Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
ROZA GALVÃO NEVES MIRKOSKI1
ALEKSANDRA MARCELA PIASECKA-TILL 2
Resumo Nesse artigo relata-se a experiência de buscar a motivação dos alunos do 9º ano C do Colégio Estadual Frederico Guilherme Giese, em Piên, PR, nas aulas de inglês como língua estrangeira. Explorando o conceito da aprendizagem significativa que requer o uso de estratégias que partam do conhecimento prévio do aluno para uma aprendizagem prazerosa e eficaz, situou-se o uso da linguagem nas ações habituais dos alunos. Através da exploração do meio em que vivem, tentou-se fazer com que os alunos percebessem a importância do autorreconhecimento como agentes ativos do processo de aprendizagem de uma língua estrangeira. Apresenta-se aqui a intervenção didática implementada com esses alunos a fim de descobrirem o grau da presença de língua inglesa em seu cotidiano. Palavras-chave: Aprendizagem Significativa. Conhecimento Prévio. Ensino de Língua Estrangeira.
______________________
¹ Professora Graduada e com Especialização na área do Magistério da Educação Básica, com concentração em Interdisciplinaridade na Escola pela IBPEX, Professora da Rede de Ensino Paraná desde 1997. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional do estado do Paraná – turma 2013, com lotação no Colégio Estadual Frederico Guilherme Giese – Ensino Fundamental e Médio – Piên, Núcleo da Área Metropolitana Sul. Endereço eletrônico: rozagalvã[email protected] ² Orientadora, professora do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da UFPR, mestre e doutora em inglês pela UFSC. Endereço eletrônico: [email protected]
INTRODUÇÃO
Ao longo da minha prática pedagógica, percebo que os alunos não se sentem
motivados em aprender a Língua Inglesa, dizendo que a mesma não é necessária
para eles por diversos motivos: não pretendem viajar para outros países, não
convivem com esse idioma, não precisam falar inglês aqui no Brasil, entre outros
argumentos.
Preocupada com essa situação, sinto a necessidade de reverter esse quadro,
para que os alunos adquiram vontade e interesse de aprender Inglês. Por isso decidi
desenvolver um trabalho voltado para a Aprendizagem Significativa, na qual o aluno
possa conscientizar-se que, a Língua Inglesa está inserida em nossas vidas de
diversas formas. Cotidianamente encontramos vocábulos nesse idioma, em músicas,
na tecnologia, nas embalagens, nas placas, em roupas, nomes próprios, nomes de
lojas, etc. Iniciando a jornada num contexto local, partindo sempre do conhecimento
prévio dos alunos em situação de ensino-aprendizagem, podemos entender a
dimensão global do uso do inglês.
Sentindo a urgente necessidade de mudar a forma de aceitação desse
idioma pelos alunos, desenvolvi o Projeto de Intervenção Pedagógica e Produção
Didático-Pedagógica, numa perspectiva de fazer com que os alunos vejam a Língua
Inglesa com ‘’novos olhares’’, pois, a meu ver, isso se faz necessário, já que ela está
presente em nossas vidas muito mais fora da sala, do que nas escolas, pois, no
Estado do Paraná, contamos com apenas duas aulas semanais desse idioma e
obviamente, isso é muito pouco tempo para aprender outra língua.
Diante dessa realidade e cansada de ouvir reclamações dos estudantes
acerca desse assunto e também de professores por motivos diversos (os quais não
são objetos de discussão nesse momento), senti que urgentemente algo deveria ser
feito para reverter essa forma de ver a língua estrangeira moderna ou pelo menos
amenizar a situação, tornando minhas aulas prazerosas e significativas. E assim
surgiu essa ideia de um trabalho onde fosse contemplada a participação ativa do
aluno na construção de conhecimentos. Por isso destaco a importância da
valorização do conhecimento prévio para que, a partir dele, possamos prosseguir e
avançar nos diversos caminhos da aprendizagem.
Muitas vezes em minha caminhada educacional, me deparei com situações
desfavoráveis à minha prática pedagógica, que é fazer com que aquilo que se
aprende em sala de aula seja coerente com a vivência do aluno fora dela.
O objetivo desse trabalho era mostrar aos alunos que há muitas palavras e/o
expressões inglesas ao redor. Para que tudo fosse realizado com sucesso, saímos
em busca de respostas para efetivação do mesmo através de pesquisas. Então nos
organizamos da seguinte forma:
Pesquisa nas residências dos alunos;
Pesquisa nos pontos comerciais e ruas da comunidade;
Coleta de materiais;
Seleção dos vocábulos;
Observação de vídeos e comerciais na TV;
Exposição do material selecionado/encontrado;
Apresentação desse trabalho para as demais turmas.
Cada atividade realizada foi discutida e registrávamos os resultados obtidos.
Troca de experiências e colaborações dos demais professores (GTR) também
serão contempladas nesse artigo.
O PDE
Em 2013, com meu ingresso no Programa de Desenvolvimento Educacional,
PDE no primeiro semestre, tive a possibilidade de me preparar teoricamente, através
de seminários, debates, aulas presenciais e à distância, troca de experiências entre
outros profissionais de LEM, cursos de aperfeiçoamento, encontros com a
orientadora, leituras de vários autores que assim como eu, também estão inquietos e
com vontade de fazer uma intervenção pedagógica que contemple a Aprendizagem
Significativa. Enfim, realizei muito estudo de assuntos relacionados à Prática
Pedagógica.
Esse momento auxiliou-me na elaboração do Projeto de Intervenção
Pedagógica na Escola e sua futura implementação no Colégio onde estou lotada.
Essa primeira parte abriu diferentes caminhos permitindo um olhar afastado da sala
de aula. Esse distanciamento proporcionou-me reflexões e análises aprofundadas
dos acontecimentos que ocorrem no ambiente escolar e que tipo de intervenção
seria mais adequada para que realmente tenhamos uma escola pública de boa
qualidade. Estava pensando que a escola seja lugar onde os professores valorizem
as experiências dos alunos e explorem o meio ao qual eles estão inseridos, abrindo
portas para as diversas contribuições e assim enriquecendo o ensino-aprendizagem.
No segundo semestre, com um vasto embasamento teórico adquirido, tornou-
se mais fácil elaborar a Produção Didático-Pedagógica. Esta Unidade Didática
apresenta proposta de metodologia para ser desenvolvida também por outros
profissionais da Educação que ministram aulas de LEM, adequando-a à sua
realidade escolar e assim despertando o interesse dos educandos.
Ainda nesse último semestre de 2013, desenvolvemos materiais para
trabalharmos com os professores participantes do Grupo de Trabalhos em Redes –
GTR. Essa parte do PDE é uma modalidade de Cursos a distância (EAD) e
caracteriza-se pela interação entre o Professor PDE, nesse momento TUTOR e os
demais professores da Rede Pública Estadual, cujo objetivo é socialização e
discussão do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, da Produção Didático-
Pedagógica e da Implementação do Projeto de Intervenção na Escola.
Tudo isso, fez-me crescer culturalmente e obter novos olhares sobre a
educação, metodologia, exploração do conhecimento prévio dos estudantes. Percebi
que era o momento para desenvolver materiais que contemplem a participação ativa
do aluno na construção do aprendizado. Levá-lo a imaginar-se como parte integrante
desse novo aprendizado.
Percebo que essa inquietação acerca de despertar o interesse do aluno não é
somente minha. Li vários textos de autores que também compactuam o pensamento
de Ausubel (1982). Na descrição de Fernandes (2011, web) David Ausubel, era
autor norte-americano psicólogo da Educação que criou a Teoria da Aprendizagem
Significativa. Essa teoria defende a ideia de que o conhecimento prévio do aluno é a
chave para a aprendizagem significativa. Pensando dessa forma também Hellen
Santos nos direciona para exploração do meio no qual o aluno está inserido.
Fernandes (2011, web), menciona que a Teoria de Ausubel alerta para uma
aprendizagem que tenha como ambiente uma comunicação eficaz, respeite e
conduza o aluno a imaginar-se como parte integrante do novo conhecimento através
de elos, de termos familiares a ele. Com o ensino partindo do contexto do aluno, o
mesmo passa a dar valor pelo que está sendo ensinado/aprendido, já que faz parte
do cotidiano. Assim as aulas tornam-se mais atrativas e significantes e
consequentemente haverá aprendizado.
Segundo a Teoria de Ausubel o fracasso escolar não se deve apenas à falta
de disposição do aluno em aprender. Ele ressalta a grande responsabilidade do
professor criar momentos com o potencial de possibilitar a construção do
conhecimento, aproveitando tudo aquilo que vem junto com o aluno para a sala de
aula. Porque ensinar sem levar em consideração o que o aluno já sabe, pode ser um
esforço em vão. Já que o mesmo não tem onde se ancorar e abrir caminhos para
outras descobertas.
Concordando com esses autores e acreditando que é possível lecionar
Língua Inglesa de forma que leve o aluno a perceber que a mesma é encontrada em
nosso cotidiano, elaborei essa Proposta Pedagógica.
O desenvolvimento das atividades, desde sua fundamentação teórica e
metodologia até os seus resultados serão expostos e discutidos a seguir.
A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO NA ESCOLA
A Implementação do Projeto na Escola aconteceu com alunos do 9º Ano C,
no 1º Semestre de 2014, já que esses alunos carregam consigo alguns
pensamentos em relação ao idioma, por exemplo: “não preciso aprender Inglês
porque não vou sair do Brasil”;” Inglês não é nossa língua materna “; “não adianta
aprender Inglês porque eu nunca vou praticar no cotidiano”, entre outras desculpas.
O cronograma das atividades, as pesquisas e a minha orientação, seguiam
acontecendo concomitantemente ao desenvolvimento programático da escola.
Para mostrar aos educandos que grande parte dos vocabulários que
aprendem em sala está de acordo com o que eles encontram fora dela, pedi que
observassem minuciosamente todos os vocábulos em Inglês que eram vistos nos
materiais escolares, nas roupas, na tecnologia, materiais de limpeza, higiene,
produtos de beleza, enfim, em algo que tivesse palavras em Inglês ou outro exemplo
de estrangeirismo.
Os objetivos específicos desse trabalho também foram expostos aos alunos,
de forma que ao final do desenvolvimento do Projeto, pudéssemos fazer uma
avaliação coletiva do mesmo, observando sucessos e avanços. Foram eles: 1)
Despertar o interesse do aluno pelo aprendizado da Língua Inglesa. 2) Observar a
presença da língua Inglesa na realidade dos alunos. 3) Aproveitar o meio para
aprender Inglês. 4) Perceber os diversos vocábulos ao redor. 5) Contextualizar a
aprendizagem do idioma. 6) Aproveitar o conhecimento prévio dos estudantes.
Após a pesquisa, analisamos os objetos ou fotos dos mesmos e juntos,
percebemos que há uma grande quantidade de estrangeirismo ao nosso redor e
discutimos as razões desse fenômeno e se todos esses vocábulos podem ou devem
ser traduzidos. Assim os alunos foram percebendo a influência do Inglês e a
necessidade de aprender essa língua e aos poucos a aprendizagem foi adquirindo
um novo significado na vida dos educandos, já que foram organizados os elementos
que compõem a situação de ensino de forma motivadora e tem relação pessoal com
o universo dos alunos. Segundo Santos. J. (2012) a aprendizagem tem chance de
tornar-se profunda e significativa
No ensino da língua inglesa, área na qual este projeto se insere, o contexto
deve ser o ponto de partida para que o aluno perceba que a presença do idioma na
própria realidade é muito maior do que ele imagina. Segundo Brown (1994, p.25),
Existem muitas oportunidades disponíveis para os alunos, mesmo fora da sala de aula e são muitas as portas para utilização significativa do inglês. A
transmissão e mídia de impressão oferecem algumas oportunidades e os alunos podem recorrer a esses contextos.
E esses contextos são visíveis e se apresentam tão comumente que já fazem
parte da nossa fala diária, através da mídia, das propagandas, da tecnologia, nas
roupas, em nomes de loja, etc. Afirmo isso citando alguns exemplos quando vamos
tomar um drink, comer cookies, comprar um mouse novo, assistir ao show, vestir uns
jeans, entre outros. Percebe-se que os vocábulos em Inglês estão cada vez mais
influenciando a prática diária. Sempre ouço comentários dos estudantes justificando
a presença desse idioma para chamar a atenção ou porque dá mais ‘’status’’.
Com o registro das informações obtidas durante a pesquisa valorizou-se
também a escrita e leitura de pequenos textos sobre a cidade, sobre a aula de
campo, troca de experiências entre alunos/alunos; professor/alunos. Em grupos e
individualmente, escreveram textos e fizeram a leitura dos mesmos para os demais
alunos, assim corrigindo a pronúncia e a escrita.
Sugeri em algumas situações que eles traduzissem esses vocábulos em
estudo para Língua Portuguesa. E como já era esperado por mim, a maioria dos
alunos decidiu que não ficaria bem e que todas as palavras deveriam ficar como
estavam, (em Inglês). Os alunos pesquisadores concordaram com essa prática de
se apoiar na Língua Inglesa e usar essas palavras deixando esses termos
apresentados da forma como estavam.
Na produção textual escrita e oral solicitei que elaborassem textos e nestes,
poderiam fazer a junção dos dois idiomas em estudo. Então escreveram sobre um
passeio no Shopping para fazer compras e lanchar. Nos textos produzidos, os
alunos usaram algumas palavras na Língua Inglesa e outras na Língua Portuguesa.
Assim eles aproveitaram os vocábulos comumente encontrados durante a
pesquisa. Esses vocábulos há muito estão presentes em nosso cotidiano, mas
somente agora com um olhar direcionado para tal assunto é que consegui motivá-los
para a aproximação das situações de aprendizagem à realidade pessoal e cotidiana
dos estudantes. Essa comparação e contraste de idiomas, também foi uma tarefa
que contribuiu para que o objetivo principal desse Projeto que é despertar o
interesse dos alunos para o aprendizado de Língua Inglesa tivesse êxito. E os
mesmos perceberam que o Inglês está presente na comunidade na qual estão
inseridos e o conteúdo estudado na escola é encontrado e também utilizado fora
dela. Dessa forma foi possível atribuir sentidos às atividades, como descrevem as
Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (p.55, 2008),
No ensino de Língua Estrangeira, a língua, objeto de estudo dessa disciplina, contempla as relações com a cultura, o sujeito e a identidade. Torna-se fundamental que os professores compreendam o que se pretende com o ensino da Língua Estrangeira na Educação Básica, ou seja: ensinar e aprender línguas é também ensinar e aprender percepções de mundo e maneiras de atribuir sentidos, é formar subjetividades, é permitir que se reconheça no uso da língua os diferentes propósitos comunicativos, independentemente do grau de proficiência atingido. As aulas de Língua Inglesa se configuram como espaço de interações entre professores e alunos e pelas representações e visões de mundo que se revelam no dia-a-dia.
Dando sequência aos trabalhos, foram feitas visitas aos supermercados para
que os estudantes observassem e fizessem um levantamento sobre a enorme
quantidade de estrangeirismo presente nos rótulos/embalagens ali expostos.
Concordando com as Diretrizes, dessa forma, criou-se espaços em que foram
desenvolvidas atividades significativas, com exploração de diferentes recursos para
uma aprendizagem que possibilita a percepção do aluno e vinculação do que é
estudado com o que o cerca.
Assim os alunos perceberam a necessidade de aprender esse idioma,
principalmente a fala, Já que encontraram tantos vocábulos escritos sentiram
interesse e perceberam que teriam também que pronunciá-los corretamente. Muitos
diziam que em suas residências haviam esses produtos e para eles era comum o
convívio com essas palavras, mas não sabiam pronunciá-las de maneira correta.
Essa atitude dos alunos garantiu-me condições favoráveis para ir além de uma
coleta de embalagens. Contemplou-se nessa hora, outro fator importante na
aprendizagem de Língua Inglesa: a fala. Pois muitas vezes, eles conhecem as
palavras e as pronunciam erroneamente.
Durante o andamento dessa proposta didática, criaram-se situações que
auxiliam os alunos a se aprofundarem naquilo que está sendo objeto de estudo,
nesse caso, a influência do idioma no cotidiano. Percebi a autonomia em relação à
construção do conhecimento, por parte do educando. Foram proporcionados
momentos onde eles transformaram-se em colaboradores da sua própria
aprendizagem e essas ações potencializaram a disponibilidade dos mesmos para
aprender. Com essa prática educativa o aluno também teve voz e vez para
organizar seu próprio material didático de acordo com o contexto.
Percebi nesse momento que eles tomaram para si a vontade de aprender e
de acordo com os PCN’s (p. 93, 1998)
Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessário investir em ações que se potencializem a disponibilidade de aluno para a aprendizagem, o que se traduz, por exemplo, no empenho em estabelecer relações entre seus conhecimentos prévios sobre um assunto e o que está se aprendendo sobre ele. Essa disponibilidade exige ousadia para se colocar problemas, buscar soluções e experimentar novos caminhos. O aluno precisa tomar para si a necessidade e a vontade de aprender. No entanto, essa disposição para aprendizagem não depende dele, mas demanda que a prática didática garanta condições para que essa atitude favorável se manifeste e prevaleça.
Seguindo com as atividades propostas, em sala de aula, foi possível usar
outras técnicas que foram organizadas de acordo com o andamento e rendimento da
turma. Como citei anteriormente, considero que há muito pouco tempo dedicado
para as aulas de Língua Inglesa. Tenho somente duas aulas semanais no colégio
onde fiz essa Intervenção Pedagógica. Então muitas vezes nos reunimos em
encontros extraclasse para continuar as discussões, os relatos e a explanação para
alunos de outras turmas.
Outros meios para a fixação da aprendizagem também foram utilizados, como
por exemplo, a sugestão de prestarem atenção nos comerciais da TV e de
assistirem vídeos que trazem a presença do estrangeirismo.
Um dos vídeos que eles mais comentaram, pois gostaram dele, foi sobre a
música Samba do Approach do cantor Zeca Baleiro. Assim, aos poucos, fui
percebendo mudanças na forma de estudar e levar a sério essa aprendizagem. Essa
nova visão era reconhecida através dos comentários nos grupos de estudo em sala,
nas conversas paralelas e na empolgação dos educandos durante as aulas.
Paralelamente à Implementação, ou seja, de fevereiro a junho também
estavam sendo desenvolvidas as atividades referentes ao Grupo de Trabalho em
Rede – GTR. Deste modo, pude trocar ideias com outros membros do grupo sobre
quais seriam as melhores maneiras para a aplicação do meu Projeto. Foi uma
excelente oportunidade de partilhar da reflexão sobre o estudo com colegas de
diferentes regiões, socializando saberes e opiniões.
A proposta foi compartilhada com os cursistas com o objetivo de discutir a
abordagem utilizada no desenvolvimento desse trabalho. Conforme as interações
iam acontecendo eu me sentia mais impulsionada a continuar em busca de novos
caminhos para se obter aulas mais significativas. Os depoimentos e as contribuições
desses professores que participaram do GTR, de diferentes realidades me fizeram
acreditar que essa inquietação e sede de despertar o interesse do educando em
aprender uma nova língua é possível e eu não estou sozinha nessa busca constante
por um ensino de qualidade, dando oportunidade ao aluno à construção do ensino-
aprendizagem.
Os cursistas também estavam fazendo uso dessas metodologias nas aulas de
LEM em suas escolas nos quatro cantos do Paraná e isso fez com que eu me
sentisse mais motivada para fazer com que a Escola fosse um lugar prazeroso e as
aulas oferecessem condições favoráveis à participação e comprometimento dos
educandos.
Toda essa interação entre professores de outras realidades escolares e entre
meus alunos fez com que tornássemos construtores de outras formas de aprender e
pensar agindo com certa autonomia nas escolhas de materiais e metodologias que
contemplem a inserção do educando na sociedade. E foi possível iniciar a busca
pelo melhor aprendizado.
E assim, as aulas de Língua Inglesa constituíram e constituem um espaço
onde o aluno tem a possibilidade de construção de significados em relação ao
mundo em que vive e de sentir-se também responsável pelo conhecimento como
meio para transformação da realidade.
Assim como vemos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (p. 89, 1998),
a autonomia moral e intelectual é uma capacidade a ser desenvolvida pelos alunos, e seu desenvolvimento se dá em função de uma prática educativa exercida coerentemente com essa finalidade. O desenvolvimento da autonomia como princípio educativo considera a atuação do aluno, valoriza suas experiências prévias, buscando essencialmente a passagem progressiva de situações em que o é dirigido por outras pessoas a situações dirigidas pelo próprio aluno.
Essa autonomia foi visível quando solicitei aos alunos para que juntos,
visitássemos outras turmas explicando toda a trajetória da Implementação, sobre os
sucessos, os transtornos (poucos, mas existiram) que encontramos nessa
caminhada em busca de melhorar nossa prática educativa.
É interessante ressaltar aqui essa autonomia por parte de todo o grupo,
porque infelizmente essa atitude não é algo muito comum em ambientes escolares.
Na maioria das vezes, o educando recebe textos/conteúdos prontos, com situações
distantes das vividas por ele.
Segundo Freire (p.47, 2013) precisamos “saber que ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou a sua
construção.’’
Concordando com o autor, creio que não podemos dar respostas prontas,
mas sim, instigar, fazer provocações despertando o lado crítico do aluno. Num
contexto de mundo inacabado e em constante mudança o nosso papel de educador
é facilitar a aprendizagem e ampliar o campo no qual os educandos constroem suas
identidades e projetos.
Sei que a escola, com todas suas contradições e limites, ainda é um lugar
privilegiado na vida dos estudantes. Na maioria das vezes, é aqui que os mesmos
conseguem obter por pouco que seja, a esperança de mudar suas realidades.
Portanto, cabe a nós mostrar a eles e a nós mesmos, novas possibilidades de leitura
de si e do mundo. E com essas novas possibilidades de construção do
conhecimento, consegui fazer com que a grande maioria se sentisse autor da sua
própria aprendizagem e se conscientizasse do seu papel para o sucesso do
conhecimento transformador de realidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todas as atividades foram bem aceitas pelos alunos. Eles, os seus pais e
outros professores e eu pudemos ficar mais próximos, favorecendo assim, o
desenvolvimento interpessoal. Além de ser algo prazeroso, aprendemos muito,
atribuímos novas metodologias às nossas aulas, despertando uma vontade de
adquirir novos conhecimentos do idioma.
De uma coisa eu tenho certeza: após todas as etapas concluídas pude ver o
avanço na vontade de aprender Inglês. Foi gratificante ver os alunos trocando
experiências, compartilhando materiais e vivenciando a Língua.
Acredito que aos poucos vamos amenizando esse mito de que essa matéria
não é importante. Estou consciente que é um trabalho de ‘’formiguinha’’, mas já
percebo que novos olhares estão surgindo a respeito dessa matéria. E fico
empolgada quando vejo que o minha Proposta Pedagógica muito colaborou para
que isso acontecesse.
Era nítida a empolgação dos alunos durante as apresentações dos resultados
para os colegas de outras séries. Tanto dos alunos que estavam apresentando,
quanto dos ouvintes. Isso deve-se também, ao fato de criar um ambiente favorável à
pesquisa, à exploração do meio no qual esses alunos estão inseridos.
E consequentemente as ideias repassadas eram bem aceitas, até porque
eles usavam um vocabulário de igual para igual de uma maneira clara e com
criticidade.
É importante e de grande êxito que o ensino dentro da sala de aula esteja
vinculado a uma realidade concreta, assim despertamos a curiosidade e o interesse
pelo conhecimento familiar e o novo e, consequentemente as chances de sucesso
no ensino-aprendizagem serão maiores.
Certamente o momento de aplicabilidade de todo esse trabalho foi de grande
valia para o processo de aquisição de uma Língua Estrangeira. Os resultados
fizeram-me acreditar ainda mais que é possível despertar o interesse do educando,
ou seja, a concretização do objetivo principal de todo esse trabalho que é despertar
o interesse específico em aprender LEM.
Hoje percebo que podemos ter uma educação de qualidade e toda essa
interação colaborou para o bom andamento das atividades e posso dizer que a
contribuição para os alunos, para o colégio, para a sociedade e principalmente para
mim como educadora, é de grande valia.
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Ensino Fundamental Brasília: 1998.
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares
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https://www.youtube.com/watch?v=pa9_8wxW1a8
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