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Centro Espírita Léon Denis Aula sobre Passes – Altivo Carissimi Pamphiro – 08/10/1985

O passe é uma tarefa que se aproxima muito de um caráter individual. Cada um de nós dá o

passe de uma maneira, e é isso que tem causado a maior parte das confusões na técnica de passes. Existem técnicas que, se utilizadas, farão com que nossas energias se multipliquem e muito,

e as pessoas sejam beneficiadas e muito também. De um modo em gera,l as pessoas dizem assim: Eu estou dando o passe. Mas se uma pessoa

qualquer desferir uma pergunta: “Mas o que é passe?”, nós não sabemos responder. A definição de passe é justamente movimento. Quando eu digo que estou dando um passe, significa que estou movimentando as minhas mãos, movimentando energias para transmitir a alguém. Por isso, o passe é feito com as mãos.

Na hora do passe, quando movimentamos as mãos, precisamos ter alguns cuidados. Porque, se transmito energias pelas mãos, tenho que saber porque transmito e com algum critério.

Quem tem noções rudimentares de física, como é o meu caso, sabe que a eletricidade sai pelas extremidades. A energia que existe em nós, o plasma. Aqui faremos um parêntese: tem pessoas que dizem “o meu ectoplasma”. É uma definição errada. Ecto é para fora. Plasma para fora. Quando eu digo que estou doando energia, significa que estou tirando a minha energia, o meu plasma, a minha força e estou passando para o outro. Quando eu digo ectoplasma, é porque a energia já saiu de mim. Então, quando estou dando passe, estou dando fluido, estou dando um material que existe dentro de mim. Não posso dizer que doei ectoplasma, posso dizer que doei plasma, doei fluido. É apenas para deixar as coisas perfeitas, para não falarmos coisas trocadas.

A energia que sai de mim, é uma energia que tem que ser canalizada, por isso, estico minhas mãos, ponho as minhas mãos em cima de alguém, imponho-as em um determinado órgão. É a energia que existe em mim, que se não fizesse assim ela tresandaria, ela sairia de dentro de mim, seria como uma água saindo do vasilhame, não teria direção. O passe é movimento porque dou direção à energia que está dentro de mim. A energia que existe em mim, se não tivesse condução seria solta.

No item 175, de O Livro dos Médiuns que fala da mediunidade curadora, Kardec diz que podemos curar pela nossa simples presença. Uma pessoa doente está ao meu lado e, de repente, ela como que suga minhas energias. Eu curei pela minha simples presença. Kardec não fala em passe, ele não conhecia isso, ele conhecia magnetismo, conhecia passe magnético. Mas no Livro dos Médiuns ele não fala em passe. Quem primeiro fala em passe é Léon Denis no livro No Invisível, pelo menos que seja do meu conhecimento.

Quando eu estico minhas mãos significa que estou canalizando as energias que existem em mim e estou colocando em alguém.

Passe: é a energia dirigida que sai de dentro de mim e aplico em alguém. Temos que fazer uma distinção entre o chamado fluido magnético, fluido espiritual; passe

magnético, passe espiritual. O espiritual é o que pertence ao espírito e o magnético pertence ao encarnado.

Um médium pode estar em certas circunstâncias muito cansado fisicamente, ou em certas circunstâncias o que ele está precisando fazer naquele trabalho de passe não é doação de energia física e sim espiritual. Às vezes, vamos dar um passe em alguém e temos a certeza absoluta que não doamos nenhuma energia pertencente a nós. Nós apenas somos veículos transmissores da energia do plano espiritual. Nós dizemos assim: “Hoje eu dei um passe espiritual. Um passe onde a minha participação foi bem pequena”. Claro que sabemos que o espírito fazendo passar a sua energia por dentro de nós, ele age de roldão e carrega alguma coisa nossa, mas o percentual é mínimo. O contrário, quando nós mesmos estamos dando o passe, embora saibamos que existe um espírito do nosso lado, saibamos que o plano espiritual está ali nos protegendo, mas nós é que estamos aplicando o passe. Nós sabemos que o plasma que existe em mim, o fluido que existe em mim é que saiu da minha doação, da minha energia. Daí, muitas vezes, o médium, nas sessões de passe sair exausto e outras vezes não sair tão exausto. O médium que dá passes e quer sair de uma sessão de

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Aula sobre Passes dada por Altivo Carissimi Pamphiro em 08/10/1985 passes sem estar cansado, na realidade não está sabendo dar passes. O médium tem que sair cansado, não tem que sair de maca, mas cansado sim. Querer dar passe e não ter o mínimo esgotamento, ou reclamar porque está assim ou assado porque deu o passe, então ele é muito bom transmissor de energia dos espíritos, mas mostra por isso, que não sabe que tem que dar forças da parte dele. Portanto, o médium pode e deve se cansar, e quando vocês não se cansarem no passe, desconfiem que alguma coisa deve estar errada com vocês.

O movimento do passe como é um movimento de transmissão de energia ele tem que guardar algumas características. Ele não pode ser extravagante. Quando o passe é dado pelo espírito nós não vamos discutir. O espírito é que tem a técnica, ele sabe porque está fazendo daquele jeito. Nós vamos discutir a nossa técnica de encarnados.

O passe extravagante é, por exemplo, o médium que ignora que as energias estão saindo das suas mãos. Ele abana as mãos no ar. Ele não está conduzindo a energia, está largando a energia no ar. Isso não é passe.

Nós temos que ter movimentos harmônicos, que vão significar que estou transmitindo energias, que estou fazendo uma condução de forças.

Há movimentos que são enérgicos em demasia. A energia tem que ser aplicada no passe, porque no passe dado por pessoas amolecidas, que parecem que estão regendo uma orquestra de borboletas, a energia não sai de nossas mãos. A emissão energética é mole, é uma emissão sem força. O passe tem que ser enérgico, mas não tão enérgico que até assuste o outro.

A criança de um modo geral toma um susto quando vê o homem ou a mulher na sua frente para dar o passe. No passe na criança o médium, se possível, deveria se ajoelhar para ficar no nível da criança.

Temos que saber graduar a emissão da energia, saber graduar nossas forças, saber graduar nossas possibilidades. Temos que conversar conosco. Essa conversa íntima é que nos dá a medida de como estamos dando o passe. De um modo geral, quando damos o passe entramos na sala na posição de doadores. Não conversamos conosco para saber se estamos sendo ridículos diante dos outros, se estamos agindo com energia demais diante dos outros, se estamos fazendo emissões moles demais. Uma vez que não podemos perguntar às pessoas como elas estão encarando nosso passe, temos que conversar conosco. “Meu Deus, será que estou fazendo esse passe muito lento? Será que estou fazendo o passe muito enérgico? Será que estou jogando fluido no ar, sem condução? É preciso que o médium converse consigo mesmo na hora de doação do passe, para que ele tenha um bom resultado”.

Nós temos também a imposição de mãos. Muita gente diz que para dar passe basta fazer a imposição das mãos. Muitos até alegam que Jesus também só fazia imposição de mãos. A essas pessoas nós perguntaremos se elas têm o poder de Jesus, de transmitir o fluido ao ponto de apenas bastar a imposição das mãos, e aquela carga magnética renovar todas as energias da pessoa. Se ela disser que tem o mesmo poder de Jesus ou pelo menos parecido, diremos que o passe dela está perfeito. Mas, se não tem, diremos que isso não é passe, isto é imposição de mãos. Porque, o passe é movimento, é distribuição de energias.

Imposição de mãos se aplica em determinadas circunstâncias, em determinadas doenças, em determinadas pessoas. Mas isso não é passe, é transmissão de energia.

Hoje em dia os modernos trabalhadores da Doutrina Espírita gostam de muitas novidades. Acham que Kardec está superado, que os clássicos da Doutrina Espírita estão superados. Gostam de arranjar nome, no fundo estão dizendo a mesma coisa. Mas parece que ser velho passou a ser defeito, então inventam nomes novos para coisas velhas. Há uma corrente que não chama o passe mais de passe e sim de fluidoterapia. No fundo é a mesma velha sessão de passe. Outra corrente diz que é transmissão de saúde.

Temos algumas coisas que podemos evitar antes, durante e depois do passe. Coisas a evitar antes do passe – alimentação pesada. Não vem de estômago vazio, porque

senão o espírito não vai tirar fluido de vocês com estômago vazio. Um pequeno lanche, fruta, coisas que nos alimentem, mas que não pesem. Evitar qualquer tipo de bebida alcoólica. Médium passista não pode ficar bebendo, não tem direito de fazer isso com os espíritos nem com as pessoas. O

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Aula sobre Passes dada por Altivo Carissimi Pamphiro em 08/10/1985 médium não faz parte de uma classe seletiva segundo o mundo classifica, mas o médium faz parte de uma classe seletiva a partir do momento que ele se candidata a socorrer. Porque, ninguém pediu para ele ser médium, ele é que pediu para ser. Nesse sentido ele faz parte de uma classe seletiva, porque foi ele que pediu para trabalhar, então ele tem que se adaptar às regras do trabalho. Agora, ele querer trabalhar e querer que o mundo se adapte á vontade dele. Isso não está certo.

Como médium nós não fazemos uma classe separada, somos iguais a todo mundo. Temos que comer, descansar e dormir, mas temos que lembrar que estamos diante de um trabalho diferente e não podemos misturar muito as nossas imperfeições com o fluido que sai de nós para aplicar nos outros. Bebidas alcoólicas de espécie alguma. Cigarro, também, é um elemento nocivo para transmissão de fluido.

Por que tudo isto é negativo para o passe? O passe é transmissão de energia, aquilo que ingiro, bebo, fumo, aquilo tudo se mistura com a minha energia e, na hora que dôo, passo para as pessoas tudo aquilo que estou habitualmente colocando no meu organismo. Nossas condições devem ser vistas com certo rigor, pelo menos no dia que antecede ao serviço. Pelo menos no dia que estamos no serviço evitemos beber qualquer bebida alcoólica sobre qualquer forma. Evitemos quanto possível o cigarro, porque estaremos misturando nossas energias com as que vamos transmitir aos outros.

Além dos cuidados com o organismo há o cuidado mental. O médium que está transmitindo energia e tem maus hábitos, tem desequilíbrio, destemperos mentais e verbais, pessoa sempre irritadiça, que está sempre brigando com todos, essa pessoa não tem energia positiva para transmiti, porque é uma energia tensa, nervosa, que irrita ao invés de acalmar. A pessoa precisa aprender a se controlar.

Nós fazemos parte de uma classe seletiva, porque estamos nos candidatando ao trabalho. Não devemos ser vaidosos, orgulhosos, mas temos que levar em conta que estamos nos candidatando ao trabalho.

A pessoa irritadiça, com maus hábitos na hora da transmissão do fluido não vai ter uma boa transmissão fluídica. Temos que levar em conta a misericórdia de Deus, a paciência dos guias espirituais e temos que levar em conta os méritos da pessoa que está tomando o passe. Temos que levar em conta tudo isso, mas temos que trabalhar dentro de nós como se a pessoa que está tomando passe não soubesse nada e fossemos apenas nós e ela.

Temos que estar preparados para o exercício do passe. Não quer dizer que o amigo esqueceu, tomou o aperitivo antes do trabalho e então não vai dar passe, até por uma certa vergonha. Porque quando falhamos e sabemos que o espírito está do nosso lado, isso serve de estímulo para trabalharmos, reagirmos, para não cometermos novamente o erro. É a chamada de atenção: “Meu Deus eu bebi hoje, eu não podia ter bebido! Mas vou para o passe e quero ter coragem de olhar para o guia espiritual e dizer a ele: mesmo tendo errado eu vim trabalhar. Quero que o senhor veja que, acima de tudo, houve uma boa intenção de minha parte. Prometo não incorrer novamente neste erro”. Tudo isso faz parte da chamada educação mediúnica.

Vou contar um caso que mostra a importância do fluido. Esse caso foi narrado por um médium do Brasil. Um dos mais poderosos médiuns de efeitos físicos que o Brasil já conheceu: Francisco Peixoto Lins, conhecido como Peixotinho. Era todo ruinzinho de corpo, mas dono de uma prodigiosa capacidade fluídica, e os espíritos se materializavam luminosos. Quem via as materializações via o espírito por completo. Ele foi ao Centro André Luiz levando um companheiro. O companheiro não sabia onde ficava o Centro e ele ficou esperando em pé num ponto determinado da Rua Moncorvo Filho. Aquelas ruas têm muita prostituição. Ele observava toda a movimentação da rua e, mentalmente, começou a entrar na faixa mental daquelas pessoas. O amigo chegou, eles foram para o Centro Espírita, começaram as materializações. Os espíritos interromperam o trabalho, porque só se formavam formas grotescas, negativas, más, inferiores, porque a energia de que ele estava possuído estava impregnada das formas que ele vira em torno das pessoas que estavam andando na rua atrás de mulheres e homens. O perispírito dele ficou impregnado. Na hora da materialização nem os mentores espirituais conseguiram, de imediato, impedir que as primeiras materializações fossem dessas formas negativas. Ele era um médium nessa ocasião com mais de 30

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Aula sobre Passes dada por Altivo Carissimi Pamphiro em 08/10/1985 anos de trabalho mediúnico. Era dono de uma mediunidade prodigiosa, dono de uma capacidade fluídica imensa, dono de uma potencialidade mediúnica para ninguém botar defeito. Mesmo assim ele não conseguiu interromper aquela soma de energia que saia de dentro dele.

Na hora em que um espírito conseguiu se materializar parcialmente, disse para interromper a sessão e perguntar ao médium porque a sessão fora interrompida. Ele, envergonhadamente, disse que tinha participado, como observador, daquela situação de prostituição na rua.

Isto nos remete a uma posição: devemos ter muito cuidado com os lugares em que vamos. Vamos ao clube assim, assim, assim. Ninguém vai ficar enclausurado em convento, mas temos que ter cuidado aonde vamos. Porque já temos muitas cargas negativas. Pegamos uma condução, não podemos selecionar as pessoas que vão estar conosco. No nosso trabalho, não podemos selecionar quem vai estar ao nosso lado. Não podemos controlar tudo. Devemos conscientemente evitar a procura de certos ambientes.

Volto a dizer, temos uma certa responsabilidade. Repito para vocês uma palavra de nossa irmã Zilda Alvarenga, numa conversa em que eu estava participando, acerca do livre-exame; as criaturas dizem que o Espiritismo é uma doutrina de livre-exame, então estão sempre examinando. E ela disse assim: “Livre exame até você optar pelo Espiritismo. A partir daí você é espírita ou não é”. Não vamos fugir do mundo mas, uma vez que optamos pela tarefa do passe, temos que ter a responsabilidade com aquilo que estamos fazendo. Uma vez feita a opção, vamos ter a cabeça no lugar. Porque é muito fácil dizermos aos mentores espirituais que tomem conta de nós. Quem progride são eles, nós continuamos estacionados. O interesse do progresso é nosso.

Toda sessão deve ter um presidente enérgico, atento, olhando para tudo, vendo quem chegou, quem não chegou. Chamando a atenção.

Havia um trabalhador na Grécia antiga chamado Péricles. Ele embelezou a Grécia e sua época ficou conhecida como a Era de Péricles. Ele era um homem muito virtuoso, mas muito crítico. Uma vez ele fez um enorme discurso e o povo todo aplaudiu. Ele então perguntou: “O que houve, está todo mundo me aplaudindo? Eu errei em alguma coisa, não posso agradar a todo mundo. Devo ter errado em alguma coisa”. Isso é história, mas eu não posso agradar a todo mundo. Se vocês querem ter uma direção segura, não se importem de ser chamados a atenção. Porque isso mostra o interesse do presidente no trabalho de vocês. Eu chamo a atenção de alguém e a pessoa rejeita. Eu chamo uma, duas vezes e a pessoa continua rejeitando, ela vai errar o que tiver que errar, porque eu não chamo mais. Ela não merece ser chamada aatenção.

O presidente de uma casa espírita ou o diretor de um trabalho mediúnico que não chama a atenção, creiam vocês estão abandonados. Ninguém acerta sempre. O plano espiritual é muito sábio nisso, ele instrui, instrui, instrui e de repente pára de falar. Nós pensamos até que estamos certos, não é nada disso, os espíritos estão observando até onde estamos indo. Na medida da nossa atuação, eles estão anotando no caderno deles: essa pessoa dá para isso, essa outra é de trabalho. Temos que ter cuidado, o dia que não formos chamados a atenção, creiam estamos abandonados, ou postos em testes.

Outro cuidado que devemos ter durante o passe é com a vestimenta. Uma pessoa tem que vir vestida com uma certa compostura. Não precisa vir vestida de freira, porque vocês não estão diante de santos de pedra. Uma pessoa estranha pode chegar aqui, esquecer que está num centro espírita e olhar para vocês como mulheres. Precisam ter cuidado com isto. Isto se chama vigilância. Diante de um amigo nós podemos até nos encostar, mas diante do público, eu não sei quem a pessoa é, nem o que ela está pensando de mim. Temos que ter um certo cuidado. Não venham como freira, porque isso é falso, nada disso. É a naturalidade, o equilíbrio. É o célebre caminho do meio. O dia que soubermos fazer o caminho do meio, não ter exagero nem de um lado nem do outro, dá tudo certo na nossa vida.

Jóias: a pessoa vem com anéis, pode machucar os outros. Um movimento enérgico, que estica as mãos, temos que ter um certo cuidado, podemos ferir os outros. Brincos de argola, médiuns que trabalham na desobsessão. Evitar trabalhar com relógios, pulseiras na hora do passe.

Nós temos os chamados médiuns castanholas, dão o passe que parece estão tocando castanholas. Isso é prática de umbanda, vamos evitar. O médium pode ter vindo da umbanda, o

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Aula sobre Passes dada por Altivo Carissimi Pamphiro em 08/10/1985 espírito pode ter trabalhado na umbanda, isso é coisa que se corrija. É coisa do médium.

Evitar falar alto enquanto está dando o passe. Isso vai ficando como uma reza, acaba incomodando os outros.

Cuidado com os exageros. Passe é movimento harmônico. Não preciso sacudir, fazer gestos extravagantes, ferir ninguém, é apenas um movimento harmônico.

Quantos passes nós podemos dar? Varia de criatura para criatura. Ramiro Gama no Livro Lindos Casos de Bezerra de Menezes conta que estava fazendo uma pregação no campo e de repente havia mais de cem pessoas para ele dar passe, e ele era o único médium. Ele olhou para o povo ao ar livre, pensou em Bezerra de Menezes, de quem ele era grande amigo, fez um apelo sincero e foi dizendo: fiquem todos de pé que o nosso Bezerra vai dar passe em todo mundo. Ele deu cento e tantos passes, um único médium. A verdade é que não há limite para dar passes. A única pessoa que pode registrar o limite é a própria pessoa, ela é que sabe quando acabou seu fluido. Mas ela está diante de um público enorme, não pode parar de dar o passe. Ela faz o que Ramiro Gama fez, apela para os espíritos e começa a dar o passe espiritual.

Não há limite para o passe. Há imposições de saúde. De um modo em geral, os cardíacos devem dar poucos passes, porque o coração é um músculo e a energia vai gastando, vai faltando oxigenação, coisas próprias do organismo.

Doenças infecto-contagiosas não autorizam dar passes, porque partimos do princípio que o nosso fluido se transfere para o outro e podemos passar uma infecção para ele. Ninguém pede o nosso sacrifício, os espíritos pedem a nossa cooperação. Lembremos de Jesus: Misericórdia quero e não sacrifício.

Há pessoas de idade que dão passes. Vamos fazer uma distinção. O médium de um modo geral gosta de dar passe de olhos fechados. É um erro. O passe é um ato consciente, o médium tem que ver o que está fazendo. Tem que estar de olho aberto, vendo a pessoa, porque a pessoa pode ter uma reação. Por exemplo, de repente a pessoa começa a receber espírito, ele interrompe o passe e manda a pessoa parar de se concentrar. Tem que trabalhar de olho aberto mesmo.

Quando trabalho de olho aberto mais ou menos avalio qual o estado do companheiro. Porque nós passistas, de um modo geral, damos o passe errado, porque damos o mesmo tipo de passe em todo mundo. Não podemos dar o mesmo tipo de passe em todo mundo. Se for dar um passe no Fulano, com aquele tamanhão todo, com menos de cinquenta anos, teoricamente ele é uma pessoa com saúde, não está precisando do meu fluido físico, está precisando da minha energia espiritualizada, da minha energia magnética para retirar os miasmas que estejam junto dele, as perturbações. Eu não preciso dar fluido para ele, porque ele pode ter fluido para me dar. Por isso, tenho que olhar para o “doente” que está na minha frente e, mais ou menos, verificar que tipo de pessoa está ali. Se vejo uma pessoa idosa é um tipo de passe. Se é um pessoa com perturbação, ele precisa de limpeza psíquica, não preciso dar fluido vital. Mas na sessão pública eu não posso perguntar, então damos o passe geral, o passe com os movimentos básicos que conhecemos.

Deolindo Amorim deu passe praticamente até o final da sua vida. Morreu com 74 anos. Antonio Vieira Mendes começou a dar passe com 67 anos. Nunca soube que podia dar passe

até que o Dr. Hermann disse que ele não dava passe porque não queria. E ele perguntou: “— Como com essa idade posso dar passe?” E Dr. Hermann respondeu: “— E o seu magnetismo, sua vibração, suas conquistas e o trabalho no bem que você já fez, isso não tem significado para as pessoas? Você não vai dar passes de energia de saúde nas pessoas, mas pode dar passe de pacificação, pode pegar um doente mental, uma pessoa tensa e fazer a limpeza psíquica.” Ele começou a dar passes com 67 anos até morrer. Ele dava passes na Mallet.

Qual o limite para dar passes? É o da nossa saúde, mas, principalmente, o da nossa boa vontade.

Os líderes não se improvisam, trabalhadores não se improvisam, mas a boa vontade, se não a temos ainda, podemos aprender a tê-la. O trabalho é fruto da boa vontade.

Cuidados após o passe: às vezes, o médium sai do passe numa algaravia danada, falando, gesticulando, não dá nem um tempinho para o corpo descansar. É preciso que as energias se refaçam. Terminou o passe, senta, descansa, enche o pulmão de ar.

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Balthazar, um dos guias espirituais da casa, foi quem deu a maior parte da direção do meu trabalho mediúnico. Eu não tirava farinha com ele. Até esse meu jeito curvado de andar, quando ele chegava a primeira palavra que ele dizia para mim era: endireita o peito, você não é aleijado, respire fundo, faça isso, faça aquilo. Eu andava pianinho com ele. Então, o médium quando termina o serviço de passe deve sentar, respirar, fazer a sua prece, deixar que as energias do ambiente venham para ele. Se sentir necessidade, se dê o auto-passe. O auto-passe nos aplicamos nas sextas-feiras, quartas-feiras, porque são trabalhos específicos. Mas nas reuniões públicas não há necessidade disso. Basta que se concentre, preste atenção à mensagem da noite. São formas de recuperação de energias.

Durante o passe, o médium deve procurar aprimorar suas intuições. Está dando um passe e, de repente, a gente ouve: “dirige a mão para ali” Procurem abrir os ouvidos.

O passe de sopro: quem primeiro fala de passe de sopro é Léon Denis no livro No Invisível. André Luiz especifica mais ainda o passe de sopro. Ele diz que o médium tem que ter saúde boa, estômago limpo, dentição sadia, boca habituada a não ferir. A pessoa tensa, que toda hora está sempre maldizendo, cria aquele psiquismo na sua área bucal. Nós criamos uma atmosfera. O passe de sopro não é diferente do passe comum, a diferença é que ele não está sendo canalizado pelas mãos, ele está sendo retirado de dentro do nosso organismo. É a última forma de passe que podemos dar, é quando aplicamos energia para o doente que não tem mais jeito com o passe comum.

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