74
SRIE ESTUDOS E PESQUISAS
ISBN 85-85976-58-6
SEIInformaoa Servio daSociedade
www.sei.ba.gov.br
USO ATUAL DAS TERRAS -BACIAS DOS RIOS ITAPICURU
VAZA-BARRIS E REAL
GOVERNO DA BAHIA
Governo do Estado da Bahia
Paulo Ganem Souto
Secretaria do Planejamento
Armando Avena
Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia
Cesar Vaz de Carvalho Junior
Diretoria de Informaes Geoambientais
Rita Pimentel
Coordenao de Recursos Naturais e Ambientais
Sonia Lima
Av. Luiz Viana Filho, 4 Avenida, 435, 2 andar - CAB - CEP 41.750-300 - Salvador - Bahia
Tel.: (71) 3115-4711 / 3155-4848 / 3115-4822 - Fax: (71) 3371-1853
www.sei.ba.gov.br - [email protected]
Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia.
Uso atual das terras: Bacias dos Rios Itapicuru, Vaza-Barris e Real.
Salvador: SEI, 2006.
115 p. il. tab., graf. (Srie Estudos e Pesquisas, 74)
Anexo: 3 mapas escala 1:250.000
ISBN 85-85976-58-6
1. Uso da terra Bacia do Rio Itapicuru. 2. Bacia do Rio Vaza-Barris.
3. Bacia do Rio Real. I. Ttulo. II. Srie .
CDU 711.14
FICHA TCNICA
Elaborao
Alfredo Jos de Arajo Gomes
Lolita Maria Alves Garrido
Sonia Maria Lima dos Santos
Planejamento Cartogrfico
Ana Lcia da Silva Teixeira
Denise da Silva Magalhes
Digitalizao e Arte Final
Ana Lcia da Silva Teixeira
Moiss Brunno Carvalho dos Santos
Colaborao
Jussara Tourinho
Maria de Ftima Arajo Fiza Marinho
Normalizao
Coordenao de Documentao
e Biblioteca - COBI
Coordenao Editorial
Coordenao de Disseminao de
Informaes - CODIN
Reviso Redacional
Luis Fernando Sarno
Coordenao Grfica
Fabiana Faria
Editorao
2Designers
SUMRIO
5 APRESENTAO
7 INTRODUO
9 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
12 ASPECTOS GERAIS DA REA
12 O MEIO NATURAL
24 EVOLUO DA OCUPAO DO ESPAO
28 USO DA TERRA
29 CULTURAS
44 PASTAGEM
49 SILVICULTURA
50 COBERTURA VEGETAL
58 OUTROS USOS
58 INDSTRIA
62 RECURSOS MINERAIS
67 TURISMO, PATRIMNIO HISTRICO E CULTURAL
72 UNIDADES DE CONSERVAO
79 ASSENTAMENTOS RURAIS
83 PESCA E AQUICULTURA
88 APICULTURA
91 USOS E CONFLITOS
95 CENRIOS E TENDNCIAS
101 REFERNCIAS
105 ANEXO
APRESENTAO
O presente estudo faz parte de uma srie elaborada com a finalidade de mapear sistema-
ticamente o Uso Atual das Terras no territrio baiano e que adota como unidade de
mapeamento a bacia hidrogrfica.
Nessa edio da Srie de Estudos e Pesquisas apresenta-se a espacializao do Uso da
Terra das Bacias dos Rios Itapicuru, Vaza-Barris e Real, cuja temtica constitui uma
linha de estudo desenvolvida pela Diretoria de Informaes Geoambientais da Superin-
tendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia, que tem como proposta manter
atualizadas as informaes referentes ocupao do territrio baiano.
O estudo tem como enfoque principal a ocupao dos espaos, as formas de apropriao,
a dinmica e as presses exercidas sobre os recursos disponveis, se constituindo em ele-
mento de avaliao e anlise das condies ambientais, imprescindveis para nortear o
planejamento na implementao de aes que promovam o desenvolvimento voltado para
a preservao, com vistas construo da to almejada sustentabilidade ambiental.
Destacam-se principalmente as atividades agro-silvo-pastoris, sua dimenso e importn-
cia, o contexto econmico e social, os estgios de desenvolvimento, os impactos positivos
e ou negativos quanto absoro de mo-de-obra e degradao do ambiente, respectiva-
mente, alm de abordar os demais usos mais representativos como a minerao, o turis-
mo e a indstria, dentre outros.
Como se trata de um registro temporal, representa uma fonte de informaes, testemu-
nho de um perodo, e como tal servir de parmetro para se dimensionar o grau de antro-
pismo na rea, em um intervalo de tempo, permitindo estabelecer comparaes no que se
refere aos nveis de desmatamento, aos avanos, recuos ou surgimento de novas frontei-
ras agrcolas.
Este estudo est constitudo de um memorial descritivo e 03(trs) mapas na escala
1:250.000, englobando uma rea aproximada de 53.227 km2
, incluindo grande parte da
regio econmica Nordeste e, em menores extenses, a Piemonte da Diamantina e o Lito-
ral Norte.
INTRODUO
O presente estudo tem como enfoque principal a espacializao do Uso das Terras nas
bacias dos rios Itapicuru, Vaza-Barris e Real, localizadas no nordeste do Estado e, em
grande parte, no domnio do clima semi-rido, fator preponderante no processo de apro-
priao e no direcionamento da ocupao dos espaos e das atividades nelas desenvolvi-
das.
O mapeamento foi executado com base na interpretao das imagens de satlite, atravs
das quais foram identificados os diversos padres de uso relacionados com as atividades
agro-silvo-pastoris e, complementarmente, a cobertura vegetal, apoiado nas pesquisas de
referncia e nas anlises tcnicas de campo. Foram mapeados de forma pontual, outras
atividades econmicas, a exemplo da minerao que representa a base da renda de
alguns municpios indstria, aqicultura e outros.
Para o conhecimento da rea, foi realizada uma abordagem geral considerando os dados
de populao, os ndices de desenvolvimento econmico, social e humano, infra-estrutura
e uma anlise integrada das caractersticas naturais, objetivando fornecer uma viso ampla
do ambiente, e, ao mesmo tempo, destacar os fatores que exercem maior interferncia
nas atividades agropecurias como clima, solo e recursos hdricos. Essas informaes so
oriundas de fontes pesquisadas e bibliogrficas.
Na disposio do texto, os resultados das anlises so abordados em captulos e sub-
captulos nos quais so comentadas as unidades de mapeamento identificadas nos diver-
sos padres de uso quanto s caractersticas gerais, ao sistema de explorao utilizado,
aos impactos provocados e importncia socioeconmica local e regional. Na parte les-
te, tem destaque a citricultura, com predominncia da laranja, e em seguida o coco-da-
baa. Mais para o centro sul aparece o sisal como importante alternativa para o semi-
rido, enquanto as culturas temporrias encontram-se disseminadas em toda rea. Na
consolidao das unidades mapeadas analisaram-se os dados da Produo Agrcola
Municipal PAM, no intervalo de cinco anos, cruzando os dados e qualificando a infor-
mao gerada.
As culturas irrigadas surgem com destaque, sem grande difuso da tcnica, alm da silvi-
cultura, que est concentrada na poro leste, na regio dos tabuleiros. Em seguida apa-
recem as pastagens, que ocupam maior extenso na rea e so usadas como suporte para
pecuria, com predomnio do sistema extensivo, onde os maiores rebanhos so de capri-
nos e ovinos. A cobertura vegetal tratada de forma generalizada, como complemento ao
mapeamento.
Na seqncia, atividades pontuais como indstria, minerao e outros so abordados no
captulo Outros Usos. Tambm foram analisados os conflitos provocados pelas presses
exercidas por diversas atividades, concluindo com um comentrio dos cenrios existentes
e as tendncias sinalizadas pelas polticas pblicas.
PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
Por se tratar de um estudo sistemtico, a metodologia usada foi a mesma adotada nas
publicaes anteriores relativas a este tema, adequando-a s variaes regionais e especi-
ficidades locais, a fim de possibilitar a gerao e a espacializao das informaes que
retratam a ocupao do espao com agropecuria e demais atividades passveis de repre-
sentao, alm de identificar as presses que exercem sobre os recursos naturais.
A primeira etapa constituiu no levantamento cartogrfico bsico, material importante
para a estruturao da base espacial. A cobertura da rea formada por trinta e duas
cartas topogrficas na escala 1:100.000, das quais seis fazem parte do denominado va-
zio cartogrfico do Estado, ou seja, rea sem cobertura cartogrfica sistemtica. Essa
lacuna foi parcialmente preenchida com a elaborao de cartas planimtricas que reco-
brem este espao geogrfico, realizadas atravs de convnio de cooperao tcnica entre
a Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia SEI e o Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatstica IBGE.
A necessidade de complementao de informaes para compor a base foi equacionada
com as cartas na escala 1:25. 000 da Petrobrs e de 1:50. 000 do IBGE.
De forma simultnea, foi realizado o levantamento bibliogrfico para subsidiar os estu-
dos, reunindo publicaes sobre o espao abordado alm de informaes disponibilizadas
em sites de diversas instituies pblicas e do setor privado, procedendo-se anlise dos
aspectos naturais e socioeconmicos.
Na elaborao do mapeamento do uso do solo foram utilizadas imagens de satlite Lan-
dsat 7/ETM e Landsat 5/TM em meio analgico, na escala 1:100.000, na combinao
das bandas 3, 4 e 5, rbitas 215, 216 e 217 e pontos 67 e 68, visualizados na Figura 1.
Em funo das particularidades do tema, a seleo das imagens buscou obedecer a crit-
rios especficos quanto ao tempo de obteno (as mais recentes), aliado ao quesito quali-
dade, relacionado incidncia de nuvens.
Dessa forma, foram selecionadas imagens referentes ao perodo compreendido entre os
anos 2003 e 2004, que vieram consolidar a necessidade e importncia dos trabalhos de
campo para a atualizao e checagem das informaes obtidas na interpretao das
mesmas.
Nos trabalhos de campo foram registrados 258 pontos de controle atravs de GPS (Ta-
bela 1 em Anexo), relativos aos diferentes padres de uso, corpos dgua, localidades e
vegetao natural, subsdios importantes na interpretao das imagens e definio das
unidades de mapeamento.
O nvel de detalhamento do mapeamento temtico disponvel compatvel com a escala
1:100.000; entretanto, no processo de edio e impresso grfica, foi reduzido para a
10USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
Figura 1
Imagens de satlite utilizadas
Fonte: INPE, 2000 - 2004.
66PONTO
67
68
69
70
71
72
73
219 218 217 216
RBITA
215220
OC
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Rio
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A L A G O A S
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RG
I PE
M I N A SG E R A I S
GO
I
S
ESPRITOSANTO
TO
CANTIN
S
Salvador
escala 1: 250.000 (publicao) em funo da extenso da rea, resultando em melhor
manuseio dos mapas.
Na composio das unidades de mapeamento, elas aparecem associadas devido resolu-
o das imagens e da escala final do estudo. Por se tratar de regio onde predominam
minifndios, com culturas temporrias ocupando, no geral, pequenas parcelas, intercala-
das com reas de pastagem ou de vegetao natural, em diversos estdios de regenerao
a individualizao de unidades simples se torna invivel. Por outro lado, a pequena exten-
so das manchas torna-as no mapeveis na escala do trabalho. Na legenda, os elemen-
tos associados aparecem por ordem de predominncia.
As etapas do trabalho esto distribudas no roteiro metodolgico apresentado a seguir.
11
PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
Informaes bsicas
Levantamento cartogrfico
e bibliogrfico
Base cartogrfica
Anlise preliminar dos
atributos naturais e
socioeconmicos
Base para planejamento
do uso sustentvel
Campanha de campo
Reconhecimento da rea
Interpretao das imagens Mapeamento preliminar
Conhecimento da ocupao
dos espaos.
Nvel tecnolgico
Problemas ambientais
Poltica de conservao
ambiental
Tendncias e recomendaes
Campanha de campo, controle
da interpretao e atualizao
dos dados
Reinterpretao das imagens Espacializao do uso da terra
Anlise final dos dados
naturais e socioeconmicosUSO ATUAL DAS TERRAS
Contribuio para o
planejamento
ROTEIRO METODOLGICO
ASPECTOS GERAIS DA REA
O MEIO NATURAL
A rea de estudo est localizada no nordeste do Estado da Bahia e engloba as bacias
hidrogrficas dos rios Itapicuru, Vaza-Barris e Real. Ocupa uma extenso aproximada
de 53.227km2
, representando o equivalente a 9,5% da rea total do Estado, entre as
coordenadas geogrficas de 936 e 1156 de latitude sul e 3730 e 4038 de longitude
oeste, demonstrada na Figura 2.
O referido espao apresenta um traado longitudinal, chegando a atingir 390km de ex-
tenso entre a nascente e a foz do rio Itapicuru, estreitando-se de forma considervel no
baixo curso at atingir sua desembocadura. Na parte central, a largura latitudinal de
aproximadamente 210km. A topografia regular, com baixas altitudes na faixa costeira,
aumentando gradativamente em direo s zonas de tabuleiros, com variaes que no
ultrapassam 200m, sendo que a mdia fica em torno de 200 a 400m, compreendendo
todo o centro da rea. No extremo oeste, o relevo torna-se movimentado, com serras,
morros e colinas, chegando a atingir 1.200m na serra de Jacobina.
PI
AU
P E R N A M B U C O
ALAGOAS
SE
RG
IP
E
M I N A SG E R A I S
GO
I
S
ESPRITOSANTO
TO
CANTIN
S
17
46 44 42 40 38
46 44 42 40 38
9
11
13
15
17
9
11
13
15
OC
EAN
O
ATL
NTIC
O
Figura 2
Localizao da rea de estudo
Fonte: SEI, 2006.
BAHIA
Salvador
Rio
So
Fr
ancis
coFL.1
FL.3
FL.2
13
ASPECTOS GERAIS DA REA
36 0 36ESCALAAPROXIMADA1: 1.3.600.000
108 km72
Miguel Calmon Serrolndia
Varza doPoo
Quixabeira
CapimGrosso
Jacobina Cam
CaldeiroGrande
Sade PontoNovo
Filadlfia
Pindobau
AntnioGonalves
CampoFormoso
Senhor doBonfim
JaguarariAndorinha
Itiuba
Monte Santo
Cansano
Nordestina
Queimadas
Santaluz
Conceio doCoit
Araci
Tucano
Nova Soure
Cip
Qinjingue
Euclides daCunha
Canudos
Antas
Stio doQuinto
Jeremoabo
NovoTriunfo
CceroDantas
Ribeira doPombal
Helipolis
ParapirangaFtima
Adustina
CoronelJoo S
PedroAlexandre
Uau
Itapicuru
Olindina
Rio Real
Jandara
Conde
Ribeira doAmparo
Banza
Crispolis
CidadeCidade
Hidrografia
Fonte: SEI, 2006.
Limite municipal
Limite de bacia hidrogrfica
40
40
39
39
38
38
11
10
11
10
OC
EAN
OAT
LN
TIC
O
SE
RG
IP
E
RioVaza-Barris
RioRio
Itapicuru
Real
Figura 3
Municpios inseridos na rea de estudoBacias dos rios Itapicuru, Vaza-Barris e rio Real
Os municpios que compem a rea esto inseridos, na sua grande maioria, na regio econ-
mica Nordeste, seguida da Piemonte da Diamantina e da Litoral Norte. No que se refere
organizao poltico-administrativa, o espao est compartimentado em sessenta e oito muni-
cpios, dos quais somente trinta e oito esto totalmente includos no estudo, conforme a Figura 3.
A anlise dos dados do ltimo censo mostra a predominncia da populao rural sobre a
populao urbana em 31% dos municpios. No geral, a relao pouco significativa, com
exceo de Jacobina, Senhor do Bonfim e Ribeira do Pombal, centros regionais nos quais a
oferta de servios, inclusive estabelecimentos de ensino superior, exerce efeito polarizador,
justificando a inverso, com a populao urbana registrando percentuais expressivos com-
parados com a populao rural, situao que pode ser observada na Tabela 2 dos Anexos.
Os dados populacionais retratam um processo de urbanizao pouco acelerado, que se
atribui falta de investimentos nos centros urbanos. As atividades do setor secundrio,
com capacidade para absorver mo-de-obra de forma direta e indireta, encontram-se
limitadas a unidades localizadas, geralmente voltadas para minerao.
importante ressaltar que na composio da populao aparecem os indgenas e os
quilombolas. Os povos indgenas atingem uma populao aproximada de 2.659 habitan-
tes, distribudos em dezenove comunidades.
14USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
1alebaT
sanegdnisovoP
oipcinuM sanegdnIsovoP sanegdnIsarreT ).bah(oalupoPlatotaer
)ah(
aznaB iririK iririK *003.21
alednariMedadinumoC 503 ...
oacraMedadinumoC 453 ...
orreFuaPedadinumoC 461 ...
arAedadinumoC 682 ...
odergeSedadinumoC 031 ...
uJodaxiaBedadinumoC 77 ...
ariezajaCedadinumoC 791 ...
ahlagnaCadaxiaBedadinumoC *801 ...
ocahleVodaGedadinumoC 43 ...
ednarGaogaLedadinumoC 97 ...
eugnijiuQ iririK iririK *
ahlagnaCadaxiaBedadinumoC ** ...
racassaM 020.8
cIedadinumoC 33 ...
adnaBartuO-cIedadinumoC 31 ...
savoCsadocaS-cIedadinumoC 5 ...
ahnuCadsedilcuE bmiaC aezrV-cIedadinumoC 99 ...
ahlIedadinumoC 61 ...
aceSaogaLedadinumoC 77 ...
racassaMedadinumoC 345 ...
ahlevOadaxiaBedadinumoC 6 ..
4002,ASANUF/IESD;AB-IANA:etnoF
.oipcinummuedsiamegnarbaaer*
oipcinumortuomeadatneserperoalupoP**
Ocupam cerca de 20.320ha, distribudos entre os povos Kiriris que ocupam terras dos
municpios de Quijingue e Banza, com uma e dez comunidades, respectivamente, e os
Caimbs, com terra denominada de Massacar organizados em oito comunidades distin-
tas concentradas no municpio de Euclides da Cunha (Tabela 1).
Quanto aos quilombolas, o ambiente da Caatinga serviu de abrigo e aliado para os negros
que fugiam da escravido. As dificuldades impostas pelas condies adversas do clima e
constituio fsica natural eram empecilho para sua captura, levando ao surgimento de
ncleos populacionais que at hoje sobrevivem como remanescentes dos quilombos nos
municpios de Antnio Gonalves e Senhor do Bonfim, conforme Tabela 2.
Com referncia ao ndice de Desenvolvimento Econmico (IDE), avaliado atravs dos
ndices de infra-estrutura, qualificao da mo-de-obra e renda, apenas cinco dos 68
municpios inseridos na rea encontram-se na posio mdia, considerando o valor de
5.000 como parmetro mdio de clculo para o Estado, correspondendo a 7,35% do
total. So eles: Jacobina, Senhor do Bonfim, Campo Formoso, Jaguarari e Conceio do
Coit, configurando um baixo e concentrado desenvolvimento econmico regional.
15
ASPECTOS GERAIS DA REA
2alebaT
sobmoliuqsodsetnecsenamersedadinumoC
oipcinuM sedadinumoC
sevlanoGoinotnA oiecnoC
otinoBotlAadnezaF
airalOadnezaF
ahnigraL
mifnoBodrohneS ocaFarbeuQedodaovoP
ednarGadamieuQ
uaujiT
)arreS(soterPsodarienanaB
.5002,BACIS:etnoF
Em relao ao ndice de Desenvolvimento Social (IDS), onde so considerados para efei-
to de avaliao os ndices do nvel de sade, educao, saneamento bsico e renda mdia
dos chefes de famlia, os resultados demonstram maior equilbrio, com vinte municpios
com IDS considerado mdio. Constata-se a estreita relao entre o IDE e o IDS, porm
alguns municpios fogem a essa lgica, como Campo Formoso, Araci e Euclides da Cu-
nha, que apresentam o IDS muito abaixo do IDE, o que leva a deduzir que as economias
onde o extrativismo mineral tem maior representatividade apresentam uma tendncia a
valorizar mais a questo econmica em detrimento do social, sem que isto seja considera-
do uma regra geral.
Os dados do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) referentes
ao ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), para o qual so analisadas a expectativa
de vida, a educao e a renda, demonstram que para o Estado da Bahia houve um cresci-
mento substancial na qualidade de vida da populao entre os anos de 1991 e 2000. No
ano de 1991, foram identificados 161 municpios (38,8%) com baixo IDH, faixa entre
0,350 a 0,500; no ano de 2000, essa faixa desaparece e 309 municpios (74,5%) foram
classificados com ndice mdio, que corresponde faixa entre 0,500 e 0,650; na faixa
que corresponde a IDH elevado, entre 0,650 e 0,800, em 1991 existiam 10 municpios
(2,53%), confirmando a melhora anteriormente citada.
Na rea em estudo, todos os municpios se enquadram em ndices mdios na faixa entre 0,500
e 0,650. No entanto, na avaliao de 1991, o municpio de Quijingue figurava como o de pior
IDH do Estado, com ndice 0,377 e, em 2000, passou para 0,526, melhorando sua posio.
Apesar disso, cabe ressaltar que dos cem municpios de menores IDH do Estado em 2000,
trinta e cinco encontram-se nessa rea, inclusive o municpio de Itapicuru, que registrou
o ndice mais baixo no ano, com IDH de 0,521.
A infra-estrutura
de transporte apresenta situaes diferenciadas em funo do nvel de de-
senvolvimento econmico e da rede urbana. Na parte centro-leste a malha rodoviria apre-
16USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
senta uma densidade mdia a alta, com grandes eixos de ligao com outras regies do pas,
contrastando com o centro-norte, onde as vias de acesso tornam-se escassas em razo da
baixa densidade demogrfica, motivada pelo ambiente inspito, com alto grau de aridez, fator
determinante na ocupao deste espao carente de aes que possam reverter essa situao.
A interligao da rea se faz atravs de rodovias federais, estaduais e municipais, sendo
que as BR-110, BR-116 e BR-407 se destacam como principais corredores e interligam
a rea no sentido norte-sul; porm, suas localizaes confirmam a distribuio desigual
dos acessos, estando as duas primeiras a leste e a ltima a oeste, fazendo a ligao Capim
Grosso-Juazeiro, passando por Ponto Novo, Filadlfia, Senhor do Bonfim e Jaguarari.
Na regio do baixo Itapicuru, tem destaque a BR-101, e na zona litornea, a BA099,
segmento da Linha Verde em boas condies de trfego e importante no incremento das
atividades tursticas, facilitando a ligao Salvador-Aracaj. Na malha estadual, a BA-
220 liga Euclides da Cunha a Senhor do Bonfim, a BA-120 liga Serrinha, Santaluz e
Andorinha e a BA-131 liga Miguel Calmon a Senhor do Bonfim, passando por Jacobina,
Cam, Sade, Pindobau e Antnio Gonalves.
As rodovias encontram-se, de modo geral, em mau estado de conservao, havendo tre-
chos em que a pavimentao no mais existe ou encontra-se em condio bastante prec-
ria, o que tem dificultado a comunicao e o escoamento da produo. O sistema virio
municipal constitudo por estradas vicinais de revestimento primrio ou leito natural, a
maioria com trfego peridico, com interrupo na estao chuvosa.
O sistema ferrovirio atual dispe de dois ramais ativos, com transporte de minerais e
derivados de petrleo: o primeiro liga Juazeiro a Alagoinhas, passando por Jaguarar,
Senhor do Bonfim, Queimadas, Santaluz e Barrocas, e o segundo sai de Aracaj (SE),
passando por Rio Real e Acajutiba at Alagoinhas, onde se encontra com o anterior e
segue para o Porto de Aratu.
No sistema areo, apenas as sedes municipais de Cip, Jacobina e Senhor do Bonfim
tm campos de pouso com pista pavimentada e com capacidade para avies de pequeno
porte, no existindo, no entanto, vos regulares. Em outras cidades, como Euclides da
Cunha, Campo Formoso e Itiba, as pistas so cascalhadas e, em sua maioria, encon-
tram-se em situao de abandono.
Neste aspecto, constata-se um retrocesso no sistema areo, considerando-se o registro de
linhas regulares para algumas dessas cidades na dcada de 1970/1980 com avio Ban-
deirante, registro de uma fase de prosperidade coincidente com perodo ureo da minera-
o e da implantao de projetos de irrigao, com construes de barragens e audes.
Houve nessa poca grandes investimentos do Governo Federal na busca de alternativas
para o desenvolvimento do semi-rido.
No que tange aos aspectos naturais, a posio geogrfica e a grande extenso longitudinal
da rea de estudo, constata-se uma diversidade de paisagens retratando feies peculiares a
17
ASPECTOS GERAIS DA REA
3alebaT
acitmilcoaziretcaraC
soipcinuMedutitlA
)m(
oatipicerP
)mm(launa
arutarepmeT
)C(launaaidm
socitmilCsopiT
etiawhtnrohT
ednoC 02 3,224.1 7,42 odimubsaodim
abagnariM 039 4,579 4,02 odimubsaodim
satnA 034 9,398 2,32 ocesaodimbuS
satnaDorecC 024 9,109 1,32 ocesaodimbuS
anibocaJ 005 9,588 4,32 ocesaodimbuS
agnaripiraP 034 9,088 7,22 ocesaodimbuS
uabodniP 006 2,769 8,22 ocesaodimbuS
orapmAodariebiR 091 0,550.1 9,42 ocesaodimbuS
laeRoiR 022 9,949 5,32 ocesaodimbuS
edaS 535 8,970.1 3,32 ocesaodimbuS
mifnoBodrohneS 855 9,058 5,32 ocesaodimbuS
ahnirodnA 064 8,446 4,42 odir-imeS
onasnaC 953 7,584 4,42 odir-imeS
ahnuCadsedilcuE 325 8,527 9,22 odir-imeS
obaomereJ 003 5,225 6,42 odir-imeS
abagnariM 085 7,393 2,32 odir-imeS
erdnaxelAordeP 023 8,526 0,42 odir-imeS
zulatnaS 943 9,735 0,42 odir-imeS
onacuT 902 2,165 9,42 odir-imeS
uaU 055 5,974 1,32 odir-imeS
sodunaC 053 9,873 6,42 odir
eugnijiuQ 083 8,533 9,32 odir
.9991,IES.aihaBadodatsEodocirdHonalaB:etnoF
cada ambiente, onde as condies climatolgicas so determinantes na formao e nas
modificaes nelas introduzidas, inclusive sobre os processos de apropriao dos espaos.
A rea apresenta clima mido a submido na faixa litornea, diminuindo gradativamente
o ndice de umidade na medida que adentra no sentido leste/oeste, passando para submi-
do a seco (no interior) e chegando a rido no centro norte. Apresenta ainda microclimas
nas reas serranas, destacando-se a Serra de Jacobina, no extremo oeste da rea, que
atua como uma barreira natural criando ilhas com clima mido a submido em altitu-
des superiores a 900m, a exemplo de parte do municpio de Mirangaba, que apresenta
situaes distintas em clima de altitude e no semi-rido. Entretanto, na maior parte da
rea predomina o clima semi-rido (Tabela 3).
O clima caracterizado por altas mdias termomtricas e forte evaporao. Na faixa
mida do litoral, as precipitaes so relativamente elevadas e diminuem gradativamente
em direo ao interior. Nas regies ridas e semi-ridas, as precipitaes chegam anual-
mente a menos de 400mm, enquanto que no litoral podem ultrapassar os 1.400mm. No
semi-rido ocorre uma longa estao seca e um curto perodo chuvoso, que vai de novem-
bro a maro, poca em que a populao rural realiza o plantio das culturas temporrias
de sequeiro.
18USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
Para melhor caracterizar a tipologia climtica e complementar informaes relaciona-
das com a deficincia e excedentes hdricos, fatores importantes para o desenvolvimento
agrcola, foram selecionados dados de estaes meteorolgicas de cada tipo climtico e
construdos grficos dos balanos hdricos, representados na Figura 4.
Diante da carncia hdrica, vrias aes foram desenvolvidas para amenizar os problemas
provocados pelos longos perodos de estiagem, criando uma infra-estrutura hidrulica, com
acumulao e aproveitamento das guas de superfcie e subterrnea. Registraram-se na
rea 39 (trinta e nove) barramentos entre barragens, represas e audes direcionados para
usos mltiplos, com prioridade para o abastecimento humano, irrigao e piscicultura, quando
a gua apresenta boa qualidade. Verificou-se um nmero considervel de poos tubulares
alimentados principalmente pelo aqfero da Bacia Sedimentar de Tucano.
A deficincia em gua de superfcie na bacia do Vaza-Barris, em funo da aridez, dire-
ciona para o uso dos recursos hdricos subterrneos que assumem grande importncia,
especialmente no aqfero granular da Bacia do Tucano, que ocupa cerca de 70% da
superfcie dessa bacia e do Rio Real. Trata-se de um aqfero importante, com vazes e
qualidade da gua que permitem a utilizao para consumo humano. No aqfero fissu-
ral, a vazo menor e a qualidade das guas baixa devido aos altos nveis de sais,
direcionando o aproveitamento para dessendentao animal; quando utilizada para abas-
tecimento humano, faz-se necessrio o uso de dessalinizadores.
A variao das espcies vegetais relativas aos ndices de umidade mais uma confirma-
o da influncia do clima no desenvolvimento da flora. Na parte mais mida, prxima ao
litoral, predomina a Floresta Estacional Semidecidual. medida que se interioriza, com
a reduo dos ndices de umidade, surge uma faixa de transio ou tenso ecolgica,
onde espcies de vrios biomas, como Cerrado, Caatinga e Formaes Florestais, se suce-
dem em forma de contato. No domnio do semi-rido e rido domina a Caatinga arbrea
e/ou arbustiva, apresentando feies diferenciadas em funo do grau de aridez, com
presena de espcies de cactceas.
Considerando que a ocupao dos espaos se relaciona com as caractersticas climticas
e que estas interagem com outros fatores naturais modelando feies distintas, a rea se
compartimenta em unidades geomrficas que, na seqncia do estudo, sero tratadas de
forma integrada.
O domnio dos Depsitos Sedimentares caracterizado pela presena de material descon-
tnuo, pouco consolidado, que aparece ao longo do litoral, cujas feies esto relaciona-
das aos diferentes processos de acumulao de natureza fluvial, fluviomarinha ou elica,
condicionando uma estrutura diferenciada que, por sua vez, reflete na morfodinmica
onde se identifica a regio da Plancie Litornea e dos Piemontes Inumados.
A Plancie Litornea representada pela unidade das Plancies Estuarinas e Praias e
ocupa uma faixa estreita encaixada nos Tabuleiros Costeiros, com cerca de 60km de
extenso, onde se encontram as desembocaduras dos rios Itapicuru e Real, constituindo-
19
ASPECTOS GERAIS DA REA
MIGUEL CALMON
MIRANGABA
SENHOR DOBONFIM
QUIJINGUE
MONTESANTO
CANUDOS
CONDE
RIO REAL
Precipitao
Evapotranspirao Real
Excesso de gua no solo
Deficincia de gua no solo
Retirada de gua do solo
Reposio de gua no solo
Evapotranspirao Potencial
Limite de Bacia Hidrogrfica
Rio Real - Ba
1913 - 1987
JJ F M A M J A S O N D
(mm)
0
50
100
150
(mm)
0
50
100
150
JJ F M A M J A S O N D
Mirangaba - Ba
1959 - 1987 300
0
50
100
150
200
250
J F JM A M J A S O N D
(mm) Conde - Ba
1944 - 1983
Miguel Calmon - Ba
1966 - 2002(mm)
0
50
100
150
JJ F M A M J A S O N D
Fonte:Mapa das Regies Administrativas da gua - RAA - Estado da Bahia, escala 1: 1.250.000, SRH/SRHSH, 1996.Riscos de Seca na Bahia - Srie Especiais, CEI/SEPLANC, 1991.Balano Hdrico do Estado da Bahia. SEI/SEPLANTEC, 1999.Dados de Temperatura, INEMET, Perodo 1913 - 2002.
OC
EA
NO
ATL
NTIC
O
Rio
Itapicuru
Rio
Itapicuru
RIO
Rio
REAL
Real
Aude deJacurici
BarragemPonto Novo
AudeAraci
AudeCocorob
Rio
Rio
Vaza - Barris
Vaza-B
arris
Quijingue - Ba
1943 - 1983
JJ F M A M J A S O N D
(mm)
0
50
100
150
Canudos - Ba
1943 - 1967
JJ F M A M J A S O N D
(mm)
0
50
100
150
Monte Santo
1961 - 1990
JJ F M A M J A S O N D
(mm)
0
50
100
150
(mm)Senhor do Bonfim - Ba
1953 - 2002
0
50
100
150
JJ F M A M J A S O N D
Figura 4
Balano Hdrico segundo Bacias dos Rios Itapicuru, Vaza-Barris e Rio RealThornthwaiteThornthwaite
20USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
se de depsitos arenosos e argilo-arenosos do Quaternrio, recobrindo rochas granulti-
cas alteradas. Aparecem ainda acumulaes de material arenoso no interior da plancie,
formando terraos emersos estruturados pelo baixo curso dos rios Itapicuru e Real, com
concentrao de mangues nas desembocaduras dos referidos cursos.
Ao longo da plancie distinguem-se pequenas manchas de restingas em forma de cordes
estreitos, na maioria no mapeveis, e formaes dunares entremeadas por depresses
inundveis e lagoas, a maioria fixada por vegetao e outras ainda ativas, a exemplo das
dunas de Mangue Seco.
As dunas apresentam colorao diferenciada, fato que est relacionado com os perodos
da acumulao. As mais antigas so de cor branca e esto situadas mais para o interior
da plancie, enquanto que as de colorao creme, mais recentes, encontram-se povoadas
por coqueiros e esto mais prximas da costa. A drenagem dendrtica e relativamente
densa, formada pelos baixos cursos dos rios.
Em funo das belezas naturais, o turismo uma atividade que vem se expandindo de
forma substancial, principalmente aps a concluso da Linha Verde. A cultura do coco-
da-baa tambm muito importante para a economia da regio e a pesca a principal
alternativa para as comunidades locais.
A regio dos Piemontes Inumados caracterizada por baixos planaltos, com altitudes em
torno de 100m, compostos por sedimentos de arenitos grosseiros, conglomraticos e gra-
nulticos diversos, onde esto includas as unidades dos Tabuleiros Costeiros e dos Tabu-
leiros Interioranos.
Os Tabuleiros Costeiros alcanam uma mdia de 40km no sentido sul-norte, se interiori-
zam na parte central, ultrapassando a cidade de Apor, e fazem limite com os Tabuleiros
do Itapicuru, atingindo a quase 80km de largura.
Essa unidade ocupa uma faixa prxima Plancie Litornea, onde o clima mido a sub-
mido favorece os processos de alterao, influencia no modelado, que se apresenta em
sua maioria com feies dissecadas, e, em menor extenso as superfcies de aplanamento.
Os topos tabulares esto relacionados, em geral, com os sedimentos da cobertura do Gru-
po Barreiras e os modelados de dissecao homognea. Quando essa cobertura sobrepe
rochas do embasamento, cujas feies variam com a espessura da cobertura, a resistncia
do material litolgico e os alinhamentos estruturais, h um maior desgaste nas falhas e
fraturas. Elas formam colinas de topos abaulados com inclinaes variando de treze a
doze graus e vales de fundos chatos.
Nessas superfcies de aplanamento predominam os solos profundos, bastante lixiviados,
do tipo Latossolos, na maioria utilizados com silvicultura e pastagem, antes ocupados por
Floresta Estacional Semidecidual, praticamente devastada, com trechos de vegetao
secundria em diversos estdios de regenerao e alguns remanescentes de pequena ex-
tenso, na grande maioria no mapeveis.
21
ASPECTOS GERAIS DA REA
Nas reas de dissecao aparecem os Argissolos (Podzlicos distrficos), de baixa ferti-
lidade e com grande suscetibilidade eroso, nos quais a ao antrpica provoca degra-
dao em decorrncia do desmatamento e substituio da vegetao natural por pasta-
gem e cultura de coco-da-baa, evidenciada pelas encostas ravinadas, com destaque na
regio de Apor, Acajutiba e Esplanada.
A classe de drenagem segue a estrutura adaptada s falhas e fraturas com modelado de
dissecao mdia. No rio Itapicuru ela retilinizada com vales de fundos chatos e leitos
arenosos, encostas de fraco declive, em geral com fortes sinais de eroso.
Os Tabuleiros Interioranos encontram-se na parte oeste, entre a unidade da Serra de
Jacobina e o Pediplano Sertanejo, seguindo uma orientao Sul-Norte, com extenso
aproximada de 90km, atingindo uma largura mdia de 60km, incluindo parte dos muni-
cpios de Ponto Novo, Serrolndia e Capim Grosso.
Observa-se ainda modelado de dissecao grosseira na rea de Senhor do Bonfim, no
alto Itapicuru, cuja drenagem reflete a litologia, com trechos retilinizados. Essa unidade
formada por sedimentos inconsolidados do Tercirio-Quaternrio, com feies aplana-
das, vales de fundos chatos preenchidos por materiais transportados da Serra de Jacobi-
na, caracterizando um relevo tabular com planos inclinados e altitudes em torno de 500m.
Com padro dendrtico, a drenagem formada pelos principais rios que compem a bacia
do Itapicuru, a exemplo de Itapicuru-Mirim, Itapicuru-Au, Riacho da Ona e outros,
que apresentam um paralelismo entre si, seguindo as estruturas litolgicas. Nessa rea
predominam os Latossolos de textura mdia, com baixa fertilidade, cobertura vegetal
caracterizada como de Tenso Ecolgica, com contatos entre Caatinga e Floresta Estaci-
onal, e presena de palmeiras invasoras do tipo ouricur, parcialmente devastadas, dando
lugar a extensas capoeiras e pastagens.
Observa-se um processo de degradao decorrente do desmatamento para substituio
por pastos, procedimento que vem acelerando o escoamento superficial, apresentando
sulcos de eroso e terracetes formados pelo pisoteio do gado.
Na regio dos Planaltos da Bacia Tucano-Jatob, no domnio das bacias e coberturas
sedimentares, encontram-se as unidades geomorfolgicas dos Tabuleiros do Itapicuru,
Chapada do Ton e Serra Talhada.
Os Tabuleiros do Itapicuru posicionam-se a leste, entre o Pediplano Sertanejo e os Tabu-
leiros do rio Real. Ocupam grande extenso, na qual se inserem as cidades de Itapicuru,
Ribeira do Pombal, Olindina, Ccero Dantas e outras, desde o limite sul, prximo cidade
de Stiro Dias, subindo cerca de 180km no sentido sul-norte, com largura variando de 40
a 110km, e limitam-se com a unidade da Chapada do Ton, nas cercanias da cidade de
Jeremoabo.
Os referidos tabuleiros compem-se de arenitos, folhelhos, siltitos e calcrios, sob dom-
nio do clima semi-rido, recobertos por uma vegetao de Caatinga e Tenso Ecolgica,
22USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
com contato Cerrado-Caatinga, enquanto que nas reas mais midas ocorrem manchas
de Floresta Estacional.
O modelado colinoso, com sinais de eroso evidenciados pelo ravinamento nas encostas
dissecadas, cujo processo erosivo atribudo ao antrpica, em razo do uso inade-
quado dos solos Argissolos (Podzlicos), predominantes nessa rea, com pastagem, sem
aplicao de tcnicas de conservao. Os Latossolos ocupam os topos aplanados e so
usados principalmente com citricultura.
A drenagem do tipo subdendrtico, representada pelo rio Itapicuru, que corre de noro-
este para sudeste configurando setores retilneos.
Nessa unidade ocorrem as maiores concentraes urbanas, fato relacionado com o po-
tencial agrcola e as fontes termais de Caldas do Jorro, nos municpios de Tucano e de
Cip, que exercem atrao em funo da atividade turstica.
Ao norte dos Tabuleiros do Itapicuru, a unidade geomorfolgica denominada de Chapa-
da do Ton e da Serra Talhada estende-se at o limite superior da rea, entre os blocos
dos Tabuleiros Dissecados do Vaza-Barris, e se caracteriza pelas feies planas, incluindo
grande parte do Raso da Catarina.
O clima rido aliado s deficincias edficas e ao predomnio dos Neossolos Quartzarni-
cos (Areias Quartzosas), pouco favorveis ao desenvolvimento das culturas, so fatores
que explicam o grande vazio demogrfico e o isolamento deste espao geogrfico. A
vegetao de Caatinga arbrea e arbustiva e reas de Tenso Ecolgica com contato
Cerrado-Caatinga.
A rede de drenagem composta principalmente pelo rio Vaza-Barris, que atravessa e
divide a unidade em dois blocos, destacando o riacho Rosrio e o riacho do Cip, todos
intermitentes.
Ao leste dos Tabuleiros do Itapicuru, a Unidade dos Tabuleiros do Rio Real representa-
da por uma faixa estreita at o limite interestadual entre Bahia e Sergipe. Essa unidade
caracteriza-se por uma zona de aplanamento, declives suaves, entre 0 a 6% com cobertu-
ra dendrtica transportada das encostas, altitudes mdias em torno de 300m sob clima
submido e vegetao de Cerrado, Caatinga e Tenso Ecolgica com contato Cerrado-
Caatinga. Ocorrem tambm extensas reas com vegetao secundria, pastagens e ou-
tras ocupadas com culturas.
Quanto s caractersticas edficas, importante registrar a presena de solos de fertilida-
de mdia a alta, do tipo Cambissolo eutrfico e Argissolos (Podzlico), de fcil manejo,
nos municpios de Paripiranga, Adustina e Ftima, aproveitados com culturas temporri-
as, especialmente feijo e milho. Tambm ocorrem Regossolos, Neossolo Quartzarnicos
(Areias Quartzosas) e Planossolos, de difcil manejo, com limitaes para uso agrcola
direcionados principalmente para pecuria extensiva.
23
ASPECTOS GERAIS DA REA
A drenagem do tipo subdentrtica, de baixa densidade, representada pelo rio Real, que
faz a fronteira natural entre a Bahia e Sergipe.
Na parte centro-norte e nordeste da rea o modelado se evidencia na Unidade dos Tabu-
leiros Dissecados do Vaza-Barris, que se apresenta de forma descontnua, formando dois
blocos distintos, separados pela unidade da Chapada do Ton. O bloco de menor extenso
localiza-se no centro-norte, no qual esto inseridos o aude de Cocorob e a cidade de
Canudos, e o outro no nordeste, abrangendo parte dos municpios de Pedro Alexandre,
Coronel Joo S e Adustina, at o limite da Bahia com Sergipe.
Os Tabuleiros referenciados no pargrafo anterior so constitudos de metassedimentos
compreende os micaxistos, metarenitos, metassiltitos e gnaisses e se disseminam por
toda a rea. Apresentam-se rebaixados, com altitudes variando de 100 a 500m e sob
domnio dos climas semi-rido e submido a seco, com cobertura vegetal que reflete o
grau de umidade, ocorrendo desde a Caatinga arbustiva com presena de cactceas, pas-
sando por extensas reas de Tenso Ecolgica com contatos Cerrado-Caatinga-Floresta
Estacional, predominante na regio da Estao Ecolgica do Raso da Catarina.
A substituio da vegetao natural por pastagem ou culturas de subsistncia favorece os
processos erosivos com o surgimento de encostas ravinadas freqentes. A drenagem
dendrtica e representada pelo rio Vaza-Barris, cujo leito encaixado e seus afluentes
intermitentes. Os solos predominantes no bloco ocidental so rasos, associados ao clima
rido e, por essa razo, o uso agrcola muito reduzido, sendo comum apenas pequenas
roas para subsistncia e criatrio de caprinos.
Registra-se ao longo da BR-116, no trecho em direo a Canudos, passando por Benden-
g, extensas paisagens desnudas em processo de degradao e/ou desertificao, possi-
velmente provocada pela interao clima rido, solos cascalhentos pouco coesos e alta-
mente susceptveis eroso e atividades antrpicas.
No bloco oriental, mais precisamente a nordeste, ocorrem solos Argissolos (Podzlico
eutrfico) e Cambissolos, de fertilidade mdia a alta, com grande potencial agrcola, onde
coexistem a agricultura comercial e de subsistncia, com culturas temporrias, principal-
mente milho e feijo, ocupando vastas extenses dos municpios de Pedro Alexandre,
Paripiranga, Coronel Joo S e Adustina.
A regio dos Planaltos Residuais, na sua parte ocidental, constituda pela unidade geo-
morfolgica da Serra de Jacobina, com uma configurao alongada no sentido norte-sul,
atingindo cerca de 200km de extenso e no sentido longitudinal chegando a 37km. O
modelado apresenta graus de dissecao diferenciados, com aprofundamento grosseiro
na sua parte oriental.
A Serra de Jacobina atinge mais de 1.000m de altitude e limita-se ao norte com o Pedi-
plano Sertanejo e ao leste com os Tabuleiros Interioranos. constituda por quartzo
branco e verde, filitos, manganesferos, metaconglomerados, gnaisses auriuranferos,
24USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
magmticos e outros. Aparecem ainda intruses de granito que exerceram influncia nos
dobramentos, observados principalmente na parte superior, na poro norte da Serra.
Em funo das caractersticas litoestruturais, a unidade apresenta alto potencial em re-
cursos minerais, o que possibilita sua explorao econmica, tornando a minerao a
atividade responsvel pelo desenvolvimento da economia regional, com destaque para o
ouro em Jacobina e o mrmore em Mirangaba.
A estrutura geolgica, com vales encaixados, adaptados s fraturas e falhas no sentido
oeste-leste, que cortam a serra no sentido transversal, direcionam a rede de drenagem. A
cobertura vegetal constituda por contatos Cerrado-Caatinga e Cerrado-Floresta nas
partes mais midas, a barlavento.
Na parte central, entre os Tabuleiros do Itapicuru, Interioranos e Vaza-Barris, encontra-se a
regio das Depresses Interplanlticas, representada pela unidade do Pediplano Sertanejo,
sob clima semi-rido, onde predominam formas de aplanamento retocado com cobertura de
material geralmente de textura arenosa e com colorao acinzentada. No aspecto edfico,
ressalta-se a ocorrncia de solos com alta concentrao de sais, de difcil manejo, do tipo
Planossolos, o que torna grande parte dessa rea invivel para a maioria das culturas.
Entretanto, h manchas significativas de solos com maior potencial para agricultura, a
exemplo dos Regossolos eutrficos e Argissolos (Podzlicos eutrficos), utilizados com
culturas temporrias e pastagens, apresentando um maior dinamismo. A se concentram
alguns centros urbanos importantes, como Euclides da Cunha, Monte Santo, Araci, Can-
sano, Queimadas, Santaluz e outros.
Nessa unidade registra-se a presena de afloramentos rochosos, geralmente em torno de
cristas residuais, a exemplo da Serra de Itiba. A drenagem segue a estrutura, adaptan-
do-se s falhas e fraturas de dissecao mdia. No rio Itapicuru retilinizada, apresen-
tando vales de fundos chatos, leitos arenosos e encostas com ravinamento, apesar dos
fracos declives.
Observa-se modelado de dissecao grosseira em reas prximas a Senhor do Bonfim,
no alto Itapicuru, em Cansano, Andorinha e Uau, onde a drenagem acompanha a
litoestrutura, com trechos retilinizados, todos inseridos na zona de aplanamento.
EVOLUO DA OCUPAO DO ESPAO
Esse espao geogrfico comeou a ser desenhado com a chegada das expedies que
penetravam no interior do territrio em busca das riquezas minerais. Elas traziam gran-
des contingentes populacionais, fato que favoreceu o surgimento de ncleos ou aglomera-
dos s margens dos rios, nas vertentes e topos das serras, geralmente prximos s jazidas,
hoje, em sua maioria, transformados em cidades.
25
ASPECTOS GERAIS DA REA
A descoberta de ouro pelos bandeirantes na Serra de Jacobina no sculo XVIII ampliou
o povoamento nessa regio, atraindo garimpeiros e pessoas de vrias partes do territrio
para explorar as jazidas aurferas e em busca de oportunidades.
Em funo do aumento da populao, ocorreu a interiorizao das atividades agropecu-
rias, impulsionadas pela demanda. A pecuria extensiva praticada na bacia do rio Itapi-
curu contribuiu de forma decisiva para a conformao da estrutura fundiria em grandes
propriedades, principalmente nas reas mais secas, onde a aptido agrcola restrita
para agricultura, caracterizada pela concentrao de terras que ainda perdura at os
dias atuais, gerando conflitos no campo.
importante destacar que a minerao contribuiu, tambm, com a infra-estrutura de
transportes, ampliando a rede ferroviria, fato que impulsionou o desenvolvimento da
regio e em especial a bacia do Itapicuru, interligando os Estados da Bahia, Sergipe e
Pernambuco. Ao longo da ferrovia surgiram ncleos urbanos, hoje transformados em
cidades, como Itiba, Senhor do Bonfim, Queimadas, Santaluz e, mais prximo ao lito-
ral, Acajutiba e Rio Real.
Por volta de 1950, a cultura do sisal foi introduzida nessa parte do semi-rido baiano,
ambiente hostil e submetido a longos perodos de secas, com solos geralmente de baixa
fertilidade, pedregosos ou de difcil manejo. Cultura pouco exigente e adaptada a este
ambiente, sua insero teve papel importante na ocupao da parte central da rea, mo-
vimentando a economia com a gerao de empregos, favorecendo uma melhor distribui-
o das terras, uma vez que o sisal geralmente cultivado por pequenos produtores em
sistema de minifndios.
Com o desenvolvimento do Programa de Reflorestamento, em 1970, foi criado nos Tabulei-
ros Costeiros o Distrito Florestal do Litoral Norte, redesenhando o espao com cultivos de
Pinus direcionados para a produo de celulose e papel. Posteriormente, foi introduzido o
eucalipto nos Tabuleiros do Itapicuru, na regio de Nova Soure, para produo de energia.
Outra importante atividade agrcola que se destaca a fruticultura comercial, principal-
mente na regio de Rio Real, Jandara e Itapicuru, ocupando grandes extenses com o
cultivo de laranja, coco-da-baa e maracuj, dentre outras.
Um dos fatores que influenciou o crescimento e desenvolvimento no mdio Itapicuru foi a
descoberta de guas termais, atraindo investidores de outras regies do pas, com desta-
que para o Hotel Cassino, que movimentou a economia da cidade de Cip na dcada de
1950, no perodo do governo Vargas. Este empreendimento promoveu o turismo nacio-
nal e deu a este recanto longnquo uma conotao de cidade balneria, procurada por
polticos, empresrios e celebridades. Tambm foi criada a Estncia Hidrotermal de Cal-
das do Jorro, onde se desenvolveu uma estrutura hoteleira atraindo turistas de vrias
partes do Brasil. As termas contriburam tambm para a infra-estrutura de transportes e
para o crescimento urbano.
26USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
No entanto, uma srie de obstculos e entraves para o desenvolvimento econmico e
social em grande parte da rea decorre do clima semi-rido a qual a mesma est subme-
tida, interferindo de forma direta na dinmica do espao, sendo alvo de intervenes
governamentais desde o sculo XIX.
No perodo de 1877 a 1879 foi registrada uma seca sem precedentes, com conseqncias
drsticas para o ambiente fsico e social. A partir do referido episdio, o poder pblico
passou a adotar aes de carter assistencialista que perduram ao longo do tempo, sem,
contudo, buscar uma soluo definitiva para o problema.
Paralelamente, foram criados outros mecanismos direcionados para o problema da seca.
A princpio foi estruturada a Inspetoria de Obras Contra as Secas, orientada para a
construo de audes e que mais tarde teve suas atividades ampliadas para obras de
infra-estrutura de transportes, com construo de estradas e aeroportos, passando para
Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas.
Em 1958, aps outro perodo crtico de seca, a Inspetoria de Obras Contra as Secas foi
transformada no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), que deu
uma dimenso maior ao desenvolvimento regional, incrementando a construo de bar-
ragens, audes de portes variados e poos tubulares, voltados para abastecimento, proje-
tos de irrigao e piscicultura.
Em 1959, foi criada a Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE),
com o objetivo de planejar e promover o desenvolvimento regional e especialmente buscar
aes sistemticas de combate seca. Nesse sentido, promoveu estudos bsicos dos re-
cursos naturais, socioeconmicos e elaborou a cartografia sistemtica da regio. Implan-
tou tambm a rede de medio hidrometereolgica, concedeu incentivos fiscais para pro-
jetos prioritrios em irrigao, melhoramento dos recursos hdricos e saneamento, entre
outros.
Estes projetos deram, inicialmente, uma nova dinmica regio, principalmente nas re-
as dos audes de Jacurici, Cocorob, Adustina e Araci; entretanto, a realidade atual est
distante dessa fase inicial, onde as ilhas de prosperidade fizeram gerar empregos dire-
tos e indiretos, atraindo mo-de-obra e incrementando o comrcio. O que se registra hoje
nos permetros irrigados so estruturas abandonadas, reas irrigadas reduzidas, proble-
mas de salinizao e audes subutilizados.
importante ressaltar que entre as dcadas de 1970 e 1980 o governo criou programas
para promover o desenvolvimento do serto semi-rido, a exemplo do Programa de Irri-
gao do Nordeste (PROINE), o Plo Nordeste e o Projeto Sertanejo, com atuao inte-
grada nas diversas reas. Todos esses programas tiveram uma poca florescente e, tem-
pos depois, decaam, pois se tratavam de medidas quase sempre assistencialistas, se cons-
tituindo em entraves para o desenvolvimento.
27
ASPECTOS GERAIS DA REA
Em 2001, a SUDENE foi extinta e substituda pela Agncia de Desenvolvimento do
Nordeste ADENE, cuja ao se remete aos Estados do Nordeste e ao norte de Minas
Gerais.
Sabe-se que os assentamentos do programa de reforma agrria tm modificado a estru-
tura de apropriao do espao e esto presentes em quase toda a rea. No momento
atual, o Projeto Tucano encontra-se em evidncia devido sua abrangncia e proposta de
criao de um plo hortcola e olercola nessa regio, buscando alternativas viveis para
promover o desenvolvimento e o uso racional da regio semi-rida.
Apesar dos problemas, o processo de ocupao da rea apresenta um certo dinamismo e
as intervenes do governo continuam sendo extremamente necessrias.
USO DA TERRA
Da extenso mapeada, mais de 70% encontram-se na zona semi-rida, cujas caractersti-
cas climticas e edficas so preponderantes e determinantes ao uso com agropecuria,
onde a aptido agrcola restrita para a maioria das culturas em funo dos baixos
ndices de umidade, quando em condies naturais. A prtica da irrigao possibilita
rendimentos satisfatrios, entretanto essa tcnica ainda incipiente devido ao custo e
dependncia direta da fonte de captao, muitas vezes inexistente ou de difcil acesso.
Assim, a agropecuria fica na dependncia das chuvas, caracterizando-se como uma ati-
vidade de risco, embora essa seja a principal fonte de renda dos municpios.
Na espacializao dos padres de uso, as pastagens ocupam maior extenso, sendo su-
porte para uma pecuria extensiva, com rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos. Apesar
do predomnio, o quantitativo do rebanho no proporcionalmente compatvel com as
potencialidades regionais devido qualidade das pastagens e ao potencial hdrico.
Em seguida aparecem as culturas temporrias e permanentes, sendo que as primeiras se
disseminam em todo o espao, localizando-se preferencialmente no fundo dos vales, com
maior concentrao na poro leste-nordeste, onde as caractersticas edafoclimticas
favorecem o desenvolvimento de uma agricultura comercial. Nas demais pores predo-
minam as culturas de subsistncia.
As culturas permanentes, apesar de ocuparem uma porcentagem relativamente pequena
em relao rea de estudo, so de grande relevncia na composio das rendas dos muni-
cpios produtores e na absoro da mo-de-obra, com destaque para a citricultura e o coco-
da-baa. Na seqncia, a silvicultura aparece ocupando os tabuleiros com eucaliptos e pi-
nus. Os espaos urbanos, a explorao mineral e aqicultura, entre outros, representados
na sua maioria de forma pontual, esto includos no captulo Outros Usos. Os padres esto
quantificados no Grfico 1.
Culturas
13%
Pastagem
47%
Silvicultura
1%
Cobertura
vegetal
38%
Outros
1%
Grfico 1
Padres de uso e cobertura vegetal
Fonte: SEI, 2005.
29
USO DA TERRA
CULTURAS
Citros
A Bahia figura como o segundo maior produtor de citros do pas. Segundo dados da
Produo Agrcola Municipal de 2004, a rea total cultivada com citros foi de 50.336ha,
com uma produo de 794.916 toneladas. Deste total, 54% esto concentrados nas uni-
dades dos Tabuleiros Costeiros e nos Tabuleiros do Itapicuru, sobressaindo-se o munic-
pio de Rio Real, que figura como o maior produtor de laranja do Estado.
A regio tradicionalmente citricultora, embora apresente baixa produtividade, o equi-
valente metade alcanada no Estado de So Paulo, devido baixa fertilidade, acidez e
compactao da camada superficial dos solos, sendo necessria a adoo de prticas de
manejo adequadas e tratos fitossanitrios para melhorar o desempenho dos pomares.
As caractersticas climticas so satisfatrias nas reas prximas ao litoral, entretanto,
naquelas mais interiorizadas, sob ao do clima submido a seco e transio para o semi-
rido, faz-se necessrio o uso da irrigao suplementar, prtica que requer conhecimen-
tos tcnicos e investimentos, requisitos pouco viveis aos pequenos produtores, refletindo
muitas vezes no desempenho da cultura. Alm disso, a carncia de infra-estrutura tam-
bm compromete a produo.
A dificuldade enfrentada pelo setor atribuda ao baixo nvel tecnolgico, ao fato de 80%
da produo encontrar-se em pequenas propriedades, normalmente com baixo poder de
investimento do produtor, agravada com a falta de organizao da cadeia produtiva de
citros, que se constitui em entrave, pois a conscincia cooperativista, que seria a mola
para promover o crescimento e fortalecimento do setor, ainda no est consolidada.
Por outro lado, importante ressaltar que vem ocorrendo uma grande penetrao de
frutas ctricas importadas de pases da Amrica do Sul e Europa, especialmente Uruguai
e Espanha. So frutos de excelente qualidade, visando atender um consumidor mais exi-
gente, uma vez que nossos frutos, de modo geral, no possuem uma boa aparncia exter-
na, apesar de apresentarem qualidade interna igual ou mesmo superior aos importados.
Na atividade citrcola predomina a laranja, que ocupa 99,2% da rea plantada, seguida
da tangerina e do limo que, juntos, somam menos de 1%. No mapeamento no foi poss-
vel individualizar unidades simples, sendo identificadas duas unidades de mapeamento,
Cp1 e Cp2, onde a laranja est consorciada ou associada a outras culturas como o coco-
da-baa, maracuj, mamo e culturas temporrias como milho, feijo e mandioca, prti-
ca que garante a sustentabilidade das propriedades nos perodos de entressafras.
Observou-se in loco que na maioria dos minifndios os pomares apresentam aspecto
pouco saudvel, enquanto nas grandes propriedades extensas reas com laranja recebem
tratos culturais que favorecem a qualidade dos pomares e a produtividade. A infra-estru-
30USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
tura de transporte e armazenagem, alm da embalagem dos frutos, precria, prejudi-
cando a qualidade e a conservao do produto. O aprimoramento dos segmentos da ca-
deia produtiva e a adoo de procedimentos padronizados devem elevar a produtividade
e trazer benefcios aos produtores e ao meio ambiente.
Para complementar o conhecimento em relao aos citros e relacionar as reas mapea-
das com os dados estatsticos, foram analisados dados da Produo Agrcola Municipal
no perodo de 2000 a 2004. Verifica-se que o municpio de Rio Real concentra cerca de
40% da laranja produzida no Estado e vem mantendo ao longo dos ltimos cinco anos
uma certa estabilidade em torno da rea cultivada e da produo, como se observa nas
Tabelas 4 e 5.
Comparando as duas tabelas constatam-se uma diminuio significativa da produo em
relao rea plantada nos anos de 2000 a 2004.
Apesar da importncia em termos de ocupao de mo-de-obra e na gerao de receita,
a citricultura ainda no tem uma posio definida dentro do agronegcio baiano, fato
que deve ser observado pela poltica agrcola, buscando um direcionamento no sentido de
tornar o setor mais competitivo.
Neste aspecto espera-se que o Programa de Revitalizao da Citricultura, atravs do
Bahia Citros, implantado pelo Governo do Estado, promova a recuperao dos pomares,
contribuindo com assistncia tcnica e prticas culturais como subsolagem, calagem e
gessagem, necessrias para melhorar a permeabilidade e a fertilidade dos solos, alm de
prever a liberao de crdito rural para os pequenos produtores.
4alebaT
ajnaralmocadatnalpaer
soipcinuM )ah(aer/onA
0002 1002 2002 3002 4002
rucipatI 000.5 002.5 002.6 002.6 004.6
aradnaJ 008 008 008 008 008
laeRoiR 000.32 000.32 000.32 000.02 000.12
.4002/0002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
5alebaT
ajnaraledoudorP
soipcinuM )t*esoturflim(oudorP/onA
0002 1002* 2002* 3002* *4002
rucipatI 000.052 006.14 000.39 000.39 000.69
aradnaJ 000.06 000.61 000.61 000.61 000.61
laeRoiR 000.527.1 000.064 000.064 000.003 000.513
.4002/0002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
31
USO DA TERRA
Coco-da-baa
O coqueiro originrio da sia e foi introduzido no territrio brasileiro atravs da Bahia,
motivo da denominao coco-da-baa, de onde se espalhou para todo o litoral nordestino.
Este cultivo contribui atualmente com mais de 90% da produo nacional, onde a Bahia,
Sergipe e Rio Grande do Norte so os maiores produtores.
Trata-se de uma cultura adaptada ao clima tropical e para o seu pleno desenvolvimento o
ambiente deve ter bastante luminosidade, temperatura ideal em torno de 27C, precipita-
o superior a 1.600mm e umidade relativa do ar acima de 60%, alm de vegetar melhor
em solos com textura mdia, permeveis e frteis.
Apesar do Brasil possuir ambiente favorvel para o desenvolvimento dessa cultura, pelo
clima e o seu extenso litoral, registra uma produo bastante aqum do seu potencial,
participando com menos 15% da produo mundial e no atendendo a demanda interna,
apesar de ser a terceira fruta mais cultivada, depois da laranja e da banana.
Nesse contexto, importante ressaltar que a produtividade baixa em conseqncia de
grande parte dos cultivos ser do tipo subespontneo, sem uso de tecnologia, da variedade
gigante e direcionado para as indstrias processadoras. Cultiva-se tambm o coco ano,
para consumo da gua, e o coco hbrido, que vem sendo disseminado devido sua duali-
dade, utilizado tanto in natura quanto para a extrao de leite e leo.
Outra questo relacionada s indstrias processadoras e produo de coco-da-baa o
fato de ser mais vantajoso importar do que fomentar a produo para atender a prpria
demanda. Esse paradoxo existe em decorrncia dos subsdios existentes nos pases asiti-
cos, que participam com quase 90% da produo mundial.
Na faixa da Plancie Litornea, nos Tabuleiros Costeiros e do Itapicuru, o coqueiro en-
controu caractersticas edafoclimticas adequadas para o seu desenvolvimento, vegetan-
do de forma satisfatria, o que comprovado pelas extensas reas cultivadas, principal-
mente nos municpios de Conde e Jandara.
Atravs dos dados da Produo Agrcola do IBGE, pode-se observar (Tabelas 6 e 7) que
de 2000 a 2004 a rea cultivada com coco se manteve de forma invarivel; no entanto, a
partir de 2002 a produo cresceu significativamente nos municpios de Acajutiba, Con-
de e Esplanada, fato atribudo produo dos novos cultivos e introduo de tecnolo-
gia, repercutindo na produtividade.
O coco ocorre associado ou consorciado com culturas e pastagens, sendo identificadas
duas unidades de mapeamento, Cp3 e Cp4. Na primeira, aparece em manchas significa-
tivas nos municpios de Jandara e Rio Real, associado a laranja, culturas temporrias e
pastagens, onde grande parte destes cultivos faz uso de tecnologia. A segunda unidade
ocorre na faixa mais prxima do litoral, geralmente associada pastagem, com manchas
representativas nos municpios de Conde e Jandara.
32USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
Nas proximidades da praia de Costa Azul, municpio de Jandara, ocorre extensas reas
com coqueiro hbrido e ano, com uso de tecnologia, registrando, tambm, manchas con-
tnuas ao longo da plancie costeira at as dunas de Mangue Seco. Outro fato digno de
nota o cultivo de coco orgnico, com destaque para as Fazendas Reunidas Nossa Se-
nhora da Conceio, municpio de Jandara, que vem desenvolvendo um modelo sustent-
vel com sucesso.
importante enfatizar que o coqueiro vem comprovando em vrios pases asiticos que
auto-sustentvel, com aproveitamento total da gua, leite, leo e da casca, que transforma-
da em fibra, usada na indstria automobilstica na confeco de encostos de cabea, substitu-
indo a espuma de poliuretana por oferecer inmeras vantagens, j que alm de ser menos
volumosa e mais confortvel, trata-se de um produto natural, reciclvel e biodegradvel.
Sisal
O sisal (Agave sisalana perrine) uma cultura adaptada s regies secas e foi introduzido
no nordeste brasileiro por volta de 1920, no Estado da Paraba, que liderou por muito
tempo sua produo. O cultivo foi incrementado na Bahia na dcada de 1950, encontran-
do ambiente favorvel ao seu desenvolvimento, e corresponde hoje a 90% do sisal produ-
zido no Brasil, o maior produtor mundial.
6alebaT
aab-ad-ococmocadatnalpaer
soipcinuM ahaer/onA
0002 1002 2002 3002 4002
abitujacA 052.4 052.4 052.4 003.4 003.4
ednoC 006.31 006.31 006.31 006.31 000.51
adanalpsE 001.3 001.3 055.6 006.6 006.6
aradnaJ 000.21 000.21 000.21 000.21 000.21
laeRoiR 002.2 002.2 002.2 002.2 002.2
.4002/2002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
7alebaT
aab-ad-ococedoudorP
soipcinuM )soturflim(oudorP/onA
0002 1002 2002 3002 4002
abitujacA 051.33 051.33 065.97 694.08 694.08
ednoC 006.18 006.18 000.402 002.361 000.081
adanalpsE 006.81 006.81 616.221 255.321 255.321
aradnaJ 000.84 000.84 000.84 000.84 000.84
laeRoiR 008.91 008.91 008.91 008.91 008.91
.4002/2002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
33
USO DA TERRA
Essa cultura ocupa o centro-sul da rea e est inserida no Pediplano Sertanejo, sob clima
semi-rido, apresenta grande resistncia ao sol e baixa pluviosidade, pouco exigente,
vegeta em solos de difcil manejo e com limitaes para a maioria das culturas.
No mapeamento, o sisal est identificado na unidade Cp5 e aparece associado pasta-
gem, culturas temporrias de subsistncia e intercalado com vegetao de Caatinga, ocor-
rendo em manchas significativas no municpio de Santaluz, na regio de Salgadlia, em
Conceio do Coit, Jacobina, Queimadas, Araci, Itiba, Mirangaba e Campo Formoso.
Aparece ainda em pequenas manchas dispersas, o que dificulta a individualizao, fican-
do associado s unidades de pastagem.
O municpio de Campo Formoso o maior produtor de sisal do Estado da Bahia, embora
esteja parcialmente includo na rea de estudo.
O maior plantio comercial contnuo de sisal se verifica no municpio de Santaluz e perten-
ce Companhia de Sisal do Brasil (COSIBRA), com 5.500ha plantados, dos quais 4.500ha
so roados e 250ha na Caatinga. A produo est em torno de 140 tonelada/ano de
fibra seca, que enviada in natura para a Paraba onde se transforma em tapetes e fios
que so exportados para os Estados Unidos.
A cultura do sisal exerce um papel socioeconmico importante no que se refere alterna-
tiva agrcola, pois tem capacidade de absorver mo-de-obra no cultivo, no beneficiamen-
to e na industrializao, contribuindo com a caprinocultura para a manuteno do ho-
mem no meio rural.
Apesar disso, a cultura encontra-se ameaada de extino, como afirma Silva (2004),
que detectou que cerca de 86% do sisal dessa regio esto na fase final do ciclo produti-
vo, com idade superior a oito anos.
O Programa de Recuperao, Modernizao e Diversificao do Plo Sisaleiro visa recu-
perar as culturas degradadas, desenvolver um consrcio com a introduo de caprinos/
ovinos, ampliar a assistncia tcnica, capacitar produtores, substituir as antigas mqui-
nas que causam mutilaes, desenvolver pesquisas na busca de alternativas de aproveita-
mento da fibra e do subproduto do sisal, objetivando agregar valores para os produtores.
O referido programa abrange 30 municpios do semi-rido, entre os quais se destacam os
que esto inseridos na rea de estudo, prevendo-se impactos otimistas como o incremento
da produtividade, elevando de 700kg/ha para 1.150 kg/ha de fibra seca de sisal.
As organizaes associativas, como Associao dos Pequenos Produtores (APAEB) do
Municpio de Valente e o Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentvel da regio Sisa-
leira do Estado da Bahia, tambm tm contribudo com o desenvolvimento e aproveita-
mento da fibra em produtos manufaturados, agregando valores para os produtores.
Dos produtos derivados do sisal, os principais so os fios biodegradveis utilizados na
confeco de vrios tipos de cordas, na produo de tapetes, estofados, pastas para in-
34USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
dstria de celulose, remdios, adubo orgnico, tequila, rao animal, biofertilizantes, sa-
carias e podendo ser utilizados, tambm, na indstria automobilstica, substituindo a fi-
bra de vidro.
Com a vantagem de ser biodegradvel, a fibra do sisal desperta uma demanda crescente
no mercado externo, em funo dos programas direcionados sustentabilidade ambien-
tal. Ao contrrio do que ocorreu no passado, quando o fio sinttico competiu de forma
bastante significativa com a fibra natural, provocando uma queda importante nas reas
de sisal e diminuindo consideravelmente as exportaes.
Outro aspecto a ser observado a falta de organizao na comercializao, com a figura
notria do atravessador que adquire o produto por preos insignificantes, desestimulando
os pequenos produtores em funo da baixa rentabilidade em uma atividade na qual a
relao riscos x benefcios pouco compensadora, afetando o dinamismo no setor.
Para estabelecer um paralelo entre o mapeamento e a estatstica, foram selecionados
municpios que se destacam na produo de sisal, dos quais Santaluz e Conceio de
Coit so os maiores produtores. Os dados indicam que o sisal teve, nestes ltimos cinco
anos, pouca variao tanto na rea plantada como na produo, exceo de Araci, que
apresentou um incremento significativo em 2004, que pode ser visto nas Tabelas 8 e 9.
Pode-se afirmar que, historicamente, o sistema de produo do sisal rudimentar, sem
avanos tecnolgicos, tendo como conseqncia direta a baixa produtividade, quatro
vezes menor do que no Mxico, China e pases africanos. Por outro lado, o aproveita-
mento da folha tambm comprometido por falta de equipamentos, sendo que apenas
4% so aproveitados na forma de fibra, enquanto nos pases produtores j menciona-
dos atinge 80%.
8alebaT
lasismocadatnalpaer
soipcinuM ahmeaer/onA
0002 1002 2002 3002 4002
icarA 003.2 003.2 003.2 003.4 007.21
osomroFopmaC 298.92 543.44 371.45 005.25 005.16
onasnaC 000.3 000.3 000.3 005.2 005.2
tioCodoiecnoC 000.91 000.91 005.71 000.81 005.81
abitI 009.5 058.6 051.7 040.7 004.6
anibocaJ 001.9 009.8 005.7 077.31 077.31
abagnariM 000.6 000.6 005.5 005.5 005.5
anitsedroN 005.5 005.5 000.4 000.4 000.4
sadamieuQ 005.8 005.8 000.7 000.7 005.6
zulatnaS 005.91 005.91 002.81 005.81 005.81
.4002/0002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
35
USO DA TERRA
9alebaT
lasisedoudorP
soipcinuM )t(oudorP/onA
0002 1002 2002 3002 4002
icarA 016.1 003.2 003.2 003.4 004.01
osomroFopmaC 600.62 396.73 740.64 526.44 562.25
onasnaC 004.2 008 004.2 000.2 000.2
tioCodoiecnoC 001.22 057.51 003.51 003.51 002.61
abitI 027.4 228.5 600.6 419.5 044.5
anibocaJ 001.9 554.8 006.5 610.11 610.11
abagnariM 003.6 049.5 063.3 026.4 026.4
anitsedroN 000.4 006.3 051.3 024.3 006.3
sadamieuQ 002.7 057.6 004.5 058.5 085.5
zulatnaS 526.32 002.61 004.41 002.61 092.61
.4002/0002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
Devido sua grande importncia no semi-rido, pela absoro de mo-de-obra, pela faci-
lidade e desempenho com pouco investimento, ajudando a fixar o sertanejo na terra,
imperativo que a cultura do sisal seja reestruturada e modernizada em um processo rpi-
do e contnuo.
Culturas temporrias
A rea em estudo apresenta grande concentrao de minifndios onde so cultivadas pe-
quenas parcelas para subsistncia e, em menor escala, culturas comerciais, predominando
feijo, milho e mandioca, em sistema de sequeiro. A mecanizao da agricultura, a irriga-
o e a utilizao de tcnicas agrcolas modernas no tm muita representatividade.
Os cultivos de ciclo curto esto em quase sua totalidade na regio do semi-rido, onde a
distribuio das precipitaes durante o ano bastante irregular, fator restritivo que tor-
na a agricultura de sequeiro uma atividade de risco; apesar disso, essa agricultura, junto
com a caprino-ovinocultura, representam as principais fontes de renda para os pequenos
produtores.
As culturas de feijo, milho e mandioca geralmente se apresentam consorciadas entre si,
com mamona, sisal e castanha de caju, espontneo ou cultivado, intercaladas com pasta-
gens naturais ou plantadas.
No mapeamento, este padro de uso foi subdividido nas unidades
Ct1, Ct2, Ct3 e Ct4,
individualizadas em funo das associaes e/ou consrcios entre culturas e alternncias
com pastagens e vegetao natural, bem como em relao ao sistema de produo utili-
zado, seja em nvel de escala comercial e/ou subsistncia.
36USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
A produo em sistema comercial representada pelas culturas de feijo e milho, cuja
ocorrncia est relacionada presena de manchas de solos com mdia a alta fertilidade,
identificadas nos municpios de Adustina, Coronel Joo S, Ftima, Paripiranga e Eucli-
des da Cunha, e na Vila de Algodes, ao longo do riacho Macet, em Quijingue, onde h
extensas e contnuas reas cultivadas com mdia a alta produtividade, representada pela
unidade de mapeamento Ct1.
Os quatro primeiros municpios citados localizam-se em reas de extensos tabuleiros,
cuja topografia e a relativa proximidade com o mar influencia nos ndices pluviomtricos
e na melhor distribuio das chuvas, o que permite plantios no perodo de inverno.
Nos municpios de Euclides da Cunha e Quijingue, apesar das condies edficas favor-
veis aos cultivos de ciclo curto, o sucesso da produo depende, principalmente, de um
bom perodo chuvoso ps-plantio, o que nem sempre acontece, fato que provoca perdas
muitas vezes significativas, deixando o produtor descapitalizado, levando ao deslocamen-
to para outras regies ou mesmo migrao para as zonas urbanas.
Para complementar as informaes referentes s culturas de feijo e milho, foram seleci-
onados os principais municpios produtores como parmetro para estabelecer comparati-
vos entre a espacializao e os dados relativos s reas plantadas e a produo de feijo
e milho no ano de 2004, por ser o dado mais recente disponvel (Tabelas 10 e 11).
01alebaT
ojiefedoudorpeadatnalpaer
soipcinuM )ah(adatnalPaer )t(oudorP
anitsudA 000.33 849.42
ahnuCadsedilcuE 000.53 009.81
amitF 485.01 485.01
agnaripiraP 000.51 000.51
eugnijiuQ 000.72 001.8
onacuT 000.02 006.3
.4002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
11alebaT
ohlimedoudorpeadatnalpaer
soipcinuM )ah(adatnalPaer )t(oudorP
anitsudA 000.33 219.45
ahnuCadsedilcuE 000.53 003.6
amitF 000.01 004.8
agnaripiraP 000.03 029.94
.4002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
37
USO DA TERRA
21alebaT
acoidnamedoudorpeadatnalpaer
soipcinuM )ah(adatnalPaer )t(oudorP
osomroFopmaC 046.1 084.9
onasnaC 000.3 000.24
silopsirC 000.7 000.211
ahnuCadsedilcuE 005.3 000.94
aifldaliF 028 069.6
urucipatI 005.2 000.54
otnaSetnoM 000.6 000.27
anidnilO 000.2 000.63
saiDoritS 005.3 000.94
onacuT 000.5 000.08
.4002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
Observando as Tabelas 10 e 11 se constata que a cultura do feijo no municpio de Quijin-
gue e de Tucano apresentou, em 2004, uma rea plantada considervel; entretanto, a
produo teve perdas significativas, assim como o milho em Euclides da Cunha, com
resultados desanimadores, o que reitera a necessidade de disseminar a irrigao para
reduzir as frustraes de safra, causadas pela diminuio da umidade na fase vegetativa,
e conseqentes prejuzos aos produtores.
A unidade Ct2 ocorre ao longo do vale do rio Vaza-Barris, entre as cidades de Jeremoabo
e Canudos, compreendendo uma faixa relativamente estreita, onde h pequenas parcelas
com cultivos de sequeiro de feijo, milho e mandioca destinados subsistncia, associa-
dos policultura irrigada com banana, coco-da-baa, maracuj e hortcola, cuja produ-
o comercializada nas feiras da regio ou vendida no local para atravessadores.
Na maior parte da rea mapeada predomina a unidade Ct3, na qual as culturas de feijo
e milho so constantes e aparecem associadas mandioca, que se destaca em alguns
municpios em funo das caractersticas fsicas dos solos. Tambm h ocorrncia de
mamona e sisal em parcelas intercaladas com pastagem e vegetao natural.
O municpio de Crispolis o maior produtor de mandioca da rea. As caractersticas
geomorfolgicas e edafoclimticas favorveis oferecem condies ideais para este tipo de
cultura, a exemplo do relevo de tabuleiros, em torno de 200m de altitude, clima submido
a seco, solos leves com textura franco arenosa a arenosa. Tambm se destacam na produ-
o dessa cultura os municpios de Monte Santo, Tucano e outros (Tabela 12).
A mandioca uma cultura de fcil adaptao ao clima semi-rido baiano e aparece em
toda a extenso da rea, normalmente como cultura de subsistncia em minifndios, ab-
sorvendo grande contingente de mo-de-obra. Possui uma boa resistncia para varia-
es de temperaturas e irregularidade das chuvas e seu cultivo no apropriado em bai-
xadas, onde predominam solos muito argilosos, portanto mal drenados.
38USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
Um dos programas do Governo do Estado, referente ao agronegcio baiano, destinado
ao incremento da produo da mandioca e contempla os municpios de Capim Grosso,
Jacobina e Miguel Calmon.
A mandioca e o milho so culturas amplamente utilizadas na alimentao humana e de
animais (como rao para bovinos, ovinos e aves, dentre outros) e na produo industrial
de alimentos, sendo, portanto, as mais difundidas.
No municpio de Itapicuru, os povoados de Tapera do Lima, Lagoa do Meio e Rainha dos
Anjos apresentaram parcelas considerveis de mandioca, alternadas com feijo e milho.
Outros destaques so os povoados de Dona Maria, em Inhambupe, Riacho da Ona, em
Queimadas, e Pereira, em Senhor do Bonfim.
A cultura da mamona, que aparece tambm associada na unidade Ct3, ocorre de forma
dispersa na parte oeste da rea e apresenta maior destaque nos municpios da regio do
Piemonte da Diamantina. Entretanto, as lavouras so pequenas e isoladas, associadas
com feijo, milho e mandioca. Os pequenos produtores tm na mamona uma alternativa
de renda garantida, mas os preos de mercado nem sempre so compensadores, o que
leva a ciclos de expanso ou retrao da cultura.
No oeste da rea foram observadas ocorrncias de mamona alternadas com feijo, milho
e mandioca, nos povoados de Brejo Grande de Baixo e Brejo Grande de Cima, em Miguel
Calmon, inseridas na unidade Ct3. Nos municpios de Jacobina, Mirangaba, Ponto Novo
e outros circunvizinhos, a cultura se dissemina em pequenas parcelas que, em funo do
tamanho, foram includas na unidade da pastagem.
O Programa de Recuperao da Cultura da Mamona foi implementado pelo Governo do
Estado atravs da Secretaria da Agricultura, Irrigao e Reforma Agrria (SEAGRI),
em parceria com o Banco do Nordeste. Seu objetivo era transformar-se em uma alterna-
tiva para o semi-rido, aumentando a rea de cultivo, apoiando os pequenos e mdios
produtores e incentivando o plantio de variedades mais resistentes.
Os municpios contemplados com o programa de recuperao dessa cultura e que esto
inseridos na rea do estudo so: Cansano, Canudos, Euclides da Cunha, Monte Santo,
Nordestina, Uau, Andorinha, Antnio Gonalves, Cam, Caldeiro Grande, Campo For-
moso, Capim Grosso, Filadlfia, Itiba, Jacobina, Jaguarari, Miguel Calmon, Miranga-
ba, Morro do Chapu, Pindobau, Ponto Novo, Quixabeira, So Jos do Jacupe, Sade,
Senhor do Bonfim, Serrolndia, Vrzea Nova e Vrzea do Poo.
Os financiamentos concedidos pelo Governo do Estado e Banco do Nordeste so para
todas as categorias de produtores rurais (pequenos, mdios e grandes), alm de associa-
es e cooperativas, e tm prazo de carncia de at doze anos.
A cultura da mamona, que se encontrava em declnio, comea a dar sinais, tmidos, de
crescimento em alguns municpios produtores, como pode ser visto nas Tabelas 13 e 14.
39
USO DA TERRA
31alebaT
anomamedadatnalpaer
soipcinuM )ah(adatnalPaer/onA
0002 1002 2002 3002 4002
anibocaJ 021.2 809.1 003 066 006
nomlaCleugiM 006 045 002 033 003
abagnariM 005.2 041.2 008 008 054
uabodniP 025 095 041 043 024
ovoNotnoP 057 021.1 011 043 014
aidnlorreS 005.1 002.1 001 052 002
.4002/0002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
41alebaT
anomamedoudorP
soipcinuM )t(adizudorpedaditnauQ/onA
0002 1002 2002 3002 4002
anibocaJ 098 367 09 801 045
nomlaCleugiM 063 292 07 09 072
abagnariM 009 667 042 042 504
uabodniP 624 524 71 071 261
ovoNotnoP 516 608 91 402 441
aidnlorreS 063 063 03 21 441
.4002/0002,EGBI/MAP-lapicinuMalocrgAoudorP:etnoF
A mamona uma cultura exigente, vegetando preferencialmente em solos profundos,
frteis, com boa permeabilidade e clima quente e mido, pois o seu bom desenvolvi-
mento necessita de um grande aporte de nutrientes e tratos culturais em pocas apro-
priadas.
O seu aproveitamento se d na extrao do leo das sementes, utilizado na lubrificao
de motores de alta rotao, como os motores de avies, na indstria farmacutica e cos-
mtica, fabrico de tintas, vernizes e plsticos.
Da mamona ainda se aproveita o sub-produto, denominado torta, utilizado como adubo,
rico em nitrognio, fsforo e potssio. Por outro lado, o leo da mamona considerado o
melhor para produo de biodiesel, por ser o nico solvel em lcool, no sendo necess-
rio o uso da energia quando transformados em leo combustvel, favorecendo o custo de
produo.
A Bahia se insere no Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnolgico do Biodiesel
(PROBIODIESEL), lanado pelo Governo Federal em 2002, que tem o objetivo de pro-
duzir combustvel a partir de matrias primas renovveis, com perspectiva de desenvolvi-
mento das reas produtoras de mamona, especialmente na regio do Piemonte da Dia-
mantina.
40USO ATUAL DAS TERRAS - BACIAS DOS RIOS
ITAPICURU, VAZA-BARRIS E REAL
importante ressaltar que a Secretaria de Cincia, Tecnologia e Inovao do Estado da
Bahia vm desenvolvendo pesquisas e projetos neste campo, sendo um deles voltado para
a lavoura familiar com insero, ampliao e fomento da cultura da mamona, visando a
produo de biodiesel, inclusive para a gerao de energia em comunidades rurais.
O Decreto de 23 de dezembro de 2003 da Presidncia da Repblica, publicado no DOU
de 24/12/2003, instituiu a Comisso Executiva Interministerial, encarregada da implan-
tao das aes direcionadas produo e ao uso de leo vegetal biodiesel como fonte
alternativa de energia. Dessa Comisso foram geradas as diretrizes do PNPB, que so:
Implantar um programa sustentvel, promovendo incluso social;
Garantir preos competitivos, qualidade e suprimento;
Produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes oleaginosas e em regies diversas.
A mamona foi escolhida como oleaginosa para produo de matria prima para fabrica-
o de biodiesel na regio semi-rida com a finalidade de possibilitar a incluso social dos
pequenos agricultores, apregoada nas diretrizes do PNPB.
Por outro lado, o Decreto n 5.297, de 06/12/2004, alterado pelo Decreto n 5.457, de
06/06/2005, criou o selo combustvel social e se constitui em instrumento legal, utili-
zado pelo Governo Federal, que prev a reduo da contribuio do PIS/PASEP e CO-
FINS para o produtor de biodiesel que promover a incluso social dos agricultores en-
quadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar PRO-
NAF, adquirindo a matria prima, dando assistncia tcnica, celebrando contratos que
fortaleam os pequeno agricultores, garantindo a gerao de emprego, renda e melhoria
da qualidade de vida.
Em 13/01/2005 foi publicada a Lei n0
11.097, que dispe sobre a introduo do biodie-
sel na matriz energtica brasileira, altera Leis afins e d outras providncias.
A cultura da mamona foi contemplada com o Zoneamento Agrcola realizado pela Em-
presa de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA), para o ano safra de 2005 / 2006, que
considera o Estado da Bahia com excelente potencial para o seu cultivo e expanso em
sistema de sequeiro, tendo em vista que a mamona adapta-se bem s condies do semi-
rido baiano. O Zoneamento aponta ainda 184 (cento e oitenta e quatro) municpios
aptos para o plantio, sendo que, destes, vinte integram a rea em estudo.
A unidade Ct4 identifica as reas com culturas temporrias consorciadas com cajueiros
espontneos e cultivados e est localizada na faixa de contato Cerrado-Caatinga, nos
municpios de Euclides da Cunha distritos
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