessoa que gostasse de
trabalhar com uma pessoa arrogante”.
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Por isso, recomendo: tente sempre, mesmo sendo professor, se
aproximar do aluno e ser mais um em sala de aula ou, uma pessoa disposta a
sempre ajudar aos seus alunos no que for necessário.
Portanto, deixe um pouco de lado a hierarquia (muitas vezes ela
somente atrapalha), isso fará com que seus alunos se identifiquem mais
facilmente com você e as coisas fluirão de uma forma muito mais tranqüila.
Também não se esqueça de que a liderança, assim como o respeito,
não podem ser impostos, mas sim, conquistados com o passar do tempo.
“Infelizmente vejo que muitos professores, principalmente nas
universidades, são dotados de uma grande soberba como se soubessem tudo
sobre determinado assunto, às vezes, sobre qualquer assunto.”
Creio que seja interessante citar o exemplo de uma vivência particular
ocorrida em uma escola de Novo Hamburgo (RS) onde lecionei por alguns
anos. Os alunos de uma determinada turma resolveram colocar a lista de todos
os aniversariantes, inclusive os dos professores, no mural da sala de aula.
Quando fui analisar a mesma, notei que todos os nomes dos
professores tinham, logicamente, a palavra professor na frente, menos o meu.
Quando percebi isso, fiquei muito feliz, pois realmente eu não me considerava
“O PROFESSOR”, mas somente mais um da turma, na verdade, um amigo
disposto a ajudar meus alunos com um pouco da minha experiência, nada mais
e nada menos do que isso; uma pessoa que tinha o intuito de ajudar
simplesmente no que fosse necessário.
Um outro exemplo que me vem à memória é que nesse mesmo
colégio, na hora do almoço, eu sempre fazia fila no refeitório juntamente com
os alunos, embora os professores pudessem passar na frente, pois tinham
preferência para se servir e almoçar. Eu, como era mais um e de forma
nenhuma me considerava melhor ou pior do que ninguém (e não me considero
até hoje) me sentia melhor fazendo fila e não passando na frente de nenhum
aluno, funcionário ou quem quer que fosse.
A partir disso, eu notava que os alunos acabavam se identificando
comigo, pois, de certa forma, me viam como alguém parecido com eles
(empatia).
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Inclusive, numa determinada ocasião, em um processo de avaliação
de desempenho o “coordenador” do curso comentou: “Parece que o professor
Tejada é mais amigo dos alunos do que dos professores”! Imaginem só meu
semblante depois desse comentário.
Uma outra característica marcante de um professor fora de série é a
sua grande capacidade de fazer com que seus alunos consigam realmente
trabalhar em equipe.
Sabe-se que, hoje, em qualquer organização o trabalho em equipe é
fundamental e estratégico pela questão da sinergia1. E trabalhar em equipe é,
na maioria das vezes, trabalhar com quem não temos afinidade, com pessoas
muito diferentes da gente, que pensam diferente, possuem valores, crenças e
princípios muito diferentes dos nossos. Por isso, torna-se fundamental que
possamos aprender a trabalhar verdadeiramente em equipe na escola e nesse
aspecto o papel do professor é fundamental em todos os sentidos.
Em vista disso, o professor deve proporcionar que todos consigam
interagir de uma forma adequada, pois as pessoas, de uma forma geral, não
possuem uma capacidade de relacionamento interpessoal bem desenvolvida.
O professor deve incentivar a formação de grupos diferentes que poderão
propor diversas idéias, pois as pessoas diferentes pensam também
diferentemente e isso é muito salutar para o trabalho em equipe, pois, mais do
que nunca, hoje, precisamos de criatividade e criatividade pressupõe a
existência de uma boa quantidade de idéias, muitas vezes diferentes e até
opostas e paradoxais.
Em função disso, o verdadeiro trabalho em equipe sempre é um
gerador de conflitos organizacionais, cuja origem está pela própria existência
de diferentes idéias e opiniões, o que é muito salutar pela questão da
criatividade.
“Quando todos estão pensando da mesma maneira, então é porque
ninguém está pensando!”
O desafio, a partir disso, é o grupo chegar a um consenso que
1 Sinergia – somatório geral de esforços onde o resultado global é maior do que a soma dos esforços individuais.
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proporcionará uma união do mesmo em torno da idéia eleita. Mais uma vez,
nesse aspecto, a presença, direcionamento e aconselhamento do professor
são fundamentais. O professor deve fazer com que seus alunos tenham a
capacidade de propor e, acima de tudo, a humildade de aceitar idéias
diferentes e melhores do que as suas.
“O verdadeiro trabalho em equipe inclui: pessoas diferentes, idéias
diferentes e, principalmente consenso.”
Conseqüentemente, os alunos devem desenvolver a capacidade de
trabalhar com pessoas muito diferentes de uma forma produtiva. Nisso está o
cerne do trabalho em equipe, ou seja, pessoas diferentes, idéias diferentes,
consenso e humildade.
“O genuíno trabalho em equipe está em que o grupo tenha a total
liberdade de propor idéias e, principalmente, ter a humildade de aceitar idéias
diferentes.”
Portanto, pode-se concluir que o legítimo trabalho em equipe é um
gerador de conflitos, na medida em que as pessoas vão propor idéias
diferentes o que é uma condição para o surgimento dos mesmos.
“Não existe trabalho em equipe sem a presença de conflitos.”
Talvez ensinar ou estimular que seus alunos a trabalhar em equipe
seja um dos maiores desafios de um professor moderno.
Para ajudá-lo em mais esse desafio em busca da excelência, cito uma
experiência pessoal quando lecionei no projeto Qualificar-RS na cidade de
Novo Hamburgo em 1999.
Esse projeto baseava-se em qualificar alunos (a maioria de baixa
renda) que estavam concluindo o ensino médio com baixa taxa de
empregabilidade.
Nesse curso, procurei passar noções básicas de administração para
tentar despertar nesses alunos o gosto pelo empreendorismo, ou seja, de
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possuir um negócio próprio ou, pelo menos de desenvolver uma atitude
empreendedora.
Dentro desse contexto, ressaltei desde o início do curso, a importância
do trabalho em equipe. Notei que quase toda a turma achou interessante o
tema em questão. Foi quando decidi por em prática o mesmo. Propus um
determinado trabalho e notei que os alunos já estavam escolhendo as equipes
(grupos ou “panelas”). Aí eu os interrompi e comentei: Hoje eu vou sortear os
grupos!
Meu Deus do céu! Eu nem imaginava a reação de meus alunos, eles
simplesmente me fuzilaram com seus olhares. Foi uma reclamação geral. “Mas
como, professor Tejada! Deixa a gente fazer com quem a gente quer! Eu quero
trabalhar com quem eu gosto!”
Pela reação, tive que explicar (revisar) por mais de meia hora a
importância do verdadeiro trabalho em equipe. Eles acabaram aceitando (meio
a contragosto, é claro).
Bem, com o passar do tempo, notei que a turma começou a se
relacionar melhor. Os alunos começaram a se conhecer mutuamente mesmo
os que sentavam distantes entre si.
Como professor, pude perceber (e isso é muito raro) que eles estavam
conseguindo realmente trabalhar em equipe gerando sinergia. Foi uma
vivência, para mim, fascinante e também muito marcante.
Inclusive em um determinado dia falei: “Hoje, não vou sortear as
equipes, vocês podem escolher com quem querem trabalhar!” Você, meu
estimado leitor, não imagina a minha surpresa quando a resposta em uníssono
da turma foi: “Que é isso professor Tejada! Nós queremos que você sorteie as
equipes!”.
Isso mesmo, eles sabiam que tinham que realizar o trabalho e não
importava com quem. No final do curso alguns alunos me comentavam: “Puxa,
nem imaginava que esse meu colega era tão legal, pois ele sempre sentava
longe de mim, que bom que pude conhecê-lo e hoje somos amigos. Obrigado
por essa oportunidade Tejada!” ou “Puxa, eu gostaria de ter também trabalhado
com outros colegas, pena que o curso acabou!”.
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“O que realmente interessa no trabalho em equipe é o objetivo atingir,
o resto é secundário!”
Posso dizer que, sem sombra de dúvida, a experiência de lecionar
para essa turma foi uma das coisas mais marcantes e gratificantes de toda a
minha carreira de professor. Eu aprendi muito com eles. Fica aqui meu
reconhecimento e agradecimento especial a essa turma de alunos que me
ensinou tanto, principalmente como ser humano.
“O trabalho em equipe é muito diferente do trabalho em grupo. No
trabalho em grupo prevalecem as afinidades, enquanto no trabalho em equipe
o foco é o objetivo a atingir, independente da relação de amizade entre os
integrantes. No trabalho em equipe o que conta é a competência dos
integrantes do grupo, independente da relação de amizade existente.”
Prosseguindo, o professor fora de série precisa estimular a autonomia
de seus alunos, ou seja, promover um verdadeiro processo de empowerment 2
na sala de aula. O professor fora de série deve promover um ambiente que
incentive os seus alunos a tomar iniciativa, a correr riscos, a antecipar
problemas, visualizar soluções criativas, ou seja, incentivar um perfil
empreendedor em sala de aula.
Para isso, os alunos precisam de autonomia em certos aspectos. O
professor pode incentivar isso fazendo com que seus alunos tenham liberdade
de expor as suas idéias e posições. Liberdade, também, para propor algumas
atividades, assuntos, etc. Isso incentiva a participação dos alunos mexendo na
sua auto-estima, ou seja, de certa forma, os alunos se sentem muito
valorizados por que estão sendo ouvidos pelo professor.
Logicamente, não podemos deixar de lembrar para os nossos alunos
que sempre uma maior autonomia, obrigatoriamente, virá acompanhada de
uma maior responsabilidade. Em função disso, tente proporcionar maior
autonomia com responsabilidade aos seus alunos, o resultado, posso lhe
assegurar, será surpreendente, pois a maioria dos alunos gosta de ser
2 Empowerment – capacidade de proporcionar maior autonomia à equipe de trabalho (iniciativa).
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desafiada em sala de aula. E ter maior autonomia e responsabilidade, sem
dúvida nenhuma é um grande desafio.
Portanto, todo o professor fora de série precisa saber gerenciar um
processo de empowerment com grande sucesso, ou seja, um ambiente capaz
de despertar nos alunos o espírito empreendedor.
“Autonomia e responsabilidade devem sempre andar juntas.”
Apesar disso, o grande professor sabe que, de vez em quando, ele
também terá de “puxar as orelhas” de seus alunos se as coisas não estiverem
tomando um rumo adequado, mas esse puxão de orelhas terá um sentido de
motivá-los a voltar a seguir um caminho correto, a fim de que os objetivos de
aprendizagem sejam alcançados com muito sucesso. Lembram-se do exemplo
do “puro sangue”?
Em vista disso, o professor fora de série não poderá abrir mão de uma
excelência em termos de aprendizado por parte de seus alunos, ele deve se
esforçar de todas as formas para que seus alunos aprendam o máximo em sua
disciplina, pois ele sabe que a qualidade de um professor é fundamentalmente
medida pelo que seus alunos efetivamente aprendem em sala de aula e não
pelo seu próprio conhecimento.
“A qualidade de um professor é medida pelo que seus alunos
efetivamente aprendem em sala de aula.”
Por outro lado, o professor fora de série sabe reconhecer com
sinceridade e externar o elogio merecido do trabalho de um aluno, ele sempre
reconhece, admira e incentiva um excelente trabalho. Isso é muito importante,
o aluno deve se sentir reconhecido quando realiza um bom ou excelente
trabalho, ele precisa se sentir valorizado em sua auto-estima que o motivará a
buscar resultados ainda mais auspiciosos.
Na verdade, tudo isso acaba gerando uma competitividade interna
sadia, visto que todos os alunos se esforçarão para atingir seu potencial, ou o
seu desempenho máximo, pois todo o ser humano procura ser reconhecido
naquilo que faz, no seu trabalho, na sua vida, etc.
Por isso, o professor fora de série deve sempre valorizar o talento
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conseguindo criar um clima organizacional 3 voltado para a excelência em sala
de aula, onde cada aluno procure se superar, sendo melhor a cada dia que
passa e ao mesmo tempo tendo respeito pelo seu colega (competitividade
sadia).
Um outro aspecto muito importante no perfil do professor fora de série
é sua inteligência emocional, pois, muitas vezes, ele terá pela frente uma turma
inquieta, questionadora e que lhe exigirá muita tolerância e sabedoria.
Ter inteligência emocional significa, em primeiro lugar, ter um profundo
auto-conhecimento de sua pessoa (personalidade), ou seja, basicamente saber
do seu limite em termos emocionais (aquilo que pode afetar seu equilíbrio
emocional).
Em segundo lugar, o professor fora de série precisa ter suas próprias
emoções sob controle para poder dirigir a turma nos momentos de conflitos em
sala de aula e que, muitas vezes, são freqüentes, principalmente no ensino
fundamental e médio.
Contextualizando, cada turma se torna um novo desafio para a carreira
de um professor fora de série, visto que as pessoas apresentam
temperamentos e comportamentos muito diferentes, por isso o grande
professor deve ser capaz de desenvolver sua inteligência emocional
(flexibilidade), o que pode ser estratégico no aprendizado de sua turma. O
professor precisa transmitir confiança para seus alunos em todas as
circunstâncias, o aluno precisa se sentir seguro com relação ao professor e,
isso inclui, tanto o comportamento do professor, como sua competência em
ensinar e transmitir TODO o seu conhecimento. Isso mesmo, o professor fora
de série ensina TUDO o que ele sabe. Ele mostra todos os “pulos do gato”
como se diz na gíria, ele não esconde nada do aluno. O professor fora de série
precisa demonstrar para os seus alunos que sua dedicação e
comprometimento em transmitir seus conhecimentos estão acima de qualquer
coisa. Isso é fundamental. É o mínimo que se espera de qualquer professor
que se preze.
Infelizmente, tive diversos exemplos de professores, tanto em minhas
graduações como em minha pós, que me passaram a clara impressão de que o
3 Clima Organizacional – motivação em nível de equipe, atmosfera psicológica do ambiente que correlaciona intimamente com a produtividade das pessoas.
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conhecimento era de seu uso particular e restrito.
Além disso, voltando ao tema sobre turmas complicadas, como
comento em minhas palestras para professores, a turma considerada “difícil” é
o maior teste do professor fora de série, ou seja, é a situação onde ele mais
aprende, por isso, o grande professor sabe que essa turma “difícil” poderá lhe
ensinar muito e, por isso mesmo, ele encara essa experiência como mais um
desafio de sua carreira, ou melhor, como mais uma grande oportunidade de
aprendizado.
“O professor excelente sempre aprende com cada turma, mas as que
mais lhe ensinam são as turmas “difíceis””.
Finalizando, o professor fora de série sabe de sua enorme
responsabilidade que tem para com seus alunos em função de que seu
trabalho e exemplo deixam marcas indeléveis nos mesmos, pois como
qualquer líder que se preze, ele influencia fortemente as atitudes e
comportamentos, através de sua postura e integridade (valor ético).
A propósito, quando falamos em valor ético estamos falando de AÇÃO,
pois um valor ético somente é reconhecido quando é praticado, ou seja,
quando somos exemplo de um comportamento correto e íntegro.
O professor será sempre exemplo para seus alunos (bom ou mau), por
isso nosso grande desafio é nos convertermos em excelentes exemplos a
serem seguidos, o que, muitas vezes não é nada fácil. Os alunos, diversas
vezes, simplesmente seguem o comportamento de seu mestre, por isso a
nossa responsabilidade de sermos líderes positivos capazes de inspirar
sentimentos de correção, integridade, compaixão e tolerância em sala de aula
é enorme e indelegável.
“O professor deve ser sempre exemplo de ética e integridade em sala
de aula.”
Por esse motivo, a função de professor é tão vital na formação dos
valores de qualquer sociedade ou comunidade e por esse mesmo motivo é
uma pena que, de uma forma geral, a nossa profissão não seja tão valorizada
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em nosso país.
Apesar disso, é muito importante que cada professor esteja consciente
de sua enorme responsabilidade na construção de um país com mais
educação e desenvolvimento e não se esqueça que ser professor, acima de
tudo é um grande desafio pessoal em todos os aspectos.
“O professor fora de série sempre se recorda de sua missão como
mestre: que é fazer um mundo um pouco melhor de se viver para toda a
sociedade, através da transmissão de seus conhecimentos e experiências.”
Na realidade, o professor fora de série precisa ser acima de tudo um
grande idealista. De outra forma, ele deve se lembrar constantemente que o
seu trabalho é vital para qualquer sociedade, ou seja, que seu trabalho pode e
deve fazer a diferença em qualquer lugar e contexto (significado do trabalho4),
independentemente de sua remuneração.
Na verdade, o professor fora de série é um apaixonado pelo
magistério, pois considera a sua profissão uma verdadeira missão, algo nobre
e muito necessário para que toda a sociedade possa ter acesso ao ouro
moderno que é o conhecimento. Pense nisso meu prezado leitor (professor).
No próximo capítulo, falaremos sobre essa verdadeira paixão que o
professor fora de série tem pelo magistério. Algo que, às vezes, é muito difícil
de ser explicado, mas verdadeiramente maravilhoso de ser vivenciado no dia-
a-dia com cada turma em sala de aula. Ser professor na verdade é ser uma
pessoa apaixonada pela vida já que desenvolvemos uma vocação de ajudar as
pessoas a se transformar.
“Prefiro morrer pobre, ajudando as pessoas a se transformarem.”
Waldez Ludwig
4 Significado do trabalho – saber que o nosso trabalho é útil e importante, esse trabalho pode e deve fazer a diferença independente da função exercida.
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Cap. 2 – A paixão pelo magistério
“A diferença entre um louco e um profissional é que um profissional faz o
máximo que pode de acordo com o que se propôs a fazer, ao passo que um
louco faz excepcionalmente bem o que ele não consegue deixar de fazer.”
Charles Bukowski
Como não poderia deixar de ser, todo o professor fora de série precisa
ser obrigatoriamente um apaixonado por sua profissão. Por isso, se você, meu
prezado leitor quer se tornar um professor fora de série algum dia, trate de se
apaixonar pelo seu trabalho.
Isso é fundamental, pois todo professor fora de série apresenta uma
forte e consistente auto-motivação.
Para começar, o professor fora de série precisa estar com todo o gás
quando entra em sala de aula. Os alunos precisam perceber a energia do
professor logo que ele entra em sala de aula para ter uma boa primeira
impressão.
Com o passar do semestre, isso começa a contagiar o ambiente de
sala de aula ou o clima organizacional. Essa energia positiva é fundamental em
qualquer professor. Os alunos, com certeza, percebem isso e ficam muito mais
dispostos a aprender. Então, sugiro que você cuide muito dos primeiros
momentos em sala de aula.
Portanto, o professor fora de série precisa amar a sua profissão acima
de tudo (eu diria) para sempre procurar se superar e buscar a excelência em
todos os níveis.
Como conseqüência disso, o aluno, percebendo essa grande
motivação (amor pela sua profissão) vai se sentir motivado para aprender cada
vez mais em sala de aula, ou seja, a motivação do professor sempre acaba
passando para o aluno e contagiando o ambiente em sala de aula o que torna o
mesmo um ambiente extremamente propício para o aprendizado.
Além disso, o aluno, provavelmente, muito mais facilmente poderá se
identificar com o professor visto que todos nós admiramos pessoas motivadas
e, sobretudo, apaixonadas pelo seu trabalho.
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Quem não se lembra do nosso querido e saudoso Airton Senna que
sempre demonstrava seu amor e comprometimento pela sua profissão e pelo
nosso país pilotando seu F1? Isso realmente contagiava todo o brasileiro que
acordava cedo quase todo o domingo para assistir a mais uma corrida do
nosso campeão.
Portanto, a motivação (paixão) é realmente um grande diferencial em
qualquer professor (em qualquer profissão eu diria) e deve ser indelével no
professor fora de série.
“No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à
dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não
faz.”
Airton Senna
Em função disso, quase toda a aula de um professor fora de série é
alto-astral, leve, descontraída e justamente, por isso, quando o aluno percebe,
ela já está chegando ao seu final.
Aliás, muitas vezes, o próprio professor se esquece da hora, pois está
tão concentrado e motivado que não percebe que o tempo passou.
Isso algumas vezes acontece comigo em sala de aula. É uma pena
que não seja sempre, pois nem todo o dia estamos inspirados para
lecionarmos de uma forma excelente, pois como todo ser humano temos os
nossos altos e baixos e isso não é diferente num professor fora de série.
Um outro aspecto marcante em um professor fora de série é que ele
sempre em todas as aulas está motivado. Isso mesmo, o professor fora de
série consegue manter a sua motivação durante todo o ano. Isso também é um
poderoso motivador para seus alunos que percebem e admiram essa
característica marcante no seu professor. E todos nós sabemos o quanto é
difícil mantermos a nossa motivação no dia-a-dia.
“O grande desafio de qualquer professor é o de manter a motivação
de seus alunos.”
É claro que todo o professor fora de série tem problemas a serem
21
resolvidos, mas ele tem o dom quando está em sala de aula de esquecer tudo
e lecionar de uma forma motivante e cativante.
Confesso que, algumas vezes, fui para a universidade pensando em
problemas que eu precisava resolver e não via a solução. Mas, quando a aula
começava, eu conseguia me esquecer totalmente desses problemas.
Na realidade, lecionar para mim também se tornou uma verdadeira
terapia, pois, diversas vezes, esqueço os meus problemas e acabo saindo
melhor do que quando entrei em sala de aula, visto que os alunos, na grande
maioria das vezes, me passam uma energia extremamente positiva em todos
os sentidos, aliás, a própria universidade é um ambiente extremamente
motivante (alto astral).
Justamente por isso, muitas vezes, acabamos voltando como
professores para que possamos conviver novamente nesse ambiente tão
envolvente e fascinante.
Em conseqüência disso, o professor auto-motivado sempre está se
atualizando e fazendo com que a sua disciplina seja mais interessante e
atrativa para o aluno a cada semestre que passa, ou seja, em sua disciplina
sempre existem novidades, o que torna a mesma cada vez mais atrativa e
instigante para o aluno. (Por isso, sugiro que a cada semestre você atualize a
sua apostila, isso demonstra ao aluno que você realmente está interessado em
desenvolver um trabalho de qualidade).
Na verdade, o professor fora de série consegue manter a sua
motivação porque está sempre adquirindo novos conhecimentos o que faz com
que ele se desenvolva continuamente tanto em nível profissional como pessoal,
ou seja, ele também é um apaixonado pelo aprendizado contínuo.
Ele sempre quer aprender mais a fim de aumentar a sua cultura e seu
conhecimento sobre os conhecimentos de sua área de estudo.
Por isso considero a carreira de professor uma das mais empolgantes
e desafiadoras que conheço, visto que o professor fora de série está se
desenvolvendo continuamente, testando sua capacidade intelectual todo o dia.
E que carreira pode nos proporcionar isso?
Contextualizando, noto frequentemente em muitas empresas que visito
que as pessoas estão muito desmotivadas e isso, em minha opinião, é devido
em parte ao fato de que elas não estão conseguindo desenvolver seu
22
verdadeiro potencial de uma forma adequada.
As empresas, de uma forma geral, precisam ser mais competentes no
desenvolvimento de seus próprios talentos.
Nos colégios acontece o mesmo, tanto em nível de professores como
no de alunos. Eu pergunto: quantos colégios ou universidades possuem um
programa de treinamento definido de uma forma consistente para seus
docentes?
O que torna a situação ainda mais complicada é que, muitas vezes,
nem as próprias pessoas reconhecem sua vocação, ou sabem
verdadeiramente aquilo que as agrada. Você já reparou nisso?
Para que isso não aconteça precisamos, primeiramente, reconhecer
nossa verdadeira vocação. Nesse aspecto o professor fora de série não tem
dúvida, ele sabe que ser professor “está no seu sangue”, tem a ver com a sua
personalidade, faz parte de sua vida, ou melhor, é a sua missão. O professor
fora de série tem a mais absoluta certeza que seu lugar é na sala de aula com
seus alunos.
Além disso, o professor fora de série é uma pessoa com uma grande
capacidade de doação, pois toda a aula ele procura dar o melhor de si. Ele
sabe de sua grande responsabilidade perante seus alunos.
Em função disso, esse professor deve estar sempre focado no aluno e
em suas necessidades, muitas vezes, pensando mais no aluno do que em si
próprio, pois o verdadeiro professor considera seu trabalho (como foi
comentado anteriormente) uma grande missão. Missão no sentido de ajudar as
pessoas a melhorar e a encontrar um caminho seguro a fim de desenvolver seu
verdadeiro potencial (talento).
Em função desse grande desafio, todo professor fora de série precisa
obrigatoriamente ser um apaixonado pela sua profissão, pois assim ele será
um exemplo de comprometimento pessoal a ser seguido por seus alunos em
todos os sentidos.
Para isso, logicamente, a função de professor deve estar de acordo
com a personalidade da pessoa.
Isso é facilmente constatado, pois todo o professor fora de série tem
um orgulho de ser professor, de dizer que é professor (de sua profissão),
independentemente de sua remuneração ou valorização pela sociedade, que
23
na maioria das vezes, infelizmente, deixa muito a desejar.
Para contextualizar, quando estou de férias de aula no início de cada
ano, sinto, depois de um mês sem lecionar, “um certo vazio” e logo percebo
que, as aulas e o contato com os alunos na universidade em que leciono, estão
me fazendo falta.
Isso é sério, não consigo ficar muito tempo longe da sala de aula. Todo
aquele alto astral da universidade acabou me seduzindo de uma maneira que
não me vejo trabalhando mais em outro ambiente ou contexto, embora
mantenha contato com empresas fazendo consultorias e palestras, o que
também me agrada bastante.
Por outro lado, infelizmente vejo muitos colegas meus “professores”
longe da sala de aula, preferindo executar apenas tarefas administrativas em
vez de estarem a frente de qualquer turma.
Alguns, inclusive, dizem que são gerentes, diretores, coordenadores,
supervisores evitando dizer que na verdade, são “professores”. Percebo ainda
que, de certa forma, esses profissionais não tem orgulho (auto-estima) de sua
profissão o que é muito triste, pois revela, no fundo, uma frustração.
Sinceramente, por mais que me esforce, não consigo entender essa
posição, visto que a sala de aula é o verdadeiro palco de qualquer professor
(artista) que se preze.
E qual o ator (artista) que ama a sua profissão e que consegue ficar
muito tempo longe dos palcos?
“O professor fora de série, muitas vezes, precisa ser um verdadeiro
artista em sala de aula!”
Na verdade, o professor fora de série deve ser um verdadeiro artista
hoje, sempre procurando testar novas metodologias, abordagens, estratégias
em cada turma que leciona, ou seja, ele deve sempre estar inovando em seus
métodos.
Por isso, na realidade, a criatividade é o seu verdadeiro método de
ensino. É isso que veremos no próximo capítulo.
Finalizando, alguns poderiam me perguntar como podem conseguir se
apaixonar pelo magistério, a fim de se tornarem excelentes professores ou
24
professores fora de série?
Eu, sinceramente, tenho a humildade de dizer que não saberia
responder à essa pergunta, pois é muito difícil explicar uma paixão.
É como acontece em nossos relacionamentos; simplesmente nos
apaixonamos e, algumas vezes, não pela pessoa “certa”.
Comigo foi mais ou menos assim. Sempre tive uma vontade de
lecionar, mas quando, pela primeira vez entrei em uma sala de aula (1996) em
um colégio público, vi que aquela era a minha missão como ser humano: tentar
ajudar os outros com um pouco de minha experiência e conhecimento.
A partir daquele momento vi que aquilo era o que realmente eu queria
para mim e para a minha vida. Ser professor...
Simplesmente isso, independente das dificuldades inerentes de uma
profissão com tamanhas responsabilidades e desafios.
É verdade que passei mais algum tempo trabalhando full time em
empresas, mas sabia que a sala de aula era meu destino, minha paixão e tudo
era uma questão de tempo o que acabou realmente acontecendo, no segundo
semestre de 1998, quando ingressei no mestrado da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS).
Inclusive a paixão que nutro pelo magistério me ajuda em algumas
aulas em que noto que a turma está cansada e inquieta.
É exatamente nesses momentos de dificuldades que qualquer
professor enfrenta, que a minha motivação supera tudo, pois noto que nesse
instante preciso dar o meu melhor em todos os aspectos para que os alunos
apesar do cansaço e da sua inquietação continuem aprendendo a matéria.
Isso para mim é mais um desafio que aprendi a enfrentar nessa
carreira fascinante de professor, pois a dificuldade é o nosso melhor mestre,
pois nos ensina muito.
Na verdade, a adversidade nos faz pessoas melhores quando
conseguimos nos superar e atingir nossos objetivos.
É importante salientar também que, algumas vezes, mesmo nos
preparando cuidadosamente para nossa aula, a mesma não sai como o
planejado.
Isso também acontecia, de vez em quando, nos torneios de tênis que
eu disputava na minha infância-adolescência. Eu conseguia treinar muito bem
25
com meu professor e no final de semana meu jogo não rendia a contento. Mas,
apesar disso, eu conseguia manter a motivação para o próximo torneio.
Isso também é necessário na docência, não podemos perder a
motivação quando, apesar de nosso esforço, as coisas não correm como
deveriam em sala de aula. Isso deve ser encarado como um desafio a ser
enfrentado e vencido na vida de qualquer professor.
Aliás, tenho uma frase que sempre levo comigo e aprendi quando
jogava torneios de tênis em minha adolescência:
“A derrota nos ensinam muito mais do que a vitória, pois ela nos faz
questionar sobre as todas as nossas decisões e comportamentos. Ela nos
indica onde erramos e onde devemos e precisamos melhorar para atingir a
vitória na próxima vez.”
Por outro lado, às vezes, mesmo não nos preparando tão bem para a
aula, a turma responde de uma forma maravilhosa, isso felizmente também
acontece.
Por falar nisso, muitas vezes, tive o privilégio de conviver com turmas
excelentes, pois eram extremamente receptivas a todas as atividades
propostas por mim em sala de aula. Nesses casos, o meu trabalho ficou
extremamente facilitado porque toda a turma demonstrava um enorme
interesse em participar em aula e aprender.
“Nada deve ser capaz de desmotivar um excelente professor”
Por isso, sugiro que você que, ainda não escolheu sua profissão, fique
muito atento à sua voz interior (aquela que nos diz aquilo que verdadeiramente
nos agrada (vocação)).
Na realidade, nossa consciência é muito sábia e quase sempre nos
conduz a trilhar bons caminhos e ir em busca de nossos verdadeiros e
genuínos sonhos.
Lembre-se que estamos nesse mundo para fazer a diferença em
nossas vidas e na vida de outras pessoas que convivem ou não conosco. Não
se esqueça disso.
26
Também precisamos nos conscientizar de que qualquer profissão tem
seus momentos de dificuldade e desalento, por isso, precisamos amar nosso
trabalho para buscar sempre realizá-lo da melhor forma possível, apesar das
dificuldades do caminho.
Aliás, desde meu ensino médio eu, particularmente, sempre analisava
todos os meus professores com que tinha aula.
Na verdade, eu Imaginava como eles poderiam melhorar seus
métodos de ensino e tornar as suas aulas mais produtivas e interessantes (que
petulância a minha).
Paradoxalmente acabei me tornando justamente um professor. A nossa
vida realmente nos prega cada peça (no bom sentido)...
Por isso fica aqui meu eterno agradecimento aos professores que
conseguiram fazer a diferença em minha vida.
E mesmo aos que não fizeram, pois me ensinaram como eu não
deveria me portar e agir em sala de aula.
“Tive aula com muitos professores e, com o tempo, descobri a
diferença entre estar professor e SER professor.”
27
Cap. 3 - A criatividade como método.
“O profissional de sucesso, hoje, precisa ser extremamente criativo, e para ser
criativo ele não pode ter medo de errar. Um profissional criativo, por
conseqüência, é motivado, ousado e, principalmente, corajoso.”
Para nos tornarmos um professor fora de série, precisamos de todas as
formas despertar em nós mesmos e em nossos alunos a tão desejada e
sonhada criatividade.
Falo em despertar, pois acredito que todos nós somos, de certa forma,
criativos ou, pelo menos, temos a capacidade de desenvolver e treinar a nossa
criatividade.
Na realidade, a criatividade se encontra em estado latente ou
adormecida em nós, visto que muito poucas vezes em nossa vida nos deram
chance para usá-la efetivamente, ou seja, quase nunca nos deram espaço para
propor idéias ou sugestões novas nas mais diversas situações.
Começando pela nossa infância e adolescência na família, passando
pela escola, universidade e, finalmente, no mercado de trabalho (organizações)
quase sempre fomos quase que obrigados a apenas seguir as ordens. Aliás,
quem nunca ouviu de seu chefe: “Você é pago para fazer e não para pensar!”
Infelizmente, ainda hoje, em muitas empresas ainda acontece o mesmo.
Então, com o tempo, acabamos aceitando apenas seguir o que os
outros nos dizem sem questionar se as coisas poderiam ser feitas de uma
maneira diferente ou quem sabe até melhor por que não dizer.
Na educação atual, de uma forma geral, acontece exatamente o
mesmo. Reparem como até hoje, mesmo na universidade, os alunos sempre
sentam nos mesmos lugares e com as mesmas pessoas durante todo o
semestre e, às vezes, durante todo o curso superior. Mas por que acontece
isso?
“Na maioria das escolas, no ensino fundamental, ainda existe o
famigerado “espelho” de classe, que simplesmente ensina o aluno a sentar
sempre no mesmo lugar na sala de aula.”
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Na verdade, fomos “treinados” a sempre sentar no mesmo lugar desde
o primário e o que é pior, acabamos levando isso conosco durante a nossa
vida.
Continuando na caçada contra a criatividade é interessante comentar
que, em hipótese alguma poderíamos questionar o professor. Tínhamos que
simplesmente aceitar seus posicionamentos, pois ele era, simplesmente, o
professor, portanto sempre estava certo e ponto final.
“Professor não erra, professor apenas se engana.”
Ditado popular
Justamente, por isso, alguns de nossos alunos, mesmo hoje na
universidade, apresentam muitas dificuldades em pensar por conta própria.
Eles, na verdade, esperam que o professor pense por eles e proponha todas as
soluções.
De outra forma, querem somente as coisas prontas. Se o professor
começa a fazer com que reflitam alguns reclamam: “Ah, professor! Fala logo a
resposta que eu estou ficando agoniado com as suas perguntas. Se o senhor
sabe, por que não diz logo a resposta?Que coisa!”
Para contextualizar, noto algumas vezes isso na disciplina de
planejamento estratégico que leciono.
Para planejar com sucesso precisamos, logicamente, desenvolver e
treinar muito a nossa criatividade, pois afinal planejar é propor soluções para os
problemas de nossa organização, sendo que os problemas são diferentes e, o
que é pior, cada vez mais difíceis e complexos.
Conseqüentemente, precisamos pensar nas mais diversas estratégias5
para que a nossa organização ganhe a cada dia mais e mais competitividade
superando seus concorrentes em um ambiente interdependente e mutável.
“Em um ambiente interdependente e mutável qualquer organização
pode ser comparada a um jacaré. E todos nós sabemos que um jacaré
somente sobrevive se não ficar parado. Pois se ele não se mexer, ele pode
5 Estratégia: termo de origem militar: a arte do general, em planejamento significa o que vou fazer para atingir os objetivos propostos.
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virar bolsa, sapato, casaco, carteira, aliás, ele poder virar qualquer coisa menos
ficar como jacaré.”
Por essa razão quando começamos a estudar a parte estratégica do
processo de planejamento, os alunos, de uma forma geral apresentam
dificuldades de achar as soluções para os problemas apresentados em aula, já
que não fomos educados a pensar e propor soluções novas e, muito menos de
termos a coragem necessária de testá-las.
Para nos tornarmos professores excelentes ou fora de série
precisamos ter a coragem de testar estratégias novas todo o semestre, na
verdade precisamos ser ousados para propor novos métodos de ensino com o
intuito de melhorar o aprendizado do aluno de uma forma contínua e
consistente.
O professor fora de série deve ser como um alquimista que realiza
sempre novas experiências, analisando os resultados constantemente. Por
isso, não podemos ter medo de errar, temos de ousar constantemente em
busca da excelência. Essa é a nossa missão e o nosso grande desafio.
Comigo acontece isso, cada semestre acabo testando algo novo em
minhas aulas. Também tenho a humildade de admitir que nem sempre o
resultado é satisfatório, mas isso faz parte de meu aprendizado como professor
e, como professor, sei que estou sempre aprendendo.
A abertura da aula
Continuando com algumas estratégias que utilizo em minhas aulas
para melhorar minha metodologia de ensino convém ressaltar a abertura da
aula.
“Um dos aspectos que mais chama a atenção de um aluno é a forma
como um professor abre ou começa a sua aula.”
A abertura de uma aula é muito importante, na verdade é o cartão de
visita do assunto a ser estudado. Por isso, para começar é muito importante
fazer um aproach (preparação) antes de falar sobre o assunto a ser estudado.
Na verdade, nunca se começa uma aula diretamente na matéria
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propriamente dita, pois o aluno não está preparado para iniciarmos
imediatamente com os assuntos específicos da disciplina, o aluno precisa ter
um tempo para relaxar e assim entrar, digamos assim, no clima da aula.
Em função disso, sempre inicio minhas aulas com o que costumo
chamar de “momento cultural”. Nesse “momento cultural” trago para a aula e-
mails que recebo e que contém mensagens de motivação, de reflexão e,
invariavelmente, também algumas piadas, às vezes relativas a algum assunto
que vai ser abordado em aula.
Faço isso com o intuito de que os alunos possam inicialmente relaxar e
se conectar mais facilmente quando eu literalmente começar a aula.
Não podemos esquecer que precisamos primeiro conectar a nossa
platéia para somente depois disso, começarmos a enviar a nossa mensagem,
somente assim o processo de comunicação pode alcançar o sucesso
esperado.
“O processo de comunicação somente se efetiva quando o receptor
(aluno) recebe e compreende a mensagem do emissor (professor).”
Com o tempo acabei percebendo que esse momento era muito
aguardado pelos alunos que, inclusive comentam, algumas vezes, que todos
os professores deveriam fazer um momento cultural como abertura de suas
aulas.
Outros ainda me dizem: “Tejada, sempre chego atrasado nas aulas,
mas na tua eu chego na hora, pois não quero perder o momento cultural”.
Por isso, professor pense como pode ser a abertura de sua aula, isso
pode se tornar um atrativo a mais para os seus alunos.
Precisamos fazer algo que já inicialmente possa prender a atenção do
aluno.
Você também pode contar algo de interessante que aconteceu durante
o dia ou algo por que você está passando, pois os alunos demonstram sempre
muita curiosidade em saber sobre algo particular do professor (família, estilo de
vida, hobbies, etc).
Logicamente sempre temos que ter bom senso quando contamos algo
particular sobre nossa pessoa, mas isso creio que todo professor vai saber o
31
que contar e em que situação.
Para contextualizar sempre comento em minhas aula sobre o meu
CUnhado (Aliás se cunhado fosse boa coisa não começaria com cu.) e minha
irmã que considero as minhas duas cruzes, afinal todos temos que carregar
alguma cruz na vida, como Deus quase que somente me proporcionou
felicidades tanto em minha vida pessoal como profissional (especialmente
como professor) ele também me deu duas cruzes para carregar o que é mais
do que compreensível.
Também comento algumas coisas que aconteceram ou estão
acontecendo em minha vida e que se relacionam com a matéria lecionada. Isso
faz com que os alunos internalizem melhor alguns pontos da matéria, pois seu
interesse é aguçado pela curiosidade. Noto isso pois, volta e meia, algum
exemplo vivenciado por mim é citado em prova, o que significa que consegui
sensibilizar o aluno naquele ponto da matéria.
A aula de sensibilização.
Uma outra estratégia que tenho utilizado e obtido um bom resultado é o
que chamo de aula de sensibilização.
Para exemplificar, na disciplina de comportamento organizacional que
leciono um dos assuntos é justamente a motivação.
Decidi, de um tempo para cá, fazer uma aula não convencional para
que os alunos percebessem o que, na verdade, significa a motivação.
A motivação apresenta um sentimento individual para cada pessoa,
pois as pessoas possuem motivações, às vezes, muito diferentes.
Por isso, o que motiva uma pessoa, muitas vezes não motiva outra,
pois as pessoas têm personalidades e muitas vezes, objetivos bastante
distintos.
“A motivação tem significados diferentes para cada pessoa, já que
todos nós somos seres únicos e com personalidades únicas”.
Para iniciar essa aula de aula de sensibilização, seleciono algumas
músicas de quase todos os gêneros e questiono meus alunos sobre seus
32
sentimentos com relação a essas músicas.
É interessante verificar que cada aluno possui um sentimento próprio
e, muitas vezes, oposto ao seu colega. As pessoas sentem as músicas de
formas diferentes, de acordo com a sua personalidade e de sua história de
vida.
Existem músicas que nos tocam mais profundamente, pois nos
lembram tanto de coisas boas quando de dificuldades vivenciadas, ou seja,
cada música tem a capacidade de tocar de uma maneira diferente cada
pessoa.
“Algumas músicas nos tocam de uma maneira especial o que não
acontece com outras que simplesmente, às vezes até odiamos.”
Contextualizando, uma das músicas que utilizo é a do programa
Fantástico da Rede Globo, quando eu pergunto qual a sensação quando vocês
ouvem pela segunda vez essa música nas noites de domingo? Sinceramente
as respostas são, às vezes, surpreendentes.
Logo depois, coloco no datashow vídeos engraçados para descontrair
os alunos, digamos que esse seria um momento cultural virtual.
Em seguida, começo a projetar mensagens que fazem os alunos
refletirem sobre suas vidas e, principalmente, sobre a sua vida na organização.
Prosseguindo a aula, procuro mexer com os mais variados
sentimentos dos alunos nessas projeções entre eles: alegria, reflexão,
“tristeza”, felicidade, etc.
Inclusive em todas essas mensagens, eu escolho um fundo musical
apropriado para criar um clima ainda mais propício para cada sentimento.
No final dessa aula ou na próxima aula, procuro traçar um paralelo
sobre esses sentimentos (motivações vivenciadas) com relação às teorias mais
estudadas e aceitas sobre motivação entre elas as de Maslow, Herzberg,
Adizes, Vroom entre outros autores, ou seja, faço uma contextualização do
tema em estudo (motivação).
O feedback6 que tenho tido por parte dos alunos tem sido, na maioria
6 Feedback – resposta ou retorno do trabalho desenvolvido (avaliação).
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das vezes, muito bom.
Apenas numa ocasião percebi que a turma não tinha assimilado bem
essa metodologia, mas isso também faz parte. Temos que estar conscientes de
que nem sempre nossas aulas atingem o objetivo esperado e temos que ter
humildade para reconhecer isso e mudarmos ou aperfeiçoarmos as nossas
estratégias.
A apostila.
Prosseguindo agora abordarei um tópico importante que se refere à
formatação da apostila da disciplina, ou material de apoio, como eu costumo
chamar.
Sempre achei que uma apostila completa era muita comodidade para o
aluno e de certa forma desinteressante. Por isso minha apostila não é
completa. Na verdade, ela possui espaços para serem completados pelos
alunos em sala de aula.
Isso faz com que os alunos não fiquem somente olhando eu falar (o
que muitas vezes provoca sono em alguns), pois de vez em quando precisam
fazer anotações no material o que tende a fazer com que mantenham a sua
atenção em aula.
Com isso, eu constato que a aula acaba ficando mais dinâmica e
interessante e os alunos ficam mais despertos e atentos ao tema estudado
(não posso esquecer que leciono à noite e a grande maioria dos alunos
trabalha de dia o que faz com que a aula tenha que ter uma formatação
adequada (a dinâmica da aula é muito importante nesse aspecto), pois o aluno
já enfrentou um dia inteiro de trabalho).
Além disso, em quase toda aula distribuo um material adicional (parte
de algum livro que acabei de ler ou algo parecido) que, acredito, possa
enriquecer o assunto em questão.
Em função disso, o aluno percebe que estou me esforçando para me
atualizar constantemente e renovar o material da disciplina sempre com
novidades.
Isso também acaba fazendo com que os meus alunos se
conscientizem de que a presença deles é muito importante para o seu
34
desempenho na disciplina durante o semestre, pois, muitas vezes, esses
assuntos acabam sendo objetos de questionamentos em nosso encontro
intelectual (prova).
A chamada.
Com relação à realização da chamada utilizo uma estratégia não muito
convencional, pois, na maioria das disciplinas que cursei em minhas
graduações a chamada sempre foi usada como um elemento de pressão (até
coação) para que o aluno permanecesse em sala de aula.
Confesso que nunca gostei disso, pois, na verdade, como comentamos
anteriormente, o aluno precisa se conscientizar que a sua presença é
realmente muito importante em sala de aula.
Conseqüentemente, não utilizo a chamada como uma imposição à
presença do aluno, ou seja, jamais faço mais de uma chamada ou, o que é
pior, uma única chamada no final de dada aula, pois acredito que essa não é a
melhor maneira de conduzir uma aula já que leciono em uma universidade de
administração e qualquer professor de administração precisa ter como um dos
principais objetivos o de despertar um espírito empreendedor em cada aluno,
ou seja, que cada aluno tenha autonomia e saiba usar com inteligência e bom
senso essa liberdade buscando constantemente a excelência em seu
aprendizado.
E também por que, na realidade, não quero obrigar ninguém a assistir
à minha aula de má vontade. Por isso faço uma única chamada no início da
aula.
Aliás, para mim, fazer a chamada no início funciona como um índice de
controle de qualidade, pois é um teste pessoal a fim de ver se sou capaz
realmente de manter o interesse e atenção de minha turma sem qualquer
mecanismo impositivo (Em minha graduação notava que alguns colegas meus
somente permaneciam na sala de aula simplesmente para responderem no
final da aula a chamada).
Sinceramente, para mim, nem precisaria existir chamada, pois temos
que nos conscientizar que somente conseguiremos mudar esse país se dermos
um real valor à educação e ao conhecimento.
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“Um país somente consegue evoluir com consistência quando seus
habitantes aumentam seus conhecimentos através de uma educação
atualizada.”
Sugiro que você, professor universitário, pense nisso. Experimente
fazer sua chamada no início de cada aula e avalie o comportamento (reação)
de sua turma.
Também não poderia deixar de comentar que certa vez um colega me
questionou: ”Tejada, desculpe, mas acho que tu estás completamente louco!
Se eu fizer a chamada no início da cada aula, todos os meus alunos vão
embora! Então, como é que eu vou dar aula”?
Então eu respondi: ”Bem, se todos os seus alunos vão embora, acho
que está na hora de você “pensar” em rever sua metodologia de ensino
(estratégias)”.
Vocês não concordam comigo? Realmente não sei se meu colega
gostou da minha resposta, embora eu tenha procurado ser o mais elegante
possível (não sei se consegui), mas, na verdade, acho que ele precisava ser
alertado de alguma forma, pois todos nós professores temos deficiências ou
aspectos a melhorar e precisamos sempre procurar atacar de todas as formas
nossos pontos fracos com o intuito de minimizá-los.
“O fascínio da carreira de docente está no constante aprendizado que
ela proporciona, pois o conhecimento tem o dom de mudar para melhor as
pessoas em todos os sentidos”.
Além disso, temos de procurar sempre manter nossa humildade para
reconhecer e, principalmente, corrigir nossos erros.
Essa postura, na verdade, na maioria das vezes, pode criar uma forte
empatia com o aluno, visto que o professor fora de série precisa ter a coragem
de reconhecer seus erros perante os outros sem constrangimentos (o que não
é fácil). Isso, na verdade, é sinal de grandeza e quem de nós, eu pergunto, por
acaso, nunca se equivocou?
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A Revisão.
Outro ponto importante na estratégia criativa de um professor fora de
série é a sua revisão.
Logicamente todo o professor deve fazer uma revisão dos assuntos
tratados em sua aula anterior, porém, de uma maneira geral, os alunos não
gostam de ser questionados.
Quando o professor fala que vai revisar os conteúdos da aula passada
os alunos já se sentem inseguros.
Então, como posso fazer uma revisão que deixe os alunos motivados
para responder as perguntas e, principalmente, (esse é o grande objetivo) lhes
proporcione motivação para revisar a matéria antes da aula começar?
Bem, para iniciar apago a luz (isso mesmo, pois com as luzes da sala
desligadas meus alunos não podem ler as suas anotações) e indico um aluno
para responder.
No início os alunos ficam muito surpresos, mas vão relaxando, pois
não faço nenhum interrogatório policial.
Na verdade, vou perguntando os pontos principais estudados na aula
passada e quando o aluno não sabe, eu o ajudo a lembrar (às vezes sopro em
seu ouvido a resposta) e depois peço para ele falar em voz alta para toda a
turma ouvir. É claro que toda a turma percebe e, muitas vezes, explode em
risadas.
Com isso, penso que consigo, na maioria das vezes, fazer a revisão de
uma forma descontraída e, acima de tudo, produtiva.
Noto também com o passar do semestre que a maioria dos alunos
passa a revisar a matéria antes da aula começar, a fim de que, digamos assim,
não tenham de pagar um “miquinho” para toda a turma por não saberem
responder à alguma de minhas perguntas.
Na realidade, meu grande objetivo é fazer com que os meus alunos
consigam internalizar a matéria de uma forma divertida e descontraída, sendo
que para isso é muito importante a revisão dos assuntos estudados em aula,
ou seja, a repetição dos conhecimentos é uma estratégia adequada para
melhorar o aprendizado do aluno de uma forma consistente.
Alguns alunos, inclusive me comentam, que aquelas perguntas que,
37
por acaso, não conseguiram responder na revisão, eles invariavelmente
acertaram as mesmas na prova.
Sim, na verdade, sempre nos lembramos das questões que erramos
nas provas, os erros nos marcam muito mais do que os acertos, pois não os
esquecemos com facilidade.
“Quando um aluno erra uma questão na prova, ele, dificilmente,
esquece. Os erros, tanto em provas como na vida, nos ensinam muito.”
A oração acadêmica.
Utilizo também outra estratégia para conceitos importantes ou partes
chaves da disciplina. Faço o que eu chamo de “oração acadêmica”. Mas no
que consiste essa estratégia?
Simplesmente eu repito duas ou três vezes em voz alta o conceito
estudado e depois apago novamente todas as luzes da sala e solicito que
todos repitam os conceitos em voz alta.
Na primeira vez, confesso, parece uma verdadeira torre de Babel. Não
consigo entender nada, mas depois a turma vai se parecendo mais com uma
igreja de fiéis fervorosos (amém).
Alguns alunos, inclusive, se empolgam além da conta, mas o que é
melhor, a maioria não esquece desses conceitos, ou seja, o conceito acaba
sendo internalizado pelo aluno de uma forma leve e divertida.
“Uma aula criativa faz com que o aluno aprenda se divertindo o que
motiva o mesmo a aprender constantemente.”
Tudo isso acaba criando um ambiente em que todos se sentem a
vontade para dar sua contribuição, por isso a aula acaba ficando mais leve e
também muito mais interativa, ou seja, a participação dos alunos aumenta
consistentemente, o que é fundamental para um ensino de qualidade em todos
os aspectos.
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“Um professor fora de série sempre incentiva constantemente a
participação de seus alunos.”
Com isso, o professor fora de série precisa ser um excelente ouvinte,
ele precisa dar toda a atenção possível quando um aluno seu está se
expressando, pois isso é, acima de tudo, uma questão de profundo respeito
pelo ser humano e toda pessoa que é ouvida com atenção se sente muito
valorizada.
A partir disso, o clima da aula vai proporcionar que os alunos possam
aprender de uma forma muito produtiva e que o professor possa ter vários
insights7 que enriqueçam os assuntos abordados e contribuam até mesmo para
proporcionar um novo colorido para a aula.
“O insight é a base da criatividade do professor fora de série, ou seja,
a capacidade de gerar idéias de uma forma quase instantânea a fim de
enriquecer a contextualização da matéria vista em aula. O professor fora de
série necessariamente tem vários insigths em sala de aula.”
“Para mim uma aula fora de série é aquela em que o aluno quase não
precisa estudar em casa para obter a sua aprovação.”
A oratória.
Também é importante ressaltar a estratégia de oratória do professor
fora de série.
O professor fora de série precisa saber trabalhar com diferentes níveis
de modulação de voz. Isso faz com que o aluno note especificamente quais
são os pontos mais importantes da matéria.
Exemplificando: Os pontos mais importantes da matéria o professor
precisa mudar seu tom de voz a fim de enfatizar os mesmos. Também outra
estratégia adequada é citar uma vivência ou experiência nesse ponto
específico para que o aluno possa internalizar com uma maior facilidade o
mesmo.
Nesse aspecto também se torna importante a movimentação em aula
39
do professor. Inclusive posso usar minha movimentação em aula para explicar
os pontos importantes da disciplina. Contextualizando, explico uma teoria
administrativa em um canto da sala e antes de explicar a próxima teoria me
movimento para o outro lado da sala. Isso faz com que o aluno note que as
teorias são diferentes, pois percebem a minha troca de posição na sala.
Também é importante que o professor circule por toda a sala de aula,
isso faz com que os alunos da “cozinha” vejam que o professor está atento
também a eles, com isso, o professor pode conseguir a atenção de todos em
sala de aula o que auxilia enormemente o processo de aprendizado.
“Um professor estático lá na frente se torna um poderoso sonífero para
os seus alunos e até para ele próprio.”
O intervalo.
Com relação ao intervalo, sempre liberamos os alunos. Ao nosso ver,
pedagogicamente, o intervalo é muito interessante.
Acreditamos que o intervalo é muito salutar, já que precisamos ter um
tempo de descanso, a fim de melhorarmos ou recuperarmos o nosso poder de
assimilação. Por isso, não somos favoráveis a suprimir o intervalo.
Nossa experiência tem mostrado que uma aula sem intervalo é menos
produtiva, tanto para o aluno quando para o professor.
Isso não quer dizer que se estivermos no meio de um assunto muito
importante não possamos atrasar ou esporadicamente eliminar, nesse dia, o
intervalo. Mas, de uma forma geral, a realização do intervalo é importante para
prover um melhor processo de assimilação por parte do aluno.
O término da aula.
Uma outra questão inquietante é quanto ao término da aula. Nas
universidades (onde leciono) alguns professores ficam até o último minuto com
os alunos independentemente do que está acontecendo à sua volta, afinal eles
estão sendo pagos para dar aula até o fim do período e pronto.
7 Insights – idéias, pensamentos
40
Eu penso que quem determina o final da aula é o aluno. Por isso
sempre que estou em aula fico olhando para todos os alunos a fim de perceber
seu interesse e atenção para com a aula.
É impressionante como é fácil perceber quando os alunos
simplesmente não estão mais absorvendo nada. É justamente antes desse
momento que a aula deve encerrar, pois não há sentido algum o professor
fingir que está ensinando enquanto os alunos fingem que estão aprendendo.
Por isso sugiro que você, meu prezado professor, mantenha sempre
um contato visual com seus alunos para que você possa perceber a hora ideal
do término de sua aula.
“Todos nós temos uma capacidade limitada de absorção. Levar uma
aula até o final sem a atenção dos alunos é a mesma coisa do que ler um livro
sem estar assimilando nada. Isso faz algum sentido?”
Temos que ter consciência de que quando estamos trabalhando com o
capital intelectual (conhecimento) das pessoas o tempo é relativo. O que conta,
na verdade, é o aproveitamento do tempo.
“O mais importante para o professor fora de série é o que os seus
alunos efetivamente aprendem em sala de aula independentemente do tempo
de duração de sua aula.”
Para contextualizar uma das melhores disciplinas de minha graduação
em administração foi a de direito tributário. O professor era excelente em
matéria de didática e humildade. Sua aula durava menos do que qualquer aula
e era extremamente interessante. Inclusive, às vezes, durava somente até o
intervalo, mas era extremamente produtiva em todos os aspectos.
Nós, alunos, conseguíamos assimilar praticamente tudo em sala de
aula, pois esse professor tinha uma didática invejável, além disso, era
extremamente simpático com seus alunos. Apesar de (na época) ser um juiz
federal e ter escrito livros sobre o tema mantinha a sua humildade o que
cativava os alunos. Seu nome Reinaldo Ponzi. Obrigado professor pelo
exemplo.
41
“A qualidade de um professor não é medida pelo tempo de duração de
sua aula, mas pelo que, efetivamente, seus alunos aprendem na mesma.”
Procuramos nesse capítulo trazer um pouco de nossa experiência para
ajudá-lo nessa missão tão fascinante de ser professor.
Logicamente você, professor, pode e deve usar sua criatividade para
propor outras estratégias, inclusive melhores do que essas relatadas aqui.
Isso fará com que você, inevitavelmente rume para a excelência e
possa encantar efetivamente seus alunos. Desejo-lhe muita sorte em mais
esse grande desafio.
“O professor fora de série sabe que sempre pode melhorar em todos os
aspectos e isso faz com que ele sempre busque melhorias em seu método de
ensino.”
42
Cap. IV – O carisma que conquista.
“Carisma é liderar sem aparecer”
Simon Franco
Uma outra característica no perfil do professor fora de série se refere
ao seu carisma. Constato inevitavelmente que todo grande professor que tive
(infelizmente não foram muitos) tinha um grande carisma.
Você, meu prezado leitor poderia me perguntar o que se entende por
carisma?
Carisma no nosso modo de ver se refere à capacidade de se tornar um
exemplo de inspiração para seus alunos, ou um modelo a ser seguido no que
se refere à busca constante de aperfeiçoamento através do conhecimento.
Um professor carismático se torna um modelo a ser seguido visto que
os alunos se identificam com ele com muita facilidade.
Nesse caso o professor é como um espelho para os alunos, pois os
alunos querem seguir seu exemplo, seu modelo, de certa forma querem se
tornar iguais a ele, assim como um discípulo que quer se igualar, e, às vezes,
até superar o seu mestre.
“Inevitavelmente o professor carismático possui discípulos”.
Por isso, todos os alunos se espelham no professor devido ao seu
exemplo de pessoa e, acima de tudo, de profissional.
Através de seu carisma o professor fora de série faz com que seus
alunos o admirem fortemente e sigam seu exemplo pessoal e profissional.
O professor carismático também tem como uma característica
indelével o seu profundo respeito pelo aluno. Os alunos se sentem queridos
pelo professor, eles sabem que podem contar com ele para o que for preciso e
isso lhes dá muita segurança. Na verdade, o professor carismático acredita no
potencial de seus alunos e de certa forma consegue enxergar o melhor em
cada aluno, ou seja, seu potencial específico.
43
“Todos nós, sem exceção, possuímos um verdadeiro talento, embora
alguns passem pela vida sem descobri-lo.”
Também é importante comentar que todo professor carismático deve
possuir uma excelente oratória visto que a capacidade de comunicação faz
parte de seu desempenho como docente, por isso o professor fora de série se
comunica de uma forma explêndida.
“O carisma de um professor está intimamente associado à sua
capacidade de comunicação (oratória).”
Isso é fundamental, pois o professor carismático precisa prender a
atenção de seus alunos, ou da maioria dos seus alunos, por que ele se
comunica perfeitamente com eles, ou seja, consegue se fazer entender com
muita facilidade o que gera um sentimento de grande satisfação do aluno visto
que ele percebe que o aprendizado flui com naturalidade e, acima de tudo, de
uma forma muito produtiva. Não podemos esquecer que a qualidade de um
professor é medida pelo que seus alunos efetivamente aprendem.
Também é interessante ressaltar que o carisma de um professor pode
estar ligado à sua irreverência e bom humor, ou seja, a maneira leve e
descontraída com que ele transmite seus conhecimentos e, principalmente,
com relação à sua vivência ou experiência profissional.
“Irreverência e bom humor são duas características que se
complementam quando falamos em carisma.”
Contextualizando é interessante citar uma brincadeira que fiz com uma
turma da disciplina de teoria geral da administração I num dos meus primeiros
semestres na Universidade de Caxias do Sul.
Era exatamente o dia 1º de abril e quando eu estava me dirigindo para
a aula pensei: Não posso deixar passar essa data em branco e resolvi, então,
fazer, digamos assim, uma “provinha surpresa” para os meus queridos alunos.
Por isso quando passei na secretaria solicitei papel almaço suficiente
para toda a turma. Chegamos em aula, fizemos a chamada, lemos o momento
44
cultural (ver capítulo anterior) e falamos que iríamos realizar uma prova
surpresa para ter um feedback do aprendizado da turma antes do nosso
primeiro encontro intelectual.
Instantaneamente alguns comentaram: “É brincadeira do Tejada, hoje
é 1º de abril, nem esquentem com isso pessoal”
Eu, imediatamente, contra-argumentei que não era brincadeira e que
eu realmente queria ter um feedback do aprendizado deles.
Logicamente a reação de meus alunos foi a de um espanto geral.
Começaram a pipocar reclamações em todos os sentidos a medida que eu ia
entregando as folhas de almaço para a nossa prova surpresa, tipo: “Tejada, eu
não vim a aula passada”. “Tejada, faz duas aulas que eu não venho”. “Tejada,
eu estou doente, nem ia vir hoje!” etc.
Eu, sinceramente, estava ouvindo as reclamações e fazendo uma
força danada para não rir, pois as caras de espanto e desespero eram, sem
dúvida, muito engraçadas.
Um aluno inclusive falou com um colega que já tinha sido meu aluno
em outra disciplina: “O Cara! Ele também fez isso contigo! Tu tinha falado que
esse professor era gente fina e olha o que ele está aprontando com a gente! Vê
se pode!”
Mesmo com todas as reclamações consegui ficar sério e acalmar um
pouco a turma dizendo que as perguntas eram fáceis. Então, mesmo
contrariados meus alunos colocaram seu nome na folha e aguardaram minhas
instruções.
Então eu disse (bem sério): Por favor, anotem a primeira pergunta.
Todos estavam a postos com suas canetas quando eu disse a mesma: Qual
dos integrantes do KLB é bicha?
Vocês não fazem idéia da reação dos meus alunos. Uns riram, outros
ficaram extremamente aliviados, inclusive alguns comentaram: “Só podia ser
coisa do Tejada”!
No final da aula, vários me disseram: Tejada, o tempo vai passar, daqui
a um tempo eu vou me formar, mas podes ter certeza de que essa aula eu
nunca mais vou esquecer!
O tempo passou e, algumas vezes, alguns desses meus alunos ainda
passam por mim no corredor e se lembram dessa brincadeira que fiz com eles,
45
nesse caso, até hoje ainda a lembrança dessa aula produz boas risadas.
Portanto, a irreverência e o bom humor acabam tornando a aula mais
leve e produtiva, pois o aluno tem muito maior facilidade de internalizar
conhecimentos quando ele está se divertindo, ou seja, o professor carismático,
muitas vezes, consegue ensinar seus alunos de uma forma divertida o que
torna a sua aula extremamente interessante.
“Irreverência é uma das estratégias mais utilizadas pelo professor fora
de série para que seus alunos aprendam de uma forma leve e descontraída os
conhecimentos trabalhados em aula.”
Tudo isso acaba, digamos assim, “seduzindo” o aluno a querer
aprender continuamente e até a superar seus próprios limites intelectuais à
medida que o tempo passa e ele nota que seu conhecimento está aumentando
de uma maneira consistente.
“O carisma de um professor acaba seduzindo o aluno a aprender
constantemente e a superar seus próprios limites intelectuais.”
Contextualizando, algumas vezes, eu estudava a matéria dada em aula
mesmo não gostando muito pelo grande carisma do professor, pois o admirava
muito como pessoa e profissional e me via obrigado a corresponder à sua
expectativa. Inclusive com o tempo eu, algumas vezes, acabava gostando da
matéria, pois só podemos gostar de algo realmente quando conhecemos aquilo
a fundo.
Por outro lado, na grande maioria das vezes, o carisma do professor
acabava fazendo com que eu acabasse me apaixonando por sua disciplina, já
que eu notava que o professor amava aquele assunto em questão e lecionava
de uma forma tão apaixonada que acabava conquistando meu interesse nesse
mesmo assunto.
Conseqüentemente, o carisma de um professor passa por seu
profundo conhecimento de sua disciplina, o aluno precisa admirar o professor
pelo seu conhecimento, saber, cultura e vivência. Por isso, inevitavelmente, faz
46
parte do carisma do professor o domínio que ele tem sobre a matéria que
leciona e a sua experiência profissional. Isso acaba impressionando o aluno de
uma forma extremamente positiva e também o motiva a aprender a disciplina,
pois o professor transmite muita segurança no que ele está lecionando.
Em vista disso, se você objetiva ser um professor que possa seduzir
seus alunos a aprender constantemente, obrigatoriamente, terá que se tornar
um grande especialista em sua área de conhecimento específico, por isso sua
auto-atualização é fundamental.
Na verdade, você terá que ser incansável nesse aspecto, ou seja, estar
sempre estudando e, principalmente, aprendendo.
Temos, como professores, que estudar TODO dia, mas principalmente
aprender, pois estudar é muito diferente de aprender”.
Como exemplo de vivência nesse aspecto, cito a cadeira de
microeconomia na minha graduação de administração de empresas na
UNISINOS. Devido ao grande carisma e conhecimento profundo do professor,
eu acabei me apaixonando pela disciplina e pensando até em me graduar mais
tarde em economia.
O nome desse excelente professor é Luis Smejoff.
Smejoff possuía um grande carisma, ou seja, era um profundo
conhecedor do assunto e, além disso, possuía uma irreverência encantadora.
Posso dizer com sinceridade que Smejoff foi, é e sempre será um
grande exemplo para mim como um professor fora de série. Fica aqui um
agradecimento especial a você, Smejoff, por fazer toda a diferença em minha
vida.
O Smejoff também conseguia traduzir com exatidão todo o fascínio que
possui a carreira de professor. Isso acabou me conquistando e fazendo com
que eu me acabasse seguindo a carreira de docente.
“O carisma e exemplo de um professor podem encantar o aluno e fazer
com que ele acabe descobrindo seu verdadeiro potencial.”
Portanto, o professor fora de série precisa ter carisma a fim de que ele
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seja uma fonte de inspiração para os seus alunos descobrirem seu verdadeiro
potencial ou talento.
Veja, então, meu prezado professor mais esse enorme desafio que
temos pela frente, ou seja, despertar nos nossos alunos o verdadeiro talento
que está latente em cada um deles.
“O professor fora de série consegue trabalhar com maestria a auto-
estima de seus alunos.”
Finalizando, o professor fora de série faz com que todos os seus
alunos se sintam valorizados e, acima de tudo, confiem em seu próprio
potencial. Todos nós, como seres humanos, temos um grande potencial
adormecido e que, muitas vezes, não usamos em nosso cotidiano.
Infelizmente, muitos alunos verdadeiramente não confiam em seu
potencial o que acaba limitando seu aprendizado e, conseqüente, seu sucesso
profissional.
Precisamos, sem dúvida, acreditar em nosso potencial, mas não
podemos esquecer que também é necessário muito trabalho se buscamos a
excelência em nossa profissão.
“Sucesso significa um potencial muito bem trabalhado!”
“O único lugar onde sucesso vem antes de trabalho é no dicionário”
Ditado popular
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Cap. V - Perfil Empreendedor
Atualmente está muito em voga o termo empreendedor. Diz-se que as
pessoas precisam ter ou desenvolver seu perfil empreendedor para lograr
sucesso em suas carreiras. Cada vez mais, comenta-se de que as pessoas, no
futuro, serão “donas” de seu próprio negócio, ou seja, terão que se tratar como
se fossem empresas.
De outra forma, cada um vai se vender seu produto ou serviço e
também a si mesmo, como se fosse realmente uma empresa. E para se
manterem no mercado, sabemos que necessariamente as empresas, por uma
questão de sobrevivência, precisam obter lucros. Aliás, analisando a “sua”
empresa (você), ela deu lucro ou prejuízo no último ano?
O fato é que as organizações de uma forma geral procuram
profissionais com essa característica específica (perfil empreendedor).
Inclusive, muitos pensadores acreditam que essa característica está se
tornando o grande diferencial no mercado de trabalho atual. Precisamos de
muito empreendedorismo nas organizações modernas, essa é a questão
chave, independentemente do segmento de mercado.
Mas, afinal, o que vem a ser um perfil emprendededor?
Um professor fora de série precisa ter um perfil empreendedor?
Que características possui um professor com perfil empreendedor?
Essas e outras perguntas nós tentaremos responder nesse capítulo
que se inicia.
Para começar vejamos o que vem a ser um perfil empreendedor.
Transcrevemos dez dicas que consideramos fundamentais para quem quer se
tornar um profissional de sucesso ou um excelente empreendedor.
1. Boas idéias são comuns a muitas pessoas. A diferença está
naqueles que conseguem fazer as idéias transformarem-se em realidade,
isto é, implementar as suas idéias. A maioria das pessoas fica apenas na
boa idéia e não passa para a ação. O empreendedor passa do pensamento
à ação e faz as coisas acontecerem, ou seja, o empreendedor é a pessoa
que faz as coisas obrigatoriamente acontecerem. Aliás, você é uma pessoa
que faz as coisas acontecerem?
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2. Todo empreendedor tem uma paixão por aquilo que faz: paixão
faz a diferença. Entusiasmo e paixão são as principais características de
um empreendedor! Inevitavelmente o empreendedor é um apaixonado por
seu trabalho ou o seu trabalho é encarado, muitas vezes, como um
divertimento. Como você encara seu trabalho? Qual a sua sensação
quando você acorda na segunda de manhã antes de ir ao trabalho?
3. O empreendedor é aquele que consegue escolher entre várias
alternativas e não fica pensando no que deixou para trás. Sabe ter foco e
fica focado no que quer. Ele traça o caminho e o segue com confiança, o
empreendedor sabe o que quer fazer de sua vida. Ele pensa no que pode
fazer e não fica se lamentando do que não consegui por acaso realizar.
Você sempre olha para frente ou fica se lamentando do que deveria ter feito
e não fez?
4. O empreendedor tem profundo conhecimento daquilo que quer e
aquilo que faz e se esforça, continuamente, para aumentar esse
conhecimento sob todas as formas possíveis. O empreendedor, na verdade,
está sempre aprendendo e para isso é preciso humildade, pois também se
aprende muito com os nossos erros. Aliás, muitas vezes, aprendemos mais
com os nossos erros do que com os nossos próprios acertos.
5. O empreendedor tem uma tenacidade incrível. Ele não desiste!
Persistência é uma das características indeléveis de toda pessoa que faz a
diferença. Muitas vezes, grandes vitórias incluem grande persistência ou até
mesmo uma certa teimosia. Nunca devemos desistir de nossos sonhos, da
nossa voz interior que, muitas vezes, nos mostra a nossa verdadeira
vocação.
6. O empreendedor acredita na sua própria capacidade. Tem alto
grau de auto-confiança. Ele sabe que se realmente conseguir dar o seu
melhor o resultado será atingido de uma forma excelente. Confiança vem da
certeza de estar bem preparado.
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7. O empreendedor não tem fracassos. Ele vê os fracassos como
oportunidades de aprendizagem e segue em frente. Os erros sempre
ensinam muito para as pessoas de sucesso. Infelizmente, nem todas as
pessoas aprendem com seus erros.
8. O empreendedor faz sempre uso de sua criatividade. Ele sempre
pensa em como melhorar seu trabalho e seu desempenho e se esforça
continuamente para que isso ocorra. Ele sempre visualiza como e de que
forma pode melhorar seu processo de trabalho, aliás, ele sempre busca a
excelência em todos os aspectos de sua vida.
9. O empreendedor tem sempre uma visão de vários cenários pela
frente. Ele tem em sua mente várias alternativas para vencer. Por isso, o
empreendedor precisa ser um excelente estrategista, ou seja, saber de que
forma poderá atingir os objetivos traçados.
10. O empreendedor nunca se acha uma “vítima”. Ele não fica
parado, reclamando das coisas e dos acontecimentos. Ele age para
modificar a realidade, ou seja, não perde tempo reclamando e vai atrás dos
seus objetivos com uma determinação invejável. Ele sabe encarar a vida
como uma oportunidade e não tem medo de arriscar. Na verdade, o
empreendedor quase sempre precisa ter ousadia para conseguir alcançar
grandes objetivos. Nenhum grande objetivo pode ser alcançado sem
alguma dose de ousadia. Na verdade, o empreendedor não tem medo de
errar.
Creio que, meu prezado leitor, tenha tido uma idéia um pouco melhor
do que seja um profissional com perfil empreendedor.
Respondendo agora a segunda pergunta feita no início do capítulo
sobre se, necessariamente, um professor fora de série precisa ter um perfil
empreendedor, digo, com certeza, que sim. O empreendedorismo é uma
característica marcante no professor fora de série.
“Todo o professor fora de série precisa ter um perfil empreendedor”!
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Fazer as coisas acontecerem!
Reparem nas dez dicas para ser um bom empreendedor. Percebo que
a maioria dos meus colegas professores tem idéias de melhoria com relação a
sua aula e ao seu método de ensino, mas, infelizmente poucos implementam
essas idéias. É como no reveillon de cada ano, as pessoas fazem
determinadas promessas que acabam por serem esquecidas no transcorrer do
novo ano, às vezes até mesmo no primeiro mês de cada ano.
Justamente por isso, o professor fora de série se diferencia dos demais
professores, porque ele tem a capacidade de fazer as coisas acontecerem ou a
de implementar novas idéias continuamente por mais ousadas que sejam. E
tudo isso acaba contribuindo, na grande maioria das vezes, para que seus
alunos melhoram significativamente seu processo de aprendizado.
“Os alunos, obrigatoriamente, aprendem muito com um professor fora
de série”.
Paixão acima de tudo!
Como qualquer empreendedor, o professor fora de série precisa ser
um verdadeiro apaixonado por seu trabalho, somente assim ele buscará
constantemente a excelência em seus métodos de ensino.
Como abordamos no segundo capítulo, precisamos de muita paixão
para nos tornarmos excelentes profissionais.
A paixão, na verdade, funciona como um poderoso combustível para a
nossa motivação, ou seja, ela não pode faltar em qualquer circunstância.
Temos que ter um brilho no olhar quando estamos desenvolvendo o
nosso trabalho e também quando falamos do mesmo. Os nossos alunos
precisam perceber e sentir que, acima de tudo, adoramos a nossa profissão,
isso sem dúvida nenhuma, faz parte do perfil de todo professor fora de série.
Aliás, agora percebo que nunca encarei o magistério como um
trabalho, para mim sempre foi um grande prazer e também um grande desafio
pessoal e profissional, justamente por isso, o fator financeiro sempre ficou em
segundo plano.
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“Infelizmente ainda vejo muitas pessoas sem motivação no ambiente
de trabalho e não consigo entender como elas conseguem literalmente
sobreviver. Precisamos de muita motivação em nossa vida e, principalmente,
em nosso trabalho, até porque passamos o maior tempo de nossa vida
trabalhando!”
Possuir foco é fundamental!
O professor fora de série sabe analisar suas deficiências e atacá-las
constantemente assim como reforçar ainda mais seus pontos fortes ou
qualidades. Para isso precisamos ter humildade para reconhecer nossas
fraquezas e procurar minimizá-las constantemente. Além disso, precisamos ter
certeza do caminho a seguir, pois o professor fora de série passa
inevitavelmente muita segurança para os seus alunos o que motiva de uma
forma consistente um melhor aprendizado da matéria.
Além disso, o professor fora de série pensa sempre a frente. Ele
consegue se “esquecer” de tudo que já alcançou (prêmios, homenagens, etc.)
e propõe novos desafios a si próprio.
Isso é muito importante se queremos evoluir constantemente em nossa
profissão, precisamos sempre estabelecer novos e mais ousados objetivos a
medida que nossa carreira se desenvolve. Portanto, o foco de um professor
fora de série deve ser o de proporcionar uma aula com qualidade cada vez
melhor para seus alunos a medida que o tempo passa.
“Todo professor fora de série é muito reconhecido em seu trabalho,
mas isso não faz que ele se acomode, ou seja, ele mantém a sua humildade,
pois sabe que o processo de melhoria é uma estrada que tem início, mas não
tem fim e ele se considera um eterno aprendiz.”
“O sucesso pode ser o nosso pior inimigo”
Alvin Tofler
53
Conhecimento em constante evolução.
O professor fora de série assim como o empreendedor de sucesso
sabe que precisa estudar sempre. O conhecimento muda numa velocidade
fantástica e precisamos acompanhar a sua evolução. Por isso, o professor fora
de série sempre está se atualizando e aprendendo. Quanto mais conhecimento
o professor adquirir provavelmente maior será a qualidade de sua aula e
melhor o seu desempenho como docente. Além disso, como vimos
anteriormente o professor fora de série tem a grande capacidade de
reconhecer e, principalmente, aprender com seus próprios erros.
“O professor fora de série adora aprender constantemente e busca
isso o tempo todo”.
Nunca deixo de levar alguns livros comigo durante minhas viagens, até
mesmo em férias, alguns livros me acompanham e inevitavelmente constato
que quando estou retornando para voltar às aulas, já me pego estudando no
avião.
Persistência acima de tudo!
O professor fora de série nunca desiste de sua missão que é a de
procurar fazer um mundo um pouco melhor transmitindo seu conhecimento
para melhorar a vida das pessoas (dos seus alunos).
Isso é um outro combustível de sua motivação, ou seja, sua missão a
cumprir, apesar das muitas dificuldades encontradas para tanto como: baixos
salários e uma crônica falta de infra-estrutura, principalmente presente no
ensino público de nosso país.
O professor fora de série, como vimos anteriormente, precisa ser um
idealista por natureza por acreditar que sua profissão pode fazer a diferença e
o conhecimento pode realmente transformar as pessoas e o nosso mundo.
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Auto-confiança para realizar um excelente trabalho.
É importante que um professor tenha confiança em seu trabalho.
Logicamente essa confiança se origina do preparo do mesmo como
docente. Tenho um princípio que sigo a risca como docente. Jamais entro em
uma sala de aula sem ter preparado o assunto em questão. Posso até mesmo
já ter lecionado essa disciplina na mesma semana, mas não entro em sala de
aula sem ter estudado novamente o tema. Além disso, faço anotações em
minha apostila de exemplos que posso utilizar em aula para facilitar a
assimilação do assunto pelos alunos.
“Nenhuma aula é igual a outra, mesmo quando o assunto é o mesmo!”
O preparo da aula é fundamental, pois nenhuma aula se torna
excelente sem um ótimo trabalho de bastidores.
“O professor fora de série sempre prepara cada aula com muito
cuidado independente do seu domínio sobre o assunto em questão!”
“O preparo da aula para um professor é a mesma coisa que o ensaio
para um ator. De certa forma, o professor fora de série e um grande ator se
parecem muito!”
Criatividade para se reinventar constantemente!
O professor fora de série como vimos anteriormente, usa sua
criatividade para inovar constantemente em matéria de ensino.
O professor fora de série sempre está procurando por melhorias visto
que seu objetivo é a excelência em matéria de processo de ensino. Ele tem a
capacidade de se reinventar constantemente, ou seja, de melhorar a si mesmo.
Alguns alunos, às vezes, me comentam: Tejada, eu já tinha sido teu
aluno e tinha gostado da disciplina e de teu método de ensino, mas parece que
nesse semestre estavas mais inspirado, gostei mais agora!
Por isso, tenha sempre em mente que podemos melhorar
55
continuamente em nossa profissão, pois o profissional excelente está
continuamente se superando, está em constante auto-desenvolvimento.
Estratégia em sala de aula.
O professor fora de série precisa também ser um grande estrategista,
pois para se ter um método de ensino excelente mais do que nunca
precisamos de estratégia, ou seja, o que fazer para que meus alunos
aprendam consistentemente.
“Aprender é muito diferente de estudar, aprendemos quando
internalizamos o conhecimento através de sua prática.”
Sugerimos algumas estratégias no capítulo II - A criatividade como
método de ensino. Mas, você mesmo professor, pode e deve criar as suas para
alcançar a tão almejada excelência em matéria de ensino. Esse é mais um
grande desafio a ser enfrentado por qualquer professor.
“Obrigatoriamente a excelência é conseqüência de muita estratégia e
criatividade”.
“Estratégia é fazer cada vez mais com menores recursos e no menor
tempo possível”.
Tempo como nosso maior e mais precioso recurso.
Todos nós temos 24 horas por dia. O professor fora de série sabe que
não pode desperdiçar tempo, por isso sempre ele aproveita o seu tempo da
melhor forma possível, pois ele sabe que o tempo é o seu recurso mais valioso.
Em conseqüência disso, ele sempre está estudando e, principalmente,
aprendendo com as pessoas e com a vida.
Para isso o professor fora de série estabelece prioridades e as cumpre
a risca, pois existem coisas mais importantes e que devem ser feitas em
primeiro lugar. De outra forma, o professor fora de série precisa planejar
56
detalhadamente o seu dia de trabalho.
“Planejamento, estratégia e ação esse é o trinômio que acompanha
todo o professor fora de série”.
“O verdadeiro sucesso sempre é fruto de um excelente planejamento!”
“As pessoas de sucesso sempre souberam onde queriam chegar e
justamente por isso, conseguiram chegar aonde queriam, apesar das
dificuldades inerentes de todo caminho que visa o sucesso e a realização.”
No próximo capítulo abordaremos talvez a característica mais
marcante de um professor fora de série que é a humildade de sempre ser um
eterno aprendiz.
57
Cap. VI – A necessária humildade de ser um eterno aprendiz.
“O último degrau da sabedoria é a humildade”.
Confúcio
Invariavelmente constato que o verdadeiro mestre possui uma
humildade encantadora. Essa humildade tem o poder de conquistar todas as
pessoas à sua volta, pois a verdadeira simplicidade é algo que todo ser
humano aprecia.
O professor fora de série tem a capacidade de demonstrar uma forte
empatia pelo aluno e esse processo se inicia quando ele demonstra que não é
melhor ou pior do que ninguém em sala de aula. Em conseqüência disso, é
muito fácil entender por que o professor fora de série acaba tendo muitos
seguidores ou alunos que, inevitavelmente, se espelham em seu exemplo
pessoal e profissional.
“Humildade sempre, em todo o lugar e com todos; esse é o segredo de
qualquer profissional fora de série!”
Em função disso, para nos tornarmos um professor fora de série
precisamos cuidar muito de nosso ego, para não nos tornarmos simplesmente
escravos dos seus caprichos. Na realidade, o nosso ego pode ser o nosso
maior inimigo, quando ele nos faz acreditar que não precisamos nos sacrificar
para alcançarmos ótimos resultados em nossa vida ou que somos tão bons que
não precisamos nos esforçar para conseguir aquilo que queremos.
Temos que ter muita consciência de que o verdadeiro sucesso, muitas
vezes, só pode ser alcançado com talento, humildade e muito trabalho, pois
ainda não presenciei nenhum profissional fora de série que não trabalhasse
muito em busca de seu melhor.
Sucesso = Talento + Humildade + TRABALHO
Como vimos anteriormente, precisamos ter confiança em nosso
trabalho, mas não uma confiança absoluta que, com o tempo, seguramente
58
poderá se transformar em uma arrogância e, o que é ainda pior, em
prepotência.
“O melhor nadador sempre morre afogado, pois ele confia demais em
sua capacidade!”
Tradução aproximada do depoimento de um mestre de obra em minha
dissertação de mestrado pela UFRGS (2001).
Logicamente que faz muito bem para o nosso ego e auto-estima ter
nosso trabalho reconhecido, mas temos que ter cuidado para que isso não nos
“suba a cabeça” como se diz na gíria.
“O verdadeiro mestre sempre mantém a sua humildade, pois sabe que
sempre pode aprender mais e melhorar como professor.”
Tenho um pensamento que sempre levo comigo desde minha
adolescência quando joguei muitos torneios de tênis. “Nunca acredite quando
te elogiam muito depois de uma vitória, nem quando te criticam por causa de
uma derrota!”
De outra forma, você não é tão bom quando está ganhando, nem tão
ruim quando está perdendo!
Na realidade, a nossa vida cotidiana é feita de vitórias e derrotas,
temos que aprender a conviver com ambas, mas principalmente com as
derrotas que podem nos ensinar muito se estivermos abertos ao aprendizado.
Mas para que isso ocorra precisamos, acima de tudo, manter a nossa
humildade.
Eu sempre levo esse pensamento comigo e quando, esporadicamente,
um aluno me elogia sempre me lembro disso e, principalmente, que ainda
posso e tenho muito o que aprender e melhorar como professor e ser humano.
“Um aprendiz é sempre humilde, pois sabe que sempre terá muito o
que aprender em quase todas as circunstâncias!”
59
“Humildade e sabedoria talvez sejam as verdadeiras bases do sucesso
de qualquer profissão!”
Justamente por isso, o professor fora de série está sempre evoluindo,
visto que nunca deixa de estudar e, principalmente, de aprender.
Ele sabe que precisa estudar cada vez mais para melhorar a sua
performance como docente, esse na verdade é mais um grande desafio que
você, meu prezado leitor (professor), terá que enfrentar se quiser se tornar um
verdadeiro fora de série.
Infelizmente, não constato isso de uma forma muito freqüente nas
universidades. Vejo muitas vezes, professores que simplesmente não se
atualizam, pois pensam que já sabem tudo!
Como certa vez um colega meu me respondeu em uma banca em que
participei quando sugeri a ele determinado livro sobre planejamento. Ele do alto
de seu saber me falou: “Não preciso ler mais nada sobre planejamento, pois eu
já li de tudo e sei de tudo sobre esse tema”!
Na realidade, e isso meu colega não se deu conta, por mais que
tenhamos lido e estudado sobre determinado tema, sempre podemos aprender
sobre o mesmo. Não podemos esquecer disso, pois o conhecimento evolui e,
muitas vezes, muda com uma rapidez impressionante. Determinadas
“verdades” são desmentidas com muita facilidade, pois, às vezes, somente o
tempo acaba fazendo com que fiquem defasadas.
“Independentemente da profundidade de que estudarmos sobre certo
assunto, ainda sempre teremos algo a aprender!”
Raul Seixas retratou muito bem isso em sua música “Metamorfose
Ambulante”. Raul tentou dizer que as nossas opiniões vão se alterando com o
passar do tempo, pois vamos assimilando conhecimentos e, principalmente,
aprendendo com a vida, embora nem todos, infelizmente aprendam com a vida.
“Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha
60
opinião formada sobre quase tudo!”
Raul Seixas
Também é interessante analisar que o próprio Raul disse, nas
entrelinhas, de que precisamos de humildade.
Reparem que ele fala em velha opinião sobre quase tudo, pois na
verdade, nenhuma pessoa é capaz de entender de quase tudo e se não
estudarmos (aprendermos) constantemente, nossas opiniões inevitavelmente
ficarão defasadas ou envelhecerão.
“Para buscarmos a excelência precisamos estar em constante
aprendizado!”
Em função disso, o professor fora de série mantém sua humildade, pois
sabe que mesmo que quisesse nunca ele poderia dominar completamente
qualquer assunto por mais que ele estudasse sobre o mesmo.
“Para o professor fora de série, o aprendizado, assim como a busca da
excelência, é um caminho que tem início, mas não tem fim!”
O grande desafio de um professor fora de série é a de cada dia ter a
capacidade de desafiar seu próprio potencial, ou seja, cada dia ele precisa
saber mais para poder proporcionar um valor agregado maior às suas aulas, ou
seja, para que seus alunos possam aprender mais a cada semestre.
“Evoluir sempre, esse é o grande desafio de qualquer professor que
queira se tornar um fora de série!”
“Para o professor fora de série o aprendizado é cotidiano em sua vida.”
Portanto, se quisermos nos tornar um professor fora de série teremos
que estudar e aprender cada vez mais sempre, todo o dia. Somente assim
poderemos rumar com segurança para a verdadeira excelência em sala de
aula.
61
“Estudo, conhecimento e aprendizado constante, esse é o verdadeiro
trinômio da qualidade que todo professor fora de série adota em sua carreira!”
Finalizando, nós professores precisamos estudar sempre para
aprender cada vez mais a fim de poder ensinar cada vez melhor aos nossos
queridos alunos, por isso a humildade para ser um eterno aprendiz é tão
importante, já que sempre podemos adquirir maiores conhecimentos para
sermos melhores professores a cada dia, nisso consiste o verdadeiro processo
de melhoria contínua.
“Quando mais conhecimento adquirido sobre qualquer assunto, maior a
tendência de um desempenho melhor como docente em sala de aula!”
“Nunca estive na presença de um excelente professor que não tivesse
uma grande dose de humildade!”
62
Cap. VII – O ideal como missão.
“O nosso trabalho pode, precisa e deve fazer a diferença em todos os
aspectos!”
Nesse capítulo vamos abordar o que significa ter o nosso trabalho
como missão. Na realidade, todo o profissional realizado encara
invariavelmente seu trabalho como uma verdadeira missão. Não estamos
falando missão no sentido religioso da palavra em si, mas no sentido prático.
Encarar nosso trabalho como missão significa que visualizamos em
nossa função um meio de fazer algo nobre por outras pessoas, pela nossa
comunidade, pela nossa cidade, pelo nosso país e, às vezes, até pelo nosso
planeta.
Missão também significa que conseguimos perceber a importância,
utilidade e necessidade de nosso trabalho para a nossa organização ou
simplesmente mesmo para as pessoas que estão ao nosso redor.
Na realidade, encarar nosso trabalho como missão parte do
pressuposto de que sentimos uma grande responsabilidade e, principalmente,
uma grande satisfação em desenvolvermos nossas tarefas com a maior
qualidade possível, visto que o nosso trabalho pode, precisa e deve fazer a
diferença em todos os aspectos.
“Você percebe seu trabalho como uma missão ou apenas como algo
que lhe permite sobreviver ou pagar as suas contas?”
“Sentimos o nosso trabalho como missão quando procuramos realizar
nosso trabalho com uma qualidade cada vez melhor e isso nos proporciona um
enorme prazer!”
Sempre pergunto aos meus alunos em aula se eles conseguem
perceber seu trabalho como missão.
Muitas vezes seus olhares me respondem que não. E isso é normal,
pois a maioria das pessoas, infelizmente, não consegue se realizar no trabalho.
O trabalho, para muitos, é algo simplesmente necessário e, muitas
63
vezes, até obrigatório para a sua sobrevivência.
Logicamente, como não poderia deixar de ser, o professor fora de série
encara seu trabalho como uma verdadeira missão, ou seja, ele percebe a
oportunidade de poder fazer a diferença na vida das pessoas.
O professor fora de série tem a capacidade de perceber um grande
significado em seu trabalho, pois lecionar, nada mais é do que um ato de
grande doação, onde o professor fora de série procura passar TODO o seu
conhecimento para que seus alunos se tornem excelentes profissionais no
futuro.
“O professor fora de série precisa ser um idealista por natureza, no
sentido de deixar a sua remuneração em segundo plano.”
Na realidade, o professor fora de série não trabalha para si e sim para
que seus alunos possam fazer a diferença.
Por tudo isso, todo o professor fora de série coloca em segundo plano
a sua remuneração, pois acima de tudo, ele é um idealista por natureza. Ele
ama a sua profissão, pois acredita que pode modificar (melhorar) de alguma
forma sua comunidade, seu estado, seu país ou as pessoas que fazem parte
de seu círculo de relacionamentos.
“Significado do trabalho e idealismo são as duas pedras de toque de
qualquer professor fora de série!”
Em função disso, o professor fora de série, obrigatoriamente, como
vimos anteriormente, é um verdadeiro apaixonado por seu trabalho, por sua
profissão. Ele sabe de toda a sua responsabilidade e trabalha constantemente
para melhorar como profissional e também como ser humano.
A fim de sabermos se encaramos nosso trabalho como missão ou qual
o verdadeiro significado de nosso trabalho; podemos nos fazer a seguinte
pergunta:
Se não vivêssemos em uma sociedade monetária, capitalista e todos
pudessem escolher a sua profissão independentemente da remuneração, você
escolheria a sua atual ocupação?
64
Se a sua resposta for positiva, sem nenhuma dúvida, você percebe o
seu trabalho como uma missão e, por conseqüência, está na profissão certa e
muito provavelmente fazendo uma verdadeira diferença.
Além disso, perceber o nosso trabalho como missão nos proporciona
uma motivação extra para encarar os momentos difíceis que todo o profissional
passa em sua função.
Na verdade, por mais que gostemos de nosso trabalho sempre vão
existir momentos que provocarão decepções e tristezas, isso é inevitável até
mesmo em nossa carreira de professor.
Por exemplo, às vezes, vemos que por mais que nos esforcemos,
nossos alunos não conseguem perceber a importância dos conhecimentos
trabalhados em aula e seu interesse na matéria não é o ideal. Logicamente
sempre temos uma parcela de culpa nesse aspecto, pois o professor fora de
série sabe que, talvez, a sua maior responsabilidade seja a de despertar nos
alunos o interesse por sua disciplina. Infelizmente nem sempre conseguimos
esse objetivo.
Por outro lado, se a sua resposta à nossa pergunta foi negativa, penso
que já está na hora de você refletir com mais profundidade sobre sua profissão,
afinal, o trabalho deve ser uma grande fonte de satisfação para todo o ser
humano, já que passamos a maior parte de nossa vida (os melhores anos de
nossa vida) trabalhando e seria um verdadeiro desperdício que esse período
não fosse realmente compensador.
“O trabalho pode e deve promover muita satisfação para a pessoa!”
Em vista disso, o professor fora de série sente-se sempre desafiado a
superar seus limites, pois sabe que seu trabalho é fundamental para a
sociedade como um todo, ele percebe que seu papel pode melhorar
significativamente a vida das pessoas e isso, de certa forma, lhe encanta de
sobremaneira, ou seja, a possibilidade de estar em constante desenvolvimento
é extremamente motivante para qualquer profissional.
Portanto, todo o professor fora de série, como vimos anteriormente,
tem muito orgulho de sua profissão!
65
“Qualquer mudança significativa em um país deve passar
obrigatoriamente pela educação!”
Finalizando, espero que nós tenhamos conseguido fazer com que
você, meu caro professor, tenha a idéia exata da importância de seu trabalho
para a construção de um país mais justo e socialmente correto.
Nós o parabenizamos por ter escolhido essa nobre profissão tão
necessária e vital para a construção de qualquer país.
No próximo capítulo abordaremos um dos aspectos mais importantes
em busca da excelência acadêmica que é a auto-atualização do professor.
66
Cap. VIII – A auto-atualização constante.
“O professor fora de série adora estudar, mas, principalmente, aprender!”
Mais do que nunca, hoje, o professor fora de série deve acompanhar a
evolução do conhecimento, para isso logicamente o seu processo de auto-
atualização é fundamental em todos os sentidos, já que o conhecimento evolui
e muda numa velocidade realmente espantosa.
“O professor fora de série precisa desenvolver uma certa “compulsão”
por novos conhecimentos!”
Por isso, o professor fora de série sempre está ávido por novidades em
sua área de conhecimento. Ele sempre está à procura de algum livro novo
sobre a sua área de estudo.
Isso invariavelmente acontece comigo. Mesmo em férias quando estou
fazendo uma conexão em algum aeroporto de nosso país, o primeiro lugar que
visito é uma livraria. Na verdade, diversas vezes tenho que me conter, pois a
vontade que me da é a de levar muitos livros o que não é possível já que um
professor universitário não ganha tão bem assim. E isso que, mesmo em férias,
nunca deixo de levar alguns livros para a minha leitura, mas no retorno
invariavelmente já os li. Também no avião ou mesmo no ônibus quando viajo
para lecionar o livro é o meu companheiro inseparável. De outra forma, todo o
momento que posso estou lendo algo sobre administração.
Descobri com a vida que o nosso tempo é o nosso recurso mais valioso
e devemos aproveitá-lo ao máximo.
“Todos nós temos 24 horas disponíveis por dia, a diferença é como
aproveitamos essas 24 horas.”
Contextualizando, veja o caso de meu primeiro livro. Sempre tive
vontade de escrever e comecei escrevendo artigos para jornais locais. Depois
de um tempo em que lecionei na universidade percebi a importância de deixar
algo materializado para, me perdoem a petulância, poder ajudar as pessoas
67
dentro de minha área de conhecimento com um pouco de minha experiência.
Essa idéia me perseguiu por um bom tempo, inclusive comentava com meus
amigos e alunos sobre isso, mas o livro não saía do meu pensamento. Até que
um dia eu me comprometi e disse para mim mesmo: “Hoje eu vou começar a
escrever esse livro nem que seja somente por cinco minutos, mas, hoje, eu
começo ele, sem falta”.
E foi o que aconteceu. Aliás, todo o dia eu arranjava um “tempinho”
para escrever o mesmo. No início, não foi muito fácil, mas com o tempo fui me
habituando e depois virou quase que um ritual, se eu não conseguisse escrever
algo parecia que estava faltando alguma coisa. Mesmo no ônibus, quando eu
tinha alguma idéia para um capítulo, eu pegava meu palm top e anotava tudo.
Para ter uma idéia esse é meu quarto livro em praticamente dois anos
e meio. Na verdade escrever para mim se tornou um hábito assim como a auto-
atualização. Alguns pensadores comentam que a escrita é um chamamento, eu
literalmente fui chamado e desde então tenho lido muito e escrito
freqüentemente.
Conseqüentemente temos que nos esforçar no início para pegar,
digamos assim, um gosto especial pela leitura e aprendizado, mas com o
tempo vamos desenvolver uma verdadeira paixão pela leitura, escrita e,
principalmente, por adquirir novos conhecimentos em nossa profissão.
Com o tempo estabeleceremos um verdadeiro círculo virtuoso que
pode ser descrito da seguinte forma:
1. curiosidade
2. leitura
3. aprendizado
4. escrita
Primeiro, desenvolveremos uma grande curiosidade em determinados
temas de nosso interesse (área de conhecimento).
Em segundo lugar, nos tornaremos grandes compradores de livros, ou
seja, começamos adquirir uma série de livros e também começamos a leitura
de alguns.
Em terceiro lugar, talvez o mais difícil, começaremos a ler
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compulsivamente e a formar nossa biblioteca particular. Com o tempo,
passaremos estabelecer um período diário para a leitura. O tempo na verdade,
vai variar muito, mas como diz aquele velho ditado: O hábito faz o monge.
Nessa fase conseguimos ler quase todos os dias e a medida que o tempo
passa vamos pegando cada vez mais gosto pela leitura.
Em quarto lugar, começaremos a aprender com essa leitura e veremos
que o nosso conhecimento vai começar a evoluir muito. Nessa fase também
começamos a questionar mais, pois o nosso conhecimento cresceu muito e
não acreditamos em tudo o que lemos, ou seja, nosso senso crítico cada vez
fica mais aguçado.
As pessoas chegam para você e exclamam: Puxa, Beltrano, como você
está diferente!
É isso, o conhecimento tem o poder de mudar as pessoas, de
transformar suas vidas, pois o conhecimento faz com que as pessoas
enxerguem o mundo e a sua vida de uma forma diferente ou consigam
compreender melhor a vida. Nisso realmente está o fascínio do conhecimento.
Uma outra estratégia para adquirirmos maiores conhecimentos e
mesmo nos auto-atualizar é seguidamente fazermos uma viagem para
conhecermos novos lugares e diferentes pessoas.
Quando viajamos para outros lugares e conhecemos outras culturas
adquirimos muitos conhecimentos e evoluímos como seres humanos. Isso é
fundamental para um professor fora de série, precisamos expandir nossos
horizontes a respeito do mundo em que vivemos.
Isso é muito importante, pois geralmente quando vivenciamos algo,
essa experiência permanece em nossas mentes, pois, invariavelmente,
adquirimos conhecimento. E uma viagem é simplesmente algo inesquecível
muitas vezes.
Portanto, aconselho, não perca tempo, leia sempre que tiver um tempo
livre, viaje e conheça todos os lugares que puder. Isso fará com que você
adquira rapidamente conhecimentos que podem ser fundamentais em sua
profissão ou mesmo para a sua própria vida.
“Viajar e conhecer novos lugares, talvez seja o mais importante
investimento que possamos fazer em nossa pessoa, pois vai nos proporcionar
69
conhecimentos inestimáveis e que, muitas vezes, não se encontram nos livros!”
O desenvolvimento do senso crítico.
Com o passar do tempo começaremos a desenvolver o nosso senso
crítico, ou seja, a capacidade de pensarmos por nossa própria conta e termos
opiniões próprias baseadas em conhecimento adquirido.
Isso é extremamente importante, pois, muitas vezes, na vida
determinadas decisões somente podem ser tomadas por nós mesmos.
Ninguém pode decidir melhor do que nós próprios. Por isso, quanto
maior for o nosso conhecimento e a nossa vivência, provavelmente, tomaremos
as melhores decisões para a nossa vida e para as pessoas que nos cercam.
“O diabo sabe mais por velho do que por diabo”
Ditado popular
Dito isso, concluímos que o professor fora de série deve ser uma
pessoa ávida por adquirir cada vez mais novos conhecimentos e aprender
constantemente, mas mantendo a sua humildade como vimos no capítulo
anterior.
“Inteligência e senso crítico são duas características marcantes do
professor fora de série!”
Na realidade, o processo de auto-atualização de um professor fora de
série deve ser constante, pois ele sempre está aberto a novos conhecimentos.
Contextualizando, sempre podemos nos atualizar nas mais diferentes
situações. Por exemplo, várias vezes conversamos e aprendemos com
pessoas em salas de embarque, no avião, no ônibus, em viagens de férias, no
supermercado, etc. Mas, para isso, precisamos ter um espírito aberto para o
aprendizado constante e aproveitarmos da melhor maneira possível o nosso
recurso mais valioso que é o tempo.
“O professor fora de série sabe que não pode perder tempo, por isso
70
ele procura utilizar a maior parte do seu tempo para efetivamente aprender.”
Infelizmente, na nossa opinião, existe um grande inimigo moderno ao
aprendizado atualmente que é a televisão. A televisão nos fornece algo pronto
de maneira de que não nos faz nem pensar e muito menos questionar
determinada informação. Noto que, a maioria das pessoas, prefere ver
televisão nos domingos à tarde do que ler um bom livro, isso
independentemente do nível intelectual ou financeiro. E reparem na “qualidade”
dos programas das tardes de domingo tipo Faustão, Gugu, etc.
Não sei o que realmente me aconteceu, mas hoje não consigo mais ver
televisão no domingo à tarde, salvo se for um jogo de meu time, o Grêmio de
Porto Alegre, prefiro ler um bom livro ou praticar meu esporte predileto que é o
tênis.
“Tente por uma vez só desligar a sua televisão e ler um bom livro no
domingo à tarde e você vai ver como a sua vida vai mudar!”
Mas de toda forma sempre se lembre de aproveitar o seu precioso
tempo da melhor maneira possível, ou seja, invista em seu conhecimento, pois
o conhecimento é considerado o ouro moderno.
Contextualizando, sempre procuro aproveitar muito bem meu tempo,
principalmente, depois que minha querida mãe se foi. Ela me ensinou através
de seu exemplo excepcional que todos nós temos um tempo limitado aqui na
terra e temos a obrigação de aproveitá-lo da melhor maneira possível, pois
nunca sabemos independente de nossa idade ou saúde de quanto tempo ainda
temos disponível.
E quando perdemos alguém realmente especial e que fez a verdadeira
diferença em nossa vida, inevitavelmente nos questionamos que poderíamos
ter aproveitado ainda mais o nosso tempo com as pessoas que amamos.
“Não espere sua vida passar e depois se arrepender de tudo que
poderia ter feito e simplesmente não fez!”
Também é interessante ressaltar que quanto mais atividades nos forem
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solicitadas, provavelmente, a nossa produtividade aumentará, pois quem é
muito ocupado sabe que tem de elaborar um planejamento adequado para
poder realizar todas as suas atividades com uma qualidade superior.
“Nunca dê a desculpa de falta de tempo, diga a verdade: não consegui
me organizar (planejar) para executar essa tarefa!”
Concluindo, todo professor fora de série faz do seu tempo seu maior
aliado, ele sabe que pode se atualizar e aprender sempre e nunca se esquece
desse compromisso pessoal (missão).
“O tempo é o mesmo para todos! A diferença é que alguns aproveitam
muito melhor as suas 24 horas conseguindo fazer a diferença!”
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Cap. IX – A constante superação de limites.
“O professor fora de série deve se portar como um atleta de alto
rendimento, ou seja, constantemente deve tentar superar seus próprios limites
mais especificamente em matéria de conhecimento, cultura, saber e estratégias
de aprendizado!”
Trago sempre esse pensamento comigo: sempre podemos melhorar o
nosso desempenho acadêmico. Por isso, a cada semestre que passa
procuramos de todas as formas superar nossos próprios limites diversificando
as estratégias utilizadas em aula para que nossos alunos possam aprender
cada vez mais e de uma forma leve e descontraída, pois esse é o nosso estilo
de aula.
“Cada professor tem um estilo próprio de aula, dentro desse estilo o
professor deve procurar sempre a excelência. Aliás, você sabe qual o seu estilo
de aula?”
Por isso, como vimos anteriormente, a auto-atualização é fundamental.
Precisamos saber cada vez mais a fim de desempenharmos cada vez melhor
em sala de aula.
“O professor fora de série não tem férias, pois está sempre estudando!”
Em segundo lugar, pelo menos precisamos manter acesa a nossa
motivação (paixão). O ideal é que a cada semestre nos tornemos ainda mais
apaixonados pela docência, isso fará com que o aluno se predisponha a
estudar a disciplina já que ele percebe a grande motivação do professor em
sala de aula.
Continuando, também julgamos muito importante o preparo e a
concentração antes da aula.
Com relação ao preparo, como foi citado em um capítulo anterior,
nunca entramos em sala de aula sem termos estudado antes, por mais que nós
tenhamos um conhecimento profundo sobre o assunto em questão.
73
“Independente de seu conhecimento sobre o tema, nunca deixe de
preparar e planejar uma aula!”
No que tange a concentração, um pouco antes da aula, gosto de ficar
quieto na sala dos professores, às vezes, também me agrada escutar uma
música para me energizar a fim de que eu entre em sala de aula com força
total. Na verdade, cada professor deve achar uma maneira ideal de concentrar-
se devidamente antes de sua entrada em aula.
“Concentração e preparo são dois segredos de um professor fora de
série”
Continuando, o próximo passo é a entrada em sala de aula. O impacto
da entrada do professor em sala de aula é muito importante. Precisamos
mostrar muita disposição, e isso se revela de várias formas como volume e
entonação de voz, postura corporal, ritmo dos passos, nosso olhar, sorriso, etc.
Nosso cartão de visita quando entramos em sala de aula é o nosso
sorriso. Precisamos sorrir para nossos alunos demonstrando que estamos
muito motivados para o início do semestre. Logicamente esse sorriso precisa
ser sincero. Os alunos precisam perceber a autenticidade do professor nesse
aspecto.
“O professor fora de série consegue sorrir com o coração!”
Nosso tom de voz também é importante, ele precisa mostrar disposição
e motivação. Quando estamos ouvindo uma pessoa, ela, inevitavelmente, está
nos comunicando a sua motivação ou desmotivação. Não que o professor fora
de série, precise fazer um discurso inflamado (como vemos muitas vezes na
política), mas a motivação nesse aspecto deve ser sentida inequivocamente.
“A voz de um professor é o espelho de sua motivação”!
“Tive professores que até para falar demonstravam sua desmotivação!”
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Com relação à postura corporal, procure ter uma postura ereta, isso
demonstra disposição. Infelizmente, alguns professores que tive entravam em
sala de aula parecendo que estavam literalmente “carregando o mundo” em
suas costas.
Contextualizando, mesmo que você esteja cansado, nunca demonstre
isso em sala de aula, pois seu aluno provavelmente vai perceber isso e sua
motivação vai diminuir.
Na verdade, isso eu aprendi com o tênis. O tênis é um esporte
tremendamente psicológico, pois é um contra o outro. Havia jogos muito
difíceis e que eu me sentia de sobremaneira cansado, mas eu tentava jamais
demonstrar isso para o meu oponente, pois isso se constituiria em uma
poderosa fonte de motivação. Então, por mais cansado que eu estivesse eu
procura de todas as formas não demonstrar o menor cansaço.
Na aula, também acontece isso, mas muitas vezes conseguimos
superar nosso cansaço simplesmente pela troca de energia com nossos
alunos. Existem turmas realmente maravilhosas nesse aspecto, turmas que por
mais cansado que estejamos tem o verdadeiro dom de renovar as nossas
energias. Não podemos esquecer que tudo na vida é uma troca.
“A aula do professor fora de série se converte, muitas vezes, em uma
grande troca de energia entre professor e aluno!”
O ritmo dos passos também pode ser um referencial de motivação. O
professor fora de série caminha rápido, pois não tem tempo a perder.
Por outro lado, percebo que alguns colegas meus verdadeiramente se
arrastam em direção à sala de aula à medida que o semestre avança e quanto
mais próximo o final do semestre a velocidade ainda tende a diminuir.
O olhar também pode ser um sinal de motivação. Existem pessoas que
apresentam um brilho no olhar quando estão trabalhando ou quando falam de
sua profissão ou ocupação. O professor fora de série, obrigatoriamente, possui
esse brilho no olhar. Talvez esse seja uma das características mais prezadas
pelos seus alunos e muito ausente de uma forma geral na maioria dos
professores.
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“Ter um brilho no olhar significa que o professor ama a sua profissão,
pois está procurando sempre se superar e isso encanta de sobremaneira o
aluno!”
“Um profissional somente terá um brilho no olhar se, verdadeiramente,
amar a sua profissão!”
“Sinceramente, não sei se possuo esse brilho no olhar, mas acima de
tudo adoro ser professor!”
Com o tempo, também fui percebendo que se eu pudesse relacionar o
momento cultural com algum assunto que fosse estudado em aula, os alunos
acabavam assimilando melhor os próprios assuntos estudados. Infelizmente
nem sempre isso é possível, mas sempre estamos atentos a esse aspecto com
o intuito de melhorar a qualidade de nossa aula.
Quanto ao carisma, as coisas ficam um pouco mais difíceis, visto que
carisma, em nossa opinião, é nato. Existem pessoas com grande carisma e
outras que simplesmente nunca serão carismáticas.
Assim como algumas mulheres que conheço. Analisando friamente,
elas não são bonitas, mas possuem um carisma encantador, e isso pode
acabar fazendo a diferença.
“Uma aula excelente obrigatoriamente tem um excelente trabalho de
bastidores”!
O perfil empreendedor também é fundamental em um professor fora de
série como estudamos em um capítulo anterior. Podemos melhorar
sensivelmente nosso perfil empreendedor quando planejamos com uma
qualidade cada vez melhor a nossa aula. Não podemos esquecer que uma aula
excelente inevitavelmente possui um grande trabalho de bastidores. Dito isso, é
muito importante que o professor fora de série possua também bons
conhecimentos de planejamento.
“Uma aula que busca a excelência deve ser muito bem planejada”!
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Mesmo realizando um bom planejamento de aula, é importante que
esse planejamento possua flexibilidade. Às vezes, a turma levanta um assunto
importante que não estava no planejamento, mas que poderia ser explorado
em aula para complementar o assunto em debate. Nessa hora o professor
precisa estar muito atento, afinal seu maior objetivo é que seus alunos
aprendam e, às vezes, a turma coloca perguntas e questões que merecem ser
aprofundadas.
“Um bom planejamento de aula e a sua flexibilidade fazem parte da
aula do professor fora de série”!
Finalizando, para que o professor sempre tenha em mente que pode e
precisa melhorar a sua performance, vem a humildade. Para que nós sempre
possamos almejar a excelência, precisamos manter a nossa humildade para
sempre entendermos que podemos aprender e, com isso possamos, nos tornar
à medida que o tempo passa, melhores professores.
“A humildade deve sempre acompanhar o professor fora de série,
somente assim, ele poderá se superar constantemente!”
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Cap. X – O exemplo em todos os aspectos.
“Exemplo é a palavra-chave para um professor fora de série!”
Comenta-se muito que o exemplo é fundamental, que todo o professor
precisa ser exemplo ou que nos fazem muita falta bons exemplos hoje em dia.
Na verdade, precisamos nos conscientizar de que como professores,
precisamos, mais do que nunca, liderar pelo exemplo como vimos no primeiro
capítulo desse livro.
Mas como nos podemos tornar exemplo em todos os aspectos? Esse é
o assunto desse capítulo que se inicia.
Em primeiro lugar, a aparência de um professor é parte integrante de
seu exemplo pessoal. Na verdade, o cuidado na maneira de vestir do professor
representa o respeito que ele tem pela sua profissão, pela ocasião e até, de
certa forma, pelos seus alunos. Aliás, quando você vai a uma festa, qual a
roupa que você coloca?
Logo, sempre seja muito cuidadoso com sua apresentação, isso na
verdade, faz parte de seu marketing pessoal, ou seja, o cuidado que você tem
com sua apresentação é visto como o cuidado que você terá com o seu
trabalho.
“A maneira de vestir do professor indica seu respeito pela situação,
pela sua profissão e também pelos seus alunos.”
Na aparência também conta o seu aspecto físico. Portanto, cuidado
com aquela “barriguinha” protuberante, isso afeta negativamente a sua imagem
perante todos e seus alunos também vão notar isso.
“Quando entramos em sala de aula os alunos percebem todos os
detalhes possíveis, somos analisados da cabeça aos pés e, justamente por
isso, temos que ter um cuidado redobrado com a nossa apresentação”.
Se por acaso, então, você está muito acima do peso, sugiro começar
um regime com urgência, pois isso, na verdade é até uma questão de saúde.
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Na verdade, o cuidado que temos com nosso corpo, muitas vezes,
demonstra o cuidado que temos com nossa própria profissão. Não que o
professor fora de série precise ser um fisiculturista, não é nada disso, mas
também ele não pode querer ser candidato à Papai Noel todo o final de ano.
“O professor fora de série sabe que precisa cuidar tanto do conteúdo
como da embalagem.”
Além disso, estudos recentes comprovam que se estamos bem
condicionados fisicamente nossas células nervosas (neurônios) funcionam
melhor e cientificamente tomamos melhores decisões, ou seja, de certa forma
melhoramos nosso processo de cognição (capacidade de aprendizado).
“O professor fora de série obrigatoriamente deve ter uma atividade
física regular ou praticar algum esporte.”
Portanto, é fundamental uma atividade física regular por uma simples
questão de qualidade de vida.
Você vai notar que se conseguir um tempo para uma atividade física
regular (pelo menos três vezes por semana) automaticamente sua aula vai
melhorar de qualidade, aliás, não somente a sua aula, mas a sua vida como
um todo. Você estará mais disposto e sua aula será muito mais produtiva com
certeza.
Experimente, você vai notar como uma melhor qualidade de vida vai
fazer com que seu desempenho como docente melhore em todos os sentidos.
Contextualizando, analise meu caso particular. Jogo tênis desde os
meus dez anos de idade devido a influência de meu saudoso pai e também
gosto muito de fazer uma corrida quase que diariamente. Quando não consigo
jogar tênis ou correr por um tempo devido a uma lesão ou coisa similar, noto
que não tenho tantos insights (idéias) interessantes em aula, na realidade,
percebo que minha aula perde em qualidade e até me sinto menos disposto
para lecionar. Também percebo que minha tolerância diminui.
79
Prosseguindo, o professor fora de série precisa ser exemplo de
comprometimento e motivação como estudamos no segundo capítulo. Ele deve
puxar a frente desse processo para que o clima presente em sala de aula seja
o melhor possível para o aprendizado. Portanto, indiscutivelmente, a motivação
precisa e deve partir em primeiro lugar do professor em sala de aula. Ele é o
grande responsável pelo clima organizacional presente em aula.
“O reflexo de um professor fora de série é necessariamente um aluno
motivado!”
O professor fora de série também precisa ser exemplo de saber e
cultura, por isso vimos a importância da contínua auto-atualização do professor.
Ele precisa passar credibilidade para seus alunos em matéria de
conhecimentos e vivências profissionais. Os alunos inevitavelmente precisam
admirar o conhecimento do professor.
“O professor fora de série é guiado por sua consciência!”
Isso também inclui sua integridade ou valor ético. O professor fora de
série é pelo certo em todas as situações. O importante para um professor fora
de série é a sua consciência, ou seja, saber que tentou de todas as formas
fazer o que era correto.
“Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação,
pois sua consciência é o que você é e sua reputação é o que os outros pensam
de você! E o que os outros pensam é problema deles!”
Logicamente não somos perfeitos e cometemos as nossas falhas como
professores e seres humanos, eu também tenho as minhas, mas quando
erramos precisamos ter a grandeza de reconhecer nossos próprios erros, isso
também faz parte da ética, pois a pessoa ética é a primeira a reconhecer seus
erros perante as outras pessoas.
O professor fora de série, também, ele tem a capacidade ou virtude de
assumir os seus erros, pois afinal todos nós somos passíveis de erros.
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“O professor fora de série tem a grande virtude de reconhecer os seus
erros o que gera grande empatia por parte de seus alunos!”
Portanto, sempre que cometer um erro trate de corrigi-lo o quanto
antes possível. Não deixe a oportunidade passar, pois estamos nesse mundo
para fazer a diferença, tanto em nossas vidas como na vida de nossos alunos.
Contextualizando, algumas vezes um aluno fazia uma determinada
pergunta que me obrigava a pesquisar sobre algo, e eu modestamente dizia
que não tinha a resposta ou não sabia responder, mais que eu iria atrás dessa
resposta sem falta, o que inevitavelmente acabava acontecendo.
“Na verdade, o professor em sala de aula sempre será exemplo, a
nossa obrigação é a de sempre tentar ser o maior bom exemplo possível, o que
nem sempre é fácil!”
Pelo fato de qualquer professor deixar marcas indeléveis em seus
alunos, temos que estar muito conscientes de nossas grandes
responsabilidades, afinal somos o exemplo a ser seguido e temos de procurar
de todas as formas sermos bons exemplos em todos os sentidos.
É fundamental ressaltar que quando falamos em exemplo estamos
falando em AÇÃO, pois exemplo obrigatoriamente inclui ação.
Portanto, para o professor ser exemplo ele precisa fazer o que fala, ou
seja, traduzir seu discurso em ato.
“O professor é exemplo quando pratica seu discurso, ou faz aquilo que
fala!”
O exemplo, na verdade, somente sensibiliza o aluno quando é
convertido em ação, por isso, o professor fora de série é tão admirado por seus
alunos já que tudo aquilo que ele prega, ele também faz!
“O professor fora de série obrigatoriamente é um exemplo a ser
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seguido por todos os seus alunos!”
“Exemplo e ação obrigatoriamente andam juntos!”
Por isso aquela famosa frase: “Façam o que eu digo e não o que eu
faço!” na realidade não é capaz de inspirar ninguém a mudar o que quer que
seja! O discurso perde totalmente seu efeito se não for convertido em ação e,
no caso do professor, isso é fundamental para que o aluno o reconheça como
um verdadeiro exemplo a ser seguido.
Portanto, não resta mais nada a dizer a não ser de que o professor
precisa e tem que ser exemplo tanto dentro como fora de sala de aula!
Para finalizar esse capítulo transcrevo um artigo de minha autoria que
trata sobre essa necessidade do professor se constituir um verdadeiro e
genuíno exemplo.
Professor tem que ser exemplo!
Sei que sou suspeito, mas sem dúvida nenhuma a profissão de
professor é uma das mais desafiantes que eu conheço. Mas, sinceramente não
é muito fácil ser professor, ou melhor, ser um bom professor.
Aliás, estamos muito carentes de bons professores atualmente, você
não acha? Para confirmar isso ouso perguntar: quais professores você guarda
ainda na lembrança? Eu aposto que serão muito poucos. Eu vejo por mim
mesmo. Só lembramos dos muito bons ou, o que é pior, dos muito ruins. Então,
cuidado se você é muito lembrado, talvez não seja pelo motivo correto.
Mas que diferenciais deve ter um professor moderno? Primeiramente,
ele deve ser incansável na busca do conhecimento, deve estudar sempre, a
auto-atualização é fundamental e não precisa ser somente através de um
estudo formal.
Em seguida, ele precisa ter características de liderança, o professor
deve ser um líder. Ele deve ser seguido por seus alunos, deve ser exemplo
tanto dentro como fora de aula. Aliás, ele deve ser exemplo em todos os
sentidos.
Em minhas palestras muitos professores me questionam, por exemplo:
82
como consigo motivar minha turma, meus alunos parecem tão apáticos? Eu
diria que o primeiro passo é ser auto-motivado. Se meus alunos não sentirem
uma grande motivação em mim ou uma paixão pela minha profissão, como
posso querer que se apaixonem pela minha matéria? Lembro-me muito bem
das minhas graduações e mesmo de meu mestrado; tive professores que nem
eles mesmos gostavam de lecionar a disciplina, a turma sentia isso e imaginem
a nossa motivação e conseqüente produtividade.
Cito em minhas palestras que alguns são professores e outros estão
professores, não sei se me entendem? E isso vale para qualquer professor
pode ser de tênis, futebol, vôlei, ou qualquer outra atividade.
Então, um grande professor precisa ser antes de tudo ser um grande
motivador de seus alunos. E para que isso aconteça, ele, inevitavelmente,
precisa amar o seu trabalho.
Depois preciso cuidar de minha imagem, sim, isso também é
importante. Em outras palavras, a maneira como me visto dá a idéia do
respeito que tenho pela minha profissão e pelos meus alunos e isso serve mais
uma vez de exemplo. Também minha aparência física conta. Então, cuidado
com aquela barriga protuberante, ela faz parte de sua imagem e seus alunos
percebem isso. Sinceramente, não consigo entender que colegas meus de
profissão, professores de marketing, sejam ainda tão desleixados com a sua
imagem, estão muito gordos, vão de tênis (às vezes furado) para a aula e
dizem para seus alunos que a imagem é muito importante! Como os alunos
podem entender isso se o seu professor diz uma coisa e faz outra? Mais uma
vez o exemplo é o que conta.
Portanto, devo cuidar tanto do meu conteúdo (conhecimento) como da
minha embalagem (aparência e maneira de me vestir) e isso vale para
qualquer profissional. Aposto que vocês não iriam freqüentar uma academia de
musculação que seu professor fosse muito gordo.
Por fim, um professor moderno deve ser um idealista por natureza em
um país que, infelizmente, não dá o devido valor à educação, onde a grande
preocupação ainda é: quantas crianças estão em sala de aula ao invés de ser o
que essas crianças estão aprendendo, ou seja, a qualidade de ensino. Para
não ser utópico, estou consciente das grandes dificuldades enfrentadas pela
maioria dos professores que, muitas vezes, são mal remunerados, não tendo
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condições de nem mesmo se auto-atualizar. Eu mesmo vivenciei isso, pois
comecei a lecionar em colégio público e sei das dificuldades enfrentadas pela
maioria dos professores. Mas, por isso mesmo, sem dúvida nenhuma, ser
professor é antes de tudo um grande desafio pessoal e profissional.
Meu grande abraço a todos os professores que fazem a diferença e
até mesmo ao que não fazem.
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Cap. XI – O que não fazer (estratégias que comprovadamente apresentam
poucos resultados).
Abriremos esse último capítulo com um artigo de nossa autoria sobre
os tipos mais comuns de professores. O artigo tem a pretensão de alertar para
alguns erros que devemos procurar evitar em matéria de metodologia de
ensino, postura profissional, motivação, liderança, auto-atualização, tudo isso
de uma forma descontraída e até irreverente.
Se, por acaso, você se identificar com algum dos tipos descritos aqui,
não se preocupe afinal, todos nós temos os nossos erros e a nossa missão é
corrigir-nos constantemente se quisermos nos tornar um dia um verdadeiro
professor fora de série.
Tipos de professores
Como é de se esperar tive vários professores desde o ensino
fundamental até a minha pós-graduação. Uns, sem dúvida nenhuma, me
marcaram de sobremaneira. Principalmente, os bons...
Desde menino eu analisava meus professores, seus métodos de
ensino, sua postura, exemplo, motivação, conhecimento, etc. Por isso, talvez,
hoje, eu seja professor.
Sempre achei a profissão de professor fascinante sobre todos os
aspectos, pois eles nos marcam de uma maneira indelével. Eles se tornam
muito importantes em nossa vida e, muitas vezes, levamos seus exemplos para
sempre conosco...
Mas hoje escrevo sobre alguns tipos de professores que cito como
exemplo em minhas palestras para descrever perfis que precisam ser mudados
nesses tempos globalizados.
Precisamos, sem dúvida nenhuma, revolucionar a educação, através
de professores que sejam muito criativos, motivados, empreendedores e com
perfil de liderança.
Bem, vamos então aos tipos de professores.
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Professor Pré-histórico.
Esse é aquele que seu pai, seu tio, seu primo, até seu filho, quase toda
a sua família teve aula com ele. Mas, reparem, a matéria é a mesma, suas
lâminas já estão amareladas pelo tempo, inclusive até a metade das letras já
caíram e as provas, pasmem, também são idênticas.
Além disso, ele, todo o semestre, cita os mesmos exemplos em aula.
Você por acaso, conhece algum professor assim?
Professor fantasma.
É aquele professor que somente está de corpo presente, pois sua
alma está em outro lugar (bem distante, diga-se de passagem).
Esse professor é professor por circunstâncias da vida, ou seja, está
professor. Ele não escolheu a profissão por vocação, mas por pura
necessidade de sobrevivência, pois afinal todos nós temos que ter alguma
ocupação para pagar as contas no final de cada mês.
Professor intervalo.
Esse professor sempre larga a turma no intervalo. Ele começa a aula
como Rubinho e quando está próximo do intervalo ele se transforma em um
verdadeiro Schumacher.
Infelizmente, alguns alunos acabam se apaixonando por esse tipo de
professor, pois simplesmente podem chegar mais cedo em casa e ver a novela.
Professor show man.
Esse professor é aquele que leva meia hora para montar toda a sua
parafernália multimídia, seus slides são extremamente coloridos, mas sem
muito conteúdo e como a sua aula é praticamente no escuro, muitos,
invariavelmente, dormem na mesma.
Mas o que conta é a imagem. Aliás, às vezes, o design do slide é tão
bonito que chama mais a atenção do que o próprio conteúdo do mesmo.
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Professor seminário.
Esse professor terceiriza o aprendizado diretamente ao aluno. Ele já
chega na primeira aula, divide os grupos e lança trabalhos que vão ser
apresentados durante todo o semestre.
Depois ele senta em sua cadeira e passa o semestre inteiro assistindo
as apresentações dos alunos e obriga a presença de todos fazendo chamada
no final de cada aula. Esse professor tem um lema: “Ninguém ensina nada para
ninguém, o aluno é que aprende por ele mesmo se tiver interesse”! Será
mesmo?
Professor polígrafo.
Esse professor adora seu polígrafo mais do que qualquer coisa,
embora nunca tenha o trabalho de atualizar o mesmo. Na verdade, seu
polígrafo é mastodôntico, pois o que conta é o volume.
Nossa! Quanto conhecimento o aluno vai pensar! Por falar em alunos,
coitados deles que tem que ler todo aquele “monstro” para a prova. E o que é
pior, a maioria do que está no polígrafo não é visto em aula e, às vezes, nem
mesmo “cai” na prova.
Professor “moral de cueca”.
Esse professor cobra uma postura de seus alunos, mas não é capaz
de dar o exemplo. O que conta para ele é o discurso: “Façam o que eu falo e
não o que eu faço”!
Esse é aquele professor que cobra prazo de entrega de seus alunos e
leva dois meses para entregar a prova. Ou aquele que cobra horário de seus
alunos e, invariavelmente, chega atrasado ou falta à aula, pois está viajando
para algum congresso ou coisa parecida.
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Professor ocupado.
Esse professor, como tem muitos compromissos, falta mais do que o
aluno mais faltoso de toda a classe, mas afinal a culpa não é dele, pois ele está
sobrecarregado de trabalho e a universidade não pode prescindir desse
“profissional”.
Professor preguiça.
Esse professor não faz prova, não faz trabalho, todos passam e todo
mundo fica “feliz”. Geralmente, esse professor adota a auto-avaliação como
prova.
E aí eu ouso perguntar: Não somos avaliados todo o santo dia por
nossos chefes e superiores hierárquicos onde trabalhamos? Ou podemos
manter o nosso emprego apenas por uma boa auto-avaliação?
Professor maria-mole.
Muito parecido com o preguiça, o maria-mole é aquele professor que é
muito frouxo na disciplina com os alunos e portanto, os alunos é que acabem
ditando as regras. Então eles é que dão as cartas e estamos conversados. No
final do ano todos os alunos são aprovados, pois esse professor não tem
coragem de rodar ninguém. E ainda ele comenta: não adianta eu rodar
ninguém, pois a vida vai ensinar para eles!
Professor urso.
Um outro tipo de professor é o professor urso, esse professor
simplesmente detesta perguntas e começa a rosnar quando um aluno ousa
fazer qualquer pergunta sobre a matéria. Na verdade, ele demonstra uma
intolerância enorme, pois como alguém pode ousar perguntar alguma coisa
depois de sua “brilhante” explicação? Isso não é admissível para ele.
Com o tempo, os alunos simplesmente não perguntam mais nada por
sentirem medo da reação do professor e, assim, ele pode dar a sua aula em
paz e sossego pensando que todos estão entendendo tudo a respeito da sua
88
disciplina.
Professor tolerância zero.
Muito parecido com o professor urso, esse professor não tem o mínimo
de paciência com os alunos. Qualquer coisa o irrita profundamente. Ele
simplesmente acha que o aluno só atrapalha e leva um pensamento consigo:
Se não fosse o aluno, ser professor seria ótimo. Imaginem só.
Professor general.
Para esse professor, a hierarquia é fundamental. Justamente por isso,
ele considera seus alunos simples subordinados ou soldados de seu exército.
De outra forma, os alunos estão ali para somente cumprir ordens e não
questionar absolutamente nada, já que ordens não se discutem, apenas se
cumprem. Portanto, o trabalho em time é menosprezado pelo professor
general, já que se ele delegar algo a alguém certamente vai sair bobagem!
Em conseqüência disso, o professor general é extremamente
autocrático, ou seja, ele não pede a opinião de ninguém e decide tudo sozinho,
pois somente ele pode tomar a melhor decisão para o grupo.
Os alunos geralmente respondem com rebeldia a sua maneira de ser,
pois, afinal, ninguém gosta de não ter a sua opinião ao menos ouvida e ser
tratado como uma pessoa que não é capaz de ter a mínima autonomia e senso
de responsabilidade.
Com o tempo é gerado um grande antagonismo entre esse professor e
a sua turma porque o professor simplesmente não dá ouvidos às reclamações
dizendo que sempre quem está errado é o aluno.
Se toda a turma foi mal na prova, ele comenta que faltou muito estudo
ou que, absolutamente, ninguém estudou, por isso todos foram mal, ou seja, a
culpa de maneira nenhuma é dele.
Finalizando, esse professor não admite em nenhuma hipótese seu erro
afinal: professor não erra, quem erra é o aluno, professor apenas se equivoca.
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Professor sabe-tudo.
Parecido com o professor General, esse professor tem um ponto fraco
comum que é a falta de humildade. Ele simplesmente domina todo e qualquer
assunto, e simplesmente já fez de tudo em sua vida, portanto, não tem mais
nada a aprender.
Geralmente esse professor é muito exigente em suas provas, embora
a sua aula deixe muito a desejar. A empatia pelo aluno é zero e a recíproca
também é verdadeira, ou seja, os alunos também não gostam de sua pessoa.
Além disso, esse professor olha de cima para baixo o aluno e deixa
bem claro que eles têm que aprender com ele, pois ele tem conhecimento,
experiência, vivência, etc. De outra forma, a sua arrogância acaba distanciando
os alunos de sua pessoa o que acaba prejudicando muito o processo de
aprendizado, visto que o professor precisa ser aceito como pessoa antes de
qualquer coisa.
Na verdade, esse professor tem um ego enorme que acaba
desmotivando seus alunos.
Professor ego maníaco.
Já o professor ego maníaco é muito parecido com o sabe-tudo, ou
seja, a humildade não é o seu forte.
Na realidade, esse professor fica tão encantado com o seu
conhecimento que “esquece” completamente de seus alunos.
Ele fica tão extasiado com a sua própria aula e seu saber que nem
pensa se, por acaso, seus alunos estão entendendo o que ele está falando.
Geralmente esse professor levanta vôo e deixa todos os seus alunos
em terra (perdidos). Ele fala uma linguagem que somente ele tem a capacidade
de entender, ou seja, ele está sintonizado em uma onde de freqüência
modulada (fm) enquanto seus alunos estão numa onda de am.
E quando ele pergunta se todos estão entendendo tudo o que ele
“ouve” é um silêncio constrangedor, ou seja, ninguém tem coragem de
perguntar alguma coisa porque, simplesmente, ninguém entendeu
absolutamente nada!
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Então, o professor pensa que todos estão entendendo tudo e somente
descobre que isso não é verdade quando ele corrige as suas provas e fica
apavorado com o baixo desempenho de toda a turma.
Esse professor se esquece que a competência de um mestre é medida
fundamentalmente pelo que seus alunos aprendem efetivamente em sala de
aula.
Professor “enrolão”.
O professor “enrolão” como não tem muito domínio de sua disciplina,
literalmente fica “enrolando” todo o semestre, pois ele tem pavor de que algum
aluno faça uma pergunta que ele certamente não vai saber responder.
Convém citar algumas das estratégias adotadas pelo professor
enrolão: geralmente ele chega atrasado em aula, em segundo lugar seu
intervalo é enorme, ou seja, quando ele retorna a aula todos os alunos já o
estão esperando, em terceiro lugar, ele adora fazer seminários, pois assim não
precisa preparar a aula e em quarto lugar ele, em toda a aula, faz mais de uma
chamada para consumir ainda mais tempo de sua disciplina.
Uma outra estratégia é fazer com que os alunos copiem toda a matéria
em aula, pois assim se perde mais tempo ainda.
Por isso, o semestre literalmente se arrasta e os alunos não aprendem
quase nada sobre a disciplina, afinal, nem mesmo o professor tem domínio do
assunto em questão e não faz a mínima força para que a situação se
modifique.
O professor “enrolão” pode ser comparado a um avião em
manutenção, simplesmente, sua aula não deslancha, ou seja, não sai do chão.
Esse professor literalmente conta os dias para o final do semestre, pois
de maneira nenhuma gosta de seu trabalho.
Professor “maluco”.
Temos também o professor “maluco”.
Chamo esse professor assim por que as suas perguntas na prova não
estão no polígrafo, não foram vistas em aula, mas ele apenas comenta: como
vocês não sabem isso?
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Na verdade, a prova do professor “maluco” é sempre muito temida,
pois ninguém sabe o que esperar da mesma.
Aliás, o professor “maluco” cobra em prova como sua aula fosse fora
de série, o que causa um verdadeiro pavor nos alunos que comentam: “Como
ele pode cobrar tanto na prova se não ensinou quase nada”?
Professor boxeador.
É aquele professor que põe literalmente seus alunos para dormir como
um verdadeiro campeão mundial de boxe.
Sua aula é realmente muito chata, ele sempre fala no mesmo tom de
voz, às vezes, dá aula sentado em sua cadeira ou pede para que cada aluno
leia um pouco do polígrafo e faz um jogral com toda a turma.
Parecido com o professor pré-histórico, o professor boxeador nunca
atualiza seu polígrafo, pois, afinal, como ele mesmo diz, os alunos são
desinteressados e não querem aprender muita coisa.
Esse professor também gosta de pedir trabalhos no final da aula para
que, pelo menos, alguns alunos tentem se manter acordados e,
invariavelmente, faz as suas chamadas no fim da aula para obrigar os seus
alunos a permanecerem em sala mesmo se estão dormindo.
No fundo, nem ele mesmo suporta a sua aula. Esse professor como
alguns outros desse capítulo fica contando nos dedos quantos dias faltam para
as próximas férias, como se fosse um verdadeiro martírio a profissão de
professor.
É interessante notar que sua “motivação”, se é que ele tem alguma,
surpreendentemente começa a aumentar no final de cada semestre justamente
porque as férias estão se aproximando e ele não precisará lecionar.
Professor caminhão.
Finalizando temos o professor caminhão, esse professor despeja a
matéria nos alunos, ele dá aula até o último minuto, embora ninguém mais
esteja prestando atenção, mas o que conta é cumprir o cronograma e não os
alunos aprenderem a sua matéria.
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Na realidade, o professor caminhão finge dar aula enquanto seus
alunos fingem que estão aprendendo.
Geralmente, esse professor é “adorado” pela direção da escola, pois o
que interessa é quantidade e não a qualidade. Esse professor sempre cumpre
o cronograma de aulas, embora seus alunos não aprendam muito.
E você meu prezado professor, se identificou com alguns desses tipos
de professores?
Esperamos que não, mas nunca é tarde para mudar. Nós lhe
desejamos muito sucesso e o parabenizamos por escolher essa profissão tão
nobre.
Concluindo, a nossa idéia nesse capítulo final foi fazer um alerta para
algumas práticas que precisam ser revistas e repensadas em sala de aula,
afinal, estamos em tempos de globalização e a educação de uma forma geral
não acompanhou a evolução do mundo de uma forma adequada.
“Existe um descompasso muito grande entre a evolução da tecnologia
e a da educação!”
Infelizmente, ainda temos métodos defasados de ensino e professores
que não possuem vocação nenhuma para o magistério, basta analisar o
comentário (feedback) dos egressos de qualquer universidade de nosso país.
Isso precisa mudar urgentemente se quisermos verdadeiramente nos
tornar um país de primeiro mundo.
Como sabemos somente uma educação de qualidade pode realmente
transformar um país.
“Nossos governantes deveriam estar mais preocupados com a
qualidade de ensino público do que com a quantidade de crianças em sala de
aula!”
Na realidade, a questão chave não é a quantidade de crianças que
freqüentam a escola e, sim, o que essas crianças estão verdadeiramente
aprendendo em sala de aula e se o que estão aprendendo poderá ser útil no
93
futuro para conseguir alguma ocupação (emprego).
“O professor fora de série tem o dom de fazer os outros pensar por
conta própria!”
Esse “novo” modelo de educação precisa ser baseado no
desenvolvimento do senso crítico, ou seja, precisamos fazer com que as
pessoas pensem por conta própria, saibam distinguir o certo do errado, o
adequado do inconveniente, o correto do absurdo.
Isso é fundamental para a criação de uma sociedade moderna
baseada na geração do conhecimento onde o valor ético está em primeiro
lugar.
Concluindo, precisamos de uma atenção maior para com os
professores, eles é que verdadeiramente ensinam e podem mudar o destino de
um país.
“Vocação, talvez seja um dos maiores segredos de um professor fora
de série!”
Infelizmente, de uma forma geral, a nossa profissão não merece por
parte dos governantes o reconhecimento que deveria ter, mas acreditamos que
isso um dia vai mudar e, justamente por isso, devemos sempre ter em mente a
nossa missão, afinal, professor é vocação em todos os sentidos!
“Nunca podemos esquecer que o verdadeiro professor fora de série,
mais do que ninguém, é um idealista por natureza!”
“O professor fora de série precisa ter uma forte empatia pelo aluno!”
Acima de tudo, o professor fora de série trabalha em prol de seu aluno,
pois sabe que lecionar é um verdadeiro ato de doação em todos os sentidos,
por isso o professor fora de série pensa mais nos seus alunos do que em si
próprio já que ele encara o seu trabalho como uma verdadeira missão ou ideal
de vida.
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“Ideal é missão são dois aspectos que se complementam quando
falamos em um professor fora de série!”
Por essa razão, reputo a ocupação de professor como uma das mais
fascinantes e me considero um privilegiado em ter escolhido essa profissão.
“Nunca existe rotina no trabalho de um professor fora de série!”
Por isso, você, meu prezado leitor (professor), também deve se
considerar um verdadeiro privilegiado, já que são muito poucos os profissionais
que possuem uma missão tão nobre, importante e desafiante como a nossa.
Nobre por que temos a oportunidade de passar nossas experiências e
conhecimentos a outras pessoas que nem ao mesmo conhecemos direito.
Importante, pois podemos fazer a diferença na vida das pessoas, de
nossa comunidade e, até mesmo, de nosso país.
Finalmente desafiante, pois estamos sempre aprendendo com tudo e
com todos e na vida de um professor fora de série sempre uma aula é diferente
da outra, nunca há rotina em seu trabalho, pois as turmas mudam assim como
o conhecimento evolui.
“Um professor fora de série deve sempre se lembrar de que,
obrigatoriamente, ele precisa fazer a diferença na vida das pessoas, essa é a
sua verdadeira missão, seu compromisso social com a comunidade em que ele
vive. Nada mais e nada menos do que isso!”
“O professor fora de série tem a grande capacidade de fazer a
diferença na vida das pessoas e com isso melhorar a vida da comunidade em
que vive – essa deve ser a sua missão e o seu compromisso!”
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Cap. XII – Considerações finais:
Gostaria primeiramente de agradecer a você, meu estimado professor
(leitor), pela leitura desse livro sobre a excelência na docência.
Espero que o mesmo lhe tenha sido útil e lhe dado algumas idéias de
como melhorar ainda mais a qualidade de sua aula para se tornar um professor
fora de série.
É claro que independente da estratégia adotada, nunca temos a
certeza do sucesso, mas, como professores, temos que ter a necessária
ousadia para testar novas metodologias de aprendizado, pois os tempos atuais
nos dizem que os paradigmas (padrões) precisam ser revistos e mudados
muitas vezes e o professor fora de série sabe que a sua criatividade é o seu
grande diferencial.
A educação precisa de uma revolução para acompanhar os novos
tempos, onde a tecnologia avança de uma forma feroz e esse livro tem a
pretensão de sugerir estratégias novas em sala de aula para que possamos
maximizar o aprendizado de nossos alunos a fim de buscar a tão almejada
excelência em matéria de ensino.
Finalizando, gostaria de agradecer a várias pessoas que foram muito
importantes na elaboração desse livro.
Primeiramente a Deus, por me conceder saúde e motivação constante
para realizar a minha missão que é de ser professor, mas, principalmente, a de
ser um eterno aprendiz.
Aos meus saudosos pais que me ensinaram através de seu exemplo
pessoal a ter muita perseverança em busca de meus objetivos
independentemente das dificuldades do caminho, afinal existem pedras em
qualquer caminho e a superação de dificuldades sem dúvida nenhuma, nos
torna melhores como seres humanos.
Aos meus estimados e queridos alunos e ex-alunos que diariamente
me incentivam com seus comentários, muitas vezes, mais do que gentis com
minha pessoa. Confesso que o reconhecimento que tenho na minha profissão
de professor é muito acima de minha capacidade ou competência.
Aos meus mestres que me ensinaram muito a respeito de ser exemplo
em sala de aula e na vida.
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À Universidade de Caxias do Sul, local onde leciono desde 2002 e que
tem me reconhecido meu trabalho de uma forma exemplar.
À minha santa de vocação Nossa Senhora de Lourdes que desde
Sucre (Bolívia) tem me iluminado meu caminho e me protegido em minha
caminhada aqui na Terra, agradeço de coração.
Mais uma vez à Leila, que demonstrou um enorme interesse em ler os
rascunhos dos capítulos do livro e me forneceu um feedback muito positivo do
mesmo ainda em seu processo de elaboração.
A todos aqueles que de uma forma ou de outra torcem por mim,
também agradeço muito.
E finalmente àqueles que também não torcem por mim porque, muitas
vezes, me motivam a perseguir meus objetivos com ainda maior vontade e
tenacidade.
Prof. José Tejada
17 de janeiro de 2008.
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