Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES METODOLOGIAS PARA A COMPREENSÃO DOS GRANDES GRUPOS VEGETAIS
Luiz Carlos Repa
Professor de ciências e matemática na SEED, professor PDE turma 2013
Rogério Antonio Krupek
orientador, doutor, professor UNESPAR, campus de União da Vitória
Resumo
A falta de utilização de diferentes metodologias no ensino de ciências muitas vezes leva ao fracasso escolar do aluno. Neste sentido, a utilização de ferramentas assim como a fotografia digital, atividades lúdicas, pesquisas na internet e construção de modelos tridimensionais podem auxiliar na buscar pelo conhecimento e ao mesmo tempo despertar o interesse dos alunos sobre os conteúdos de Ciências e em particular da Botânica. Este trabalho foi desenvolvido durante o primeiro semestre do ano de 2014, com os alunos do Sétimo ano 'B' em uma escola do campo (Professor Francisco Gawlouski) localizado no município de Paulo Frontin, PR. Inicialmente os alunos responderam a um pré-teste para averiguação do conhecimento prévio dos mesmos sobre os quatro grandes grupos de vegetais terrestres (briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas). Em seguida, foram realizadas atividades em sala de aula (apresentação e discussão do tema) procurando evidenciar a importância do tema proposto. Posteriormente, os alunos realizaram pesquisas sobre o tema, sendo que os conhecimentos foram utilizados em jogos didáticos (dados, cartas e trilhas). A seguir, os alunos, já com conhecimentos teóricos sobre os vegetais, participaram de uma aula de campo, com o intuito de visualizar e fotografar todos os grupos vegetais e suas características. As imagens foram por eles usadas para criar apresentações de slides (indicando as características dos vegetais) e para confeccionar modelos tridimensionais dos grupos vegetais estudados. Por fim, os alunos participantes responderam a um pós-teste (similar ao pré-teste). Os resultados mostraram que houve um aumento no número de respostas corretas de 33,5% para 88.7%, evidenciando a importância de atividades diferenciadas no ensino de Botânica.
Palavras-chave: botânica, recursos didáticos, aula de campo.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente considera-se comum a falta de interesse de muitos alunos pelos
conteúdos a eles apresentados (GATTI, 1996). “O ensino da Botânica, bem como
uma grande parte dos conteúdos relacionados às disciplinas de Ciências e Biologia
pode ser marcado por diversos entraves e, dentre os mais evidentes encontram-se o
desinteresse dos alunos por esse conteúdo, a falta de desenvolvimento de
atividades práticas e de material didático voltado para o aproveitamento desse
estudo.” (MELO, 2012). Surge assim, por parte dos professores, a necessidade de
desenvolver metodologias que venham tornar as aulas mais interessantes,
dinâmicas e com mais recursos. Considerando isto, o presente trabalho visa
apresentar o uso de diferentes metodologias e recursos para o ensino de Ciências,
em particular na área de Botânica. Os conteúdos trabalhados englobam os quatro
grandes grupos de vegetais terrestres (briófitas, pteridófitas, gimnospermas e
angiospermas) trabalhados de modo diferencial (uso de jogos e modelos
tridimensionais e aulas de campo) visando assim despertar o interesse do educando
pelos conteúdos a ele apresentados.
Os vegetais são um importante tema de estudo e fazem parte do currículo do
Ensino Fundamental. Sua importância é facilmente observada e pode ser
relacionada com questões cotidianas, assim como o equilíbrio ambiental, a
alimentação e como fonte de energia renovável. Outras questões também
importantes devem ser consideradas, assim como a origem das plantas hoje
cultivadas, sua importância econômica e a questão das plantas transgênicas. Tais
temas podem ser utilizados como elementos motivadores de interesse e
aprendizagem.
O tema em questão (Plantas Terrestres) faz parte das Diretrizes
Curriculares Estaduais do Paraná, dos conteúdos estruturantes Sistema Biológicos e
Biodiversidade, o qual prevê o estudo da morfologia e fisiologia dos vegeteis e sua
classificação. Tais diretrizes (PARANÁ, 2008) orientam iniciar um novo conteúdo
tomando como base o conhecimento prévio do aluno, a fim de traçar estratégias de
modo a aguçar a curiosidade dos mesmos.
Para Vasconcelos (1992) existe um problema muito grande na aula
expositiva, ainda muito utilizada atualmente, pois esta proporciona a formação de um
aluno passivo, não crítico. Desta forma, este trabalho se propôs a desenvolver as
atividades de modo participativo, com a apresentação dos conteúdos a partir de uma
mesa redonda em sala com o professor agindo como mediador e incentivador da
aprendizagem. Os alunos demandam conhecimento por influência de fontes de
informação como, por exemplo, a imprensa escrita e falada, onde esses temas têm
ocupado um espaço regular (BOSSOLAN, et al. 2008, p.41).
Os alunos de áreas rurais demonstram grande interesse pela botânica, o que
deve-se ao meio em que vivem, pois este tema tem relação direta com sua vida,
sendo totalmente contextual. Para Gimonet (2007), o meio em que um indivíduo vive
lhe traz uma série de conhecimentos vivenciados no seu dia a dia. Isto demonstra a
importância de formar o indivíduo considerando a sua relação com o meio ambiente
no qual está inserido, considerando também o seu contexto histórico, colocando-o
como um ser social e implicado nesse processo (CARVALHO, apud da SILVEIRA e
ALVES 2008, p 7).
A Botânica é a ciência que classifica os vegetais em grupos, evidenciando
ainda o potencial econômico das plantas, citando a utilização delas pelo homem na
alimentação, ornamentação, no tratamento de doenças e produção de cosméticos.
Devido a essas diferentes aplicações, a Botânica pode ser utilizada como tema
motivador no ensino de Ciências. A Botânica é o ramo da Biologia que estuda as
plantas nos seus amplos domínios, ou seja, é nesta disciplina que o aluno construirá
seus conhecimentos sobre os grupos vegetais e as características mais importantes
de cada grupo (SCHWANTES 2014).
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O trabalho foi desenvolvido com os alunos do Sétimo ano 'B' do Colégio
Estadual do Campo Professor Francisco Gawlouski, situado na Colônia São Roque
no Município de Paulo Frontin, durante o primeiro semestre do ano de 2014. Todos
os alunos são residentes da área rural do município.
As atividades desenvolvidas seguiram o seguinte programa metodológico: a
primeira etapa foi a aplicação de um questionário (denominado de pré-teste – Tabela
1), o qual consistiu de 3 questões objetivas e 7 questões discursivas sobre o tema
proposto. O objetivo deste pré-teste foi investigar o nível de conhecimento prévio
dos alunos sobre os quatro grandes grupos vegetais terrestres (briófitas, pteridófitas,
gimnospermas e angiospermas). O aprendizado dos alunos foi posteriormente
avaliado comparando os resultados obtidos com aqueles de um pós-teste, aplicado
ao final das atividades.
Tabela 1. Questionário utilizado no pré-teste e pós-teste e aplicado aos alunos do 7º ano do Colégio Estadual do Campo Professor Francisco Gawlouski.
Questão Pergunta
Objetivas
1 A reprodução permite a multiplicação da espécie. Nos vegetais a independência da água para a fecundação ocorre a partir: a) das espermatófitas. b) dos musgos. c) das licopodíneas. d) das briófitas. e) das pteridófitas.
2 Nas gimnospermas não se forma:
a) grão de pólen. b) óvulo. c) tubo polínico. d) semente. e) ovário.
3 Qual é a diferença entre musgos e samambaias
a)coloração b)existência ou não de vasos condutores de seiva c) tamanho das folhas d) capacidade de respiração
Discursivas
1 Quais são as principais características de uma planta?
2 Em quantos grupos se divide o Reino das plantas terrestres?
3 Quais são os principais órgãos de uma planta?
4 Todas as plantas possuem flores?
5 Qual é a função das flores em uma planta?
6 Todas as plantas possuem sementes?
7 Qual é a principal característica das angiospermas?
A seguir, foram abordadas informações sobre a importância dos vegetais com
base em diversos aspectos, como: fonte alimentar; fibras para o vestuário; madeira
para mobiliário; abrigo; combustível; papel para livros; temperos para culinária;
drogas para remédios; oxigênio que respiramos. Também foram apresentadas
algumas curiosidades sobre plantas, como plantas carnívoras, com o intuito de
despertar o interesse dos alunos. As aulas foram do tipo participativas, onde os
alunos foram incentivados a debater seus conhecimentos prévios, fazer perguntas e
levantar suposições.
Posteriormente foi feita uma apresentação de slides com informações sobre
plantas de cada um dos quatro grupos de vegetais em questão. Essa exibição foi
acompanhada de uma explanação oral do professor, o qual discorreu e levantou
questionamentos aos alunos sobre cada um dos grupos. Desta forma, os alunos
conhecem de antemão as características morfológicas de cada grupo. Em seguida
os alunos realizaram algumas atividades para a fixação do conteúdo. Estas
contaram com caça palavras, palavras cruzadas e atividades de completar. Tais
atividades buscaram envolver memória e raciocínio. Para tanto, esses exercícios
foram feitos com um texto de apoio trazendo informações expostas durante a
apresentação de slides. Em seguida, os alunos exercitaram seus conhecimentos
através de uma atividade lúdica, adaptado a partir do jogo “O coletor”
(http://unb.revistaintercambio.net.br/24h/pessoa/temp/anexo/1003/1315/ 2126.pdf.).
Para o jogo foi necessário confeccionar trinta e seis cartas, contendo uma figura de
um lado e uma questão de outro, além de dois dados contendo figuras e cores,
conforme exemplos na figura 1.
Figura 1. Imagem das cartas utilizadas durante as atividades práticas com os alunos. Adaptado do jogo “o coletor”. Fonte: o autor
O jogo foi organizado da seguinte forma: a turma foi dividida em duas
equipes, sendo que cada equipe indicou um representante para ir à frente disputar a
“coleta” dos cartões após o mediador do jogo lançar os dados. A combinação das
faces dos dados (forma e cor) resulta em uma imagem igual a de um dos cartões
sobre a mesa. Após a largada os jogadores procuram a carta representada na mesa.
Aquele que pegou a carta responde ao desafio. Em caso de resposta correta a
equipe pontua. Em caso de resposta incorreta, é dada a oportunidade para a outra
equipe responder.
Na próxima etapa os alunos foram ao laboratório de informática, onde fizeram
uma pesquisa na internet sobre o reino vegetal e os quatro grandes grupos. Nesse
momento tiveram a oportunidade de entrar em contato com uma quantidade enorme
de informações, porém durante a pesquisa foram orientados pelo professor, que
conduziu a atividade para que os mesmos não perdessem o foco da pesquisa.
Em seguida, foi feita uma aula de campo no Viveiro Florestal de Santana do
Instituto Ambiental do Paraná IAP, na colônia Santana em Paulo Frontin, Paraná, de
acordo com as seguintes coordenadas obtidas no Google -26.074417, -50.763680
local este que apresentava representantes dos quatro grupos vegetais.
Como o objetivo era evitar a coleta de material da natureza, os alunos fizeram
o documentário fotográfico dos espécimes, procurando evidenciar as características
do vegetais de modo que possam ser estudados e descritos posteriormente. Após a
aula de campo os alunos criaram apresentações de slides, utilizando as fotos e
descrevendo as características das partes dos vegetais fotografados, suas funções e
também a que grupo pertence cada vegetal, justificando com informações a respeito
destes.
Para fixação do conteúdo, foi realizada ainda outra atividade lúdica (Jogo de
dados e trilhas). Nesse jogo, o aluno lança um dado de seis faces, e o numero que
surgir na face superior deve ser o mesmo a colocado na trilha (Figura 2). Para
continuar na casa, entretanto, ele deve responder a uma questão contida em uma
carta com o número correspondente. Se responder corretamente, ele continua na
casa, caso contrário volta à casa anterior, ou ao início se esse for o caso. As cartas
foram enumeradas em uma face, e possuíam uma questão na outra face (voltada
para baixo durante o jogo).
Figura 2. Imagem do jogo da Trilha utilizada durante as atividades com os alunos envolvidos no projeto. Fonte: o autor
A seguir, os alunos desenvolveram modelos tridimensionais dos vegetais e
suas características (Figuras 3 e 4), utilizando arame e papel crepom. Esse trabalho
foi importante para aguçar o poder de observação dos alunos, e também sua
memória visual. A criatividade também foi fator importante nesse processo, os alunos
usando arames, papel crepom, massas de modelar conseguiram elaborar diversos
moldes de diversos vegetais, inclusive suas partes, como frutos flores e folhas. Com
essa atividade os alunos demonstraram seu conhecimento, o qual em alguns
momentos não foi exposto em palavras, pois estas as vezes não são suficientes ou
lhes faltam.
Figura 3. Representação de uma angiosperma construída pelos alunos utilizando arames, papel celofane, EVA e massa de modelar. Percebem-se a presença de folhas, gemas apicais, flores e frutos. Fonte: o autor
Figura 4. Modelo tridimensional de um pinheiro (Araucaria augustifolia) - representante das gimnospermas - construído pelos alunos participantes do projeto. Fonte: o autor
Por fim, ao final das atividades foi aplicado o questionário de pós-teste, com
finalidade de averiguar o conhecimento adquirido pelos alunos após as atividades
desenvolvidas, embora os mesmos tenham sido acompanhados e avaliados durante
todo o processo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As aulas de campo, com o uso da fotografia proporcionaram aos alunos a
focalização de vegetais inteiros e seus detalhes morfológicos.
A própria complexidade que envolve uma aula de campo, em que os alunos deparam-se com uma quantidade maior de fenômenos quando comparada a uma aula tradicional, pode confundir os alunos na construção dos conceitos e lidar com essa complexidade requer o estabelecimento de objetivos claros e um professor bem preparado. (LOPES e ALLAIN apud SENICIATO E CAVASSAN 2004).
Para tanto, neste estudo, o professor delimitou seus objetivos e estabeleceu
metas, com conhecimento prévio da área visitada, podendo assim discorrer, explicar
e questionar os alunos diante dos elementos em questão presentes em seu habitat
natural, e então os alunos puderam obter fotografias como as das figuras a seguir.
Figura 5. Exemplo de fotografias utilizadas (obtidas pelos próprios alunos) durante as atividades desenvolvidas. Fonte: o autor
Os alunos obtiveram dezenas de fotos que foram sendo observadas e
utilizadas em suas apresentações. Através das fotos que os alunos foram tirando
podemos verificar também o nível de entendimento em relação ao conteúdo. Em
laboratório eles relembraram as explanações do professor a respeito de cada
vegetal, ou cada parte do vegetal.
Os dados obtidos foram analisados buscando-se demonstrar o nível de
conhecimento antes e depois da implementação do projeto. Os gráficos mostram a
média de erros e acertos das questões propostas aos alunos no pré-teste e pós-
teste (Figura 6).
Figura 6. Resultados obtidos durante o pré-teste e pós-teste aplicado aos alunos do 7º ano B do Colégio Estadual do Campo Professor Francisco Gawlouski.
Os gráficos mostraram uma melhora substancial nos conhecimentos
adquiridos pelos alunos após a implementação do projeto. No pré-teste obteve-se
33,5% de acertos, enquanto que no pós-teste o valor foi de 88,7% de acertos. Isso
evidencia que o uso de diferentes metodologias, e diferentes recursos possibilita
uma aprendizagem com os índices ora expostos. Nesse caso as aulas de campo
foram fundamentais, pois de acordo com Joly apud Schwantes (2014), o professor
jamais deverá tentar ensinar Taxonomia sem recorrer às plantas vivas, isto é, à
natureza. Isso permite um contato com as plantas, diferente do proporcionado pelo
livro ou até mesmo pela internet. Durante a aula de campo, com o contato com as
plantas e suas características diante dos alunos, pode-se mostrar in loco todos os
conhecimentos encontrados em livros ou na internet. Desta forma, durante as
atividades, foram sendo apontados e comentados os quatro grandes grupos vegetais
terrestres com suas características morfológicas e fisiológicas. Para Seniciato e
Cavassan (2004), as aulas de campo trazem tranquilidade e conforto, isso devido
aos quatro sentidos, olfato, visão, tato e audição que foram sendo citados pelos
alunos e ainda pelas sensações de descobrir coisas novas. Vários outros fatores se
aliam a estes em uma aula de campo. Ainda de acordo com os autores, talvez o
conforto relacionado ao aprender apontado pelos alunos seja decorrência de uma
satisfação pessoal pela conquista de um novo saber, o que pode ser tema para
novas pesquisas.
PRÉ-TESTE
acertos
erros
PÓS-TESTE
acertos
erros
Ao analisar algumas questões percebeu-se que horam evolução do ponto de
vista quantitativo, representado pelo número de respostas certas, mas também
qualitativo, considerando as questões discursivas e mesmo objetivas. Quando
perguntados no pré-teste a respeito de qual é a função das flores em uma planta,
15% dos alunos responderam: embelezar, 30,7% responderam polinizar e outros
15% responderam transferir pólen. Outros deram diversas respostas de cunho
romântico ou estético. Aos que responderam polinizar ou transferir pólen constatou-
se que já tinham uma noção embora incompleta a respeito da função reprodutiva
das plantas. Estes, no pós-teste deram as seguintes respostas a mesma pergunta:
“A função das flores é para as abelhas obterem o mel e reproduzirem as plantas”.
Neste caso, o aluno conseguiu fazer uma associação entre organismos (planta-
polinizador), envolvendo a ideia de relação ecológica, embora tenha apresentado
dificuldade no momento de expressar a sua ideia. Outra resposta também obtida
para a mesma questão: “função de reprodução e produção de frutos”. Houve uma
nítida melhora em sua concepção, relacionando estrutura e função, embora não
tenha especificado isso em maiores detalhes. Outra resposta obtida foi que “a flor
tem função reprodutiva”. Todos os alunos responderam corretamente, dizendo que a
flor tem função de reprodução nas plantas, mas não explicaram com muitos detalhes
como é a estrutura e o processo. Porém foi deixado de lado a alusão a beleza ou ao
aspecto formoso das flores, que é do senso comum.
Outra questão interessante, objetiva, referiu-se a diferença entre musgos e
samambaias (Tabela 1). No pré-teste 35,7% alunos responderam corretamente
marcando “existência ou não de vasos condutores de seiva”, enquanto 28,57%
marcaram que a diferença está na folha, o que na verdade não significa um erro,
porem não é esse o melhor conceito diferencial. Os demais alunos marcaram as
demais alternativas. No pós-teste mais de 93% marcaram a alternativa referente a
vasos condutores de seiva, o que confirmou a aquisição de um conhecimento
cientifico. Isso mostra que a aula de campo é importante, embora se deva ressaltar
que a mesma sempre deve ser complementada pelas aulas teóricas.
Uma condição comum encontrada foi que no pré-teste as respostas,
normalmente, apresentaram conceitos incompletos ou em nível muito básico para
definir planta, não conseguindo representá-la de forma mais complexa. As respostas
dadas não estavam sempre erradas, porém são vagas e muito generalistas não
apresentando características específicas que representem um vegetal
BITENCOURT (2009).
Quando os alunos foram perguntados a respeito das principais características
das plantas, inicialmente 61,5% das respostas referiam-se a morfologia das plantas,
folhas, galhos, raízes e tronco. Outros 23% responderam que são seres vivos, e
15% não responderam. Já no pós-teste, todos se referiram, não só a parte
morfológica, mas falaram a respeito do fato de serem na sua maioria verdes por
possuírem clorofila e realizarem fotossíntese, e produzirem oxigênio.
Para Santos apud Seniciato e Cavassan (2004), as contribuições da aula de
campo de Ciências e Biologia em um ambiente natural podem ser positivas na
aprendizagem dos conceitos à medida que são um estímulo para os professores,
que vêem uma possibilidade de inovação para seus trabalhos e assim se empenham
mais na orientação dos alunos. Para os alunos é importante que o professor
conheça bem o ambiente a ser visitado e que este ambiente seja limitado, no sentido
espacial e físico, de forma a atender os objetivos da aula. Os autores salientam
ainda que o raciocínio se dá mais facilmente por meio da observação concreta dos
objetos ou dos fenômenos, no caso específico do ensino de Ciências, a
experimentação da realidade torna-se uma ferramenta de indiscutível validade.
Seguindo a análise dos testes, na questão onde se perguntou qual elemento
não se forma nas gimnospermas (Tabela 1), 7% não responderam, mais de 23%
responderam dizendo que não se forma o óvulo, 30% responderam dizendo que não
se forma a semente, e aproximadamente 40% disseram que não se forma o ovário.
Nesse momento, a maioria dos alunos ainda não tinham a ideia do desenvolvimento
do ovário em fruto e do óvulo em semente ou mesmo da função fisiológica do ovário.
No pós-teste, 78,57% responderam que nas gimnospermas não ocorre a existência
de ovário, e 21% indicaram outras respostas. Houve assim, um aumento substâncial
de 40% para 78,56%. Considerando ainda, o pequeno número de alunos na turma,
houve um significativo aumento no nível de conhecimento. Para Seniciato e
Cavassan (2009), alguns alunos poderiam sentir-se desconfortáveis durante as
aulas de campo, alguns por serem mais urbanos, ou simplesmente não gostarem do
ambiente de floresta. Os argumentos são diversos, espinhos, falta de lugar pra
sentar, medo de animais, ou mesmo a falta de costume. Nesse caso explica-se o
fato de alguns não atingirem a plenitude dos conhecimentos oferecidos.
Outro fator discutível trata-se dos jogos, pois estes também tem suas
controvérsias:
ainda acrescenta o valor das reflexões e análises feitas pelo professor após as atividades com jogos para a aprendizagem da Matemática. Se elas não forem feitas: Não se estabelece um resgate das ações desencadeadas no jogo, ou seja, um processo de “leitura”, construção e elaboração de estratégias e “tradução”, explicitação numa linguagem. Trata-se apenas de compreensão e cumprimento das regras, com elaboração informal e espontânea de estratégias, e sem muita contribuição para o processo ensino-aprendizagem... (GRANDO 2000 apud STRAPASON p.24).
Considerando os resultados apresentados nos gráficos, e a análise de
algumas questões evidenciou-se que os resultados foram positivos, porém com
pequenas ressalvas, pois não atingiu-se cem por cento de aproveitamento.
Durante o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados recursos tais como
a fotografia digital que está cada vez mais presente em nossas vidas e na dos
alunos. Aparelhos como máquinas fotográficas digitais, smarth-phones ou celulares
equipados com máquinas fotográficas digitais são objetos que fazem parte do gosto
e cotidiano do aluno. O fato de sua utilização trouxe grande expectativa e
consequente motivação. “O bem-estar sentido pelos alunos durante a aula de campo
também tornou agradável o processo de aprendizagem e é interessante vê-los
justificar o conforto pelo fato de aprenderem novos assuntos” (SENICIATO e
CAVASSAN, 2004). A aula de campo, no ensino de ciências torna-se de grande
relevância especialmente quando se estuda elementos do ecossistema regional, da
localidade em que vivem os alunos. O simples fato de o aluno estar fora do ambiente
de sala de aula, e em contato com o seu objeto de estudo no seu ambiente natural
tornou o aprendizado muito mais amplo, demandando inclusive um preparo especial
por parte do professor. Então a aula de campo aliada a fotografia digital trouxe a
possibilidade de se rever em sala de aula elementos dos vegetais observados in loco
pelos alunos, e por eles também fotografados. Todos esses modos de apresentação
da imagem apontam para a sua principal função, que é “garantir, reforçar, reafirmar e
explicitar nossa relação com o mundo visual: ela desempenha papel de descoberta
do visual” (AUMONT, 2004 apud DA SILVEIRA e ALVES, 2008 p.134).
Os jogos por sua vez, trouxeram um aspecto lúdico aos trabalhos, e foram
utilizados em dois momentos com níveis de conhecimentos exigidos diferentes.
Jogando, o indivíduo se depara com o desejo de vencer que provoca uma sensação
agradável, pois as competições e os desafios são situações que mechem com
nossos impulsos (SILVEIRA, 1998, p.02). Para Da Silveira, Ataíde e Farias Freire
(2009), no processo de criação e execução da abordagem lúdica vislumbramos uma
prática inovadora, uma vez que o aprendizado não se restringe a um ambiente
escolar, podendo tornar-se um momento prazeroso e instigante, permitindo que o
conhecimento científico seja construído de maneira usualmente diferente.
As pesquisas na internet colocaram os alunos num mundo de informações
onde eles deveriam ler e interpretar, porém em meio digital a interação com o
conhecimento e a informação são totalmente diferentes. Com maior dinâmica na
busca de informações de interesse imediato, como por exemplo, termos novos ou
desconhecidos, tornando a pesquisa mais ampla. No entanto a presença e
observação constante do professor são imprescindíveis, assim como uma ampla
pesquisa prévia relativa aos sites para poder monitorar o trabalho dos alunos,
considerando a vastidão da internet. Para Moran (2001), nunca tivemos tanta
informação disponível, tantas tecnologias, mas nunca tivemos também tanta
dificuldade de comunicação. Comunicar significa interagir de verdade, todos nós que
estamos envolvidos no processo.
A construção de modelos tridimensionais com a utilização de arames, papel
crepom, EVA, cola entre outros materiais, possibilitou a demonstração de
conhecimentos adquiridos, através da reprodução destes em modelos construídos.
Essa atividade possibilitou uma interdisciplinaridade com a disciplina de artes, sem a
qual não se obteria sucesso na atividade.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia utilizada foi decisiva para o sucesso da aprendizagem dos
alunos, conforme descrito acima eles tiveram um desempenho bastante
considerável. Obviamente não se atingiu a plenitude dos objetivos, isso se deve a
fatores conhecidos, assim como na aula de campo, que embora proporcione
interesse em todos, alguns não conseguem se inteirar das explicações pela grande
quantidade de informações visuais proporcionadas pelo local da aula. Alguns se
deram muito bem nas atividades lúdicas, porém não conseguiram complementar as
informações ali obtidas.
De forma geral a proposta teve êxito, e ficou evidente nos resultados obtidos
nos testes aplicados. Desta forma, o desenvolvimento deste trabalho cumpriu seu
papel, trouxe inovação e novas metodologias ao alcance dos professores.
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