Texto Mensal da Revista dos Fundos de Investimento | Junho/2016
Os primeiros três meses de 2016. Logo no primeiro dia do mês de junho, o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou suas estimativas
para a variação do PIB brasileiro ao longo dos três primeiros
meses de 2016. O resultado, ainda que novamente negativo,
veio melhor do que boa parte dos analistas esperava e, por si
só, já justificaria uma comparação com o que se esperava no
início do ano em relação à atividade econômica no País.
Contudo, vamos aproveitar a oportunidade para abordar
também o desempenho neste ínterim de outros dois
indicadores econômicos especialmente importantes: o índice
de inflação e a taxa de desemprego.
Neste mesmo espaço em janeiro deste ano, após
apresentarmos uma série de evidências, ressaltávamos que
o cenário econômico externo manteria um ritmo de
crescimento bastante contido, especialmente no caso dos
países emergentes, enquanto as economias mais avançadas
prosseguiriam seu longo e moderado processo de retomada.
Tal qual se previa, o PIB da zona do euro mostrou
crescimento de 1,5% no primeiro trimestre deste ano em
relação ao mesmo período do ano passado, taxa de
crescimento que tem sido mantida ao redor de 1,6% desde o
segundo trimestre de 2015 e que sugere que a economia
europeia tenha mantido o ritmo modesto de crescimento.
Nos Estados Unidos, por sua vez, a segunda estimativa para
o PIB dos três primeiros meses do ano apontou um
crescimento de 0,8% no primeiro trimestre deste ano em
dado anualizado, perante o resultado de 0,6% no mesmo
trimestre de um ano antes, indicando que a economia
americana também continua recuperando-se lentamente.
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Trajetória da taxa de variação do PIB acumulada em quatro trimestres. Fonte: IBGE.
Elaboração: Gerência de Gestão dos Fundos de Investimento do Banrisul.
Já no Brasil, o início do ano estava um tanto conturbado,
afetado por indefinições políticas, incertezas externas e
importantes desafios na seara econômica. As projeções de
mercado, segundo o boletim Focus do Banco Central,
apontavam naquele momento para uma retração de cerca
de 3% do PIB brasileiro em 2016, expectativas que seguiram
piorando e hoje se aproximam de -4%. Os resultados oficiais
para o primeiro trimestre deste ano, recentemente
apresentados pelo IBGE, mostraram retração de 0,3%
perante o trimestre imediatamente anterior, o que
representou queda de 5,4% ante os mesmos três meses do
ano anterior e, no acumulado em quatro trimestres, uma
contração de 4,7% (maior queda da série histórica, iniciada
em 1996). Apesar de levemente melhores do que se
aguardava, estes números confirmam em boa parte as
estimativas negativas para a atividade econômica neste ano.
No que diz respeito ao comportamento dos preços, as
projeções dos analistas entre o final de 2015 e o início deste
ano sugeriam que a inflação mantinha-se resiliente, mesmo
diante do quadro de aumento do desemprego e retração da
economia. Naqueles dias, as previsões já alcançavam o
patamar de quase 7% de elevação do IPCA (IBGE) em 2016.
Embora este já fosse um patamar elevado, os índices de
preços têm se mostrado ainda mais resistentes e,
aparentemente, agora há mais riscos de que a inflação
encerre este ano acima deste nível do que haja uma
surpresa positiva e o IPCA em 2016 fique abaixo dos 7% no
período.
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Comportamento da inflação e de subgrupos analíticos, acumulados em doze meses e
comparados à meta oficial em vigor. Fonte: IBGE. Elaboração: Gerência de Gestão dos Fundos
de Investimento do Banrisul.
Finalmente, sobre o mercado de trabalho, pode-se dizer que
a trajetória de ampliação do desemprego vem sendo
mantida, infelizmente. Com o esgotamento de políticas de
estímulo ao consumo, a abrupta queda no ritmo de
produção na indústria, a redução da oferta de crédito e o
enfraquecimento disseminado da confiança de
consumidores e empresários, o consumo e o investimento
têm caído recorrentemente, levando ao aumento do número
de desempregados na economia brasileira. Esta trajetória,
em nossa visão, somente será revertida se houver um
retorno da estabilidade dos preços, uma redução gradual e
cautelosa da taxa de juros e um ambiente político e
econômico menos incerto nos próximos meses. Se isso
ocorrer, empresários podem voltar a investir e contratar e os
consumidores podem recuperar seus empregos e sua
capacidade de consumir, o que faz com que a economia
volte, aos poucos, a crescer.
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Taxa de desemprego, segundo a Pnad Contínua. Fonte: IBGE. Elaboração: Gerência de
Gestão dos Fundos de Investimento do Banrisul.
Resumo do Mercado Financeiro
A tendência de forte recuo das taxas ocorrida no final do mês de março teve continuidade ao longo do mês de abril, refletindo as
expectativas de arrefecimento dos indicadores de inflação no Brasil e de aproximação de um novo ciclo de redução da taxa Selic.
Este movimento favoreceu os fundos de investimento atrelados a ativos indexados a preços e prefixados, fazendo com que estes
obtivessem uma performance mensal melhor do que aqueles fundos referenciados em CDI.
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Cotações de fechamento dos contratos futuros de juros no último dia de negociação
de março de 2016, no dia 14 de abril e no último dia de negociação do mês de abril
de 2016. Fonte: Gerência de Gestão dos Fundos de Investimentos do Banrisul.
No mercado de ações, o índice Ibovespa seguiu, pelo terceiro mês consecutivo, em alta e encerrou abril com valorização de 7,7%,
aos 53.910 pontos. Entretanto, as dúvidas quanto à velocidade do processo de elevação dos juros nos Estados Unidos, quanto à
sucessão presidencial também nos EUA, as variações nos preços internacionais de commodities e, ainda, fatores internos como a
crise política e fiscal pela qual o País está passando, acabaram dominando as discussões no mercado. Neste sentido, há que se
manter atenção para o risco de um eventual recrudescimento da aversão ao risco global, que poderia gerar uma nova maré de
pessimismo nos mercados emergentes.
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Cotações de fechamento diário do Ibovespa entre o dia 31/03/2016 e o dia
29/04/2016. Fonte: Gerência de Gestão dos Fundos de Investimentos do Banrisul.
Este relatório foi elaborado em 03/06/2016 pela Unidade de Administração de Recursos de Terceiros e é de uso exclusivo de seu destinatário,
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