Ficha para identificao da Produo Didtico-pedaggica Turma 2016
Ttulo: O uso do recurso flmico como metodologia para o ensino dos contedos escolares
Autor: Cristiane da Silva Gomes Mansano
Disciplina/rea:(ingresso no PDE) Pedagogia
Escola de Implementao do Projeto e sua localizao:
Colgio Estadual Dr. Gasto Vidigal Ensino Fundamental, Mdio e Profissional
Municpio da escola: Maring
Ncleo Regional de Educao: Maring
Professor Orientador: Marta Sueli de Faria Sforni
Instituio de Ensino Superior: Universidade Estadual de Maring
Relao Interdisciplinar:
O presente trabalho h relao com todas as disciplinas que refletem sobre a organizao do ensino, o processo de aprendizagem e queiram utilizar o recurso flmico em sala de aula.
Resumo:
JUSTIFICATIVA: O uso da linguagem cinematogrfica vem sendo utilizado em sala de aula para o ensino de conceitos de diferentes reas do conhecimento, pensando na atratividade, ateno, emoo que despertam nos estudantes, o, considerando que eles esto inseridos num mundo dinmico e tecnolgico. Pensar no ensino organizado (metodologias), com esse recurso, condio para que a aprendizagem conceitual ocorra. Assim, h necessidade de estudos e reflexes sobre a utilizao do recurso flmico no contexto educacional como meio para a promoo da aprendizagem conceitual pelos alunos. , para a aquisio de conceitos pelos alunos.
OBJETIVOS:
- Aprofundar estudos, com professores, sobre a utilizao de recursos flmicos como meio para promover a aprendizagem conceitual dos estudantes.
OBJETIVOS ESPECFICOS: - Contextualizar a educao na sociedade e a organizao do trabalho pedaggico; - Promover estudo sobre o desenvolvimento do processo de aprendizagem e das formas superiores de conscincia, baseado na Teoria Histrico-Cultural. - Discutir a relao entre educao e filmes, analisando o filme como um instrumento capaz de mobilizar a potencializar a apropriao de conceitos cientficos; - Debater sobre as possibilidades do trabalho com recursos flmicos em sala de aula, - Oportunizar a prtica de recursos de edio bsica de filmes;
- Propor atividade de planejamento utilizando o recurso flmico, como metodologia.
METODOLOGIA:
Curso de extenso de 32 horas com, 15 (quinze) professores do Colgio Estadual Dr. Gasto Vidigal, na cidade de Maring, com apoio do material didtico elaborado.
Palavras-chave:
PDE; Metodologia, Recurso flmico, Aprendizagem conceitual, Formao de Professores
Formato do Material Didtico: Unidade Didtica
Pblico:
Professores
APRESENTAO
Os recursos flmicos vm sendo utilizado, no ambiente escolar, com o objetivo
de despertar o interesse e a ateno dos alunos, levando em considerao a insero
deles num mundo dinmico, tecnolgico, rico de estmulos visuais sonoros, entre
outros.
A linguagem flmica realmente traz em seu corpo uma srie de elementos,
como som, movimento, emoo, enredo, animao, informao, iluminao, ao,
cenrio, figurino, msica, mistrio, suspense, desafios, que contribuem para o
despertar da ateno dos alunos. Mas ao ser utilizado no contexto escolar, deve-se
ter claro que h diferenas em assistir filmes no cinema, em casa ou em outros
espaos informais e assistir filmes no espao escolar. Nesse ltimo, preciso tomar
o cuidado de no perder de vista que ele deve somar-se aos objetivos da escola, que
o ensino do contedo escolar, o estudo de conceitos.
Partindo-se desse cuidado com o olhar pedaggico e metodolgico com o uso
de recursos flmicos no contexto escolar que organizamos essa unidade didtica a
ser desenvolvida com professores do Colgio Estadual Dr. Gasto Vidigal Ensino
Fundamental, Mdio e Profissional, por meio de uma formao com formato de curso
de extenso, em parceria com a Universidade Estadual de Maring.
Uma srie de questes vieram a tona e estas contriburam para a organizao
e estruturao deste material. Entre elas, refletimos: quais so as mediaes didticas
necessrias para que o recurso flmico favorea a aprendizagem de conceitos pelos
alunos? Como trabalhar um filme, desenho ou documentrio que foi desenvolvido para
um determinado fim, que no o escolar, e manter o foco na aprendizagem? Como
organizar o trabalho metodolgico com esses recursos cumprindo o papel da escola,
que a transmisso com o saber sistematizado? Ao procurar responder a essas
questes, outras precisam ser tambm respondidas: Como a aprendizagem
acontece? Como desenvolver maior a ateno dos alunos? Por que a linguagem
flmica atrai mais os jovens? Quais as formas e momentos para utilizar recursos
flmicos: para introduzir um contedo, para problematizar, para ser apoio como leitura
de enriquecimento, ou como avaliao do processo de aprendizagem? Que olhares
so necessrios, por parte dos professores, para uma leitura, um pouco mais
aprofundada, sobre a intencionalidade dos filmes?
Entre tantos qus, por qus, quais e como, ou seja, diante de tantos
questionamentos, estruturamos o trabalho pensando no caminho de formao de
professores, buscando uma reflexo e organizao do contexto educacional, a luz da
teoria histrico-cultural, que embasa o Projeto Poltico Pedaggico (PPP) da
instituio de ensino.
O papel da escola na perspectiva histrico-crtica mediar o saber, o conhecimento cientfico historicamente produzido pelos homens. A escola visa, portanto, aprendizagem desse saber. Para uma abordagem crtica de aprendizagem, encontramos aporte nos estudos apresentados pelos pensadores da teoria histrico-cultural. (...) O estudo dessas teorias permite pensar sobre a mediao escolar, por meio de atividades de ensino, elaboradas no sentido de que, realmente, resultem em desenvolvimento humano (PPP, 2011, p. 38).
Comungando desse iderio que permeia a reflexo das relaes na sala de
aula, do papel da mediao e da organizao do ensino que realmente, resultem em
desenvolvimento humano que voltamos o olhar para a compreenso da relao
entre o processo de aprendizagem e o desenvolvimento das funes psquicas
superiores, para posteriormente entrar no contexto do recurso flmico propriamente
dito, como uma ferramenta que pode colaborar nesses processos. Para isso,
dividimos essa unidade didtica em encontros.
No primeiro, destacamos brevemente o contexto educacional que estamos
inseridos, com a incluso de polticas pblicas para a Educao Bsica que reforam
a necessidade de formao de um homem para o mundo globalizado, sendo flexvel
para se adaptar a um modelo de produo tambm flexvel, que, portanto, seja
desenvolvido nele habilidades e competncias para se adequar s exigncias do
mercado de trabalho. Nessa perspectiva de formao, os contedos tericos no so
considerados necessrios, principalmente, na educao escolar de pases perifricos.
Todavia, considerando a importncia dos conhecimentos clssico, como defendido
pela Pedagogia Histrico Crtica, ou conhecimentos cientficos, como defendido pela
Teoria Histrico-Cultural, como fundamentais ao desenvolvimento do psiquismo
humano, consideramos a importante compreendermos o papel da escola pblica, da
sua funo e compromisso com a estruturao de um trabalho que resguarde a
apropriao do conhecimento cientfico, como forma de resistncia aos limites
impostos pelas polticas educacionais internacionais para as escolas de pases
perifricos como o Brasil.. No segundo momento, que ser desenvolvido em dois
encontros, trataremos do processo de aprendizagem e as contribuies de
neurocincias para o entendimento de como se desenvolvem as funes psicolgicas
superiores: ateno, percepo, memorizao, funo executiva e
raciocnio/pensamento. Esses contedos contribuiro para que compreendamos a
relao entre a apropriao de conceitos pelos alunos e o desenvolvimento dessas
funes.
Dando continuidade aos encontros, voltaremos nossa ateno,
especificamente, para os recursos flmicos. O trabalho com esse tema foi dividido trs
momentos, nos quais sero abordados os seguintes assuntos:
a relao entre cinema e educao, destacando as possibilidades do trabalho
com o recurso flmico em sala de aula;
a compreenso dos elementos que so utilizados nos recursos flmicos que
permitem uma leitura, por parte dos professores, para a seleo dos materiais
para trabalho a ser desenvolvido;
prtica de edio bsica de vdeo, com vistas ao desenvolvimento do trabalho
com os alunos, acompanhado da anlise das contribuies e possibilidades de
mediao dos professores para propiciar que esse recurso favorea a
aprendizagem dos alunos .
Finalizando, com base no contedo explorado durante os encontros anteriores,
cada participante do curso, dever organizar um Plano de Trabalho Docente, dentro
do contedo da sua rea de atuao, utilizando o recurso flmico como metodologia
para a apropriao dos conceitos.
Este material didtico no visa criar um modelo de trabalho com os recursos
flmicos, afinal, h muitas possibilidades e no h como explorar todas elas neste
curso. Mas, deseja deixar claro que a condio para que esse recurso tenha valor
formativo no interior da escola deve estar vinculado apropriao da aprendizagem
conceitual pelos alunos. Ou seja, quando o recurso flmico usado com
intencionalidade de forma estruturada e organizada, com foco no compromisso com
a transmisso do saber sistematizado, histrico e cientfico, como meio de formao
do pensamento terico pelos alunos.
1 ENCONTRO
SFORNI, M. S. de F. Interao entre Didtica e Teoria Histrico-Cultural. Revista Educao & Realidade. vol. 40. N 02, Porto Alegre, Ahead of print, 2015a. Disponvel
em: http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/45965/33402. Acesso em: 18 mar. 2016. OOBETIVO DO ENCONTRO:
Contextualizar a educao na sociedade e a importncia da organizao do trabalho
pedaggico.
MATERIAIS NECESSRIOS PARA O ENCONTRO:
Slides do contedo
Computador;
Data show;
Texto: Interao entre Didtica e Teoria Histrico-Cultural
Papel e valor das interaes em sala de aula
Introduzir-se- essa unidade a partir da anlise da Charge: Escola ou
Fbrica?, de Francesco Tonucci. Disponvel em:
https://www.google.com.br/search?q=ilustra%C3%A7%C3%B5es+tonucci&biw=1047&bih=4
63&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiI7NjPlofQAhWDXiYKHY4JB04Q_AUIBig
B&dpr=1.3#q=ilustra%C3%A7%C3%B5es%20tonucci&tbm=isch&tbs=rimg%3ACaSds3JuS
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http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/45965/33402https://www.google.com.br/search?q=ilustra%C3%A7%C3%B5es+tonucci&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiI7NjPlofQAhWDXiYKHY4JB04Q_AUIBigB&dpr=1.3#q=ilustra%C3%A7%C3%B5es%20tonucci&tbm=isch&tbs=rimg%3ACaSds3JuSGrRIjjc2NFU_1l1GmEaIGKsWOuqcixKRADF8D28KU1174BhNUPeYvIjrERjuTthI6j8wBWsf4q4w0mvZiCoSCdzY0VT-XUaYEfr5RjpCaWdvKhIJRogYqxY66pwRUlAcnL_1fDUsqEgmLEpEAMXwPbxErSvwm94pIHioSCQpTXXvgGE1QEV76WkFyI_1nZKhhttps://www.google.com.br/search?q=ilustra%C3%A7%C3%B5es+tonucci&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiI7NjPlofQAhWDXiYKHY4JB04Q_AUIBigB&dpr=1.3#q=ilustra%C3%A7%C3%B5es%20tonucci&tbm=isch&tbs=rimg%3ACaSds3JuSGrRIjjc2NFU_1l1GmEaIGKsWOuqcixKRADF8D28KU1174BhNUPeYvIjrERjuTthI6j8wBWsf4q4w0mvZiCoSCdzY0VT-XUaYEfr5RjpCaWdvKhIJRogYqxY66pwRUlAcnL_1fDUsqEgmLEpEAMXwPbxErSvwm94pIHioSCQpTXXvgGE1QEV76WkFyI_1nZKhhttps://www.google.com.br/search?q=ilustra%C3%A7%C3%B5es+tonucci&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiI7NjPlofQAhWDXiYKHY4JB04Q_AUIBigB&dpr=1.3#q=ilustra%C3%A7%C3%B5es%20tonucci&tbm=isch&tbs=rimg%3ACaSds3JuSGrRIjjc2NFU_1l1GmEaIGKsWOuqcixKRADF8D28KU1174BhNUPeYvIjrERjuTthI6j8wBWsf4q4w0mvZiCoSCdzY0VT-XUaYEfr5RjpCaWdvKhIJRogYqxY66pwRUlAcnL_1fDUsqEgmLEpEAMXwPbxErSvwm94pIHioSCQpTXXvgGE1QEV76WkFyI_1nZKhhttps://www.google.com.br/search?q=ilustra%C3%A7%C3%B5es+tonucci&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiI7NjPlofQAhWDXiYKHY4JB04Q_AUIBigB&dpr=1.3#q=ilustra%C3%A7%C3%B5es%20tonucci&tbm=isch&tbs=rimg%3ACaSds3JuSGrRIjjc2NFU_1l1GmEaIGKsWOuqcixKRADF8D28KU1174BhNUPeYvIjrERjuTthI6j8wBWsf4q4w0mvZiCoSCdzY0VT-XUaYEfr5RjpCaWdvKhIJRogYqxY66pwRUlAcnL_1fDUsqEgmLEpEAMXwPbxErSvwm94pIHioSCQpTXXvgGE1QEV76WkFyI_1nZKhhttps://www.google.com.br/search?q=ilustra%C3%A7%C3%B5es+tonucci&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiI7NjPlofQAhWDXiYKHY4JB04Q_AUIBigB&dpr=1.3#q=ilustra%C3%A7%C3%B5es%20tonucci&tbm=isch&tbs=rimg%3ACaSds3JuSGrRIjjc2NFU_1l1GmEaIGKsWOuqcixKRADF8D28KU1174BhNUPeYvIjrERjuTthI6j8wBWsf4q4w0mvZiCoSCdzY0VT-XUaYEfr5RjpCaWdvKhIJRogYqxY66pwRUlAcnL_1fDUsqEgmLEpEAMXwPbxErSvwm94pIHioSCQpTXXvgGE1QEV76WkFyI_1nZKh
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_1I8p-JkamQyoSCR_1irjDSa9mIEe77vcZDtl6K&imgrc=MKxjh4Ox7KI9OM%3A, acesso em
14/11/2016
A escola pblica, como instituio, surge no contexto de ascenso da classe
burguesa trazendo em seus ideais a promoo da igualdade formal entre as pessoas.
Faz-se necessrio registrar que formal, pois no se trata de igualdade social,
econmica, mas sim, igualdade de direitos. Assim, todos deveriam ter, igualmente,
acesso a escola, porm no com a mesma intencionalidade, para os filhos da classe
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dominante o conhecimento para a administrao e manuteno do status quo e para
os trabalhadores, conhecimentos mnimos para o desenvolvimento de
comportamentos e habilidades para o trabalho, como ordem, disciplina, leitura bsica
para o controle das maquinarias. Ou seja, a escola pblica, como dever do Estado
surge na passagem da manufatura para maquinaria, passando a ser requerida j na
mudana do modo de produo feudal para o capitalista.
Porm, mesmo anteriormente, quando a educao era ministrada pelos
membros da Igreja Catlica, visava-se propagar a f e s primeiras letras maioria
da populao e um ensino baseado em Filosofia e Letras, voltado elite. A educao
sempre respondeu aos interesses da classe dominante vigente e no seria diferente
ao tornar-se pblica. A escola reproduz a sociedade vigente de cada poca.
Trazendo essa realidade para o Brasil, cuja explorao ocorreu no contexto
capitalista de produo, percebe-se que desde o perodo de colonizao, houve a
explorao das terras e riquezas do pas, pelos portugueses. Ao sair de um modelo
agroexportador para um urbano-industrial acentuou-se a desigualdade social, pois de
um lado havia os donos de bancos, comrcios, indstrias, polticos, fazendeiros, e de
outro, os trabalhadores. Formando assim, segundo Silva (2008), bem definidas as
relaes de trabalho entre empregador e empregados.
A escola, no perodo republicano, e principalmente, nas primeiras dcadas do
sculo XX, passou por uma srie de reformas buscando aumentar o nmero de vagas
no ensino primrio e secundrio, e passa a assumir um papel de redentora, pois,
considerava-se que a ignorncia da populao gerava desordem social. Segundo
Silva (2008, p. 54), a escola pblica torna-se necessria, como um lugar adequado
para disciplinar as pessoas e transmitir as regras de civilidade e de conduta que
contribussem na produo econmica. Propagava-se, entre os dirigentes, o discurso
sobre a necessidade de modernizao da sociedade por meio da educao para que
se impulsionasse o pas culturalmente e industrialmente.
A educao pblica, insuficiente em todo o pas, serviu de instrumento de formao das elites dirigentes e de preparao para o trabalho, conduzindo a um sistema dual de ensino: a escola que formava para o trabalho, pragmtica, utilitria e com a aprendizagem dos rudimentos para insero nas fbricas, indstrias e comrcio, e a escola clssica, propedutica, destinada a formar os dirigentes e os burocratas para o trabalho da conduo e administrao do prprio Estado (SILVA, 2008, p. 56).
No perodo da ditadura militar, houve uma grande presena do capital
estrangeiro no Brasil com a instalao de multinacionais, sendo que a educao
deveria contribuir para modernizar o pas, tornando os trabalhadores aptos para o
servio nas fbricas. Segundo Silva (2008), foi assinado o acordo MEC-USAID
firmado entre o Ministrio da Educao (MEC) e a United Stades Agency for
Internacional Development (USAID) com o objetivo de ajustar o ensino no Brasil aos
padres estabelecidos pelos Estados Unidos. Como medidas, pudemos observar a
implantao da Lei n 5692/71, com a massificao do 1 Grau e a profissionalizao
do 2 Grau1, estabelecia-se um vnculo entre educao, mercado de trabalho e
interesses polticos.
Entre as dcadas de 1980 e 1990, o pas vive um processo de
redemocratizao aps o perodo ditatorial. A sociedade civil se reorganiza em
movimentos populares e entidades organizadas, em luta pela redemocratizao da
educao, almejando a escola pblica, gratuita, laica e de qualidade. Porm, o iderio
poltico neoliberal que adotado pelos governos no se articula com os anseios dos
trabalhadores, e encontra-se em descompasso com os direitos sociais da populao
e com os investimentos pblicos adequados na educao bsica e ensino superior.
Esse novo liberalismo se acentua com as medidas adotadas pelos governos,
aps os Consenso de Washington, em 1989, quando os representantes dos governos
de pases desenvolvidos definiram medidas para os pases cuja economia crescia em
ritmo lento, e esses, denominados de pases em desenvolvimento, assinaram o
compromisso de aplic-las em seus pases. Entre essas medidas, segundo Silva
(2008), esto: privatizao de empresas estatais, abertura de portos para exportao
e importao de produtos e mercadorias, entradas de bancos de capital estrangeiro e
de empresas multinacionais, favorecimento da liberao econmica e comercial,
inclusive com a circulao de capitais externos para entrar e sair do pas. A efetivao
dessas medidas exige a realizao das seguintes reformas: tributria, previdenciria,
do judicirio, do Estado e da educao. Reformas que so acompanhadas da
conteno de despesas no campo social com a reduo de ofertas de aes do
Estado.
1 Os termos 1 Grau e 2 Grau so adotados na Lei n 5692/71, como graus de escolaridade. Com a Lei n 9394/96, passam a ser denominados como nveis de ensino: Ensino Fundamental e Ensino Mdio, respectivamente.
Neste perodo, acontece as junes de pases em blocos econmicos, sendo
eles: Mercosul, Unio Europeia, Tigres Asiticos, NAFTA e Bloco Andino.
Na economia, adquire fora e poder as instituies ligadas a Organizao das
Naes Unidas (ONU), como o Banco Mundial, O Fundo Monetrio Internacional
(FMI), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Organizao Mundial
do Comrcio (OMC). Instituies que resguardam o interesse dos credores e possuem
poder poltico para pressionar os pases assinantes do Consenso de Washington a
ajustarem suas economias.
Assim, desde a dcada de 1990 os governos federal, estaduais e municipais
buscam fazer as modificaes na educao, atendendo o acordo internacional
firmado. As polticas educacionais, para todos os nveis e modalidades so
conduzidas por polticas externas e por presso de empresrios que visam a
explorao da educao como comrcio ou como meio de formao de pessoas que
atendam, unicamente, s necessidades do setor produtivo.
Entre as medidas que podemos observar na educao, segundo Silva (2008)
so: descentralizao do ensino, implantao de sistema de avaliao institucional e
externas, reduo do financiamento pblico, a elaborao dos Parmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), convocao da comunidade escolar para participar e
contribuir com a escola, estimulao da educao a distncia, investimentos em livros
didticos e equipamentos tecnolgicos, criao do Fundo de Manuteno e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizao do Magistrio (FUNDEF2),
aproximao das escolas tcnicas em parceria com as empresas, desordenada
expanso do ensino privado superior. Ou seja, as mudanas educacionais induzidas
por polticas externas, ajustam e subordinam a educao s leis de mercado.
Nesse mundo globalizado, a escola passa a assumir novas funes, como
afirmam Galuch e Sforni (2011):
Alm de responder pela formao de competncias para adaptao do sujeito ao mercado de trabalho, a Educao chamada para responder aos problemas gerados por esse mesmo desenvolvimento, ou seja, preciso lidar com a outra face da moeda, na qual esto impressas as marcas da excluso gerada pela manuteno das relaes sociais de produo (GALUCH e SFORNI, 2011, p. 58)
2 O FUNDEF vigorou de 1998 a 2006 e foi substitudo pelo Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (FUNDEB) criado pela Emenda Constitucional n 53/2006 e regulamentado pela Lei n 11.494/2007 e pelo Decreto n 6.253/2007.
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=EMC&num_ato=00000053&seq_ato=000&vlr_ano=2006&sgl_orgao=NIhttps://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=LEI&num_ato=00011494&seq_ato=000&vlr_ano=2007&sgl_orgao=NIhttps://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=DEC&num_ato=00006253&seq_ato=000&vlr_ano=2007&sgl_orgao=NI
Nesse cenrio, ao procurar responder a necessidade de incluso social, a
escola acaba se esvaziando de seus elementos clssicos do currculo escolar como
afirma Saviani (2011, p. 87), atribuindo o mesmo valor aos diferentes saberes. Ou
seja, considera-se que a escola pode e deve trabalhar com temticas como o
problema do trnsito, da drogadio, das epidemiologias momentneas, entre outros,
explorando assim, temas sociais, com problemas do cotidiano, enfim, coisas que
levem a formas de resolver problemas gerados pelo prprio processo de excluso
social. Ficando, dessa forma, o conhecimento cultural, histrico e cientfico --
relegado a segundo plano e, assim, a escola deixa de cumprir sua principal funo
que de promover a apropriao do conhecimento cientfico.
Remando contra a mar dessa escola que atende poltica neoliberal
implantado na sociedade contempornea, busca-se uma escola que possibilite aos
estudantes a apropriao do conhecimento para torn-los capazes de lerem,
interpretarem e, quiss, reorganizarem criticamente a sociedade em que esto
inseridos. Segundo, LIBNEO (2010), apud PINHEIRO (2016, p. 44) a escola deve
estar, em primeiro lugar, comprometida com a aprendizagem dos saberes produzidos
historicamente e com o desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral.
Concordamos com a afirmao de Libneo (2016) e nessa perspectiva que
gostaramos que fosse organizado o trabalho na escola pblica. A preocupao com
o desenvolvimento dos estudantes encontra na Teoria Histrico-Cultura (THC)
fundamentos que justificam ser esse o papel principal da escolarizao. Razo pela
qual assumimos esse referencial terico como suporte para a conduo deste projeto
de interveno. Compreendemos que nela que se encontra uma educao voltada
para o desenvolvimento humano, que se ope numa perspectiva crtica concepo
capitalista, e traz em seu alicerce o homem como um ser de necessidades,
cognoscente e tem no trabalho o fundamento da existncia e formao do ser
humano.
A THC, fundamenta-se no materialismo histrico, portanto, tambm considera
que o que originalmente humano advm da vida em sociedade, da relaes sociais:
o modo de perceber o mundo, sentir, explicar e atuar onde se est inserido.
O processo de aprendizagem depende das condies sociais, e esse
processo que impulsiona o desenvolvimento do sujeito, sua maturao, inclusive a
orgnica, alm disso modifica os mecanismos biolgicos da espcie.
Ou seja, a aprendizagem e o desenvolvimento acontecem inter-
relacionadamente. A aprendizagem se d pela imitao, convvio, pelo ensino dirigido,
por meio de um processo de apropriao da cultura existente. O desenvolvimento est
inter-relacionado a questo de aprendizagem, porm acontece, segundo Oliveira
(2015)3 em quatro entradas de desenvolvimento, que juntas, caracterizariam o
funcionamento psicolgico do ser humano, sendo elas:
Filognese (filo espcie; gnese: origem): histria da espcie humana o ser
humano traz caractersticas da espcie humana: bpede, enxerga com dois
olhos, realiza movimento de pina, possui plasticidade cerebral, mas no voa
pois essa no uma caracterstica humana);
Ontognese (ont= ser; gnese = origem): histria do indivduo da espcie, ou
seja, o ser. o caminho percorrido por um indivduo da espcie humana. Ao ir
se desenvolvendo o indivduo sai do seu plano biolgico para o plano cultural,
sai do domnio das funes primrias para as funes superiores;
Sociognese histria cultural, do meio que o indivduo est inserido. As formas
de funcionamento cultural que interferem e definem o funcionamento
psicolgico. Assim, a cultura serve como um alargador das potencialidades
humanas, por exemplo, o homem no voa, mas agora pode voar porque criou
o avio;
Micrognese: aspecto microscpico do desenvolvimento. Cada aspecto
psicolgico tem sua prpria histria, ou seja, com foco bem definido (por isso
o sentido de micro), com a singularidade de cada indivduo, pois demarca o
como esse indivduo reagiu a alguma questo, o seu aprendizado, no seu
tempo.
A partir dessas informaes, compreende-se que o que nos faz humanos, ou
melhor, desenvolvemos e aprendemos comportamentos humanos pelo fato de
3 As definies aqui expostas partem de vdeo disponibilizado no You Tube, da Prof Dr Marta Khol de Oliveira, para a srie Grandes Educadores sobre Lev Vygotsky. Acesso disponvel em: https://www.youtube.com/watch?v=KwnIKDXeEdI, em 17/07/2016.
https://www.youtube.com/watch?v=KwnIKDXeEdI
vivermos e interagirmos com outras pessoas, por meio das quais nos apropriamos da
cultura j produzida.
Segundo, Oliveira (2005) trs ideias bsicas podem ser consideradas como
pilares do pensamento vigotskiniano:
As funes psicolgicas tm um suporte biolgico pois so
produtos da atividade cerebral;
O funcionamento psicolgico fundamenta-se nas relaes sociais entre o indivduo e o mundo exterior, as quais desenvolvem-se num processo histrico;
A relao homem/mundo uma relao mediada por sistemas simblicos (OLIVEIRA, 2005, p. 23).
Logo, as funes bsicas que nascem com a criana (memria simples e
reflexos) devem ser superadas pelas culturais (memria mediada, ateno dirigida,
abstrao, generalizao, pensamento abstrato, verbal, etc).
O indivduo se apropria daquilo que est ao seu redor, por mediaes e
mediadores. Assim, traz para si aquilo que a humanidade j elaborou como se fosse
seu. Por exemplo, a criana no inventa o falar. Ela se apropria de uma linguagem j
construda, inicialmente por imitao, depois vai se desenvolvendo at ter o domnio
da lngua, ento a linguagem internalizada, como se fosse dela.
Conceitos importantes nessa teoria, so: a de zona desenvolvimento proximal
(ZDP) e o nvel de desenvolvimento real (NDR). A NDR diz respeito ao que a criana
j capaz de fazer ou aprender, portanto voltada ao passado, ao j construdo e
assimilado. A ZDP se refere aos modos de agir e pensar que ainda esto em
elaborao no sujeito, ou seja, coisas que sozinho, ainda no faria, mas que com a
mediao de um outro, consegue realizar. Por meio dessa mediao na ZDP que o
sujeito a partir de condies sociais, impulsiona o seu desenvolvimento, assim pode-
se dizer que esta uma zona voltada para o futuro.
Dessa forma, pode-se compreender que o contato do sujeito com objetos e
ambientes estimuladores no garante a aprendizagem e nem o desenvolvimento, pois
o sujeito sozinho no possui condies de recriar o processo cultural e social. Assim,
tem que passar pelo processo de interao com os mais experientes.
Ento, qual a importncia das interaes em sala de aula?
OBS: ser disponibilizado, para cada participante, uma cpia do material a seguir,
com as ideias centrais do contedo desse encontro.
O desenvolvimento acontece na direo do plano interpsquico ao
intrapsquico, a partir de um processo de mediao. Ou seja, a relao do homem
com o mundo no se d de forma direta, mas por meio de instrumentos ou signos
(mediadores). A apropriao desses mediadores denominada de internalizao, que
seria a reconstruo interna de uma operao externa. uma operao externa
porque ocorre, fora do sujeito, na relao com as pessoa e objetos, mas depois vai se
transformando em forma de pensamento do sujeito, ou seja, uma operao interna.
Para os tericos dessa corrente - Vygostsky, Luria, Leontiev, entre outros a
linguagem um dos principais elementos da mediao, pois a partir do momento que
internalizada, a linguagem torna-se o prprio pensamento, como se pensar fosse
falar consigo mesmo.
A linguagem o fator fundamental de formao da conscincia [...] a linguagem permite discriminar esses objetos, dirigir a ateno para eles e conserv-los na memria [...] a linguagem duplica o mundo perceptvel, permite conservar a informao recebida do mundo exterior e cria um mundo de imagens interiores. Percebe-se facilmente que importncia tem o surgimento desse mundo "interior" de imagens, que surge como base na linguagem e pode ser usado pelo homem em sua atividade [...] a linguagem realmente o meio mais importante de desenvolvimento da conscincia (LURIA, 1991, p. 80 e 81).
importante compreendermos que linguagem, aqui, no se refere apenas
linguagem oral, fala, mas tambm linguagem escrita. Desse modo, contedos de
qumica, fsica, matemtica, geografia, histria, arte e demais contedos curriculares,
so linguagens. So signos por meio dos quais os homens registram e comunicam
fenmenos qumicos, fsicos, matemticos, histricos, etc. Ao observarmos a citao
anterior, vemos a linguagem realmente o meio mais importante de desenvolvimento
da conscincia, ento, podemos dizer que na escola a linguagem dos diferentes
componentes curriculares esse meio para o desenvolvimento da conscincia.
Desenvolvimento da conscincia, nesse caso, significa desenvolvimento das
funes psicolgicas superiores:
(...) funes psicolgicas superiores, que consistem no modo de funcionamento psicolgico tipicamente humano, tais como a capacidade de planejamento, memria voluntria, imaginao, etc. Estes processos mentais so considerados sofisticados e superiores, porque referem-se a mecanismos intencionais, aes conscientemente controladas, processos voluntrios que do ao indivduo a possibilidade de independncia em relao s caractersticas do momento e espao presente (REGO, 1995, p. 39).
Mas qual a relao entre a linguagem das cincias e o desenvolvimento dessas
funes?
Sforni e Galuch (2009) ressaltam alguns exemplos, fornecidos por Vygotsky,
desses instrumentos simblicos nos diferentes campos da cincia, sendo eles:
[] o idioma, as distintas formas de numerao e de clculo, os recursos mnemotcnicos; a simbologia algbrica, as obras de arte, a escrita; os esquemas; os diagramas; os mapas; os desenhos, todas as formas possveis de signos convencionais, etc (VUIGOTSKII, 1987 apud SFORNI e GALUCH, 2009, p. 81) .
Como destacam as autoras:
Com base nos exemplos fornecidos por Vygotsky, percebemos que grande parte das ferramentas psicolgicas se constitui em objeto de ensino no contexto escolar, ou seja, esses instrumentos simblicos em diferentes nveis de aprofundamento so contedos curriculares. justamente por essa razo que Vygotsky atribui educao escolar papel fundamental no desenvolvimento psquico dos estudantes. (SFORNI e GALUCH, 2009, p. 81).
Voltemos ento a nossa pergunta: qual a relao entre a aprendizagem dessas
linguagens e o desenvolvimento das funes psquicas superiores? Vamos pensar
num exemplo bastante simples, quando aprendemos a linguagem cartogrfica, ela se
transforma num mediador no momento de pensar o espao. Se vemos uma notcia
dizendo que algo aconteceu em um determinado local, conseguimos pensar naquele
espao, ou seja forma-se em nossa mente uma imagem mental que foi mediada pelo
mapa. Por meio do signo (mapa), podemos interagir melhor com a notcia (raciocinar,
imaginar, perceber, etc). Se vamos organizar uma viagem, nosso pensamento opera
com conhecimentos geogrficos, quando tempo mais domnio do espao em nossa
mente forma-se um mapa da regio, nesse caso, essa linguagem est internalizada,
j virou forma de pensamento prprio e com ele deduzimos tempo de viagem, tipo de
roupa a ser levada tendo em vista o clima, imaginamos o que encontraremos no local,
ou seja, operaes mentais so feitas com base no conhecimento geogrfico. Em
outros casos, recorremos ao google mapa para nos ajudar a fazer isso, nesse caso,
essa linguagem ainda no est totalmente internalizada, ela ainda precisa do apoio
externo (ou linguagem externa) para nele se apoiar para realizar as operaes
mentais. Mas quando no se tem, nem mesmo o domnio mnimo dessa linguagem,
nem mesmo com a ajuda dessa ferramenta da internet o sujeito consegue deduzir,
inferir, imaginar, raciocinar sobre o espao.
O que queremos afirmar que o nosso pensamento tem maior possibilidade
de entender e interagir com o mundo quando ele mediado pela linguagem dessas
cincias. Entre ns e a viagem h elementos mediadores que permitem a
compreenso e o controle da ao. Assim tambm h mediadores entre ns e a
gndola de frios do supermercado, no vemos apenas potes, cores, formas ou
produtos: sorvetes, margarina, pizzas (realidade emprica que se capta pelos
sentidos), mas vemos gordura trans, carboidratos, calorias, etc, ou seja, conceitos
(realidade captada pelas abstraes aprendidas nas aulas de cincias e biologia) que
medeiam nosso olhar para a gondola. No vemos apenas pessoas se manifestando
e policiais usando gs lacrimogneo (realidade imediata captada pelos sentidos),
vemos prenncio de ditadura, ou seja, autoritarismo, censura, violncia (realidade
captada pelas abstraes aprendidas nas aulas de histria). Esses conceitos nos
fazem ter uma ateno dirigida para aspectos diferentes daqueles que os sentidos,
por si, nos levaria a voltar a ateno, nossa percepo passa tambm a ser guiada
por esses conceitos, deduzimos, inferimos, enfim, raciocinamos diante do fenmeno
(viagem, gondola de frios, manifestao, etc) com base neles. Em outras palavras, a
ateno, a percepo, o raciocnio, a imaginao passa a ser mediadas pelos
conceitos e no pelos sentidos ou pelo instinto, e, dessa forma desenvolvida
passando a ser funes superiores, o que s ocorre nos seres humanos. Mas para
que ocorra esse desenvolvimento necessrio que o sujeito tenha acesso aos
conhecimentos, que so a matria prima para que ocorram essas operaes de
pensamento que permitem a tomada de conscincia do mundo. Da a razo de Luria
afirmar: a linguagem realmente o meio mais importante de desenvolvimento da
conscincia (LURIA, 1991, p. 81).
Enfim, a escola tem o potencial de promover o desenvolvimento do psiquismo
dos educandos, mas tem-se um problema no contexto escolar que o baixo
rendimento dos alunos, aprovaes por Conselho de Classe, baixos resultados nas
avaliaes externas. A escola ensina, mas a aprendizagem no est sendo
satisfatria. Como afirmam Longarezi e Puentes (2013), esse um:
[...] dos enormes desafios que colocam aos professores e escolas as crescentes dificuldades de aprendizagem que enfrentam os alunos dos diferentes niveis de ensino fundamental, medio e superior. Aprende-se pouco, aprende-se mal, aquilo que se aprende e esquecido com facilidade e tudo isso interfere minimamente no desenvolvimento integral da personalidade dos estudantes (LONGAREZI e PUENTES, 2013, p. 09-10).
Questiona-se ento, como organizar adequadamente o ensino para que
promova a formao do pensamento terico nos estudantes, de modo a atingir o
aprendizado esperado? Sforni (2015, p. 393), aponta um quadro sntese de seus
estudos com princpios didticos e aes docentes, que renem elementos que
possibilitam a organizao do ensino, com a inteno de promover a aprendizagem e
desenvolvimento dos estudantes:
OBS: neste momento ser entregue uma cpia do texto (j passado anteriormente por
e-mail): Interao entre Didtica e Teoria Histrico-Cultural, de Marta Sueli de Faria
Sforni.
De posse do texto, faremos algumas observaes, destacando ideias, considerando
a leitura previa dos participantes. Dando nfase ao quadro sntese abaixo:
OBS: Este quadro, ser trabalhado, princpios e aes, por meio de slides, baseado
no texto da autora.
Tendo em vista que o papel da escola promover o desenvolvimento pensamento
terico dos estudantes, as atividades desenvolvidas no seu interior deveriam ser
pensadas, tendo em vista a relao contedo escolar e o desenvolvimento das
funes psquicas superiores: ateno, percepo, memria e raciocnio.
A perspectiva do desenvolvimento dos estudantes precisa ser
materializada na forma de abordagem dos contedos e nas aes a
serem realizadas pelos alunos, pois o pensamento terico vincula-se
ao desenvolvimento das Funes Psquicas Superiores, que se
desenvolvem com a prpria atividade do sujeito. Ou seja, a ateno, a
percepo, a memria, o raciocnio, a imaginao desenvolvem-se
medida que so ativados. Tais atividades, no entanto, no se
reduzem a exerccios para o desenvolvimento dessas funes, devem
ser realizadas com os contedos curriculares, colocando, de maneira
integrada, essas funes em movimento. Cada atividade escolhida ou
elaborada pelo professor deve ser analisada em seu potencial para a
mobilizao das funes psquicas (SFORNI, 2015, p. 384).
Mas, o que necessrio compreender para pensar o ensino organizado
considerando o desenvolvimento das funes psquicas superiores e a apropriao
do conhecimento terico pelos alunos? Essa temtica ser abordada em nossos 2 e
3 encontros, com as contribuies da neurocincia para educao.
REFERNCIAS:
GALUCHI, M. T. e SFORNI, M. S. F., Interfaces entre polticas educacionais, prtica pedaggica e formao humana. Prxis Educativa, Ponta Grossa, v. 6, n.1, p. 55-66, jan/jun 2011. LIBNEO, J. C. e FREITAS, R. A. M. da M. Vygotsky, Leontiev e Davidov: contribuies da teoria histrico-cultural para a didtica. In: SILVA, Carlos C. e SUANNO, Marilza V. R. Didtica e interfaces. Rio de Janeiro: Deescubra, 2007. LONGAREZI, A.; PUENTES, R. V. Apresentao. Andra Maturano; PUENTES, Roberto Valds (Orgs.). Ensino desenvolvimental: vida, pensamento e obra dos principais representantes russos. 1a reimpresso. Livro I. Uberlndia: Edufu, 2013. p. 9-10 OLIVEIRA, Marta Khol. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento Um processo scio-histrico. Pensamento e Ao no Magistrio. 4 ed., So Paulo: Scipione, 2005.
_________. Lev Vygotsky. Coleo Grandes Educadores. In: Youtube. Vdeo
(44min 37seg). Disponvel em: https://www.youtube.com/watch?v=KwnIKDXeEdI, publicado em 29 de maro de 2015. Acesso em 17/07/16. REGO, T. C. Vygotsky Uma perspectiva histrico-cultural da educao. 3 ed.; Petrpolis, RJ : Vozes, 1995. SAVIANI, D. Pedagogia Histrico-Crtica: primeiras aproximaes. 11 ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2011. SFORNI, M. S. de F. Interao entre Didtica e Teoria Histrico-Cultural. Revista Educao & Realidade. vol. 40. N 02, Porto Alegre, Ahead of print, 2015a. Disponvel
em: http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/45965/33402. Acesso em: 18 mar. 2016. __________ e GALUCH, M. T. B. Apropriao de instrumentos simblicos: implicaes para o desenvolvimento humano. Educao, Porto Alegre, v. 32, n. 1, p. 79-83, jan./abr.2009. SILVA, M. A. Educadores e educandos: tempos histricos. Braslia: Universidade Estadual de Braslia, Centro de Educao a Distncia, 3 ed, 106 p.: il. (Curso tcnico de formao para os funcionrios da educao. Profuncionrio; 2). Braslia, 2008.
VIGOTSKI, L. S. Pensamento e Linguagem. So Paulo: Martins Fontes. 2000.
_________. A formao social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicolgicos superiores. So Paulo: Martins Fontes, 2007.
https://www.youtube.com/watch?v=KwnIKDXeEdIhttp://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/45965/33402
2 e 3 Encontros
OBETIVO DOS ENCONTROS:
Promover estudo sobre os processos de ensino e de aprendizagem e sua vinculao
com o desenvolvimento das formas superiores de conscincia, baseado na Teoria
Histrico-Cultural
MATERIAIS NECESSRIOS PARA OS ENCONTROS:
Slides do contedo
Computador;
Data show;
Caixa de som;
Texto: ser encaminhado por e-mail, cpia deste material
As funes cognitivas esto, de alguma forma, diretamente envolvidas
com os processos de aprendizagem, o que justifica, por si s, pelo
menos o conhecimento dos fundamentos bsicos da Neuropsicologia
por qualquer profissional que deseje estar envolvido nos processos de
ensino e aprendizagem (METRING, 2011, p. 36).
Ao pesquisar os contedos para essa parte da produo didtica, parti das
inquietaes que tenho, como professora pedagoga, diante dos desafios impostos
todos os dias no contexto escolar: ao me defrontar com a dificuldade de
aprendizagem; ou a busca de metodologias mais adequadas para atingir um objetivo,
a resoluo de conflitos internos e externos, entre alunos e professores; a falta de
interesse dos alunos; entre outros. Porm, so essas inquietaes que movem as
buscas de respostas, que geram estudos para sanar as dificuldades, que acabam
contribuindo para (re)pensar o contexto educacional e a sua organizao.
A opo por propor o trabalho com recursos flmicos em sala de aula se deu
por compreender que alm desse recurso oferecer estmulos visuais e outros fatores
que podem favorecer a aprendizagem dos estudantes, ele vem carregado de emoes
que podem contribuir para a memorizao e reteno dos contedos trabalhados,
vinculando emoo e cognio. Mas:
Partindo das inquietaes pontuadas, de leituras embasadas em Alexander
Ramanovich Luria, em seus livros: Fundamentos da Neuropsicologia e Curso de
Psicologia Geral, nos estudos do Dr. Clay Brites, apresentados no livro: Aspectos
Neurolgicos da Aprendizagem Neurologia e Desenvolvimento Infantil na
Aprendizagem4 e nos estudos do Programa de Aperfeioamento em
Neuroaprendizagem5, elaboramos esta unidade que ser trabalhada nas prximas 08
(oito) horas do nosso curso.
O crebro humano, o mais requintado dos instrumentos, capaz de refletir as complexidades e os emaranhamentos do mundo ao nosso redor como ele construdo e qual a natureza da sua organizao funcional? Que estruturas ou sistemas do crebro geram aqueles complexos planejamentos e necessidades que distinguem o homem dos animais? Como so organizados os processos nervosos que capacitam as informaes derivadas do mundo exterior a serem
4 Disponvel gratuitamente para download em http://neurosaber.com.br/materiais/ , aps fazer cadastro, acesso em 21/10/2016 5 Curso online, adquirido pela professora PDE, no perodo de outubro de 2016.
http://neurosaber.com.br/materiais/
recebidas, analisadas e armazenadas, e como so construdos os sistemas que programam, regulam e posteriormente verificam as formas complexas de atividade consciente que so dirigidas para a realizao de metas, a execuo de desgnios e a concretizao de planos? (LURIA, 1981, p.1)
Luria (1981) desenvolveu em seus estudos a noo do crebro funcionando
como um todo, para assim compreender como so desenvolvidos os sistemas e as
atividades cerebrais. Para isso, faz-se necessrio compreender a distino que ele
faz sobre as trs grandes unidades de funcionamento cerebral, que so:
Unidade para regulao da atividade cerebral e do estado de viglia: para
o desenvolvimento dos processos mentais de forma adequada, preciso que:
o O organismo esteja em viglia, ou seja, desperto. Uma atividade mental
dirigida a atingir objetivos e organizada, no ocorre durante o sono;
o funcione em um nvel adequado de atividade, nem muito excitado, nem
muito inibido;
o o sistema nervoso deve estar atento para a necessidade de mudana
de comportamento e controle do seu prprio funcionamento adequado,
caso contrrio, fatores como fome, rudos externos, interferiro na
questo atencional.
Unidade para recebimento, anlise e armazenamento de informaes:
como se recebe as informaes sensoriais do mundo externo (percepo), por
meio dos sentidos. Essas informaes so armazenadas na memria e
posteriormente utilizadas pelo indivduo, quando necessrio.
Unidade para programao, regulao e controle da atividade: regula a
ao, fsica e mental, do indivduo sobre o ambiente. o princpio da
conscincia do indivduo, atravs das suas funes executoras, ou seja, ao
obter as informaes, as elabora e forma intenes de ao para a realizao
de atos interiores (mentais) e exteriores (motores), podendo ainda,
acompanhar as aes que est realizando e comparar o efeito dessa ao
exercida com as suas intenes iniciais.
Luria (1981), no prefcio do livro Fundamentos de Neuropsicologia, expe
que possumos um sistema neurofuncional complexo que abrange diferentes nveis
e diferentes componentes, cada um dos quais oferece a sua contribuio prpria para
a estrutura final da atividade mental. Logo, cada rea do crebro tem a sua funo e
contribui para o funcionamento geral das trs unidades funcionais.
Assim, Brites (2016) define o sistema neurofuncional complexo como
os fenmenos organizados em diferentes nveis de complexidade, onde operaes bsicas so organizadas em redes cerebrais interconectadas, onde cada componente desta rede d sua especfica contribuio ao funcionamento do sistema como um todo (BRITES, 2016,Slide aula Estrutura Funcional do Crebro).
Exemplificando: ao ler uma palavra, ativa-se no crebro o sistema de leitura e
cada rea tem a sua especificidade, como: uma rea ir perceber o som da letra, outra
rea a forma da letra, outro para perceber em que lugar da palavra est a letra, outro
para dizer o que significa aquela letra; assim, cada rea cerebral contribui para a
leitura da palavra. Nesse caso, algumas reas tm grande contribuio, outras nem
tanto, mas necessrio a contribuio de diferentes reas para que se consiga ler a
palavra e signific-la. Com isso, atinge-se a resposta necessria, chegando-se ao
resultado esperado ou a soluo de um problema.
Por essas questes pontuadas que se percebe cada vez mais a importncia
do estudo da neurocincia para quem trabalha com as questes da aprendizagem,
pois essa cincia destina-se a fornecer explicaes do comportamento da atividade
cerebral e de como as clulas cerebrais atuam e reagem para produzir cognio,
emoes, comportamentos, adaptaes ambientais, processamentos de informaes,
ou seja, como o crebro funciona, reage, reas utilizadas em processos de
informaes.
Fazendo um corte transversal no crebro, podemos observar a estrutura
cerebral interna: substncia cinzenta (camada superficial e mais escura) e uma
substncia branca (camada mais profunda e clara).
Figura 1: disponvel em: http://olharocerebro.com/index.php/2016/02/11/o-tecido-cerebral/, acesso em 21/10/2016
Se fizermos um novo recorte, agora na camada superficial, ou seja, na
substncia cinzenta, tambm chamada de cortex cerebral, teremos:
Figura 2: Fig 2 : Crtex cerebral. A figura mostra a regio superficial do crebro com a disposio em camadas. In: BRITES, Clay, 2015, p. 12.
Substncia Cinzenta
Substncia Branca
Disposio dos neurnios
entre as camadas corticais do
crebro
Segundo Brites (2011), o crtex cerebral, est organizado em seis camadas
que formam o sistema cortical. Nessas camadas esto dispostos os neurnios que
devem ficar de forma organizada (observar figura 2) havendo uma inter-relao e uma
intercomunicao entre os neurnios da mesma camada e tambm vrias
comunicaes entre neurnios de camadas diferentes. esse funcionamento que faz
com que o crebro funcione de forma complexa e dinmica para cada atividade que
ele se cumpre a fazer.
A importncia de compreender o funcionamento do sistema cortical se d pelo
fato de ser nele que se originam as funes corticais, entre elas esto: a linguagem,
as funes executivas de memria, a centralizao de todo o processo de
mapeamento de cada rea cerebral que tem determinada funo para uma
determinada atividade do ser humano.
Estrutura do crtex cerebral
Dentro do crtex cerebral tem-se vrias estruturas:
NEURNIOS: considerada a unidade bsica de funcionamento do crebro;
CLULAS GLIAIS: ou clulas da glia, tem como objetivo principal dar a
arquitetura e sustentao para os neurnios. Alm disso, tem a funo de
nutrio alimentando o neurnio e mantendo-o vivo -; defesa imunolgica
contra infeces, doenas, derrame, leses que vem de fora - e contribuio
funcional ao neurnio, ou seja, cumprem as suas funes (sustentao,
nutrio e imunidade) para que os neurnios possam cumprir as dele.
Ento, esses dois componentes do crtex cerebral, os neurnios e as clulas
gliais, trabalham em conjunto para que todo funcionamento cerebral trabalhe de forma
harmnica e adequada, realizando as conexes entre as vrias reas cerebrais.
Figura 3: Disponvel em http://www.sobiologia.com.br/conteudos/FisiologiaAnimal/nervoso2.php , acesso em 21/10/2016
O neurnio uma clula do sistema nervoso em que a sua funo se
assemelha a ser um fio condutor de eletricidade.
Um neurnio apresenta trs partes distintas: o corpo celular, o axnio e os
dentritos (na periferia do corpo celular).
No corpo celular, a parte mais volumosa da clula nervosa, se localizam o ncleo e a maioria das estruturas citoplasmticas. Os dendritos (do grego dendron, rvore) so prolongamentos finos e geralmente ramificados, que conduzem os estmulos captados do ambiente ou de outras clulas em direo ao corpo celular. O axnio um prolongamento fino, geralmente mais longo que os dendritos, cuja funo transmitir para as outras clulas os impulsos nervosos provenientes do corpo celular. (Definies retiradas do site s biologia. Disponvel em:
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/FisiologiaAnimal/nervoso2.php ,
acesso em 21/10/2016)
Assim, os dentritos recebem informaes dos neurnios que esto a sua volta,
o neurnio pega a informao, processa, no corpo celular e conduz para que o axnio
leve essas informaes para outro neurnio.
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/FisiologiaAnimal/nervoso2.phphttp://www.sobiologia.com.br/conteudos/FisiologiaAnimal/nervoso2.php
Figura 4- Figuras mostrando o desenvolvimento dendrtico em diferentes fases de desenvolvimento e envelhecimento em indivduos normais. A complexidade das funes neuronais depende diretamente do nmero
de sinapses que depende, mais do que do nmero de neurnios, do nmero de ramificaes dendrticas. (BRUNO NETO, Rafael. 2007, p. 27)
Quando a criana est em formao, o neurnio rudimentar, sem
ramificaes. Com o passar do tempo, o neurnio vai crescendo e se ramificando.
Esse fator de crescimento do neurnio depende de fatores genticos e de estmulos
do ambiente.
No crebro existem diferentes tipos de neurnio, uns mais ramificados, outros
menos ramificados, conforme a rea que se encontram. Essas arquiteturas se
modificam conforme a sua estrutura funcional, ou seja, neurnios que se localizam no
cerebelo, neurnio da rea temporal, neurnios ligados a rea da linguagem, outros
em rea de memria e assim por diante.
Figura 5- Tipos de Neurnio. BRUNO NETO, Rafael, 2007, p.02.
Figura 6 - Neurnio e sinapse - Disponvel em: https://www.google.com.br/search?q=neuronio+e+sinapse&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwid_P_Vru7PAhWKiZAKHSqQDj8Q_AUIBigB#imgrc=nZt2U0M04eZIGM%3A
A FUNO NEUROLGICA
Segundo Brites (2016) a funo neurolgica um mecanismo de origem,
transmisso e expresso no crebro que resultar em uma ao voluntria ou
involuntria no corpo, ou seja, todo mecanismo que ocorre no crebro que seja
dinmico, que origina, transmite e expressa o resultado de uma inteno ou um
resultado automtico (aes involuntrias, por ex: batimento cardaco, ritmo
respiratrio, sono) de uma determinada ao cerebral. A funo voluntria qualquer
ao que eu organizo e planejo, o que e como falar, por exemplo, ao falar e organizar
o pensamento, sem perceber, de forma muito rpida, vrias reas do crebro
trabalham juntas para transmitir e expressar as informaes faladas.
A funo neurolgica acontece porque o processo neuronal organizado
dentro de um sistema de conexes entre os neurnios e os conjuntos de neurnios
que do origem a determinadas funes especficas.
A organizao das conexes entre os neurnios:
O axnio leva a maior
quantidade de
transmisses
processadas para
outros neurnios.
O axnio revestido
pela Bainha de Mielina
que uma clula, que
contribui para que os
estmulos sejam
transmitidos
rapidamente e sem
perda de informao
atravs de sinapse para
outro neurnio.
Sinapse: a rea de
comunicao entre um
neurnio e outro,
atravs de impulsos
nervosos
(neurotransmissores
substncias
bioqumicas).
https://www.google.com.br/search?q=neuronio+e+sinapse&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwid_P_Vru7PAhWKiZAKHSqQDj8Q_AUIBigB#imgrc=nZt2U0M04eZIGM%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=neuronio+e+sinapse&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwid_P_Vru7PAhWKiZAKHSqQDj8Q_AUIBigB#imgrc=nZt2U0M04eZIGM%3A
Origem = percepo a interpretao que o crebro faz de estmulos que
vem do ambiente. Ex: ao ver uma planta, percebe-se o seu formato, as suas
subdivises (por meio da viso). Essas informaes chegam ao crebro que
realiza um processo dinmico para a formao dessa imagem e que o indivduo
perceba aquela imagem como uma planta.
Transmisso = associao ou elaborao de vrias informaes ao mesmo
tempo. Ex: ao perceber a planta, posso imaginar que pode ser para enfeitar a
casa, dar para algum , que a planta um ser biolgico, o crebro assim faz
vrias associaes da planta com vrios outros significados.
Expresso = ato motor. o resultado do processo de origem e transmisso.
Aps fazer determinadas concluses o indivduo age no ambiente, falando,
movendo-se, expe o resultado do processamento que acabou de fazer.
Brites (2016), destaca sobre a funo dos Neurnios:
Estrutura eletroqumica
Intensa interconexo com outros neurnios
Modificao e plasticidade
Neurotransmissores
Propriedades funcionais (tudo ou nada e habituao)
Os neurnios so estruturas extremamente dinmicas, funcionam por meio da
unio de dois componentes, formando uma estrutura eletroqumica, assim transmite
eletricidade e libera substncias qumicas. Isso faz com que os neurnios se
interconectem e isso a base de funcionamento do crebro.
Figura 7 - Conexes neuronais - Disponvel em: https://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+mediana+do+c%C3%A9rebro&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjFlpHH8u7PAhUEQ5AKHSXBAMUQ_AUIBigB#tbm=isch&q=conex%C3%B5es+cerebrais&imgrc=AH5yhPMHjAYM-M%, acesso em 22/10/2016.
Essas interconexes modificam os neurnios: tamanho, ramificaes, criam
mais mielina. Quanto mais complexo e maior todos esses elementos, mais maduro e
modificado fica o neurnio, propcio assim, a agir em situaes mais complexas.
Os neurnios tambm realizam processos de plasticidade cerebral, onde eles
so modulados e modificados, provocando situaes evolutivas para que estando
ligados a uma quantidade de neurnios, com estmulos que vem do ambiente, passem
a se ligar com outros neurnios e com outras reas, resultando em aprendizagem.
Quando nos referimos a aprendizagem, ressaltamos o carter modificador, assim, se
no houver esse processo modificador plstico que os neurnios cumprem, no h
aprendizagem.
Os neurotransmissores so substncias que realizam
a intercomunicao entre os neurnios e que pela quantidade
e tipo de neurotransmissor, encontraremos funes
especficas a serem cumpridas por um determinado grupo de
neurnios.
https://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+mediana+do+c%C3%A9rebro&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjFlpHH8u7PAhUEQ5AKHSXBAMUQ_AUIBigB#tbm=isch&q=conex%C3%B5es+cerebrais&imgrc=AH5yhPMHjAYM-M%https://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+mediana+do+c%C3%A9rebro&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjFlpHH8u7PAhUEQ5AKHSXBAMUQ_AUIBigB#tbm=isch&q=conex%C3%B5es+cerebrais&imgrc=AH5yhPMHjAYM-M%https://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+mediana+do+c%C3%A9rebro&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjFlpHH8u7PAhUEQ5AKHSXBAMUQ_AUIBigB#tbm=isch&q=conex%C3%B5es+cerebrais&imgrc=AH5yhPMHjAYM-M%
Figura 8 - Neurotransmissores - https://www.google.com.br/search?q=neurotransmissores&client=firefox-b-ab&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjmh5mtlO_PAhUBH5AKHfxiC_kQ_AUICCgB&biw=1047&bih=463#imgrc=9OT8UKVaYwnP5M%3A, acesso em 22/10/2016
Brites (2016) expe que os neurnios funcionam seguindo algumas
propriedades:
Propriedade tudo ou nada: nem todo estmulo que chega em um neurnio ativa
e gera um impulso de ao, ou seja, tem que ser um estmulo grande para um
tipo de neurnio, para aquele tipo de sensibilidade do neurnio para que ele
funcione.
Propriedade Habituao: aps os neurnios serem estimulados vrias vezes,
ele cria estmulos de compensao e passa a acomodar esse estmulo,
tornando-o familiar e passa automaticamente a reconhecer aquele estmulo.
Essas propriedades tm implicaes direta na questo do funcionamento do
crebro, pois algumas aprendizagens s ocorrero se forem repetidas, trabalhadas
de forma que o indivduo seja sensibilizado, podendo captar e perceber aquele
contedo de forma significativa.
Alm disso, o processo de aprendizagem se inicia fazendo uma observao,
seguido de repetio at passar a ser algo automtico. Essa automao vem dos
processos de habituao dos neurnios.
https://www.google.com.br/search?q=neurotransmissores&client=firefox-b-ab&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjmh5mtlO_PAhUBH5AKHfxiC_kQ_AUICCgB&biw=1047&bih=463#imgrc=9OT8UKVaYwnP5M%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=neurotransmissores&client=firefox-b-ab&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjmh5mtlO_PAhUBH5AKHfxiC_kQ_AUICCgB&biw=1047&bih=463#imgrc=9OT8UKVaYwnP5M%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=neurotransmissores&client=firefox-b-ab&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjmh5mtlO_PAhUBH5AKHfxiC_kQ_AUICCgB&biw=1047&bih=463#imgrc=9OT8UKVaYwnP5M%3A
O crebro dividido em duas grandes estruturas:
Figura 9 - Imagem lateral do Crebro. Disponvel em: http://image.slidesharecdn.com/palestramusicoterapiamusicaecrebro07-160408025947/95/palestra-musicoterapia-musica-e-crebro-18-638.jpg?cb=1460084460 , acesso em 22/10/2016
O crebro dividido em quatro grandes lobos (regies):
CREBRO
ENCFALO:
Lobo frontal
Lobo Temporal
Lobo Occiptal
Lobo Parietal
Sistema Lmbico
CEREBELO
http://image.slidesharecdn.com/palestramusicoterapiamusicaecrebro07-160408025947/95/palestra-musicoterapia-musica-e-crebro-18-638.jpg?cb=1460084460http://image.slidesharecdn.com/palestramusicoterapiamusicaecrebro07-160408025947/95/palestra-musicoterapia-musica-e-crebro-18-638.jpg?cb=1460084460
O lobo frontal responsvel pelas funes executivas, pelo processamento
de informaes, pela organizao, automonitoramento, responsvel pelo
planejamento, pela priorizao das informaes. capaz de perceber e corrigir
imperfeies. responsvel por toda a organizao sequencial do restante do
crebro. Ele comanda todo o processo final para resoluo de problemas, do
pensamento crtico e do pensamento antecipado. Amen (2000), retrata esta parte
como a mais evoluda do crebro.
O lobo parietal responsvel pela capacidade de organizao espacial, ou
seja, deteco de direita e esquerda, noes de distncia e localizao: longe e perto,
se estou chegando ou saindo.
O lobo temporal a regio da linguagem, da percepo auditiva, ou seja,
percebe os sons do ambiente, os sons das letras, processamento e memorizao do
que se ouve. o lobo responsvel pela formao sonora e fonolgica das letras das
palavras, alm disso realiza a organizao da linguagem lexical semntica
pragmtica.
O lobo occipital responsvel pela percepo e pelo processamento visual,
o centro da viso. Enxergamos com o olho, mas a percepo, a interpretao e o
raciocnio por meio da viso com o lobo occipital.
O cerebelo responsvel pelo equilbrio, em processos motores, pela
automatizao de memria e de atividades de tarefa do cotidiano e tambm
responsvel pela performance automtica de nossa linguagem.
Observando o crebro internamente, conseguimos visualizar o sistema lmbico:
Figura 10 - Viso mediana do crebro. Disponvel em: https://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+mediana+do+c%C3%A9rebro&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjFlpHH8u7PAhUEQ5AKHSXBAMUQ_AUIBigB#tbm=isch&q=lobos+cerebrais&imgdii=kuiLPYdSMCyvqM%3A , acesso em 22/10/2016.
Sistema Lmbico
https://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+mediana+do+c%C3%A9rebro&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjFlpHH8u7PAhUEQ5AKHSXBAMUQ_AUIBigB#tbm=isch&q=lobos+cerebrais&imgdii=kuiLPYdSMCyvqM%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+mediana+do+c%C3%A9rebro&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjFlpHH8u7PAhUEQ5AKHSXBAMUQ_AUIBigB#tbm=isch&q=lobos+cerebrais&imgdii=kuiLPYdSMCyvqM%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+mediana+do+c%C3%A9rebro&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjFlpHH8u7PAhUEQ5AKHSXBAMUQ_AUIBigB#tbm=isch&q=lobos+cerebrais&imgdii=kuiLPYdSMCyvqM%3A
O sistema lmbico o centro das emoes, da memria afetiva, segundo
Amen (2000) estabelece o tom emocional da mente. Ele rotula eventos como
internamente importantes e modula a motivao. ele que faz todo o processo de
autorregulao emocional e que participa dos processos de motivao para a
aprendizagem: recompensa, valorizao e esforo para cumprimento de tarefas. Ao
observarmos a imagem, conseguimos perceber que o sistema lmbico est
diretamente ligado a todos os lobos e cerebelo. Conclui-se ento, que a questo da
regulao da emoo perpassa por todas as partes do crebro.
Simes e Nogaro (2016) expem que:
No decorrer de nossa vida experimentamos inmeros estados emotivos. Tudo o que sentimos: alegria, tristeza, indignao, raiva, medo, influi em nossas aes e em nossos pensamentos; ou seriam o resultado do que vivemos e pensamos? (SIMES E NOGARO, 2016, p. 15).
Os autores ainda destacam que biologicamente a emoo est ligada a
diferentes e complexas estruturas do sistema nervoso e resultado de um conjunto
de reaes qumicas e neurais que organizam determinadas respostas de
comportamento que so necessrios para a sobrevivncia.
Trazendo essa questo das emoes para o contexto escolar, preciso
salientar que ao estar na escola o aluno vivencia um turbilho de emoes no que se
refere a socializao e rendimento ser aceito, ser rejeitado, excludo, pertencer ao
grupo, solido, compreender um contedo, ir bem nas avaliaes, ir mal nas
avaliaes, conseguir realizar uma atividade assim, alegria, ansiedade, depresso,
tristeza, preocupao, fazem parte da rotina dos estudantes.
Considerando essas questes postas, os profissionais da educao devem
pensar em formas de construir um ambiente que seja rico em experincias
significativas, pois segundo Jerusalinski (2009, p. 72 apud Simes e Nogaro,2016, p.
76) [...]uma vida pobre em estmulos durante os primeiros anos produz marcas
psquicas e neurolgicas irreversveis.
A qualidade de experincias e estmulos permitir maior nmero de sinapses, ou seja, conexes entre neurnios para a difuso de impulsos nervosos, possibilitando literalmente a modelagem do crebro de forma mais rpida e eficiente. Quando uma criana tem contato com novos tipos de experincias e com maior quantidade de sentidos envolvidos, o crebro est sendo exercitado e encontra-se
criando redes de neurnios com capacidade de fazer ligaes cada vez mais velozes. A criao de redes neuronais fixa a aprendizagem, alm de criar uma disposio para a construo de novos conhecimentos conectados a esse aprendizado (SIMES e NOGARO, 2016, p. 76 e 77).
Compreende-se assim, que o espao escolar, a organizao do trabalho em
sala de aula deve ser planejado para propor encaminhamentos e atividades que
estimulem e mobilizem as emoes no ato de aprender e de se relacionar com demais
envolvidos nesse processo.
Logo, um encaminhamento pedaggico que considere possibilidades de
metodologias que estimulem as emoes, com atividades bem organizadas, ir
desencadear nos alunos uma necessidade do aprender, envolvendo-os, despertando
a sua ateno e possibilitando aes e operaes para a sua realizao, que lhes
permitiro o desenvolvimento e a apropriao de contedos.
O desenvolvimento de qualquer funo, qualquer movimento, ato ou habilidade
geral dentro de uma tarefa, requer a contribuio de uma rea do crebro. Para ler,
so necessrias todas as reas; para escrever, andar, falar, so necessrias todas as
reas, sendo que cada rea fornece a sua contribuio.
Figura 11 - Viso lateral do crebro - Disponvel em https://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+lateral+do+cerebro&biw=1047&bih=463&tbm=isch&imgil=nMyRTErVOzZ9YM%253A%253Bsq9S6rA7_SysUM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.auladeanatomia.com%25252Fnovosite%25252Fs, acesso em 24/10/2016
Segundo Brites (2016) para ler eu preciso da rea da linguagem, da rea da
viso, da rea espacial e preciso organizar tudo o que est sendo lido para poder
concluir e fazer anlise e sntese. As contribuies de cada rea, algumas em maior
proporo, outras menores, conforme a atividade que est sendo executada, que
fazem com que o crebro cumpra a tarefa.
Para que as aes e tarefas sejam cumpridas como esperado, ou seja,
ativando todas as reas do crebro necessrio que o indivduo esteja com ateno,
motivado (para o processo, pois assim leva uma maior energia atencional) e acordado
(com vigilncia, sem sono). As trs unidades bsicas apontada por Luria (1981) em
seus estudos: 1) unidade de regulao do tono ou a viglia; 2) unidade para obter,
processar e armazenar informaes; 3) unidade para programar, regular e verificar a
atividade mental.
Considerando as questes apontadas, o professor, ao pensar na organizao
do ensino, deve criar de um ambiente motivador, que desperte o interesse pelo
contedo a ser estudado, pois estimulados os alunos mantm um maior estado de
https://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+lateral+do+cerebro&biw=1047&bih=463&tbm=isch&imgil=nMyRTErVOzZ9YM%253A%253Bsq9S6rA7_SysUM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.auladeanatomia.com%25252Fnovosite%25252Fshttps://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+lateral+do+cerebro&biw=1047&bih=463&tbm=isch&imgil=nMyRTErVOzZ9YM%253A%253Bsq9S6rA7_SysUM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.auladeanatomia.com%25252Fnovosite%25252Fshttps://www.google.com.br/search?q=vis%C3%A3o+lateral+do+cerebro&biw=1047&bih=463&tbm=isch&imgil=nMyRTErVOzZ9YM%253A%253Bsq9S6rA7_SysUM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.auladeanatomia.com%25252Fnovosite%25252Fs
vigilncia, propiciando dessa forma, que o processo de aprendizagem acontea de
forma satisfatria.
Segundo Bastos e Alves (2013, p.42) a neurocincia cognitiva busca discutir
como os processos cognitivos so elaborados funcionalmente pelo crebro humano,
possibilitando a aprendizagem, a linguagem e o comportamento.
Logo, refletiremos como acontecem os processos de aprendizagem de
cognio e as estruturas funcionais envolvidas, principalmente das funes mentais
superiores, considerando o complexo e dinmico funcionamento cerebral.
... funes mentais superiores so processos cognitivos que envolvem ateno memria, gnosias ou percepes, pensamento, conscincia, comportamento emocional, aprendizagem e linguagem (...) em que as reas cerebrais (auditiva, sensorial e ttil-cinestsica, visual, planejamento consciente do comportamento e programas de ao) se interagem funcionalmente e so intensificadas ativamente pelo meio sociocultural, nas relaes sociais do homem (BASTOS e ALVES, 2013, p. 43).
Dessa forma, compreendemos que as funes mentais superiores so
imprescindveis para o processo de aprendizagem dos indivduos e estabelece uma
relao com a linguagem e so mediadas pelo meio sociocultural.
Vtor da Fonseca (1985) afirma que o crebro o rgo da aprendizagem, e
para haver aprendizagem -- que pressupe, modificaes de comportamento do
indivduo, permitindo a adaptao ao meio e novos comportamentos -- necessrio
que o processo de adaptao com o meio ocorra da melhor forma possvel com
memorizao e avano adaptativo, estando em ordem os meios neurobiolgicos, os
fatores socioambientais e emocionais, pois todos eles influenciam nesse processo.
Quando um desses fatores no est funcionando em conformidade, pode haver
prejuzo no processo de aprendizagem.
Segundo Brites (2016) a aprendizagem se faz de forma ampla, complexa e
depende de vrios fatores ao mesmo tempo, entre eles: a neuroplasticidade a
integridade da estrutura cerebral, desenvolvimento (o desenvolvimento do crebro
desde o tero da me at o indivduo envelhecer deve acontecer de forma
satisfatria), fatores genticos, fatores ambientais, regulao emocional e fatores
socioculturais.
NEUROPLASTICIDADE
Bastos e Alves (2013) destacam que no campo da neurocincia o aprendizado
promove ou provoca o desenvolvimento cognitivo por meio da proliferao de redes
neurais e transmisses sinpticas e segundo Ferreira (2009) apud Bastos e Alves
(2013, p. 51) quanto mais aprendemos, mais redes formamos e mais neurnios
teremos para propiciar plasticidade cerebral .
Assim, para haver aprendizagem preciso que tenha neuroplasticidade, o
neurnio precisa passar por modificao bioqumica e microestruturais. Ou seja, a
propriedade que o Sistema Nervoso Central tem de modificar seu funcionamento e se
reorganizar estruturalmente, para compensar as mudanas e os estmulos ambientais
externos. Essa reorganizao do crebro fundamental para que fique aberto a
novas aprendizagens.
Figura 12 - Na figura (A): neurnio sendo estimulado. A cor verde devido ao corante. Na figura (B) percebemos uma parte de um axnio, que ao ser estimulado comea a ramificar. Caso no seja estimulado novamente, pode voltar a condio anterior, pois existe uma reciprocidade. Disponvel em: http://www.dfs.uem.br, acesso em 27/10/2016
http://www.dfs.uem.br/
Segundo Bruno Neto (2007), a Plasticidade Cerebral poder ocorrer atravs
de: eliminao de neurnios que no esto sendo utilizados; modificao do
dinamismo morfolgico e funcional daqueles neurnios que so utilizados, atravs do
crescimento dos seus dendritos e axnios; modificao das estruturas envolvidas
nas sinapses (dendritos, espinhas dendrticas, terminal axnico); formao de
novas sinapses; modificao na produo das substncias neurotransmissoras.
esse processo de neuroplasticidade que permite que o crebro, ao se
modificar, abra caminhos para novas aprendizagens e d saltos no desenvolvimento.
Segundo Brites (2016), a neuroplasticidade necessita de treinamento, ou seja,
processos repetitivos que levam a aprendizagem, pois quando o crebro repete a
ao algumas vezes, faz fixar a atividade por meio da estabilizao do crebro que
estava instvel., consolidando o processo de aprendizagem.
A memorizao , segundo Brites (2016) o centro de todo o processo de
aprendizagem. Haja visto que, sem memorizao, no h aprendizagem. Ento, o
crebro, aprende dessa forma:
Mecanismo de memorizao
OBSERVA IMITA REPETE ARMAZENA
Assim: observa; imita-se o que foi observado; passa a treinar, a repetir; em
seguida, armazena, guarda, reorganiza uma rea para aquela aprendizagem
consolidada; e, por fim, abre espao para novas aprendizagens.
ESPAO PARA
NOVA
APRENDIZAGEM
Para memorizao essencial os neurnios
espelhos, pois eles permitem que a
aprendizagem seja guardada, atravs de
treinamento sequencial, pois assim, eles
passam a memorizar e reproduzir no crebro o
ato motor aprendido.
Outros aspectos que melhoram a memorizao, so: a motivao, os aspectos
emocionais e o nvel de vigilncia. A motivao importante, pois desperta o interesse
sobre o que ser abordado, trabalhado. Os aspectos emocionais, que envolvem valor,
esforo e recompensa, so importantes porque se o indivduo tem um valor cultural
sobre o processo ou estmulo, ir aprender mais, pois amplia os estmulos de
memorizao. Caso ele se esforce mais, empenhe-se para a realizao de uma tarefa,
tambm memorizar mais; e se souber que ter alguma recompensa ao final do
caminho, ativar mais as reas de autoesforo e autorregulao cerebral, melhorando
assim, sua capacidade de memorizao. Por fim, o nvel de vigilncia, pois se estiver
sonolento, no realizar a atividade muito bem e no memorizar.
Logo, a ateno e concentrao so necessrias para que a memria guarde
a atividade que foi realizada ou praticada.
Figura 13 - Ilustrao sobre neurnio espelho - Disponvel em: https://www.google.com.br/search?q=neur%C3%B4nio+espelho&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwiHz_yZvv3PAhVFlpAKHe7UA1wQ_AUICCgD#imgrc=JwoyU9zMOeLxdM%3A, acesso em 28/10/2016.
SUGESTO: assistir ao video do Youtube: Neurnios
Espelho. Disponvel em:
https://www.youtube.com/watch?v=MYBDyukYwA
8, acesso em 28/10/2016.
Este video (14 min) demonstra como os neurnios
espelho nos do a capacidade de observao e nos
fazem apropriar de conhecimentos. Alm disso, h
estudos inclusive dessa clula espelho, com
capacidade de ligao com o Sistema lmbico, que
nos fazem gerar emoes.
https://www.google.com.br/search?q=neur%C3%B4nio+espelho&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwiHz_yZvv3PAhVFlpAKHe7UA1wQ_AUICCgD#imgrc=JwoyU9zMOeLxdM%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=neur%C3%B4nio+espelho&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwiHz_yZvv3PAhVFlpAKHe7UA1wQ_AUICCgD#imgrc=JwoyU9zMOeLxdM%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=neur%C3%B4nio+espelho&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwiHz_yZvv3PAhVFlpAKHe7UA1wQ_AUICCgD#imgrc=JwoyU9zMOeLxdM%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=neur%C3%B4nio+espelho&biw=1047&bih=463&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwiHz_yZvv3PAhVFlpAKHe7UA1wQ_AUICCgD#imgrc=JwoyU9zMOeLxdM%3Ahttps://www.youtube.com/watch?v=MYBDyukYwA8https://www.youtube.com/watch?v=MYBDyukYwA8
O que ateno? O que a ateno significa para a aprendizagem? O que
uma ateno adequada? Tem como organizar um trabalho que desperte a ateno
dos alunos? O quanto um aluno atento para desenvolver a apropriao dos
contedos?
Lima (2005, p. 114) define ateno como a capacidade do indivduo responder
predominantemente os estmulos que lhes so significativos em detrimento de outros.
Possui:
a) carter seletivo e de focalizao, ou seja, a funo da ateno concentrar e
direcionar o foco cerebral para uma determinada coisa ou passos definidos do que se
deve fazer;
b) perfil autolimitado, assim, num ambiente com diferentes estmulos -- onde se coloca
o crebro com vrias situaes ao mesmo tempo -- a ateno no recebe todos os
estmulos, ela possui um limite, logo algo vai passar despercebido;
c) oscilante, a pessoa comea atenta, mas com o passar do tempo, o foco diminui,
depois oscila com picos de melhoras e quedas no desenvolvimento de uma tarefa;
d) permite aumentar a percepo e a memorizao, logo, a ateno possui um papel
fundamental para ampliar o foco perceptivo (visual, ttil, auditivo, espacial,...) e
intensificar algumas habilidades cerebrais.
Ao realizar uma atividade, se no houver concentrao, no h memorizao,
pois ela que propicia que as janelas de memorizao sejam intensificadas e as
tarefas sequencialmente cumpridas num determinado tempo. H diferentes tipos de
ateno, que podem ser subdivididos em dois grandes grupos de ateno, conforme
o seu processo de operacionalizao. Segundo Lent (2002) o primeiro a ateno
voluntria, implcita ou executiva; nesse tipo, a ateno controlvel, com o indivduo
tendo o controle sobre o foco, decidindo intencionalmente aonde quer prestar ateno
e inibindo atividades ou fatores concorrentes. O segundo a involuntria, explcita ou
automtica, este tipo no controlvel, ou seja, a ateno acontece sem a
interferncia da vontade do sujeito, automtica, existe por si, por exemplo estar
acordado. Esses tipos so indissociveis, ou seja, acontecem ao mesmo tempo.
importante salientar que a ateno no possui uma rea especfica, ela criada e
conduzida no crebro pelos neurotransmissores.
TIPOS DE ATENO
Ateno Voluntria ou Implcita Ateno Involuntria ou Explcita
Seletiva
Sustentada
Alternada
Dividida
Orientada
Enconberta
Nvel de Vigilncia e Tnus
Sensibilizao dos Sentidos
No primeiro grupo da ateno voluntria, segundo Brites (2016) temos seis tipos de
ateno:
1) Seletiva: direciona a ateno apenas para um determinado assunto e inibe o
restante do que est acontecendo a sua volta;
2) Sustentada: inicia a ateno num determinado ponto e a mantm, por um
perodo, tempo suficiente para cumprir uma tarefa.
3) Alternada: quando se tem uma tarefa conjugada, assim, ora a ateno est em
uma determinada tarefa, ora est em outra. Ou seja, alterna o foco atencional.
4) Dividida: consegue-se focar de forma adequada, em duas tarefas ao mesmo
tempo; por exemplo: conversar enquanto faz outra tarefa.
5) Orientada: a ateno ligada as habilidades espaciais, foco no espao onde
se cumpre uma determinada tarefa, reconhecendo que h um espao ao redor
que pode ser utilizado dentro dos limites e ritmo para no tirar a ateno;
6) Encoberta: quando o indivduo est realizando uma atividade e algo acontece
prximo a ele, e passa a focar em outra atividade, paralela.
No segundo grupo, da ateno involuntria ou automtica, mantm os
indivduos em:
1) Nvel de vigilncia e tnus muscular para a vigilncia, postura ou repouso;
2) Sensibilizao dos sentidos: como os indivduos esto acordados, os sentidos
ficam em vigilncia. Por exemplo, uma pessoa est lendo e de repente ouve a
batida de um carro, automaticamente, sem controle, direciona a sua ateno
para o sentido da audio que estava sensibilizado.
A funo da ateno no crebro agir com a inibio de estmulos inteis, tanto
internos (ex: pensamentos) como externos (ex: barulho), por meio de interconexo
entre vrias outras funes (memria, percepo visual e auditiva, linguagem
fonolgica). Para desenvolver a ateno preciso de neurotransmissores (dopamina
e noradrenalina) e conectividade cerebral ntegras. Poderamos especificar que a
ateno a janela para a percepo de detalhes, automonitorar, perceber
imperfeies ou erros, durante uma atividade ter noo de tempo e espao, e
memorizao eficaz.
a ateno que permite que durante a realizao de uma atividade as
lembranas (memrias de longo prazo) venham tona, bem como permite a memria
operacional agir para iniciar e concluir essa atividade.
Na escola, geralmente, falamos em dficit de ateno, ou seja, pessoas que
no conseguem manter a ateno voluntria por um tempo suficiente para realizar
uma tarefa proposta.
Brites (2016) ressalta os sinais de bom funcionamento da ateno, ou seja,
quando a ateno funciona bem, sendo eles:
Percebe os detalhes das tarefas, dilogos e sequncias;
Termina o que comea;
Atenta-se s imperfeies e aos erros durante e ao final das atividades (auto
monitoramento);
Lembra das rotinas, regras e processos importantes;
Consegue iniciar, elaborar e concluir um processo, mesmo que seja montono
ou interessante;
Varia de acordo com a necessidade e motivao, ou seja, nos processos de
planejamento e organizao, faz com que o crebro aumente a capacidade de
reas atencionais;
Aumenta a intensidade de acordo com a demanda e a complexidade (permite
saltos de eficcia na forma de cumprir a atividade, dificultando, ou incluindo
novos procedimentos com nveis de complexidade maior);
Controla a velocidade de performance e a decidir mudar de estratgia
(flexibilidade cognitiva); realizando novas atividades,
Auxilia na capacidade de antecipao;
Autorregulao emocional, com interpretao de contextos, e adequao da
reao emocional;
Interliga dados relevantes e exclui os irrelevantes;
Realiza anlise, sntese e interpretao (no todo, consegue extrair as partes
mais significativas);
Faz correo, reavaliao e preveno de futuros erros;
Apresenta tempo de resposta para seguir ritmos, manter um padro e perceber
mudanas.
Alguns fatores influenciam o desenvolvimento da ateno, sendo eles: o
contexto do ambiente; o nvel de vigilncia; estresse e cansao; estado emocional;
importncia da tarefa, as experincias anteriores, dificuldades de leitura e escrita, pois
o crebro tem que fazer um processamento mais intenso para realizar a atividade;
transtornos neuropsiquitricos influenciam e reduzem a ateno.
Assim, conhecendo os tipos da ateno compreendemos a sua importncia no
processo de aprendizagem, principalmente em leitura, escrita e matemtica, pois se
o aluno possui um bom nvel de ateno, tender a ter bom rendimento escolar, com
foco voluntrio nas atividades que exijam um pouco mais de esforo mental
prolongado.
Luria (1991) afirma que as sensaes so a fonte bsica que relacionam o
mundo exterior com o nosso corpo, assim, so elas que permitem ao homem a
compreenso do meio ambiente e de seu corpo. Ou seja, sem as sensaes no
haveriam canais abertos para uma atividade consciente.
As sensaes permitem ao homem perceber os sinais e refletir as propriedades e os indcios dos objetos do mundo exterior e dos estados do organismo. Elas ligam o homem ao mundo exterior e tanto representam a fonte principal do conhecimento quanto a condio fundamental do desenvolvimento psquico do indivduo (LURIA, 1991, vol. II, p. 2).
Os rgos do sentido (tato, olfato, paladar, audio e viso) so receptores
ativos que permitem receber informaes e so fundamentais para o desenvolvimento
cognitivo, porm, durante as sensaes ocorre uma ativao do sistema nervoso
resultante da estimulao de um rgo, mas ainda no h um tratamento cognitivo
desse ato.
Segundo Luria (1991) as sensaes podem ser divididas em trs tipos:
Interoceptivas ou sensaes no-conscientizadas: so sinais que chegam do
meio interior do organismo (traz a estimulao das paredes do intestino, do
corao, do estmago, da corrente sangunea) e regulam as inclinaes
elementares (fome, tenso, calma, conforto);
Proprioceptivas: trazem as informaes sobre o corpo no espao e a posio
do aparelho de apoio e movimento, assegura assim, a regulao