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Mestrado em Economia e Administração de Empresas 

Gestão de Recursos Humanos 

 

Os recursos humanos como fator de eficiência e de 

competitividade da Universidade do Porto  

 

 

Cláudio Carvalho ‐ n.º mecanográfico 200500442 

 

 

Porto, abril de 2014 

 

 

 

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Declaro que o presente trabalho é da minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso 

ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (excertos, 

ideias, pensamentos, ...) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição e encontram‐se 

devidamente indicadas no texto e na listagem das referências bibliográficas, de acordo com as 

normas de referenciação. 

 

 

 

 

 ____________________________________________ 

Cláudio Daniel da Silva Carvalho    

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Índice 

Resumo .......................................................................................................................................... 5 

Introdução ..................................................................................................................................... 6 

Do paradigma da eficiência e da produtividade ....................................................................... 6 

A ascensão do paradigma da competitividade ......................................................................... 7 

Ensino superior e a associação à competitividade, eficiência e eficácia .................................. 8 

A Universidade do Porto: conceptualização ............................................................................. 9 

Colocação do problema, lacuna e propósito ............................................................................. 9 

Materiais e Métodos ................................................................................................................... 12 

Resultados e Discussão ............................................................................................................... 14 

“Perspetiva universalista” vs. “Perspetiva contingencial” ...................................................... 14 

Estratégia competitiva ............................................................................................................ 14 

Boas e más práticas de GRH existentes .................................................................................. 15 

Consistência externa ............................................................................................................... 17 

Inconsistências internas .......................................................................................................... 18 

Influência da alteração para o paradigma de competitividade e das alterações normativas e 

influência da crise económico‐financeira e social nacional .................................................... 19 

“GRH hard” vs. “GRH soft” ...................................................................................................... 21 

Conclusões .................................................................................................................................. 23 

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 25 

Anexos ......................................................................................................................................... 26 

Anexo  I: Extensão da conceptualização da U.Porto: caracterização específica e  sumária da 

realidade atual e estratégica da Universidade ........................................................................ 26 

Anexo II: Modelo (transversal) de declaração de consentimento a preencher ...................... 29 

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Anexo III: Guião (previsto) da entrevista semi‐estruturada em profundidade ‐ Indivíduo I ... 30 

Anexo IV: Guião (previsto) da entrevista semi‐estruturada em profundidade ‐ Indivíduo II . 37 

Anexo V: Guião da entrevista semi‐estruturada em profundidade ........................................ 44 

Anexo VI: Modelo (transversal) e replicável para os diferentes guiões, para outras questões 

não as previstas inicialmente .................................................................................................. 53 

Anexo VII: Modelo (transversal) e replicável para os diferentes guiões, para notas adicionais 

que eventualmente surgissem ao longo da entrevista ........................................................... 54 

Anexo VIII: Entrevista efetivamente realizada ‐ Indivíduo I .................................................... 55 

Anexo IX: Entrevista efetivamente realizada ‐ Indivíduo II ..................................................... 63 

Anexo X: Entrevista efetivamente realizada ‐ Indivíduo III ..................................................... 72 

Anexo XI: Quadro‐resumo relativo ao ponto “Resultados e Discussão .................................. 85 

 

   

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Resumo 

Este trabalho académico visa estudar os recursos humanos como fator de eficiência e 

de  competitividade  da  Universidade  do  Porto,  focando‐se  nomeadamente  na  estratégia 

competitiva adotada pela Universidade e por uma das suas faculdades e as políticas e práticas 

que  lhe  são  inerentes. Com  este objetivo,  realizaram‐se  entrevistas  em profundidade  semi‐

estruturadas a três  indivíduos com responsabilidades diferenciadas na Universidade: um com 

responsabilidades num órgão de governo da Universidade, outro com responsabilidades ao nível 

de  um órgão de  gestão de uma  faculdade  e um  terceiro  apenas  com  responsabilidades  de 

docência. Ao nível da gestão de recursos humanos da Universidade, verifica‐se que o paradigma 

da  eficiência  coexiste  com  o  da  competitividade,  tendo  a  nova  gestão  pública  uma  forte 

influência, o que parece reforçar o papel da vertente externa sobre a  interna (dos mercados 

sobre  os  recursos).  Assim,  a  estratégia  competitiva  principal  parece  ser  a  da  diferenciação 

qualitativa, não obstante o alinhamento face à faculdade em análise não parecer claro, tal como 

existem  dúvidas  quanto  à  perceção  dos  recursos  humanos  docentes  face  à  estratégia.  A 

consistência externa e inerentes políticas e práticas de gestão de recursos humanos podem ser 

melhores,  sobretudo  se  as  afetações  de  stakeholders  externos  como  as  da  Administração 

Central diminuírem. Tal não desresponsabiliza os stakeholders internos, nomeadamente ao nível 

da gestão universitária, de implementarem políticas e práticas mais alinhadas com a estratégia. 

Sugere‐se, ainda, a atenção para a existência de eventuais  inconsistências  internas e para a 

necessidade de se estudarem aprofundadamente pontos específicos contíguos a esta temática.  

 

 

 

 

 

 

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Introdução   

No âmbito da unidade  curricular de Gestão de Recursos Humanos do Mestrado em 

Economia e Administração de Empresas da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, 

apresenta‐se este documento que consubstancia uma análise sintética e de cariz exploratório 

sobre os  recursos humanos – nomeadamente, o corpo docente1  ‐ da Universidade do Porto 

(doravante, apenas U.Porto) enquanto fator de eficiência e de competitividade da instituição. 

Consequentemente, depois de apresentada uma análise sobre a  literatura vigente2 e sobre o 

estado  atual  da  U.Porto,  seguir‐se‐á  o  estudo  que  suporta  a  nossa  análise  de  cariz 

marcadamente qualitativo.  

Importa  salientar que o autor procurou  seguir alguma  racionalidade e  contenção no 

desenvolvimento  do  trabalho, mas  tal  revelou‐se  impossível,  a  certa  altura,  sem  prejudicar 

francamente a substância do mesmo. Ainda que o autor possa sair prejudicado na avaliação 

académica, esta opção é assumida. 

Do paradigma da eficiência e da produtividade 

A  gestão  moderna  surge  com  Frederick  Taylor  que  promoveu  a  disseminação  do 

conceito de gestão científica do trabalho, focando‐se nas deficiências da gestão, sobretudo ao 

nível das "perdas relacionadas com a ineficiência" (Pina e Cunha et al. 2007:57‐59). Substituindo 

o  paradigma  anterior  da  "melhoria  industrial",  o  taylorismo  realça  quatro  princípios  da 

organização do trabalho, para além do planeamento associado à gestão científica do trabalho3. 

Não obstante, as subsequentes críticas à escola da gestão científica e o surgimento de teorias 

                                                            1 Atendendo à  limitação de caracteres definida, considerou‐se mais útil uma abordagem centrada nos trabalhadores nucleares ou críticos da Universidade (ou ao que seria chamada de "centro operacional" em Mintzberg (2010)). Ainda, assim, poderão existir algumas referências pontuais ao corpo não docente. 2 Esta análise à literatura assinala‐se, desde já, que é bastante superficial, tomando em consideração os pressupostos definidos pelo docente da unidade curricular para o trabalho que aqui se apresenta. 3  Estes  quatro  princípios  são:  (i)  a  separação  entre  a  conceção  e  a  execução;  (ii)  o  controlo  ou monitorização, para garantir que estão a ser seguidos os procedimentos mais adequados para alcançar os resultados e a eficiência previstos; (iii) a preparação, refletindo a importância da instrução para promover a eficiência do trabalho; e (iv) a simplificação e especialização do trabalho, selecionando‐se os melhores trabalhadores para as características específicas do posto de trabalho (Pina e Cunha et al. 2007:59) 

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organizacionais4 que  se  lhe  seguiram de  forma cíclica5, na verdade,  "os princípios da gestão 

«científica» conduziram a uma profunda transformação na gestão das pessoas durante quase 

todo o  século XX"  (Pina  e Cunha  et  al. 2012:68). Algumas das  críticas  apontadas  às  teorias 

clássicas, nomeadamente ao  taylorismo, é precisamente o enfoque no modelo de gestão de 

recursos humanos (GRH) hard, ou seja o maior enfoque nas pessoas como um qualquer outro 

recurso e,  inerentemente, alguns dos pressupostos  sobre a essência humana. Alguns destes 

pressupostos sobre o modelo de comportamento humano concebiam o ser humano como seres 

sobretudo “racionais” e motivados por necessidades económicas e físicas e não atentando para 

vetores como a satisfação no trabalho e necessidades sociais (Stoner e Freeman 1992:26) (i.e. 

dicotomia Homem Económico vs. Homem Económico e Social)6. 

A ascensão do paradigma da competitividade 

Não obstante, o paradigma taylorista (e as demais abordagens clássicas de Ford, Fayol, 

Webber,  por  exemplo)  da  eficiência  e  da  produtividade  "deu  lugar"  ao  paradigma  da 

competitividade, na década de 70, em  consequência do  choque petrolífero de 1973  (Pina e 

Cunha et al. 2012:70) que  resultou em estagflação7. O ambiente político e  socioeconómico, 

consequentemente criado, resultou em práticas de desregulamentação, maior concorrência à 

escola  global,  avanços  tecnológicos  e  novos  estilos  de  vida  que  forçaram  as  empresas  a 

                                                            4 De acordo, com o exposto no capítulo 2 de Pina e Cunha et al. (2007). Destas, destaca‐se a influência da perspetiva das relações humanas (1923‐1955) que influenciou o surgimento do modelo soft da gestão de recursos humanos (Pina e Cunha et al. 2012) ‐ que será referenciado adiante ‐ e que procurou melhorar as condições de trabalho mas com a ênfase na eficiência, ao invés do foco nas questões morais referentes ao paradigma da "melhoria industrial" supra referenciado (Pina e Cunha et al. 2007). 5 Referimo‐nos aqui aos ciclos normativos e racionais. 6 A partir de meados dos anos 80, a função recursos humanos passa‐se a alinhar estrategicamente com a estratégia do negócio, ao invés da conotação tradicional do alinhamento administrativo, sendo gerados dois modelos teóricos denominados como hard (ou modelo de Michigan), com maior foco nas pessoas como um qualquer outro recurso e soft (ou modelo de Harvard), com maior ênfase nas pessoas como pessoas que efetivamente são (Pina e Cunha et al. 2012:73‐74). Esta matéria foi estudada em pormenor durante as aulas de Gestão de Recursos Humanos daí que nos escusamos a detalhar minuciosamente este ponto dada a natureza e limitações normativas estabelecidas para a execução do trabalho. 7 Tal colocou em causa a “escola keynesiana” e promoveu, em consequência, a “ascensão” de escolas associadas ao  liberalismo económico, nomeadamente da Escola Austríaca de Hayek  (Prémio Nobel da Economia em 1974) e, sobretudo, da Escola de Chicago de Milton Friedman (Prémio Nobel da Economia em 1976), que influenciou substantivamente os sistemas governativos de Reagan nos EUA e de Margaret Thatcher no Reino Unido, assim como de outros países. Políticas implementadas nestes países e depois noutros, por efeito de difusão, resultaram num ambiente político e socioeconómico que se abordará de seguida. 

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adaptarem‐se e a prestarem atenção ao ambiente externo para lá do ambiente interno (Pina e 

Cunha et al. 2012:70‐71).  

Por conseguinte, a organização e a sua envolvente passa a envolver não só a organização 

e  os  seus  stakeholders8  internos  (ou  partes  interessadas  internas)  –  i.e.  trabalhadores, 

acionistas9, gestores ou diretores (no caso das Universidades, destacam‐se os diversos órgãos 

de  gestão  existentes  ao  nível  das  próprias  Universidades mas  também  das  suas  unidades 

orgânicas)  ‐, mas  também os  stakeholders  externos  (ou partes  interessadas  externas)  –  i.e. 

clientes,  fornecedores,  Estado,  grupos  de  interesse  como  os  ambientalistas,  órgãos  de 

comunicação social, sindicatos,  instituições financeiras ou a concorrência ‐ e o ambiente com 

ação  indireta  na  organização,  ou  segundo  Pina  e  Cunha  et  al.  (2007:864‐869),  a  chamada 

envolvente  geral  que  consubstancia  os  aspetos  de  natureza  político‐legal,  económica, 

sociocultural e tecnológica mas, também, aspetos como os demográficos e o ambiente físico.  

Com esta envolvente mais volátil a exigir reajustamentos permanentes por parte das 

organizações,  as  estruturas  e  os  processos  tornaram‐se  mais  ágeis,  a  força  de  trabalho 

flexibilizou‐se,  o  contrato  psicológico  entre  trabalhadores  e  a  organização  sofreram 

modificações substanciais e empreenderam‐se alterações na própria função pessoal, passando 

esta a possuir “o negócio como preocupação central e a utilização eficiente e das pessoas como 

objetivo da sua ação quotidiana” (Pina e Cunha et al. 2012:71), numa lógica mais proativa e de 

alcance de objetivos de longo prazo.  

Ensino superior e a associação à competitividade, eficiência e eficácia 

Por  inerência  deste  ambiente  e  considerando  o  setor  que  está  aqui  em  estudo,  é 

importante referir as reformas associadas à Nova Gestão Pública (NGP) que tiveram expressão 

em diversos países, inclusivamente em Portugal, apesar da génese anglo‐saxónica. O presente 

trabalho não permite caracterizar extensivamente esta reforma (ou conjunto de reformas), mas 

                                                            8  Importa  atentar  a  algumas  definições  para  contextualizar  adequadamente  esta matéria.  Stoner  e Freeman (1992:47) define: (i) stakeholders como "grupos ou indivíduos direta ou indiretamente afetados pela  busca  de  uma  organização  pelos  seus  objetivos";  (ii)  stakeholders  internos  como  "grupos  ou indivíduos (...) que não fazem parte estritamente do ambiente de uma organização, mas pelos quais um administrador individual é responsável"; (iii) stakeholders externos como "grupos ou indivíduos de uma organização e que afetam as suas atividades". 9 Não aplicável na realidade particular em estudo das instituições de ensino superior públicas. 

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sinteticamente as  ideias associadas consistem em aplicar mecanismos de mercado a serviços 

públicos ‐ como saúde e educação ‐, abrindo estes e outros setores públicos à concorrência ou 

inclusive privatizando‐os ou concessionando‐os. Tal como assenta os serviços públicos numa 

“lógica” de gestão mais vocacionada pelo controlo  (por auditoria e sistemas de avaliação de 

desempenho),  sendo,  também  comum,  a  externalização  de  funções  (Gabriel  2008:202  e 

Dunleavy et al. 2006).  

Em Portugal e, particularmente, no ensino superior, o regime jurídico das instituições de 

ensino superior (doravante, apenas RJIES), onde consta ‐ a título exemplificativo ‐ a possibilidade 

de  adesão  das  instituições  públicas  de  ensino  superior  a  um  regime  fundacional  de  direito 

privado é, também, demonstrativo da aplicação de princípios associados à NGP. Considerando 

o exposto, os princípios da  competitividade  (sobretudo  face  a outras  instituições de ensino 

superior  (doravante,  IES,  indiferenciadamente na  versão em  singular ou em plural) e,  como 

demonstram Mano e Marques (2012), da eficiência e da eficácia fazem parte do léxico das IES 

nacionais, incluindo da própria U.Porto que é aqui alvo de estudo. 

A Universidade do Porto: conceptualização 

A U.Porto é constituída por catorze faculdades, uma escola de negócios, 51 unidades de 

investigação e desenvolvimento  (I&D), 14 museus e 25 bibliotecas, habitualmente apresenta 

níveis de excelência – qualitativa e quantitativa ‐ na captação de estudantes para o 1º ciclo e 

ciclos  de  estudos  integrados  de  mestrado  e,  na  maioria  dos  rankings  internacionais mais 

conceituados,  aparece  como  a melhor  classificada  à  escala  nacional.  A  caracterização mais 

específica da  realidade  atual  e  estratégica da U.Porto  encontra‐se no Anexo  I:  Extensão da 

conceptualização  da  U.Porto:  caracterização  específica  e  sumária  da  realidade  atual  e 

estratégica da Universidade. 

Colocação do problema, lacuna e propósito   

O  novo  paradigma  de  gestão  focado  da  competitividade  concebe  as  pessoas  como 

“fatores‐chave não imitáveis”, ao contrário dos demais fatores, pelo que a GRH “torna‐se um 

processo estratégico, cuja contribuição é central para os resultados e competitividade [de uma 

organização]”  (Pina  e  Cunha  et  al.  2012:71),  como  parece  ser  corroborado  pela  evidência 

empírica existente. Considerando a natureza contextual e contingencial da gestão e que mais 

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importante que a aplicação de boas práticas é a consistência e integração – interna e externa – 

harmoniosa destas10, procurar‐se‐á descobrir um pouco da perspetiva efetiva da Universidade, 

da sua estratégia e das suas práticas e políticas de gestão recursos humanos.  

Considerando  a  inexistência  de  conhecimento  científico  sobre  o  caso  específico  da 

U.Porto  e  das  subtemáticas  supra  referidas,  procuraremos  estudar,  exploratória  e 

sumariamente, o seguinte: 

A) Ao nível da estratégica competitiva: 

1. Qual a estratégia competitiva assumida pelo vetor estratégico da U.Porto? 

2. Qual a estratégia competitiva assumida pelo vetor estratégico de uma faculdade 

da U.Porto e verificar, consequentemente, se existe um alinhamento entre as 

estratégias da Universidade com a da faculdade? 

3. Qual é a perceção de um recurso humano docente (não afeto a questões do foro 

estratégico  em  órgãos  de  gestão  da  faculdade  ou  da Universidade)  sobre  a 

estratégia competitiva adotada pela faculdade e pela U.Porto? 

A  este  nível  importa  salientar que  considerar‐se‐á  como patamar de  análise  as  três 

estratégias apresentadas por Schuler e Jackon (1987) ‐  i.e. estratégia competitiva baseada na 

redução (ou liderança) de custos, estratégia competitiva baseada na melhoria da qualidade (ou 

diferenciação) qualitativa e estratégia competitiva baseada na inovação – e, ainda, a estratégia 

com  base  nos  recursos  (Boxall  e  Purcell  2007:85‐107).11  Poder‐se‐á,  ainda,  encontrar 

combinações de mais do que um tipo de estratégia como é referido em Schuler e Jackon (1987), 

todavia  "usar  estratégias múltiplas  resulta  num  desafio  em  estimular  e  premiar  diferentes 

                                                            10 Segundo a literatura existente, a contribuição pode ser alcançada por uma perspetiva universalista ou por uma perspetiva contingencial  (não dicotomicamente). A primeira perspetiva está associada a uma boa gestão estratégica de  recursos humanos com base na aplicação de um conjunto de boas práticas existentes,  independentemente  do  contexto,  para  promover  um  melhor  desempenho  laboral  e, consequentemente,  das  organizações;  enquanto,  a  segunda  perspetiva,  que  tem  vindo  a  ganhar importância  nos  últimos  anos,  defende  que  as  práticas  devem  estar  alinhadas  ou  integradas harmoniosamente com o contexto (Pina e Cunha et al. 2012:72, 2012:121‐122), sendo que a integração pode ser interna e externa. Mais uma vez, atalharemos a análise teórica desta matéria pela exposição já desenvolvida ao longo das aulas da unidade curricular. 11 Recorde‐se que em contexto de aulas as primeiras três associadas a Schuler e Jackson (1987) foram englobadas na chamada perspetiva outside‐in e a estratégia baseada nos recursos ou RBV (resource‐based view)  na  perspetiva  inside‐out.  O mesmo  aparece  plasmado  de  alguma  forma  em  (Boxall  e  Purcell 2007:88). 

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11  

comportamentos, enquanto  simultaneamente  se  tenta  gerir  conflitos e  tensões que podem 

surgir  como  consequência"  (Schuler  e  Jackon  1987).  Assinale‐se,  também,  que  usar  uma 

combinação  simultânea  de  estratégias,  nomeadamente  por  liderança  de  custos  e  por 

diferenciação, pode acontecer mas só raramente com sucesso e "tende a ocorrer em mercados 

onde a competição não é forte" (Stewart e Brown 2011:50) 

B) Ao nível da discussão “perspetiva universalista” vs. “perspetiva contingencial” e ao nível 

da integração externa das práticas de GRH com a estratégica competitiva: 

4. Se existe uma estratégia assente numa perspetiva universalista da aplicação das 

“melhores práticas” ou – como esperado ‐ uma perspetiva de cariz contingencial 

da “melhor integração”? 

5. Que  boas  e  más  práticas  (existentes)  de  GRH  são  referidas  pelos 

inquiridos/entrevistados e que sugestões de boas práticas são referenciadas ou 

passíveis de implementação? 

6. Verificar  se  existe  consistência  entre  as  práticas  e  políticas  de  GRH  com  a 

(assumida) estratégia competitiva da organização (nos seus diferentes níveis). 

C) Ao nível do paradigma da competitividade e das recentes alterações normativas: 

7. Numa  perspetiva  de GRH,  que mudanças  foram  suscitadas  pelas  alterações 

jurídico‐legais  inerentes  ao  setor,  nomeadamente  por  via  do  RJIES  e, 

inerentemente,  da  adoção  ao  regime  fundacional?  E,  complementarmente, 

numa  perspetiva  focada  na  GRH,  quais  as  diferentes  visões  sobre  estas 

alterações? 

8. Quais  as diferentes  visões  sobre  a  afetação da  crise  económico‐financeira  e 

social, ao nível da GRH? 

   

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12  

Materiais e Métodos 

O presente  trabalho académico, considerando os objetivos  traçados pelo docente da 

unidade  curricular  e  estando‐lhe  associado  um  caráter  exploratório,  recaiu  numa  análise 

qualitativa  e  com  recurso  a  algumas  variáveis  sociodemográficas  (i.e.  nome,  idade  atual, 

profissão,  tempo  de  docência  e  tempo  em  organismos  de  gestão  universitária)12.  Por 

conseguinte, realizou‐se uma amostragem por conveniência, em que foram selecionadas três 

pessoas para efeitos de desenvolvimento de entrevistas em profundidade semi‐estruturadas:  

um elemento pertencente ao vértice estratégico (i.e. órgão de gestão) de uma 

faculdade da Universidade do Porto (será identificado por “Indivíduo I” e foi a 

primeira entrevista a ser realizada);  

um(a)  docente  da  mesma  faculdade  da  U.Porto  referente  à  faculdade  do 

elemento elencado no ponto anterior (será identificado por “Indivíduo II” e foi 

a segunda entrevista a ser realizada); 

e um  indivíduo pertencente ao vértice estratégico  (i.e. órgão de governo) da 

(Reitoria da) Universidade do Porto  (será identificado por “Indivíduo III” e foi a 

terceira e última entrevista a ser realizada). 

Inicialmente, definiram‐se guiões ‐ em que as questões estavam devidamente alinhadas 

com  a  colocação  do  problema,  lacuna  e  propósito  deste  estudo  ‐  para  cada  uma  das  três 

entrevistas, com questões que  focavam assuntos  similares ou até  iguais – ou  seja, questões 

convergentes ‐ e outras com um  intuito mais direcionado para o grupo a que o  indivíduo em 

causa pertenceria. Os primeiros  indivíduos entrevistados –  i.e. o  indivíduo  I e o  indivíduo  II  ‐ 

foram‐no a 14 de abril de 2014 e o último ‐ i.e. o indivíduo III ‐ a 24 de abril. Considerando que 

as  primeiras  duas  entrevistas  demoraram  menos  tempo  que  os  60  minutos  inicialmente 

previstos  e  atentando  às  respostas  obtidas,  procedeu‐se  à  reformulação  –  em  termos  de 

conteúdo e de tempo previsto ‐ do guião inicial para a entrevista ao indivíduo III. Importa frisar 

que  tais  adaptações  são  procedimentos  naturais  em  estudos  com  análises  qualitativas, 

nomeadamente em que se realizam entrevistas semiestruturadas em profundidade. Dito isto, 

                                                            12  Dado  o  cariz  do  estudo  académico  e  inerente  amostra  muito  reduzida,  não  se  considerou  útil desenvolver uma análise estatística na vertente quantitativa quanto às variáveis sociodemográficas. Num trabalho mais  extenso,  como  uma dissertação,  considera‐se  adequado  como  complemento  à  análise qualitativa. 

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13  

as entrevistas procuraram seguir cada um dos guiões em anexo (vd. respetivamente, nos anexos: 

Anexo III: Guião (previsto) da entrevista semi‐estruturada em profundidade ‐ Indivíduo I, Anexo 

IV: Guião (previsto) da entrevista semi‐estruturada em profundidade ‐ Indivíduo II e Anexo V: 

Guião  da  entrevista  semi‐estruturada  em  profundidade),  ainda  que  de  forma  não  estrita, 

considerando o caráter semiestruturado e em profundidade da análise.13 

A transcrição das entrevistas efetivamente realizadas podem ser consultadas, por sua 

vez, nos anexos: Anexo VIII: Entrevista efetivamente realizada ‐ Indivíduo I, Anexo IX: Entrevista 

efetivamente realizada ‐ Indivíduo II e Anexo X: Entrevista efetivamente realizada ‐ Indivíduo III, 

respetivamente.14 

Os  dados  obtidos  foram  processados  e  codificados  através  de  programas  de 

processamento de texto, sendo que procurou‐se fazer uma interpretação com base nos padrões 

captados e no seu alinhamento (ou não) com a literatura relativa à temática em estudo. 

Quanto ao cronograma, o trabalho seguiu‐se a seguinte calendarização genérica: 

Tarefas/Semanas  10‐16 março 

17‐23 março 

24‐30 março

31 março ‐ 6 abril 

7‐13 abril 

14‐20 abril 

21‐27 abril 

28‐30 abril 

Revisão bibliográfica                        

Desenvolvimento e solidificação da metodologia de investigação 

                  (*)    

Contacto e definição final dos entrevistados 

                      

Realização das entrevistas (período de recolha dos dados) 

                      

Transcrição da entrevista, organização e verificação dos dados 

               

Desenvolvimento da “Discussão e conclusões” 

               

                                                            13 Atente‐se ainda aos modelos para outras questões que não as previstas inicialmente nos guiões e para notas  adicionais  que  eventualmente  surgissem  ao  longo  da  entrevista. Modelos  esses  que  constam, respetivamente, dos anexos Anexo VI: Modelo (transversal) e replicável para os diferentes guiões, para outras questões não  as previstas  inicialmente  e Anexo VII: Modelo  (transversal)  e  replicável para os diferentes guiões, para notas adicionais que eventualmente surgissem ao longo da entrevista. 14  Note‐se  que  as  transcrições  foram  desenvolvidas  de  forma  tão  literal  quanto  possível,  contendo inclusive, genericamente, determinados erros ou repetição de expressões de forma seguida (e.g. “muitos muitos”, “e aí e aí”, etc.) ou, ainda, interjeições ou as chamadas “muletas discursivas”. Considerou‐se que desta forma o espírito do consubstanciado na entrevista é conservado ao máximo. 

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14  

Finalização do trabalho (verificação final) 

                      

(*) Nota: Como referido acima, durante a realização das entrevistas, há necessidade de aperfeiçoar a metodologia de investigação.  Por  exemplo,  adaptar‐se  guiões,  mediante  resultados  entretanto  captados  em  entrevistas antecedentes.  Este  é  um  procedimento  natural  em  análises  qualitativas  e  em  que  se  realizam  entrevistas semiestruturadas em profundidade. 

 Importa  elencar  que  foi  salvaguardado,  por  considerações  éticas,  o  anonimato  dos 

inquiridos, não obstante  terem  sido  registadas a  linguagem e comportamento verbal e não‐

verbal por  intermédio de registo escrito e áudio. Neste sentido, os participantes tiveram que 

assinar uma declaração de consentimento (vd. Anexo II: Modelo (transversal) de declaração de 

consentimento a preencher), que  foi posteriormente  fotocopiada e  remetida a cada um dos 

participantes.  

Resultados e Discussão   

Segue‐se  a  apresentação  de  resultados  e  a  inerente  discussão,  de  acordo  com  a 

colocação  do  problema,  lacuna  e  propósito  deste  estudo  e  de  acordo  com  os materiais  e 

métodos adotados e referidos anteriormente. 

“Perspetiva universalista” vs. “Perspetiva contingencial” 

A este respeito, é salientado na terceira entrevista que a abordagem é contextualista ou 

contingencial  da melhor  integração,  não  obstante  a  importância  dada  à monitorização  das 

"melhores práticas", o que vem na senda do elencado pelo indivíduo II. O indivíduo I não é claro 

a este respeito, remetendo‐se a salientar a existência de condicionalismos de ordem jurídico‐

legal e regulamentar, administrativa, económica e, de uma forma ou de outra, política. Tal é, de 

igual  forma,  partilhado  pelo  indivíduo  III  e  esta  é  uma  tónica  constante  relatada  por  esses 

entrevistados ao longo de cada uma das entrevistas. 

Estratégia competitiva 

O indivíduo III, pertencente ao vértice estratégico da U.Porto, assume claramente que 

existe uma estratégia outside‐in, na vertente da diferenciação qualitativa nos serviços prestados, 

contudo considera que tal não é mutuamente exclusivo face a uma estratégia secundária com 

base nos  recursos. Concomitantemente, a perceção deste  indivíduo é de que a estratégia é 

conhecida pelo corpo docente da Universidade, visto que o "plano estratégico [da Universidade] 

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15  

(…) é aprovado pelos órgãos competentes" e, consequentemente divulgado por via informática 

ou por notícias ou discursos que eventualmente sejam realizados. 

Quanto ao indivíduo pertencente ao vértice estratégico de uma faculdade da U.Porto, 

i.e. o  indivíduo  I, este tem uma maior dificuldade em assumir claramente uma prioridade de 

estratégia competitiva existente na sua faculdade (cf. "parte, essencialmente, nem de fora nem 

de dentro, mas de uma visão clara (…) há uma liderança forte"). Todavia, numa questão que não 

era vocacionada para avaliar a existência de uma determinada estratégia (seja na faculdade em 

causa,  seja  na Universidade),  pode‐se  depreender  que  de  facto  não  existe  grande  foco  na 

estratégia inside‐out na faculdade do indivíduo I (cf. "A Universidade (...) tem que constituir uma 

equipa que, independentemente das qualidades e das competências, tenha uma perspetiva do 

todo e  isso seja possível se todos forem tendo uma visão do todo e  isso passa por uma visão 

estratégica, uma visão de topo.”). Não deixa de se revelar estranheza pelo indivíduo I parecer 

desconsiderar  estrategicamente,  em  certa  medida,  as  qualidades  e  as  competências  dos 

recursos humanos (docentes), focando‐se na liderança de topo mas, alternativamente, parecer 

revelar preocupações com a participação e com o empowerment. Ademais, considerando que a 

estrutura organizacional que está em causa, onde existe uma enorme e intrínseca autonomia e 

autocontrolo por parte dos docentes e, inerente, menor dependência de órgãos de gestão face 

a outras organizações com maior amplitude vertical, como organizações empresariais. Atente‐

se, contudo, que o processo de reflexão estratégico da faculdade relatado pelo indivíduo I revela 

uma grande envolvência de diversos stakeholders externos, como “empresas, empregadores, 

instituições culturais, etc.”. 

O  indivíduo  II, docente universitário, revela todavia desconhecer quer a estratégia da 

Universidade, quer da faculdade onde se insere. Não obstante, acaba por admitir, na vertente 

de  investigação,  que  tem  a  perceção  de  existirem  "estratégias  parcelares"  dos  centros  de 

investigação, ou  seja, existir uma  fragmentação da estratégia. Adicionalmente, defende que 

deveria existir uma combinação de estratégias entre as perspetivas outside‐in e inside‐out. 

Boas e más práticas de GRH existentes 

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16  

Ao nível das práticas existentes, o indivíduo II destaca como boas práticas existentes na 

faculdade: (i) a implementação de apoio financeiro ‐ dito "simbolicamente importante" ‐ na ida 

de docentes a conferências; (ii) melhorias ao nível da distribuição de serviço docente.   

Por sua vez, a  falta de alocação de certos docentes a centros de  investigação é vista 

como uma má prática de GRH. 

Os dois pontos positivos referidos pelo indivíduo II são referenciados pelo indivíduo I e, 

concomitantemente, este faz referência ainda a:  (i) reforma educativa assente num "modelo 

mais perto de Bolonha  [i.e. estudantes mais próximos dos docentes]",  sendo o  trabalho do 

docente  mais  focado  no  acompanhamento  pedagógico,  segundo  o  entrevistado;  (ii)  o 

pagamento de propinas e equiparação a bolseiro aos (poucos) docentes que ainda se encontram 

a realizar doutoramento; (iii) “abertura” institucional para a realização de sabáticas pelo corpo 

docente da faculdade; (iv) permissão da prestação de serviços externos com benefícios para os 

docentes e para a própria faculdade. 

Perante a entrevista ao  indivíduo  III, a segurança  laboral, a partilha de  informação, a 

aposta ou fomento pela Reitoria da U.Porto da formação e desenvolvimento do corpo docente, 

a compressão salarial e a monitorização das práticas são políticas e práticas de GRH adequadas 

e que existem ou são fomentadas. Ao nível da partilha de informação, o indivíduo III remete uma 

vez mais para a partilha por via do sistema informático e para a existência de órgãos de gestão 

e  outros  de  cariz  não  deliberativo  (e.g.  senado  da U.Porto,  CCMEUP,  CCI&D+i  etc.)  onde  a 

informação é debatida e a participação  fomentada. Atente‐se, desde  já, que algumas destas 

práticas são, todavia, fruto do contexto externo, nomeadamente jurídico‐legal e político como 

as  questões  ao  nível  da  segurança  laboral  e  do  foro  salarial.  Segundo  o  indivíduo  III,  o 

recrutamento selecionado (exigente) é algo que não está sob influência direta da Reitoria, pelo 

que depende do  júri,  logo  cada  caso  é um  caso. O  cross‐utilization  é  dito  ser muito  pouco 

realizado e o cross‐training,  tendencialmente, não é  realizado. Segundo a mesma entrevista 

realizada, a formação tem um foco no apoio à atividade docente presentemente exercida. 

Do  lado da  inexistência de práticas adequadas, é destacado pelo  indivíduo  III que as 

progressões automáticas estão “fechadas”, mas ocorrem promoções por concurso, não tendo a 

Reitoria influência direta substantiva no processo. Por afetações, também, externas ‐ segundo 

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17  

o  indivíduo  III  ‐, a  impossibilidade de praticar  salários elevados ou efetuar o pagamento de 

incentivos  é  vista  negativamente,  apesar  da  U.Porto  ser  uma  fundação  pública  de  direito 

privado. Existem grandes diferenças de status mas segundo o indivíduo III é a própria hierarquia 

que não consegue propiciar o  igualitarismo ou controlar as diferenças de status. É tido como 

inerente ao setor ou natural. 

No entender do autor do presente estudo,  importa  realçar que, em boa verdade, as 

práticas por influências ou condicionantes externas, ainda que não sendo práticas efetivas da 

instituição,  podem,  eventual  ou  efetivamente,  ter  um  efeito  catalisador  no  desempenho  e 

motivação dos recursos humanos da Universidade. A ressalva aqui exposta é igualmente válida 

e análoga para condicionantes com efeitos negativos. Dito  isto, também  importa frisar que a 

U.Porto  pode,  segundo  o  autor  deste  estudo,  reforçar  a  vertente  de  empenhamento 

organizacional15,  para  lá  do  exposto  acima,  em  que  a  participação  assenta  em  organismos 

estatutários ou pouco flexíveis ou contrário das estruturas flexíveis – i.e. task‐forces ‐ referidas 

pelo indivíduo I (pertencente ao vértice estratégico de uma faculdade). 

Consistência externa16 

Existe uma grande preocupação dos vértices estratégicos da faculdade em análise, assim 

como  da U.Porto,  com  a  qualidade  e  com  o médio  e  longo  prazo  (cf.  cit.  indivíduo  III:  "A 

prioridade é ser tão bom quanto possível: procurando ser o melhor em Portugal, um dos cem 

melhores da Europa e, em 2020, um dos cem melhores do Mundo") e existem vários grupos de 

trabalho  ou  órgãos  não  deliberativos,  já  referidos,  em  ambos  os  níveis  institucionais  que 

promovem algum trabalho e decisões de forma cooperativa e interdependente. Atentando às 

práticas relatadas no ponto anterior, considera‐se haver, genericamente, a procura de alcançar 

alguma consistência com a estratégia. Não obstante as afetações externas, nomeadamente do 

foro  normativo  e  financeiro,  parecem  prejudicar  a  consistência  e  o  alinhamento  entre  a 

estratégia e a procura das políticas e práticas de GRH mais adequadas. 

                                                            15 Atente‐se, inclusive, que tal vem na senda do referido em Pina e Cunha (2012:87) de que “a promoção do empenhamento organizacional não é um objetivo central à GRH em Portugal”. 16 vd. analogamente como fatores para afetação à consistência externa: "Influência da alteração para o paradigma de competitividade e das alterações normativas" e "Influência da crise económico‐financeira e social nacional". 

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18  

Ainda quanto à consistência externa e de acordo com uma questão taxativa ou direta 

efetuada, o indivíduo III considera que existem inconsistências, naturalmente, entre a estratégia 

da Universidade e nas políticas e práticas concretas, sendo que tal é propiciado pelas "regras 

que estão instituídas" pela tutela e pela intervenção dos Conselhos Científicos e, inerentemente, 

do  júri nos processos de recrutamento. Sugere  inclusive que a forma de conseguir políticas e 

práticas  homogéneas  poderá  ser  através  de  um  "Conselho  Científico  da Universidade".  Em 

suma, este entrevistado sugere que a estratégia e a operacionalização desta através das políticas 

e práticas devem ser da responsabilidade tão só do órgão de gestão principal da Universidade 

(no entender do autor deste artigo, do Conselho de Gestão, do Reitor ou das delegações deste). 

Considerando  o  exposto,  importa  ainda  considerar  que  a  visão  mais  formalista  e 

negativa  sobre  a  autonomia  existente  refletida  pelas  intervenções  do  indivíduo  III  (tal  será 

novamente  referido  novamente,  no  ponto  “GRH  hard”  vs.  “GRH  soft”)  podem  prejudicar  a 

relativa consistência externa existente. Concomitantemente, atentando ao ponto referido na 

introdução  (i.e. ponto A Universidade do Porto: conceptualização e no Anexo  I: Extensão da 

conceptualização  da  U.Porto:  caracterização  específica  e  sumária  da  realidade  atual  e 

estratégica da Universidade) da "falta de práticas de gestão de recursos humanos", tal parece 

reforçar  a  visão  do  autor  deste  estudo  face  à  distância  ainda  existente  face  à  consistência 

externa. 

Inconsistências internas 

Segundo o  indivíduo  III é normal que existam  inconsistências entre  indivíduos numa 

organização com "dois mil docentes", mas considera que tal não será significativo.  

Por sua vez, o indivíduo II, ainda que ressalvando não ter obviamente "uma perspetiva 

para toda a instituição" salienta injustiças ao nível da faculdade, tais como: 

(i) injustiças  na  distribuição  do  serviço  docente  (cf.  "Em  termos  de  horas  letivas.  Por 

exemplo, há docentes aqui que nunca orientaram uma tese, nem de mestrado, nunca 

orientaram,  não  querem  orientar,  não  orientam  e  fazem  isso  deliberadamente.  Em 

contrapartida, alguém tem que as orientar. (matéria não reproduzível por questões de 

confidencialidade) Orientações de teses consome muito tempo, traz muita distração aos 

orientadores e cria as tais iniquidades de que falava há pouco porque uma pessoa está 

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19  

aqui a “queimar as pestanas” e aqui ao lado está alguém que (encolher de ombros). (...) 

Acho que toda a gente devia orientar e não devia haver possibilidade de se esquivar. 

Acho que é uma questão de, dentro da área de cada um, a pessoa devia estar disponível 

e pronto  (hesitação) haver aí  sim haver  indicadores: quantas  teses chegam ao  fim e 

compensar ou ajustar isso em termos de distribuição de serviço docente (fazer refletir 

aí…)."); 

(ii) injustiças  na  "própria  pertença  ou  não  pertença  a  centros  de  investigação",  isto  é, 

considera  ser  injusto  não  haver  docentes  alocados  a  centros  de  investigação  da 

faculdade, mas haver docentes de outras Universidades alocados a esses centros de 

investigação da faculdade (vd. as referências são inúmeras na entrevista constante do 

Anexo IX: Entrevista efetivamente realizada ‐ Indivíduo II). 

São referidas, ainda, tensões entre os diferentes níveis de docência. 

O disposto está alinhado com as tensões relatadas em literatura, referentes às tensões 

entre  a  orientação  burocrática  e  a  orientação  profissional  de  carreiras  de  cariz  científico  e 

académico (Pina e Cunha et al. 2012:591). 

Influência da alteração para o paradigma de competitividade e das alterações normativas e influência da crise económico‐financeira e social nacional 

Transversalmente,  são  apontados  contornos  positivos  da  adoção  de  mecanismos 

inerentes  à  NGP,  nomeadamente  da  aprovação  do  RJIES  e,  fundamentalmente,  das 

potencialidades que surgiram com a passagem da Universidade para o modelo fundacional (i.e. 

fundação pública de direito privado). No que diz respeito à GRH e estritamente associado ao 

modelo  ou  regime  fundacional,  a  possibilidade  de  criação  de  carreiras  docentes  (e  não  só) 

próprias, criando a possibilidade de promover o mérito, a valorização e atribuição de incentivos 

de cariz salarial, assim como a diminuição da burocracia e flexibilidade inerente à contratação. 

Não obstante,  sobretudo como  salientado pelo  indivíduo  III, o  "aproveitamento" do modelo 

fundacional é maior, até ao momento, ao nível da gestão dos recursos humanos não docentes 

do que ao nível dos docentes, ainda que haja margem no  futuro para acreditar em maiores 

potencialidades. Entre as potencialidades, são salientadas as contratações de pessoal docente 

internacional (vd. entrevista a indivíduo I em que este refere que "temos que ter condições de 

conseguir recrutar docentes estrangeiros, os bons docentes‐investigadores estrangeiros (…) se 

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20  

quisermos ser uma Universidade de referência, vamos ter que internacionalizar o nosso corpo 

docente"). Segundo o  individuo III tal, ainda, não tem sido possível por questões de natureza 

salarial (cf. “Ao nível dos Docentes estrangeiros não temos crescido muito… não, porque não é 

atrativo… [A nível salarial?] Pois… (…)”). Esta evidência recolhida está alinhada com algumas das 

vantagens  referidas  na  literatura,  como  a  possibilidade  de  criação  de  carreiras  próprias,  a 

flexibilidade  na  gestão  de  pessoal  (Martins  2012:59),  assim  como  a  redução  da  burocracia, 

possibilitando não só “maior margem de decisão ao nível financeiro [como também ao nível] de 

pessoal” (Mano e Marques 2012). 

Todavia e tal também é referido transversalmente, o contexto de crise e as medidas ao 

nível da tutela, retiraram muitos desses  incentivos, criando  inclusive maior burocracia às  IES, 

particularmente à U.Porto, assim como resultou em perda de rendimentos dos trabalhadores 

(particularmente, docentes) e gestores universitários da U.Porto e das  suas  faculdades. Não 

obstante, na perspetiva do  indivíduo  II  (i.e. o docente universitário em  funções) a perda de 

rendimentos causa  incómodos, mas não o desmotiva pessoalmente  (cf. "portanto não estou 

aqui por causa do salário, não serei melhor professor se ganhar mais; se ganhar mais que os 

colegas,  não  vou  ser melhor  professor;  não me  vou  sentir mais motivado."  (...)  "Agora,  é 

evidente que esses “cortes” todos: cerca de 20 e tal, quase 30% comparativamente a 2010, 2011 

é muito; é quase um terço da massa salarial atual. Em termos de motivação é evidente que isso 

não motiva. Não motiva, mas não desmotiva em si mesmo. É evidente que incomoda."). 

Destaque‐se,  ainda,  as  reservas  levantadas  pelo  indivíduo  II  face  ao  conceito 

intrinsecamente  associado  à NGP  da  entrepreneurial  university,  ainda  que  este  considere  a 

competitividade no setor como algo global e natural (cf. "O empreendedorismo é, que está a 

introduzir‐se no  sentido da entrepreneurial university, a  ideia de que nas Universidades não 

basta ensinar, investigar, é necessário também empreendermos; o académico passar também 

ele a ser um empreendedor. Quer dizer, isso é perigoso. (...) O problema é quando se estende 

este raciocínio para toda a Universidade. A Universidade não é algo de uno, de homogéneo. A 

Universidade é pluralidade; é uma pluralidade de saberes e  impor esse raciocínio (...)  Isso do 

empreendedorismo é revelador de uma centralidade que o mercado tem vindo a ganhar, não 

apenas aqui, a nível da Universidade, mas em termos da sociedade como um todo."). Tendo em 

conta a entrevista ao indivíduo II, importa, ainda, salientar as “pressões” com impacto no corpo 

Page 21: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

21  

docente, advindas de uma maior pressão externa para a publicação científica, nomeadamente 

em quantidade (cf. "sim, pontualmente, percebe‐se que é mais a quantidade que a qualidade"). 

“GRH hard” vs. “GRH soft” 

Importa, também, fazer uma referência à análise da filosofia dominante na Universidade 

e na faculdade em estudo, isto é qual das filosofias ou modelos “GRH hard” ou “GRH soft” tem 

maior  destaque.  Pareceu,  ao  autor  deste  estudo,  adequado  deixar  para  a  secção  final  esta 

matéria, considerando a transversalidade do ponto e atentando às referências já apresentadas 

face às entrevistas realizadas. 

Neste capítulo, considera‐se haver uma mistura de vários conceitos (vd. figura abaixo 

exposta), apesar de que a estruturação organizacional de uma organização universitária deveria 

ser claramente mais tendente para o modelo “GRH soft”, no entender do autor. Porventura, a 

existência de  conceitos  aliados  à  “GRH hard”,  advenha do  contexto económico‐financeiro e 

social atual e da alteração de paradigma no ensino superior com a aplicação de conceitos aliados 

à NGP, referidos introdutoriamente. Dito isto, considera‐se que é necessária uma análise mais 

detalhada sobre os fatores determinantes ou relevantes destes modelos à escala universitária 

(nacional) e sobre qual o modelo mais dominante. 

  Indiciador da preponderância do Modelo GRH hard 

Indiciador da preponderância do Modelo GRH soft 

Faculdade 

em estudo 

‐ cf. cit. indivíduo I: "Acho que deve, 

de facto, haver uma orientação pelos 

resultados” 

‐ cf. cit.  indivíduo  II: “A  ideia de que 

precisamos de estar todos alinhados, 

todos  na  mesma  página,  pode 

parecer muito atrativo, mas pode ser 

muito  muito  prejudicial  (pensativo) 

Nesse terreno aí, não há espaço para 

“Einsteins”.  “Einsteins”  precisam  de 

espaço,  precisam  de  trabalhar  nas 

‐ cf. cit. indivíduo I: "A gestão de topo 

é que tem que estar mais consciente 

para a necessidade dessa  liberdade" 

(i.e.  visão,  pelo  menos 

aparentemente,  mais  respeitadora 

da autonomia e liberdade académica 

e  científica  do  corpo  docente,  por 

exemplo face ao indivíduo III). 

‐ Práticas desenvolvidas no âmbito da 

reflexão  estratégica,  referidas  pelo 

indivíduo I. 

Page 22: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

22  

suas  ideias,  sozinho  e  que  não 

chateiem.” 

  

‐  Boas  práticas  sugeridas  pelos 

indivíduos I e II. 

 

U.Porto  ‐ cf. cit.  indivíduo  II: “A  ideia de que 

precisamos de estar todos alinhados, 

todos  na  mesma  página,  pode 

parecer muito atrativo, mas pode ser 

muito  muito  prejudicial  (pensativo) 

Nesse terreno aí, não há espaço para 

“Einsteins”.  “Einsteins”  precisam  de 

espaço,  precisam  de  trabalhar  nas 

suas  ideias,  sozinho  e  que  não 

chateiem”. 

‐  Visão  mais  formalista  e  negativa 

sobre a autonomia existente refletida 

pelas intervenções do indivíduo III. 

‐  cf.  cit.  indivíduo  III:  "os  recursos 

humanos  são  a  "peça  fundamental" 

da  Universidade,  portanto  recursos 

humanos qualificados e motivados é 

fundamental  para  o  sucesso  e  para 

tal  estratégia  de  qualidade  que  se 

quer para a Universidade". 

 

Finalmente, no Anexo XI: Quadro‐resumo  relativo ao ponto “Resultados e Discussão, 

apresenta‐se um quadro‐resumo em que se sumaria, de forma sistematizada, os resultados e 

consequente discussão aqui plasmada.17 

   

                                                            17 Excetuando‐se a sistematização face ao ponto "Filosofia GRH hard” vs. “Filosofia GRH soft”, visto estar suficientemente sistematizado na tabela apresentada. 

Page 23: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

23  

Conclusões 

Como  se  constata,  o  paradigma  da  eficiência  coabita,  claramente,  com  o  da 

competitividade na realidade da GRH ao nível da U.Porto, estando a NGP associada claramente 

a este último paradigma e com manifestos benefícios segundo os entrevistados, contudo sem 

deixarem  de  existir  algumas  reticências.  Tal  preponderância  da  NGP,  que  foi  claramente 

comprovada pelos entrevistados, parece reforçar o papel da vertente externa (i.e. mercados) 

sobre a interna (i.e. recursos). 

Assume‐se  que  "melhores  práticas"  são  monitorizadas  pelo  vértice  estratégico  da 

Universidade,  sendo  contudo  aplicada uma  abordagem  contingencial da melhor  integração. 

Assim,  ao nível da  estratégia  competitiva pode‐se depreender que  a  estratégia  competitiva 

assumida pelo vetor estratégico da U.Porto está assente numa perspetiva outside‐in, em que a 

estratégia assumida é baseada na diferenciação qualitativa e tal vem em consonância com os 

resultados comparativos, sobretudo,  face às demais  IES nacionais. Não obstante, não parece 

haver um alinhamento claro da estratégia da U.Porto com a da faculdade em análise, apesar de 

haver preocupações comuns, nomeadamente ao nível do horizontal temporal de médio e longo 

prazo.  Concomitantemente,  importará  estudar  aprofundadamente  se  os  recursos  humanos 

docentes  da  U.Porto  estão  preocupados  com  as  questões  estratégicas  assumidas  pela 

Universidade  e  pelas  faculdades  que  integram  e,  principalmente,  se  os  meios  e  fluxos 

comunicacionais adotados para comunicar a estratégia são os mais adequados. 

As decisões de política, na sequência da crise económico‐financeira e social nacional, 

parecem afetar a consistência externa, no entanto, parecem poder ser introduzidas melhorias 

pelos órgãos de governo da U.Porto e de gestão da faculdade em causa e aprofundadas as boas 

práticas  (ditas)  existentes:  i.e.  o  apoio  financeiro  na  ida  de  docentes  a  conferências; 

implementar melhorias  na  distribuição  do  serviço  docente;  proceder  a melhoramentos  nos 

mecanismos de comunicação com a comunidade académica, nomeadamente docente, (para lá 

do mero  uso  do  sistema  informático  da  Universidade)  e  de  participação  ou  de  empenho 

organizacional  (bem  para  lá  da  formalmente  definida  através  de  órgãos  estatutariamente 

definidos); melhor exploração do cross‐utilization; e uma aposta mais aprofundada na formação 

e  desenvolvimento  contínuo;  entre  outras.  Adicionalmente,  talvez  devam  ser  evitadas 

formalizações  e  descaracterizações  da  horizontalidade  organizacional  que  caracterizam  o 

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24  

sistema universitário, isto é que diminuam substantivamente a autonomia e liberdade docente 

e das faculdades e que, inerente, afetem a satisfação e motivação no trabalho. Tal poderá ser 

inclusive  contraproducente  para  com  a  própria  estratégia  traçada  pelos  órgãos  de  governo 

universitários. 

São,  ainda,  retratadas  eventuais  injustiças,  cuja  significância,  à  escala  universitária, 

importa perceber. Adicionalmente,  importa averiguar se efetivamente a perceção do vértice 

estratégico da U.Porto  face a eventuais  inconsistências  internas, nomeadamente  injustiças e 

tensões entre indivíduos, não está distorcida.  

Importa, ainda assim, destacar que: 

(i) seria útil  ter  a oportunidade de estudar, em  futuras oportunidades, o desempenho 

organizacional à luz das práticas consubstanciadas em Pina e Cunha et al. (2007:899‐

902) e confrontando com as informações recolhidas com as entrevistas realizadas; 

(ii) são necessários para  avaliar qual o modelo de  gestão  (hard ou  soft) dominante na 

Universidade. 

   

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25  

Referências bibliográficas 

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Porto. 

U.Porto (2014). Plano de Atividades e Orçamento para 2014. Universidade do Porto. 

   

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Anexos 

Anexo  I: Extensão da conceptualização da U.Porto: caracterização específica e sumária da  realidade atual e estratégica da Universidade 

Quanto  à  vertente  da  formação,  a  U.Porto  apresentava,  à  data  de  2012,  31474 

estudantes  inscritos18  e  no  mesmo  ano  formou  7075  diplomados19  (+2,5%  que  no  ano 

imediatamente anterior) (U.Porto 2014). Também, segundo U.Porto (2014), regista uma taxa de 

desemprego de 12,1% e o tempo médio de espera para obtenção do primeiro emprego foi de 

3,9 meses", segundo inquérito realizado em 2012 aos diplomados de 2010. Na componente da 

investigação, a U.Porto revela os seguintes  indicadores, segundo o seu Plano de Atividades e 

Orçamento  para  2014  (doravante  PAO2014):  participação  em  22,4%  do  total  da  produção 

científica nacional; publicação de 8,5 documentos ISI Web of Science da Thomson Reuters (ISI – 

WoS)  por  doutorado  em  ETI  (equivalente  em  tempo  integral)  (para  o  período  2007‐2011) 

(U.Porto 2014). Na componente do desenvolvimento económico e social, destaca‐se o Parque 

de Ciência  e  Tecnologia  da Universidade, o UPTEC, que  terá  "acolhido  41  novos projetos  e 

totalizando 113 empresas  residentes",  com 911 empregos diretos  criados pelas  spin‐offs da 

U.Porto,  em  2012  (‐17,2%  que  em  2011). A meta  para  2015  é  alcançar  os  1500  postos  de 

trabalho (U.Porto 2014).  

De acordo com U.Porto (2014), quanto aos recursos humanos que serão alvo particular 

da  nossa  atenção  no  presente  estudo,  a U.Porto,  à  data  de  2014,  contava  com  "1854  ETI 

docentes e investigadores e 1.608 ETI não docentes (27% com uma relação jurídica de emprego 

privado),  traduzindo uma  redução de  1,8%  e  2,2%  respetivamente,  face  a  igual período de 

2011". Aproximadamente 81% do corpo docente e investigador tem o doutoramento (+2 p.p. 

que em 2011), sendo a meta para 2015 de 85%. 

Ainda no  seu PAO2014,  a U.Porto  (2014)  transmite que pretende  continuar  a obter 

"melhores níveis de eficiência e de eficácia" em áreas  como a  sustentabilidade ambiental e 

energética,  mas  também:  (i)  na  reorganização  das  unidades  de  I&D;  (ii)  nos  sistemas 

                                                            18 A saber: 30,7% dos estudantes são de 1º ciclo (licenciatura); 40,7% de ciclos de estudos integrados de mestrado;  18,3%  de  2º  ciclo  (mestrado)  e  10,3%  são  estudantes  que  frequentam  o  3º  ciclo (doutoramentos). 19 Dos quais, 5,7% (401) são diplomados de 3º ciclo. 

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27  

informáticos e de  informação; (iii) ao nível dos recursos humanos e da organização, podendo 

ler‐se que "o plano [leia‐se, o PAO2014] traçado pela Universidade é muito exigente em termos 

de execução técnica e financeira, pelo que entendemos que só será possível a sua concretização 

se se verificar um controlo na gestão que valorize a eficiência e a otimização dos recursos". Uma 

outra frase que sumaria a visão institucional da U.Porto e onde está bem patente a preocupação 

com as questões da eficiência é a disposta na mensagem do Reitor da Universidade no PAO2014: 

"Será, pois,  indispensável uma maior unidade e entreajuda para que se obtenham ganhos de 

escala, de eficiência organizativa e de racionalidade económica e, sobretudo, níveis crescentes 

de qualidade em todas as nossas áreas de atuação, essenciais para atingirmos a ambiciosa Visão 

para  2020  ‐  estar  entre  as  100  primeiras  universidades  do mundo  nos  principais  rankings 

internacionais!"  

Ao  nível  da  primeira  versão  do  plano  estratégico  2011‐2015  da  U.Porto  (2011:8), 

destaque‐se que a "falta de práticas de gestão de recursos humanos" é tida como um dos pontos 

fracos da organização e a Universidade propõe‐se a dominar o processo de gestão de recursos 

humanos,  no  sentido  de  "garantir  a  sua  qualidade  contribuindo,  assim,  para  o  prestígio  e 

reconhecimento da U.Porto" (U.Porto 2011:19). No supra plano supra referido destaque‐se a 

menção para a necessidade de "assegurar a plena satisfação dessas pessoas [pessoas, docentes, 

investigadores e não docentes] com as condições que a U.Porto  lhes proporciona para a sua 

realização pessoal e profissional" (U.Porto 2011:24). Finalmente, os princípios da política de GRH 

a desenvolver, segundo U.Porto (2011:24) são: 

a) "Grande exigência em todos os processos de recrutamento de modo a garantir 

que a qualidade seja o critério diferenciador na escolha; 

b) Organização de carreiras de pessoal docente, investigador e não docente mais 

atrativas,  utilizando  a  autonomia  acrescida  na  gestão  de  recursos  humanos 

permitida pelo modelo fundacional; 

c) Avaliação de desempenho como instrumento para melhoria da qualidade e para 

reconhecimento do mérito." 

Relativamente à chamada política de gestão recursos humanos, destaque‐se a atividade referida 

no Plano de Atividades da U.Porto (2014:39): 

Page 28: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

28  

"Consolidar‐se‐á, em 2014, uma política de Recursos Humanos, baseada em critérios 

funcionais e em regras de contratação clara e atempadamente definidas. Continuar‐se‐

á  também  a  promover  a  avaliação  de  desempenho  (docente  e  não  docente)  como 

instrumento  de  reconhecimento  do mérito  e melhoria  da  qualidade,  reforçando  a 

política  de  exigência  ao  nível  da  definição  de  objetivos  e  a  avaliação  da  sua 

concretização. Na continuidade do que foi desenvolvido em 2013, será proposto, com o 

intuito  de  garantir  equidade  e  justiça  entre  os  colaboradores  da  U.Porto,  um 

regulamento único de avaliação de desempenho do pessoal técnico da U.Porto. 

Está igualmente prevista a elaboração do plano de recrutamento de colaboradores não 

docentes  e  do  plano  de  gestão  de  carreiras,  ambos  de  médio  prazo.  Dar‐se‐á 

continuidade  ao  trabalho  de  análise/descrição  de  funções  e  serão  criados  os 

mecanismos  necessários  para  promover  a  mobilidade  interna,  delinear  planos  de 

melhoria de desempenho e desenvolvimento de competências. Assim, tentar‐se‐á dar 

seguimento  à  política  de mobilidade  interna  focalizada  na  adequação  de  perfis  de 

competências  de  colaboradores,  potenciando  o  seu  desenvolvimento  individual  e 

organizacional. 

De  igual  modo,  continuar‐se‐á  a  assegurar  o  levantamento  das  necessidades  de 

formação dos  recursos humanos, no quadro de uma gestão ativa da  formação e do 

desenvolvimento de competências. 

No próximo ano deverá  ser concluído o manual de procedimentos que alimentará o 

sistema  de  gestão  de  processos  e  resumirá  todos  os  procedimentos  do  serviço  de 

recursos humanos e deverá ser apresentada a proposta de regulamentação de bolsas e 

de pessoal investigador da U.Porto. 

Em 2014 será também abordada a questão da saúde ocupacional, procurando‐se uniformizar o 

processo na U.Porto. Será feita uma caraterização e avaliação da situação atual no âmbito da 

prestação de serviços de saúde ocupacional para, posteriormente, propor e  implementar um 

sistema uniforme na U.Porto." 

 

Page 29: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

29  

Anexo II: Modelo (transversal) de declaração de consentimento a preencher 

 

Declaração de consentimento 

No âmbito da unidade  curricular de Gestão de Recursos Humanos do Mestrado em 

Economia e Administração de Empresas da Faculdade de Economia da Universidade do Porto 

(FEP)  pretende‐se  estudar  sinteticamente  os  recursos  humanos  da  Universidade  do  Porto 

enquanto fator de eficiência e de competitividade da instituição. A sua participação neste estudo 

de caráter académico é relevante para o âmbito do trabalho curricular em causa. 

Para que se consiga desenvolver o melhor trabalho possível, captar‐se‐á todas as suas 

intervenções  e  comportamentos,  por  via  escrita  e  por  áudio,  durante  esta  entrevista. 

Assumimos que os dados  recolhidos nesta entrevista de cariz voluntário serão  tratados com 

todo o  respeito pela confidencialidade e salientamos que, consequentemente, os dados não 

serão disponibilizados a  terceiros, nem  serão utilizados para outros  fins que não os de cariz 

académico‐científico. 

A qualquer momento, poderá abandonar voluntariosamente a entrevista. 

Agradecemos, desde já, a sua estimável colaboração. 

 

O Mestrando, 

Cláudio Carvalho 

 

Declaração 

Eu, __________________________________________________________, cidadão/cidadã de 

nacionalidade portuguesa com o n.º de cartão único/bilhete de  identidade ______________, 

declaro ter lido, compreendido e concordado com o exposto e aceito participar voluntariamente 

neste estudo. 

Data: __/__/____ 

_______________________________________________________ 

(Assinatura do participante) 

Page 30: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

30  

Anexo III: Guião (previsto) da entrevista semi‐estruturada em profundidade ‐ Indivíduo I20 

 

Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do 

Porto 

    Guião da entrevista semi‐estruturada em profundidade 

A ler ao inquirido: 

No âmbito do Mestrado em Economia e Administração de Empresas da Faculdade de 

Economia  da  Universidade  do  Porto  (FEP)  pretende‐se  estudar  sinteticamente  os  recursos 

humanos da Universidade do Porto, nomeadamente o seu corpo docente, enquanto fator de 

eficiência e de competitividade da instituição.  

A sua participação neste estudo de caráter académico é  relevante para o âmbito do 

trabalho curricular em causa. 

Prevê‐se que esta entrevista dure sensivelmente 60 minutos. Importa ainda referir que, 

como já informamos, estará salvaguardada toda a informação que seja produzida no decorrer 

desta entrevista e, a qualquer momento, poderá abandonar voluntariosamente a mesma. 

Qualquer dúvida que tenha disponha sempre que assim o entender. 

Agradecemos, uma vez mais, a sua estimada colaboração. 

 

O Mestrando, 

Cláudio Carvalho 

 

 

   

                                                            20  Foram  encurtados,  deliberadamente,  os  caracteres  e  tamanho  dos  campos  do  guião  para  limitar número de páginas do trabalho aqui exposto. 

Page 31: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

31  

Entrevista n.º ____ 

Data do questionário: __/__/____ 

 

Nome: _____ 

Idade atual: _____ 

 

Profissão: _____________________________________________________________________ 

Tempo de docência: _____ 

Tempo em organismos de gestão universitária: _____ 

 

Caracterização do ambiente da entrevista:  

Local da entrevista   

Estado das instalações (1 – muito más a 5 – muito 

boas)  

Ambiente sonoro durante a entrevista (1 – ambiente muito perturbador a 5 – ambiente muito tranquilo) 

 

Interrupções ou demais perturbações durante a entrevista (1 – muitas/sistemáticas a 5 – nenhuma) 

 

Presenças de pessoas externas à entrevista? Sim/Não? Quantas? 

 

Caracterização  do  entrevistado  (Arrogante;  Altivo; Falador; Cooperativo; Nervoso; Tímido; etc.)

 

Caracterização do entrevistado (Vestido formalmente; Vestido semi‐formalmente; Vestido informalmente) 

 

Duração efetiva da entrevista   

Outras notas/informações   

 

   

Page 32: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

32  

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

1. Como caracterizaria, sumariamente, a estratégia competitiva da faculdade e da 

Universidade?  7,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva.  

Palavras‐chave de resposta  Estratégia competitiva de liderança por custos. Estratégia competitiva 

por diferenciação qualitativa. Estratégia por inovação. Estratégia 

baseada nos recursos. 

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐ Considera que é uma estratégia que parte do mercado e busca a adaptação ao ambiente (estratégia outside‐in) ou que é uma estratégia que parte dos recursos ‐ nomeadamente, das capacidades e competências distintivas dos recursos humanos ‐ e da inerente adaptação do ambiente (estratégia inside‐out)? 

‐ Considera haver um alinhamento estratégico entre ambas (i.e. entre a estratégia da faculdade e da U.Porto) ou vê diferenças? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

2. Considera que ao nível das políticas e práticas de gestão de recursos humanos, a 

faculdade "importa" as melhores práticas do setor ou procura adotar as práticas mais 

adequadas ao contexto onde se insere? 

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Abordagem universalista das “melhores práticas” vs. Abordagem 

contingencial da “melhor integração” 

Palavras‐chave de resposta  Melhores Práticas. Contexto. Contingência. 

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Page 33: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

33  

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

3. Que práticas e políticas de gestão de recursos humanos existentes na faculdade 

destaca (positiva e negativamente)? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Práticas e políticas de GRH. "Filosofia GRH hard vs. GRH soft". Gestão 

Operacional de RH. 

Palavras‐chave de resposta  Sistema de avaliação de desempenho. Compensação. Segurança no 

trabalho. Recrutamento. Seleção. Retenção. Salários elevados. 

Compressão salarial. Incentivos financeiros. Partilha de informação. 

Participação. Empowerment. Responsabilização. Liberdade. Inovação. 

Job redesign/teams. Formação. Desenvolvimento. Cross‐utilization. 

Cross‐training. Igualitarismo simbólico. Status. Promoção Interna. 

Monitorização de políticas e práticas. Perspetiva de horizonte temporal. 

Filosofia da organização.  

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

4. Considera que essas práticas e políticas estão integradas, de forma consistente, com 

a estratégia competitiva da organização? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Perspetiva contingencial. Gestão estratégica. Integração Externa.  

Palavras‐chave de resposta  Sistema de avaliação de desempenho. Compensação. Segurança no 

trabalho. Recrutamento. Seleção. Retenção. Salários elevados. 

Compressão salarial. Incentivos financeiros. Partilha de informação. 

Participação. Empowerment. Responsabilização. Liberdade. Inovação. 

Job redesign/teams. Formação. Desenvolvimento. Cross‐utilization. 

Cross‐training. Igualitarismo simbólico. Status. Promoção Interna. 

Monitorização de políticas e práticas. Perspetiva de horizonte temporal. 

Filosofia da organização.  

Page 34: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

34  

Eventuais questões para 

aprofundamento ‐ Se não: que inconsistências encontra? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

5. Consegue encontrar inconsistências ao nível da integração interna (isto é, 

inconsistências ao nível individual e/ou iniquidade entre indivíduos e/ou 

inconsistências temporais)? 

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Perspetiva contingencial. Gestão estratégica. Integração Interna. 

Palavras‐chave de resposta  Consistência individual. Combinações mortais. Consistência entre 

indivíduos. Iniquidade. Perceções de injustiça distributiva. Consistência 

temporal. Organizações “viciadas” em mudança. Perceções de injustiça 

procedimental. Modelos de segmentação interna. Modelo da firma 

flexível de Atkinson. Modelo de Lepak e Snell. 

Eventuais questões para 

aprofundamento ‐ Existe segmentação interna das políticas ou práticas de GRH relativamente aos próprios docentes? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

6. Considera que atualmente existem diferenças significativas na gestão de recursos 

humanos da Universidade ou da faculdade, face ao período antes da passagem a 

fundação pública de direito privado ou da aprovação do RJIES? Consegue enumerar 

essas diferenças? 

7,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. Afetações do ambiente 

externo: contexto político‐legal/normativo. 

Palavras‐chave de resposta  Nova Gestão Pública. RJIES. Modelo fundacional. 

Page 35: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

35  

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐ A Faculdade tirou, efetivamente, partido da maior autonomia e flexibilidade na gestão de recursos humanos proporcionada pelo modelo fundacional? 

‐ De que forma, estas alterações foram importantes para a competitividade da U.Porto ou da faculdade? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

7. De que forma a atual crise económico‐financeira nacional afetou a gestão de recursos 

humanos? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. Afetações do ambiente 

externo: contexto económico e político‐legal/normativo. 

Palavras‐chave de resposta  Nova Gestão Pública. RJIES. Modelo fundacional. Financiamento. Crise. 

Lei dos Compromissos. Constrangimentos na autonomia. Reavaliação 

do modelo fundacional. 

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

8. O que pode ser mudado, ao nível do corpo docente, para tornar a faculdade e a 

U.Porto mais competitivas? 7,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. 

Palavras‐chave de resposta  Autonomia. Formalização. Regulamento orgânico. Reestruturação da 

U.Porto. Carreira. Salários. Seleção. Recrutamento. Retenção. Sistema 

de avaliação de desempenho. Compensação. Gestão Operacional de 

RH. 

Page 36: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

36  

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

9. Ao nível da gestão de recursos humanos no ensino superior, considera que a 

autonomia do corpo docente possibilita que "certos profissionais ignorem as 

necessidades reais dos seus clientes" assim como as "necessidades da [própria] 

organização" (cf. "Mintzberg, Henry. Estrutura e Dinâmica das Organizações. D. 

Quixote. p. 404.") 

7,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Estruturação organizacional.  

Palavras‐chave de resposta  Autonomia. Formalização. Regulamento orgânico. Reestruturação da 

U.Porto.  

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐ Ao nível da gestão de recursos humanos no ensino superior, nomeadamente do corpo docente, que outras ameaças considera que podem afetar a competitividade da faculdade ou Universidade? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

10. Considera pertinente acrescentar algo que eu não tenha questionado ou que não 

tenha referenciado, ao longo desta entrevista? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo   

Palavras‐chave de resposta   

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

   

Page 37: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

37  

Anexo IV: Guião (previsto) da entrevista semi‐estruturada em profundidade ‐ Indivíduo II21 

 

Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do 

Porto 

    Guião da entrevista semi‐estruturada em profundidade 

A ler ao inquirido: 

No âmbito do Mestrado em Economia e Administração de Empresas da Faculdade de 

Economia  da  Universidade  do  Porto  (FEP)  pretende‐se  estudar  sinteticamente  os  recursos 

humanos da Universidade do Porto, nomeadamente o seu corpo docente, enquanto fator de 

eficiência e de competitividade da instituição.  

A sua participação neste estudo de caráter académico é  relevante para o âmbito do 

trabalho curricular em causa. 

Prevê‐se que esta entrevista dure sensivelmente 60 minutos. Importa ainda referir que, 

como já informamos, estará salvaguardada toda a informação que seja produzida no decorrer 

desta entrevista e, a qualquer momento, poderá abandonar voluntariosamente a mesma. 

Qualquer dúvida que tenha disponha sempre que assim o entender. 

Agradecemos, uma vez mais, a sua estimada colaboração. 

 

O Mestrando, 

Cláudio Carvalho 

 

 

   

                                                            21  Foram  encurtados,  deliberadamente,  os  caracteres  e  tamanho  dos  campos  do  guião  para  limitar número de páginas do trabalho aqui exposto. 

Page 38: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

38  

Entrevista n.º ____ 

Data do questionário: __/__/____ 

 

Nome: _____ 

Idade atual: _____ 

 

 

Profissão: _____________________________________________________________________ 

Tempo de docência: _____ 

Tempo em organismos de gestão universitária: _____ 

 

Caracterização do ambiente da entrevista:  

Local da entrevista   

Estado das instalações (1 – muito más a 5 – muito 

boas)  

Ambiente sonoro durante a entrevista (1 – ambiente muito perturbador a 5 – ambiente muito tranquilo) 

 

Interrupções ou demais perturbações durante a entrevista (1 – muitas/sistemáticas a 5 – nenhuma) 

 

Presenças de pessoas externas à entrevista? Sim/Não? Quantas? 

 

Caracterização  do  entrevistado  (Arrogante;  Altivo; Falador; Cooperativo; Nervoso; Tímido; etc.)

 

Caracterização do entrevistado (Vestido formalmente; Vestido semi‐formalmente; Vestido informalmente) 

 

Duração efetiva da entrevista   

Outras notas/informações   

 

   

Page 39: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

39  

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

1. Conhece a estratégia competitiva ou as estratégias competitivas da faculdade e da 

U.Porto? Se sim, qual é a sua opinião sobre as mesmas? 7,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva.  

Palavras‐chave de resposta  Estratégia competitiva de liderança por custos. Estratégia competitiva 

por diferenciação qualitativa. Estratégia por inovação. Estratégia 

baseada nos recursos. 

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐ Considera que é uma estratégia que parte do mercado e busca a adaptação ao ambiente (estratégia outside‐in) ou que é uma estratégia que parte dos recursos ‐ nomeadamente, das capacidades e competências distintivas dos recursos humanos ‐ e da inerente adaptação do ambiente (estratégia inside‐out)? 

 ‐ Considera haver um alinhamento estratégico entre ambas (i.e. entre a estratégia da faculdade e da U.Porto) ou vê diferenças? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

2. Considera que ao nível das políticas e práticas de gestão de recursos humanos, a 

faculdade e a Universidade "importam" as melhores práticas do setor ou procuram 

adotar as práticas mais adequadas ao contexto onde se inserem? 

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Abordagem universalista das “melhores práticas” vs. Abordagem 

contingencial da “melhor integração” 

Palavras‐chave de resposta  Melhores Práticas. Contexto. Contingência. 

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Page 40: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

40  

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

3. Que práticas e políticas de gestão de recursos humanos existentes na faculdade 

destaca (positiva e negativamente)? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Práticas e políticas de GRH. "Filosofia GRH hard vs. GRH soft". Gestão 

Operacional de RH. 

Palavras‐chave de resposta  Sistema de avaliação de desempenho. Compensação. Segurança no 

trabalho. Recrutamento. Seleção. Retenção. Salários elevados. 

Compressão salarial. Incentivos financeiros. Partilha de informação. 

Participação. Empowerment. Responsabilização. Liberdade. Inovação. 

Job redesign/teams. Formação. Desenvolvimento. Cross‐utilization. 

Cross‐training. Igualitarismo simbólico. Status. Promoção Interna. 

Monitorização de políticas e práticas. Perspetiva de horizonte temporal. 

Filosofia da organização.  

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

4. Considera que essas práticas e políticas estão integradas, de forma consistente, com 

a estratégia competitiva da organização? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Perspetiva contingencial. Gestão estratégica. Integração Externa.  

Palavras‐chave de resposta  Sistema de avaliação de desempenho. Compensação. Segurança no 

trabalho. Recrutamento. Seleção. Retenção. Salários elevados. 

Compressão salarial. Incentivos financeiros. Partilha de informação. 

Participação. Empowerment. Responsabilização. Liberdade. Inovação. 

Job redesign/teams. Formação. Desenvolvimento. Cross‐utilization. 

Cross‐training. Igualitarismo simbólico. Status. Promoção Interna. 

Monitorização de políticas e práticas. Perspetiva de horizonte temporal. 

Filosofia da organização.  

Page 41: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

41  

Eventuais questões para 

aprofundamento ‐ Se não: que inconsistências encontra? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

5. Consegue encontrar inconsistências ao nível da integração interna (isto é, 

inconsistências ao nível individual e/ou iniquidade entre indivíduos e/ou 

inconsistências temporais)? 

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Perspetiva contingencial. Gestão estratégica. Integração Interna. 

Palavras‐chave de resposta  Consistência individual. Combinações mortais. Consistência entre 

indivíduos. Iniquidade. Perceções de injustiça distributiva. Consistência 

temporal. Organizações “viciadas” em mudança. Perceções de injustiça 

procedimental. Modelos de segmentação interna. Modelo da firma 

flexível de Atkinson. Modelo de Lepak e Snell. 

Eventuais questões para 

aprofundamento ‐ Existe segmentação interna das políticas ou práticas de GRH relativamente aos próprios docentes? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

6. Considera que atualmente existem diferenças significativas na gestão de recursos 

humanos da Universidade ou da faculdade, face ao período antes da passagem a 

fundação pública de direito privado ou da aprovação do RJIES? Consegue enumerar 

essas diferenças? 

7,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. Afetações do ambiente 

externo: contexto político‐legal/normativo. 

Palavras‐chave de resposta  Nova Gestão Pública. RJIES. Modelo fundacional. 

Page 42: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

42  

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐ A Faculdade tirou, efetivamente, partido da maior autonomia e flexibilidade na gestão de recursos humanos proporcionada pelo modelo fundacional? 

‐ De que forma, estas alterações foram importantes para a competitividade da U.Porto ou da faculdade? 

‐ Constata tensões fruto do novo normativo? Pode descrevê‐las? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

7. De que forma a atual crise económico‐financeira nacional afetou a gestão de recursos 

humanos? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. Afetações do ambiente 

externo: contexto económico e político‐legal/normativo. 

Palavras‐chave de resposta  Nova Gestão Pública. RJIES. Modelo fundacional. Financiamento. Crise. 

Lei dos Compromissos. Constrangimentos na autonomia. Reavaliação 

do modelo fundacional. 

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

8. O que pode ser mudado, ao nível do corpo docente, para tornar a faculdade e a 

U.Porto mais competitivas? 7,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. 

Palavras‐chave de resposta  Autonomia. Formalização. Regulamento orgânico. Reestruturação da 

U.Porto. Carreira. Salários. Seleção. Recrutamento. Retenção. Sistema 

de avaliação de desempenho. Compensação. Gestão Operacional de 

RH. 

Page 43: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

43  

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

9. Ao nível da gestão de recursos humanos no ensino superior, nomeadamente do 

corpo docente, que ameaças considera que podem afetar a competitividade da 

faculdade ou Universidade? 

7,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Estruturação organizacional.  

Palavras‐chave de resposta  Autonomia. Formalização. Regulamento orgânico. Reestruturação da 

U.Porto.  

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐ Considera que a autonomia do corpo docente possibilita que "certos profissionais ignorem as necessidades reais dos seus clientes" assim como as "necessidades da [própria] organização" (cf. "Mintzberg, Henry. Estrutura e Dinâmica das Organizações. D. Quixote. p. 404.") 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

10. Considera pertinente acrescentar algo que eu não tenha questionado ou que não 

tenha referenciado, ao longo desta entrevista? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo   

Palavras‐chave de resposta   

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

   

Page 44: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

44  

Anexo V: Guião da entrevista semi‐estruturada em profundidade22  

 

Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do 

Porto 

    Guião da entrevista semi‐estruturada em profundidade 

A ler ao inquirido: 

No âmbito do Mestrado em Economia e Administração de Empresas da Faculdade de 

Economia  da  Universidade  do  Porto  (FEP)  pretende‐se  estudar  sinteticamente  os  recursos 

humanos da Universidade do Porto, nomeadamente o seu corpo docente, enquanto fator de 

eficiência e de competitividade da instituição.  

A sua participação neste estudo de caráter académico é  relevante para o âmbito do 

trabalho curricular em causa. 

Prevê‐se que esta entrevista dure sensivelmente 55 minutos. Importa ainda referir que, 

como  já  informamos, estará salvaguardada  toda a confidencialidade da  informação que  seja 

produzida  no  decorrer  desta  entrevista  e,  a  qualquer  momento,  poderá  abandonar 

voluntariosamente a mesma. 

Qualquer dúvida que tenha disponha sempre que assim entender. 

Agradecemos, uma vez mais, a sua estimada colaboração. 

 

O Mestrando, 

Cláudio Carvalho 

 

 

   

                                                            22  Foram  encurtados,  deliberadamente,  os  caracteres  e  tamanho  dos  campos  do  guião  para  limitar número de páginas do trabalho aqui exposto. 

Page 45: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

45  

Entrevista n.º ____ 

Data do questionário: __/__/____ 

 

Nome: _____ 

Idade atual: _____ 

 

Profissão: _____________________________________________________________________ 

Tempo de docência: _____ 

Tempo em organismos de gestão universitária: _____ 

 

Caracterização do ambiente da entrevista:  

Local da entrevista   

Estado das instalações (1 – muito más a 5 – muito 

boas)  

Ambiente sonoro durante a entrevista (1 – ambiente muito perturbador a 5 – ambiente muito tranquilo) 

 

Interrupções ou demais perturbações durante a entrevista (1 – muitas/sistemáticas a 5 – nenhuma) 

 

Presenças de pessoas externas à entrevista? Sim/Não? Quantas? 

 

Caracterização  do  entrevistado  (Arrogante;  Altivo; Falador; Cooperativo; Nervoso; Tímido; etc.)

 

Caracterização do entrevistado (Vestido formalmente; Vestido semi‐formalmente; Vestido informalmente) 

 

Duração efetiva da entrevista   

Outras notas/informações   

 

   

Page 46: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

46  

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

1. Como caracterizaria, sumariamente, a estratégia competitiva da Universidade? Isto é, 

entre as estratégias que irei referir, qual considera a estratégia que mais se adapta à 

Universidade e às suas faculdades? 

1ª) Estratégia competitiva de liderança por custos.  

2ª) Estratégia competitiva por diferenciação qualitativa. 

3ª) Estratégia por inovação. 

4ª) Estratégia baseada nos recursos. 

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva.  

Palavras‐chave de resposta  Estratégia competitiva de liderança por custos. Estratégia competitiva 

por diferenciação qualitativa. Estratégia por inovação. Estratégia 

baseada nos recursos. 

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐Considera que é uma estratégia que parte do mercado e busca a adaptação ao ambiente (estratégia outside‐in) ou que é uma estratégia que parte dos recursos ‐ nomeadamente, das capacidades e competências distintivas dos recursos humanos ‐ e da inerente adaptação do ambiente (estratégia inside‐out)? ‐ Considera haver um alinhamento estratégico entre ambas (i.e. entre a estratégia das faculdades e da U.Porto) ou vê diferenças substantivas? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

2. Considera que o corpo docente conhece a estratégia competitiva da U.Porto?  2,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo   

Palavras‐chave de resposta   

Eventuais questões para 

aprofundamento ‐ Que mecanismos foram utilizados para dar a conhecer essa estratégia?

 

Page 47: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

47  

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

3. Em que medida a estratégia da U.Porto está dependente dos recursos humanos?  2,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo   

Palavras‐chave de resposta   

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

4. Ao nível da gestão de recursos humanos no ensino superior, considera que a 

autonomia do corpo docente possibilita que "certos profissionais ignorem as 

necessidades reais dos seus clientes" assim como as "necessidades da [própria] 

organização" (cf. "Mintzberg, Henry. Estrutura e Dinâmica das Organizações. D. 

Quixote. p. 404."). Em suma, considera que a autonomia do corpo docente e 

envolvimento ao nível da gestão administrativa, em parte, condiciona a aplicação de 

uma estratégia competitiva “mais audaz” à escala Universitária? 

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Estruturação organizacional.  

Palavras‐chave de resposta  Autonomia. Formalização. Regulamento orgânico. Reestruturação da 

U.Porto.  

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐ Ao nível da gestão de recursos humanos no ensino superior, nomeadamente do corpo docente, que outras ameaças considera que podem afetar a competitividade da faculdade ou Universidade? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

Page 48: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

48  

5. Considera que ao nível das políticas e práticas de gestão de recursos humanos, a 

Universidade "importa" as melhores práticas do setor ou procura adotar as práticas 

mais adequadas ao contexto onde se insere? 

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Abordagem universalista das “melhores práticas” vs. Abordagem 

contingencial da “melhor integração” 

Palavras‐chave de resposta  Melhores Práticas. Contexto. Contingência. 

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

6. Que práticas e políticas de gestão de recursos humanos existentes na Universidade 

destaca (positiva e negativamente)? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Práticas e políticas de GRH. "Filosofia GRH hard vs. GRH soft". Gestão 

Operacional de RH. 

Palavras‐chave de resposta  Sistema de avaliação de desempenho. Compensação. Segurança no 

trabalho. Recrutamento. Seleção. Retenção. Salários elevados. 

Compressão salarial. Incentivos financeiros. Partilha de informação. 

Participação. Empowerment. Responsabilização. Liberdade. Inovação. 

Job redesign/teams. Formação. Desenvolvimento. Cross‐utilization. 

Cross‐training. Igualitarismo simbólico. Status. Promoção Interna. 

Monitorização de políticas e práticas. Perspetiva de horizonte temporal. 

Filosofia da organização.  

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

Page 49: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

49  

7. Considera que essas práticas e políticas estão integradas, de forma consistente, com 

a estratégia competitiva da organização? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Perspetiva contingencial. Gestão estratégica. Integração Externa.  

Palavras‐chave de resposta  Sistema de avaliação de desempenho. Compensação. Segurança no 

trabalho. Recrutamento. Seleção. Retenção. Salários elevados. 

Compressão salarial. Incentivos financeiros. Partilha de informação. 

Participação. Empowerment. Responsabilização. Liberdade. Inovação. 

Job redesign/teams. Formação. Desenvolvimento. Cross‐utilization. 

Cross‐training. Igualitarismo simbólico. Status. Promoção Interna. 

Monitorização de políticas e práticas. Perspetiva de horizonte temporal. 

Filosofia da organização.  

Eventuais questões para 

aprofundamento ‐ Se não: que inconsistências encontra? 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

8. Considera que atualmente existem diferenças significativas na gestão de recursos 

humanos da Universidade, face ao período antes da passagem a fundação pública de 

direito privado ou, por exemplo, face ao período prévio à aprovação do RJIES? 

Consegue enumerar essas diferenças? 

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. Afetações do ambiente 

externo: contexto político‐legal/normativo. 

Palavras‐chave de resposta  Nova Gestão Pública. RJIES. Modelo fundacional. 

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐ A Universidade tirou, efetivamente, partido da maior autonomia e flexibilidade na gestão de recursos humanos proporcionada pelo modelo fundacional? 

‐ De que forma, estas alterações foram importantes para a competitividade da U.Porto? 

 

Page 50: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

50  

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

9. No plano de atividades e orçamento da Universidade do Porto para 2014 está 

plasmada a necessidade de ser mais exigente no processo de recrutamento e seleção. 

Perante a envolvente externa mais competitiva, como é promovida a retenção do corpo 

docente na Universidade?  

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. Afetações do ambiente 

externo: contexto económico e político‐legal/normativo. Gestão 

Operacional de RH. 

Palavras‐chave de resposta  Autonomia. Formalização. Reestruturação da U.Porto. Carreira. Salários. 

Seleção. Recrutamento. Retenção. Sistema de avaliação de 

desempenho. Compensação. Gestão Operacional de RH. Carreira. 

Salários. Seleção. Recrutamento. Retenção. Sistema de avaliação de 

desempenho. Compensação. Gestão Operacional de RH. 

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

10. De que forma a atual crise económico‐financeira nacional afetou a gestão de 

recursos humanos? 5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. Afetações do ambiente 

externo: contexto económico e político‐legal/normativo. 

Palavras‐chave de resposta  Nova Gestão Pública. RJIES. Modelo fundacional. Financiamento. Crise. 

Lei dos Compromissos. Constrangimentos na autonomia. Reavaliação 

do modelo fundacional. 

Eventuais questões para 

aprofundamento ‐ Notou uma desmotivação substancial devido à redução do rendimento disponível do corpo docente? 

 

Page 51: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

51  

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

11. O que pode ser mudado, ao nível da gestão dos recursos humanos, particularmente 

ao nível do corpo docente, para tornar a U.Porto mais competitiva, assim como as suas 

faculdades? 

5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo  Estratégia competitiva. Integração externa. Gestão Operacional de RH. 

Palavras‐chave de resposta  Autonomia. Formalização. Regulamento orgânico. Reestruturação da 

U.Porto. Carreira. Salários. Seleção. Recrutamento. Retenção. Sistema 

de avaliação de desempenho. Compensação. Gestão Operacional de 

RH. 

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

12. E como podem os recursos humanos contribuir para o reforço da posição 

competitiva da Universidade? 2,5 min. 

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo   

Palavras‐chave de resposta   

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

13. Considera pertinente acrescentar algo que eu não tenha questionado ou que não 

tenha referenciado, ao longo desta entrevista? 2,5 min. 

Page 52: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

52  

R. 

Notas Adicionais: 

Área de estudo   

Palavras‐chave de resposta   

Eventuais questões para 

aprofundamento  

 

   

Page 53: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

53  

Anexo VI: Modelo  (transversal) e  replicável para os diferentes guiões, para outras questões não as previstas inicialmente 

Outras notas23 

 

 

   

                                                            23  Foram  encurtados,  deliberadamente,  o  tamanho  dos  campos  para  limitar  número  de  páginas  do trabalho aqui exposto. 

Page 54: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

54  

Anexo  VII: Modelo  (transversal)  e  replicável  para  os  diferentes  guiões,  para  notas  adicionais  que eventualmente surgissem ao longo da entrevista 

Outra questões não previstas24 

Questão/Resposta 

Tempo 

previsível de 

resposta 

Q.:   

R.: 

Notas Adicionais: 

Área de estudo   

Palavras‐chave de resposta   

Eventuais questões para 

aprofundamento 

‐ Que me pode dizer mais sobre este assunto? 

 

 

 

   

                                                            24  Foram  encurtados,  deliberadamente,  o  tamanho  dos  campos  para  limitar  número  de  páginas  do trabalho aqui exposto. 

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55  

Anexo VIII: Entrevista efetivamente realizada ‐ Indivíduo I 

Entrevista n.º 1 

Data do questionário: 14/04/2014 

 

Nome: (Nome não revelado por questões de confidencialidade) 

Idade atual: 50 anos de idade 

 

Profissão: Docente Universitário e elemento pertencente ao vértice estratégico (i.e. órgão de 

gestão) de uma faculdade da Universidade do Porto 

Tempo de docência: 26 anos 

Tempo em organismos de gestão universitária: 14 anos 

 

Caracterização do ambiente da entrevista:  

Local da entrevista  Gabinete 

Estado das instalações (1 – muito más a 5 – muito 

boas) 5 

Ambiente sonoro durante a entrevista (1 – ambiente muito perturbador a 5 – ambiente muito tranquilo) 

Interrupções ou demais perturbações durante a entrevista (1 – muitas/sistemáticas a 5 – nenhuma) 

Presenças de pessoas externas à entrevista? Sim/Não? Quantas? 

Não. Nenhuma. 

Caracterização  do  entrevistado  (Arrogante;  Altivo; Falador; Cooperativo; Nervoso; Tímido; etc.)

Falador e Cooperativo. 

Caracterização do entrevistador (Vestido formalmente; Vestido semi‐formalmente; Vestido informalmente) 

Vestido de forma semi‐formal. 

Duração efetiva da entrevista  42 minutos e 0 segundos 

Outras notas/informações  Luminosidade, temperatura e ventilação 

adequados. 

 

Diálogo sempre “olhos nos olhos”, com 

transmissão de segurança e firmeza na 

linguagem gestual e convicção nas 

afirmações. 

 

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Transcrição da entrevista:  

Cláudio Carvalho  (doravante, apenas CC): Como caracterizaria,  sumariamente, a estratégia 

competitiva da faculdade e da Universidade? 

Entrevistado #1 (doravante apenas E1): Ah Hum… (dúvidas quanto à questão por parte do E1) 

CC: Posso ser mais específico: Considera que é uma estratégia que parte do mercado e busca 

a  adaptação  ao  ambiente  (estratégia  outside‐in)  ou  que  é  uma  estratégia  que  parte  dos 

recursos ‐ nomeadamente, das capacidades e competências distintivas dos recursos humanos 

‐ e da inerente adaptação do ambiente (estratégia inside‐out)? 

E1: Eu acho que a estratégia é um processo de interação com a realidade externa. No nosso caso 

em particular, formalizamos isso quando criamos uma task force – no caso da faculdade – ao 

introduzir elementos externos à faculdade mas relacionados com ex‐professores e alunos, na 

maior parte  dos  casos, mas  ao  fazermos  isso  estamos  claramente  a  “trazer para dentro” o 

exterior, certo ou não? Mas em geral, uma estratégia é sempre fruto dessa interação (…). (relato 

de elementos não passíveis de divulgação por questões de confidencialidade) Aqui, na faculdade 

foi um processo novo, porque não havia essa reflexão estratégica (…) durante o primeiro ano 

estivemos  a  fazer  essa  discussão  que  envolveu,  pelo menos  duas  reuniões  abertas  com  os 

estudantes, abertas com os trabalhadores não docentes, abertas aos docentes, nos órgãos de 

governo,  particularmente  no  [Conselho]  Científico  e  envolveu  uma  task  force  que  envolvia 

pessoas dos  vários  grupos  (…)  e  isso  foi muito  rico, porque permitiu  refletir  sobre o nosso 

posicionamento e tentamos desde logo articular (…) com a estratégia da [U.Porto], em alguns 

eixos fundamentais como a internacionalização, a transversalidade da formação, etc. e depois 

introduzimos  “coisas”  específicas  nossas  como  (elemento  não  passível  de  divulgação  por 

questões  de  confidencialidade),  a  reforma  do  processo  educativo  que  não  existia  na 

Universidade, em geral, e nós  introduzimos essas dimensões aqui e vieram a acabar por ser 

muito  bem‐sucedidas  e  eu  acho  que  só  foram  muito  bem‐sucedidas  porque  houve  uma 

determinação muito grande, a constituição de uma equipa muito envolvida e motivada e uma 

partilha do processo estratégico (ênfase). Houve de facto essa partilha: quem quis colaborar, 

colaborou; muita gente não colaborou, mas foi dada essa oportunidade. Depois, se o processo 

vem de fora ou de dentro, vem essencialmente de uma visão clara sobre a necessidade de uma 

estratégia  e  isso  é  relativamente  novo  –  eu  acho  –  no meio  universitário  (…)  fruto  de  um 

ambiente,  se quiser, mais  competitivo onde estamos  inseridos. Mais  competitivo por  várias 

razões:  primeiro,  porque  os  recursos  colocados  à  disposição,  seja  pelos  estudantes  (via 

propinas), seja pelo Estado (via financiamento) são cada vez mais escassos e são vários atores, 

nomeadamente, privados a  lutar pelo “bolo”; por outro  lado, os estudantes  serem cada vez 

menos face à oferta, ou seja as vagas disponíveis fazem com que as escolas “lutem” cada vez 

mais pelos melhores estudantes e, portanto, é todo um processo conducente a um ambiente 

mais competitivo, mais rigoroso (hesitação) em que se reflete sobre o processo estratégico e 

sobre a posição da escola e isso nunca tinha sido feito aqui. Não me lembro de ter sido feita uma 

reflexão estratégica tão grande como a que houve agora. Mas parte, essencialmente, nem de 

fora nem de dentro, mas de uma visão clara (…) há uma  liderança forte, a esse nível, que as 

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eleições permitiram chegar aí. (relato de elementos não passíveis de divulgação por questões de 

confidencialidade) 

CC: Diria, então, que é uma estratégia que parte de dentro, nomeadamente das lideranças, 

mas com um grande condicionalismo de “fora”, é isso?… 

E1:  Influências positivas… Ou  seja,  conseguimos  introduzir  visões: empresas, empregadores, 

instituições  culturais, etc., dou vários exemplos  (elementos não  reláveis), muitos dos nossos 

parceiros, empresas –  como bancos e outros,  isto é os nossos parceiros principais –  (…)  foi 

ocorrendo uma interação muito grande; eles ficaram envolvidos em projetos específicos e foram 

introduzindo,  necessariamente,  uma maior  aproximação  das  pessoas  da Universidade  e  da 

faculdade a eles próprios e eles próprios começaram a vir cá mais e isso foi decisivo eu acho e é 

decisivo para o processo  estratégico  refletir uma maior  adaptação  ao meio e é  isso que  se 

pretende, não deixando nunca  (…) de  “perder o norte”, no  sentido de  saber qual é a nossa 

missão, saber se estamos a cumprir a função social para o qual nos mandataram, etc. O processo 

estratégico numa organização deste  tipo é muito mais complexo que o processo estratégico 

numa organização empresarial, porque envolve mais stakeholders. 

CC: Considera que ao nível das políticas e práticas de gestão de recursos humanos, a faculdade 

"importa" as melhores práticas do setor ou procura adotar as práticas mais adequadas ao 

contexto onde se insere? 

E1: Sobre isso, acho que é talvez das áreas onde nós sentimos mais limitações. Não podemos 

fazer  o  que  queremos  para  atingir  determinadas  políticas  por  causa  dos  condicionamentos 

legais. Primeiro, o que nos afetou muito é, por exemplo, a impossibilidade de promover pessoas, 

das pessoas  serem movidas nos escalões. Ou  seja, os  condicionalismos económicos  (…)  são 

enormes no nosso meio – e alguns docentes passaram  inclusive para o  setor privado  ‐, por 

sermos uma escola pública. Por outro  lado, o Estatuto da Carreira Docente [Universitária] foi 

revisto há muito pouco tempo mas, na minha opinião, deixou muitas coisas por fazer: portanto, 

introduziu‐se uma avaliação de desempenho dos docentes que tem que ser reafinada e isso é, 

também,  um  instrumento  fundamental,  na minha  opinião; mas,  a  distribuição  da  carga  do 

serviço docente continua, na maior parte dos casos, a não ter critérios claros e discutidos. Acho 

que se pode afetar muito mais as pessoas àquilo que elas fazem melhor e gostam mais de fazer 

em vez de obrigarmos todos a serem “turbo‐professores” (todos temos que  investigar, todos 

temos  que  publicar,  todos  temos  que  dar  um  x  de  aulas,  todos  temos  exercer  cargos  de 

gestão,…), ou seja, no fim, isso é uma má de gestão de recursos humanos (…) porque não hei‐

de permitir que pessoas que  são mais  competentes a dar aulas e  são melhores que outras, 

porque é que não hei‐de  ter um  sistema que me  faculte  isso e que eles não  tenham  tanta 

responsabilidade de investigar, porque no fundo todos nós ‐ (…) ‐ devemos ter competências a 

esse nível  (…) mas uns dão melhores aulas, outros sabem gerir melhor  (…) Portanto não  faz 

sentido que não exista uma discussão de critérios de distribuição de serviço docente (elementos 

não  relatáveis)  Há  constrangimentos  legais,  regulamentares  e  há  a  questão  da  cultura 

organizacional e,  também, passa – na minha opinião – por  lideranças  fortes que possam  (…) 

primeiro, exercer alguma pressão no poder político para  ir mexendo nas questões essenciais 

aliadas à gestão das pessoas; segundo, lideranças que não só façam essa pressão junto do poder 

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político, como também criem condições com a lei atual de permitir os critérios de distribuição 

de  serviço  docente  (…)  Dou‐lhe  um  exemplo:  por  ano,  na  faculdade  estão  a  entrar  para 

mestrados 500 estudantes e, em teoria, “deverão sair” 500 teses de mestrados; há docentes 

que têm que orientar 9 teses e outros que não estão disponíveis e não faz sentido que isto não 

seja refletido na carga dos docentes, não faz sentido que isso não condicione as horas letivas 

que eles [i.e. os docentes] dão porque para fazerem isso, não podem estar a fazer outras coisas. 

(…) Portanto, há  realidades novas: Bolonha veio criar uma pressão muito grande  sobre  isso, 

particularmente nas escolas que estão a crescer muito nessa área como a nossa e que merece 

uma reflexão, isto para já não falar nas questões mais difíceis como os concursos de progressão 

na carreira, haver eventualmente concursos baseados em recrutamento por opção da escola, 

concursos baseados em promoção porque a escola pretende promover pessoas e dar‐lhes essa 

possibilidade e não ir buscar ao mercado, portanto, ou seja, independentemente dos recursos 

serem orientados pela dimensão da investigação (etc.), claramente as escolas podem ter opções 

estratégicas de, desde que estejam salvaguardados os princípios de  inbreeding e de mínimos 

absolutos  para  determinadas  categorias  de  carreira  docente  (por  exemplo,  um  professor 

catedrático tem que ter sempre publicações de determinada categoria), mas é natural que as 

escolas  não  sejam  entregues  a  terceiros  o  desenvolvimento  futuro  das  pessoas  da  escola, 

porque nas condições atuais de  facto é. Os concursos  têm maiorias de “pessoas de  fora” e, 

portanto, todo o crescimento das pessoas não é decidido pela própria escola e pode chegar a 

situações absurdas de escolas concorrentes se estarem objetivamente a penalizarem‐se umas 

às outras em determinadas áreas. 

CC:  Ainda  bem  que  abordou  algumas  questões  aliadas  a  condicionalismos  externos… 

Considera que atualmente existem diferenças significativas – nomeadamente, benefícios ‐ na 

gestão  de  recursos  humanos  da Universidade  ou  da  faculdade,  face  ao  período  antes  da 

passagem a fundação pública de direito privado ou da aprovação do RJIES? Sente que existe 

maior autonomia e flexibilidade na gestão dos mesmos?  

E1: São duas perguntas diferentes, portanto. O regime fundacional permite que, num contexto 

onde eventualmente concorrem entidades que não estão sujeitas a este condicionalismo, que 

nós tenhamos melhores condições para concorrer e, de facto, o regime fundacional dá essas 

condições. É preciso é que  sejam desenvolvidas políticas para permitir  fazer  isso e que não 

ponham em causa, na minha opinião, a missão pública da Universidade e o seu papel social, etc. 

Esta é uma questão de partida. O RJIES, que é idêntico para todas as escolas, será um retrocesso 

se não permitir, na minha opinião, que se explore e que aprofunde o modelo fundacional porque 

limita a capacidade de intervenção ao ponto de nós (interrupção de intervenção). Há um dado 

adquirido, para mim, que é a globalização do ensino superior, ou seja cada vez mais a referência 

são  as  instituições  –  ainda  por  cima  se  queremos  ser  uma  Universidade  de  referência 

internacional – internacionais [e não as nacionais]. Desse ponto de vista, o RJIES tem de permitir 

que as nossas escolas estejam  inseridas num ambiente  claramente diferente do  (protegido) 

atual e as políticas a esse nível, seja a “Lei dos Compromissos”, sejam as políticas de recursos 

humanos, têm naturalmente de ser mais flexibilizadas para dar capacidade de gestão. Isto não 

é a mesma coisa que fomentar a incompetência. A meritocracia é essencial que esteja no ensino 

superior e no público, em particular. Agora,  temos que  ter  condições de  conseguir  recrutar 

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docentes estrangeiros, os bons docentes‐investigadores estrangeiros (…) se quisermos ser uma 

Universidade de referência, vamos ter que internacionalizar o nosso corpo docente. 

CC: Mas sente diferenças positivas, relativamente ao período pré‐2007 ou pré‐2009?... 

E1:  (…) Acho que o  regime  fundacional pode permitir melhor  fazer  isso, nomeadamente ao 

introduzir  a  dinâmica  dos  contratos  da  função  privada  que  podem  não  ser  apelativos  para 

determinada cultura de âmbito nacional mas que para determinadas zonas internacionais, não 

tenho dúvidas, que até serão mais apreciados. 

CC: A faculdade tem aproveitado esse?... (interrompido) 

E1: Em termos docentes, não. (…) Ainda não refletimos sobre isso, mas acho que vamos ter que 

refletir  [futuramente].  O  que  nós  temos  feito  é  desenvolvido  a  internacionalização  de 

professores,  através  de  acordos  de  cooperação, mobilidade,  troca  de  professores,  estadias 

curtas,  etc..  Agora  não  tenho  dúvidas  que  se  continuarmos  a  caminhar  para  uma  escola 

verdadeiramente  internacional  vamos  também  ter  que  ter  um  enriquecimento  do  corpo 

docente e dos investigadores com diferentes perspetivas do mundo. A nossa vantagem, neste 

momento, é que temos doutorados por todo o lado do mundo e, portanto, permitiu que a escola 

sinta  essa  realidade mas  é  uma mais‐valia muito  grande  se  tivermos  aqui  professores  com 

culturas e formação de países muito diferentes e permite formar de forma mais diversificada os 

nossos estudantes e é muito enriquecedor por  isso e acho que  temos que dar esse  “salto” 

também com objetivos claros. Por exemplo, com a lei atual, pode‐se conseguir fazer isso (…). 

CC: Já referiu a questão da mobilidade‐out do corpo docente ou os acordos de cooperação que 

permitem, de alguma forma, promover a satisfação do próprio corpo docente mas pedia‐lhe 

que falasse de outras políticas e de outras práticas de gestão de recursos humanos que tenha 

possibilidade de implementar na faculdade ou que tenha até implementado e que considere 

positivas. Se  considerar que existem práticas que  foram  implementadas e que  são menos 

adequadas, pedia‐lhe também que referisse. 

E1: A parte das pessoas é aquela onde há mais condicionalismos. A primeira coisa que existiu foi 

o envolvimento num projeto mobilizador. Acho que a visão tem que existir mas acho que depois 

é fundamental que haja as pessoas disponíveis para “remar” e isso conseguimos claramente. É 

impossível termos feito o processo de mudança que fizemos sem um projeto alargado com as 

pessoas, como o que fizemos. (...) Esta cultura é rica e conseguimos instaurar um clima muito 

positivo na faculdade (…) Depois tivemos várias políticas… Pegamos numa política que acho que 

foi um sucesso enorme que foi a possibilidade de garantir verbas para que os nossos docentes 

possam apresentar comunicações a conferências  internacionais caso  fossem aceites.  Isto era 

uma prática que há 15 anos ou 20 se fazia na faculdade, que havia uma verba mensal e nós, pela 

primeira  vez  passados muitos muitos  anos,  conseguimos  ter  verbas  para  isso  e  todos  os 

docentes que quiseram apresentar um artigo nós financiamos até um determinado limite (…). 

Mexemos nos critérios de distribuição de serviço docente por duas vezes, no espaço de  três 

anos: primeiro,  introduzindo critérios que não existiam claros que passaram a considerar os 

resultados das publicações, o número de  teses orientadas, os  cargos de gestão…. Portanto, 

arranjamos um framework que permite que se dê mais ou menos horas, dentro dos limites legais 

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‐ mínimos e máximos – em função de que uma pessoa que, por exemplo, uma pessoa que não 

tenha qualquer tarefa de gestão e que não publique nada, esteja sempre nos limites máximos e 

acho  que  se  pode  ir mais  longe.  Pode‐se  atribuir,  digamos, mais  ponderações  áquilo  que 

facilitará dar aulas,  libertando tempo para a  investigação. (…) Uma questão que acho que foi 

determinante em toda a estratégia e que tem implicações nas pessoas é que (…) passamos para 

um modelo mais perto de Bolonha [i.e. estudantes mais próximos dos docentes]. Ainda assim, 

isto  [suscitou] uma consequência muito grande que  foi os docentes viram‐se multiplicados… 

dispersão de disciplinas, numas  áreas mais no que outras … muitas disciplinas, muita  coisa 

diferente  e  isso  dificulta  as  tarefas  de  investigação,  dificulta  outro  tipo  de  trabalhos 

fundamentais. O que é que nós fizemos? Ao fazer a reforma educativa, acabamos por libertar 

tempo e recursos – financeiros e humanos – e  isso permitiu que houvesse mais tempos para 

outras tarefas, porque aproximamo‐nos das horas de cargas letivas de aulas do que existe a nível 

europeu. É um exagero o que existe cá em Portugal, na minha opinião, porque faz com que haja 

muito pouco  trabalho dos alunos  fora da  sala de aula. O objetivo disto  foi “empurrar” mais 

trabalho para  fora de aula,  libertar os estudantes para os  trabalhos de acompanhamento a 

posteriori  e  pudessem  também  relacionar  esses  tipos  de  trabalhos  dos  estudantes  com  os 

trabalhos  de  investigação  que  fazem  e  acho  que  isso  acabou  por  ser  conseguido,  porque 

aumentamos as  teses de mestrado  cerca de 200% no espaço de dois anos. Tem a  ver  com 

algumas estruturas que foram criadas como o projeto de tese, etc. mas não deixa de estar tudo 

relacionado com uma política de pessoas orientada para esses resultados. 

CC: Ao nível da formação e da retenção, também, faz parte das políticas de gestão de recursos 

humanos da faculdade?... (interrompido) 

E1:  Sim,  nos  docentes  que  é  o  que  estamos  a  falar,  continuamos  a  pagar,  por  exemplo,  a 

docentes  que  estão  a  fazer  ainda  doutoramento  –  ainda  que  não  seja muito  vulgar,  sejam 

poucos  casos  –  continuamos  a pagar quer  as propinas deles  noutras Universidades, quer  a 

equiparação  a  bolseiro. Mas  já  não  é muito  vulgar,  porque  o  corpo  docente  é  quase  todo 

doutorado.  (…)  Mas  acho  que  é  muito  importante  possibilitarmos  políticas  de  sabáticas, 

possibilitarmos que um docente vá para o estrangeiro, é muito rico para a escola, mas tem que 

ser com prestação de contas. A pior coisa que pode acontecer é uma pessoa pedir sabática e de 

repente chegar e chegar à conclusão durante aquele ano não há resultados. (…) As sabáticas 

continuamos  a manter  e  desde  que  o  serviço  docente  seja  assegurado  e  haja  um  projeto 

minimamente estruturado (…), nós até agora não temos deixado de permitir fazer. (…) 

CC: Existe segmentação interna das políticas ou práticas de GRH relativamente aos próprios 

docentes? E, já agora, consegue encontrar inconsistências de tratamento entre docentes ou 

perceções de injustiça distributiva (iniquidades, conflitos e tensões entre docentes)? 

E1:  A  equidade  é  para mim  uma  questão  essencial.  A  equidade  distributiva,  uma  vez  que 

estamos na função pública, isso é completamente regulado. (…) No nosso caso, os docentes até 

têm a possibilidade de fazerem “trabalhos para fora”, devidamente estruturados na faculdade, 

onde existem benefícios para a  faculdade e para eles próprios  [i.e. os docentes].  (relato de 

elementos não passíveis de divulgação por questões de confidencialidade) 

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61  

CC: Nesse sentido, questiono‐lhe: Ao nível da gestão de recursos humanos no ensino superior, 

considera que a autonomia do corpo docente possibilita que "certos profissionais ignorem as 

necessidades  reais  dos  seus  clientes"  assim  como  as  "necessidades  da  [própria] 

organização"?25  

E1: (…) Em qualquer tipo de organização – seja uma empresa, seja uma Universidade – existem 

visões centradas no “próprio umbigo”, nas suas tarefas e isso tanto acontece numa Universidade 

como numa empresa. Cabe à gestão de topo e às hierarquias, aos quadros, às chefias, etc.  ir 

desenvolvendo  uma  orientação  clara  e,  na  Universidade,  isso  é  muito  visível  porque  nós 

devemos  orientar  a  nossa  visão  para  o  exterior,  para  os  estudantes,  para  eles  terem  essa 

perceção. Há pessoas que têm aqui uma perceção muito clara das necessidades exteriores (…) 

Mas não tenho dúvidas que haja pessoas na Universidade em que para eles tudo funcionaria no 

mérito  individual  e  isso  não  é  sustentável  no  tempo.  (…)  A  Universidade,  como  qualquer 

organização, (…) tem que constituir uma equipa que, independentemente das qualidades e das 

competências, tenha uma perspetiva do todo e  isso seja possível se  todos  forem  tendo uma 

visão do todo e isso passa por uma visão estratégica, uma visão de topo. 

CC:  Não  vê,  portanto,  a  autonomia  como  o  freio  à  implementação  de  uma  estratégia 

competitiva?... 

E1: Não, de maneira nenhuma. A gestão de topo é que tem que estar mais consciente para a 

necessidade dessa  liberdade mas, também, tem que ter noção que [os docentes] não podem 

fazer  tudo  o  que  acharem  bem,  sem  considerar  o  que  está  cá  “fora”,  nomeadamente  os 

estudantes”. 

CC: O que pode ser mudado no enquadramento jurídico‐legal, ao nível do corpo docente, para 

tornar a faculdade e a U.Porto mais competitivas? 

E1:  Acho  que  é  essencial  rejuvenescer  o  corpo  docente.  A  segunda  questão  é  a 

internacionalização do corpo docente (…) Fundamentalmente, isso, porque o corpo docente é 

altamente qualificado mas está a envelhecer e é a nossa sorte é que é doutorado pelo mundo 

todo mas a maneira de lá chegarmos é pela internacionalização. 

Ao  nível  do  enquadramento,  é  ultrapassar  os  constrangimentos  económicos,  porque  não 

podemos alterar a massa salarial. Tem sido uma vantagem a Universidade como uma visão de 

todo,  porque  “umas  escolas  dão  para  as  outras”.  (relato  de  elementos  não  passíveis  de 

divulgação por questões de confidencialidade)  

CC: Acha que deve haver alterações jurídico‐legais, no sentido de possibilitar vencimentos com 

uma componente variável?... 

E1: Acho que deve, de facto, haver uma orientação pelos resultados: quem é mais competente 

deve ser reconhecido e, atualmente, isso nem sempre acontece. Depois acho que é preciso ser 

criativo  e  isso  já  não  ao  nível  do  Estado,  mas  dentro  do  regime  jurídico‐legal,  mas  as 

Universidades  diversificando  as  suas  receitas,  abrindo‐se  ao  exterior,  podem  obter  [novas] 

                                                            25 cf. "Mintzberg, Henry. Estrutura e Dinâmica das Organizações. D. Quixote. p. 404." 

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62  

receitas.  (…)  Imagine  que  um  docente  consegue,  por  limite,  arranjar  um  trabalho  para  a 

Universidade que represente um milhão de euros. Por que é que ele não há‐de tirar uma mais‐

valia daí? (…) Não lhe chamo uma comissão, mas temos que ter métodos criativos de incentivar 

as pessoas porque elas são muito competentes a  trazer benefícios para a Universidade e de 

forma a que elas beneficiem também. Não se pode ter verbas para isso mas é possível através 

de esquemas relacionados com remunerações variáveis em função dessas dimensões e  isto é 

diferente de tornar a Universidade num negócios. Não é isso que está em causa. O que está em 

causa é potenciarmos o trabalho que temos aqui de forma, também, criativa e em função das 

necessidades  que  nos  são  colocadas  pelo  exterior.  Acho  que  deve  haver  investigação 

fundamental e investigação aplicada, tudo feito de forma equilibrada, investigação que permita 

(…) Se nós estamos com grandes restrições económicas, porque é que não podemos permitir 

que os nossos docentes equilibrem os seus orçamentos?! Se tivemos essa capacidade, porque 

havemos de  ficar  limitados  a  isso?  Por que  é que  se há uns que  têm  essa  capacidade que 

trabalham mais  do  que  outros,  dedicando mais  horas  da  semana  a  fazerem  trabalhos,  por 

exemplo,  para  o  exterior  da  faculdade,  por  que  é  que  nós  não  permitiremos  não  ter  uma 

compensação extraordinária no seu vencimento?! Eu acho que isso é possível de fazer e é bom 

para a faculdade e para a Universidade. (…) Temos umas competências fantásticas. A pior coisa 

que pode acontecer é desenvolverem‐se mecanismos que porque a  instituição não faz disso, 

acaba‐se que isso seja feito da mesma forma no exterior da Universidade, por estruturas com 

pessoas  que  depois  até  estão  relacionadas  com  a Universidade  e  a  Universidade  não  está 

envolvida e é altamente penalizada por isso. 

CC: Fale‐me das estratégias, que já me havia confidenciado, de empowerment desenvolvidas 

na faculdade e a influência dessas estratégias na motivação do corpo docente. Acha que essas 

práticas  –  como  as  task  forces  –  seriam  uma  prática  para  generalizar  para  o  resto  da 

Universidade?  

E1: Não tenha dúvidas disso. (…) Hoje há pessoas que têm a frustração de não terem participado 

dessas task forces, quer a nível de docentes, quer a nível de não docentes. Os critérios pelas 

quais foram constituídas as task forces foram, na altura, muito específicos e refletidos, que têm 

a ver com muitas circunstâncias de como o processo foi evoluindo. (relato de elementos não 

passíveis de divulgação por questões de confidencialidade)  

CC: Considera pertinente acrescentar algo que eu não tenha questionado ou que não tenha 

referenciado, ao longo desta entrevista? 

E1: Uma entrevista difícil. O problema fundamental aqui é, de facto, o constrangimento jurídico‐

legal. É, na minha opinião, o mais difícil de se mudar. Gerir as pessoas, neste contexto, é… Gerir 

as pessoas, não tenho dúvidas, é o mais importante. É, assim, numa instituição privada, numa 

instituição pública, numa instituição industrial, numa empresa comercial, (…) O mais importante 

é a gestão de pessoas, não tenho dúvidas nenhumas. Conseguimos milagres se tivermos pessoas 

envolvidas, comprometidas, dedicadas, etc. (…) A motivação extrínseca não é o mais importante 

mas  isto não é  sustentável ad eternum  se não  se  refletir em algum benefício que pode  ser 

monetário  ou  não  e  isto  na  função  pública  é  quase  impossível.  (…) Acho  que  é  conciliável 

eficiência com competitividade. (…) 

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63  

CC: Muito obrigado, pela sua disponibilidade (…) 

 

Anexo IX: Entrevista efetivamente realizada ‐ Indivíduo II 

Entrevista n.º 2 

Data do questionário: 14/04/2014 

 

Nome: (Nome não revelado por questões de confidencialidade) 

Idade atual: 49 anos de idade 

 

Profissão: Docente Universitário de uma faculdade da Universidade do Porto 

Tempo de docência: Aproximadamente 22 anos 

Tempo em organismos de gestão universitária: Entre 3 e 4 anos 

 

Caracterização do ambiente da entrevista:  

Local da entrevista  Gabinete 

Estado das instalações (1 – muito más a 5 – muito 

boas) 4 

Ambiente sonoro durante a entrevista (1 – ambiente muito perturbador a 5 – ambiente muito tranquilo) 

Interrupções ou demais perturbações durante a entrevista (1 – muitas/sistemáticas a 5 – nenhuma) 

Presenças de pessoas externas à entrevista? Sim/Não? Quantas? 

Não. Nenhuma. 

Caracterização  do  entrevistado  (Arrogante;  Altivo; Falador; Cooperativo; Nervoso; Tímido; etc.) 

Ligeiramente nervoso inicialmente. 

Cooperação crescente ao longo da 

entrevista. 

Caracterização do entrevistado (Vestido formalmente; Vestido semi‐formalmente; Vestido informalmente) 

Vestido informalmente. 

Duração efetiva da entrevista  41 minutos e 4 segundos. 

Page 64: Os recursos humanos como fator de eficiência e de competitividade da Universidade do Porto (relatório)

 

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Outras notas/informações  Luminosidade, temperatura e ventilação 

adequados. 

 

Diálogo com linguagem gestual e olhar 

menos fixo, demonstrando necessidade de 

reflexão sobre o assunto, o que revela que 

um domínio menos marcado sobre certas 

matérias questionadas. 

 

Transcrição da entrevista:  

Cláudio Carvalho (doravante, apenas CC): Conhece a estratégia competitiva ou as estratégias 

competitivas da faculdade ou da U.Porto? Se sim, qual é a sua opinião sobre as mesmas? 

Entrevistado #2 (doravante, E2): (hesitação) Confesso que, sei que existe um documento, que 

aliás foi enviado há poucas semanas mas ainda não tive oportunidade de o estar a explorar. 

CC: Da Universidade?... 

E2: Da faculdade. (hesitação) Sim, o documento de orientação estratégica. 

CC: Mas tem noção se o documento parte de uma análise externa (i.e. do mercado) parte para 

a vertente  interna, procurando uma adaptação ao ambiente ou que é uma estratégia que 

parte dos recursos humanos e da inerente adaptação do ambiente? 

E2: (hesitação) Não lhe sei responder porque não explorei. Vi, genericamente, mas só o início. 

Está guardado [o documento] à espera de melhor oportunidade [para ler o documento]. 

CC:  Considera que ao nível das políticas e práticas de gestão de recursos humanos, a faculdade 

e a Universidade "importam" as melhores práticas do setor ou procuram adotar as práticas 

mais adequadas ao contexto onde se inserem? 

E2: Eu acho que há um pouco de ambas. (hesitação) Sem dúvida acho que houve uma tentativa 

de emular as boas práticas e depois também, digamos, a iniciativa local (…) 

CC: Que práticas e políticas de gestão de recursos humanos existentes na faculdade destaca 

(positiva  e  negativamente)?  Estamos,  aqui  a  falar,  de  questões  como  a  participação,  o 

empowerment, questões salariais, incentivos à prática de investigação e docência... Se é que 

existem tais práticas, no seu entender… 

E2: Do lado positivo (hesitação), recentemente tem havido, de facto, um estímulo, (hesitação) 

em  termos  de  idas  a  conferências  que  estava  vedado  até  a  algum  tempo  atrás  (…)  idas  a 

conferências com o apoio da faculdade ‐ de verba até mil euros, uma coisa assim, por ano – e 

isso,  de  facto,  é  recente…  esse  é  um  ponto.  Não  que  isso  seja  muito  relevante,  mas 

simbolicamente é  importante, porque abre a possibilidade a pessoas que, se calhar, de outra 

forma não poderiam  ir e assim  tem sempre  isso. Por outro  [lado], destaco positivamente de 

quem está a orientar teses de doutoramento ter alguma compensação (hesitação) por  isso e 

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isso, também, é algo que não existia. Ou seja, não havia nenhum incentivo (hesitação) a isso e 

(hesitação) agora há uma parcela que é alocada a cada docente que está a orientar e que depois 

poderá utilizar  isso para conferências,  trabalhos de  investigação. Portanto, esses aspetos, de 

repente, são os que destaco como mais interessantes. Do outro lado – o lado menos bom ‐ acho 

que em termos de investigação, ainda não é clara – acho que ainda não feito esse trabalho – 

relativamente  aos  centros  de  investigação  da  faculdade:  a  alocação  dos  docentes  a  esses 

centros. Há docentes da faculdade que ainda não estão em centro nenhum. Há alguns centros 

de investigação onde não estão docentes da faculdade, estão docentes de outras Universidades 

e (hesitação) a esse nível, a parte de investigação carece ainda de alinhamentos importantes. 

CC: Sente que isso, de alguma forma, causa insatisfação do corpo docente? 

E2: (hesitação) Não sei mas penso que poderá ser. (…) Há muita gente de fora e acho que em 

relação a isso há que ter uma abordagem inclusiva e não pensar nisso em termos de um grupo, 

de  uma  elite,  uma  elite  aqui,  outra  elite  acolá…  pensar  nisso  como  uma  estratégia  para  a 

faculdade, uma estratégia da  faculdade e não  serem estratégias parcelares de  cada um dos 

centros e, portanto, a perceção que  tenho é que esses centros acabam, de certa  forma, por 

terem uma vida à margem da própria  faculdade: dentro da  faculdade, mas  (…) um pouco à 

margem dela. 

CC: Qual é a sua opinião relativamente ao sistema de avaliação de desempenho? Como está 

estruturado… 

E2:  Isso  foram comentários,  sugestões que  fiz há dois anos quando  se estava a desenvolver 

aquilo (hesitação) A minha opinião, do  lado positivo, é fundamental haver uma avaliação. Do 

lado menos positivo ou até negativo é que passa‐se do zero para o oitenta. De onde, não havia 

nada passa a haver um “monstro”. O sistema pode estar muito bem definido, os parâmetros 

todos explicitados, etc…. tenho, claramente, a opinião que, em termos práticos, será muito difícil 

de administrar e, portanto, digamos  (hesitação) corre‐se o risco de – é que são centenas de 

docentes – (…) aquilo se transformar um fim em si mesmo (…) e, por certa forma, corre‐se o 

risco  da  máquina  se  impor  a  tudo  o  resto.  As  sugestões  que  fiz  na  altura,  sugestões  e 

comentários foi que onde não existe nada (elementos não passíveis de relato por questões de 

confidencialidade) não é aconselhável  introduzir, para começar, um sistema muito complexo. 

Portanto, deve‐se começar com um sistema simples e, depois, há medida que se vai avançando, 

a partir da experiência que  se vai ganhando,  lições que  se vão  retirando,  ir  incrementando. 

Portanto, ir apontando para daqui a alguns anos ter um sistema mais elaborado mas que resulte 

da própria experiência ganha entretanto e não de colocar à cabeça um sistema desenhado com 

todas as variáveis que nos vem à cabeça e um valor para cada uma delas. Acho que, para além 

de se transformar um fim em si mesmo, de ser no fundo, nos tornarmos prisioneiros de uma 

máquina que, de certa forma, escapa ao nosso controlo, pode correr‐se o risco de, no fundo, 

aquilo que é  importante ficar escondido porque há muita coisa aqui à volta. Por que o que é 

importante?!  Publicações,  ensino  e  a  parte  administrativa,  obviamente  com  ponderações 

diferentes,  obviamente  destacando  a  parte  de  publicações  e  depois  indicadores  simples 

relativamente a cada uma destas coisas e, portanto, acho que o objetivo não deveria ser de 

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determinar  ao milímetro quanto… qual é o  valor para  cada um, mas  centrar naquilo que  é 

importante e, em torno disso, criar ali alguns indicadores mais aproximados. 

CC: Ainda bem que fala disso e repescando a questão da estratégia competitiva e do ambiente 

externo: sente que o ambiente externo coloca muita pressão no sentido de desenvolverem 

investigação de forma mais focada na quantidade do que na qualidade e de forma a retirar 

tempo e dedicação a questões como docência ou gestão administrativa? 

E2: Sim [sinto], sem dúvida, mas não vejo isso bem como uma pressão externa. Acho que isso 

não resulta de uma instituição a nós que nos está a impor isso. 

CC: E a competitividade entre instituições?!... 

E2: No fundo acho que isso vem das transformações que o ensino superior está a atravessar – 

não só em Portugal – em todo o Mundo. Isto é transversal. O que está a acontecer aqui observa‐

se noutros lados e até há alguns tempos atrás e acho que isso é intrínseco a ser académico. Acho 

que  Portugal  não  podia  continuar  muito  mais  tempo  assim,  meramente  os  professores 

universitários a darem aulas e ponto. Isso liga‐se à questão da avaliação. Onde antes havia pouca 

pressão em termos de publicação e muita gente teve nomeação definitiva sem ter nenhuma 

publicação, sem nenhum artigo antes da tese de doutoramento, houve muitos casos desses. 

Quer dizer, está‐se a passar para um outro registo onde o que conta é o número de publicações 

e, mais importante que isso, já não é tanto o número mas o número de artigos em revistas ISI, 

não é?! Passa‐se muito  facilmente do oito para o oitenta, ou do zero para o oitenta, assim. 

Respondendo  à  questão:  sim,  pontualmente,  percebe‐se  que  é  mais  a  quantidade  que  a 

qualidade. Se alguém  tiver cinco artigos  tende a ser avaliado como produzindo mais do que 

alguém  que  tem  um  artigo  numa  revista  top, mas  é  só  um  [artigo]  e  fica  5  a  1  e  é  uma  

“cabazada”. Mas é muito essa lógica da quantidade, sim. 

CC: Nesta  senda,  considera que atualmente existem diferenças  significativas na gestão de 

recursos humanos ou no tratamento do corpo docente da Universidade ou da faculdade, face 

ao período prévio à implementação do RJIES, ou se preferir, face ao período prévio à adoção 

do modelo fundacional? (…)  

E2: Não. Significativo, não. É mais em termos de tendências. Tendências que se percebem mas 

não em termos de coisas concretas. Não lhe posso dizer que mudou isto, mudou aquilo. 

CC: Não sente maior pressão agora do que sentia há 10 anos atrás? 

E2: Quer dizer, há 10 anos atrás, sim. Em relação há 10 anos, sim. 

CC: Porque estamos a falar de 2014 (hesitação) em relação a 2004, portanto… 

E2: Pois… 

CC: 2004, portanto período pré‐RJIES… 

E2: Exato, ok. Comparando com 2004, sim, sim. A pressão tem a ver com essa questão desde 

logo  publicações,  a  importância  das  publicações.  Antes  era  importante  no momento,  nos 

concursos para professor associado, depois para agregação, depois para catedrático. Ou seja, 

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ter publicações, não ter, era relevante para isso. Atualmente, a relevância das publicações não 

se esgota aí. Tem a ver, desde logo, (hesitação) portanto, agora vai se traduzir na avaliação de 

desempenho,  etc..  Aí,  sim,  aí  percebe‐se  alguma  pressão  pode  resultar.  Agora,  quando  a 

avaliação  começar  a  surgir  e,  depois,  eventualmente,  contestações,  resistências  ao  próprio 

processo, acho que as pessoas vão começar a aperceber‐se mais dos contornos disto. 

CC: Ao nível das políticas e práticas de recursos humanos, consegue encontrar inconsistências 

internas a algum destes três níveis inconsistências ao nível individual e/ou iniquidade entre 

indivíduos e/ou inconsistências temporais? (...) 

E2: Essa pergunta é difícil.  (...)  Iniquidade  (hesitação) Não tenho uma perspetiva para toda a 

instituição,  mas  tenho  perceções  locais.  Por  exemplo,  há  diferenças  importantes  nesta 

faculdade ‐ e já não estou a comparar esta faculdade com outras ‐, há nesta faculdade várias 

áreas  (hesitação  e matéria  não  reproduzível  por  questões  de  confidencialidade)  sei  que  há 

diferenças em  termos de alocação de  serviço docente, em  termos de orientações, depois a 

própria pertença ou não pertença a centros de investigação (hesitação) Aliás e ligando à questão 

dos  centros  de  investigação,  há  bocado  esqueci‐me  de  lhe  dizer  que  acho  que  é  muito 

importante  [referir]:  há  vários  docentes  aqui  da  "casa"  que  para  estarem  num  centro  de 

investigação  têm  que  estar  num  centro  de  investigação  de  outras  Universidades  e  (risos), 

portanto,  isso  é  uma  "coisa"  que  não  encaixa.  Por  exemplo,  na  Universidade  onde  fiz  o 

doutoramento e pós‐doutoramento,  lecionei  lá, também, durante dois anos em (matéria não 

reproduzível  por  questões  de  confidencialidade)  [Universidade  X]  e  é  impensável  que  um 

docente de lá esteja num centro de investigação da Universidade de (matéria não reproduzível 

por questões de confidencialidade) [Universidade Y]. A [Universidade X] tem os seus e é para os 

daquela Universidade. (…) São recursos daquela Universidade e, portanto, não vai colocar nos 

centros recursos que não são daquela Universidade e não passa pela cabeça daquelas pessoas 

lá  dizer  “olhe  aqui  não  há  lugar  para  si,  procure  noutra  universidade”  ou  ”então  aqui  só 

queremos estes”. É a tal questão de ser  inclusivo ou não ser. (…) É um ponto que a mim me 

causa estranheza. Causa estranheza os centros de investigação serem, no fundo, aqui um estar 

cada um no  seu  canto  com o  seu pessoal e vários dos membros desses centros não  são da 

própria faculdade, são de outras Universidades e isso causa‐me estranheza. Enfim, pode estar 

completamente  certo mas  eu  é  que  não  percebi.  (…) Nessa  questão  que  estava  a  colocar, 

diferenças, um ponto tem a ver com a questão das orientações de teses e aí e aí claramente não 

há uma base que torne essa situação, digamos, normal, porque não (…) faz a menor diferença 

se alguém está a orientar vinte teses de mestrado num ano ou não a está a orientar nenhuma. 

Não tem relevância nenhuma. 

CC: E acha que devia ter relevância? 

E2: Claro. 

CC: A que níveis? Dispensa de tempo? 

E2:  Exatamente.  Em  termos  de  horas  letivas.  Por  exemplo,  há  docentes  aqui  que  nunca 

orientaram uma tese, nem de mestrado, nunca orientaram, não querem orientar, não orientam 

e  fazem  isso deliberadamente. Em contrapartida, alguém  tem que as orientar.  (matéria não 

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reproduzível por questões de confidencialidade) Orientações de teses consome muito tempo, 

traz muita distração aos orientadores e cria as tais iniquidades de que falava há pouco porque 

uma pessoa está aqui a “queimar as pestanas” e aqui ao  lado está alguém que  (encolher de 

ombros). 

(…) 

E2: Acho que toda a gente devia orientar e não devia haver possibilidade de se esquivar. Acho 

que é uma questão de, dentro da área de cada um, a pessoa devia estar disponível e pronto 

(hesitação) haver aí sim haver indicadores: quantas teses chegam ao fim e compensar ou ajustar 

isso em termos de distribuição de serviço docente (fazer refletir aí…). 

CC: Considera que faz sentido tornar o sistema de compensação mais adequado, no sentido ‐ 

por exemplo ‐ de haver alterações no sistema jurídico‐legal para haver discriminações ao nível 

salarial? Ou acha que isso pode causar tensões indesejáveis? 

E2: Se calhar diferentes docentes que entrevista vão‐lhe dizer coisas diferentes [mas vou] falar‐

lhe por mim: eu, para mim, não é  importante questão  salarial. É  assim: no dia em que  for 

importante questão salarial, eu deixo de ser académico, vou fazer outra coisa. Vou para um sítio 

onde paguem mais e há muitos sítios onde pagam mais, portanto não estou aqui por causa do 

salário, não serei melhor professor se ganhar mais; se ganhar mais que os colegas, não vou ser 

melhor professor; não me vou sentir mais motivado. 

CC: Quais  são  os parâmetros que mais  valoriza  ‐  ao nível da  sua motivação  ‐ para poder 

trabalhar no dia a dia? O que o motiva? (...) 

E2: O que me motiva é o conhecimento, a curiosidade, a descoberta, trabalhar ideias e penso 

que isso é o que marca muitos académicos, não é?! Curiosidade, querer saber mais, explorar, 

investigar  e  depois  contribuir  para  a  comunidade  académica,  contribuir  para  o  avanço  do 

conhecimento (hesitação) 

CC:  Acha  que  existe  algum  obstáculo,  do  ponto  de  vista  jurídico‐legal,  que  possa  ser 

desmantelado  de  forma  a  poder  potenciar  a  autonomia  e  liberdade  científica  para 

desenvolver conhecimento? 

E2: Do ponto de vista legal, não me parece. Penso que é mais ao nível do que falava à bocado. 

Ao nível do enquadramento dos diferentes indivíduos, académicos. Em termos de investigação, 

centros  de  investigação  que  os  indivíduos  pertencem  ali,  fazem  o  seu  trabalho  e  haver 

claramente  (...)  uma  transposição  sem  obstáculos  entre  ser  docente  e  ser  investigador  no 

mesmo sítio. (...) Devia ser natural passar da parte de ensino para a parte de investigação (…) 

sem haver muito condicionamento burocrático. (…) Um complemento natural de uma [parte] e 

da outra [parte]. 

CC:  Considera  que  estes  obstáculos  acabam  por  prejudicar  a  competitividade  da  própria 

instituição face a outras instituições, por exemplo, internacionais? São fulcrais (…)? 

E2: Pode, mas  lá está, aí  tem que se conseguir um equilíbrio entre ser‐se  inclusivo e ser‐se, 

simultaneamente,  apontar  claramente  para  a  qualidade.  [Isto]  Não  pode  ser  um  albergue 

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espanhol onde estão todos e depois em termos de qualidade, a coisa pode refletir‐se aí, mas 

conseguir um equilíbrio entre inclusividade e qualidade. (…) 

CC: Agora não numa perspetiva da Universidade, mas da relação com a Administração Central: 

fruto da crise económico‐financeira que estamos a vivenciar, sente‐se menos motivado agora 

– dado os cortes salariais, por exemplo ‐ do que se sentia há 5 anos atrás, no período anterior 

à crise? Ou pelo menos, “barreiras”, encontra? 

E2: Em termos de motivação não. Agora, é evidente que esses “cortes” todos: cerca de 20 e tal, 

quase 30% comparativamente a 2010, 2011 é muito; é quase um terço da massa salarial atual. 

Em termos de motivação é evidente que isso não motiva. Não motiva, mas não desmotiva em si 

mesmo. É evidente que  incomoda. (hesitação) Não estabeleço uma  ligação entre  isso e (...) o 

empenho. (…) 

CC:  (…) Considera que a autonomia do  corpo docente possibilita que  "certos profissionais ignorem as necessidades reais dos seus clientes" assim como as "necessidades da [própria] organização"26 (…) Estamos aqui a falar de questões como autonomia e controlo e associação à estratégia. 

E2:  Isso  tem duas  leituras. Uma  leitura mais mainstream em que se  isso existir pode ser um problema; é uma leitura mainstream, mas não é necessariamente a minha leitura. O facto de haver docentes que, no fundo, estão à margem, estão noutra, acho que isso é necessário. Quer dizer, não podem é ser todos assim. Se forem todos assim, os estudantes, se calhar, vão‐se sentir um pouco alienados, a organização achará que não tem mãos nisto mas é, fundamental, não “cortar”  a  iniciativa,  não  “cortar”  a  curiosidade.  A  ideia  de  que  precisamos  de  estar  todos alinhados,  todos na mesma página, pode parecer muito atrativo, mas pode ser muito muito prejudicial (pensativo) Nesse terreno aí, não há espaço para “Einsteins”. “Einsteins” precisam de espaço, precisam de  trabalhar nas  suas  ideias,  sozinho  e que não  chateiem. Portanto,  se o Einstein estivesse condicionado – tens que pensar nos teus alunos, tens que pensar no que a Universidade está a pedir – se calhar não chegaria à Teoria da Relatividade. 

CC: Considera, então, se eu disser que à luz da estratégica competitiva, a estratégia tem que ser mais baseada nos recursos internos do que estar condicionado por fatores externos? Ou acha que há aqui um mix que é possível [alcançar]?... 

E2: Tem que ser um mix: não pode ser “ou” “ou”, mas ambos. Portanto, a questão é conseguir um “casamento” adequado entre os dois, ou seja é fundamental, como lhe disse, não “cortar” a iniciativa, a curiosidade, de certa forma até o individualismo, cada um ir atrás das suas ideias e trabalhar nelas sozinho ou com um pequeno grupo e “que não o chateiem” e ter tempo para trabalhar nisso e ver onde o leva… pode até não o levar a lado nenhum, mas é importante ir por ali. Portanto, é importante isso, por outro lado é importante haver um enquadramento a partir de cima, para que essas iniciativas locais, no fundo, tenham – por um lado – legitimidade interna também e sejam, elas próprias, potenciais (pensativo) fontes de contribuição para a organização como um todo. Ou seja, no fundo é aquela velha questão da relação entre o topo e a base. Ou seja, o topo define completamente a base ou não define nada e é a base que vai e o topo limita‐se a agregar. Não é uma coisa nem outra: do topo deve vir enquadramento mas não delimitar 

                                                            26 cf. "Mintzberg, Henry. Estrutura e Dinâmica das Organizações. D. Quixote. p. 404." 

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muito (…) (bastante hesitação) “balizas” a partir de cima para enquadrar, depois precisamos de indicadores, mas coisas simples, não ter uma “máquina” (…) 

CC: Ao  longo  da  sua  vida,  notou  que  a  burocracia  prejudicou  a  sua  atividade  científica  e pedagógica? 

E2: Sim, sim, sim (abanando a cabeça em sinal de concordância absoluta). 

CC: (…) Esta tem‐se vindo a acentuar? (…) 

E2:  Tem  havido  episódios. Há  vários  anos  atrás.  (…)  Todavia,  há  cada  vez mais  burocracia. (matéria  não  passível  de  reprodução  por  questões  de  confidencialidade)  … muito  trabalho administrativo… (…) tempo que é “roubado” a investigação, particularmente (…) mas não tenho sentido ultimamente, vá lá, condicionamentos. Diretamente, não. 

CC: Para finalizar doutor, relativamente à temática que estamos aqui a falar (…), pergunto‐lhe se acha que há algo pertinente que quisesse mencionar e seja assinalável para o âmbito do trabalho (hesitação) que seja relevante para o âmbito do trabalho e eu não tenha levantado e que ache pertinente levantar? 

E2:  Acho  que  as  questões  foram muito  interessantes, muito  interessantes.  Não  há,  assim, propriamente algum assunto que tivesse em mente falar e que não tenha sido abordado. Mas é, no fundo, reiterar uma coisa que disse há pouco. Reiterar que – mas isto sou eu que se calhar se falar com outros colegas aí, se calhar não vai ouvir esta história mas… ‐ é muito importante – pelo menos, é a forma como eu vejo – é muito importante preservar os académicos de clichés, de modas, não lhes impor de uma forma assim muito marcada ideias que circulam atualmente, desde alguns anos, nas Universidades como por exemplo a questão do empreendedorismo. O empreendedorismo é, que está a introduzir‐se no sentido da entrepreneurial university, a ideia de que nas Universidades não basta ensinar, investigar, é necessário também empreendermos; o  académico  passar  também  ele  a  ser  um  empreendedor.  Quer  dizer,  isso  é  perigoso. (interrompido) 

CC: Acha que isso é um dos “toques” da “nova gestão pública” aplicados ao ensino superior?... 

E2: Sem dúvida, sem dúvida… A new public management claramente “encaixa” neste discurso. 

CC: (…) E vê, tendencialmente, como negativo ou vê pontos positivos?... (…) 

E2: Nem  tudo  é  negativo  e  nem  tudo  é  positivo.  (matéria  não  passível  de  reprodução  por questões de confidencialidade) O problema é quando se estende este  raciocínio para  toda a Universidade. A Universidade não é algo de uno, de homogéneo. A Universidade é pluralidade; é uma pluralidade de saberes e impor esse raciocínio (reticente ou relevando ceticismo) (matéria não passível de  reprodução por questões de confidencialidade)  Isso do empreendedorismo é revelador de uma centralidade que o mercado tem vindo a ganhar, não apenas aqui, a nível da Universidade, mas em termos da sociedade como um todo. 

CC: Acha que é efémero, que é uma moda?... 

E2: Receio bem que não seja efémero. 

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CC: Tende a agravar‐se, então? 

E2: Sim, sim. A questão do mercado, mesmo a nível político, a questão da crise, isso notava‐se muito mais há um ou dois anos atrás: “os mercados; o que é que os mercados; qual é a reação dos mercados; cuidado não falem dos mercados”. Há um endeusamento do mercado, como se nos tivéssemos todos que subjugar ao que o mercado pensa, que sente, não é?! E “o mercado manda, nós obedecemos”. (…) 

CC: Acha que a Universidade não pode esta “presa” a lógicas de mercado (…)? 

E2: Não pode, não pode. É evidente que não pode ignorá‐lo (…) mas não se pode avaliar todas as vertentes da Universidade por esse crivo (…)  

CC: Sente que os  sistemas de avaliação de desempenho  serão  (…)  condicionados por esta vertente?... 

E2: Sem dúvida. Há esse risco… 

CC: Acha que há o risco de descaracterização da Universidade?... 

E2:  Sim,  sem  dúvida.  Sim.  Sim.  (matéria  não  passível  de  reprodução  por  questões  de confidencialidade) Não se deve aplicar os critérios de igual forma em todos os lugares. (matéria não passível de  reprodução por questões de confidencialidade) Os sistemas de avaliação são desenvolvidos  localmente  mas  terá  que  haver  alguma  harmonização  a  nível  global  da Universidade como um todo, mas acho que devemos ter muito cuidado aí, precisamente para não estar a “matar” curiosidade, a iniciativa, em nome de uma ideia de mercado, de termos que ser empreendedores. Não, quer dizer, nós somos académicos, não somos empreendedores, não devemos ser; podemos ser, mas não devemos ser, não é?! Acho que não devemos misturar as “coisas” aí. 

CC: Só mesmo uma última questão e, agora sim, prometo que é final (…) perguntava‐lhe se sente mais motivado inserido na sua secção ou envolvido em questões à escala Universitária ou da própria  faculdade  (…) Via‐se, por exemplo, a desenvolver atividade docente noutra unidade orgânica de ensino… (interrompido) 

E2: Já estou… (…) 

CC: (…) Mas sente‐se mais motivado por estar envolvido em questões administrativas à escala da faculdade ou da Universidade? (…) 

E2: Não, não. Posso fazer. Aliás, já fiz, mas (…) não é isso que me faz sair da cama para vir para cá. (matéria não passível de reprodução por questões de confidencialidade) São aquelas “coisas” [gestão universitária] que, ok, faz‐se mas não é algo que me motive em si mesmo. 

CC: Obrigadíssimo (…) 

   

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Anexo X: Entrevista efetivamente realizada ‐ Indivíduo III 

Entrevista n.º 3 

Data do questionário: 24/04/2014 

 

Nome: (Nome não revelado por questões de confidencialidade) 

Idade atual: 63 anos de idade 

 

Profissão: Docente Universitário e elemento pertencente ao vértice estratégico (i.e. órgão de 

governo) da Universidade do Porto 

Tempo de docência: Aproximadamente 43 anos 

Tempo em organismos de gestão universitária: 25 anos 

 

Caracterização do ambiente da entrevista:  

Local da entrevista  Gabinete 

Estado das instalações (1 – muito más a 5 – muito 

boas) 5 

Ambiente sonoro durante a entrevista (1 – ambiente muito perturbador a 5 – ambiente muito tranquilo) 

Interrupções ou demais perturbações durante a entrevista (1 – muitas/sistemáticas a 5 – nenhuma) 

Presenças de pessoas externas à entrevista? Sim/Não? Quantas? 

Sim. Mais um indivíduo, também 

pertencente ao vértice estratégico (i.e. 

órgão de governo) da U.Porto mas 

hierarquicamente inferior ao entrevistado 

e com responsabilidades inerentes ao 

âmbito do presente estudo com cariz mais 

quotidiano. 

Caracterização  do  entrevistado  (Arrogante;  Altivo; Falador; Cooperativo; Nervoso; Tímido; etc.) 

Cooperativo mas ponderado e cauteloso 

nas respostas ao longo de quase toda a 

entrevista, como é seu timbre 

característico.  

Postura mais passiva (ou complementar) 

de personalidade externa à entrevista, 

mas em coerência com a postura do 

entrevistado (principal). 

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Caracterização do entrevistado (Vestido formalmente; Vestido semi‐formalmente; Vestido informalmente) 

Ambos os presentes, vestidos 

formalmente. 

Duração efetiva da entrevista  43 minutos e 46 segundos. 

Outras notas/informações  Luminosidade, temperatura e ventilação 

adequados. 

 

Diálogo com linguagem gestual firme do 

entrevistado e com contacto visual 

frequente, revelando total domínio sobre 

o setor do ensino superior.  

 

Personalidade externa marcou presença, 

procurando complementar – na maioria 

das vezes, até reforçar ou validar – 

respostas do entrevistado. 

 

Transcrição da entrevista: 

Cláudio Carvalho  (doravante, apenas CC): Como caracterizaria,  sumariamente, a estratégia competitiva da Universidade?  Isto é, entre as estratégias que  irei  referir, qual considera a estratégia que mais se adapta à escala Universidade e às suas faculdades (tentando encontrar aqui um paralelismo, se tal for possível)? 

1. Estratégia competitiva de liderança por custos.  

2. Estratégia competitiva por diferenciação qualitativa. 

3. Estratégia por inovação. 

Estas são todas estratégias competitivas são todas numa perspetiva outside‐in – que parte do mercado para a instituição. 

4. Estratégia baseada nos recursos (…) 

Entrevistado #3 (doravante, apenas E3): Elas não são mutuamente exclusivas, não é?! Mas, nós, acho que é a diferenciação qualitativa, aquela que nos tem procurado... Se  for ver  (…)  tanto aponta excelência no ensino, como excelência na investigação e na valorização de conhecimento para a sociedade.  

CC: A prioridade é essa, não é? 

E3: A prioridade é ser tão bom quanto possível: procurando ser o melhor em Portugal, um dos cem melhores da Europa e, em 2020, um dos cem melhores do Mundo, não é?!  

Pessoa  externa  à  entrevista  (doravante,  apenas  PE):  E  isso  pode  observar  na  taxa  de doutoramentos que nós temos. Portanto, no peso dos doutoramentos, isto é, o peso dos nossos doutorados no corpo global (interrompido…)  

E3: Para ter isto, precisa de ter os recursos humanos de grande qualidade… 

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CC: E a segunda questão que lhe perguntava era: prioriza esta [estratégia] mas tendo como uma segunda (interrompido)  

E3: Para lá chegar tem que ter bons recursos humanos, bons recursos económico‐financeiros, tem que ter bons recursos estruturais, não é?!... 

CC: Acha que o ponto de partida é esse – os recursos humanos – ou é a vertente externa?... 

E3: Exatamente, é a vertente externa (afirmação com entoação ou vigor categórico). Qualidade é o marco que procuramos e para isso temo‐nos de munir das condições para ter essa qualidade. (volta‐se para PE) Não é?! Pelo menos, parece‐me que é este, não é? 

PE: Sim… 

CC:  Considera  que  o  corpo  docente  da U.Porto  e  das  suas  unidades  orgânicas  de  ensino 

conhece a estratégia competitiva da U.Porto? Globalmente… 

E3: Posso garantir que… (hesitação…) (interrompido) 

CC: A sua perceção… 

E3: Sim, de um modo geral, as pessoas sabem, conhecem. 

PE: Repare, nós  temos um plano estratégico que é aprovado pelos órgãos competentes e é 

(ligeiríssima hesitação…) (E3 começa a falar de forma sobreposta, enquanto PE continua a falar) 

é divulgado. Há o relatório que depois… (E3 interrompe PE e prossegue) 

E3: (E3 começa a falar de forma sobreposta, enquanto PE continua a falar) é divulgado, está no 

site  (E3  interrompendo PE, prossegue  resposta  sozinho)  falo  sempre nele nos discursos  (…), 

portanto… Penso que as pessoas sentem isso e sentem (som ruidoso de fundo torna impercetível 

perceber  “in  loco”  e na própria gravação o que  foi  referido  curto  trecho que  completa  esta 

resposta) (…) 

CC: Que mecanismos  (ligeiríssima  pausa)  é  que  realça  (ligeiríssima  pausa)  de  divulgação comunicacional dessa mesma estratégica? Para lá dos discursos… 

E3: Temos o plano estratégico que é divulgado (ligeiríssima hesitação) e que está na página da Universidade e cada faculdade tem, por sua vez, um plano estratégico alinhado com este que é aprovado internamente. (…) Ao longo do ano, nós vamos sempre divulgando os parâmetros, dos rankings que chegam, etc., portanto para manter as pessoas informadas da evolução qualidade percecionada de  fora, porque essa é que é  importante. E há um outro  fator que acho que é importante que é a questão de termos um sistema de garantia de qualidade que foi amplamente divulgado  e  aprovado  e  que  é  usado  sistematicamente  (…)  Tudo  isto  são  sinais  que  estão constantemente a apelar à necessidade de ação: a publicação de know‐how – do número de artigos publicados, das  citações nas  revistas em questão –  sempre  sendo  feito uma  grande divulgação disso, quer internamente, quer externamente (hesitações ligeiras)… Quando temos prémios, gente qualificada, etc. (interrompido por PE) 

PE: E depois há um instrumento operacional que corporiza isto que é o sistema de avaliação de desempenho dos docentes que os indicadores que lá estão têm a ver com a qualidade, não é?! 

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E, portanto, isto permite ir à unidade, ao docente propriamente dito. Ele perceciona dessa forma que há uma valorização desses critérios. 

E3:  Dos  critérios  de  concurso  quase  sempre  são:  publicação,  qualidade  dos  inquéritos pedagógicos, qualidade das citações, etc.… a apelar (hesitações) (interrompido) 

CC:  Percecionará  que  ao  longo  da  entrevista  redundaremos  em  algumas  destas matérias, portanto (…) 

E3: Ah claro… Obrigado… 

CC: (…) Algumas destas questões poderão voltar a ser exploradas mais à frente. (hesitação) Como  terceira  ou  quarta  questão,  perguntar‐lhe‐ia  em  que  medida  da  U.Porto  está dependente dos recursos humanos? Quer do ponto de vista positivo, quer do ponto de vista negativo... 

E3: (…)A consecução da estratégia depende dos recursos humanos, totalmente… (riso  ligeiro) Sem recursos humanos não a consegue fazer, não é?! 

PE: Os recursos humanos numa Universidade é um fator estratégico principal, o grande ativo… (interrupções sucessivas mas “suavizadas” entre PE e E3) E3: É, é o fator estratégico principal… é o fator principal para a aplicação da estratégia… PE: A organização distingue‐se pela qualidade das pessoas que tem e isso (…) 

CC:  Eu  agora,  nesta  senda  do  que  estava  a  dizer,  pedir‐lhe‐ia  esta  paráfrase  que  faço  de Mintzberg ‐ de Henrique Mintzberg ‐ e vou (...) pedir‐lhe que comente. Ao nível da gestão de recursos  humanos  no  ensino  superior,  considera  que  a  autonomia  do  corpo  docente possibilita que "certos profissionais  ignorem as necessidades reais dos seus clientes" assim como as "necessidades da [própria] organização"27. Em suma, considera que a autonomia do corpo docente e envolvimento ao nível da gestão administrativa ou gestão universitária, em parte,  condiciona  a  aplicação  de  uma  estratégia  competitiva  “mais  audaz”  à  escala Universitária? 

E3:  Sim  senhora,  concordo  com  isso.  Acho  que  há  autonomia  exagerada,  que  confunde‐se autonomia pedagógica e científica com autonomia da pessoa dentro da instituição, quer dizer ser uma instituição dentro de uma instituição. E aí, o professor universitário, em Portugal, ‐ essa realidade é dita por toda a gente – essa realidade é demasiado uma “instituição dentro de uma instituição”  (articulação  pouco  percetível).  Não  se  considera  um  assalariado  da  instituição, portanto há uma enorme dificuldade em alinhar com os  interesses da  instituição. Eu, muitas vezes, digo isto e digo francamente um dos problemas do nosso ensino é que as pessoas têm pouco espírito institucional e, portanto, cada um quer ser um “quintal”, um “jardim próprio” e depois as “coisas não jogam”. Esse é um problema sério e tenho dito várias vezes que era preciso acabar com a ECDU28; defini‐lo à escala universitária. (matéria não reproduzível por questões de confidencialidade) Mas, se calhar, até depois a gestão acaba, também, por deixar que as coisas aconteçam e devia ser mais exigente (hesitação) no processo de atribuição da tenure; devia ser mais exigente nos concursos… (hesitação). Basta comparar que nos Estados Unidos, regra geral, 

                                                            27 cf. "Mintzberg, Henry. Estrutura e Dinâmica das Organizações. D. Quixote. p. 404." 28 ECDU é a designação de “Estatuto da Carreira Docente Universitária”. 

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é um terço dos professores que conseguem tenure; aqui é, por exemplo, 90% consegue tenure. (…) Porque, no fundo, são os professores que fazem a gestão de si próprios. 

CC:  (…) Vou  repescar  a  questão  anterior,  estava  [leia‐se,  o  entrevistado]  a  referir  que  os recursos humanos eram um fator chave e estava mais focado nas questões das qualificações, da  complexidade,  da  singularidade  do  próprio  trabalho,  mas  sente,  também,  que  a complexidade e, inerente, autonomia que têm, prejudica, se calhar, uma visão estratégica… (interrompido) 

E3: Maior eficácia… 

CC:  (prosseguindo  com  a questão) que prejudica  a pragmatização de uma  estratégia que, eventualmente, tenha desenhado? 

E3: (Abana a cabeça, mostrando concordância) Sim, exatamente… Uma coisa é a pessoa dizer assim: “eu tenho liberdade para ensinar (…)” e de investigar… Eu investigo aquilo que eu quero investigar, desde que arranje os meios para o  fazer  (riso) ótimo! Acho que essa  liberdade é fundamental para  inovar, para aprender as coisas, agora eu estou  inserido na organização e tenho cumprir as regras dessa organização. Não estou ao lado dessa organização e aqui é que começa  a  aparecer  uma  confusão  muito  grande  daquilo  que  é  a  liberdade,  digamos,  do professor,  que  não  existe,  portanto,  no  não  docente,  não  é?!  (risos)  Que  é  totalmente diferente… 

CC: E considera que isso gera tensões e conflitos mesmo entre os próprios docentes… 

E3: Sim. Entre a gestão e os docentes e, claro, entre os [próprios] docentes (…) No fundo, isto não  impede  (hesitação) a adoção de estratégias e a componente da estratégia mas dificulta muito. Levanta obstáculos e  torna mais complicado cumprir os  timings que  se querem para tomar decisões que se pretendam 

CC: Agora já noutra perspetiva, considera que ao nível das políticas e práticas de gestão de recursos humanos, a Universidade "importa" as melhores práticas do setor ou procura adotar as práticas mais adequadas ao contexto onde a U.Porto se insere? (…) 

E3: Ora bem, muito sinceramente, se quer que lhe diga, não há uma política da Universidade de contratação de pessoas, de recursos humanos… (hesitação) … de docentes e porquê? A gestão não  tem  qualquer  participação  na  escolha  de  docentes.  Isso  é  entregue  sempre  a  júris  (…) (coexistência  de  elementos  impercetíveis  e  de  elementos  não  passíveis  de  transcrição  por questões de confidencialidade) Quer a promoção, quer a contratação deviam estar na “mão” ou na capacidade decisória dos órgãos de gestão superiores acompanhados e assessorados por especialistas que vinham ajudar a escolher os melhores dos que se candidataram; ora, isso não acontece. Um concurso para professor catedrático, vem um júri em que a maioria até é de fora da própria Universidade; como está agora na lei… (hesitação) Portanto, é o modo como é feito esse  júri.  (hesitação)  (elementos  não  passíveis  de  reprodução  por  questões  de confidencialidade) 

CC:  Então,  considera  que  apesar  de  criar  uma  estratégia  depois  existem,  naturalmente, inconsistências ao nível das práticas concretas… 

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E3: Claro, claro…  (acenando afirmativamente) E as  regras que estão  instituídas… Essa é uma delas: a contratação (hesitação)… Já no pessoal não docente é diferente, volto a dizer, outra vez. Aí, há uma intervenção da gestão na escolha dele.  

(…) 

E3: É por isso que nos docentes, não “importamos boas práticas”(…) Assisti numa Universidade francesa (…), em que eram ouvidos, durante um dia inteiro, os candidatos por um júri em que estava  o  Presidente  da  escola  ou  da  Universidade  e  depois  um  indivíduo  externo  que  era convidado pela escola, especialista que vinha ajudar. Usamos muito o  inbreeding e que devia ser  uma  prática  que  deveria  ser  alterada…  (elementos  não  reproduzíveis)  Toda  a  gente reconhece  que  há muito  demasiado  inbreeding, mas  ninguém  faz  nada  para  o  alterar;  até porquê? Porque a gestão, mais uma vez, não tem intervenção nisso. 

De seguida,  incorporando nesta, entrevista, conceitos associados à  realização de  inquérito administrados por via indireta, foi questionado ao E3 quais das seguintes práticas – segurança laboral,  recrutamento  selecionado  (exigente),  salários elevados, pagamento de  incentivos, partilha  de  informação,  aposta  na  formação  e  desenvolvimento,  cross‐utilization,  cross‐training,  igualitarismo  simbólico entre docentes,  compressão  salarial, promoção  interna e, finalmente, a monitorização de práticas ‐, considera existir ou se que se aplicam ao nível da gestão de recursos humanos (corpo docente) na U.Porto. Eis as respostas29: 

Prática30  Aplica‐se Nível 

intermédio Não se aplica 

Notas Adicionais 

Segurança laboral  x       

Recrutamento selecionado (exigente) 

  Depende   Depende do júri. Cada caso é um caso. 

Salários elevados      x   

Pagamento de incentivos 

    x  

Partilha de informação 

x     

E3  considera  que  assim, remetendo  uma  vez  mais para o sistema informático. Ao  nível  da  auscultação, apenas  é  referenciado  os órgãos  de  gestão  e  outros análogos  (e.g.  senado  da 

                                                            29 Termos de maior complexidade ou de compreensão mais difícil, foram explicitados claramente, durante este momento. 30 Foram excluídas do “questionário” as “melhores práticas” tida pela literatura mas que não se aplicavam claramente à realidade do ensino superior. 

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U.Porto, CCMEUP, CCI&D+i etc.) existentes. 

Aposta ou fomento pela Reitoria da U.Porto da formação e desenvolvimento do corpo docente 

x     

Segundo  E3,  existe  alguma aversão do corpo docente e é  reconhecido  que  devia haver mais  (sobretudo,  na área  pedagógica), nomeadamente  por  esse motivo de  aversão. Apesar de  tudo,  mas  existem apoios  como  apoios  da Gulbenkian, programa “Par em  Par”,  programa  de formação contínua  interna, formação  pedagógica  nas unidades orgânicas. 

Cross‐utilization   Muito pouco 

  

Cross‐training   Tendencialmente, não. 

 

Apenas  formação  na vertente  pedagógica  e administração  do  e‐learning,  etc.  Em  áreas científicas diferentes das de formação  de  base  não ocorre.  Em  suma,  apenas para  apoio  à  atividade principal que é exercida. 

Igualitarismo simbólico entre docentes 

    x 

Existem grandes diferenças de  status mas  segundo  E3 hierarquia  não  consegue propiciar  igualitarismo  ou controlar  diferenças  de status. É tido como inerente ao setor do ensino superior.

Compressão salarial 

x     

Existia,  anteriormente, entre Professor Assistente e Professor Auxiliar:  quase  o dobro  de  vencimento segundo  E3, mas  de  resto existia  e  continua  a  existir grande compressão salarial.

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Promoções internas 

    x 

As progressões automáticas estão  fechadas,  mas promoções  podem  ocorrer por  concurso  e  têm ocorrido. 

Monitorização de práticas 

x     Mensalmente,  segundo  E3 e PE. 

Na sequência desta discussão, foi acrescentado por E3 e PE o abaixo disposto: 

(…) 

PE: Na verdade, o que prevalece é a cultura própria da instituição. É óbvio que estamos atentos às “melhores práticas”, mas na verdade existe um contexto e uma cultura muito própria que obriga a uma contextualização; quer dizer, não são adaptadas as “melhores práticas”, não são “importadas” diretamente, há que ajustá‐las aqui à realidade universitária que é claramente… (interrompido) 

E3: E à nossa lei, à lei que nos gere… (referência com um certo tom de indignação) 

CC: Ainda bem que falam, precisamente, disso: a questão da legalidade, do enquadramento legal. Acha que, de facto, as práticas, inserem‐se mais numa abordagem mais universalista, dado o enquadramento jurídico uniforme que existe (…) mais uniforme e que não dá tanta autonomia ou liberdade às instituições para se adaptarem à sua própria realidade, uma ECDU centralizada…? (…) 

E3: Sim, óbvio. Todos se regem pela mesma lei. 

PE: Exato… 

E3: Nós temos agora capacidade com a possibilidade do regime privado… (interrompido) 

PE: As fundações das três Universidades têm um bocadinho mais de autonomia e capacidade (interrompido) 

E3: Mas aí, o corpo docente ainda está na parte pública. Só daqui a uns anos mais é que… 

(…) 

CC: Portanto, tendo em conta o que me disse, considera que estas práticas e práticas não estão integradas, de forma consistente com a estratégia competitiva da organização ou acha que estão? (…) Ou é possível? 

E3: É possível  [que não estejam  tão  integradas] numa  instituição  tão “espartilhada” como a U.Porto.  É muito mais  fácil  reconhecer  isso  [a  integração  consistente  entre  estratégia  e  as políticas  e  práticas]  numa  Universidade  como  a  do Minho,  ou  a  de  Aveiro,  onde  há  uma hierarquia de gestão (elementos não passíveis de reprodução por questões de confidencialidade)  

(…) (elementos não passíveis de reprodução por questões de confidencialidade) 

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CC:  Considera  que  atualmente  existem  diferenças  significativas  na  gestão  de  recursos humanos da Universidade, face ao período antes da passagem a fundação pública de direito privado ou, se preferir, remontemos ao período pré‐RJIES, pré‐2007? Acha que existem muitas diferenças?  

E3:  Na  parte  de  recursos  humanos  não  docentes,  existe  uma  grande  diferença;  com  a contratação por regime privado, agora, é muito mais fácil e podemos escolher com muito mais rigor do que no passado; nos docentes começa, em alguns casos, a acontecer nos professores auxiliares e, também, alargou nos contratados a tempo parcial, nos convidados. (…) 

CC: E tem conseguido, ao nível dos docentes estrangeiros [i.e. contratar com maior eficácia]? 

E3: Ao nível dos Docentes estrangeiros não temos crescido muito… não, porque não é atrativo… 

CC: A nível salarial? 

E3: Pois… (…) 

CC: Corrija‐me se estiver enganado ou, pelo menos, reforce se estiver certo: as inconsistências que  existem  entre  a  aplicação  da  estratégia  competitiva  que  tem  na  Universidade  e  as práticas, depois, da própria Universidade… (validação por linguagem corporal e verbal por E3, seguindo‐se ligeira hesitação por CC) existem por condicionantes externas? (…) E não mudou muito  dependendo  da  implementação  do modelo  fundacional  ou  do  RJIES,  pelo menos substantivamente? 

E3: (…) Fundação facilitou‐nos a contratação, agora, mas como eles [o Governo] nos “cortam” os vencimentos. Podíamos fazê‐lo [contratação por regime privado, etc.], não o fazemos porque a  altura  ainda  não  é  boa.  Podíamos  ter  carreiras  próprias,  como  fundação,  e  pagar diferentemente (impercetível), mas como temos um peso muito grande de público [i.e. docentes com  contrato  laboral  de  direito  público]  e  o  privado  está  agora  a  começar  a  crescer,  seria extremamente terrível ter as pessoas a ganharem muito diferentemente conforme o contrato que tivessem, não é?! Conseguimos dar aí uma “voltinha” quando tinham quarenta horas no privado e demos a diferença entre as trinta e cinco horas e as quarenta horas e havia aqui uma diferenciação com o regime privado, mas agora como vão aumentar as horas do público, criaram um problema (…) 

CC: Acha que a atual massa salarial é tão grande numa U.Porto que não permite, de facto, passar para um regime de direito privado (hesitação) haja maior valorização? 

E3: As pessoas não passariam… A questão não é essa. 

PE: A questão não é essa. A massa salarial até, em termos relativos, ‐ fazendo um benchmarking com  as outras  instituições  –  é mais baixo. O que  acontece  é que  temos  a maior parte dos docentes contratados ao abrigo do regime de direito público e depois só uma pequena franja é contratada ao regime de direito privado. (…) (parte impercetível por ruídos de fundo) 

CC: Essa “segmentação" prejudica, é isso?... 

E3: Prejudica… Tensões  internas, não é?! (…) Daqui a dez anos, se  isto tudo se mantiver – os mesmos regimes e esta autonomia ‐ a “coisa” vai mudar e estava a acontecer no pessoal não 

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docente muito mais  aceleradamente porque  aí  é  tudo  contratado pelo  regime privado  e  já temos um número muito substancial, neste momento. É provável que, dentro de dez anos, a maioria seja de regime privado. (…) 

PE: (…) Era preciso que as instituições tivessem um bocadinho mais de autonomia (interrompido) 

E3: Claro… 

PE:  (continua…) Repare,  isto  implica, quer dizer, diferenciar, significa mais  risco e aumentar, também, massa salarial. É preciso que as instituições tenham capacidade, depois, para captar novos financiamentos, prestar mais estudantes (…) (interrompido) 

E3: Isto está tudo interligado, não é?! Nós temos trinta instituições públicas de ensino superior, para além das enfermagens… Ora, isto é insustentável. Nós não temos capacidade para trinta instituições públicas. Acontece é que  temos,  se  calhar,  (impercetível)… Podemos  concentrar nalgumas  [instituições]  e  termos muito mais  capacidade  de  fazer  uma  gestão  de  recursos humanos adequada, não é?! Se comparar com Espanha, se calhar, temos três vezes mais, em proporção da população que tem, não é?! 

CC: Já que fala nisso: se tivesse que escolher entre os diferentes stakeholders, por exemplo, digamos o Estado  (a  tutela) e a concorrência,  isto é, as outras Universidades portuguesas, quais é que considera como o maior entrave à própria competitividade da U.Porto? 

E3: É o Estado!...  (afirmação com entoação ou vigor categórico) Tem sido o governo, com a legislação  que  cria,  burocrática,  só  cria  (…)  PE:  (intervenção  sobreposta  impercetível) Autonomia… E3: (…) Já nem estou a falar dos cortes do financiamento. É a asfixia burocrática que  têm  imposto às Universidades.  (elementos não passíveis de  reprodução por questões de confidencialidade) (…) a autonomia é uma falácia… 

CC: No plano de atividades e orçamento da Universidade do Porto para 2014 está plasmada a necessidade  de  ser  mais  exigente  no  processo  de  recrutamento  e  seleção.  Perante  a envolvente externa mais  competitiva,  como é promovida a  retenção do corpo docente na Universidade?  

E3: (hesitação) 

CC: Sente que está numa posição competitiva mais vantajosa e que, de  facto,  tem menos necessidades de retenção – isto face às demais Universidades – ou sente que o setor privado acaba por  ser mais atrativo, principalmente, em contexto de crise e é difícil  reter o corpo docente? 

E3: Para entrada, não, acho que não. Para pessoal [corpo não docente] auxiliar é capaz de ter um vencimento superior do que tem… Para cargos superiores, na privada, ganha muito mais… (hesitação) 

CC: E tem sentido saídas? 

E3: Não… (hesitação) Depois da pessoa estar na carreira de associado… (interrompido) 

CC: Prefere a segurança?... 

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E3: É… É muito raro aquele que sai. Pode passar para tempo  integral e depois acumular com alguma atividade externa, mas mesmo, assim, não é muito grande esse número. (…) As pessoas dentro da própria Universidade, podem prestar esses serviços e serem remuneradas por esses serviços  extras, desde que  seja  com  verbas que  foram  geradas pelos próprios ou  formação contínua para o exterior e parte dela ser remunerada à pessoa. (…)  

PE: (…) E retemos o overhead. 

CC: Para lá das que já falamos, esta é, portanto, uma prática para promover a retenção e evitar a “fuga” do corpo docente, certo? 

E3:  Certo.  Já  com  investigadores  é mais  complicado,  porque  investigadores  não  têm  uma carreira de investigador. Investigadores são “contratados à peça”. (…) Exceto se for pelo regime privado, em que podemos fazer um regime de carreira própria, não é?! 

(…) 

CC: O que é que o próprio corpo docente per se pode fazer, particularmente, para tornar a U.Porto mais competitiva e as suas faculdades (…) ou seja, o que pode fazer para contribuir para o reforço da posição estratégica da Universidade? 

E3: Não  ser avesso à  formação didático‐pedagógica e que  se candidatasse, cada vez mais, a programas de financiamento externo, particularmente europeus (…), não só pelo dinheiro que atrai, mas pelas redes que forma e pela escala que se ganha com presença internacional. 

CC: As secções e os departamentos de docentes ou os docentes per se? 

E3: Os docentes é que têm papel nisso. Lógico, que criamos condições para isso. Criamos aqui um grupo para apoiar os docentes a fazerem candidaturas e ajudá‐los a gerir financeiramente… Temos que criar essas condições e incentivá‐los a candidatarem‐se. Isso tem vindo a crescer na U.Porto e  tem que  continuar  a  fazer  e, portanto,  a empenhar‐se na  investigação, porque  a U.Porto é uma Universidade de  investigação e, portanto,  todos os estudantes se preocupem com a investigação de algum modo e na ligação ao exterior para alargar essa participação com a sociedade. 

CC: Tenho aqui algumas questões finais [e de cariz mais acessório] e como tenho mais alguns minutos, queria aproveitar se me permite: Acha que o que é bom para a Universidade pode não ser bom para os docentes ou, pelo menos, bom para uma parte do corpo docente (…) ou, alternativamente, acha que o que é bom para a U.Porto é, inerentemente, bom para [todos] os próprios docentes. 

E3: Se estamos a pensar em pessoas com espírito institucional, o que for bom para a U. Porto é bom para os docentes, de certeza absoluta, porque cada um gosta de  ter uma Universidade evoluída, gosta de participar na sua construção, sente orgulho em ser da Universidade, etc.. Se não  tiver  espírito  institucional,  se  calhar  algumas  coisas  não  serão  boas,  porque  obriga  a trabalhar, obriga a empenhar‐se mais…  

CC: Acha  que  é  “utópica”  haver  aqui  uma  visão  de  que  o  que  é  bom  para  a U.Porto  é… (interrompido) 

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E3: Devemos caminhar nesse sentido… 

CC: Acha que é impossível que [a estratégia e as políticas ou práticas] seja do agrado de todo o corpo docente? 

E3: Não. Acho que isso deve ser o objetivo de todos: que aquilo que é bom para a U.Porto é bom para os seus docentes. (ligeiríssima hesitação) Porque a Universidade é os docentes e os não docentes e os seus estudantes, não é?! A U.Porto não existe sem os seus docentes e os não docentes. É ela própria, se é bom para a Universidade, também, nasceu e emergiu dos próprios docentes e é bom para eles. É importante o espírito institucional, volto a dizer. Para ilhas dentro da Universidade… (impercetível) (risos) (…) 

CC: Tenho duas questões aqui… que ficaram para o final, foram surgindo e não havia como encaixar previamente perante o guião previsto: Considera existirem injustiças ou iniquidades entre o corpo docente? Isto até mais à escala das unidades orgânicas… 

E3: No meio de tanta gente é normal que exista uma ou outra injustiça nos concursos ou nas provas académicas,… Mas penso que não será significativo. 

PE: (procura complementar) Não é significativo. Não há organização que não tenha qualquer “coisa”. Dois mil docentes, mas a generalidade não. 

CC: Finalmente, [a outra questão]. Existe um planeamento da gestão de recursos humanos? Quem são os principais responsáveis pelo “recrutamento” docente? (…)  

E3:  Lá  está,  os  Conselhos  Científicos  são  os  principais  responsáveis.  São  eles  que  têm  que elaborar os editais e fazer a proposta de júri e aqui é que se “joga tudo”. 

CC:  E  agora, mesmo, mesmo  final:  Considera  que  os  Conselhos  Científicos  são,  talvez,  os maiores “entraves internos” à aplicação da estratégia competitiva que estávamos a falar no início? 

E3: Sim, sim. Acho que os Conselhos Científicos são dos órgãos piores que nós temos (risos). Ainda por cima, é um órgão não democrático e tanto se fala em democracia, não é?!... 

CC: E qual seria a forma daqui de conseguir uma política homogénea? 

E3: Se calhar o melhor era haver um Conselho Científico da Universidade, não é?! Não, um de cada faculdade. Onde houvesse, aqui, uma conciliação de interesses, global. (…) E harmonizar critérios. Por muito que digam que cada um tem os seus critérios, isso é o que convém a cada um dizer isso para manter a sua independência. Do ponto de vista da instituição, tenho muitas dúvidas que hajam tantas diferenciações disso. Que os critérios, depois, se ajustem depois à área  (impercetível  para  efeitos  de  transcrição) mas  isso  deve  ser  julgado,  também,  na  sua globalidade.  (linguagem corporal revela maior nervosismo, batendo os braços contra a mesa, com ligeiro vigor) (…) É o Conselho Científico daquela faculdade que define quais são os critérios do  edital  e  quem  é  a  proposta  (elementos  não  passíveis  de  reprodução  por  questões  de confidencialidade) Os Conselhos Científicos são um órgão, de facto, com um poder muito grande porque têm esta contratação e têm a distribuição do serviço docente que é outra área também de muito conflito (…) Mais uma vez, volta a não ser a gestão operacional da Universidade que participa nestas áreas, o que acho absolutamente inacreditável. 

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CC: Uma dissonância entre operacionalização e a estratégia? 

E3: Claro. (entrevistado mais calmo) (elementos não passíveis de reprodução por questões de confidencialidade) Acho que as instituições [de ensino superior] não são democracias. Acho que as  instituições  [de ensino  superior]  têm outras  finalidades.  (…) As democracias muitas vezes porque é que existem?! A “gente” escolhe quem nos faz felizes, um governo que nos faça felizes: que nos pague bem, que nos dê saúde, boa educação, tudo isso (…) Agora, numa organização, quem gere não é para fazer feliz os que lá estão, é para fazer feliz os utentes e a sociedade que nos paga e quer essas entidades. (…) 

CC:  Acha  que  essa  formalização,  depois,  não  condicionará  o  próprio  trabalho,  a  própria motivação do corpo docente e será contraproducente? 

E3: Não… A maior parte das pessoas querem participar nos órgãos mas depois nem sequer leem as  “coisas”…  (elementos  não  passíveis  de  reprodução  por  questões  de  confidencialidade) Participar, na minha ótica, é  a  gestão  se quer que  as  suas  ideias  vençam  tem que ouvir  as pessoas, envolvê‐las e depois decidir por si porque ela [a gestão] é que é responsável. Não é “decidir por braço no ar”, porque “isso não serve para nada”. (sobe para um tom de intervenção manifestando maior  irritação  inerente  à matéria  que  está  a  relatar)  Põe o braço no  ar  em propostas miseráveis; isto vai tudo miserável… Acabou… 

CC: Acha, portanto, que não é dissonante a questão da formalização da participação?... 

E3: Claro… Evidentemente. Participação não é o “braço no ar”; é envolver as pessoas, ouvi‐las. (elementos  não  passíveis  de  reprodução  por  questões  de  confidencialidade) Não  se  lembra, porque  “não  estava  cá”:  o  Senado  tinha  cento  e  cinquenta  pessoas,  não  reunia,  não  tinha quórum, era uma vergonha danada e, agora, vão  ter  sessenta e  seis, vai  ser outra  “barraca monumental”, mas o que vamos fazer?! As pessoas têm a mania que participação é “meter lá gente a monte”. 

CC: Perguntava a ambos se consideram que há algo pertinente a acrescentar e que eu não questionei ou referenciei? 

E3:  Acentuar  bem  que  os  recursos  humanos  são  a  "peça  fundamental"  da  Universidade, portanto recursos humanos qualificados e motivados é fundamental para o sucesso e para tal estratégia de qualidade que se quer para a Universidade e que, hoje em dia, não há instrumentos para podermos fazer um recrutamento dos mais qualificados e dar a motivação total às pessoas para se empenharem. (impercetível) Muito disso vem de fora e outras coisas vem de dentro. 

CC: (…) Tem alguma coisa a acrescentar (dirigindo‐me a PE)? 

PE: Muito Obrigado. (e com linguagem gestual indica claramente que não referirá mais nada.) 

CC: Obrigado a ambos. 

 

   

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Anexo XI: Quadro‐resumo relativo ao ponto “Resultados e Discussão 

Sumariam‐se, de forma sistematizada, os resultados possíveis no quadro abaixo disposto31. 

  Indivíduo I  Indivíduo II  Indivíduo III 

“Perspetiva universalista” vs. 

“Perspetiva contingencial” 

 

Não é taxativo a este respeito. 

Todavia, salienta a existência de 

condicionalismos externos à 

implementação de práticas tidas como 

recomendáveis. 

Considera existirem ambas as 

abordagens. 

Abordagem é contingencial, afirmando 

estarem atentos "às melhores práticas".  

Salientam, também, condicionalismos 

externos à implementação de práticas 

tidas como recomendáveis. 

Estratégia competitiva  Existem elementos associados a uma 

estratégia outside‐in, mas não é possível 

avaliar se existe uma estratégia 

claramente definida ou mesmo uma 

combinação de estratégias. 

Desconhece estratégia competitiva da 

faculdade e da Universidade onde se 

insere. 

Defende um mix entre perspetiva 

outside‐in e inside‐out (RBV) 

Combinação, mas com prioridade na 

estratégia outside‐in, na vertente da 

diferenciação qualitativa nos serviços 

prestados. 

Boas práticas de GRH 

existentes 

Apoio financeiro na ida de docentes a 

conferências; 

Melhorias ao nível da distribuição de 

serviço docente; 

Apoio financeiro na ida de docentes a 

conferências; 

Melhorias ao nível da distribuição de 

serviço docente. 

Segurança laboral; 

Compressão salarial; 

Partilha de informação; 

Formação e desenvolvimento; 

                                                            31 Excetuando‐se a sistematização face ao ponto "Filosofia GRH hard” vs. “Filosofia GRH soft”, visto estar suficientemente sistematizado na tabela apresentada. 

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Trabalho do docente mais focado no 

acompanhamento pedagógico; 

Pagamento de propinas e equiparação a 

bolseiro a docentes doutorandos; 

"Abertura" institucional para a realização 

de sabáticas; 

Permissão da prestação de serviços 

externos com benefícios individuais 

inerentes. 

Monitorização de práticas.  

 

Más práticas de GRH 

existentes 

‐ 

Falta de alocação de certos docentes a 

centros de investigação. 

Impossibilidade de praticar salários 

elevados; 

Progressões automáticas "fechadas"; 

Grandes diferenças de status. 

Consistência externa32  Existe preocupação com a qualidade no 

médio e longo prazo. 

 ‐ 

Existe preocupação com a qualidade no 

médio e longo prazo. 

A inconsistência externa entre estratégia 

e políticas e práticas é admitida e 

atribuída, fundamentalmente, a 

                                                            32 vd. analogamente  como  fatores para afetação à  consistência externa:  "Influência da alteração para o paradigma de  competitividade e das alterações normativas" e "Influência da crise económico‐financeira e social nacional". 

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condicionantes como a própria estrutura 

organizacional da Universidade e o 

regime normativo e clima económico‐

financeiro em vigor. 

Inconsistências internas 

‐ 

Injustiças na distribuição do serviço 

docente. 

Injustiças na "própria pertença ou não 

pertença a centros de investigação”. 

Inconsistências entre indivíduos 

consideradas não significativas. 

Influência da alteração para o 

paradigma de 

competitividade e das 

alterações normativas 

Possibilidade de maior flexibilidade, 

menos burocracia em procedimentos que 

envolvam a Administração Central, entre 

os quais menos burocracia na GRH (e.g. 

possibilidade de criação de carreiras 

próprias). 

Possibilidade de promover a 

meritocracia. 

Abre possibilidades para a contratação de 

corpo docente internacional de 

qualidade. 

Encara competitividade no setor como 

fenómeno global, apesar da maior 

pressão e perigo de tratamento 

homogéneo de diferentes realidades 

universitárias. 

Possibilidade de maior flexibilidade, 

menos burocracia em procedimentos que 

envolvam a Administração Central, entre 

os quais menos burocracia na GRH (e.g. 

possibilidade de criação de carreiras 

próprias). 

Possibilidade de promover a valorização e 

atribuição de incentivos de cariz salarial. 

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Influência da crise 

económico‐financeira e social 

nacional 

Constrangimentos burocráticos pela 

tutela. 

Perda de rendimentos causa incómodos, 

mas não o desmotiva pessoalmente. 

Constrangimentos burocráticos pela 

tutela. 

Impacto da perda de rendimentos 

pessoais e dos recursos humanos. 

Incapacidade atual de atrair corpo 

docente internacional, por questões de 

nível salarial e da existência de dois 

modelos ou regimes laborais paralelos 

(de direito público e de direito privado) a 

nível interno.