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PAUSA PARA MEDITAÇÃO
(TEXTOS BÍBLICOS)
DORA TAVARES
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Ao nosso querido leitor,
Neste livro, você encontrará interpretadas várias
passagens bíblicas, escritas com fidelidade à Palavra de
Deus, pois, não devemos desviar, nem para a direita,
nem para a esquerda.
Além da evangelização, da pregação dos ensinos
bíblicos, o intuito é o de reunir vários textos, escritos
num período mais ou menos de três anos, publicados no
site RECANTO DAS LETRAS, nos Blogs, DEUS NÃO MUDA
e JESUS: CAMINHO, VERDADE E VIDA e no jornal DEUS
CONOSCO, editado nos anos de 2011 e 2012.
O que esperamos, é que nossos leitores possam
aproveitar essa leitura para meditar na Palavra de Deus,
ser incentivados à leitura da Bíblia, assim, procurando
um estreitamento maior em sua intimidade com o Pai
do céu...
Tudo que foi dito me leva a crer que esse tempo
que dispensamos à obra é um tempo precioso, pois Deus
nos chama para levar a Palavra a outros que dela estão
distantes, trazendo-os para Cristo. Na própria Bíblia,
consta que o povo sofre por falta de conhecimento e
isso nos incentiva a acrescentar pelo menos um
pouquinho de bênção na vida de cada um.
Deus os abençoe!
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JOSUÉ UM EXEMPLO DE LIDERANÇA
No Antigo Testamento, lemos que Josué disse aos
hebreus no deserto, quando decidiram seguir os deuses dos
amorreus, que ele, juntamente com sua casa, serviria ao Senhor.
Js. 24:15. Haviam se desviado do caminho do Deus vivo para
servir aos deuses estranhos, se entregando à idolatria. Essa frase
repercutiu bem entre aquele povo, que resolveu voltar para o
Deus verdadeiro. Demonstrou ser um líder firme de bons
testemunhos.
A firmeza e a determinação daquele líder foram
decisivas para convencer e levar aquela gente rebelde e de dura
cerviz a também se lembrar das beneficências do Pai para com
todos, das bênçãos diárias que recebiam durante a peregrinação
naquelas paragens áridas rumo à terra prometida.
O centurião Cornélio, no Novo Testamento, assim
como Josué, era uma bênção entre os seus e o testemunho de
sua vida, o maior argumento para que outros abandonassem a
idolatria e se rendessem ao Deus vivo.
Os líderes precisam, além de seu testemunho de vida,
ser firmes em seus propósitos, porque, muitos de seus liderados
ainda não se firmaram na Verdade e, como um caniço ao vento,
se mostram susceptíveis a dúvidas e a se entregar aos enganos.
Cabe à liderança, o papel de dirigi-los com sabedoria e
autoridade, alicerçados na Palavra e na fé em Deus.
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JESUS, A MELHOR OPÇÃO
Desde que o homem pecou, a morte entrou no mundo e
também toda a sorte de sofrimentos. A humanidade sofre e, na
maioria das vezes, atribui a Deus os motivos de sua infelicidade.
Deus planejou um mundo perfeito, sem dores, sem tristezas,
sem lágrimas e sem morte. Mas, pela influência do mal, esse
mesmo homem, pretendendo a onipotência de Deus resvalou
pelos caminhos de perdição.
Nossos atos refletem nossas escolhas e preferências.
Espiritualmente, revelam uma escolha com um sentido mais
profundo: a opção por Jesus e a preparação para o seu retorno.
O encontro com Cristo é um acontecimento: a conversão,
um processo. Não nos tornamos bonzinhos de um para outro
instante. Após o encontro, descobrimos em nós caminhos que
necessitam ser aperfeiçoados constantemente: “Porque a lei do
Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da
morte.” Romanos 8:2.
Assim, quando no erro, trilhamos a estrada da perdição
diária, sem Cristo, quando tomados pela santidade do espírito,
transporemos, uma a uma, as dificuldades que a vida se nos
apresenta, vencendo as tentações e as investidas do mal. Isso
não ocorre porque nos tornamos poderosos, mas porque o
poder de Deus se instala em nós, a nosso favor. "Se Deus é por
nós, quem será contra nós?" Romanos 8.
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DEUS E A ORAÇÃO
A oração tem um papel fundamental em nossa vida
espiritual. Até por tradição, mesmo sem entender a importância,
a maioria ora, independente de qual seja a sua crença ou
religião. A oração, além de ser um canal direto com Deus, nos
traz paz, esperança e alívio nos momentos de angústia.
Muitos oram a Deus, mas somente se sentem atendidos,
quando a sua própria vontade humana é contemplada, se
esquecendo de que somente Ele tem a resposta perfeita para
nossas petições, mesmo que seja um não, ou agora, não! Nem
sempre é fácil entender, mas é o caminho correto. Deus é o
Senhor da vida e da morte e, pela sua onipotência, onisciência e
onipresença, sabe o que é melhor para nós e quando.
Se assim procedêssemos, muitos males poderiam ser
evitados em nossa vida. Muitas decisões e más escolhas que
acarretam trágicas consequências, muitas vezes, pelo resto dos
nossos dias, deixariam de acontecer, devido à iluminação e
direcionamento do Espírito de Deus.
Quando orarmos, devemos convidar o Espírito Santo para
que esteja conosco, fazendo com que nossa oração chegue a
Deus como um bálsamo suavíssimo, e que os louvores e pedidos
se nos retornem com a finalidade cumprida, ou seja, dentro do
que Deus quer para todos nós, ou seja, o melhor!
Que mantenhamos uma convivência diária como o Pai,
para que Ele nos fale ao coração, que aceitemos qualquer
resposta como sendo a ideal, pois, sendo o Pai celestial, nos ama
incondicionalmente.
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“Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.
(Isaías 1;19)”
Deus fez e nos prometeu o melhor desta terra para quem
pedir, mas nos esquecemos de que, para recebermos a
beneficência, precisamos ouvir a voz de Deus e cumprir os
mandamentos que tornam nossa vida melhor! Os mandamentos
não salvam, jamais, quem salva é Jesus, mas demonstram nossa
obediência e gratidão, àquele que entregou Seu próprio filho
para que tivéssemos vida em abundância. Isso alegra o coração
do nosso Pai do céu.
Amém por isso!
O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL
“Porque um menino vos nasceu, um filho se vos deu; o
governo está sobre seus ombros; e o seu nome será:
Maravilhoso Conselheiro, Príncipe da Paz...” Isaías 9-6.
O profeta Isaías viveu por volta de 750 anos antes de Cristo
e, naquele tempo, já anunciava a vinda do Messias. Por todo
esse tempo, se esperava que nascesse um rei, porém, muitas
pessoas esperaram que esse rei viesse em berço de ouro, como
seria natural para um rei. Assim, foi renegado por muitos, até a
data de hoje.
Através de uma jovem simples, essa promessa se cumpriu,
escolhida entre todas as mulheres, tendo concebido pelo Espírito
Santo, se tornando bem-aventurada, deu à luz àquele que se
chamou Emanuel, que significa Deus Conosco.
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Nada do que aconteceu teria sentido, se o menino
anunciado não fosse o filho unigênito de Deus e não tivesse sido
morto na cruz, pagando altíssimo preço para resgate de muitos,
nós mesmos, os pecadores.
O costume, a tradição de se comemorar o Natal tem
resistido o tempo, porém, muitas pessoas que não conhecem a
Jesus verdadeiramente, vivem o Natal de maneira equivocada,
apenas se lembrando da troca de presentes e da ceia à meia-
noite, na maioria das vezes, sem se lembrar do anfitrião, o dono
da festa, Jesus. O mesmo acontecendo com a Páscoa da
Ressurreição...
Tradição à parte, nós, como crentes, conhecedores e
praticantes da Palavra, devemos estar atentos á leitura da Bíblia
diariamente, pois, aprender de Deus é uma tarefa que nunca
termina. Cada ensinamento aprendido, cada instrução dada por
esse Manual da conduta humana nos mostram e nos apontam o
caminho da salvação. Para nós, então, o Natal tem outro
significado, pois, é também ocasião para relembrar o que Ele
ensinou, fez e conquistou para todos, sem exceção, no Calvário.
Os Magos presentearam a Jesus com finíssimos mimos, mas
a humanidade é que foi presenteada com algo muito maior, com
a redenção e remissão de seus pecados, e muitas vezes essa
realidade é esquecida.
Deus ama todas as pessoas de tal maneira, que enviou o
Seu Filho Jesus Cristo para salvá-las. Porque o homem estava
perdido em pecado. Então, foi no Natal, com o nascimento de
Jesus, que Deus conseguiu recuperar o relacionamento direto
com o ser humano, que até então, se encontrava interrompido,
por mais de quatrocentos anos.
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O Maravilhoso Conselheiro está em nós para sempre. Ele
ensinará todas as coisas, convencerá o mundo do pecado, da
justiça e do juízo. Imagine como seria o mundo se fosse dirigido
pelos conselhos de Jesus Cristo!
Enfim, o nascimento de Jesus trouxe muitas outras bênçãos
para nossas vidas. Devemos aproveitar esse tempo de
comemoração do Natal para refletirmos sobre como Jesus tem
tocado pessoalmente nossas vidas.
Sabemos que Natal é tempo de reverenciar o nascimento
do Deus menino e, mais que isso: uma oportunidade para
reflexão. Todos desejam a salvação, aspiramos morar no céu e
gozar das maravilhas que sequer imaginamos!
Apesar de sermos todos candidatos, nem todos seremos
salvos, infelizmente. Muito embora conheçamos a Palavra de
Deus, alguns de nós resistimos ao apelo do Espírito Santo para
aceitar a transformação que os Evangelhos nos facultam através
de Jesus, o redentor de nossas almas.
Não há nada que se compare ao Reino de Deus e sua glória,
mas, por incrível que possa parecer, alguns barganham esse
Reino por qualquer ninharia. Ou seja, pecados que teimamos em
não abandonar. Entre eles, adultérios, injustiças, vícios que
proporcionam um prazer momentâneo, porque carnal, e deixam
marcas e consequências terríveis no ser humano... Mentiras que
teimamos em manter e, tantas vezes repetidas ao longo da vida,
que a própria pessoa passa a acreditar que é real. Tudo isso em
nome da vaidade, talvez do status, do orgulho e dos prazeres
passageiros. Como isso entristece o coração de Deus!
Há muitos outros a se considerar, como o apego às
riquezas, como o jovem rico que julgava cumprir todos os
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mandamentos e não abria mão de sua riqueza, nem pela
salvação! Pessoas que se dizem conhecedoras e praticantes da
palavra de Deus, mas, quando tentadas pelas provações e lutas
da vida, se sucumbem e amaldiçoam a Deus!
Todos pecamos, mas temos como nos limpar perante o
trono da Justiça, através do arrependimento sincero e do
perdão, que trazem mudanças e transformação na nossa vida;
mas não podemos nos acomodar, deixando que o pecado
permaneça em nós, construindo uma nova natureza de
impiedade.
Que o Natal seja um divisor de águas em nosso existir. Que
possamos fazer um auto-exame, iluminados pelo Santo Espírito,
para que reconheçamos as faltas que nos tem afastado da
salvação e nos emendemos. Tenhamos a coragem de nos
examinar e de nos perguntar a nós mesmos e deixar que o
Espírito Santo nos traga a resposta: Pelo quê estou barganhando
com Satanás a minha salvação?
A TRIBULAÇÃO PRODUZ PERSEVERANÇA
No Evangelho de João, o contraste entre a finalidade da
vinda de Cristo e os objetivos do maligno é relevante: “O ladrão
veio senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que
todos tenham vida e a tenham em abundância" - João 10-10. A
péssima notícia é que o mal não se restringe apenas ao aspecto
material e físico do ser humano, mas moral e, principalmente,
espiritual.
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“Digo-vos, pois, amigos meus: Não temais os que matam o
corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos
mostrarei a quem deveis temer: Temei aquele que depois de
matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, a esse deveis
temer." Lucas 12-4 e5.
Essa vida em abundância referida não é apenas uma alusão
à nova vida dos eleitos, pós juízo, aqueles que amaram e
temeram a Deus, mas à possibilidade de que os crentes entrem
no reino espiritual de Cristo quando são nascidos de novo (col. 1-
13), envolvendo os que se submetem à autoridade de Deus,
livrando-os das trevas.
É enganoso pensar que a vida em abundância de que trata
o texto, é uma vida de paz pelo isolamento em uma ilha
paradisíaca, longe dos problemas e burburinhos do mundo, sem
lenço e sem documento e distante das tentações. Nada disso,
Cristo prometeu que os que creem e obedecem a Deus, gozariam
de plenitude também nessa vida, mesmo em meio a lutas e
obstáculos, porque confiam naquEle que é a Verdade.
Não é difícil ser fiel e temente a Deus quando há bonança, ,
quando tudo parece fluir, mas, se nos mantivermos fiéis, quando
atravessamos o vale das dificuldades, das tentações mundanas,
no nosso pináculo temporal, conheceremos a vida abundante
que nos faz vitoriosos ao final. As lutas trazem desafios, vencê-
los traz crescimento. A paciência humana cresce nas tribulações.
Cristo nos traz a paz que excede a todo entendimento.
A Bíblia diz em Romanos 5:3 “E não somente isso, mas
também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a
tribulação produz a perseverança...” Tiago 1:3-4 “Sabendo que
a aprovação da vossa fé produz a perseverança; e a
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perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais
perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma.”
Não nos foi prometida uma vida sem problemas, mas Cristo
nos fez mais que vencedores, quando nos diz que tenhamos bom
ânimo, que, assim como venceu o mundo, seríamos nEle
também vitoriosos. Ele é o único Caminho possível até o Pai, é a
Verdade incontestável e a plenitude que nos foi prometida
também aqui, apesar das dificuldades desse mundo. Glória a
Deus por isso!
É PRECISO RECICLAR ESPIRITUALMENTE
Desde que a consciência ecológica foi despertada em
grande parte da população, uma palavra passou a ser usada com
muita frequência: reciclar. Tal palavra significa grosso modo, o
reaproveitamento de uma matéria-prima, transformando em
novo produto.
Espiritualmente, precisamos muitas vezes, passar por
um processo de "reciclagem" espiritual, para abandonarmos a
mesmice, a Laodiceia, onde nos achamos, que impossibilita a
nossa fé de crescer e nos prende ao solo da indiferença. Ser
morno ainda é pior do que ser frio.
Em Apocalipse, cap. 15, "conheço as tuas ações, que
não és frio nem quente. Quisera eu que fosses frio ou quente."
Como a Palavra de Deus permanece, esse alerta é útil para os
dias de hoje, quando, entediado com a vida cristã, muitos
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esfriam, se apostatam ou recuam e se perdem pelo meio do
caminho.
Para realizar a obra de Deus é necessário que sejamos
pessoas de boa-vontade, prontas para o serviço, municiados das
melhores intenções, para nos tornarmos aptos ao exercício da fé,
com a capacitação que Deus nos propicia, quando nos colocamos
por inteiro na obra.
A melhor maneira de nos reciclar é pela Palavra, pois,
não importa quantas vezes leiamos um texto bíblico, pois não
existe esgotamento. Cada vez que relemos ou ouvimos uma
passagem, sempre a acolheremos com uma leitura nova, que
acrescenta conhecimentos e nos renova sempre.
Amamos mais e melhor, pelo grau de intimidade que
temos com determinada pessoa, assim se processa em nossa
intimidade espiritual com Deus. Quanto mais conhecermos e
praticarmos a palavra da Verdade, mais teremos condições de
nos renovar, nos reciclar, de pegarmos o arado, sem olhar para
trás
UM ENCONTRO PESSOAL COM JESUS
Milhões de pessoas buscam felicidade em várias coisas:
fama, dinheiro, poder, bebida, drogas e em inumeráveis outras e
só encontram desilusão. Não queremos dizer que todas as
pessoas bem-sucedidas sejam infelizes, o que é lamentável é que
muitas busquem preencher o vazio de suas existências em algo
material que não seja Deus.
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O ideal de vida do ser humano é, após receber a Cristo em
seu coração, viver uma vida reta, de obediência aos
mandamentos, buscando levar o evangelho a toda criatura, para
que também seja batizada e se salve, conforme preconiza Cristo
nos evangelhos.
Todos nós nascemos com um vazio no coração e esse vazio
acompanha o ser humano até que seja preenchido com a
presença de Deus, pois somente Ele pode ocupá-lo. Muita gente
busca incessantemente, sem jamais encontrar o essencial dessa
vida e se frustram e se angustiam.
Quando temos um encontro pessoal com Jesus, acontece
uma transformação radical em nós, nos tornamos novas
criaturas; esse vazio é preenchido e nos sentimos plenos e em
paz, mesmo em meio a lutas e desafios. Se passarmos pela
existência sem esse encontro, mesmo se conseguíssemos tudo
de valioso, morreríamos com esse espaço em aberto: Não há
nada que possa preencher essa lacuna reservada para Deus.
Também um coração afastado de Deus e entregue ao pecado é
como um poço escuro e fundo, pois não há tesouro, loucura ou
prazer que plenifiquem o homem...
Os que experimentaram esse encontro com Cristo e se
afastaram pelo pecado, igualmente provam da terrível sensação
do abandono, não porque o Senhor os despreze, pelo contrário,
mas porque o pecado nos afasta da presença divina.
Se alguém ainda sente que há um vazio que parece não ter
solução, abra seu coração para Jesus que deseja entrar: "Eis que
estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a
porta, cearei com ele, e ele, comigo." Apocalipse 3.20. Existe um
convite mais tentador do que esse?
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NEEMIAS: UM GRANDE LÍDER
Neemias é um exemplo de alguém que ouviu e atendeu ao
chamado de Deus. E não foi só isso: confiou cegamente nEle,
pois conhecia o Deus a quem servia.
Do capítulo inicial ao sétimo do livro de Neemias,
constatamos quais devem ser as qualidades de um verdadeiro
líder. Em Susã, ficou sabendo que os judeus que não foram
levados cativos para a Babilônia, estavam numa situação de
desprezo e completa miséria. Que os muros de Jerusalém
haviam sido derrubados e suas portas queimadas. Sua primeira
reação foi sentar e chorar. O rei Artaxerxes, de quem era
copeiro, perguntou a razão de sua tristeza e ele contou o
ocorrido e pediu-lhe que o deixasse ir reedificar a cidade.
Mostrou ser homem de sentimento.
Neemias havia orado e jejuado dias a fio e clamou a Deus
pelo seu povo. Em várias ocasiões, durante esse acontecimento,
ele orava e suplicava ao Pai, para ser bem sucedido nessa causa,
demonstrando que, um verdadeiro líder deve ser um homem de
oração.
Depois de clamar, começou a pedir a Deus perdão pelos
pecados de seu povo, pela sua corrupção, não guardando os
estatutos e mandamentos divinos e se submeteu à vontade de
Deus, revelando-se uma pessoa dotada de humildade.
Tendo recebido o apoio e permissão do rei para partir,
pediu a ele que lhe desse cartas para os governadores dalém do
Eufrates, para entrar em Judá e para a guarda das matas do rei,
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para a retirada de madeiras para as vigas das portas dos muros e
para a casa onde se alojaria, demonstrando ser um líder de visão.
Neemias, então, contempla os muros destruídos e
conclama ao povo a ajudar na reedificação deles e, para envolver
o povo nos seus propósitos, conta que Deus estivera com ele,
sobre o apoio que recebera do rei e que seriam bem sucedidos
nesta empreitada. Depois de feita a avaliação do trabalho,
convocou judeus, nobres e magistrados, que, motivados,
lançaram mãos à obra. Um excelente exemplo de motivação.
Obstáculos não faltaram, inimigos dos israelitas tentaram
destruí-los, mas prosseguiu nos seus alvos. Não foi ao encontro
deles quando, por quatro vezes convidado, alegando não poder
deixar o trabalho. Semaías inventou que os inimigos iriam matá-
lo e que deveria esconder-se dentro do templo, visando
atrapalhar o seu trabalho. Ele não aceitou se esconder, porque
confiava em Deus e pediu ao Senhor que fortalecesse suas mãos.
Mesmo ameaçado concluiu a obra em 52 dias e teve a felicidade
de ver os judeus retornando do cativeiro babilônico e celebrando
a Deus. Demonstrou, com isso, ser alguém comprometido com a
obra.
Consta na bíblia, o registro de uma lista detalhada de todos
os que trabalharam na reedificação e não eram poucas pessoas.
Neemias não fugiu da batalha, não deu ouvidos a vozes
estranhas, só ouviu a voz de Deus, foi notável articulador e líder
político, confiou, acima de tudo no Senhor e se saiu vitorioso.
Um excelente exemplo para todos os cristãos.
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SERMOS GRATOS É PRECISO
O Senhor Deus cuida de seus filhos, e, segundo as
Sagradas Escrituras, mesmo se uma mãe esquecesse o filho que
amamenta, jamais Ele se esqueceria de nós. Isaías 49:15-16.
Deus, na sua infinita sabedoria, utilizou-se da figura materna,
para que todos tenham uma noção do desvelo que Ele tem com
cada um de nós.
Como essas palavras estão dirigidas inicialmente para
pessoas que conhecem a Cristo, afirmo, com muita certeza, que
todos temos, mais do que conhecimento desse amor, uma
experiência concreta com o Pai. Isso é gratificante do ponto de
vista espiritual.
Jesus realizou sinais e prodígios, muitos creram, alguns
ignoraram o poder e a bondade do Pai, infelizmente. Tais sinais
tinham o propósito de levar descrentes à conversão Os sinais
são para os infiéis: I Cor 14:22. Até os dias de hoje, são
necessários esses acontecimentos. A razão dessa necessidade é
porque tais fatos testificam e testemunham o poder de Deus e
sua santa vontade, reafirmam a Justiça divina, testam o povo de
Deus e comprovam que as palavras de Cristo eram e são
verdadeiramente de Deus.
É impossível falar da obra divina, sem se pensar em
gratidão. Temos motivos para agradecer, desde o momento em
que abrimos os olhos pela manhã, até nos recolhermos
novamente. Durante toda nossa vida, os motivos são numerosos,
mas, nem sempre nos lembramos de dizer ao Pai um simples
“obrigado”!
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Várias são as formas de agradecer, ou seja, sendo pessoas
melhores a cada dia, procurando dar o máximo de nós ao
próximo e, de um jeito muito particular e que agrada a Deus,
dando testemunhos das graças e milagres que recebemos e
conservando a fé, pois, segunda a Palavra de Deus, "sem fé, é
impossível agradar a Deus…" Hebreus 11:1.
UM ESPINHO NA CARNE
O apóstolo Paulo dizia que ter um espinho em sua carne,
algo difícil de suportar. Não ficou claro na Bíblia se era esse
espinho um problema físico ou espiritual. Não nos importa o tipo
de aguilhão que o feria, apenas sabemos que pediu a Deus por
três vezes a libertação desse mal. A resposta divina da petição
para o apóstolo veio numa frase: “...A minha graça te basta...”
Certo é que não faltava espiritualidade no Apóstolo para que
fosse atendido pelo Criador...
Nossa oração deve estar de acordo com a vontade de Deus.
Não é porque Ele não atende determinado pedido que
poderemos dizer que não nos ouve, pois o Senhor vê, ouve e
sabe todas as coisas. Promessas como a contida no livro de João
15.7 (Pedireis o que quiserdes e vos será feito), muitas vezes são
mal-interpretadas e isso frustra pessoas fracas na fé e sem
compreensão da Palavra de Deus. Ao lado disso, em Tiago 4.3,
diz a Palavra que pedimos mal, não sabemos pedir, porque não
levamos em conta a vontade do Pai.
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Também é fato que muitas vezes a profundidade da fé
pessoal é questionada por nós mesmos e/ou por terceiros, ou
pela própria família. Isso, normalmente, concorre para
enfraquecer ainda mais a confiança de alguns, os quais deixam
de basear a sua fé no poder do Nome de Jesus, para confiar, em
sua precária condição. São seres fadados a cair em descrédito e
na descrença. Devemos, ainda, considerar, como razão de dores
e sofrimento, as escolhas erradas que fazemos, decisões para as
quais não houve consulta ao Senhor.
Sabemos, que o Senhor opera de acordo com sua
Santíssima vontade e Ele permite que certas coisas nos ocorram
ou permaneçam nos incomodando, levando-nos ao sofrimento e
à dor, por um propósito específico e especial. Muitos, ao verem
suas petições atendidas, esquecem o Senhor, não querem mais
dEle depender. Conviver com algo que nos sacrifica de alguma
forma, sem lamúrias, sem queixas exageradas, nos entregando e
entregando nossa vida no altar de Deus, todos os dias, é um
exercício diário de fé, pois o poder se aperfeiçoa na fraqueza.
Conviver com coragem e confiança com aquilo que nos
desagrada é sinal de fé.
O Senhor tem o melhor para nós. Quando o pão foi
multiplicado por Jesus, não significou apenas e tão somente o
atendimento de uma necessidade física imediata, mas que uma
bênção maior, a espiritual, alcançava todas aquelas pessoas
naquele momento. Quando o cego passou a ver, o coxo a andar
sem tropeços, não se limitou a benção a um ato físico, mas numa
oferta de salvação.
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Precisamos segurar essas bênçãos. Incontáveis são as
graças que recebemos no dia a dia, muitas que até ignoramos,
porque ainda estamos ligados apenas nas coisas que não temos
ou que queremos muito e com elas ainda não fomos
contemplados. Se ainda há espinhos em nossa vida e Deus os
tem permitido, convivamos com eles sem abandonar o
ministério para o qual fomos chamados, o amor a Deus e ao
próximo, a leitura da Palavra, e a congregação dos irmãos em
Cristo.
Poderemos, assim, compreender e aceitar o que Deus nos
tem proposto, para que mudemos nossa visão espiritual e não
desviemos os olhos de Jesus, o Autor e Consumador de nossa fé,
que nunca pecou e sofreu mais que todos. Entreguemos a Ele,
nossa dor, mágoas, desdéns e outros espinhos que nos ferem e
Cristo curará todas as feridas de nossa alma e de nosso coração.
"E para que não me ensoberbecesse com a grandeza das
revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de
Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por
causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.
Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei
nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo"
(2 Coríntios 12:7-9).
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DEUS NOS QUER POR INTEIRO
Deus exige de nós inteireza de coração. Os
relacionamentos, de uma maneira geral, exigem uma entrega
por inteiro, fidelidade, lealdade, confiança... Com Deus não é
diferente, exceto que podemos enganar uma pessoa, nunca a
Deus. Ele conhece mente e corações humanos e sabe que somos
frágeis e pecadores. Para que possamos manter um íntimo
relacionamento com o Pai, devemos evitar pequenas concessões
ao que seja certo, pequenos pecados que, aos poucos, vão
dominando, minando a fé, fazendo com que nos desviemos da
verdade. Pequenas raposas podem destruir um galinheiro.
Portanto, não é apenas um pecado grave, de morte, que pode
trazer um total afastamento de Deus.
O sapo, por ser um anfíbio, se adapta facilmente ao ambiente
e às temperaturas. Se deixarmos um deles numa panela de água
fria e acendermos o fogo, ele não notará que aquela situação
pode levá-lo à morte, por cozimento o que fatalmente ocorrerá.
Assim pode acontecer ao ser humano que, aos poucos, vai-se
entregando ao pecado e se acostumando com o erro, a ponto de
achar que está tudo certo, que nada está fazendo de mal. Assim,
a gente pode se destruir e atingir a outros que estejam ao lado.
Não matar e não roubar, apenas, não garante a salvação, mas,
não se desligar da fonte que é Cristo.
O Rei Salomão foi aos poucos se afastando de Deus,
influenciado por mulheres e maus costumes. Há outros exemplos
que a Bíblia nos traz, desde o princípio: Quando Lúcifer se
rebelou nos céus, não foi de um momento para o outro, pois, aos
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poucos, ele foi se achando o melhor de todos, ao ponto de
acreditar que era merecedor de adoração como Deus.
Jamais podemos conformar com os erros, com os
pecadinhos, para nos mantermos na condição de verdadeiros
adoradores do Deus único e Supremo Criador. O coração é
enganoso, por isso, devemos estar atentos se adoramos em
espírito e em verdade, porque um coração mentiroso, falso,
jamais agradará a Deus. Os filhos de Deus passam e passarão por
provações, mas não podemos nos desviar por causa delas. O Pai
não impede a tempestade, mas dá suporte para que seus filhos a
enfrentem e a vençam. Deus trabalha com as lutas de seu povo,
usa-as para amadurecer seus filhos. Nunca poderemos permitir
que tais dificuldades sejam motivos para nos julgar abandonados
pelo Pai.
Erros repetidos revelam a qual “deus” estamos servindo.
Não há como servir a Deus, sendo escravo do pecado,
Concessões (permissões) que fazemos no dia a dia, por pequenas
que pareçam, oferecem brechas a satanás para intensificar as
suas investidas contra o povo de Deus. Por isso, devemos nos
aplicar nas orações, na leitura da Palavra de Deus, no exercício
de nossa fé, para que permaneçamos firmes, sabendo a quem
adorar e como adorar:
“Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que,
pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir
não somente o bem, mas também o mal” (Hebreus 5:14).
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JESUS ESTÁ VOLTANDO
Nos tempos de Noé, por causa da corrupção humana,
Deus resolveu arrasar com a humanidade cruel e sem piedade
daqueles dias. Escolheu Noé, um homem temente a Deus, para
fazer uma enorme arca, para abrigar aqueles que ouviriam e
obedeceriam ao apelo divino.
As pessoas, porém, o consideraram louco, um lunático
que inventava coisas e queria impingir aos demais a sua
demência, forçando-os a crer em algo absurdo. Ressalte-se que
ninguém conhecia o que era chuva, o que fazia parecer mais
improvável aquela situação.
Como, segundo a Palavra, "Deus não é homem para
mentir, nem filho do homem para que se arrependa", Números
23:19, realmente o dilúvio chegou e a quase todos tomou de
surpresa, exceto a família de Noé e aos animais domésticos,
selvagens, silvestres e as aves que entraram aos pares na
embarcação, construída atendendo ao tamanho e às medidas
impostas pelo criador.
Como hoje, grande parte da humanidade está
preocupada com o que haverá de vestir, de comer, de construir e
deixa em planos posteriores o ser melhor, o aperfeiçoar-se como
pessoa, o fazer o bem sem olhar a quem, enfim, o "amar a Deus
sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo". Ex. 20.
Pessoas de todas as classes sociais estão-se
chafurdando nas drogas, na bebida e nos prazeres desregrados e
nada encontraram que possa satisfazer seus egos desejosos de
felicidade, de realização plena e jamais encontrarão: pessoas
23
belas, famosas, abastadas financeiramente, donas de tudo que
um ser humano possa desejar e infelizes, muitas dando cabo de
suas próprias vidas!...
Cristo disse que quando os sinais de Sua volta
começassem a surgir, que ficássemos atentos, para não sermos
surpreendidos como o foram as pessoas na época do dilúvio.
"Porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do
Senhor virá como o ladrão de noite. Pois que, quando disserem:
Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição,
como as dores de parto àquela que está grávida; de modo
nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas,
para que aquele Dia vos surpreenda como ladrão”
(ITESSALONICENSES 5:2-4).
A mensagem bíblica não é para causar terror, nem
medo em ninguém, pelo contrário, visa que brote a esperança no
coração, pois a volta de Cristo é um prenúncio de que os
sofrimentos humanos chegaram ao fim, haverá uma nova terra,
um só rebanho e apenas um pastor e viveremos com Deus para
sempre.
É só abrirmos os jornais para constatarmos o início
do fim dos tempos: guerras e rumores de guerras, nação contra
nação, pai contra filho, filhos contra pai, irmão contra irmão, a fé
que em muitos está esfriando, a ciência que está multiplicando
rapidamente, bem como a iniquidade, o aparecimento de falsos
pastores e falsos profetas que prometem resolver o problema
humano em curto prazo!
Mas, para que sejamos salvos e alcançados pela graça
divina, apenas uma coisa Deus quer de nós: o nosso coração
contrito e entregue sem reservas, para que possamos colocar a
24
Deus acima de todas as coisas em nossa vida, sem esquecer que
quem ama a Ele e não ama ao seu próximo é um mentiroso e
nele não reside a verdade.
Então a receita é amar... Amar... E amar, sem
distinção, sem preconceitos, sem acepção de pessoas, ajudando-
se mutuamente, pois "não é bom que o homem seja só”,
Gênesis 2:18, pois, estando dois juntos, se um cair, o outro
apoia e essa é a vontade de Deus para nossa vida.
Devemos viver uma vida normal, realizando projetos,
buscando uma vida melhor, mas, jamais esquecendo que Jesus
está prestes a voltar e esse dia, nem o Filho sabe, somente o Pai
que dará a ordem no momento certo.
Será que estamos preparados para esse momento?
Será que estamos em condições de sermos arrebatados por
Jesus e de reinarmos com o Sacerdote do Altíssimo por toda a
eternidade? Pensemos nisso, antes que seja tarde!
A VIDEIRA E OS RAMOS
João 15 - cap. 1 a 8.
"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador."
O lavrador é o que cuida, aduba, poda, protege a planta,
reconhece suas necessidades básicas e mantém a árvore viçosa
para que dê excelentes frutos. Um lavrador cuidadoso é sinal de
uma colheita farta, pois o resultado é a própria produção. Neste
caso, a videira é Jesus, a boa árvore de excelentes frutos; o
lavrador, Deus, o perfeito cuidador, desde a preparação da
25
terra, passando pela semeadura e culminando com a perfeita
sega. Deus colhe até onde não plantou.
"Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda
aquela que dá fruto, para que dê mais fruto."
Muitas vezes nos perguntamos o porquê das
experiências amargas pelas quais passamos, mesmo se a gente
procura a Deus, busca a Sua Sagrada Palavra e O teme,
procurando transgredir o menos possível, emendar dos erros
passados e não mais pecar daquela maneira. Mesmo assim,
comprovamos que, realmente, no mundo teremos atribulações,
devendo, por isso, confiar e nos apoiar naquEle que venceu o
mundo.
Podemos contemplar essa situação por um plano mais
espiritual, ou seja, Deus não compraz com o sofrimento humano,
conforme rezam as escrituras, mas, muitas vezes o permite para
que, através dele, possamos crescer como pessoa, ver a vida por
um ângulo mais humano, mais verdadeiro e tenhamos tolerância
uns para com os outros já que, só os humanos erram Deus,
nunca!
Certamente, é essa a limpeza que o Pai promove em
nosso ser, para que, limpa, a árvore, em sua condição humana,
possa produzir mais e mais e ser uma bênção a colheita
espiritual, traduzida em bons exemplos e em boas obras. Um
espinheiro nunca é podado, mas extirpado pela raiz, pois nunca
produzirão bons frutos.
Embora de uma forma ou de outra, todos soframos,
muitos de nós, ao invés de olhar para dentro de si mesmos,
26
sobre o que precisa ser melhorado, se preocupam com a
maneira que certas pessoas vivem e cobram de Deus uma
atitude cruel para com elas. Talvez devido ao temperamento ou
mesmo atitudes delas, esquecendo de que Deus não nos
constituiu juiz de ninguém. É o lavrador que sabe a forma, como
e quando tomar certas atitudes e por que. Os discípulos de Jesus,
João e Tiago, perguntaram ao Mestre, se queria que mandassem
descer fogo do céu para consumir os samaritanos (que não se
davam com os Judeus) ao que Cristo respondeu: “vós não sabeis
de que espíritos sois”. Deus não se vinga, é puro amor.
“Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.”
A Palavra de Deus é perfeita, porque nos alimenta nos
vivifica, nos fortalece, nos redime de nossas culpas. Somos salvos
pela Palavra. Por ela, podemos exortar a Deus que está nos céus.
A Palavra é que nos informa sobre Deus, reforma-nos para Deus,
orienta sobre os preceitos que devemos seguir, sobre o amor
com que devemos amar uns aos outros e como nos devemos
dirigir àquele que é o consumador de todas as coisas. Se formos
limpos através dela, não podemos deixá-la de lado, mas estudá-
la, consultar, ler sempre que possível, e o que é mais importante:
praticá-la. Deus vai-nos cobrar pelo quê e pelo tanto que
conhecemos. Quanto mais compreendemos a Palavra, mais
aumenta a nossa responsabilidade como filhos de Deus, pois ali
contém tudo de que precisamos saber para sermos melhores. A
saída é nos purificarmos através da comunicação de que Deus se
vale, nas Sagradas Escrituras.
27
“Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não
pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se
não estiverdes em mim.”
Se estivermos em Cristo, somos novas criaturas, as coisas
velhas já passaram, os nossos antigos erros e hábitos
corrompidos foram abandonados e estamos vivendo em
novidade de vida. Isso é o que acontece com quem realmente se
converteu à nova vida. Assim, como novas criaturas que
passamos a ser, temos de continuar diariamente ligados a Cristo,
através de uma santa intimidade, pois Ele não mais nos chamará
“servos”, mas, “amigos”. Essa é a maior honraria que o Senhor
Deus nos concede, ser considerados amigos de Jesus. Pela
Palavra, se estamos em Cristo, Ele também está em nós,
conduzindo o nosso viver, nos iluminando através de Seu santo
Espírito, nos livrando dos perigos e da ira vindoura do Pai, sendo
o nosso suficiente e único advogado que intercede por nós junto
a Deus.
Se Cristo é a videira verdadeira e nós os seus ramos,
temos de estarmos ligados a Ele, para recebermos a seiva
espiritual que nos mantém vivos, pois Deus não é um Deus de
mortos. Um exemplo prático é quando realizamos uma poda em
nosso quintal ou jardim. Os galhos que ficam espalhados no
chão, em poucos instantes, murcham-se e se secam. Depois que
os galhos estão nessa fase, se não forem replantados, o seu fim é
a destruição, não mais podendo produzir flores ou frutos. Uma
vara isolada, sem a seiva que a vivifica, está condenada.
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“Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em mim, e eu nele,
esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer."
Nada podemos fazer se não estivermos ligados a Cristo, por
isso não podemos nos orgulhar, nem nos envaidecer com o que
realizamos. Embora não sejamos salvos pelas obras, essas
mesmas obras é que qualificam um cristão. Pelos frutos, se
conhece a árvore. Não pode uma macieira produzir banana.
“Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos
espinheiros não se colhem figos, nem dos [abrolhos] se
vindimam uvas.” Assim sendo, pela fé em Cristo, devemos nos
entregar aos bons sentimentos, aos melhores pensamentos e
nos ajudarmos mutuamente, amando sem distinção de pessoas,
como o próprio Deus nos ama, embora sejamos pecadores e o
ofendamos com nossas transgressões.
O que entendemos desse verso, é que os frutos revelam o
caráter do cristão e o quanto estaria ele ligado ou não ao seu Pai
celestial. Apenas, nunca devemos esquecer de que, sendo os
ramos da árvore principal, somos mantidos pelo amor e
misericórdia de Deus que nos plenifica para as boas obras para
as quais fomos talhados, produzindo frutos e flores a cem por
um.
“Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a
vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.”
Quando Jesus cansado, pediu à figueira que lhe matasse a
fome e ela se negou a oferecer-lhe o seu fruto, Ele ordenou que
secasse, amaldiçoou-a, para que ninguém dela nada mais
colhesse, embora estivesse rica em folhas, com uma aparência
sadia, acima de qualquer suspeita. Jesus assim procedeu junto
29
dos discípulos, para dar-lhes o exemplo de que, além das
aparências, há de haver um coração doador, sincero, generoso,
como aquela árvore não conseguiu ser. Não basta que
pareçamos bonzinhos, obedientes a Deus, se nossa escassez de
frutos revela o contrário.
O futuro daqueles que não amam e não obedecem ao
Deus vivo, ignoram seu próximo em suas dificuldades e
carências, é arder-se no fogo eterno que espera por aqueles que,
por não amar em espírito e em verdade, sucumbiram-se, muito
embora, o desejo sincero do Pai é que todas as suas criaturas
fossem salvas. Os ramos cortados das árvores já não fazem parte
dela, assim como os que não estão em Cristo não têm qualquer
parte com Ele. Isso é deveras triste, para um filho de Deus.
O AMOR É O MAIS IMPORTANTE
O amor sempre existiu. Ele não teve começo e nunca
terá fim. Sendo Deus um ser eterno, eternizado também é o
amor, pois Ele é o amor em sua forma mais verdadeira e plena e
nunca se extinguirá. A fé passará, a esperança, também, nunca o
amor.
No mundo, vários são os que nos despertam amor, daí a
diversidade de sentimentos que dele advém: amizade,
companheirismo, simpatia, cordialidade, respeito, sinceridade,
fidelidade e etc. O amor dos pais pelos filhos, do pai para a mãe,
dos filhos com relação aos pais, de amigo para amigo, das
pessoas de uma mesma congregação ou sociedade, pessoas com
quem nos afinamos e com quem gostamos de conviver.
30
Devemos, também, amar a humanidade como um todo,
independente de raça, de credo, de nacionalidade e outras
diferenças, nos sentir irmanados de maneira cósmica, pois temos
um Deus que está na guia, no comando de tudo e que nos ama
incondicionalmente. Ele não ama o pecado, mas ama ao pecador
com toda a sua sagrada essência.
De acordo com a carta de Paulo ao povo de Corinto, "O
amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se
ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente,
não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente
do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a
verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." I
Coríntios 13.
Lendo essa passagem bíblica, podemos verificar que
nem toda a forma de amor revela uma boa prática. Há quem se
justifique, dizendo que fez algo de mal, pelo amor, até matar!
Tamanha incoerência!
Os frutos do amor se equivalem aos frutos do espírito
que são: caridade (amor), gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. “Contra
essas coisas não há lei.” Gálatas 5.19-23. Tais frutos se
antagonizam com os frutos da carne que são: prostituição,
impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias,
emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas,
homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a
estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse,
que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus."
A despeito disso, devemos sempre orar a Deus para
que nos ensine a amar, na acepção cristã da palavra. Quantos
31
enlaces são desfeitos porque não sabemos amar de verdade, ou
pensamos que estamos amando e, basta um obstáculo, um
passo em falso de uma das partes, para que seja o outro alijado
do coração, muitas vezes, sem chances de uma explicação. No
casamento, talvez um simples problema financeiro que exija
renuncia de algo, aperto no orçamento e, pronto, lá se foi o
romance por água abaixo...
Ainda de acordo com a carta de São Paulo, “... O
amor jamais acaba. Mas, havendo profecias, desaparecerão;
havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará..." No final
dos tempos, quando Jesus vier buscar os seus eleitos, não haverá
mais a necessidade de profecias, pois a derradeira (o Apocalipse)
estará se cumprindo e o dom das línguas, que é dos menores
dons, não fará nenhum sentido, já que a voz de Deus, através do
som da trombeta é que se fará ouvir de um a outro canto da
terra. A ciência é um conhecimento necessário ao homem na
terra, mas se esgota também no final, por não mais ser
necessárias as teorias mundanas.
“... Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança e o
Amor. Porém o maior deles é o Amor". Por que o amor seria o
maior desses dons? Está muito claro o porquê: Devemos ter fé e
professá-la enquanto aqui vivemos, mas, diante de Deus, não
será mais necessária, pois a Verdade estará explícita a nossa
frente. Em Hebreus 11-1, lê-se "Ora, a fé é o firme fundamento
das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não
veem.” A esperança é própria do ser humano, principalmente na
Salvação, que deve ser constante em nosso dia a dia, uma meta
em nossa vida terrena de aflições e sofrimentos. O amor é o
único que permanecerá, pois continuaremos a amar a Deus
infinitamente, com o mais puro dos amores, vez que,
32
transformados, não haverá interferências humanas em nosso
sentir.
Assim, que o Deus de misericórdia nos abençoe
abundantemente, purificando a cada dia o nosso coração, para
que possamos amá-LO acima de todas as coisas e amarmos ao
próximo com o amor praticado e pregado por Cristo, sem nada
esperar em troca.
UM TESOURO NO CÉU
Verdadeiramente, o ser humano sempre se preocupou
e se preocupa hoje em acumular tesouros nesta terra, quer
sejam bens imóveis, jóias e outros objetos, em possuir, que seja
um pequeno tesouro nesta terra. O dinheiro ainda é motivo de
muita discórdia e, por que não dizer, de muita desgraça na vida
de alguns. Dizer-se que o dinheiro é um mal, não é correto, o
dinheiro é solução para e em muitas situações. Se bem
adquirido, é uma bênção, mas não pode ocupar o primeiro lugar
em nossa vida.
A ambição toma conta de grande parte da humanidade e
destrói não apenas os bons sentimentos, mas pode levar à perda
da espiritualidade e, por último, da alma do ser humano.
Muitas vezes, uma herança que foi ajuntada com tanto
sacrifício, com honestidade e labor, por ocasião da partilha, faz
com que a discórdia se instale entre os herdeiros e muitas
amizades se transformam em desamor. Isso é triste, mas
acontece.
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É importante lembrar a história contida na bíblia, onde um
senhor de posses conseguiu naquele ano abarrotar o celeiro e,
satisfeito com a colheita, disse que estaria tranqüilo por muitos
anos... Mal sabia ele que naquela noite Deus iria chamá-lo. “Ele
abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma:
"Descansa, come, bebe e regala-te" (Luc 12,19); ao que Deus
lhe disse: "Insensato! “Nesta noite ainda exigirão de ti a tua
alma” (Luc 12,20). Só o amor; a caridade, o oposto do egoísmo,
podem nos levar a compreender a verdadeira dimensão da vida
e a necessidade da efemeridade terrena.
A vida é transitória, por isso, de que adianta acumular bens
e esquecer que a verdadeira riqueza é aquela que acrescenta
virtudes ao ser humano, que o transforma para melhor, que o faz
participante da obra de Deus, não apenas um expectador nesta
vida.
Precisamos aprender com a exortação do Apóstolo Paulo
quando ele diz: "Sei estar abatido e sei também ter abundância;
em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto
a ter fartura como ter fome, tanto ter abundância como a
padecer necessidades" (Flp. 4:12e 13). Nesses casos, nada
melhor do que ter a certeza da presença de Deus em nossas
vidas (Is 57:15).
Devemos colocar Deus no seu devido lugar de excelência,
se pusermos qualquer coisa, sentimento ou pessoa acima dEle,
estaremos transgredindo o primeiro e mais importante
mandamento de Sua Lei, qual seja, “amar a Deus sobre todas as
coisas...”. Prova da importância de se amar a Deus da forma
correta é que, no coração de todo ser humano há um espaço que
é reservado para Ele. Enquanto a pessoa não se converte por
34
inteiro e O aceita com toda sua alma, tem por companhia um
vazio que não se preenche nunca, o que lhe causa uma angústia
sem medida. É como se houvesse um buraco no peito que, por
mais que se tente preenchê-lo com as boas coisas deste mundo,
jamais será ocupado.
Quando lemos o salmo de Davi número 23: “O Senhor é o
meu Pastor, nada me faltará...”, somos tentados a crer que
nada vai nos faltar no campo material, mas, na verdade, quem
está em Cristo e é guiado por Ele, não sente nenhuma falta,
mesmo que nos faltem víveres, ou qualquer que seja a carência,
pois “a Sua graça nos basta”, ou deveria nos bastar!
Assim, não precisamos de muito nesta vida para ser feliz, o
nosso erro é acreditar que as pessoas afortunadas é que o são,
muito embora haja pessoas felizes abastadas ou não, isso não
depende dos bens que elas possuem.
Acumulamos tesouros no céu, também quando
adoramos e obedecemos a Deus, quando nos aplicamos no
crescimento espiritual, buscando em primeiro lugar o Seu Reino
e a sua justiça, ou seja, ter como prioridade em nossas vidas
conhecer e viver para servir ao Senhor, confiando em Deus com
respeito ao nosso futuro, certos de que Ele proverá tudo o de
que precisamos.
Em Mateus cap. 6, 19-29: “... mas ajuntai para vós
tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os
consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque
onde estiver o teu tesouro aí estará também o teu coração.”
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PERDOAR A SI MESMO
Não são raras as pessoas que têm muita dificuldade em
perdoar aos outros as suas ofensas. Guardam anos a fio, ou até
mesmo pela vida inteira uma mágoa por uma ofensa e outras
morrem sem conseguir libertar seu coração daquele peso. Às
vezes, nem foi tão grave o que ocorreu, mas, se ofendeu a
vaidade, atingiu o ego, houve depreciação pessoal, (o que não é
nada agradável), pronto! Não há nada que faça superar e colocar
uma pá de cal em cima daquele dissabor.
Mas há um problema ainda maior, com consequências
terríveis para o ser humano e é mais comum do que se imagina:
pessoas que não sabem ou não conseguem se perdoar a si
mesmas. Assim, se fecham num sentimento de culpa sem
tamanho e, por isso, muitas de suas doenças, como depressões,
angústias, têm sua origem nessa culpa, por somatização, ou seja,
o organismo responde com doenças, o que não é solucionado no
seu interior.
Culpas e remorsos são inimigos constantes de alguns e
trazem junto a humilhação, a vergonha, o medo e a maior
consequência: a autopunição. Para evitar sofrimentos, devemos
conceder esse perdão a nós mesmos quando erramos e
confessamos a Deus e nos arrependemos de nossa transgressão.
Existem aqueles que "remoem” os erros do passado, mesmo os
que foram confessados e perdoados por Deus.
Perdoar a si mesmo requer enfrentar os próprios
medos, julgamentos, injustiças, limitações, olhar para a própria
vida e lembrar-se de quantas vezes errou e quantas vezes já
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acertou. Somos seres humanos, estamos em constante processo
de aprendizagem e evolução. E nesse caminho acertamos e
erramos, temos que ser razoáveis quando necessário.
Várias passagens bíblicas falam da superação pelo perdão,
que é uma bênção maior que alcança o perdoador, muito mais
do que ao ofensor arrependido. Jesus disse que devemos
perdoar pelo menos setenta vezes sete ao nosso irmão, pois, não
existem limites para se praticar a misericórdia. Foi o que Jesus
quis dizer quando Pedro lhe perguntou até quando deveria
perdoar seu irmão, se até sete vezes. E Jesus responde: “Eu lhe
digo: Não até sete, mas até setenta vezes sete". Mateus 18: 21-
35.
Se arrependermos do fundo do coração de algum mau
ato praticado, recorremos a Deus com o coração sincero e Ele,
em sua infinita misericórdia, nos perdoa e esquece nossas
transgressões: Isaías 1.18, “Vinde então, e argui-me, diz o
SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata,
eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam
vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.”.
Como Deus é sensível a um coração contrito e
arrependido, por que essa dificuldade de se perdoar, se o
próprio Deus, que é Senhor da vida, o fez por nós, com todo o
amor que lhe é natural? “Serei misericordioso para com suas
iniquidades e de seus pecados e suas prevaricações não me
lembrarei mais” (Hebreus 8:12).
Todos conhecemos pessoas que sentem remorso, se
dizem arrependidas, mas “não dão passagem”, não se libertam
de uma culpa sem sentido. É claro que não nos esquecemos de
nossas faltas, servem de lição, de experiência para evitar
37
reincidir em futuros erros. Também não seria normal esse
esquecimento, mas, como não podemos reter o pecado alheio,
muito menos poderemos reter o próprio, não é salutar, faz mal
para a nossa vida, como um todo, principalmente, a saúde física
e mental.
"Os fariseus, tendo sabido que ele tinha feito calar a
boca aos Saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da
lei, veio lhe fazer esta pergunta para tentá-lo: Mestre, qual é o
maior mandamento da lei? Jesus lhe respondeu: Amareis o
Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa
alma, e de todo o vosso espírito; é o primeiro e o maior
mandamento. E eis o segundo que é semelhante àquele:
Amareis o vosso próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os
profetas estão contidos nestes dois mandamentos". (Mateus,
22, 34 a 40).
O amor liberta, e, para amarmos o outro, temos de
aprender a nos amar a nós mesmos. Cristo nos deu a medida
exata deste amor: Amar ao próximo como a si mesmo e a Deus
sobre todas as coisas, conforme citado nos evangelhos.
Devemos livrar de tudo que nos faz mal, curar a ferida que
mais dói curar nossa vida emocional. A verdadeira cura é fazer as
pazes consigo mesmo.
Temos de refletir nesse aspecto do perdão, pois, para
algumas pessoas, é bem mais fácil perdoar ao próximo de suas
faltas do que se perdoar e sentir que, se somos alcançados pelas
bênçãos de Deus, temos de usufruir dessa vida plena que o Pai
nos concede, através da prática do amor e da reconciliação e a
reconciliação consigo mesmo é fundamental para quem
pretende viver em plenitude.
38
É CULPA DE DEUS?
Deus, no princípio, criou um paraíso para suas primeiras
criaturas, não existia dor, não existiam sofrimento nem a
maldade. Mas os tais decidiram desobedecer, mudando os
planos do criador, resultando esse ato na entrada dos males e da
maldade neste mundo.
Deus enviou seu próprio Filho, Jesus, para resgatar a
humanidade, fazer o bem e pregar amor e a misericórdia, o
homem escolheu lavar as mãos, pendê-Lo e crucificá-Lo entre
ladrões.
Deus sonhou um mundo bonito sem poluição, mas a ganância e
o descaso de muitos poluem rios e mares, turvam as águas das
fontes, tão puras em sua nascente. Matam-se espécies da fauna
marinha e peixes dos rios boiam na correnteza. Florestas que
quase desaparecem, sacrificados são os animais, na destruição
de seu habitat. Assim se registram as espécies em extinção e a
reviravolta no clima do planeta, causando sérios problemas de
destruição e danos ao ecossistema. Ignoram-se as leis dos
homens, da natureza e, o pior, as leis divinas.
Deus deu sabedoria ao homem para crescer, produzir, para
administrar com probidade e praticar a justiça social, mas o
poder distribui mal a renda: Uns têm muito, a maioria o mínimo
e há os que dependem de outros para comer. E a África e outros
despossuídos clamam de dor.
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Deus, através de seu Filho, pregou a igualdade, a fraternidade o
amor comum, mas alguns criaram os regimes de castas, onde os
maiorais pisam os "inferiores" e massacram no nascedouro suas
pretensas possibilidades.
Deus almejou que cada ser humano tivesse uma família
equilibrada, bem dirigida, mas o indivíduo se entregou aos vícios,
aos negócios escusos, ao jogo, desestruturou a si e aos que dele
dependem. Veio a falência, a carência, e outros males que
resultam dos maus atos e das más escolhas.
Deus capacitou ao homem descobrir as matérias primas, criar
grandes inventos, mas ele fez a bomba atômica, projetou armas
poderosas, promoveu guerras e conflitos, puniu o semelhante a
soberba de alguns líderes políticos ou fanáticos sem ideais.
Deus permitiu que esse mesmo homem evoluísse, fabricasse
carros, veículos diversos, até mesmo aviões e navios, mas o
próprio ser humano utiliza erradamente esses recursos, dirigindo
bêbados, sonolentos, ignorando os riscos para si e ao
semelhante inocente, causando acidentes e grandes tragédias e
fomentando grandes guerras. O que foi criado pro bem passou a
ser usado para o mal.
Deus criou as diferentes raças, em sua criatividade: o negro, o
branco, o amarelo e o índio, com sua cútis vermelha e sua beleza
peculiar. O homem inventou o preconceito, o julgar ser melhor
que o outro e muitos passaram a acreditar que isso é normal.
Deus quis que os povos tivessem dirigentes capazes de promover
o bem, que dessem oportunidades iguais a outros menos
privilegiados, mas eles escolheram cultivar a ambição, o
destempero. Alguns que se tornaram os verdadeiros inimigos
40
dos que o promoveram, causando injustiças várias para
alimentar a própria ganância.
Deus idealizou que as igrejas fossem dirigidas por pastores
lúcidos, que, por respeito ao próprio Deus, fizessem bom uso dos
recursos que a própria comunidade, com liberalidade, oferece
como dízimos e espórtulas, mas alguns deles se transformaram
em lobos roubadores, que falam de Deus magistralmente e
atraiçoam ao seu próximo. Tal como a própria Bíblia predisse, em
Mateus 7-15.
Deus sonhou com uma humanidade que amasse uns aos outros,
se respeitasse, mas o homem rouba, engana, trapaceia,
escraviza, estupra, atropela, mata.
Deus nos criou para que fossemos felizes, mas há quem pense
que ser feliz é conseguir seus intentos a qualquer preço, de
qualquer maneira, dane-se o resto, que não passa de resto pra
ele.
Deus que é bom, magnânimo, poderoso, misericordioso e
perfeito vê com tristeza o rumo tomado pelas suas criaturas, que
ainda têm a ignorância de, ao presenciar uma catástrofe ou uma
tragédia, é capaz de dizer: Deus quis assim, essa é a vontade de
Deus. Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que dizem!
A SALVAÇÃO
Os seres humanos somos dotados do livre arbítrio, ou
seja, podemos fazer escolhas. É um sinal do amor de Deus e do
respeito do Criador às pessoas nesta terra.
41
Quando o homem foi criado à imagem e semelhança do
Pai, foi dotado de livre arbítrio, pois não satisfaria a Ele que o ser
humano fosse uma marionete em Suas mãos. Portanto, podia
seguir livremente seu caminho, escolhendo onde pisar.
Assim, fazendo uso de sua capacidade de escolher, tem-
se dado bem ou se chafurdado na lama do mal, no uso de seu
direito pessoal.
No livro de Gênesis essa afirmação é muito clara, quando
a primeira mulher, Eva, se deixa levar pela conversa envolvente
da serpente, transgredindo, assim, as ordenanças de Deus. Além
de se contaminar a si, levou o companheiro ao pecado. Ela
poderia instar com o animal falante e se negado a fazer o que
pedia, mas escolheu o pior.
Adão, por sua vez, também poderia ter repreendido a
companheira e se negado a provar do fruto proibido, mas
igualmente escolheu transgredir. Era livre para isso.
Provada a fruta, tomaram consciência do erro e se viram
nus e desamparados. Quando Deus sentiu pela falta deles, e os
chamou, procuraram esconder a sua nudez. A partir do erro,
passaram a conhecer suas consequências e foi instalado no
mundo o sofrimento humano.
O pecado é, antes de tudo, transgressão à lei divina, às
ordenanças que foram criadas, não para impingir uma
autoridade, mas para proteger o homem do mal e do
consequente sofrimento. A exemplo do casal no paraíso, nós
também, quando pilhados em algum erro, sentimo-nos nus e
perdidos, desamparados pela graça, daí a necessidade do
arrependimento para obtermos o perdão que alivia e conforta.
42
O que motivou Eva, inicialmente, foi a satisfação de uma
curiosidade, a seguir, a querer saber mais do que o próprio Deus,
tomando posse do conhecimento da ciência do bem e do mal. O
que talvez motivou o homem, foi o medo de perder a
companheira e da consequente solidão. Mostrou a falta de
confiança no seu criador, vez que Deus providenciaria uma nova
companheira para habitar com ele no paraíso e apenas Eva se
arruinaria.
Outra questão pode ser levantada: a terra e tudo que
passou a existir foi criado bem depois da queda dos anjos
rebelados, quando um terço de toda a legião, sob o comando de
Lúcifer, foi arremessada para este planeta. Isso nos leva à
seguinte reflexão: O maligno desviou Eva da obediência,
desencaminhando em seguida o parceiro. E Lúcifer, se não
existiam demônios antes da batalha nos céus, quem o teria
desvirtuado?
Tudo de ruim que acontece neste mundo é atribuído ao
demônio. Realmente, há uma conexão entre a obra maligna com
o iníquo; bem como as obras boas são frutos do espírito reto,
pois os frutos revelam a qualidade da árvore. Temos em nosso
interior uma luta constante entre forças antagônicas do bem
contra o mal e vice-versa.
Paulo evidenciou esse aspecto, quando afirmou numa de
suas cartas aos Romanos, ou seja, “o bem que eu quero eu não
faço; o mal que não quero este eu faço...”. E prossegue:
“desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo
desta morte?" Paulo se refere ao pendor para o pecado que o
ser humano traz dentro de si e deve lutar contra ele.
43
Apesar de muitas pessoas se vangloriarem de sua
espiritualidade, até mesmo em voz alta, bem como de suas
conquistas no campo espiritual, a exemplo de Paulo, dizemos
que todo crente tem necessidade urgente de orar, suplicando
perdão por seus pecados diários (Lc 11.4), pois “todos
tropeçamos em muitas coisas” (Tg 3.2).
Quando praticamos boas obras, servimos a Deus por
meio delas; quando, o mal, servimos aos desejos do maligno,
que, desde o começo, intenciona tirar o homem dos caminhos
corretos, pois, ele veio para matar, roubar e destruir.
Voltando ao assunto anterior, quem tentou Lúcifer para
que se rebelasse contra o criador foi o próprio orgulho, a
soberba, os ciúmes e suas vaidades. Como era um anjo que
ocupava uma posição de destaque sobre os demais e uma beleza
estonteante, ambicionou ser muito mais, maior até que o
próprio Deus. Por isso, foi tentado pelas suas próprias fraquezas,
o que pode acontecer e acontece inúmeras vezes com todos nós.
Portanto, existem esses “demônios” interiores (desejos
escusos, desenfreados, intemperança, ambições desmedidas,
porfias, invejas...) que podem ser provocados e o são pelos anjos
do mal, levando-nos a práticas perversas que tanto ferem a
Deus. Sorte nossa que Satanás não tem o poder de ler nossos
pensamentos, apenas Deus.
Vingar a queda é prioridade do inimigo contra Deus, razão
por que tenta arrebanhar o maior número possível de pessoas
para a perdição eterna e ele sabe que muito pouco tempo lhe
resta até que seja destruído no lago de fogo juntamente com a
besta e seus seguidores, os falsos profetas e os que não
44
guardaram os mandamentos de Deus e nem perseveraram na fé
em Jesus.
Negar a existência de satanás é uma prática que muito
agrada ao maligno, porque o fortalece, e o encoraja a agir à
sombra dos fatos já que, o que não existe não tem como ser
combatido ou vencido.
Importante é saber que o salário do pecado é a morte, a
pior das mortes, a morte eterna. A opção para a vida em
abundância, que Cristo oferece, é opção de cada um, no aqui e
no agora. Apesar de estar a salvação à disposição de todos, nem
todos a desejam, infelizmente. "Porque o salário do pecado é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo
Jesus nosso Senhor." [Romanos 6:23].
Deus não se compraz com o sofrimento humano, Ele
deseja que sejamos salvos, por isso, nos convida ao
arrependimento e mudança de vida, haja vista que há festa nos
céus para cada pecador que se arrepende e volta para os Seus
amados braços.
Procuremos estar atentos a uma falsa afirmação de que
uma vez salvos, salvos para sempre. Isso não procede. Depois de
nos comprometermos com Cristo e nos convertermos, temos de
mudar de vida, pois, as coisas velhas já passaram e tudo se fez
novo e temos de andar em novidade de vida, diariamente. Assim
como Jesus foi ressuscitado pelo poder glorioso do Pai, assim
também vivamos uma vida renovada.
Deus nos convida à salvação, nos chama ao
arrependimento. Quaisquer que sejam nossas fraquezas, nossos
vícios, paixões, o nosso crime, e as nossas transgressões, Ele nos
quer resgatar e fazer de nós novas criaturas em Cristo Jesus:
45
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.
Rm. 3:23. Somos pecadores e passaremos pelo julgamento de
Deus, assim preconiza o livro sagrado em várias passagens. Por
isso Paulo afirma: “Não há um justo sequer, portanto,
dependemos da graça de Deus para evitar todo tipo de mal,
obedecendo-O e resistindo ao diabo para que ele fuja de nós,
permitindo que o espírito e não a carne, dirija nossa vida e
estaremos vencendo nesta vida, garantindo a paz eterna junto
do Pai.”
O que estamos esperando?
O DOM DA PROFECIA
Antes que o pecado entrasse no mundo, Deus falava
face a face com Adão e Eva. Depois da transgressão do primeiro
casal humano, essa comunicação direta ficou impraticável. Desde
a queda da humanidade, Deus tem se comunicado conosco pelos
profetas. Daniel permanece em linha direta com os outros
grandes profetas das escrituras. As visões e sonhos que viu e
registrou em seu livro são partes da coleção de escritos dos
profetas. Somos agradecidos por estas tremendas revelações
que Deus nos dá na Bíblia.
Deus escolheu pessoas em cuja mente o Espírito Santo
pudesse operar para transmitir a verdade a outros. O profeta
deve estar de acordo com as escrituras, ou não é um profeta
verdadeiro. O que Deus revela aos Seus profetas hoje não estará
em desacordo com o que Ele revelou na Bíblia. Se o profeta
estiver em desacordo com as escrituras, é falso.
46
O apóstolo Paulo, quando escreveu as cartas ao povo de
Corinto, chamou a atenção para o dom da Profecia, dizendo que
os homens deveriam aspirar aos dons espirituais, sobretudo o da
Profecia, porque, através e a partir dele, poderiam exortar
edificar e consolar a seus irmãos.
É através da profecia que Deus manifesta Seus
pensamentos aos homens, utilizando um indivíduo, um grupo ou
até mesmo de uma comunidade. É errado pensar que se trata
apenas predição de fatos futuros, é bem mais profundo o seu
sentido, pois se refere ao que o Senhor quer dizer para seu povo
neste momento. Em 2 Pedro 1:21, lemos: "Porque a profecia
nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os
homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo."
Fomos orientados a não crer em qualquer manifestação
espiritual como se enviada por Deus, pois há muitos espíritos
enganadores: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas
provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos
profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o
Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo
veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que
Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito
do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está
no mundo. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido;
porque maior é o que está em vós do que o que está no
mundo." 1 João 4:1-4.
Tanto o Antigo como o Novo Testamento ensinam que o
dom profético foi concedido igualmente a homens e mulheres,
sendo que, dentre as mulheres, destacam-se Miriam, Débora,
Hulda, Ana e as quatro filhas de Filipe (Exo. 15.20; Juízes 4:4; II
47
Reis 22:14; Lucas 2:36; Atos 21:8 e 9. Muitas vezes essas
mensagens eram repassadas oralmente, de outras, escritas, o
que facilitava na sua circulação. Pela providência divina, essas
mensagens escritas foram preservadas, constituindo-se as
Sagradas Escrituras, e, através dos séculos, tem sido utilizadas
por Deus para falar ao coração humano e levá-lo a fazer Sua
vontade.. A bíblia oferece a revelação infalível da vontade de
Deus..
No final dos tempos, ao aproximar-se o fim da história
da humanidade, quando se aproximar a luta contra Cristo e
Satanás, momento em que o povo de Deus será severamente
atacado, os dons do espírito serão mais necessários, inclusive o
Profético.
Hoje, como no passado, toda comunicação de Deus é
preciosa. A mensagem bíblica ainda é oportuna: "Não apagueis
o Espírito. Não desprezeis as profecias." I Tess. 5:19 e 20. "Crede
no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus
profetas, e prosperareis". II Crônicas 20:20.
Conforme previsto, têm surgido falsos mestres, falsos
pastores, enfim, falsos profetas, falando de coisas que não estão
respaldadas na bíblia, e até dizendo que foram revelações vindas
do Senhor, ou por anjos em sonhos. Não podemos aceitar, de
forma nenhuma, doutrinas que não têm base bíblica no
Evangelho de Jesus Cristo.
“Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco
cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos
roubadores. - Conhecê-lo-eis pelos seus frutos. Podem colher-se
uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? - Assim, toda árvore
boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. -
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Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore
má não pode produzir frutos bons. - Toda árvore que não
produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. - Conhecê-
la-eis, pois, pelos seus frutos. MATEUS, cap 7: 15 a 20.)
Tende cuidado para que alguém não vos seduza; - porque
muitos virão em meu nome, dizendo: "Eu sou o Cristo", e
seduzirão a muitos. Levantar-se-ão muitos falsos profetas que
seduzirão a muitas pessoas; - e porque abundará a iniquidade,
a caridade de muitos esfriará. - Mas aquele que perseverar até
o fim se salvará.”
Devemos examinar as obras, porque o verdadeiro
profeta possui virtudes como a caridade, o amor, a bondade
conciliadora e são manifestas. Os verdadeiros profetas, no
sentido de predizer algo, nunca erram. Se o profeta falha em
qualquer previsão é porque é falso. Mas o melhor de tudo é
seguir a Jesus. É confiar nEle, honrá-Lo e louvá-Lo para sempre!
O CRISTÃO TEM DE SER FELIZ
Infelizmente, muita gente tem uma visão errada de como
deve ser a vida de um cristão. Crê que a alegria tem um preço e
que basta, para seremos felizes, nos voltarmos para o Pai e
pronto! Sem dúvida, a felicidade eterna é uma promessa
verdadeira para os salvos, mas não quer dizer que devamos viver
essa vida acabrunhados, tristes, desolados e de mal com ela..
Como um pai, nesta vida secular, se compadece do filho nos seus
momentos de infortúnio, imagine como não sofre o criador,
vendo seus filhos chateados ou deprimidos!
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Cristo nos prometeu uma vida mais feliz, "O ladrão não
vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que
tenham vida, e a tenham com abundância." (João 10: 10). Ele
está se referindo à presente vida, que deve ser vivida com
plenitude. Isso não quer dizer que não teremos problemas, que
somos de Jesus e pronto, que tudo está resolvido... O próprio
Cristo sofreu na carne o peso de nossos pecados e se entristeceu
diante da morte, mas confiou em Seu Pai de amor e suportou as
dores do calvário, pleno de graça e de glória.
Sabemos que a felicidade depende de uma atitude
positiva diante dos fatos de vida, mesmo que aparentemente
tudo pareça difícil ou perdido. Mas, é importante lembrarmos
que devemos manter um diálogo aberto com Deus, uma
intimidade com Ele, para que possamos clamar e sermos
ouvidos. Posso afirmar, sem exagero, que há pessoas que se
sentem culpadas em se sentir felizes, como se fossem
responsáveis por toda a desgraça que há no mundo. Isso não
ajuda a ninguém em nada, nem a si mesmas, pois quem não tem,
não pode oferecer.
Paulo é um exemplo de como devemos viver,
independente de nossa situação ou condição momentânea,
quando declara "Sei estar abatido, e sei também ter
abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou
instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter
abundância, como a padecer necessidade." (Filipenses 4: 12).
Esse versículo dá uma noção de que a abundância não é apenas
material, mas, principalmente, espiritual. Se assim não fosse, não
veríamos tantas pessoas que, aparentemente, tem tudo que
alguém possa almejar e, não se sentem realizadas intimamente.
Também não estou tentando dizer que pessoas abastadas não
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podem se sentir felizes, seria um preconceito e uma injustiça,
pois Deus não faz acepção de pessoas e a porta da graça está
aberta para todos que queira aceitar as bênçãos dos céus.
Como sermos infelizes, sabendo que Cristo se sacrificou
por nós, que tudo neste mundo é passageiro, que choramos à
noite e a alegria vem pela manhã, porque tudo suportamos
naquEle que nos fortalece. E fortalece mesmo! Somos prova viva,
por termos passado por provações e sofrimentos e nos
mantemos de pé, alegres e dispostos a continuar uma vida de
vitórias e de satisfações. Ele nos garante isso: "Não temas,
porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu
Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da
minha justiça." (Isaías 41: 10). Se o ser humano não tivesse o
poder de superação, se sentiria destruído nos seus momentos
difíceis ou de fraqueza, mas quem supera com a ajuda de Deus
vence mais rápido e melhor, porque o Amor nos basta.
O segredo é não nos separarmos do amor de Cristo "Quem
nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou
a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a
espada?" (Romanos 8: 35). Se estivermos ligados a esse amor,
como os galhos estão ligados na árvore, mesmo nesses
momentos, poderemos manter-nos corajosos, fortes, dispostos a
lutar para mudar as situações, pois Ele nunca nos abandonará.
Promovendo a paz, buscando viver de acordo com a
vontade de Deus, conforme Jesus andou, conhecendo o amor de
Cristo, que supera a todo o entendimento, nos tornaremos
repletos da plenitude de Deus e isso se converte em alegria de
viver.
51
Se eu encontrei a Cristo, tive uma experiência pessoal
com o Deus de amor, sou nova criatura e como um ser renovado
tenho de regozijar na paz, pois é ela consequência de um
relacionamento estreito e verdadeiro, firmado no amor e na fé.
Paulo, para discorrer sobre o amor divino, quando se
dirigia ao povo de Corinto, afirmou que sentia prazer nas
fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, na angústia, por amor
de Cristo, porque, quando se sentia fraco, então se sentia forte.
Não adianta fingirmos felicidade, quando o verdadeiro
sentimento está longe de nós, pois, podemos até enganar
alguém por certo tempo, mas ninguém engana a si mesmo por
muito tempo, porque dentro de nós existe uma voz interior que
conhece a verdade, imagine, então, como Deus, que tudo sabe
como deve nos conhecer e saber tudo o de que carecemos e
como espera que acheguemos a Ele para nos abastecer de amor
e alegria!
Há um poema de Raimundo Correia, cujos versos finais
dizem o seguinte: “Quanta gente que ri, talvez exista, cuja
ventura única consiste, em parecer aos outros venturosa!”. Não é
dessa alegria aparente que falo, mas daquela verdadeira,
enriquecedora, que apenas quem caminha na fé, na esperança e
no amor é capaz de experimentar.
OS AMIGOS DE JÓ
A história do servo de Deus, Jó, conhecida pela imensa
maioria das pessoas, prima pelo sofrimento desumano por que
ele passou num longo período de sua vida. Jó possuía muita
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riqueza, era um dos mais ricos do oriente, tinha 10 filhos
formosos (sete filhos e três filhas). Ele era um homem íntegro e
reto que temia a Deus e se desviava do mal, era realmente digno
de ser chamado de varão de Deus.
Satanás queria provar a Deus que, aquele servo servia a
Ele, porque tinha tudo, do bom e do melhor, razão por que Deus
autorizou ao maligno tocar no que Jó possuía, menos em sua
alma, preservando-lhe a vida, que o mesmo blasfemaria contra o
Pai. Porém, isso não aconteceu. Então o demônio sugeriu que se
tocasse no corpo dele e o encheu de terríveis feridas que doíam
muito, num tempo em que a lepra significava um triste estigma.
Tudo isso, após Jó ter perdido todos os bens, todo o gado,
riquezas várias e os dez filhos que morreram num vendaval.
Mesmo depois de sua esposa, desesperada, ter-lhe aconselhado
a amaldiçoar a Deus e morrer, Jó permaneceu fiel.
Três amigos de Jó, Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta e
Zofar, o naamatita, ficaram sabendo de seu sofrimento, "e
combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo" (Jó
2:11).
Assim, esse livro nos conta que esses amigos, ao avistá-lo,
ficaram transtornados com tamanha situação, ao ponto de
rasgarem as vestes e lançarem pó para o ar sobre suas cabeças,
chorando incessantemente. O momento era perturbador, mas
eles permaneceram ali calados durante sete dias e sete noites,
somente observando sua dor, nada dizendo ou fazendo que
pudesse encorajar o amigo sofredor.
Inadvertidamente, os seus amigos começaram a atacar com
palavras, a duvidar da fidelidade e integridade de Jó, dizendo que
ele devia ter errado e ofendido a Deus, que aquele sofrimento
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todo era castigo por maus atos praticados, aumentando ainda
mais a sua dor. Mas as palavras deles não ajudaram. Ofereceram
explicações baseadas nas opiniões deles, e não na verdade que
vem de Deus. Onde Deus não tinha falado, eles ousaram de falar.
O resultado não foi consolo e ajuda, e sim perturbação e
desânimo.
O erro dos seus amigos era querer achar justificativas
para o seu suposto pecado, mas como todos não tinham
sensibilidade espiritual, seria impossível. Ainda hoje, muitos
fazem isso acusam sem nem saber o que está acontecendo com
a pessoa. Ocorreu Isso como se o servo de Deus não pudesse
sofrer, pois o sofrimento está relacionado com o pecado.
Realmente, o pecado traz consequências, mas Jó era um homem
dedicado a Deus e temente a Ele. No presente caso, sabemos
que essa tese não tem veracidade.
Depois que acabou de falar com Jó, o Deus Eterno disse a
Elifaz: - "Estou muito irado com você e com os seus dois amigos,
pois vocês não falaram a verdade a meu respeito, como o meu
servo Jó falou. Agora peguem sete touros e sete carneiros,
levem a Jó e ofereçam como sacrifício em favor de vocês. O meu
servo Jó orará por vocês, e eu aceitarei a sua oração e não os
castigarei como merecem, embora vocês não tenham falado a
verdade a meu respeito, como Jó falou." (Jó 42.7). Deus se irou
contra aquelas pessoas que julgaram sem saber a real causa do
problema, como muitas vezes, nós assim agimos.
Então Elifaz, Bildade e Zofar foram e fizeram o que o
Deus Eterno havia mandado, e ele aceitou a oração de Jó.
Quando ele relatou tudo que estava passando de ruim para seus
54
amigos, talvez quisesse apenas desabafar, nunca buscar um
julgamento ou mesmo uma justificativa.
Como Deus usa quem Ele quer, na hora e como quer,
usou Eliú, homem mais jovem para falar aos três, seu discurso é
explanado em seis capítulos. O jovem Eliú fala e oferece uma
explicação ligeiramente diferente para o sofrimento dele. Os
três amigos de Jó partilhavam uma idéia comum, mas errônea,
quanto à razão do sofrimento do homem, e de Jó em particular.
Eles deduziram que seu amigo pecara gravemente, por isso
recebera um castigo proporcionalmente cruel.
A maioria dos estudiosos da Bíblia está ciente de que o
livro de Jó se relaciona com o problema do sofrimento e
particularmente com o sofrimento humano inocente. Jó não
entende porque está sofrendo e assim está posto o cenário para
uma discussão do problema do sofrimento humano em geral.
Importante é que Deus virou o cativeiro de Jó e deu-lhe o
dobro de toda a riqueza que tinha, e vieram todos os que lhe
conheciam, juntamente de seus irmãos e irmãs e comeram com
ele pão em sua casa e consolaram de todo o mal que o Senhor
lhe havia permitido, oferecendo-lhe dinheiro, pendentes de
ouro.
Ao contrário do que esperavam seus amigos, Deus
abençoou o último estágio de Jó, bem mais do que o primeiro,
porque teve quatorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de
bois, mil jumentas, tudo em dobro. Teve, também, sete filhos e
três filhas, e, em toda a terra não se acharam mulheres mais
formosas como as filhas dele. E depois disto viveu Jó cento e
quarenta anos, e viu aos seus filhos, e aos filhos de seus filhos
até a sua quarta geração.
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A FÉ REMOVE MONTES
Deus repartiu uma medida de fé para cada um de nós.
"Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós
que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense
com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a
cada um" Compare-se com a medida do QI. Muitas vezes,
pessoas com um quociente intelectual mais elevado não o usa
como deveria. Quer dizer, não se esforça pra produzir dentro do
que lhe é permitido. Outros, com um quociente menor, usam-no
em sua quase totalidade e produz resultados excelentes em sua
vida prática e intelectual.
Quero dizer que podemos exercitar nossa fé para que ela
cresça, apareça e produza frutos a cem por um, conforme Jesus
preconizou.
De acordo com o Evangelho de Mateus, cap. 9 vers. 29,
“Então Jesus lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos feito
segundo a vossa fé". Que responsabilidade e que compromisso
temos com o criador, na questão da fé, o qual facultou a nós o
poder de usar esse dom para alcançarmos as bem-aventuranças!
Se não existisse fé naquela pessoa da narrativa, nada seria
realizado; portanto, Cristo curou poucas pessoas em sua terra,
somente porque o conheciam como sendo o filho do carpinteiro,
não como um filho do Deus vivo.
Mas o que é a fé? A fé é a ausência de dúvidas, no poder
de Deus, não apenas acreditar em Deus, pois, acreditar no Todo-
Poderoso, até o demônio acredita, pois conviveu com Ele antes
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de sua decadência. "Imediatamente, estendeu Jesus a mão,
segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
– Mateus cap. 14 vers. 31. Segundo o relato, a dúvida ofende a
Deus, pois, sem fé, é impossível agradá-Lo.
Numa passagem em Marcos 4-40: "Então lhes
perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé?”
Muita gente entende que os tímidos que não herdarão o reino
de Deus são aqueles envergonhados, mas, na verdade, a timidez
a que se refere o Cristo é a não-ousadia ao exercitar ou exercer a
fé. Ser tímido é uma característica pessoal, mas no quesito fé,
não podemos admitir esse tipo de timidez.
Nossa fé pode ser aumentada se o pedirmos. A prova
está em Lucas 17-5, quando "disseram então os apóstolos ao
Senhor: Aumenta-nos a fé." Assim como podemos, exercitando
o raciocínio, massagear nosso cérebro e melhorar nossa
capacidade, a fé, sendo cultivada e exercitada, poderá ser
aumentada. Temos que desejar isso e clamar por isso. Os
apóstolos, que tinham Cristo como modelo, vendo-o realizar
prodígios e milagres incontáveis, tencionaram ser e agir como
Ele, assim também devemos desejar.
A fé purifica corações, leva pessoas a Cristo, salva e
leva à exortação de Deus. O próprio homem é justificado perante
Deus, não pelas obras da Lei, mas por sua fé. Isso não quer
significar que a fé anule tais obras, mas Paulo diz: "Manda... que
se façam ricos em boas obras" (1Tim 6,18). E ainda: "Deus
retribuirá a cada um segundo suas obras" (Rom. 2, 6). Em "boas
obras", porque, completa S. Tiago, "o homem é justificado pelas
obras e pela fé" (Tiago 2, 24) ou pelas obras que nascem da fé,
porque a "fé sem obras é morta" (17) e só uma fé viva pode dar
57
a vida. “Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo nenhum; antes
estabelecemos a lei. Rom.3-31. É evidente que pela lei somente
ninguém é justificado diante de Deus, porque: O justo viverá de
sua fé.
A fé é um dom gratuito de Deus, não precisamos nos
sacrificar, não carece penitenciar-nos para consegui-la, também
não podemos apoiá-la na sabedoria de homens, mas no poder de
Deus, que a concede.
"Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus"
Gálatas 3-26. Não adianta ouvirmos uma pregação,
conhecermos todos os ensinamentos bíblicos se não tivermos fé
suficiente para acreditar que aquela é a expressão verdadeira de
Deus para a nossa vida, por isso, devemos estar sempre em
contato com a palavra de Deus, porque a fé vem pelo ouvir e, em
ouvindo, praticá-la.
Em Hebreus 11-1, Paulo apóstolo reitera: "Ora, a fé é o
firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das
coisas que não se veem." Nunca vimos a Deus, mas sabemos que
Ele existe e é o galardoador dos que O buscam, isso é fé.
Se estivermos atravessando uma provação, temos de
regozijar-nos, pedindo a Deus força para suportar, sabedoria
para compreender, pois, quando nossa fé é testada, temos mais
uma oportunidade de crescer espiritualmente através de nossa
fé.
A fé remove montanhas sim, através da Palavra. É a
Palavra que remove montanhas, quando determinamos em
espírito e em verdade. O monte significa ainda o problema que
temos hoje, seja doença, sejam dívidas, miséria... Devemos, com
a nossa palavra, ordenar que saiam da nossa vida, o passo
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seguinte é não duvidar no íntimo do coração. Somente assim
Deus estará agindo em nossa vida, verdadeiramente.
A MULHER SAMARITANA
Nos tempos de Jesus, para ir-se da Galileia para a Judeia e
vice-versa, as pessoas poderiam escolher um caminho mais
curto, um atalho, ou seja, atravessar pela região de Samaria.
Ocorre que, isso não acontecia, porque os judeus não se davam
com os samaritanos, então preferiam outro caminho, cujo
percurso era o dobro mais longe, tal era a intolerância social de
uns para com os outros.
Samaria era uma terra de pessoas desprezadas que não
eram mais consideradas judias pelos seus vizinhos mais religiosos
do sul, por julgarem-nos pecadores, sem dotes espirituais
relevantes.
Não foi por acaso que, naquele dia, Jesus chegou à cidade
de Sicar, no coração de Samaria, sob o sol escaldante do meio-
dia, quando não se imagina que alguém ali estivesse naquele
horário impróprio para uma caminhada. Naturalmente, naquele
momento, como ser humano, Jesus estava com sede e buscava
por satisfação física, enquanto os discípulos haviam se afastado
para buscar comida na cidade. Mas, uma mulher ali estaria e o
Mestre sabia disso.
Como se tratava de uma pessoa de vida irregular, agravada
pela condição de ser mulher, escolhia ir ao poço naquele horário,
em que corria pouco risco de ser reconhecida, criticada e
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molestada por pessoas que a abominavam pela vida que levava.
Nesse instante, deve ter-se surpreendido por ver aquele homem
e, certamente, julgou-se perdida no momento desse inesperado
encontro.
Mais surpresa deve ter ficado quando o tal lhe dirige a
palavra e lhe pede de beber, ao que ela respondeu, se referindo
ao fato estranho de ser ele judeu e se dirigir a uma mulher
samaritana. Então Jesus, buscando levar a conversa para o plano
espiritual, argumenta que, se ela soubesse quem era Ele, ela
quem lhe pediria de beber e receberia dele água viva. A seguir,
ela indaga sobre ser ele maior do que Jacó que lhes dera aquele
poço. Mostrando-se mais espiritual ainda, Jesus lhe informa que
aquele que beber dessa água, jamais sentirá sede.
Nesse instante, a mulher, ainda enfocada no plano
material, deve ter sentido uma vontade enorme de beber dessa
água, para que não mais precisasse se sacrificar, indo
diariamente ao poço, sob o sol quente, correndo riscos... Deve
ter vislumbrado uma vida melhor para si.
Como ela ainda não se despertasse pelas coisas
espirituais, Jesus apela pela sua vida particular e fala sobre a sua
vida íntima, razão por que ela o julgou um profeta de Deus e
aproveita para indagar sobre o lugar certo onde orar, se no
monte Gerizin ou na Jerusalém dos Judeus. Uma centelha de
espiritualidade começou aflorar nela.
Nos versos seguintes, do 21 ao 24, Jesus diz o seguinte:
“Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste
monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que
não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a
salvação vem dos Judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que
60
os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em
verdade; porque estes que o Pai procura para seus adoradores.
Deus é espírito; e importa que seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade.”
A mulher entra a falar do Cristo que viria e o próprio
Cristo se anuncia: Eu o sou! A samaritana deixa seu cântaro no
poço e vai falar dEle para outras pessoas naquela cidade.
Cristo que conhece a natureza do homem melhor do que
ninguém, seguramente olhava para a pecadora com amorosa
compaixão e com confiança em que Ele poderia resgatá-la de seu
pecado.
Essa fonte de água viva está à disposição de todos que
tencionam adorar a Deus em espírito e em verdade, para isso,
precisamos olhar com olhos espirituais os fatos da vida,
extraindo o que há de melhor, o que realmente nos possa
transformar. Não há fonte mais segura dessa água, qual seja a
Palavra de Deus expressa na Bíblia. De que adianta abrirmos o
livro sagrado, em uma única e mesma página, deixá-la amarelar
pelo abandono, sobre um móvel, quando dela poderíamos
extrair a vida eterna?
Façamos como essa mulher samaritana que, apesar de
todas as suas falhas humanas, abriu o coração e a mente a Deus
e ofereceu a si mesma a oportunidade de transformação de vida,
antes que se fizesse tarde!
61
A TORRE DE BABEL
Nos tempos imemoriais, existia apenas uma língua e
uma fala. Os homens se comunicavam com facilidade, como hoje
se comunicam as pessoas que falam o mesmo idioma. Juntos se
sentiam fortes, ao ponto de imaginar que poderiam dominar
sobre tudo. Então, os clãs dos descendentes dos filhos de Noé,
Sem, Cam e Jafé escolheram um vale da Mesopotâmia, em sua
marcha para o Oriente, e se puseram a construir uma enorme
torre, a torre de Babel.
O orgulho que origina a soberba, que mata pessoas e
sentimentos, tomou conta do coração dessa gente, que
imaginara poder tudo. No Antigo Testamento, lê-se em Isaías
cap. 2-17: “E a altivez do homem será humilhada, e o orgulho
dos varões se abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele
dia." Somente a humildade, contraponto de orgulho, predispõe a
pessoa à real sabedoria. A insolência faz parte da ignorância
espiritual.
Assim, vitimados por esse nefasto sentimento,
resolveram se organizar e construir essa torre para que se
elevassem até o céu, que fizesse com que aquele povo não se
dispersasse, ignorando, assim, o propósito de Deus para cada
uma daquelas pessoas de coração e ideais altivos.
O que podemos deduzir de toda essa história é que tais
homens quiseram rivalizar-se com Deus que, vendo aquela
construção no meio do nada, resolveu intervir. Desceu em meio
aos seus construtores e, num gesto Dele, todos começaram a
62
dizer palavras em línguas diferentes. Ninguém mais se entendeu,
tornando-se impossível a finalização daquele projeto.
Deus abomina a soberba humana, embora ame aos
homens, por isso é que, falando línguas diferentes, se
dispersaram por toda terra, conforme temiam, porque não
confiaram no poder e na força do Deus verdadeiro.
O que podemos retirar como lição para nosso viver
diário é que devemos, antes de iniciarmos qualquer projeto,
submetê-lo à vontade divina, para que Deus, avaliando as
consequências daquele plano, possa nos iluminar a decidir de
maneira que nos traga felicidade e conforto mental. Jamais
conseguiremos render ao Senhor uma adoração profunda se não
nos submetermos ao seu domínio, seu querer, suas vontades,
seus planos para nós.
O rei Davi soube reconhecer a autoridade de Deus, ele sabia
que tudo estava sob o controle do Senhor que o ungiu. Os
salmos confirmam que ele buscava o Reino de Deus em primeiro
lugar, o que não aconteceu com Saul, o primeiro rei ungido de
Israel, que se perdeu.
Que não tentemos construir torres poderosas, de orgulho,
vaidade e insolência, porque a humildade nos eleva aos céus
como um incenso agradabilíssimo ao encontro do Senhor dos
céus e da terra.
Um bom dia para cada um e que Jesus os abençoe a todos!
63
QUEM É O ESPÍRITO SANTO?
Ao me sentar para escrever este artigo, volvo meus olhos
espirituais a Deus, pedindo que envie seu Espírito Santo, para
que fale tão somente o que o Pai deseja ou permite que eu fale,
inspirando-me com a iluminação e a clarividência do Espírito
Santo de Deus, na execução desta mensagem.
A propósito, aprendemos desde o início dos ensinamentos
bíblicos que existe apenas um Deus, que se compõe em três
pessoas que o formam, ou seja, o Pai, Deus; o Filho, Jesus e o
Espírito Santo, que também é uma pessoa espiritual. Muitos de
nós temos dificuldades em entender como seja essa composição
que forma a divindade trina e as funções (operações) de cada um
desses seres celestiais, no aspecto espiritual, na vida da pessoa
humana. Ele também é Deus e se equivale em poder e glória a
Deus-Pai e Deus-Filho.
O Espírito Santo é um ser, um indivíduo com
personalidade, o terceiro membro da divindade, é mais que um
poder, ou uma força, uma magia, mas uma Pessoa viva e
celestial. É um ser concreto.
A trindade é eterna, veja que, desde Gênesis, cap. 1-2,
lê-se no Velho Testamento que “A terra era sem forma e vazia;
e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus
pairava sobre a face das águas”.
Vê-se que era Ele ativo desde sempre, antes mesmo da
fundação da terra, pois Deus é eterno. Várias são as passagens
no antigo livro, onde o Espírito de Deus desce sobre os homens,
apossa e se apodera dos mesmos, levando-os a praticar atos
64
sobremaneira impressionantes e improváveis à condição
humana. Exércitos inteiros eram vencidos por um pequeno
grupo de protegidos de Deus; cordas colossais que se
transformavam em fios de linho, queimados pelo fogo, liberando
braços, destruindo grilhões, gigantes mortos por um quase
menino, leões se despedaçavam como se cabritos fossem.
Note-se também pelas Escrituras, que, pessoas
conduzidas por esse mesmo Espírito, guiadas pelo amor divino,
foram levadas a falar com uma propriedade impressionante,
quando tomadas por Seu poder e Sabedoria: Mar que se abria a
um toque, pedra que deixava verter água diante do comando de
uma palavra ou ao toque do cajado. Bênçãos derramadas com
excelência sobre a posteridade dos eleitos de Deus, isso sem
registrar as incontáveis vezes em que o Espírito Santo falou e
ainda fala, age no homem, usando pessoas para transmitir a
mensagem de Deus Pai, bem como profetizar, pois Deus não
muda, também não muda o seu modo de atuar na vida humana.
No Novo Testamento, o Espírito Santo de Deus age no
momento da concepção de Maria, passando pelos dons
distribuídos por Deus aos que creem, através do mesmo Espírito,
que são selados para a salvação eterna, a redenção. É Ele o
mesmo que move homens e mulheres a fazer a boa e justa
vontade do Pai. Acrescente-se que as profecias nunca são frutos
da vontade humana, mas um desejo dEle para a humanidade. Ele
guia os homens à Verdade. "Porque todos quantos são guiados
pelo Espírito Santo, estes são filhos de Deus." Romanos 8:14.
Antes de Jesus subir aos céus, testificou do Espírito Santo,
quando prometeu o Consolador que estaria com todos até a
consumação dos séculos. Jesus explica bem claramente: “Não
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vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros” (João 14:18).
Jesus disse que Ele voltaria para seus discípulos como outro
Consolador. Esta é a forma mais apropriada pela qual a Bíblia
claramente nos conta sobre outro Consolador. A palavra Grega
PARAKLETOV (parakletos), traduzida “Consolador” é usada 5
vezes na Bíblia. Quatro vezes a palavra é traduzida por
“Consolador” e a outra vez, por “Advogado”. QUEM é o
Consolador? “Filhinhos meus, estas cousas vos escrevo para que
não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos um advogado
(parakletos = Consolador) junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (I
João 2:1). Deus tem claramente revelado que Jesus Cristo é
nosso Consolador. Jesus Cristo é o Advogado constituído por
Deus e diante de Deus para interceder por nós, pelos nossos
pecados.
Retomando o início desse artigo, torna-se muito evidente
a separação entre as três pessoas eternas, quando, no livro de
Mateus, Cristo disse que, se alguém ofender a Deus ou a Jesus
pode ser perdoado, mas o pecado contra o Espírito Santo não
tem perdão, nem neste mundo, nem no mundo vindouro. Trata-
se de uma blasfêmia, quando pecado verbal, refere-se ao dizer
algo grave contra o Espírito Santo de Deus. "Todo o pecado e
blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia
contra o Espírito Santo não será perdoada." Mateus 12:31. E no
verso 32, Ele acrescentou:". . . se alguém falar contra o Espírito
Santo, não lhe será isto perdoado, nem neste mundo, nem no
porvir." Também se refere na Bíblia, como pecado contra essa
divindade, o fato de uma pessoa saber que algo é pecado e
insistir nesse erro, A Bíblia declara que o pecado contra o Espírito
Santo não é um tipo de erro, mas a "recusa persistente em
abandonar o pecado conhecido, e obedecer a Deus."
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“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente.” I Coríntios 2:14. É como dizer que a
sabedoria do homem é loucura para Deus.
Devemos pedir a presença do Espírito Santo de Deus em
nossa vida, a nos guiar em todos os momentos. Ele não invade
nosso coração e nossa mente se não o pedirmos. Ele é meigo e
sincero e não violenta a vontade humana.
É muito melhor sabermos disciplinar nossa vontade
pecaminosa e seguirmos a orientação de Deus para termos a
salvação, do que seguirmos nosso próprio caminho rumo à
morte: o Espírito Santo nos conduz ao entendimento e ao
discernimento necessário que leva ao bem viver.
Os fariseus, que conheciam tão bem as Escrituras e os
Profetas, não reconheceram o Cristo e, mais do que isso,
questionaram-no, repudiaram-no e o mataram. Cristo falava por
parábolas para que eles não entendessem a mensagem de Deus
e se convertessem. O arrependimento deles não satisfazia mais a
vontade de Deus, pois haviam blasfemado contra o santo Espírito
de Deus.
Então, como saber que ainda não cometemos este
pecado? Se ainda ouvimos a Voz de Deus nos orientando e nos
chamando de volta ao caminho do Senhor; e se sentimos tristeza
pelos pecados cometidos, isto é prova de que Deus está falando
ao nosso coração e tentando salvar-nos. Isso só é possível por
obra e graça do Espírito Santo de Deus. Se ocorre assim na nossa
vida, se sentimos arrependimento por termos falhado junto a
Deus e/ou ao próximo, é certo que não cometemos o pecado
imperdoável, contra o Espírito Santo. O próprio fato de
67
preocuparmos se blasfemamos ou não contra o santo Espírito é
sinal de que esse pecado não foi cometido, porque quem pratica
tal ato já está totalmente afastado de Deus.
É bom ressaltar que remorso é diferente de
arrependimento: Remorso é a certeza de ter errado sem o
desejo de mudança. Arrependimento leva à transformação e
abandono do ato praticado. Judas Iscariotes sentiu remorso
quando tomou conhecimento de que ajudara a matar o Filho de
Deus, mas não se arrependeu, por isso se precipitou no abismo.
Tinha o livre arbítrio para se arrepender e pedir perdão, mas não
o fez, conforme previram as escrituras. O Profeta Zacarias previu
até o valor que o traidor receberia para fazê-lo, trinta moedas de
prata.
O conselho divino é: "Hoje, se ouvirdes a Sua Voz, não
endureçais o vosso coração." Hebreus 3:15. Se agora você está
sentindo necessidade de Deus, abra seu coração e Deus o
perdoará, com toda a certeza, pois, se há reconhecimento do
erro, vontade de não mais o praticar, é porque o Espírito santo
ainda está atuando em sua vida, indicando o caminho e
convidando à salvação.
AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO
No livro de Marcos, cap. 12, vers. 33 consta que
devemos amar a Deus de todo o coração, de todo o
entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a
nós mesmos, e que isso vale mais do que todos os holocaustos e
sacrifícios. O verso 31 já anuncia que não existe maior
68
mandamento do que esses. A Bíblia contém toda a verdade,
porque a Palavra de Deus é verdadeira e tem de ser assimilada
como tal.
Meditando sobre esses ensinamentos, podemos
concluir que esses preceitos estão sendo relegados a segundo,
terceiro ou a nenhum plano, por muitas pessoas, até pelos que
conhecem ou já tiveram em algum momento uma experiência
com Deus. A própria noção de Deus e de seu amor estão sendo
confundidos e negligenciados.
Deus, na sua sabedoria, escreveu os mandamentos ou
Decálogo, com seu próprio dedo, registrando-os em duas tábuas
de pedra (Ex 34,28). Estas palavras resumem a Lei, dada por
Deus ao povo de Israel, no contexto da Aliança, por meio de
Moisés. Este, ao apresentar os mandamentos do amor a Deus (os
quatro primeiros) e ao próximo (os outros seis), traça, para o
povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida
liberta da escravidão do pecado.
Desde então, o homem, para ser feliz deve observar os
mandamentos, que foi uma forma usada por Deus, para que ele,
estando livre do pecado, não se torne infeliz, pois, toda
transgressão gera infelicidade e danos morais à pessoa e a afasta
de Deus.
A desobediência foi uma marca do homem desde o
princípio. Podemos constatar isso em Gênesis, quando o pecado
original veio ao mundo através da transgressão de Eva e de Adão
e até os nossos dias, o homem teima em descumprir o que Deus
designou para ele e tem se dado mal.
A medida de amor do grande mandamento, relativo ao
nosso próximo, foi ampliada, potencializada e dinamizada por
69
Jesus quando afirmou: “Como o Pai me amou, assim também eu
vos amei. (João 15:9) e, mais adiante, “amai-vos uns aos outros
como eu vos amei.” João 15:12). Jesus apresentou uma nova
gradação do sentimento para os que não querem ser apenas
servos, mas discípulos, ou seja, quem ama dá a vida pelos
outros.: "para que, como eu vos fiz, também vós façais". Isso
implica numa vida de comunhão, ou seja, sermos bênçãos vivas
uns para com os outros, esquecendo de si mesmo pelo próximo.
A fé tem esfriado em muitos, isso é previsto pela Bíblia,
mas é muito triste perceber como isso vem acontecendo
rapidamente até mesmo no seio de nossas famílias, quando o
exemplo positivo de uns já não influenciam outros nesse mister.
Mas a missão de levar a Palavra para fazer incitar a fé em outros
é tarefa de todos, já que "Logo a fé é (ou vem) pelo ouvir, e
o ouvir pela Palavra de Deus" (Romanos 10:17) e, "Sem
fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se
aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa
aqueles que o buscam". Hb 11:6.
Muitas vezes a falha é mesmo nossa e temos de nos
penitenciar, quando nos omitimos e não cumprimos a missão
cristã de evangelizar, de levar a Palavra a todos, sem distinção e
o erro de julgar o próximo, meditando sobre ser ou não
conveniente falar de Deus para essa ou aquela pessoa. Talvez
aquela que foi negligenciada é a que mais necessita e pela
aparência, ou pelo comportamento, foi deixada de lado.
Sabemos que é muito mais fácil falar de Deus entre os irmãos de
fé, ou de igreja, mas a palavra foi dirigida a todos os povos, de
todas as nações, línguas e credos e Deus não faz acepção de
70
pessoas, por que então o faríamos, se todos somos alvos do
amor de Deus e poderemos ser alcançados pela Sua graça?
Por que hoje parece tão difícil amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a nós mesmos, mesmo em medida
mínima? O mundo consumista, imediatista, a acomodação
daqueles que não querem saber que o fim está próximo e que os
ceifeiros são poucos em relação ao tamanho da missão, e que a
obrigação é dos outros e nunca pessoal.
Qualquer um de nós pode ser um mensageiro da Boa-
Nova, as oportunidades surgem a todo o momento, mas
preferimos falar de coisas superficiais, banais, muitas vezes para
fugir dos problemas da vida e das dificuldades que nos parecem
difíceis serem enfrentadas.
O Caminho é Jesus, a Vida é Jesus, a Verdade é Ele, com
toda a bagagem que nos legou nos Evangelhos e que escolhemos
olvidar, porque é mais fácil.
Há dias, impressionou-me o fato de um programa de
televisão, mostrando a vida do crime, exibiu os criminosos se
juntando para orar a Deus para que o seu "dia de trabalho" fosse
bem sucedido. Senti uma tristeza enorme de saber que sabem
que existe um Deus e que precisa ser lembrado, mas ainda não O
conhecem, por isso não O podem amar e ao seu próximo.
Não podemos nos calar diante de tamanha ignorância,
não podemos cruzar os braços, quando o mundo clama por um
Deus que ainda é uma incógnita e que, na verdade, está de
coração aberto, para receber de volta todos os seus filhos
pródigos, entre os quais me incluo.
71
Resumindo o amor de Deus por nós e as formas desse
amor: O verdadeiro amor Ágape, sem restrições e limites, é a
maneira como Deus nos ama, tanto que ofereceu Seu Filho em
sacrifício vivo, para que alcançássemos a vida eterna. Jesus nos
ama e afirmou: “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns
aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor
do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” Jo
15.12-13. O Espírito Santo nos ama e permanece conosco até o
fim, como O Consolador e na eternidade: “E eu rogarei ao Pai, e
ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para
sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber,
porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque
habita convosco, e estará em vós. Ele não somente nos ama
como intercede por nós:”. “Da mesma forma o Espírito nos
ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o
próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.”
Romanos 8:26-27. Como somos felizes por toda essa prova de
amor!
Que Deus nos abençoe a todos e nos dê coragem para
levar a Palavra onde ela não tem conseguido chegar que é o
coração de muitas criaturas e essa tarefa deve ser nossa!
FILIPE ENSINA A PALAVRA AO EUNUCO
É necessário pregar, é fundamental levar a Verdade aos
sedentos, para que outros sejam tocados e venham a Jesus.
Maria, nossa personagem, como tantos outros, era aperfeiçoada,
dia após dia. Atitudes e maneiras que denotavam ser outra
72
pessoa; gestos e escolhas que falavam por si, impressionando a
todos que a conheciam antes de receber Jesus como seu
suficiente Salvador e Senhor.
Certo dia, o anjo do Senhor ordenou a Filipe que descesse
pelo caminho que vai de Jerusalém a Gaza. Encontrou-se com
um homem, eunuco, mordomo-mor da Rainha de Candace,
responsável por toda a riqueza daquele reino.
O enviado de Deus normalmente é dotado de um
espírito fortalecido, é disposto para a obra, é aquele que "lança
mão do arado e não olha para trás". Filipe era um servo que não
deixava para depois o mandado de Deus, indo onde fosse
necessário, sem saber o que iria encontrar pela frente.
Inicialmente, podemos observar que se tratava de uma
pessoa importante. O eunuco era, mal comparando, um Primeiro
Ministro de um governo, porém, não estava contente, buscava
por algo mais, não se sentia pleno como pessoa humana,
espiritualmente falando.
Naquele dia, voltava de Jerusalém, onde fora adorar e foi
visto por Filipe quando passava por ali. O Espírito também
determinou que Filipe se chegasse a ele. Aproximou-se e o viu
lendo o livro de Isaías. Filipe perguntou-lhe se entendia o que
estava lendo.
Esse fato é interessante, porque, realmente, de nada
adianta ler por ler a Palavra, sem buscar entender o significado,
o contexto, muitas vezes, repetindo como um papagaio, sem se
deter no que diz, como um cego conduzindo outro: "Como vou
entender, se ninguém me ensinar?"
73
Como muitos poderão ser conduzidos a Cristo, se não há
quem as ensine? E há tantos que estão sedentos pela Palavra, se
encontram destituídas da graça de Deus, porque almejam mas
não se acham merecedores e permanecem na escuridão do
pecado.
A passagem que o eunuco lia falava do sacrifício de Jesus,
quando levado à morte e todas as circunstâncias que envolviam
aquele terrível e temível ato de desamor humano. Mas ele
ansiava por saber mais, queria entender se aquele profeta falava
de si mesmo ou de outro.
Aquele homem, bem sucedido na vida, fora adorar em
Jerusalém, mas ainda não tivera um encontro pessoal com Jesus.
Buscava nas Escrituras, respostas para seus vazios, suas
tribulações de alma, talvez para sua solidão, enfim, o
preenchimento de seu coração: o elo de ligação entre si e o
próprio Deus, pois, "ninguém vem ao Pai senão por mim", disse
o próprio Cristo. Jo 14:6.
Em Cristo há liberdade e libertação e é essa a liberdade
que o Evangelho nos concede, de alçar voos espirituais, de
sermos alcançados e aperfeiçoados pelo Espírito Santo e dEle
recebermos os dons para os colocar também a serviço de outros.
Descendo os dois ao ribeiro, o eunuco quis algo além: "Eis
aqui água; o que impede que eu seja batizado?"
Filipe concordou que fosse ele batizado, porque o
eunuco cria, do fundo de seu coração, que Jesus realmente é o
Filho de Deus e por Ele desejava viver.
74
Quando saíram da água, Filipe foi arrebatado. O outro,
por sua vez, seguiu alegremente seu caminho, não mais como
aquele ser incompleto, mas como quem se plenificou no
encontro pessoal com o Cristo de Deus.
Filipe foi para Cesareia buscar outros necessitados,
ensinando e pregando o Evangelho do Reino a toda a criatura,
que também deve ser a principal missão de todos que se rendem
aos pés de Jesus.
Podemos, não apenas por obrigação, mas, por
necessidade espiritual, algo em nós que clama por levar a Palavra
de Deus àqueles que estão sedentos, carentes, para cumprirmos
o mandamento divino. Isso é um privilégio para quem se
reconhece como um filho de Deus.
VIVENDO EM CRISTO
“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem
em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é
glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus
discípulos.”
Assim, temos de viver em Cristo e por Cristo, como o
Apóstolo Paulo que afirmou que, viver era Cristo e morrer, lucro.
Não há como viver assim, desprezando a Palavra, ignorando os
mandamentos de Jesus. Não há como estar em Cristo, sem que
Ele esteja em nós e só podemos afirmar que assim vivemos, se a
nossa vida, nossa maneira de existir falarem por nós.
75
Como criaturas renovadas, sabemos pedir com sabedoria,
pois o fazemos de acordo com a vontade do Pai, não pelo nosso
capricho humano. Se somos ramos renovados, vivificados nEle,
somos atendidos quando clamamos. Basta que volvamos os
olhos espirituais para os céus, de onde procedem todas as
bênçãos e, de coração sincero, pedirmos o de que carecemos e
Ele, no seu trono de glória, aplica seus sagrados ouvidos à nova
súplica e nos conforta, nos consola, nos realiza, nos concede o
que queremos.
Deus nos atende para que o nosso testemunho leve
outros à verdade, e a verdade é Cristo. Quando não somos
contemplados com uma resposta positiva de Deus é porque não
sabemos pedir. Por vezes, oramos e não vemos a resposta,
porque pedimos mal; pedimos com sentimentos menos próprios
e menos de acordo com a vontade de Deus. Assim, devemos
eliminar o orgulho, a vaidade de estarmos nós imbuídos de
ambição desmedida. Peçamos com fé, humildade e
receberemos, porque Deus é fiel e não pode negar-Se a Si
mesmo, se de acordo com Sua vontade.
Então se somos os ramos, Cristo a videira e Deus o
lavrador, reunimos todas as condições de cumprir nosso papel
de cristão, sendo exemplo neste mundo, de fé, de esperança, de
amor, por estarmos aptos a seguir em frente, levando outros à
Cristo, na condição de autênticos discípulos neste século.
DESCANSAR NO SENHOR
76
Todos dizem conhecer a Deus: católicos, muçulmanos,
espíritas, evangélicos... E isso é real. Mas, conhecer apenas é
suficiente?
Neste mundo, muitas vezes, conhecer bem alguém se
torna um “justificável” motivo para não amar esse indivíduo,
embora a Palavra de Deus ensine o contrário. Somos
desobedientes, fracos e imperfeitos.
Conhecendo a Deus, muitos dizem que O amam, mas, na
prática, isso não se confirma por atitudes. Quem ama confia,
mas, dizemos confiar no Senhor, porém, não temos fé suficiente
para levantar e andar, para deixar velhos hábitos, para promover
uma guinada em nossa vida. Isso por pura comodidade!
Muitas vezes, precisamos abandonar uma zona de
conforto e mergulhar de cabeça no desconhecido, mesmo que
importe em sacrifícios e dificuldades.
Quem ama a Deus, realmente, ama, conhece e, por fim,
descansa no Senhor. Existe algo mais convidativo para nossa vida
hoje?
O PAPEL DE SATANÁS NO MUNDO
O demônio é o pai da mentira. Desde o princípio, ele
foi o contraponto de Deus. Deixou que uma mentira, originada
de seu orgulho e vaidade, dominasse seu coração: poderia ser
77
maior do que Deus. Acreditou e deu oportunidade a essa
inverdade, se deu mal e sua tarefa desde então é prejudicar os
amados filhos de Deus, matando, roubando e destruindo.
Caído do céu, satanás trouxe a mentira consigo para o
planeta terra, onde foi lançado com um terço dos anjos do céu e
se manifestou no Éden, onde nada de ruim deveria acontecer,
conforme os sonhos divinos. Utilizou o livre arbítrio para afastar
o homem de seu criador, usando uma mentira, pois é
especialista em mascarar a verdade. “Quando ele profere
mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da
mentira." João 8:44.
Deus determinou a Adão e Eva que não comessem da
árvore do conhecimento do bem e do mal, porque morreriam. O
demônio apareceu em forma de serpente, que era o animal mais
lindo do jardim, dizendo que eles não morreriam, mas
dominariam o conhecimento e poderiam ser iguais a Deus. Foi a
primeira mentira pregada nessa terra. Com sua astúcia, usou de
uma verdade como fundamento, para desencadear uma série de
mentiras, tentando afastar o homem do seu criador.
Mais uma vez, o orgulho e a vaidade destronam o
homem e a glória de Deus se desvia dele. A morte penetrou a
história humana e o pecado praticado trouxe dores para a
humanidade, razão de tantos sofrimentos espalhados nesta terra
até a consumação dos séculos. Somente ficaremos livres do mal,
quando o Filho de Deus voltar, para por fim a dor e levar os
salvos para a vida eterna, livres de todo sofrimento e de toda
lágrima.
78
O TEMOR DO SENHOR NÃO É MEDO
Sabemos pela Palavra de Deus, que “o temor do Senhor
é o princípio da sabedoria”. Mas quando lemos “temor” não
significa que devamos ter medo, mas respeito. É o mesmo que
dizer “reverência” e “adoração”. Se amarmos a Deus,
naturalmente, reverenciamos o seu nome e, quando na Sua
presença, O adoramos com respeito e contrição. Prov.9:10.
Por falta desse temor, a vida do ímpio é abreviada, pois,
os que transgridem os estatutos e as ordenanças divinas, por
escolha, naturalmente não terão confiança e nem contarão com
Seu amparo, pois se sentirão abandonados nos momentos de
perigo e nas fortes tentações e atribulações. Também é no temor
do Senhor que nos aperfeiçoamos em santidade.
Detestar o mal e evitar a sua prática é uma forma de
reverenciar, respeitar e temer ao Senhor, e isso é possível,
quando abrimos nosso coração e mente à intervenção do
Espírito Santo que nos dirige em nossas ações: todos os heróis e
os santos da Bíblia demonstraram grande temor e tremor diante
de Deus, por isso foram bem-sucedidos, conquistando, ao final, a
salvação eterna.
Sem uma vida de separação e santidade, não podemos
reivindicar de Deus as maravilhosas promessas, por isso, muitos
perdem a alegria cristã, se sentem abandonados e desprotegidos
do Pai, sentem que suas orações não são ouvidas, pois não
conseguem perceber a presença do Senhor. Por isso devemos
evitar fazer uma parceria com o mundo, buscando através dela, a
inimizade com tudo que vem do alto.
79
Materialismo e doutrinas inventadas, fora da Palavra diminuem a
importância divina para o crente e reduzem, também, de
maneira proporcional sua reverência perante o Pai e, muitas
vezes, isso acontece gradativamente, não tendo como refrear
seus efeitos na vida desse crente:
“Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de
tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a
santidade no temor de Deus.
“II Coríntios 7.1.”.
UM CLAMOR CONTRA A DEPRESSÃO
Deus ouve o clamor de seus filhos. Seus ouvidos
estão inclinados a ouvir súplicas e sua mão estendida a distribuir
bênçãos sem medida aos que O amam e O temem.
O amor de Deus permite que bons e maus recebam a
luz do sol igualmente e que se garantam bênçãos ao descrente,
pela paga de seu trabalho, pois não é um Deus de vingança. Por
isso, os seres humanos, apesar de pecadores, não somos
consumidos pela sua ira.
Antigamente, quando uma pessoa estava triste, sem
esperanças, dizia-se que estava “na fossa”. Fossa é um buraco,
tipo cisterna: aquela pessoa precisava de ajuda, em certos casos,
até profissional. Hoje se diz “depressão”, e tem atacado pessoas
em todas as camadas sociais.
80
José conheceu a cisterna sem água, onde dificilmente
sobreviveria, mas amava e temia a Deus e foi um sobrevivente
da ira, da inveja e da injustiça de seus irmãos. O Altíssimo veio a
seu socorro e se tornou o segundo homem em importância no
Egito.
Outro que passou pela cisterna, pela cova de lama da
perseguição e da privação foi Jeremias que não se dobrou à
vontade do rei, seu compromisso era com o Deus-Todo-
Poderoso. Para não morrer, Deus incomodou o eunuco que
interveio junto ao soberano, e, com mais trinta homens,
retiraram o profeta de lá, após ter esperado com confiança e
convicção no Deus vivo. Jr.38-6.
Portanto, se alguns entre nós estamos passando pelo
deserto moral ou espiritual, pelo tremedal de lamas, pelo poço
sem água em sua existência, ou metidos numa cova de leões,
como Daniel, clamem ao Senhor, que, “... o teu Deus a quem
continuamente serves, te livrará.” Daniel. 6-16. Isso é promessa
de Deus para todos nós.
UM TESTEMUNHO DE AMOR
Fui julgado e condenado injustamente. Paguei um preço
elevado por um mal que eu não fizera, pois nada foi achado
contra mim que justificasse essa condenação. Ofereceram-me a
oportunidade de desistir, mas eu conhecia os propósitos daquele
que me oferecia livramento e desprezei-o, bem como a sua
oferta. Colocaram-me entre pessoas da pior espécie.
Machucaram-me o corpo com feridas de morte; minha alma foi
81
dilacerada em sua profundidade. Tive de aguentar calado, como
um animal desvalido rumo ao matadouro. Esbofetearam-me,
cuspiram em minha dignidade de ser humano. E me senti
abandonado e o frio da solidão percorreu meu corpo
ensanguentado e enfraquecido. Pessoas a quem socorri,
gritaram exigindo minha execução.
Apesar de tudo isso, sabia que aquilo não era um fim,
mas, um recomeço. Fui libertado do meu cativeiro de
sofrimentos no terceiro dia após meu sepultamento, mas sei que
nada do que passei foi em vão. Tantos eram e tantos são os
pecadores que, a partir do meu ressurgimento, podem vir a mim
com seus fracassos, quedas e dores e são fortificados, libertados
e levantados com vitória. Meu nome atravessou milênios e,
quando vier o meu reino, que não é deste mundo, vou fazer
justiça aos que me foram fiéis e guardaram os meus
ensinamentos.
Tudo que me aconteceu foi possível porque, quando me
fiz humano, me submeti inteiramente ao que me ordenara meu
Pai e, como Deus, vim cumprir o que as Escrituras anunciaram
desde o princípio, que a minha morte traria vida em abundância
para os que creem e são fieis, aqueles que herdarão a coroa da
vida.
Eu sou o Alfa e o Ômega, sou o primeiro e o último, o
princípio e o fim... Eu sou aquele que ama o pecador, que o
perdoa, até os que me transpassaram e que quer salvar você,
mesmo que acredite que não merece, que ultrapassou todos os
limites. Não existem limites para a bondade e misericórdia.
Quero encontrá-los na Glória, basta que acreditem que sou o
Filho unigênito de Deus, amem minha Palavra e a pratiquem e
82
que sigam meus passos, levando sua cruz com amor e
resignação.
Rei dos Reis.
O TEMOR DO SENHOR É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA
Muitas pessoas imaginam que, após se converterem, sua
vida se tornará um mar de rosas, sem problemas e lutas. Muitas
vezes, até se decepcionam quando, após a conversão e batismo,
começam a enfrentar dificuldades. Isso porque ignoramos que
Deus não nos promete nada disso, senão seria um deus de
mentira.
Deus não é homem para mentir, nem filho do homem
para que se arrependa, Ele se mantém imutável, de eternidade a
eternidade, por isso, a sua misericórdia dura para sempre, e é fiel
a nós, se a Ele dermos provas de nossa fidelidade, amor e temor.
Mostramos a Deus nossa fidelidade, quando obedecemos
aos seus mandamentos e estatutos, pois, para Deus a obediência
do homem vale mais do que qualquer tipo de sacrifício, pois
Deus não se satisfaz com esse oferecimento vazio, sem sentido;
ao passo que o filho que O ama e O coloca acima de todos os
interesses pessoais, agrada-lhe sobremaneira.
Demonstramos amor a Deus, verdadeiramente, quando
também amamos e respeitamos nosso próximo, quando
abandonamos o egoísmo e levamos uma vida a serviço do outro,
sem buscarmos reconhecimento e recompensa. Jesus, na sua
passagem pela terra, deu exemplo desse amor desinteressado,
83
sem segundas intenções. Amou o mundo e se entregou, não para
beneficiar pessoas “justas”, mas pecadores de todas as espécies
e continua nos justificando pela sua morte de cruz. A reverência
e santo temor explicam exatamente o que temer a Deus significa
para os crentes. Esse é o fator que deve nos estimular a nos
entregar totalmente ao Criador do Universo.
Provérbios 1-7 declara que “o temor do Senhor é o
princípio da sabedoria...” Temer a Deus significa reconhecer a
sua onipotência e sua supremacia em face de nossa pequenez.
Nada somos sem Ele e nada podemos sem que sua força nos
sustente. Hebreus 12:28-29 descreve muito bem: "Por isso,
recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela
qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo
temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor.”
O que Deus verdadeiramente nos diz em João 16:33 é
que, “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci
o mundo”, e a promessa real é que Cristo nos dá o suporte para
que atravessemos os vales da sombra, sem temer mal algum,
bem como a cura interior de nosso coração. Mesmo que venham
tempestades, elas serão vencidas; mesmo que haja choro, a
alegria brotará pela manhã.
O salmo 46:1, nos diz que “Deus é o nosso refúgio e a nossa
força, socorro bem presente em tempos de aflição”. Não há
nada que se iguale a essa certeza, pois, se cremos, confiamos e
entregamos nossa vida a Jesus, temos como nos refugiar nos
braços do Pai, como um filho escolhido, querido pelo seu amável
coração. Aquele que busca ao Senhor, que vai até Jesus, levando
seu coração quebrantado e sofrido, Ele o acolhe, pois jamais
lançará fora os que confiam e nEle descansam.
84
A PRESENÇA DE DEUS NO CASAMENTO
Pela benção conjugal, esposo e esposa se tornam uma
nova e única unidade, mantendo-se, entretanto, características
diferenciadas de cada um. Numa união sem Deus, o respeito a
essas diferenças parece-nos impossível.
Sabemos que, “Se o Senhor não edificar a casa, em vão
trabalham os que a edificam...” Salmo 127-1. O fracasso de uma
relação reside no fato de que não existiu um convite ao Senhor
para que fizesse parte dessa construção e manutenção da
harmonia nesse lar.
Nos casamentos felizes, existe o amor verdadeiro, bíblico,
possível somente para aqueles que caminham com Deus. Por
isso, há tantos divórcios, até mesmo entre evangélicos. Já se diz
que o contrário do amor não é o ódio, mas egoísmo, o que
destrói as relações humanas, principalmente a vida a dois.
Há lutas no casamento, mas, com oração, confiança e
esperança no Senhor, superamos crises. Com Deus, existe a
disposição de perdoar, restaurar e recomeçar o relacionamento
pelos princípios divinos. Somente o Pai pode curar feridas e
devolver os sonhos roubados e reavivar os sufocados
Se Deus é o centro da união, o casamento será santo e
duradouro. O lar deve ser consagrado a Ele, observando-se os
ensinamentos bíblicos; fora disso, não há prosperidade moral e
espiritual na convivência. Quando seguimos o plano dEle,
85
gozamos das maravilhas do amor e segurança nesta vida, na
expectativa de um lar perfeito na eternidade.
ASCENSÃO E QUEDA DO REI SALOMÃO
Quando Deus viu que Salomão lhe era fiel, e se mantinha
integro a Seus olhos, disse a ele num sonho, que pedisse o que
desejasse e lhe seria concedido. Então, pediu-lhe sabedoria e se
tornou o homem mais sábio da face da terra e o mais rico.
Se tivéssemos uma oportunidade dessas, acho que,
dificilmente pediríamos o que ele escolheu, pois, temos uma
tendência natural de buscar por nossas necessidades mais
imediatas, principalmente as materiais. Realmente, usou dessa
sabedoria durante bom tempo de seu reinado e suas decisões
demonstravam isso, até que se afastou do Deus vivo e, envolvido
com mulheres idólatras, passou a servir aos deuses delas, se
corrompendo por isso.
Entorpecido pela fama, Salomão rendeu-se à mais
absoluta vaidade, acumulando riquezas até o ponto de tornar o
ouro extremamente comum em Israel. Salomão deixou-se
arrastar pela força dos sentimentos, até sua incomparável
sabedoria tornar-se totalmente cega. Passou a desconhecer a
modéstia e a moderação. 1Re 10.1-13
Assim, vemos que a sabedoria que Deus lhe concedeu
não foi suficiente para manter o rei sintonizado com os planos do
criador, senão, não teria praticado tanta iniquidade! Assim,
também concluímos que, quando se é fiel, não há nada que
separe o homem do amor do Altíssimo, a exemplo do que diz o
86
apóstolo Paulo em Romanos 8:38-39. Quando o ser se afasta do
Pai, se corrompe e suas atitudes passam a ser o reflexo dessa
escolha insensata. Infelizmente, nos afastamos de Deus também
quando reincidimos no pecado, que afasta o homem de sua
glória.
Os últimos anos do reinado de Salomão não ostentaram
a mesma glória de antes. Pelo seu comportamento, isso seria
previsível. Deus levantou adversários contra ele e ele, o rei
apóstata, foi castigado por seus inimigos durante o resto da sua
vida. Os conflitos provocados por esses adversários levaram ao
enfraqueceram o seu reinado e, posteriormente, à divisão de
Israel em dois reinos distintos: Judá, o reino da tribo do Sul e
Israel, o reino das dez tribos do Norte. Jeroboão, o capataz dos
trabalhos de construção, foi aclamado para governar as dez
tribos que se separaram depois da morte do rei Salomão.
O livro de Eclesiastes nos mostra quão vazia foi a vida do
sábio Salomão. O homem mais sábio do mundo tornou-se
insensato e deixou que o orgulho, os prazeres do mundo, e o
materialismo o arrastassem para a completa ruína. Isso mostra
que nem mesmo a sabedoria é suficiente para respaldar o
homem espiritualmente. Sem uma real experiência com Deus, é
impossível ao homem a transformação.
Pela Bíblia, em várias passagens, percebemos também
que, ainda que a pessoa se arrependa e Deus a perdoe pelos
erros, não está livre das consequências do passo errado: é mais
ou menos como alguém que pratique um crime, mesmo se
arrependendo, deve cumprir a pena que lhe foi imposta no seu
julgamento. Salomão pagou caro pelas transgressões contra o
Deus vivo, sofrendo horrivelmente, até a total desilusão.
87
"Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua
mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos
dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;"
Eclesiastes 12:1-2. Salomão, como poucos, conheceu os maus
dias, depois de gozar de tantas e tamanhas bem-aventuranças,
por ter-se desviado dos caminhos do Senhor.
Percebemos que sabia muito bem o que estava dizendo
quando afirmou nos versos 13-14: "De tudo o que se tem
ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos;
porque isto é o dever de todo o homem Porque Deus há de
trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer
seja bom, quer seja mau."
A vida sem Deus ou distante do Seu amor é vazia, pois,
somente Ele nos preenche de maneira completa. Mesmo em
meio a lutas e dificuldades, quando estamos na Sua presença e O
servimos, obedecendo a seus mandamentos, nos sentimos
plenos e de nada sentimos falta, pois a Sua graça nos basta, de
verdade!
SEM FÉ NÃO SE AGRADA A DEUS
Você se considera uma pessoa de fé? Acho que o “sim”
será a resposta da grande maioria de nós, os que cremos em
88
Deus e recebemos a Jesus como nosso salvador pessoal.
Pergunto: isso é suficiente? Afirmo que não. Não foram poucos,
infelizmente, os que fizeram sua profissão de fé, se batizaram em
nome da Trindade santa e se dispersaram pelo caminho.
“Sem fé, é impossível agradar a Deus...”, lemos em
Hebreus 11:6, porque, sem o convívio diário com o Mestre, sem
a Ele estarmos ligados pelos laços de fé, não teremos forças ou
condições de cumprir a carreira, meta do cristianismo, de
proclamar o evangelho da salvação e levar almas para Cristo, até
o final de nossos dias, nos mantendo salvos.
Se Estevão, apedrejado pela sua vida de fé, não tivesse se
firmado na rocha que é Cristo, teria sido poupado, mas, em
contrapartida, estaria longe de ser exemplo de confiança para
todos nós. Se os apóstolos de Jesus e os notáveis do Novo e
Velho Testamento, tivessem se desviado do caminho, não
seriam, apesar das falhas humanas, modelos de santidade até os
dias de hoje e o serão até a consumação dos séculos.
Será que temos uma fé de “fachada”, da “boca para fora”?
Como tem sido o nosso relacionamento com Deus, quando as
coisas estão de mal a pior, ou em meio a lutas e tempestades
morais, emocionais ou espirituais e nas provações diárias?
Murmuramos, desesperamos ou estreitamos os laços com o
Criador, fazendo dele o nosso escudo e broquel, dele extraindo
forças extra-humanas?
O cristão verdadeiro é um testemunho vivo de fé,
independentemente do momento vivido, se atravessa o vale da
morte, se experimenta o conforto ou a escassez, se goza de
plena saúde ou não, pois reconhece que, quem o suporta é o
próprio Deus, com a destra da sua direita.
89
Paulo, na carta aos Filipenses, cap. 4:6 a 13, nos diz ter
aprendido a ser feliz em toda e qualquer situação. Sabia estar
humilhado como também honrado, que tinha experiência de
fartura e de fome, sempre apoiado naquele que o fortalecia, ou
seja, os braços de Jesus.
O carcereiro de Filipos viu as cadeias que prendiam o
apóstolo Paulo abertas, creu que o pior estava para lhe
acontecer. Pegou sua espada para se matar, mas o homem de
Deus gritou de dentro da prisão: "Não te faças mal que todos
estamos aqui." A fé incerta daquele carcereiro tomou um novo
rumo e o levou a perguntar: "Que devo fazer para ser salvo?". A
fé que ele não conhecia lhe foi apresentada naquele instante:
"Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa."
Por isso, temos de ser cristãos de oração, para nos
revestirmos do poder e da autoridade espiritual. O reformador
João Calvino se referia à oração como sendo a alma da fé e,
realmente o é, pois a fé sem a oração e a consequente ação,
perde seu vigor.
Se, através de uma avaliação pessoal sincera, você
reconhece que ainda não tem fé suficiente para viver uma rica
experiência com o Pai, peça a Ele que lhe conceda, e receberá
uma boa medida, não por merecimento, mas pela suas muitas e
infinitas misericórdias.
DEUS TEM SIDO LONGÂNIME
A essência do homem não muda, apesar da evolução
tecnológica, dos costumes, das ideologias de uma maneira geral.
90
A tendência do homem é para praticar o pecado e nele viver. As
pessoas que continuam no pecado, não se arrependendo
enquanto há esperança, se conduzem à perdição. Salmo 7:12-13.
Os dias de hoje não são diferentes dos tempos de Noé.
Todos conhecem a passagem bíblica, onde ele tenta convencer
as pessoas de que haveria chuva na terra e arrasaria a
humanidade e tudo que existia, exceto aqueles que se
encontrassem dentro da arca que ele mesmo construiu,
orientado por Deus.
O certo é que poucos, dentro de sua própria família, ou
seja, sua esposa, seus filhos Cam, Sem e Jafé, e as esposas de
seus filhos compreenderam o apelo e, junto com uma infinidade
de animais, conseguiram escapar da catástrofe, para honra e
glória de Deus. Naquela oportunidade, Deus deu um tempo para
que se arrependessem (1PEDRO 3.20). No tempo de Neemias, o
povo reconheceu que Deus teve paciência com seus
antepassados (Neemias 9:29-30). Nós também reconhecemos a
longanimidade do Pai celestial em nossas vidas.
Algo parecido acontece com o convite à conversão e, em
contrapartida, não há como negar que os veículos de
comunicação de massa, como rádio, televisão, internet e outros
nos dão a oportunidade de ouvir pregações em vários horários,
inclusive de madrugada, das mais diversas denominações, que
apregoam a volta do Senhor Jesus. O mundo inteiro é servido
pela evangelização, alguns ainda de maneira clandestina. O fato
é que ninguém pode alegar desconhecimento ou falta de
oportunidade.
Jesus voltará e, segundo a Bíblia, só ainda não veio,
porque está sendo longânime, ou seja, paciente: “ou desprezas a
91
riqueza de sua bondade e tolerância e longanimidade,
ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento?” (Romanos 2:4).
Muitos pensam que a paciência de Deus é ilimitada, mas
não o é. Como a porta da arca de Noé foi fechada num dado
momento, a porta da graça também será fechada. Doutrinas que
oferecem uma nova oportunidade de salvação após a morte são
doutrinas que contradizem as Escrituras. Quando Jesus voltar,
todas as pessoas serão chamadas ao julgamento, por ocasião da
primeira ou da segunda ressurreição, para a vida, ou para a
morte eterna.
Uma geração rebelde perdeu a oportunidade de entrar na
terra prometida, hoje, se deixarmos passar mais essa
oportunidade, poderemos ser surpreendidos pela morte física ou
pela volta de Cristo, da qual não sabemos a hora. Por isso,
“Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o, enquanto
está perto. Deixe o perverso o seu caminho; o iníquo, os seus
pensamentos, converta-se ao Senhor que se compadecerá dele e
volte-se para nosso Deus que é rico em perdoar.” Isaías 55: 6-7.
ORAÇÃO, UMA ARMA ESPIRITUAL
Ignorar o inimigo é sempre uma maneira de reforçá-lo, de
deixá-lo livre para agir, pois algo que desconheço, ou não dou
importância, não poderá me atingir, dizem alguns; mas,
92
afirmamos que é um engano, pois o tinhoso tentou até mesmo a
Jesus Cristo, que ele mesmo reconhece como filho de Deus,
desde a eternidade.
Quero dizer ainda, que Satanás é um ser derrotado, porém,
inconformado, tanto que ele próprio confessa a sua derrota e
sabe que seu destino foi traçado por Deus: o lago de fogo.
Revoltado, não aceitando as condições impostas sobre ele, quer
levar consigo o homem.
Nós podemos ser tímidos, mas o demônio não o é e,
ignorando-o ou não, está sempre disposto a investir contra
todos, principalmente contra os filhos de Deus, ele também não
faz acepção de pessoas e, como sabe que pouco tempo lhe resta,
ele “trabalha” contra nós: 1 Pedro 5:8 "Sede sóbrios; vigiai;
porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando
como leão, buscando a quem possa tragar."
Mas, a boa notícia é que, se estivermos firmados na rocha
que é Cristo, não seremos derrotados, mas mais que vencedores,
vencendo o mal e nos aplicando ao bem, libertos e formatados
no caráter do Senhor de quem somos imagem e semelhança.
Não há arma mais forte para superar as tentações do que a
oração. Além de nos colocar em sintonia com o poder maior, nos
faz capazes de discernir as investidas de satanás e nos prepara
para mandar embora o maligno: ela é uma arma espiritual contra
um inimigo espiritual, pronuncia a sua condenação e detém os
seus avanços, então, devemos nos sujeitar a Deus e orar sem
cessar.
Não somos tentados mais do que possamos suportar I
cor. 10-13, mas, venceremos, usando a arma da oração,
93
resistindo com ela ao mal, buscando o socorro de Deus que é
suficiente e vitorioso pelo qual é só clamar.
O EIS-ME AQUI NOS LEVA AO IDE
...”Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem
enviarei e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-
me a mim.” Isaías 6: 7 e 8.
Isaias foi chamado e comissionado por Deus, e a
profecia era o ministério de sua vida. Prontamente, aceitou a
tarefa que, desde o princípio, parecia inútil: advertir e condenar
os que contrariavam a Deus e anunciar o nascimento de um
salvador, o Cristo, 700 anos antes do cumprimento dessa
profecia. Levemos em conta que se tratava de um povo que era
extremamente incrédulo e rebelde. Ele, de antemão, conhecia o
peso da ordenação divina: Sabia que enfrentaria um vespeiro e
que não seria mesmo fácil, mas não se deteve diante dos
obstáculos.
“Disse, pois, Israel a José: Não apascentam os teus irmãos
junto de Siquém? Vem, e enviar-te-ei a eles. E ele respondeu:
Eis-me aqui.” Gen. 37:13.
Jacó determina a seu filho José que busque pelos seus
irmãos, não sabendo que se desenhava a sua saga de
sofrimentos, abandono, escravidão, calúnia, perseguição... Foi
jogado numa cisterna, vendido como escravo para o Egito
conheceu prisões, verdadeiras masmorras, até que Deus cumpriu
os Seus propósitos na vida dele e de seu povo. José chegou a ser
o segundo homem em importância no Egito, apenas o faraó
94
ocupava um posto mais importante. Isso porque não recuou
diante das adversidades que lhe foram apresentadas.
“E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a
ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele:
Eis-me aqui.” Êxodo 3:4.
O clamor dos filhos de Israel subiu até o Pai. Esse
chamado de Moisés significava abandonar seus projetos pessoais
de se estabelecer em Midiã, enfrentar a fúria e a dureza do
coração do faraó, brigar pela libertação dos judeus do Egito,
caminhar com um povo ignorante e rebelde pelo deserto por
longos quarenta anos, questionado até por sua própria família!
Uma pessoa apenas conhecida como o filho da filha do
faraó ter de regressar ao Egito e ser aceito como um profeta de
Deus! Não era pouca coisa, não! A dureza do coração do povo e
a desobediência e infidelidade daquela gente, transformou uma
caminhada de quarenta dias em uma jornada de quatro décadas.
E Moisés não recuou, seguiu com o povo até que se avistou a
terra de Canaã, a Terra Prometida.
“Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em
mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.” Lucas
1:38.
Não foi um convite tranquilo na pacata vida de Maria.
Num tempo em que a mulher não era valorizada, surge alguém,
noiva, sem que o noivo nada soubesse, e se diz grávida, por obra
e graça do Espírito Santo! Não era a tarefa indicada para
qualquer pessoa, mas para alguém que Deus escolheu porque
conhecia muito bem! E ela não titubeou, embora soubesse de
antemão que nada seria fácil!
95
Quanta humilhação e quanta desconfiança enfrentou em
sua própria família! Quanta renúncia, quanta dedicação e
aceitação dos planos de Deus, para, ao final, ver seu filho
executado entre ladrões, humilhado como um reles ser humano!
Antes de qualquer coisa, era uma mãe presenciando uma
morte cruel de seu amado filho, alguém em quem não havia
culpa, nem dolo algum, sem que nada pudesse fazer
humanamente para impedir! Todo chamado exige resposta até
mesmo, uma confrontação entre o que chama (Deus) e o que é
chamado (qualquer um de nós). Envolve dúvidas, diálogos,
incertezas, obediência e desobediências. Todos os chamados
ocorrem em meio a crises.
Quando recebemos uma missão é que percebemos que
não somos tão capazes e poderosos como pensávamos, daí a
necessidade de que Deus seja conosco como o foi com todos que
se apresentaram ao serviço. Notamos que o “Eis-me aqui!” nos
leva ao “Ide”! Não adianta se prontificar, sem tirar o pé do lugar
e o corpo do assento confortável. Interessa-nos saber que é o
Senhor quem capacita desde o princípio, somos o instrumento,
mas a obra é dele!
Não adiantou e não adianta dizer ao Senhor que envie
outro, a missão é endereçada a cada um de nós individualmente.
Resta-nos pegar o bordão e caminhar, sem olhar para trás. Deus
é com nossa boca, nos capacita para a obra, nos apresenta a
rocha e nos instrumentaliza com o cajado que faz verter bênçãos
nas nossas securas espirituais e nos multiplica as forças na
imensidão de nossos desertos.
Deus não chama à missão homens perfeitos, ele precisa
de pessoas que se aperfeiçoam no seu amor, e na sabedoria de
96
Seu Espírito, através da fé que gera perseverança. Apesar de
nossas dificuldades, dúvidas, medos e indecisões, Deus nos
chama o tempo todo e “aquele que ouvir a minha voz, e abrir a
porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele
comigo.”Ap.3:20. Esse é um excelente convite e excelente
começo. Não tema!
A IMAGEM DE DEUS EM NÓS
A imagem moral e espiritual de Deus, distorcida pelos
seres humanos, precisa ser redimensionada. Ele é infinitamente
maior do que podemos pretender ou imaginar. Ele não está a
nosso serviço, nós é que devemos estar à disposição do Todo
Poderoso. E, a nossa condição de servos não deve estar
esquecida, por mais que lhe sejamos amigos, que com Ele
tenhamos intimidade. Realmente, fomos feitos à sua imagem e
semelhança, mas isso não afetará ou mudará jamais a grandeza
divinal do Criador, nem a pequenez de nossa humana natureza.
Há um grande erro em se considerar a Deus como um ser
totalmente liberal, que tudo aceita, tudo compreende, que a
tudo perdoa, por entender os motivos humanos. Em
contrapartida, há quem assimile um Deus cruel, vingativo, que
fica à espreita de um deslize para castigar o pecador e tem
prazer nisso. Só o Espírito Santo pode nós dar a noção mais real
da bondade e da justiça divinas que não se encaixam em
97
nenhum desses dois extremos. Deus é amoroso e justo e tem
prazer em perdoar os arrependidos.
A despeito de tudo, Deus nós dotou de atributos,
qualquer que sejam nossos dons, temos de compartilhá-los com
os irmãos, dividindo, assim, o legado que recebemos. O Mar
Morto não tem vida, está abaixo do nível do mar, não se
distribui, mas somente recebe as águas dos outros. Essa não é a
condição ideal de um cristão.
Não precisamos ser as pessoas mais capacitadas do
mundo para trabalhar na obra de Deus, e, se reconhecermos ter
ainda que um pequeno dom e, se essa simples capacidade
estiver totalmente disponibilizada a Ele, todos os dias, seremos
preparados e devidamente capacitadas para o serviço
Apenas estruturalmente, após o pecado de Adão e Eva,
nos mantemos como imagem e semelhança do Pai, pois somos
escravos do pecado, incapazes de, com nosso próprio poder,
refletir a santidade divina. Precisamos restaurar a imagem de
Deus em nós.
Sozinhos, jamais conseguiremos um milagre desses, por
isso necessitamos ser revestidos do poder e da misericórdia de
Cristo, onde seremos transformados. A regeneração inicia o
processo de restauração da imagem moral de Deus em nossas
vidas. Vale a pena!
98
A CONVERSÃO DE PEDRO
Pedro, apóstolo de Jesus, era um homem dono de um
forte temperamento. Impulsivo, foi o mesmo que deixou as
redes, atendendo um chamado de Jesus, para ser um pescador
de homens. Em várias passagens dos Evangelhos, o caráter de
Pedro é realçado, mostrando que o que ele gostaria ou pretendia
ser no mundo espiritual destoava de suas atitudes intempestivas.
Podemos afirmar categoricamente que Pedro não era um
discípulo convertido.
Nos momentos que antecediam à crucificação de Jesus,
vários dos apóstolos foram avisados por Cristo, Pedro, inclusive:
“Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está
escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho ficarão
dispersas. Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de
vós para Galiléia.” Mateus 26:31e32. Ao que Pedro se precipitou
em responder: “Ainda que venha a ser um tropeço para todos,
nunca o será para mim.” Mateus 26:33. Jesus, em sua
onisciência advertiu-lhe que ele próprio o negaria por três vezes,
antes que cantasse o galo duas vezes. Pedro, pretendendo
mostrar-se firme e não se conhecendo a si mesmo, disse que
morreria pelo Mestre e que jamais o negaria, conforme escrito
no mesmo capítulo, versos 34 e 35.
Pedro, nesses textos, demonstra que realmente ainda não
se convertera, pois, estava realmente envolvido com os ideais de
Cristo, mas, envolvimento apenas não significa
comprometimento com a obra salvadora e redentora de Jesus.
Quando há conversão, há mudança de ideais, de caráter e de
atitudes, Pedro continuava o mesmo. Infelizmente, hoje e em
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todos os tempos, há pessoas nas igrejas que não se
comprometem, apesar de estarem envolvidas até o pescoço com
a liturgia, os rituais e as obras de sua igreja.
Jesus, conhecedor de todas as coisas, falou a Pedro que o
demônio havia reclamado para peneirá-lo como trigo (significa
que tencionava destruí-lo), mas que rogara por ele para que sua
fé aumentasse e que, quando CONVERTESSE, deveria fortalecer
os irmãos. Lucas 22:31 e 32.
A falta de comprometimento de Pedro com a vida
espiritual era tão aparente, que não se dava conta da fragilidade
e da inconsistência de sua fé. Mostrava-se, entretanto, um
homem cheio de arroubos, sanguíneo, que não avaliava as
consequências de suas afirmações: “Senhor, estou pronto para ir
contigo, tanto para a cadeia, como para a morte.” Lucas 22:33.
Se fosse a expressão da verdade, teria se mostrado fiel àquele
que o tentava resgatar para uma vida transformada e
transformadora.
Quando os soldados vieram prender Jesus, Pedro feriu o
servo do sumo sacerdote com uma espada e cortou-lhe a orelha
direita, mas Jesus lhe tocou e o curou. Esse ato, com o qual
pretendia demonstrar fidelidade, provou estar ele longe do
ensinamento cristão sobre oferecer a outra face e perdoar.
Ignorava que convinha que o Cristo padecesse, que o cálice da
dor, da maldade humana e do sofrimento não poderia jamais ser
afastado.
Conforme o relato bíblico, confirmando o que Jesus
dissera, Pedro fugiu juntamente com os outros discípulos e
seguia a Cristo de longe. Quantas vezes, também nós seguimos a
Cristo de longe, para não nos comprometermos com o evangelho
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e com as consequências que essa opção acarreta, de ser um
verdadeiro mordomo do reino celestial?
Não satisfeito, em seguida, os escarnecedores fizeram
uma fogueira no pátio e se sentaram ao redor, entre eles, Pedro,
que, ao ser reconhecido, negou que conhecesse Jesus, que não
era ele quem estava ao lado dEle no jardim e até sua própria
origem ele negou, quando disse não ser um Galileu. Não era nem
a sombra do que se referia ao Mestre como um Santo de Deus.
Quando se lembrou das palavras de Jesus sobre a negação,
chorou amargamente, seu arrependimento foi profundo. Nesse
momento, a verdadeira transformação aconteceu, mudança que
renderiam duas epístolas maravilhosas, que mostram que o
milagre da transformação é o mais valioso que pode acontecer a
um ser vivente.
Como Jesus já havia sido sepultado e nenhum fato novo
havia acontecido, Pedro e alguns dos discípulos, voltaram a
pescar no mar de Tiberíades. Jesus apareceu e foi reconhecido
por eles que nada haviam pescado até o momento. Jogaram
novamente as redes que transbordaram, depois do comando do
Mestre ressurreto.
Outra prova da mudança foi a arguição de Jesus a Pedro
que, por três vezes, perguntou se ele O amava. Até que o
discípulo, convertido, confirmou que O amava pelo mesmo
número de vezes que O negara. Mas, não escondeu sua tristeza
por ter insistido na mesma pergunta como se dele Jesus
duvidasse. Foi nesse momento que foi convocado a apascentar e
pastorear as ovelhas de Deus.
As epistolas revelam agora um cristão valente, nada
violento, amoroso, consciente, desempenhando seu santo
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sacerdócio, pregando o amor fraternal, o amor a Deus sem
limites e se dizendo “testemunha dos sofrimentos de Cristo e co-
participante da glória que vai ser revelada”. Exorta o cristão a
viver uma vida reta, ao estudo e aplicação dos ensinamentos das
Sagradas Escrituras e a crescer com Cristo, assim como a ele
sucedeu.
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