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Pe. Melico Cndido Barbosa *31.07.1913 08.10.1982
Prezados irmos em Dom Bosco:
No dia 8 de outubro de 1982 falecia na cidade de Campinas o benemrito salesiano
Pe. Melico Cndido Barbosa. Por motivos vrios sua carta morturia no foi escrita. O
sr. Pe. Inspetor encarregou-me de escrev-la. Fao com muito carinho, levado no
somente pelo afeto de irmo de Congregao mas tambm pela gratido devida a
um meu antigo assistente e professor.
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TRAOS BIOGRFICOS
Nasceu o nosso irmo no dia 31 de julho de 1913 em Ribeiro Vermelho (SP).
Seus pais foram Joaquim Cndido Barbosa e Rita Anastsia dos Santos. Adolescente
foi matriculado no Liceu Corao de Jesus, onde fez todo o ginsio. No fim do curso,
sentindo o chamado de Deus, foi para o noviciado em Campinas, onde sob a direo
do Pe. Agenor Pontes foi-se impregnando do esprito salesiano que o orientar por
toda a vida. Professa em 28 de janeiro de 1934. Aps o curso de filosofia torna-se
assistente em Lavrinhas, continuando esse trabalho na cidade do Rio Grande. Termi-
nados os estudos de teologia ordenado padre no dia 8 de dezembro de 1942, sendo
ordenante o inesquecvel arcebispo D. Jos Gaspar de Afonseca e Silva. Trabalha
como conselheiro escolar no seu antigo colgio, o Liceu. Dois anos depois nomeado
diretor da Escola Agrcola Cel. Jos Vicente de Lorena. No mesmo cargo trabalha por
seis anos na cidade do Rio Grande. Em seguida vem para So Paulo como diretor da
casa do Bom Retiro. A fica um ano sendo transferido ainda como diretor para
Campinas, no Liceu Nossa Senhora Auxiliadora. Governa essa casa por seis anos. Aps
passar alguns anos como professor no Liceu de So Paulo, em 1967 volta para
Campinas (Liceu) onde fica at morte, como confessor, professor e vigrio
paroquial.
PERSONALIDADE DO PE. MELICO
O homem De porte robusto, com voz proporcionada, impunha-se logo
primeira vista, dando um pouco de sujeio. Mas aps um contato mais prolongado
descobria-se um corao enorme com o seu corpanzil. Carter nervoso, dificilmente
se calava perante algum abuso ou desobedincia ou desordem que pudesse
perturbar a vida do colgio ou humilhar a autoridade. Porm, passado o momento
voltava a ser o homem brincalho que perdoava e at comentava chistosamente o
acontecido. Tinha o culto da responsabilidade. Lembra-me bem quando da revoluo
de 1932, os aspirantes de Lavrinhas tinham sido transferidos para o Liceu de So
Paulo. Entre as coisas que nos causavam admirao estava a figura de um moo alto,
elegante e srio que fungia de vice assistente da diviso dos maiores. Era o nosso Pe.
Melico, respeitadssimo pelos seus companheiros. Como estudante de teologia, no
quarto ano, foi nomeado assistente dos seus colegas. Sabemos que ambiente difcil e
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exigente seja esse. Pe. Melico agradou a colegas e superiores, pelo seu equilbrio e
bom senso.
O religioso Embora no tivesse feito o aspirantado, tendo vivido num
ambiente como era o ento internato do Liceu, ficara embudo do esprito salesiano
de tal maneira que se podia dizer ser ele uma segunda natureza do nosso irmo.
Para defender esse esprito chegava algumas vezes a ser rude. Como diretor, dando
as aulas de Testamentinho aos tirocinantes, transformava essa numa aula de
pedagogia salesiana e num exame de conscincia sobre a atuao do esprito
salesiano no andamento da casa. Vivia aquilo que Dom Bosco escrevera: "Deve o
diretor consagrar-se totalmente aos seus educandos; jamais assuma compromissos
que o afastem de suas funes". Obedientssimo s determinaes dos superiores,
embora algumas vezes essas determinaes pudessem vir de encontro com a sua
maneira de ver ou de agir. No somente se preocupava com o seu colgio mas
tambm com as casas da inspetoria. Quando via algumas passando por necessidade,
procurava ir em seu auxlio. Nos incios da Escola So Jos quantas vezes um
caminho enviado pelo Pe. Melico, vinha trazer os alimentos necessrios para a
crianada pobre do internato. Sabendo que Lavrinhas passava por dificuldades
ofereceu ao Pe. Inspetor de ento, aprovisonar o aspirantado dos alimentos
necessrios.
O sacerdote O seu sacerdcio ele o exerceu principalmente na ctedra e no
confessionrio. J em Lavrinhas quando das aulas de histria natural e geografia, a
gente reparava que nunca deixava de arrumar um jeito para um pensamento
religioso. Nas vsperas de festas, seguindo uma tradio salesiana, nos fazia uma
exortao sobre o mistrio ou o santo comemorado. Mas sempre com uma palavra
amena e at com certo humor de tal maneira que tirava o aspecto de formalismo
para ser algo de vital. Suas boas noites para os alunos eram sempre uma mensagem
tirada ou dos acontecimentos do dia, ou do Evangelho ou da vida de nosso pai Dom
Bosco. Como vigrio paroquial seu trabalho principal era no confessionrio. Amava
esse apostolado. Entrando algum no Santurio do Liceu, estava certo de encontrar o
Pe. Melico para dar uma bno, uma orientao ou atender a confisso. Fidelssimo
ao cargo e ao horrio.
Sua morte Em 1967 celebrou suas bodas de prata sacerdotais. Embora j com
a sade um pouco abalada ainda dava suas aulas. Mas o peso dos anos e o declnio
da sade o obrigaram a deixar o magistrio que ele tanto amava. Dedicou-se
totalmente ao ministrio. Nos incios de 1982 os achaques aumentaram. No ms de
setembro internou-se no hospital Samaritano, onde pde receber maiores cuidados.
No fim do ms saiu do hospital bem melhor, iniciando o perodo de convalescena.
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Mas na noite do dia 8 de outubro durante o sono o anjo da morte veio busc-lo, aps
40 anos de sacerdcio e 48 de vida salesiana. Dizem bem as constituies: "A
lembrana dos irmos falecidos une na caridade, que no passa, os que so ainda
peregrinos aos que j repousam em Cristo". Que essa lembrana seja traduzida em
oraes de sufrgios pelo nosso saudoso Pe. Melico.
O irmo em Dom Bosco
Pe. Joo Modesti
DADOS PARA O NECROLGIO:
Pe. Melico Cndido Barbosa
* 31/07/1913 Ribeiro Vermelho (SP)
08/10/1982 Campinas (SP) com
48 anos de profisso e
40 de sacerdcio
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