Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
DESMATAMENTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS: O USO DE GÊNEROS DISCURSIVOS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA
Maria Goretti Mores1
Rodrigo Augusto Kovalski2
Resumo
Partindo do pressuposto de que a língua tem um aspecto primordial na vida social da humanidade e que por meio dela se adquire informações, conhecimento, cultura e a construção da cidadania, elaborou-se um trabalho por meio da abordagem de diferentes gêneros discursivos com o intuito de conduzir os alunos, especificamente do 3ª ano B do Ensino Médio do Colégio Estadual Dr. Afonso Alves de Camargo, em Rio Azul- PR, à identificação de diferentes gêneros, ao grau de sua informatividade, aos aspectos linguísticos e à relação existente entre a Língua Inglesa e o contexto social em que vivem. Desta forma, produziu-se uma unidade didática dividida em seis lições com diferentes gêneros, tendo como tema as consequências do desmatamento no mundo, partindo da realidade do próprio município. O trabalho foi elaborado a partir de teóricos como Bakhtin (1997), Celce-Murcia (1991), Pinto (2007), as DCEs (2008) e outros. Acredita-se que o aluno pode ser um agente transformador no espaço em que vive por meio de informações obtidas em diferentes tipos de discursos veiculados pela Língua Inglesa. A utilização de diferentes gêneros discursivos no ensino da língua estrangeira torna-se interessante na medida em que fomenta aspectos linguísticos, pragmáticos e imagéticos e por representar a língua em seu uso autêntico. A questão do desmatamento justifica-se na medida em que constitui uma prática recorrente, cujos efeitos podem ser percebidos no município de Rio Azul-PR. Assim, os alunos podem ser agentes transformadores da sua realidade com a percepção de que o conhecimento de outro idioma abre horizontes para uma postura crítica e construtiva.
Plavras-chave: Gêneros discursivos; Desmatamento; Interação social;
Posicionamento crítico e reflexivo
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo apresentar as atividades desenvolvidas
no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria do Estado do
1 Professora de Língua Inglesa da Rede Pública do Estado do Paraná, inserida no Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE (2013/2014), pela Universidade Estadual do Centro-Oeste / UNICENTRO – Irati/PR. [email protected] 2 Professor do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Centro-Oeste / UNICENTRO e
orientador do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. [email protected]
Paraná (SEED), durante os anos de 2013/2014, vinculado à Universidade Estadual
do Centro-Oeste (UNICENTRO).
O tema escolhido para o desenvolvimento do trabalho foi o uso da Língua
Inglesa no contexto social com o intuito de despertar a reflexão e a ação na
sociedade.
A proposta da pesquisa foi mostrar ao aluno como pode ser um agente
transformador no espaço em que vive por meio de informações obtidas em
diferentes tipos de discurso veiculados pela Língua Inglesa.
No contexto de ensino-aprendizagem de língua estrangeira, os professores
se vêem diante de certos desafios, dentre os quais se destaca a busca pela
motivação dos alunos para aprender a Língua Inglesa. Neste sentido, entende-se
que ao partir da realidade local por eles vivida, pode-se obter sucesso em tornar o
ensino da língua relevante para eles. Assim, aborda-se a questão do desmatamento
e suas consequências, pelo viés dos gêneros discursivos, os quais apresentam a
língua em seu uso autêntico, para que, através do reconhecimento de tais questões,
os alunos possam desenvolver seu senso crítico e, desse modo, posicionar-se
ativamente em seu contexto social. Dito de outra forma, o que se problematiza no
projeto refere-se ao seguinte questionamento: De que forma os diferentes gêneros
discursivos podem representar um instrumento eficaz na produção de conhecimento
ao aluno para que ele assuma um posicionamento crítico e reflexivo sobre o
desmatamento?
Desta forma, nesta pesquisa tratamos os aspectos linguísticos e sociais. Com
relação aos aspectos linguísticos foi utilizado diversos gêneros discursivos como
textos informativos, imagéticos, cartuns, pôsteres e outros condizentes com o tema.
No que tange os aspectos sociais objetivamos chamar a atenção dos alunos a uma
prática recorrente, no caso o desmatamento, que apresenta consequências graves à
humanidade. Para que este trabalho se aproximasse à realidade dos alunos do
município de Rio Azul, analisamos as causas do desmatamento ocorrido na região
efetivada basicamente pela necessidade econômica da população. A maioria dos
alunos do Colégio Dr. Afonso Alves de Camargo, local onde aplicamos esta
intervenção, são filhos de produtores do tabaco, agricultura que exige um consumo
relevante de madeira para a cura das folhas.
A proposta deste trabalho foi mostrar ao aluno como pode ser um agente
transformador no espaço em que vive por meio de informações obtidas em
diferentes tipos textuais. No caso do desmatamento, justifica-se pela prática
recorrente no município de Rio Azul. O objetivo geral foi proporcionar o
conhecimento ao aluno por meio da leitura e interpretação de diferentes enunciados
na Língua Inglesa para que possa assumir seu papel no contexto em que vive.
No que se refere aos objetivos específicos da língua inglesa, propusemos a
identificação dos gêneros e o grau de sua informatividade; apresentamos meios de
compreensão da ideia principal dos textos e o contato com textos autênticos em
Língua Inglesa e orientamos para que estabelecessem uma relação entre a língua e
o contexto social em que vivem.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
Muitos fundamentos foram desenvolvidos para o ensino da língua estrangeira
ao longo de um curso histórico. Estudiosos, especialmente linguistas, buscaram
formas para a eficiência do ensino/aprendizagem por meio de métodos e/ou
abordagens. Entretanto, no decorrer da história do ensino aprendizagem da Língua
Inglesa, Celce-Murcia (1991) relata que desde o período grego clássico e do latim
medieval, há um movimento pendular entre a relevância da análise gramatical e dos
propósitos comunicacionais. De acordo com as necessidades da sociedade, o
pêndulo seria movido de um a outro extremo.
Celce-Murcia (1991) cita que com a eclosão da Segunda Guerra Mundial
(1939), cujo objetivo era a proficiência e conversação necessárias aos soldados
como um instrumento de sobrevivência em territórios inimigos, a língua era ensinada
por repetição de sentenças modelos. Linguistas convocados pelo governo
americano, influenciados pelo estruturalismo e pelo behaviorismo desenvolveram a
abordagem audiolingual objetivando um ensino rápido e eficaz da Língua
Estrangeira, uma vez que havia um contato eminente dos Estados Unidos com
aliados e inimigos. A autora explica que o pêndulo então se movimenta para o
extremo da aquisição da linguagem ou dos propósitos comunicacionais, pois surgem
preocupações com o ensino-aprendizagem da língua uma vez que, percebia-se que
se os métodos e abordagens não atendiam às reais necessidades de aprendizagem.
O linguista Noam Chomsky3 (1957 apud Passini, 2010) em sua publicação de
1957 Verbal Behavior opõe-se ao tratamento dado a linguagem pelo behaviorismo e
defende a ideia de que linguagem é biologicamente programada e, para ser
desenvolvida, são necessários apenas estímulos verbais externos (input). Segundo
o autor, ao final de um curto período de tempo, a criança pode demonstrar domínio,
principalmente, em termos sintáticos, do sistema da língua por meio de um
mecanismo inato que ganham especificidade de acordo com o contato de tais
estímulos.
Na sequência histórica do ensino-aprendizagem da língua estrangeira surge a
abordagem comunicativa, cujo objetivo passa a ser competência comunicativa,
direcionada a interesses do aluno e não ao aumento de conhecimento gramatical.
De acordo com as Diretrizes Curriculares de Língua Inglesa do Estado do
Paraná (2008 p. 50):
A Abordagem Comunicativa apresenta aspectos positivos na medida em que incorpora em seu modelo o uso da gramática exigida para a interpretação, expressão e negociação dos sentidos, no contexto imediato da situação de fala, colocando-se a serviço dos objetivos de comunicação. (DCEs, 2008, p.50)
Com esta citação introduzimos uma das referências basilares da pesquisa, as
DCEs, com afirmação de que “tal abordagem, e os métodos que a antecederam, não
levou em conta as diferentes vozes que permeiam as relações sociais e as relações
de poder que as entremeiam.” (DCEs, 2008, p. 51)
Para tanto, Mikhail Bakhtin (1997) propõe o estudo da língua por uma
perspectiva que privilegie seu caráter social, a qual denomina “gêneros discursivos”.
O autor descreve os enunciados como formas estáveis dentro das diversas esferas
da atividade humana e apresenta a língua como início da construção de um
enunciado o qual constrói os tipos estáveis de enunciados chamados de gêneros do
discurso. Para Bakhtin à visão dos formalistas que não levavam em conta o contexto
3 Chomsky, N. (1959). Verbal Behavior by B. F. Skinner. Language
social e histórico de um discurso entre falantes e ouvintes não atribuem significados
a um enunciado.
Para Bakhtin (1997), dentre a variedade dos gêneros, eles podem ser
separados em dois grupos: gêneros primários e gêneros secundários. O primeiro,
considerado como simples, trata dos enunciados que fazem parte da esfera
cotidiana da linguagem, são espontâneos e permitem uma réplica imediata do
ouvinte como bilhetes, cartas, diálogos, relato familiar. Os gêneros secundários,
considerados complexos, não possuem a réplica imediata como os gêneros
primários, mas acabam suplantando-os, geralmente de forma escrita. Os gêneros
secundários fazem parte de uma língua mais formal como os romances, escritos
científicos, teatros. Para o filósofo, a língua faz parte da vida por meio de discursos
concretos e o enunciado necessita da existência de pelo menos duas vozes para se
constituir significativamente. Bakhtin critica a estilística tradicional e analisa o estilo
como um tipo específico de uso da linguagem de acordo com as diferentes esferas
da comunicação do homem. A ligação entre estilo e gênero não pode ser separada,
uma vez que a funcionalidade dos gêneros depende da relação do locutor com os
enunciados do outro, assim como com a esfera de comunicação.
Na visão de Bakhtin (1997), o ouvinte tem uma atitude responsiva ativa diante
de um enunciado. Esta atitude pode ser uma resposta imediata, quando se trata de
um gênero primário ou uma resposta retardada por meio de uma linguagem oral ou
escrita, ou ainda, comportamental visando um posicionamento crítico e uma
reconstrução de determinada ideia. Nesta perspectiva, notoriamente, o discurso se
formula a partir de um enunciado pertencente ao indivíduo falante e não pode existir
de outra forma. Há uma interação entre os falantes com o intuito de uma reprodução
e de uma mudança social. Portanto, para interagir-se discursivamente, é preciso ter
habilidade para dominar os gêneros de diferentes esferas sociais discursivas para
que se consiga se expressar em diferentes contextos.
O filósofo apresenta algumas das principais particularidades do enunciado
como a réplica do diálogo, que pode ser face a face ou por meio de um
posicionamento do receptor após a leitura de uma obra literária ou um artigo
científico, por exemplo, em que há uma resposta do outro. Esta resposta juntamente
com os pressupostos que o ouvinte/leitor já possui forma uma nova ideia, outro
discurso. Ou seja, as palavras de um falante, passam pelas palavras do outro e
assim se constitui a “dimensão polifônica do discurso” (BAKHTIN, 1997).
Outra particularidade apresentada pelo autor é o acabamento do enunciado
determinado pelos seguintes fatores que podem ser chamados de tema, estilo e
composição. Quanto ao tema, este deve estar sempre relacionado a um objetivo a
atingir e à busca de uma atitude responsiva. O estilo já comentado anteriormente,
que está ligado ao tema e à composição, podendo ser visto como o modo de usar a
língua. Ainda no que tange à composição, terceiro fator do enunciado, a forma de
organização da fala e da estruturação de enunciados para efetiva comunicação
verbal.
O autor também realiza uma comparação entre enunciado e oração. Esta
quando não inserida num contexto não é reconhecida como um enunciado, pois não
permite o envolvimento e participação do outro na comunicação verbal para suscitar
uma resposta.
Bakhtin (1997) afirma que o gênero discursivo é um tipo de enunciado que
está constituído por ideias e palavras modificadas e reestruturadas do outro, numa
determinada questão ou problema dentro de uma esfera da comunicação e que
reflete o resultado de um enunciado realizado anteriormente. Está sempre voltado
para o discurso do outro. Infere-se também que os gêneros secundários são
formados por gêneros primários transformados. Bakhtin também afirma em suas
teorias que oração se torna um enunciado a partir do momento em que há
expressividade e permite a intervenção do outro e uma repercussão dialógica
juntamente com discursos anteriores.
Desde modo, a língua pode ser vista como um fenômeno carregado de
significados culturais. Ou seja,
não são as palavras o que pronunciamos ou escutamos, mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais, agradáveis ou desagradáveis, (...) A palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico. (BAKHTIN, 1997, p.95)
Consideramos assim, o valor social das palavras, o ensino-aprendizagem da
Língua Estrangeira que contempla as relações com a cultura, com o sujeito e a
identidade, almeja-se desta forma que os alunos analisem as questões sociais-
político-econômicas, e sejam estimulados a uma consciência crítica a respeito da
língua estrangeira na sociedade, sendo participantes ativos no mundo. Lopes (1996,
p.182 apud Lima, 2009, p. 88) afirma que “ensinar uma língua é ensinar a se engajar
na construção social do significado e, portanto, na construção de identidades sociais
dos alunos”. Desta forma, nossa incumbência ultrapassa a objetivo de levar os
alunos a se tornarem proficientes, mas oportuniza meios para que possam agir na
construção social por meio de temas de cunho político, ideológico, ético, social entre
outros, por meio do uso adequado de gêneros discursivos que precisam ser
utilizados conforme o estado de comunicação em que os alunos estão inseridos.
Assim, Abuêndia Padilha Pinto afirma:
Uma da metas da escola consiste, então, em ajudar os alunos, numa situação determinada, a adaptar-se às características do contexto, a mobilizar modelos discursivos, a dominar as operações psicolingüísticas, a reconhecer e a usar unidades lingüísticas. Isso significa que nas situações escolares, os alunos desenvolvem a capacidade de utilizar, adequadamente, os gêneros de acordo com as situações de comunicação que estiverem inseridos. (PINTO, 2007, p. 49-50)
Segundo a autora, o aluno precisa conhecer a funcionalidade da linguagem
para que conheça e utilize os diversos gêneros discursivos. Cabe ao professor
oportunizar instrumentos indispensáveis para que tenham um comportamento
consciente. Deste modo, considerando as particularidades do conceito de gêneros
discursivos, pretendeu-se desenvolver um trabalho colocando-os em uma posição
central, por meio da análise de diversos textos que circulam nas diferentes esferas
da sociedade, com a finalidade de despertar no aluno uma visão de mundo que o
leve a um posicionamento crítico e reflexivo diante dos problemas sociais que
afetam a humanidade. Abordando a questão do desmatamento e as consequências
desta ação de uma forma global com o intuito de desenvolver, na esteira do
pensamento bakhtiniano, além de habilidades linguísticas, um olhar crítico voltado
para a própria realidade na qual estão inseridos.
2. SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO
Implementamos o projeto no Colégio Estadual Dr. Afonso Alves de Camargo.-
Ensino Fundamental e Médio, no 3ºano A , período matutino, cujos alunos são
oriundos da zona rural do município de Rio Azul, Paraná.
Partimos de leituras e estudos de obras e artigos sobre autores que
referenciam o tema deste trabalho, correspondente ao estudo da importância da
Língua Inglesa na vida social do aluno, bem como de bibliografias que tratam do
problema do desmatamento. Em seguida, selecionamos textos autênticos que
instigassem o interesse dos alunos pela problemática em questão. Desta forma,
produzimos uma unidade temática dividida em seis lições contextualizadas com
atividades que conduziram os alunos à compreensão e intencionalidade de cada
gênero.
Na aplicação da proposta usamos os recursos de pré-leitura dos textos,
leitura, debates e pós-leitura. No que diz respeito à pré-leitura, conduzimos os
alunos, independente do grau de proficiência, a abstração da ideia principal dos
textos. Realizamos discussões e estudos sobre as características do gênero e
questões linguísticas. Como proposta final, pós-leitura, os alunos produziram
material referente a cada gênero estudado.
No período de implementação com os alunos, realizamos também o trabalho
no ambiente on line GTR- Grupo de Trabalho em Rede com propostas de atividades
para os professores de língua Inglesa do Estado do Paraná. Estes participaram da
proposta e colaboraram com ideias e trocas de experiências.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DA AÇÃO
Cientes de como realizaríamos o trabalho por meio da explanação dos
objetivos do projeto, iniciamos apresentação da Lesson one, cujo gênero eram
imagens apresentadas em slides. Apresentamos sete imagens condizentes com o
tema abordado e incitamos discussões e análises das mesmas. Tais imagens foram
criadas a partir da realidade florestal do município. Como proposta de produção,
dividimos a classe em grupos e cada grupo fotografou árvores nativas da localidade
em que vivem e realizaram uma apresentação à turma sobre a denominação da
planta e onde está localizada.
Em aproximadamente quatro aulas, trabalhamos a Lesson two, onde o gênero
estudado foi Definição de dicionário (Dictionary Definition). Duas definições da
palavra deforestation de diferentes dicionários foram apresentadas em material
impresso. Conduzimos os alunos à identificação do gênero através de
questionamentos orais e, na sequência, realizamos a compreensão oral das
definições, exploração da pronúncia, divisão silábica e da estrutura gramatical
apresentada nos dicionários, neste caso o uso do –ing. Após tais atividades, o
momento de produção foi realizado em pares com a elaboração de uma definição
para a palavra “Deforestation”.
Com breve “warm up”, por meio de um “brainstorm”, com a palavra
“deforestation”, introduzimos a Lesson three com o gênero: texto de opinião, o qual
abordava as consequências do desmatamento. Levamos os alunos à leitura e
extração da ideia principal do texto com questionamentos, reflexões e
posicionamento crítico. Seguimos com atividades de compreensão e análise das
ideias específicas presentes no texto e contextualizamos a formação de palavras
(prefixos e sufixos) apresentadas frequentemente no texto. Nesta lição, os alunos
produziram pequenos textos sobre as consequências do desmatamento em Rio Azul
- PR e apresentaram aos colegas.
Nas aulas seguintes trabalhamos o gênero: Comic Strips, atividades
correspondentes a Lesson four. Com os recursos tecnológicos, apresentamos dois
textos ironizando as causas do desmatamento em locais específicos do município.
Exploramos as imagens em todos os recursos verbais e não verbais e propusemos
para cada aluno a criação de um gênero semelhante (Comic Strip). Após a
produção, os trabalhos foram fixados no mural da escola.
A lição cinco (Lesson Five) foi mais intensificada por selecionarmos um texto
informativo sobre como podemos ajudar a preservar nossas florestas. O texto foi
introduzido com tópicos sobre as ações diárias que contribuem para a preservação
do meio ambiente. Direcionamos a leitura do texto e indicamos caminhos por meio
de questões orais para a compreensão geral do texto e das informações específicas.
No que diz respeito ao aspecto linguístico, salientamos os verbos frasais (phrasal
verbs) no texto, sua formação e exemplificação no contexto real. Concluímos o
trabalho desta lição com a produção de conselhos e dicas para as pessoas
protegerem o meio ambiente.
Finalizamos o trabalho com as lições da unidade, apresentando imagens e
informações sobre eventos de proteção ao meio ambiente e principalmente às
florestas. Usamos um pôster como estudo do gênero e após reflexões e críticas do
material, destacamos os números ordinais usados em datas na Língua Inglesa como
ponto de destaque no texto apresentado. Na sequência, os alunos produziram
pôsteres promovendo e divulgando uma data específica para o plantio de árvores
nativas.
Concluímos o trabalho prático com o plantio de dez mudas de árvores nativas
no pátio da escola adquirido pelos próprios alunos, junto à Secretaria do Meio
Ambiente do município.
Quanto à avaliação do aprendizado, levamos em conta toda a produção dos
alunos, tanto orais como escritas. Focamos o esforço e o desempenho de cada um
durante as atividades propostas e o crescimento individual e de equipe resultante do
trabalho realizado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a execução deste trabalho, evidenciamos a capacidade dos alunos
em compreender a Língua Inglesa, quando instigados e motivados com assuntos ou
problemas que fazem parte de suas realidades, no caso o desmatamento, problema
pertinente nas atividades agrícolas de onde são provenientes suas famílias. A
maioria são fumicultores, que de forma clandestina, realizam o corte de árvores
nativas para a secagem do fumo.
Um dos desafios que os professores de Língua Inglesa enfrentam é como
despertar o interesse e motivar seus alunos. A utilização de textos autênticos tornou
o ensino-aprendizagem mais significativo para todos os envolvidos neste trabalho,
pois fazem parte da realidade do aluno.
Desta forma, foi vislumbrado que o objetivo principal do projeto, no que tange
o aspecto social, foi alcançado de forma exitosa, pois o envolvimento dos alunos
com a problemática nas discussões, críticas e produções envolveu a comunidade
escolar e despertou-lhes a consciência de que podem ser agentes transformadores
do meio em que vivem.
Quanto ao aspecto linguístico, alguns alunos surpreenderam em suas
produções, tanto orais como escritas, outros produziram de forma satisfatória.
Contudo, houve um grande envolvimento de toda a turma de forma inesperada.
Observamos que os alunos sentiram-se mais motivados com textos que
envolvem imagens e propomos a utilização de outros gêneros como músicas e
documentários, os quais deveriam ter sido trabalhados com maior relevância por
despertarem mais interesse aos alunos.
Entretanto, comprovamos que não se pode desvincular o estudo da língua do
contexto social e quanto maior for o envolvimento dos alunos em atividades práticas,
maior será o aprendizado. O uso de diferentes gêneros textuais conduz os alunos a
perceberem que a Língua Inglesa tem um aspecto de grande importância na vida
social da humanidade e que por meio dela se adquire informações, cultura e a
construção da cidadania.
Quanto ao grupo de trabalho em rede (GTR), realizado concomitante à
implementação da produção didática, agregou-nos conhecimento e melhoria em
nossa prática pedagógica, pois vários colegas disponibilizaram experiências,
bibliografias e sugestões interessantes para que o ensino aprendizagem realmente
aconteça não somente em sala de aula, como também no espaço em que cada um
vive.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal: Os gêneros do discurso. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. ________. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1999. CELCE-MURCIA, Marianne. Language Teaching Approaches: An Overview. In: CELCE-MURCIA, Marianne Language Teaching as a Second or Foreign language. 2nd ed. Boston: Heinle & Heinle, 1991.p.3-11 Collins COBUILD Advanced Learner’s English Dictionary. New York: Collins Publishers, 2006.
LIMA, Diógenes Cândido de (Org.). Ensino Aprendizagem de língua inglesa: conversas com especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. PARANÁ. Secretaria da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná. Língua Estrangeira Moderna. Curitiba: FTD, 2008. PASSINI, Michele Teixeira. Do abstrato ao concreto: A presença bakhtiniana no Ensino de Língua Estrangeira. Signo. Santa Cruz do Sul, v. 35 n. especial, p. 40-54, 2010. PINTO, Abuêndia Padilha. Gêneros discursivos e ensino de língua inglesa. 5. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007 OXFORD Advanced Learner’s Dictionary. New York: Oxford University Press, 2005.
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