Oximetria de pulso
Henrique Yuji Watanabe Silva (R1 PED)Coordenação: Lislie Capoulade
Hospital Materno Infantil de Brasília/SES/DFBrasília, 3 de agosto de 2014, Brasília-DF
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Hipoxemia• Definição: falha de oxigenação do sangue ≠ hipoxia
(falha de aporte de oxigênio em nível celular)• Importante causa de morbimortalidade- detecção
rápida e acurada para prevenção de complicações. • A oxigenação é difícil de ser avaliada por exame físico
isolado.• Cianose franca: 5g/dL de desoxihemoglobina = SATO2
média de 67%.• O limiar para o aparecimento de cianose depende de
perfusão cutânea, pigmentação da pele e concentração de hemoglobina).
McGee, Steven R. Evidence-based physical diagnosis. Segunda edição. Philadelphia, PA, USA: Editora-Saunders Elsevier. 2007.
História
• 1935- Carl Matthes inventou o primeiro oxímetro com sensor de orelha
• Desenvolvimento da tecnologia na monitorização de saturometria em pilotos de avião- aparelhos não pulsáteis
• 1970- Hewlett-Packard desenvolveu tecnologia comercializável (aumentava temperatura local)
• 1974- Takuo Aoyagi- quantificação das pulsações nos sinais de luz que passavam pelos tecido para medida de SatO2.
Princípios da oximetria de pulso
• Base teórica na lei de Beer-Lambert (Espectofotometria)
– “A absorção da luz passando por um solvente não absorvente que contenha um soluto absorvente é proporcional ao produto do seu comprimento de onda, seu coeficiente de extinção e concentração do soluto. “(1, 2)
– Desoxihemoglobina: Absorção máxima de luz no espectro de comprimento de onda do vermelho (600-750nm).
– Oxihemoglobina: Absorção no infravermelho (850-100nm).
1- ELSHARYDAH, A.; CORK, R. C. Blood Gas Measurements, Oximetry. In: Encyclopedia of Medical Devices and Instrumentation, Vol.1. John Wiley & Sons Inc. 2006. P. 469-4762- Uptodate
A relação da absorvância desses dois comprimentos de onda é usada para estimar a SATO2, que é derivada da relação da oxihemoglobina e a soma de oxihemoglobina e desoxihemoglobina.
Oxímetro
FUNCIONAMENTO BÁSICO DO OXÍMETRO:
– 2 diodos emissores de luz e fotodetector: fotodiodos são ligados e desligados centenas de vezes por segundo, assim a absorção da luz é gravada durante o fluxo pulsátil e não pulsátil.
– Diodo receptor capta a relação de absorção e não absorção dos comprimentos de onda.
– Microprocessamento das informações para cálculo de SATO2 e minimizar erros por influência de espessura de tecido e fluxo sanguíneo.
– O valor do monitor é uma média baseada na aferição de 3-6 segundos.
Essa é a faixa usada para medir a SpO2.
Valores de normalidade
• Micropocessadores são calibrados utilizando tabelas com dados baseados em pesquisas com testes em pacientes saudáveis com decréscimo de FIO2 para alcançar níveis de saturação entre 75-100% pela CO-oximetria.
• Desenvolvedores e empresas comerciais: – SatO2 70-100%: acurácia +-2% do valor real– SatO2 50-70%: +-3
• Na prática clínica, a acurácia ruim a partir de SATO2 <80%• Estudo com 100 pacientes: acurácia muito boa SATO2 82-94%• Valores normais: SATO2 ≥ 95%, considerar também nível anterior
de SATO2 basal de cada paciente• A mediana de SatO2 de base em crianças saudáveis maiores de
um ano se situa em torno de 98% (percentil 5 de 96 a 97%) *
* Balfour-Lynn IM, Field DJ, Gringras P, Hicks B, Jardine E, Jones RC, et al. BTS guidelines for home oxygen in children. Thorax. 2009;64:ii1-26
SpOSpO22 READING (%) READING (%) INTERPRETATIONINTERPRETATION
95 – 10095 – 100 NormalNormal
91 – 9491 – 94 Mild HypoxemiaMild Hypoxemia
86 – 9086 – 90 Moderate HypoxemiaModerate Hypoxemia
< 85< 85 Severe HypoxemiaSevere Hypoxemia
Vantagens- Oxímetro de pulso
• Fornece informação rápida sobre sistema cardíaco e respiratório
• Monitorização contínua não-invasiva• Reduz número de gasometrias• Instalação fácil e indolor• Utilizado para estratificação de risco/ hospitalização (ex:
asma)• Ampla utilização em diferentes níveis de atenção/
departamentos médicos• Triagem neonatal
Limitações
• Lesão digital por pressão após muitos dias em mesmo local (principalmente em uso de DVAs)
• Não mede capacidade ventilatória e PaCO2
• Potencial atraso de detecção de hipoxemia aguda
• Não detecta hiperóxia (importância- neonatologia)
Artefatos
• Posicionamento inadequado (pediatria- tamanho inadequado)
• Movimento
• Luz do ambiente
• Radiação eletromagnética
Erros relacionados ao paciente
• Cor da pele- teoricamente não deveria ter diferença. Hiperbilirrubinemia não altera valores*.
• Esmalte de unha- problema maior com cores pretas, verdes e azul (variação de 3, 5 e 6% respectivamente)
• Corantes intravasculares
Erros relacionados ao paciente
• Hemoglobinas anormais – Carboxihemoglobina (intoxicação, fumantes
pesados)- absorve o mesmo comprimento de onda da oxihemoglobina
– Metahemoglobina- absorve os dois comprimentos de onda. Em níveis elevados a SATO2 tende a 85%
– Anemia falciforme- pode ter valores falseados, mas costuma ter leituras similares ao normal
– Hemoglobina fetal- sem diferença de leitura
Erros relacionados ao paciente
• Hipotensão- reduz muito a acurácia. Em adultos, PAS<80mmHg se correlaciona com valores subestimados. Calor, vasodilatadores tópicos podem melhorar aferição. Sensores para testa podem retirar esse viés.
• Hipotermia• Anemia- para valores <5g/dL- falsos valores
baixos quando a SATO2<80%
• Congestão venosa- subestima o valor
Como evitar erros de aferição
• Conferir posicionamento e se tamanho do oxímetro é compatível com o paciente
• Retirar esmalte ou reposicionar o detector na lateral dos dedos, ao invés de manter o mesmo na orientação dorsal-ventral
• Manter local parado• Reduzir influência externa (luz, celular)• Extremidades aquecidas
Algumas recomendações
• Asma: oxigenioterapia para manter SATO2 ≥ 92%
• Anemia falciforme: O2 suplementar se SATO2< 92% ou PaO2<70mmHg. Sempre que SATO2< 92%, colher gasometria. Se SATO2 de base for< 92%, considerar gasometria sempre que valor for 3% menor que valor basal
• Pneumonia: manter SATO2 ≥ 95% (consenso Europeu 92%) enquanto estiver em estresse respiratório. Em pacientes graves, colher gasometria para aferição de PCO2
• Displasia broncopulmonar: oxigenioterapia indicada quando SatO2 ≤ 92%. Manter ≥ 93% sem oscilações frequentes (sono, mamadas)
Referencias1. Michem, CC. Pulse oximetry. Uptodate. 2014
2. McGee, Steven R. Evidence-based physical diagnosis. Segunda edição. Philadelphia, PA, USA: Editora-Saunders Elsevier. 2007
3. Adde FV, Alvarez AE, Barbisan BN, Guimarães BR. Recommendations for long-term home oxygen therapy in children and adolescents. J Pediatr (Rio J) 2013;89:6−17
4. Caboot JB , Allen JL. Hypoxemia in Sickle Cell Disease: Significance And Management Paediatric Respiratory Reviews 15 (2014) 17–23
Nota do Editor do site, Dr. Paulo R. MargottoConsultem também!
OXIMETRIA DE PULSO/CAPNOGRAFIA
Paulo R. Margotto
Níveis de oxigenação no período neonatal: existe limite seguro? (Atualização em Neonatologia: O PULMÃO FETAL, Hospital Universitário, Universidade de Brasília, 21/5/2013)Autor(es): Paulo R. Margotto
Metanálise recente (2014), envolvendo 4911 RN, randomizados para baixa saturação(85-89%) ou alta saturação (91-95%) sugere que a saturação de Oxigênio deve ser mantida entre 90-95% nos RN <28 semanas até a idade gestacional de 36 semanas pós-concepção (resumo deste artigo Em preparação pelos estudantes da Universidade Católica de Brasília)
• Rosychuk e cl avaliaram a saturometria e os valores de saturação pela gasometria obtidos simultaneamente e vejam que consistentemente temos um deslocamento dos valores para a direita o que indica então que a saturação do oxímetro de pulso está nos fornecendo valores que variam 2-3% acima da saturação verdadeira medida pela gasometria arterial. Não há uma resposta clara do porque deste erro, entretanto é mais uma razão para evitarmos saturações muito baixas, pois a saturação do oxímetro pode estar superestimando a saturação verdadeira, podendo ser que a PaO2 deste RN seja muito mais baixa que ele esteja tendo e muito baixo do que realmente pensamos estar numa faixa de conforto par este bebê
Discrepâncias entre a saturação de oxigênio arterial e saturação de oxigênio funcional, medida com oximetria de pulso em bebês muito prematurosAutor(es): Rhonda J. Rosychuk , Ann Hudson-Mason, Dianne Eklund and Thierry Lacaze-Masmonteil. Apresentação: Adriana Ranielle Rodrigues P. Sant’ana, Bruna Frota Alves , João Vitor de O. Leão e Paulo R. Margotto
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