UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS – PPGCA
(MESTRADO)
PENTATOMOIDEA (INSECTA: HEMIPTERA) EM FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA
CATARINA
Tanise Boeira Pelegrini Bertolin
CRICIÚMA (SC), 2007
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PENTATOMOIDEA (INSECTA: HEMIPTERA) EM FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA CATARINA
Tanise Boeira Pelegrini Bertolin
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais – PPGCA, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.
Área de Concentração: Ecologia e Gestão de Ambientes Alterados
Orientador : Prof. Dr. Luiz Alexandre Campos
CRICIÚMA (SC), 2007
iii
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
F B546p Bertolin, Tanise Boeira Pelegrini.
Pentatomoidea (Insecta: Hemiptera) em fragmentos de Mata Atlântica no Sul de Santa Catarina / Tanise Boeira Pelegrini Bertolin; orietador: Luiz Alexandre Campos. – Criciúma : Ed. do autor, 2007. 62 f. : il. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo
Sul Catarinense, Criciúma, 2007. 1. Inseto – Populações. 2. Hemiptera. 3. Plantas hospedeiras. I. Título.
CDD. 21ª ed. 595.7
Bibliotecária Rosângela Westrupp – CRB 364/14ª - Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Júlio e a Camila, pela compreensão e apoio.
A Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, pela oportunidade de
realizar o mestrado.
Ao Prof. Dr. Luiz Alexandre Campos, pela orientação, acompanhamento e
oportunidades de aprendizado.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais,
em especial ao Prof. Dr. Jairo Zocche, Profª. Drª. Vanilde Citadini Zanette e Profª.
Drª. Birgit Harter-Marques, pela contribuição na realização da dissertação.
Aos meus colegas do Laboratório de Biogeografia e Sistemática de Insetos,
pelo apoio, auxílio às coletas e companheirismo.
Ao meu amigo Samuel, que esteve sempre pronto a me ajudar durante esta
caminhada.
A toda minha família, pelo reconhecimento e incentivo, especialmente ao
meu irmão Tiago que contribuiu dando auxílio às coletas.
A todos aqueles que, de alguma forma, ajudaram na realização da
dissertação.
v
RESUMO
Este trabalho está dividido em dois capítulos, o primeiro trata da composição e a variação sazonal de Pentatomoidea (Hemiptera) avaliada entre setembro de 2005 e agosto de 2006 em três fragmentos de Mata Atlântica na região sul do Estado de Santa Catarina (Brasil): Parque Ecológico José Milanese (Criciúma), Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá) e Balneário Morro dos Conventos (Araranguá). Foram realizadas coletas mensais ao longo de trilhas em borda de mata nestas áreas utilizando guarda-chuva entomológico, rede de varredura e inspeção visual. Para um esforço amostral de 108 horas foram coletados 595 indivíduos, distribuídos em 4 famílias, 29 gêneros e 50 espécies. Entre as famílias encontradas, Pentatomidae foi a mais abundante com 492 espécimes (82,69%) seguida de Corimelaenidae (15,97%), Scutelleridae (0,84%) e Tessaratomidae (0,50%). Pentatomidae também apresentou a maior riqueza com 38 espécies. As espécies mais abundantes foram Mormidea notulifera Stål, Oebalus ypsilongriseus (De Geer), Arvelius albopunctatus (De Geer), Edessa subrastrata Bergroth, Galgupha schulzii Fabricius e Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer). O período de maior captura foi entre o final da primavera e início do outono, representando 71,76% do total coletado. As áreas foram comparadas por meio do cálculo de índices de diversidade, de similaridade e de curvas de rarefação. A área que apresentou os maiores valores de diversidade foi o Balneário Morro dos Conventos H’ = 2,81 (índice de Shannon-Wiener) e D = 13,14 (índice de Simpson) devido ao elevado número de espécies raras, ou seja, 67,85% das espécies encontradas são pouco freqüentes. Este estudo retrata a primeira avaliação da diversidade de Pentatomoidea em habitat natural para o estado de Santa Catarina. O segundo capítulo apresenta a associação entre os percevejos-de-plantas e as espécies vegetais avaliada entre setembro de 2005 e agosto de 2006 e teve como objetivo conhecer as plantas silvestres utilizadas pelos percevejos da superfamília Pentatomoidea nos fragmentos florestais Parque Ecológico José Milanese (Criciúma) e Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá). Foram realizadas coletas mensais ao longo de trilhas nas bordas de mata utilizando o método guarda-chuva entomológico. Foram coletados 152 indivíduos, distribuídos em duas famílias, 18 gêneros e 22 espécies, associadas a aproximadamente 50 espécies vegetais pertencentes a 27 famílias. Entre as famílias de percevejos-de-plantas, Pentatomidae foi a mais abundante, com maior riqueza de espécies e riqueza genérica. As espécies mais abundantes foram Edessa subrastrata seguida de Galgupha schulzii, Arvelius albopunctatus, Agroecus scabricornis e Mormidea notulifera que juntos somam 67,11% dos indivíduos capturados. No total foram registradas 80 associações entre espécies de percevejos-de-plantas e espécies vegetais. Dentre as plantas hospedeiras mais importantes quanto às associações destacam-se as famílias Asteraceae, Bignoniaceae e Euphorbiaceae e as espécies Solanum pseudocapsicum L., Mikania micrantha Kunth, Vernonia scorpioides (Lam.) Pers., Colea pinnatifolia Luetzelb. e Alchornea triplinervia (Spreng.) Muell. Arg.. Em ambas as áreas mais de 50% das espécies de percevejos estão associados a uma única planta hospedeira.
vi
ABSTRACT
This research is divided in two chapters, the first about the composition and the sazonal variation of Pentatomoidea (Hemiptera) evaluated between september 2005 and august 2006 in three fragments of Atlantic Forest in the southern region of the State of Santa Catarina (Brazil): Parque Ecológico Jose Milanese (Criciúma), Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá) and Balneário Morro dos Conventos (Araranguá). Monthly collections throughout tracks in bush edge had been carried through in these areas using beating tray, sweeping nets and visual inspection. After an effort of 108 hours 595 individuals were collected, distributed in 4 families, 29 genera and 50 species. Among the families found, Pentatomidae was the most abundant with 492 specimens (82.69%) followed by Corimelaenidae (15.97%), Scutelleridae (0.84%) and Tessaratomidae (0.50%). Pentatomidae also presented the greatest richness with 38 species. The most abundant species were Mormidea notulifera Stål, Oebalus ypsilongriseus (De Geer), Arvelius albopunctatus (De Geer), Edessa subrastrata Bergroth, Galgupha schulzii Fabricius and Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer). The greatest capture period was between the end of the spring and the beginning of autumn, representing 71.76% of the total collected. The areas were compared by the calculation of diversity and similarity indices and curves of rarefaction. The area that presented the largest values of diversity was Balneário Morro dos Conventos with H ' = 2.81 (Shannon-Wiener index) and D = 13.14 (Simpson index) due to the high number of rare species, 67.85% of the found species are little frequent. This study portrays the first evaluation of the Pentatomoidea diversity in natural habitat for the State of Santa Catarina. The second chapter presents the association among stinkbug and plant species evaluated between september 2005 and august 2006 with the aim to know the wild plants used by stinkbug of the Pentatomoidea superfamily in the forest fragments Parque Ecológico Jose Milanese (Criciúma) and Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá). Monthly collections throughout tracks in bush edge had been carried using beating tray; 152 individuals were collected, distributed in two families, 18 genera and 22 species, associated with approximately 50 plant species pertaining to 27 families. Among the families of stinkbug, Pentatomidae was the most abundant, with greatest values of species and generic richness. The most abundant species were Edessa subrastrata, Galgupha schulzii, Arvelius albopunctatus, Agroecus scabricornis and Mormidea notulifera that together form 67.11% of the captured individuals. In the total 80 associations were registered among stinkbug and plant species. Among the host plants the most important families that stands out with respect to the associations are Asteraceae, Bignoniaceae and Euphorbiaceae and the species Solanum pseudocapsicum L., Vernonia scorpioides (Lam.) Pers., Mikania micrantha Kunth, Colea pinnatifolia Luetzelb. and Alchornea triplinervia (Spreng.) Muell. Arg.. In both areas more than 50% species of stinkbug are associated with only one host plant.
SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................... v
ABSTRACT.................................................................................................................. vi
APRESENTAÇÃO........................................................................................................ 9
CAPÌTULO 1 - Diversidade de Pentatomoidea (Hemiptera, Heteroptera) em três
Fragmentos de Mata Atlântica no Sul de Santa Catarina, Brasil.................................
16 Resumo................................................................................................................. 16
Abstract................................................................................................................. 16
Introdução............................................................................................................. 17
Material e Métodos................................................................................................ 19
Áreas de estudo............................................................................................... 19
Amostragem..................................................................................................... 22
Análises dos dados.......................................................................................... 22
Resultados............................................................................................................ 23
Discussão.............................................................................................................. 30
Conclusões............................................................................................................ 32
Agradecimentos.................................................................................................... 33
Referências........................................................................................................... 33
CAPÌTULO 2 - Associações entre Percevejos-de-Plantas (Hemiptera,
Pentatomoidea) e Espécies Vegetais em Fragmentos de Mata Atlântica no Sul de
Santa Catarina, Brasil..................................................................................................
37
Resumo................................................................................................................. 37
Abstract................................................................................................................. 37
Introdução............................................................................................................. 38
Material e Métodos................................................................................................ 39
Áreas de estudo............................................................................................... 39
Amostragem..................................................................................................... 40
Análises dos dados.......................................................................................... 41
Resultados............................................................................................................ 41
Discussão............................................................................................................. 47
Conclusões........................................................................................................... 49
Agradecimentos.................................................................................................... 49
Referências........................................................................................................... 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 53
8
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 55
APÊNDICES................................................................................................................. 59
9
APRESENTAÇÃO
O Bioma Mata Atlântica compreende um conjunto de formações florestais e
ecossistemas associados que incluem a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta
Ombrófila Mista, a Floresta Ombrófila Aberta, a Floresta Estacional Semidecidual, a
Floresta Estacional Decidual, os manguezais, as restingas, os campos de altitude,
os brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste. Originalmente abrangia
total ou parcialmente os estados brasileiros situados ao longo da costa atlântica, do
Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, além de parte dos estados de Mato
Grosso do Sul e Goiás (SCHÄFFER; PROCHNOW, 2002).
A Mata Atlântica é considerada atualmente como um dos mais ricos
conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica do Planeta.
Distribuído ao longo de mais de 23 graus de latitude sul é composto de uma série
de fitofisionomias bastante diversificadas, o que propiciou uma significativa
diversificação ambiental e, como conseqüência, a evolução de um complexo biótico
de natureza vegetal e animal altamente rico (CAPOBIANCO, 2002).
Hoje a Mata Atlântica está reduzida a menos de 8% de sua extensão
original, segundo os resultados recentes do Atlas da Evolução dos Remanescentes
Florestais e dos Ecossistemas Associados no Domínio da Mata Atlântica,
desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais. A dinâmica da destruição foi mais acentuada durante as
últimas três décadas, resultando em alterações severas para os ecossistemas que
compõem o bioma, especialmente pela alta fragmentação de habitat e perda de sua
biodiversidade (RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003).
A fragmentação é o processo no qual um habitat contínuo é dividido em
manchas, fragmentos, mais ou menos isolados (MACARTHUR; LEVINS, 1964). Os
remanescentes florestais são pedaços de floresta dispersos em um território e
segundo Viana (1990), são áreas de vegetação naturais, interrompidas por
barreiras antrópicas (estradas, povoados, culturas agrícolas, pastagens, etc.) ou por
barreiras naturais (montanhas, lagos, outras formações vegetais, etc.) capazes de
diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen ou sementes. Os
remanescentes são afetados por problemas direta e indiretamente relacionados à
fragmentação, tais como o a distância entre os fragmentos ou o grau de isolamento,
o tamanho e a forma do fragmento, o tipo de matriz circundante e o efeito de borda
(BIERREGARD et al., 1992).
10
Dentre as conseqüências mais importantes do processo de fragmentação
florestal pode-se citar a diminuição da diversidade biológica, o distúrbio do regime
hidrológico das bacias hidrográficas, as mudanças climáticas, a degradação dos
recursos naturais e a deterioração da qualidade de vida das populações tradicionais
(VIANA, 1990). Além disso, a fragmentação resulta em remanescentes de
vegetação nativa que se avizinham a usos agrícolas e a outras formas de uso e,
como resultado, o fluxo de radiação, a água e nutrientes dos solos são alterados
significativamente (SAUNDERS; HOBBS; MARGULES, 1991).
A crescente perda da diversidade biológica tem alertado os pesquisadores
para a necessidade de realizar estudos sobre o conhecimento da biodiversidade e a
implementação de medidas adequadas para a conservação (MORENO, 2001). Os
levantamentos faunísticos são as ferramentas básicas para se conhecer essa
diversidade e monitorar tendências ao longo do tempo, seja perante condições
ambientais distintas, seja em resposta aos impactos de processos naturais ou de
atividades humanas (LEWINSOHN; PRADO; ALMEIDA, 2001).
Dentre vários grupos de animais, os insetos têm sido alvo de muitos estudos
de análise faunística com o objetivo de inventariá-los e encontrar subsídios para
que não apenas se conheça a sua diversidade, mas também sirvam de apoio para
a avaliação de condições ambientais (HUMPIIREY et al., 1999). Os insetos são
adequados para uso em estudos de avaliação de impacto ambiental e de efeitos de
fragmentação florestal, pois apresentam elevada densidade populacional, ocupam
diferentes nichos ecológicos, além de possuírem um curto período entre gerações,
o que resulta numa rápida resposta populacional às mudanças ambientais
(ROSENBERG; DANKS; LEHMKUHL, 1986; SOUZA; BROWN, 1994).
Conforme Janzen (1980) os insetos cumprem um papel primordial na
aceleração dos processos de decomposição da matéria vegetal, na realocação de
alguns nutrientes e na determinação da composição florística da comunidade, por
meio do consumo seletivo de algumas espécies. Consomem grandes quantidades
de partes das plantas e, por outro lado, são consumidos por enormes quantidades
de predadores vertebrados, invertebrados, parasitóides, parasitas e transmissores
de agentes patogênicos, determinando assim as relações de estrutura entre vários
organismos. São de extrema importância pelo seu papel no funcionamento dos
ecossistemas naturais atuando como parasitos, fitófagos, predadores, saprófagos,
polinizadores, entre outros (ROSENBERG; DANKS; LEHMKUHL, 1986; SOUZA;
BROWN, 1994; SCHOEREDER, 1997; THOMAZINI; THOMAZINI, 2000).
11
Segundo Brown (1997) os insetos atualmente estão sendo reconhecidos
cada vez mais como fundamentais para a estrutura e funcionamento dos sistemas
ecológicos, sendo um importante elemento a ser preservado. A diversidade e a
sensibilidade a variações ambientais tornam os insetos um grupo especialmente
importante para a conservação. Por isso, os inventários faunísticos de insetos são
fundamentais para gerar conhecimento acerca da diversidade biológica.
Cerca de 25% de todos os macroorganismos conhecidos são insetos
fitófagos. Dentre os hemípteros, a maior ordem hemimetábola, mais de 90% das
espécies são fitófagas (STRONG et al., 1984 apud SCHWERTNER, 2001). Nesta
ordem estão os insetos conhecidos como percevejos-de-plantas, frades ou marias-
fedidas, pertencentes à subordem Heteroptera e à superfamília Pentatomoidea,
apresentando cerca de 5.720 espécies descritas no mundo e 607 no Brasil
(GRAZIA; FORTES; CAMPOS, 1999).
De acordo com Schuh; Slater (1995) a superfamília Pentatomoidea possui
14 famílias, das quais dez apresentam ocorrência na região Neotropical:
Acanthosomatidae, Canopidae, Corimelaenidae, Cydnidae, Dinidoridae,
Megarididae, Pentatomidae, Phloeidae, Scutelleridae e Tessaratomidae. A família
Pentatomidae é uma das mais importantes em número de espécies, reunindo cerca
de 4.100 espécies em 760 gêneros e é a quarta família mais diversa dos
heterópteros, com ampla distribuição mundial (GRAZIA; FORTES; CAMPOS,
1999).
Os pentatomóideos são insetos exclusivamente terrestres de tamanho
variável entre 2 a 20mm e corpo geralmente ovalado. A coloração escura, castanha
ou negra ocorre na maioria das famílias, entretanto a coloração viva, às vezes
brilhante e até iridescente, constituindo a chamada coloração aposemática, pode
ocorrer em alguns grupos. Os fleídeos (Phloeidae) vivem sobre a casca de árvores
e cujas margens da cabeça e dos segmentos abdominais se expandem em grandes
lobos achatados, tornando o inseto quase indistinto do substrato (SCHUH;
SLATER, 1995).
Os pentatomídeos em geral emitem um odor desagradável ao serem
perturbados e são facilmente reconhecidos por terem antenas de cinco segmentos
e o escutelo grande e triangular. A grande maioria possui hábitos fitófagos, se
alimentando de diversas partes da planta; a subfamília Asopinae apresenta hábitos
predadores. Entre os fitófagos há registro de várias espécies que constituem pragas
de plantas cultivadas e entre os predadores algumas espécies têm ação efetiva
12
como controladores biológicos de pragas (GRAZIA; FORTES; CAMPOS, 1999). A
fitofagia parece ser a condição ancestral compartilhada por todos os
pentatomomorfos: muitos se alimentam de sementes ou de frutos em
desenvolvimento ou até flores, mas a grande maioria se nutre pela extração da
seiva das plantas diretamente do sistema vascular, particularmente do floema
(SCHUH; SLATER, 1995).
As plantas hospedeiras são importantes recursos alimentares para o
desenvolvimento das ninfas e a reprodução dos insetos adultos, além de servirem
de abrigo (PANIZZI, 1997). Os levantamentos de insetos fitófagos em plantas
hospedeiras contribuem para o reconhecimento de um segmento importante e
diversificado das biotas locais e regionais, sendo possíveis diversos tipos de
estimativas de riqueza de espécies, mesmo a partir de uma lista reconhecidamente
incompleta (LEWINSOHN; PRADO; ALMEIDA, 2001). Há diversos trabalhos
publicados envolvendo a comunidade de Pentatomoidea relacionada a
agroecossistemas, mas são poucos os inventários ou levantamentos faunísticos
desses insetos no seu habitat natural.
Grazia; Becker (1977) realizaram um estudo da fauna de Pentatomoidea
coletada em três diferentes ecossistemas na Guiana Francesa: savana, floresta e
região costeira; as autoras identificaram 130 espécimes distribuídos nas famílias
Corimelaenidae, Pentatomidae e Scutelleridae.
No México, Brailovsky (1987) estudou a família Pentatomidae na Estação
Biológica “Los Tuxtlas” (Veracruz) e registrou 5.000 indivíduos distribuídos em 59
espécies e 26 gêneros.
Na Indonésia, Casson; Hodkinson (1991) investigaram quantitativamente a
composição da comunidade Hemiptera dentro da floresta tropical Dummong-Bone
no Parque Nacional em Sulawesi. Neste estudo foram exploradas as relações entre
os hemípteros capturados usando diferentes técnicas de amostragem e
examinando a variação temporal e espacial da comunidade. Apenas a família
Cydnidae foi representada dentre os pentatomóideos.
Bryja; Kula (2000) estudaram a estrutura e biodiversidade da comunidade de
Heteroptera no norte da Bohemia na República Checa, avaliando a comunidade em
diferentes condições de habitat e as medidas de biodiversidade que integram a
riqueza das espécies e a heterogeneidade da comunidade. A superfamília
Pentatomoidea foi representada por quatro famílias, Acanthosomatidae, Cydnidae,
Pentatomidae e Scutelleridae.
13
Também na República Checa, Kula; Bryia (2002) realizaram um estudo
comparando vários métodos de amostragem na avaliação da diversidade dos
heterópteros em três ambientes de floresta. Dentre os pentatomóideos foram
registradas as famílias Acanthosomatidae, Pentatomidae e Scutelleridae.
Na costa leste da Austrália, Andrew; Hughes (2005) avaliaram a riqueza e
estrutura da comunidade dos hemípteros fitófagos em relação ao gradiente
latitudinal, identificando a importância das espécies raras e elaborando uma
hipótese sobre como os hemípteros fitófagos podem responder à mudança do
clima. Todos os insetos coligidos durante dois anos de monitoramento foram
obtidos de uma única planta hospedeira, Acacia falcata Willd. Da superfamília
Pentatomoidea apenas Pentatomidae foi representada.
No Brasil, Paula; Ferreira (1998) realizaram um levantamento da diversidade
de heterópteros utilizando armadilhas luminosas em mata ciliar em Viçosa (MG). A
comunidade de Pentatomoidea foi representada pelas famílias Pentatomidae com
1.382 indivíduos e Cydnidae com 1.334 indivíduos.
Na região sul, Gastal; Lanzer-de-Souza; Galileo (1981) investigaram a
diversidade da comunidade de pentatomídeos na grande Porto Alegre (RS),
utilizando armadilha luminosa e avaliando a riqueza e similaridade das espécies.
Bonatto (1984) realizou um levantamento faunístico da superfamília
Pentatomoidea nas matas e campos da Estação Ecológica do Taim (RS). Foram
coletados 1.063 indivíduos de Pentatomidae e 148 indivíduos de Cydnidae.
Link; Grazia (1987) realizaram um estudo na região de Santa Maria (RS) e
registraram 77 espécies de pentatomídeos com 16 registros novos de ocorrência e
informações da relação entre percevejos e plantas hospedeiras.
Costa; Borgoni; Bellomo (1995) efetuaram um estudo no município de São
Sepé (RS) com o objetivo de conhecer as espécies de Pentatomidae e suas
respectivas plantas hospedeiras. Foram obtidos 10 espécies distribuídas em 7
diferentes plantas hospedeiras.
Grazia et al. (2004) estudaram as plantas utilizadas por percevejos-do-mato
(Pentatomoidea) nas localidades de Barra do Ouro, município de Maquiné e no
Parque Estadual de Itapuã, município de Viamão (RS). A metodologia empregada
foi a inspeção visual da vegetação adjacente às trilhas. Foram encontradas 17
espécies de percevejos sendo 14 da família Pentatomidae e 3 da família
Corimelaenidae e houve registro de 19 espécies vegetais hospedeiras.
14
Bunde (2005) realizou um estudo com objetivo de conhecer a fauna de
percevejos-do-mato do bioma Campos Sulinos, avaliando riqueza de espécies,
abundância e similaridade da fauna nos municípios de Canguçu e Caçapava do Sul
(RS). A metodologia adotada foi guarda-chuva entomológico e rede de varredura
em três trilhas de cada local. Foram coletados 334 indivíduos de 47 espécies
distribuídos nas famílias Pentatomidae (269 espécimes), Corimelaenidae (43),
Scutelleridae (13), Acanthosomatidae (6) e Megarididae (3).
Schmidt; Barcellos (2007) realizaram um inventário da superfamília
Pentatomoidea em remanescente de Floresta Pluvial Subtropical do Alto Uruguai,
no Parque Estadual do Turvo (RS). A metodologia empregada foi guarda-chuva
entomológico ao longo de duas trilhas nas bordas de mata. Foram amostrados 817
espécimes de Pentatomoidea, pertencentes a 7 famílias, sendo a família
Pentatomidae a mais abundante com 651 espécimes.
Ainda para o Rio Grande do Sul, Barcellos (2005) estudou a fauna de
Pentatomoidea em termos de composição, abundância e riqueza de espécies em
duas áreas na planície costeira, Butiazais de Tapes e Lagoa do Casamento, com
seus ecossistemas associados. Foi coletado um total de 438 indivíduos de 55
espécies, distribuídas nas famílias Pentatomidae, Scutelleridae, Cydnidae,
Cyrtocoridae e Megarididae.
Estudos relacionados com a diversidade de pentatomóideos em formações
vegetais nativas no estado de Santa Catarina são inexistentes, havendo
conseqüentemente uma carência de coleções científicas e de dados faunísticos
sobre o grupo. Além disso, não são conhecidas as relações da fauna do grupo com
a flora local e, embora para outras regiões biogeográficas existam estudos
faunísticos enfocando a interação entre diversidade florística e diversidade de
Heteroptera (BRYJA; KULA, 2000; KULA; BRYJA, 2002; GIULIO; EDWARDS 2003,
HELDEN; LEATHER, 2004), o conhecimento sobre este aspecto da ecologia das
comunidades de Pentatomoidea é rudimentar, assim como seu possível uso no
biomonitoramento.
No presente trabalho buscou-se conhecer e caracterizar a comunidade de
Perntatomoidea e as associações entre as espécies desta superfamília e as
espécies de plantas silvestres em três fragmentos de Mata Atlântica no sul de
Santa Catarina. O registro da diversidade de pentatomóideos nos remanescentes
de Mata Atlântica ampliará o conhecimento da biodiversidade existente na região,
proporcionando informações para futuros estudos com vistas ao monitoramento
15
ambiental. Considerando-se ainda o estado atual de degradação do bioma Mata
Atlântica, a necessidade de se avaliar mudanças nos seus ecossistemas e a
carência de estudos faunísticos na região, o presente trabalho reveste-se de
especial importância contribuindo dessa forma para a conservação dos
remanescentes desse bioma na região.
16
CAPÍTULO 1
DIVERSIDADE DE PENTATOMOIDEA (HEMIPTERA, HETEROPTER A)
EM TRÊS FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANT A
CATARINA, BRASIL
Bertolin, T. B. P.; Martins, F. S.; Teixeira. R. A.; Stone, J. V.; Campos, L. A.
Resumo
A composição e a variação sazonal da fauna de Pentatomoidea (Hemiptera) foi avaliada entre setembro de 2005 e agosto de 2006 em três fragmentos de Mata Atlântica na região sul de Santa Catarina (Brasil): Parque Ecológico José Milanese (Criciúma), Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá) e Balneário Morro dos Conventos (Araranguá). Foram realizadas coletas mensais ao longo de trilhas em borda de mata nestas áreas utilizando guarda-chuva entomológico, rede de varredura e inspeção visual. Para um esforço amostral de 108 horas foram coletados 595 indivíduos, distribuídos em 4 famílias, 29 gêneros e 50 espécies. Entre as famílias encontradas, Pentatomidae foi a mais abundante com 492 espécimes (82,69%) seguida de Corimelaenidae (15,97%), Scutelleridae (0,84%) e Tessaratomidae (0,50%). Pentatomidae também apresentou a maior riqueza com 38 espécies. As espécies mais abundantes foram Mormidea notulifera Stål, Oebalus ypsilongriseus (De Geer), Arvelius albopunctatus (De Geer), Edessa subrastrata Bergroth, Galgupha schulzii Fabricius e Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer). O período de maior captura foi entre o final da primavera e início do outono, representando 71,76% do total coletado. As áreas foram comparadas por meio do cálculo de índices de diversidade, de similaridade e de curvas de rarefação. A área que apresentou os maiores valores de diversidade foi o Balneário Morro dos Conventos H’ = 2,81 (índice de Shannon-Wiener) e D = 13,14 (índice de Simpson) devido ao elevado número de espécies raras, ou seja, 67,85% das espécies encontradas são pouco freqüentes. Este estudo retrata a primeira avaliação da diversidade de Pentatomoidea em habitat natural para o estado de Santa Catarina. Palavras-chave: Pentatomoidea, biodiversidade, ecologia de comunidades, Mata Atlântica.
Abstract
The composition and the sazonal variation of fauna Pentatomoidea (Hemíptera) was evaluated between september 2005 and august 2006 in three fragments of Atlantic Forest in the southern region of the State of Santa Catarina (Brazil): Parque Ecológico Jose Milanese (Criciúma), Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá) and Balneário Morro dos Conventos (Araranguá). Monthly collections throughout tracks in bush edge had been carried through in these areas using beating tray, sweeping nets and visual inspection. After an effort of 108 hours 595 individuals were collected, distributed in 4 families, 29 genera and 50 species. Among the families found, Pentatomidae was the most abundant with 492 specimens (82.69%) followed by Corimelaenidae (15.97%), Scutelleridae (0.84%) and Tessaratomidae (0.50%).
18
Os insetos são fundamentais para a estrutura e funcionamento dos
ecossistemas terrestres e têm sido alvo de inventários e estudos faunísticos com o
objetivo de encontrar subsídios para que não apenas se conheça a sua diversidade,
mas também sirvam de apoio para avaliação de condições ambientais (HUMPIIREY
et al., 1999). A diversidade e a sensibilidade a variações ambientais tornam os
insetos um grupo especialmente importante para a conservação (BROWN, 1997) e
os levantamentos de insetos fitófagos, em particular, contribuem para o
reconhecimento de um segmento importante e diversificado das biotas locais e
regionais, sendo possíveis diversos tipos de estimativas de riqueza de espécies,
mesmo a partir de uma lista reconhecidamente incompleta (LEWINSOHN et al.,
2001).
Os pentatomóideos (Hemiptera, Pentatomoidea) são insetos exclusivamente
terrestres de tamanho variável entre 2 a 20mm, sendo encontrados em todos os
continentes e popularmente conhecidos como percevejos-de-plantas. Segundo
Schuh; Slater (1995) na região Neotropical ocorrem 10 famílias: Acanthosomatidae,
Canopidae, Corimelaenidae, Cydnidae, Dinidoridae, Megarididae, Pentatomidae,
Phloeidae, Scutelleridae e Tessaratomidae. Apresentam cerca de 5.720 espécies
descritas no mundo e 607 para o Brasil; a grande maioria possui hábitos fitófagos,
alimentando-se de diversas partes da planta e as espécies da subfamília Asopinae
(Pentatomidae) apresentam hábitos predadores (GRAZIA; FORTES; CAMPOS,
1999).
Os primeiros estudos abordando a taxocenose de Pentatomoidea no Brasil
foram desenvolvidos no Rio Grande do Sul em diferentes formações vegetais,
porém não incluindo o Bioma Mata Atlântica (GRAZIA et al., 2004; BUNDE, 2005;
BARCELLOS, 2005; SCHMIDT; BARCELLOS, 2007). Para Santa Catarina não há
dados ecológicos da fauna desta superfamília, sendo que os poucos dados
existentes são taxonômicos ou de ocorrência de espécies de interesse agrícola,
estando dispersos na literatura especializada. Neste sentido o presente trabalho é
pioneiro no estudo da diversidade de pentatomóideos no Estado de Santa Catarina
e associados à Mata Atlântica.
Os objetivos deste estudo foram conhecer e analisar a comunidade de
Pentatomoidea em três fragmentos de Mata Atlântica com diferentes fisionomias no
sul de Santa Catarina, avaliando composição, abundância e riqueza de espécies,
bem como a similaridade entre as áreas e a variação sazonal, contribuindo assim
19
com informações que poderão servir como subsídio para o monitoramento e a
conservação de fragmentos florestais na região.
Material e Métodos
Áreas de estudo . O presente estudo foi desenvolvido em três localidades
no sul de Santa Catarina na região de domínio da Floresta Ombrófila Densa
(Fig. 1): Parque Ecológico José Milanese, Criciúma (JM, 28°41'23”S 49°25'55”W;
altitude de 34m); Parque Ecológico de Maracajá, Maracajá (PM, 28°52'51”S
49°27'59”W; altitude de 30m) e Balneário Morro dos Conventos, Araranguá (MC,
28°56'05”S 49°21'47”W; altitude de 80m). A distânci a aproximada entre JM e PM é
de 21,3 km; entre JM e MC é de 28,1 km e entre PM e MC é de 11,8 km. O clima
desta região segundo sistema de classificação de Köeppen é Cfa, ou seja, clima
subtropical úmido com verão quente (EPAGRI: CIRAM, 2001).
Geomorfologicamente o extremo sul do estado de Santa Catarina aflora por
cerca de 20.000 km2, entre o Oceano Atlântico, a leste, e as coberturas
fanerozóicas da Bacia do Paraná, a oeste. Tem seu arcabouço estruturado por
terrenos arqueanos, recortados por unidades do Paleoproterozóico a
Mesoproterozóico e por associações vulcano-sedimentares e granitóides datados
do Neoproterozóico ao Eopaleozóico (SILVA, 2000). Existem diversos tipos de solo,
em sua maioria os argissolos e alissolos que são constituídos por material mineral
que tem como características diferenciais argila de atividade baixa, além dos
cambissolos, gleissolos, nitossolos, organossolos e também os neossolos
quartzarênicos sendo encontrados ao longo de todo o litoral (EPAGRI: CIRAM,
2001).
O Parque Ecológico José Milanese é um fragmento com 7,7 ha de Floresta
Ombrófila Densa Submontana. De acordo com Teixeira et al. (1986) e Sevegnani
(2002) a formação Submontana encontra-se entre altitudes de 30 a 400m, desde
áreas planas até áreas acidentadas, apresentado árvores com altura de 25 a 30m
com copas largas e densas e os solos são bem drenados e com profundidade
variável recebendo nutrientes da decomposição acelerada da serapilheira. O
parque está localizado na zona urbana da cidade de Criciúma, no bairro Mina
União.
O Parque Ecológico de Maracajá é uma Unidade de Conservação em nível
municipal com 112 ha de mata nativa. Encontra-se em cotas de altitude abaixo de
20
30m e reveste sedimentos de origem fluvial, marinha e lacustre, por isso são áreas
sujeitas a inundações periódicas devido ao relevo plano e de difícil drenagem. Por
se encontrar entre a restinga e a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas é
composta por espécies vegetais das duas formações, se caracterizando como uma
formação ecótona (LEITE; KLEIN, 1990; SCHÄFFER; PROCHNOW, 2002). O
parque é circundado por plantações de arroz e limita-se a sudeste com a BR 101.
O Balneário Morro dos Conventos localiza-se entre a foz do rio Araranguá e
o Balneário Arroio do Silva, ocupando 7 km2 de costa e o local amostrado
representa um encrave de aproximadamente 25 ha de Floresta Ombrófila Densa
Submontana posicionado sobre uma paleofalésia a 80 m de altitude, circundado por
cerca de 30 ha de vegetação de restinga. Apresenta cobertura Sedimentar
Quarternária, constituída por depósitos fracamente consolidados de areias, siltes,
argilas ou conglomerados (SANTA CATARINA, 1991). Na restinga há diferentes
tipos de vegetação, variando desde formações herbáceas, passando por formações
arbustivas, abertas ou fechadas, chegando a florestas cujo dossel varia em altura,
geralmente não ultrapassando os 20m (SILVA, 1999). Essa área apresenta
visitação turística, especialmente no verão, sofrendo forte pressão pela passagem
de pessoas devido a ausência de delimitação de trilhas.
21
Figura 1 . Mapa do Brasil com a localização do estado de Santa Catarina e a
imagem de satélite das áreas amostradas. Criciúma (JM); Maracajá (PM); Araranguá (MC). Fonte: Fotos por satélites EMBRAPA
PM
MC
JM
22
Amostragem . Foram feitas coletas mensais nas três áreas entre setembro
de 2005 a agosto de 2006, no período das 8h às 12h. Os pentatomóideos foram
coletados ao longo de trilhas nas bordas de mata. O esforço amostral foi medido
por horas amostradas, sendo duas horas de coleta com o uso de guarda-chuva
entomológico e uma hora com rede de varredura, num total de três horas de coleta
para cada área. No decorrer destas três horas de captura utilizou-se também o
método de inspeção visual.
Utilizou-se um guarda-chuva entomológico de 1m² para amostrar a
vegetação arbustivo-arbórea com ramos entre 0,5m e 2m de altura do solo. A
primeira árvore da trilha foi escolhida e as demais sorteadas com auxílio de um
dado. A amostra foi obtida através de cinco batidas nos ramos sobre o guarda-
chuva aberto; em seguida o material foi triado e acondicionado em potes
identificados para posterior sacrifício e análise em laboratório.
A rede entomológica de varredura media 35cm de diâmetro e foi utilizada
para amostrar a vegetação herbácea e subarbustiva. A amostra foi obtida através
de golpes com a rede na vegetação em movimentos de avanço contido a cada 20
passos, quando o material coletado na rede era transferido para sacos plásticos de
30L, no qual se colocava um chumaço de algodão contendo acetato de etila para
sacrificar os insetos evitando a predação e possível perda de espécimes.
A inspeção visual foi realizada na vegetação junto às trilhas, com a captura
de todos os pentatomóideos localizados, os quais eram acondicionandos em potes
plásticos devidamente identificados.
No laboratório os indivíduos adultos foram triados e identificados com o
auxílio de chaves dicotômicas e consulta a especialistas. As espécies não
identificadas foram consideradas como morfoespécies e codificadas pela notação
“sp. X”, onde X é número de referência da morfoespécie. A classificação adotada
da superfamília Pentatomoidea seguiu Schuh; Slater (1995); os exemplares estão
depositados na Coleção Entomológica de Referência da Universidade do Extremo
Sul Catarinense (CERSC).
Análise dos dados. Foram analisadas e avaliadas nas três localidades de
estudos as diferenças nas composições de espécies utilizando-se a riqueza (S),
abundância absoluta (AA) e abundância relativa (AR). Foram calculados índices de
diversidade de Shannon-Wiener (H’), de equitabilidade (E), de dominância de
Simpson (D) e de similaridade de Jaccard e de Bray-Curtis (MAGURRAN, 2004).
23
Foram construídas curvas de acumulação de espécies para cada área com
base nos dados de campo e no cálculo de rarefação de Coleman; para determinar a
suficiência amostral foram calculados os estimadores de riqueza Jacknife de
primeira ordem, Chao 1, Bootstrap e Michaelis-Menten utilizando o programa
EstimateS 8.0 (COLWELL, 2005). Esses estimadores foram selecionados por
mostrarem-se menos sensíveis a variações no tamanho das amostras (HORTAL et
al., 2006). Estudos que envolvam comparações de riqueza de espécies entre áreas
diferentes necessitam a utilização da técnica de rarefação (GOTELLI; COLWELL,
2001) e, como o número real de espécies é desconhecido, os estimadores
fornecem um retrato mais preciso dos padrões de riqueza (COLWEL et al., 2004).
Para a análise da distribuição de abundâncias foram consideradas espécies raras
ou pouco freqüentes aquelas com menos de 1% de abundância relativa. As
espécies com abundância relativa acima de 10% foram consideradas dominantes.
Os dados foram normalizados por log(x+1) e submetidos ao teste ANOVA
para buscar por diferenças significativas na riqueza e abundância entre as áreas.
Quando diferenças foram observadas, estas foram submetidas ao teste de Tukey. A
similaridade entre as áreas, considerando o registro sazonal de espécies, foi
avaliada por meio de uma análise de agrupamento (UPGMA) utilizando o índice de
Jaccard, bem como pelo teste ANOSIM. Os cálculos foram realizados com o uso do
programa PASt (HAMMER et al., 2001).
Resultados
Em 108h de coleta foi registrado para as três áreas um total de 595
espécimes de Pentatomoidea distribuídos em quatro famílias, 29 gêneros e 50
espécies (Tabela 1).
Tabela 1 . Espécies de Pentatomoidea e número de indivíduos (N) registrados em três localidades do sul de Santa Catarina, Brasil, no período de setembro de 2005 a agosto de 2006. (JM) Parque Ecológico José Milanese; (MC) Balneário Morro dos Conventos; (PM) Parque Ecológico de Maracajá;. N
Espécie
PM JM MC Total
Pentatomidae Asopinae Podisus crassimargo (Stål, 1860) 1 1 Podisus distinctus (Stål, 1860) 14 14 Podisus ventralis (Dallas, 1851) 1 1 Podisus nigrispinus (Dallas, 1851) 2 2 4 Tynacantha marginata Dallas, 1851 8 1 1 10
24
Edessinae Brachystethus geniculatus (Fabricius, 1787) 1 1 Edessa impura Bergroth, 1891 1 1 Edessa lineata Westwood, 1837 1 1 Edessa meditabunda (Fabricius, 1794) 1 3 4 Edessa polita (Lepeletier & Serville, 1825) 2 1 2 5 Edessa subrastrata Bergroth, 1891 41 8 49 Peromatus notatus (Burmeister, 1835) 1 1 Pentatominae Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer, 1844) 16 16 32 Arvelius albopunctatus (De Geer, 1773) 45 6 51 Banasa sulcata Thomas, 1990 3 3 Chloropepla vigens (Stål, 1860) 1 1 Chinavia impicticornis (Stål, 1872) 1 1 Chinavia obstinata (Stål, 1860) 1 1 Dichelops melacanthus (Dallas, 1851) 1 3 6 10 Euschistus aceratos Berg, 1894 4 4 Euschistus triangulator (Herrich-Schäffer, 1842) 3 3 Lopadusa quinquedentata (Spinola, 1837) 1 1 Loxa viridis (Palisot de Beauvois 1805) 1 2 3 Mayrinia curvidens (Mayr, 1864) 2 2 Mormidea hamulata Stål, 1860 1 3 2 6 Mormidea notulifera Stål, 1860 47 44 9 100 Mormidea quinqueluteum (Lichtenstein, 1796) 7 17 1 25 Mormidea rugosa Rolston, 1978 3 3 Myota aerea (Herrich-Schäffer, 1841) 1 1 Oebalus poecilus (Dallas, 1851) 18 4 1 23 Oebalus ypsilongriseus (De Geer, 1773) 30 25 9 64 Pallantia macunaima Grazia, 1980 2 2 Piezodorus guildinii (Westwood, 1837) 2 16 18 Proxys albopunctulatus (Palisot de Beauvois, 1805) 1 2 1 4 Stictochilus tripunctatus Bergroth, 1918 1 1 Thoreyella cornuta Berg, 1883 13 13 Thyanta humilis Bergroth, 1891 6 5 17 28 Corimelaenidae Corimelaeninae Galgupha corvina Horvath, 1919 3 10 1 14 Galgupha cruralis Stål , 1862 4 11 1 16 Galgupha neobisignata McAtee & Malloch, 1933 2 11 1 14 Galgupha punctifer aff. 1 1 Galgupha reinhardti aff. 1 1 Galgupha schulzii Fabricius, 1781 29 8 9 46 Galgupha sp. 1 1 1 Galgupha sp. 2 1 1 Pericreps sp. 1 1 Scutelleridae Scut sp.1 1 1 Scut sp.2 2 2 4 Tessaratomidae Oncomerinae Piezosternum thunbergi Stål, 1860 3 3 Total 311 182 102 595
25
Entre as famílias coletadas, as maiores riqueza e abundância foram
registradas, em ordem decrescente, para Pentatomidae, Corimelaenidae,
Scutelleridae e Tessaratomidae (Tabela 2).
O gênero Galgupha Amyot & Serville foi o que apresentou maior riqueza de
espécies (8), seguido de Edessa Fabricius (5), Mormidea Amyot & Serville (4) e
Podisus Herrich-Schäffer (4), representando 42% da riqueza total. Os gêneros mais
abundantes foram Mormidea (134 indivíduos), Galgupha (94), Oebalus Stål (87),
Edessa (60), Arvelius Spinola (51), Agroecus Dallas (32) e Thyanta Stål (28),
representando 81,7% da abundância total (Tabela 1).
Tabela 2 . Número de indivíduos (N), espécies (S) e gêneros (G) por família e proporção de indivíduos (N%), espécies (S%) e gêneros (G%) por família pelo total amostrado da superfamília Pentatomoidea em três fragmentos de Mata Atlântica no sul de Santa Catarina, no período de setembro de 2005 a agosto de 2006.
Famílias N S G N% S% G%
Pentatomidae 492 37 24 82,69% 76% 82,76%
Corimelaenidae 95 9 2 15,97% 18% 6,89%
Scutelleridae 5 2 2 0,84% 4% 6,89%
Tessaratomidae 3 1 1 0,50% 2% 3,46%
Total 595 49 29 - - -
Os estimadores de riqueza Bootstrap e Michaelis-Menten apresentaram,
respectivamente, valores mais próximos e mais afastados do número de espécies
efetivamente amostrado em cada uma das três áreas. Assim, conforme os
resultados destes índices, entre 73% e 85,9% da fauna local de Pentatomoidea
foram registrados no JM, entre 73,4% e 85,4% no PM e entre 47,2% e 80,7% no
MC.
O teste ANOVA mostrou que houve diferença significativa entre as três
áreas para a abundância (F2,33 = 6,425, P < 0,0044) e para a riqueza (F2,33 = 6,525,
P < 0,0041). O teste de Tukey indicou diferença apenas entre PM e MC tanto para
a abundância (P < 0,0031) quanto para a riqueza (P < 0,0029) (Figs. 2, 3). A área
com maiores riqueza e abundância específicas foi o PM (S=33; 66%, N=311;
52,27%), o MC foi a segunda área em termos de riqueza e a terceira em
abundância (S=27; 56%, N = 102; 17,14%), situação que se inverteu no JM (S=25;
50%, N=182; 30,59%) (Tabela 3).
26
As espécies dominantes diferiram em cada local, com maior dominância no
MC e menor no JM; a distribuição das abundâncias resultou em predomínio de
espécies com abundâncias intermediárias no JM e no MC, enquanto que no PM a
maior proporção foi de espécies pouco freqüentes (Tabela 3, Fig. 4). No PM as
espécies mais abundantes foram Mormidea notulifera (15%), Arvelius albopunctatus
(14%), Edessa subrastrata (13%) e Oebalus ypsilongriseus (10%); no JM M.
notulifera (24%) e O. ypsilongriseus (14%) apresentaram as maiores abundâncias e
no MC as espécies dominantes foram Thyanta humilis (17%) e Piezodorus guildinii
(16%).
Tabela 3 . Número total de indivíduos (N), riqueza de espécies (S), índice de Shannon-Wiener (H’), índice de dominância de Simpson (D) e eqüitabilidade (E) obtidos nas áreas amostradas no sul de Santa Catarina no período de setembro de 2005 a agosto de 2006. (PM= Parque Ecológico de Maracajá; JM= Parque Ecológico José Milanese; MC= Balneário Morro dos Conventos).
Ocorrência de Espécies (%) Local N S
Dominantes Intermediárias Raras H’ D E
PM 311 33 12,12 24,24 63,64 2,73 11,31 0.7807
JM 182 25 8,00 48,00 44,00 2,59 9,46 0.8046
MC 102 27 7,14 50,00 42,86 2,81 13,14 0.8432
Em relação à composição específica, observou-se a ocorrência de 17
espécies únicas, ou seja, com apenas um indivíduo registrado durante o período
amostral; seis no MC, Chinavia panizii, Chloropepla vigens, Peromatus notatus,
Podisus ventralis, Galgupha punctifer aff. (Corimelaenidae) e uma espécie não
identificada de Scutelleridae, Scut sp.1; seis no PM, Brachystethus geniculatus,
Edessa lineata, Lopadusa quinquedentata, Myota aerea e Podisus crassimargo
(Pentatomidae), e Pericreps sp. (Corimelaenidae); cinco no JM, Chinavia
impicticornis e Edessa impura (Pentatomidae), Galgupha reinhardti aff., Galgupha sp.1
e Galgupha sp.2 (Corimelaenidae).
27
Figura 2 - Abundância média (log) de pentatomóideos em três fragmentos florestais no sul de Santa Catarina, Brasil. Barras verticais: desvio padrão. Colunas com letras ab não diferem significativamente por ANOVA seguido de teste de Tukey (α = 0,05). (PM = Parque Ecológico de Maracajá; JM = Parque Ecológico José Milanese; MC = Balneário Morro dos Conventos).
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
PM JM MC
Riq
ueza
(lo
g)
a ab
b
Figura 3 - Riqueza média (log) de pentatomóideos em três fragmentos florestais no sul de Santa Catarina, Brasil. Barras verticais: desvio padrão. Colunas com letras ab não diferem significativamente por ANOVA seguido de teste de Tukey (α = 0,05). (PM = Parque Ecológico de Maracajá; JM = Parque Ecológico José Milanese; MC = Balneário Morro dos Conventos).
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
PM JM MC
Abu
ndân
cia
(log)
a ab
b
28
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33
Abu
ndân
cia
rela
tiva
PM JM MC
Figura 4 - Distribuição da abundância relativa das espécies de Pentatomoidea
amostrados no período de setembro de 2005 a agosto de 2006 nas áreas de estudo no sul de Santa Catarina. (PM = Parque Ecológico de Maracajá; JM = Parque Ecológico José Milanese; MC = Balneário Morro dos Conventos).
Dentre as espécies compartilhadas, 14 (28%) foram registradas nas três
localidades, indicando uma pequena similaridade entre as áreas apesar da
proximidade geográfica; a similaridade entre pares de áreas, entretanto, foi elevada,
variando entre 16 e 17 espécies (Tabela 4). Ainda, 28 (56%) são espécies
exclusivas de apenas uma das áreas, porém quando consideramos apenas as
espécies com mais de dois indivíduos em pelo menos uma das áreas, esse número
cai para oito espécies exclusivas, sendo cinco no PM, uma no JM e duas no MC.
Tabela 4 . Número e proporção de espécies compartilhadas de Pentatomoidea, índices de similaridade de Jaccard e de Bray-Curtis nas áreas amostradas no sul de Santa Catarina no período de setembro de 2005 a agosto de 2006. (PM= Parque Ecológico de Maracajá; JM= Parque Ecológico José Milanese; MC= Balneário Morro dos Conventos).
Espécies Compartilhadas Área 1 x Área 2
Total (N) Área 1 (%) Área 2 (%) Jaccard Bray-Curtis
PM x JM 17 51,52 68,00 0,415 0,535 PM x MC 17 51,52 60,71 0,386 0,257 JM x MC 16 64,00 57,14 0,432 0,331
29
Considerando a distribuição da diversidade ao longo do período amostral,
observou-se que os maiores picos de abundância ocorreram em dezembro de 2005
no PM, em março de 2006 no JM e em abril de 2006 no MC. Os maiores picos de
riqueza acompanharam os de abundância, com a exceção do PM cujo pico ocorreu
em novembro de 2006 (Fig. 5). O período de maior captura de Pentatomoidea
ocorreu entre o final da primavera e o início do outono, quando foram registrados
427 indivíduos (71,76%).
a
0.00
5.00
10.00
15.00
20.00
25.00
30.00
set nov jan mar mai jul
0
2
4
6
8
10
12
14
0.00
5.00
10.00
15.00
20.00
25.00
set nov jan mar mai jul
0
2
4
6
8
10
12
14
b
c
0.00
5.00
10.00
15.00
20.00
25.00
30.00
35.00
40.00
45.00
set nov jan mar mai jul
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Figura 5 - Abundância relativa (%) e riqueza de espécies (S) de Pentatomoidea amostrados no período de setembro de 2005 a agosto de 2006 nas áreas de estudo no sul de Santa Catarina. (a) Parque Ecológico de Maracajá; (b) Parque Ecológico José Milanese; (c) Balneário Morro dos Conventos. (– – Abundância relativa%; –■– Riqueza de espécies).
O teste ANOSIM indicou diferença significativa entre as áreas (mean rank
within: 26,03; mean rank between: 36,3; R = 0,3113; P < 0,0012). A análise de
agrupamento mostrou que esta diferença não foi suficiente, entretanto, para formar
30
grupos dentro de cada área, com a exceção do PM (Fig. 6). As coletas por estação
no JM resultaram parcialmente agrupadas, com a exceção da coleta de inverno.
Figura 6 - Similaridade de Pentatomoidea para amostragens por estação em três fragmentos florestais no sul de Santa Catarina, Brasil (índice de similaridade de Jaccard, UPGMA). (JM = Parque Ecológico José Milanese; PM = Parque Ecológico de Maracajá; MC = Balneário Morro dos Conventos; p = primavera; v = verão; o = outono; i = inverno).
Discussão
No presente estudo Pentatomidae foi a família mais abundante, com maior
riqueza de táxons e maior número de gêneros. Nos trabalhos de Barcellos (2005),
Bunde (2005) e Schmidt; Barcellos (2007), todos realizados no estado do Rio
Grande do Sul e com a mesma metodologia, a família Pentatomidae também
apresenta a maior abundância e maior riqueza de espécies. Kula; Bryia (2002) na
República Checa, realizaram um estudo comparando vários métodos de
amostragem na avaliação da diversidade dos heterópteros em três ambientes de
floresta e a família Pentatomidae destaca-se entre as mais abundantes. Em um
outro estudo realizado por Perez-Gelabert; Thomas (2005), em uma ilha na
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1M
Cp
MC
v
JMp
JMo
JMv
MC
o
PM
o
PM
p
PM
v
PM
i
MC
i
JMi
31
República Dominicana foram registradas 55 espécies de pentatomóideos, sendo
que a maioria das espécies pertence a Pentatomidae.
Os gêneros que apresentaram maior riqueza de espécies foram Galgupha,
Edessa, Mormidea e Podisus e os mais abundantes foram Mormidea, Galgupha,
Oebalus, Edessa, Arvelius, Agroecus e Thyanta. No estudo de Bunde (2005),
Edessa, Galgupha e Mormidea foram alguns dos gêneros com maior riqueza de
espécies, e as maiores abundâncias foram encontradas para os gêneros Mormidea
(83 indivíduos), Galgupha (43), Thyanta (39) e Edessa (25). Schmidt; Barcellos
(2007) registraram maior riqueza de espécies para os gêneros Edessa, Euschistus,
Galgupha, Mormidea e Podisus e maior abundância para os gêneros Euschistus
(282), Mayrinia (214), Galgupha (98), Mormidea (90) e Edessa (47).
As curvas de acumulação de espécies nos três locais não apresentaram
tendência a estabilização, indicando a necessidade de um maior esforço de
amostragem para uma análise mais precisa sobre a comunidade de Pentatomoidea
nestes ambientes. Bunde (2005), constatou que os estimadores Michaelis-Menten e
Chao 1 foram os que apresentaram tendência a estabilização, indicando serem os
mais adequados para estimar a riqueza de espécies; o mesmo autor observou uma
correlação positiva entre o número de horas/coletor e a diversidade amostrada,
porém maiores estudos são necessários para a determinação do número mínimo
de horas/coletor necessário para se obter uma amostragem representativa de
pentatomóideos em biomas neotropicais.
Em relação às áreas amostradas, a maior riqueza observada se deu no PM,
provavelmente, está relacionada ao tamanho do fragmento e sua composição
florística ser composta por espécies vegetais de duas formações. Segundo Odum
(1988) em regiões de ecótone há uma tendência de um número de espécies
animais e a densidade populacional de algumas destas espécies serem maiores.
As espécies dominantes no PM e no JM, respectivamente M. notulifera e O.
ypsilongriseus, são consideradas pragas para a lavoura de arroz (SCHAEFER;
PANIZZI, 2000) e tiveram ocorrência entre outubro de 2005 e março de 2006,
coincidindo com o cultivo de arroz na região. No MC as espécies mais abundantes
foram P. guildinii e T. humilis, sendo que a primeira é uma das pragas mais
importantes da lavoura de soja e pode ser encontrada em plantas hospedeiras
nativas, especialmente leguminosas (PANIZZI et al., 2000). Bunde (2005), registrou
43 indivíduos de T. humilis, sendo a segunda espécie com maior abundância.
32
Nos três locais de amostragem as curvas de distribuição de abundância
mostraram o mesmo padrão, com um pequeno número de espécies abundantes e
um grande número de espécies com abundância baixa, raras; Price et al. (1995)
afirmam que em geral ecossistemas tropicais são constituídos de muitas espécies
com baixa abundância, ou seja, apresentam uma alta riqueza de espécies raras.
O período de maior captura de Pentatomoidea ocorreu entre o final da
primavera e o início do outono, quando foram registrados 71,76% do total e a
menor ocorrência foi no inverno. Bunde (2005) registrou as maiores abundâncias
nos períodos de outono e verão. Schmidt: Barcellos (2007) registrou as maiores
capturas na primavera de 2003 e outono de 2005. Tais resultados diferem dos
obtidos neste estudo, porém em se tratando de regiões florísticas distintas as
diferenças encontradas possivelmente estão associadas às diferenças de clima,
disponibilidade e abundância de hospedeiros no período da amostragem.
Conclusões
Este trabalho representa o primeiro estudo sobre a composição e estrutura
da comunidade de Pentatomoidea em ambientes naturais no estado de Santa
Catarina e, pelos resultados obtidos, conclui-se que existe uma alta diversidade de
percevejos-do-mato em remanescentes da região apesar da elevada fragmentação.
Poucas espécies tiveram ampla distribuição e, em conseqüência, muitas
foram restritas, ou seja, encontradas exclusivamente em apenas uma das áreas; da
mesma forma houve o registro de poucas espécies abundantes e muitas espécies
pouco freqüentes ou raras. A maior captura dos pentatomóideos no final da
primavera, no início e final de verão, indica a necessidade de se intensificar
amostragens nesses períodos visando um registro de espécies mais completo. Da
mesma forma a não estabilização das curvas de acumulação de espécies,
especialmente no Balneário Morro dos Conventos, evidencia a necessidade de um
maior esforço amostral, ou número de horas/coletor.
Portanto, sugere-se que futuros estudos na região incluam outras técnicas
de amostragem, enfatizando padrões de análise ecológica para obter-se uma
melhor caracterização da superfamília de Pentatomoidea em fragmentos florestais.
33
Agradecimentos
A Drª. Jocélia Grazia (UFRGS) pela confirmação da identificação de várias
espécies de Pentatominae e ao Dr. José Antonio Marin Fernandes (UFPA) pela
identificação das espécies de Edessinae.
Referências
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37
CAPÍTULO 2
ASSOCIAÇÕES ENTRE PERCEVEJOS- DE- PLANTAS (HEMIPTER A,
PENTATOMOIDEA) E ESPÉCIES VEGETAIS EM FRAGMENTOS DE
MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA CATARINA, BRASIL
Campos, L. A; Bertolin, T. B. P; Citadini-Zanette, V.; Teixeira, R. A.; Martins, F.
Resumo A maioria dos percevejos alimenta-se de plantas, sendo encontrados em espécies cultivadas e selvagens. O objetivo deste estudo foi identificar as plantas silvestres utilizadas pelos percevejos da superfamília Pentatomoidea nos fragmentos florestais Parque Ecológico José Milanese (Criciúma) e Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá). Foram realizadas coletas mensais ao longo de trilhas nas bordas de mata utilizando o método guarda-chuva entomológico. Foram coletados 152 indivíduos, distribuídos em duas famílias, 18 gêneros e 22 espécies, associadas a aproximadamente 50 espécies vegetais pertencentes a 27 famílias. Entre as famílias de percevejos-de-plantas, Pentatomidae foi a mais abundante, com maior riqueza de espécies e riqueza genérica. As espécies mais abundantes foram Edessa subrastrata Bergroth, seguida de Galgupha schulzii Fabricius, Arvelius albopunctatus (De Geer), Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer) e Mormidea notulifera Stål que juntos somam 67,11% dos indivíduos capturados. No total foram registradas 80 associações entre espécies de percevejos-de-plantas e espécies vegetais. Dentre as plantas hospedeiras mais importantes quanto às associações destacam-se as fa
38
Bignoniaceae and Euphorbiaceae and the species Solanum pseudocapsicum L., Vernonia scorpioides (Lam.) Pers., Mikania micrantha Kunth, Colea pinnatifolia Luetzelb. and Alchornea triplinervia (Spreng.) Muell. Arg.. In both areas more than 50% species of stinkbug are associated with only one host plant. Keywords : Pentatomoidea, host plant, phytophagous insects, insect-plant association.
Introdução
A associação entre plantas e insetos é uma das interações ecológicas mais
freqüentes da natureza e atualmente essa relação tem importância crucial para o
conhecimento fundamental da biodiversidade terrestre (SCHOONHOVEN et al.,
1998; PRADO; LEWINSOHN, 2004). É extremamente difícil encontrar uma planta
sem herbívoros e um inseto que se alimente de qualquer planta. Os herbívoros
exibem uma ampla e variada gama de padrões alimentares, desde aqueles que se
alimentam de uma única espécie de planta, monófagos ou especialistas extremos,
até os que se alimentam de plantas pertencentes a diferentes famílias botânicas,
conhecidos como polífagos ou generalistas (COSTA, 2004).
Cerca de 25% de todos os macroorganismos conhecidos são insetos
fitófagos. Dentre os hemípteros, a maior ordem hemimetábola, mais de 90% das
espécies são fitófagas (STRONG et al., 1984 apud SCHWERTNER 2001). Nesta
ordem estão os insetos conhecidos como percevejos-de-plantas, frades ou marias-
fedidas, pertencentes à subordem Heteroptera e à superfamília Pentatomoidea,
apresentando cerca de 5.720 espécies descritas no mundo e 607 no Brasil
(GRAZIA; FORTES; CAMPOS, 1999).
A maioria dos percevejos fitófagos são em geral polífagos (PANIZZI et al.,
2000), alimentando-se de sementes, frutos em desenvolvimento ou até flores, mas
a grande maioria se nutre pela extração da seiva das plantas diretamente do floema
(SCHUH; SLATER, 1995). Os pentatomídeos fitófagos são encontrados em plantas
cultivadas e selvagens e estas são recursos alimentares para o desenvolvimento
das ninfas e reprodução dos adultos (PANIZZI, 1997). O conhecimento das fontes
alimentícias, além de desempenhar um papel importante na história da vida desses
insetos (PANIZZI, 2000), também é importante para os estudos de ecologia,
dinâmica populacional, alternância de hospedeiros e previsão de surgimento de
espécies nocivas às plantas cultivadas (LINK; GRAZIA, 1987).
Grande parte dos estudos publicados envolvendo o conhecimento de
Pentatomoidea sobre plantas hospedeiras relaciona-se com espécies de
importância agrícola, sendo poucos os estudos em ecossistemas naturais. No que
39
se refere aos estudos de percevejos relacionados com plantas hospedeiras
silvestres no sul do Brasil destacam-se os trabalhos de Grazia (1977); Link; Grazia
(1987); Costa; Borgoni; Bellomo (1995) e Grazia et al. (2004), todos no Rio Grande
do Sul. O conhecimento da fauna de pentatomóideos associados a plantas em
fragmentos florestais apresenta-se incipiente e tal estudo é importante para o
conhecimento da biota local e regional, além de contribuir com informações mais
detalhadas a respeito das associações percevejo-planta hospedeira. Desta forma,
este estudo teve por objetivo trazer as primeiras informações sobre as plantas
silvestres utilizadas por espécies de Pentatomoidea em fragmentos de Mata
Atlântica no sul de Santa Catarina, dimensionando a importância das famílias e das
espécies vegetais para a comunidade de percevejos.
Material e Métodos
Áreas de estudo. O presente estudo foi desenvolvido em duas localidades
no sul de Santa Catarina na região de domínio da Floresta Ombrófila Densa:
Parque Ecológico José Milaneze, Criciúma (JM, 28°41 '23”S 49°25'55”W; altitude de
34m) e Parque Ecológico de Maracajá, Maracajá (PM, 28°52'51”S 49°27'59”W;
altitude de 30m), distantes aproximadamente 21,3 km entre si. O clima desta região
segundo sistema de classificação de Köeppen é Cfa, ou seja, clima subtropical
úmido com verão quente (EPAGRI/CIRAM, 2001).
O Parque Ecológico José Milanese (Fig. 1A) é um fragmento com 7,7 ha de
Floresta Ombrófila Densa Submontana. De acordo com Teixeira et al. (1986) e
Sevegnani (2002) a formação Submontana encontra-se entre altitudes de 30 a
400m, desde áreas planas até áreas acidentadas, apresentado árvores com altura
de 25 a 30m com copas largas e densas e os solos são bem drenados e com
profundidade variável recebendo nutrientes da decomposição acelerada da
serapilheira. O parque está localizado na zona urbana da cidade de Criciúma, no
bairro Mina União.
O Parque Ecológico de Maracajá (Fig. 1B) é uma Unidade de Conservação
em nível municipal com 112 ha de mata nativa. Encontra-se em cotas de altitude
abaixo de 30m e reveste sedimentos de origem fluvial, marinha e lacustre, por isso
são áreas sujeitas a inundações periódicas devido ao relevo plano e de difícil
drenagem. Por se encontrar entre a restinga e a Floresta Ombrófila Densa de
Terras Baixas é composta por espécies vegetais das duas formações, se
40
caracterizando como uma formação ecotóna (LEITE; KLEIN, 1990; SCHÄFFER;
PROCHNOW, 2002). O parque é circundado por plantações de arroz e limita-se a
sudeste com a BR 101.
(A) (B)
Figura 1 : Vista aérea do Parque Ecológico José Milanese (A) e Parque Ecológico de Maracajá (B). Em branco trilha percorrida nas áreas. Fontes: Prefeitura Municipal de Criciúma (2002) e Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas/IPAT (2004).
Amostragem. As coletas foram realizadas mensalmente de setembro de
2005 a agosto de 2006 durante duas horas em cada local, ao longo de trilhas junto
à borda da mata. Para a captura dos pentatomóideos utilizou-se um guarda-chuva
entomológico de 1m² para amostrar a vegetação arbustivo-arbórea com ramos
entre 0,5m e 2m de altura do solo. A primeira árvore da trilha foi escolhida e as
demais sorteadas com auxílio de um dado. A amostra foi obtida através de cinco
batidas nos ramos sobre o guarda-chuva aberto; em seguida o material foi triado e
acondicionado em potes identificados para posterior sacrifício e análise em
laboratório. De cada planta amostrada foi coletado um ramo para identificação e
depósito no Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz da UNESC (CRI).
No laboratório os pentatomóideos foram triados e identificados com o uso de
chaves dicotômicas e consulta a especialistas, sendo os espécimes contados,
numerados e etiquetados. As espécies não identificadas foram consideradas como
morfoespécies e codificadas pela notação “sp. X”, onde X é número de referência
da morfoespécie. Os insetos foram depositados na Coleção Entomológica de
Referência da UNESC (CERSC).
41
Análise dos dados . Foram analisados quali e quantitativamente os
pentatomóideos associados a plantas hospedeiras silvestres utilizando-se a riqueza
(S) e abundância (N) das espécies. Foi elaborada para cada local de amostragem
uma matriz de associação entre os pentatomóideos e suas plantas silvestres, sendo
as linhas representadas pelas espécies de percevejos-de-plantas e as colunas
pelas espécies vegetais com suas respectivas famílias. Cada elemento da matriz,
aij, corresponde à associação entre uma espécie de inseto (i) e uma espécie de
planta (j). As matrizes de associações foram analisadas utilizando-se escores para
evidenciar as famílias e espécies vegetais mais importantes quanto a associações
(HILL, 1973 apud HERMES; KÖHLER, 2006). Para cada linha, ao maior valor aij foi
dado o escore 10, representando a associação preferencial percevejo-planta; ao
valor aij imediatamente inferior correspondeu o escore 9 e assim sucessivamente. O
somatório dos escores para cada coluna resultou nos valores de importância para
as famílias e espécies vegetais. As espécies vegetais cuja identificação não foi
possível ao menos para o gênero encontram-se incluídas nas matrizes, porém
foram desconsideradas nas análises.
Resultados
Num total de 48 horas de coleta foram obtidos 152 indivíduos de
Pentatomoidea distribuídos em duas famílias, 13 gêneros e 22 espécies associados
a aproximadamente 50 espécies vegetais pertencentes a 27 famílias. Entre as
famílias de percevejos-de-plantas, Pentatomidae foi a mais abundante (111
indivíduos), com maior riqueza de espécies (16) e maior riqueza genérica (12). Os
gêneros com maior riqueza de espécies foram Galgupha Amyot & Serville (5),
Edessa Fabricius (4) e Mormidea Amyot & Serville (3). As espécies mais
abundantes foram Edessa subrastrata Bergroth (28), Galgupha schulzii Fabricius
(26), Arvelius albopunctatus (De Geer) (18), Agroecus scabricornis (Herrich-
Schäffer) (18) e Mormidea notulifera Stål (11) que juntos somam 67,11% dos
indivíduos capturados.
Analisando a composição das espécies constatou-se uma baixa similaridade
entre as áreas, com a ocorrência de 8 espécies (36,37%) compartilhadas. As
espécies exclusivas encontradas no PM foram Arvelius albopunctatus (De Geer),
Dichelops melacanthus (Dallas), Euschistus triangulator (Herrich-Schäffer), Mayrinia
curvidens (Mayr), Mormidea hamulata Stål, Oebalus poecilus (Dallas), Pallantia
42
macunaima Grazia e Thoreyella cornuta Berg (Pentatomidae); no JM ocorreram 6
espécies exclusivas, Edessa meditabunda (Fabricius), Edessa impura Bergroth,
Mormidea quinqueluteum (Lichtenstein), Piezodorus guildinii (Westwood)
(Pentatomidae), Galgupha sp.1 e Galgupha sp.2 (Corimelaenidae). As maiores
riqueza e abundância de espécies, respectivamente 72,72% e 71,05%, foram
registradas no PM (Fig. 2).
0 50 100 150
JM
PM
N
13 14 15 16 17
S
N
S
Figura 2 – Abundância (N) e riqueza de espécies (S) de Pentatomoidea por área
amostrada. (PM = Parque Ecológico de Maracajá; JM = Parque Ecológico José Milanese).
Os pentatomóideos mais abundantes no PM foram E. subrastrata e G.
schulzii, ambos com 26 indivíduos, entretanto a primeira espécie se fez presente
43
Tabela 1 – Matriz de associação entre espécies de pentatomóideos e famílias e espécies vegetais no Parque Ecológico de Maracajá.
Famílias
Ast
erac
eae
Sol
anac
eae
Bor
agin
acea
e
Ann
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ae
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Sm
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Espécies
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sp.
Ver
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Sp.
1
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Sol
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sp.
Sol
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hiet
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p.
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syl
vest
ris
Ludw
igia
sp.
Sm
ilax
sp.
Agroecus scabricornis 1 1 1 1 1 1 1 1
Arvelius albopunctatus 16 1 1
Dichelops melacanthus 1
Edessa subrastrata 3 1 11 2 1 1 1 1 1 3 1
Edessa polita 1 1
Euschistus triangulator 2 1
Galgupha corvina 1
Galgupha neobisignata 1
Galgupha schulzii 26
Mayrinia curvidens 1
Mormidea hamulata 1
Mormidea notulifera 1
Oebalus poecilus 1 1 1 3 2 1
Pallantia macunaima 1
Thoreyella cornuta 1 1 1 1 1 1
Thyanta humilis 1 2 Nº Pentatomoidea 6 3 2 13 4 1 23 3 3 1 2 3 1 3 1 2 1 1 1 1 1 1 26 3 1 1 Nº associações 4 2 2 3 3 1 6 3 3 1 1 2 1 3 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
44
Tabela 2 – Matriz de associação entre espécies de pentatomóideos e famílias e espécies vegetais no Parque Ecológico José Milanese.
Famílias
Ast
erac
eae
Mal
vace
ae
Mel
asto
mat
acea
e
Myr
tace
ae
Eup
horb
iace
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Rut
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e
Big
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Ann
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Sol
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Cur
cubi
tace
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ania
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Sp.
1
Agroecus scabricornis 5 1 3 1
Edessa meditabunda 2
Edessa impura 1
Edessa subrastrata 1 1
Edessa polita 1
Galgupha corvina 1 1 2 1 1 1
Galgupha neobisignata 1 1 1
Galgupha schulzii 1
Galgupha sp 1 1
Galgupha sp 2 1
Mormidea notulifera 1 1 1 1 1 2 1 1 1
Mormidea quinqueluteum 2 1
Piezodorus guildinii 1
Thyanta humilis 1 Nº Pentatomoidea 1 1 3 2 1 1 1 5 1 2 1 1 1 2 2 2 1 4 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 Nº associações 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
45
Analisando os escores obtidos pelas famílias das plantas hospedeiras
quanto às suas associações, destacam-se para o PM, com os maiores valores de
importância, Solanaceae (86) e Asteraceae (79) (Fig. 3). Para o JM (Fig. 4),
Asteraceae foi a família com maior valor de importância (39), seguida de
Bignoniaceae (36). Os maiores valores de importância verificados no PM refletem,
ainda, maior concentração de espécies de pentatomóideos sobre as duas famílias
mais importantes; já no JM houve uma distribuição mais uniforme das espécies de
pentatomóideos sobre as famílias vegetais.
0102030405060708090
100
Solana
ceae
Astera
ceae
Bignon
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Boragin
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Figura 3 - Famílias das espécies vegetais mais importantes em relação ao número de associações no Parque Ecológico de Maracajá.
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1015202530354045
Astera
ceae
Bignoa
ceae
Eupho
rbiac
eae
Malv
aceae
Mela
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ceae
Myr
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Sapind
aceae
Val
or d
e im
portâ
ncia
Figura 4 - Famílias das espécies vegetais mais importantes em relação ao número de associações no Parque Ecológico José Milanese.
46
Com relação às associações específicas, no PM Solanum pseudocapsicum
L. foi a espécie vegetal que apresentou o maior número de associações com
espécies de pentatomóideos, num total de seis representando 37,50% das
associações. Mikania micrantha Kunth foi a segunda espécie, apresentado quatro
associações, entretanto Anchietes sp. (Violaceae) foi a planta hospedeira com
maior abundância de insetos, 26 indivíduos de G. schulzii, representando a única
associação para ambas as espécies no PM. Utilizando os valores de escores, as
espécies vegetais mais importantes em relação ao número de associações (Fig. 5)
foram Solanum pseudocapsicum (57), Mikania micrantha (37) e Vernonia
scorpioides (Lam.) Pers. (30).
Entre as espécies vegetais no JM, Colea pinnatifolia Luetzelb. e Vernonia
scorpiodes apresentaram as maiores riquezas de espécies de insetos, com
respectivamente quatro e três associações, entretanto uma espécie não identificada
da família Melastomataceae apresentou a maior abundância de insetos, num total
de 5 indivíduos de A. scabricornis. Dentre as espécies vegetais com seus valores
de importância quanto às associações (Fig. 6) destacam-se Colea pinnatifolia (37),
Vernonia scorpioides (28) e Alchornea triplinervia (20). De maneira oposta ao
observado para as famílias botânicas, as espécies vegetais apresentaram uma
maior uniformidade nos valores de importância no PM em comparação ao JM.
0
10
20
30
40
50
60
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Figura 5 - Espécies vegetais mais importantes em relação ao número de associações com espécies de pentatomóideos no Parque Ecológico de Maracajá.
47
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Colea pinnatifolia Vernonia scorpioides Alchornea triplinervia
Val
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e im
portâ
ncia
Figura 6 - Espécies vegetais mais importantes em relação ao número de associações com espécies de pentatomóideos no Parque Ecológico José Milanese.
Analisando a ocorrência e amplitude taxonômica das espécies de
pentatomóideos nas plantas hospedeiras, verificou-se no JM que mais da metade
das espécies de insetos estão restritas a uma única espécie de planta, e o restante
usa mais de uma planta. Essa tendência também foi verificada para o PM, onde
metade das espécies (50%) de pentatomóideos estão associados a uma única
planta hospedeira.
Discussão
Apesar de no presente estudo E. subrastrata ter sido a espécie com maior
amplitude de plantas hospedeiras, existem diversos registros de A. albopunctatus
em plantas silvestres e cultivadas, sendo esta espécie comumente encontrada em
praticamente toda a região Neotropical (BERTELS, 1962; BASSO; LINK; LOPES,
1974; GRAZIA, 1977; LINK; GRAZIA, 1987; PANIZZI et al., 2000).
Link; Grazia (1987) em um estudo realizado na região central do Rio Grande
do Sul (RS), registraram três espécies do gênero Edessa, sendo que E.
meditabunda foi considerada uma das espécies de maior polifagia. Costa; Bogorni;
Bellomo (1995), constataram a presença de duas espécies não identificadas de
Edessa em plantas hospedeiras nativas de São Sepé, RS.
Uma das espécies mais freqüentes no PM, M. notulifera é uma das
principais pragas para a lavoura de arroz no Brasil, mas há registros da mesma
48
sobre outras espécies de plantas cultivadas e não cultivadas (GRAZIA, 1977; LINK;
GRAZIA, 1987; PANIZZI et al., 2000). Bunde (2005) registrou 19 indivíduos de M.
notulifera e quatro espécies do gênero Galgupha em borda de mata e campo no
bioma Campos Sulinos nos municípios de Canguçu e Caçapava do Sul (RS),
resultados semelhantes aos obtidos no presente trabalho. Há registros de G.
schulzii sobre plantas das famílias Rubiaceae e Solanaceae (RIDER, 2006).
Foi possível detectar diferenças nas associações percevejo-planta entre as
áreas amostradas, fato que pode ser explicado devido às associações de espécies
raramente serem as mesmas ao longo de toda a sua distribuição geográfica;
variações ambientais e populacionais na composição das comunidades fazem com
que ocorram diferentes associações em cada local (SINGER; PARMESAN, 1993;
LEWINSOHN; NOVOTNY; BASSET, 2005). O registro de altos valores de
importância para Asteraceae e Euphorbiaceae pode ser resultado da diversidade
regional dessas famílias. Daniel (2006) inventariou a vegetação herbáceo-arbustiva
em restinga da região sul de Santa Catarina e constatou que Asteraceae é uma das
famílias mais representativas; Silva (2006) realizou estudo fitossociológico das
espécies arbóreas no Parque Ecológico José Milanese e identificou Euphorbiaceae
como uma das famílias com maior riqueza de espécies.
A análise das associações específicas evidenciou um elevado valor de
importância, no PM, para Solanum pseudocapsicum além de outras duas espécies
não identificadas do mesmo gênero. Dentre os pentatomóideos encontrados sobre
estas plantas, há registros de Arvelius albopunctatus, Edessa meditabunda e
Mormidea notulifera em plantas hospedeiras do gênero Solanum, o qual hospedam
diversas outras espécies de Pentatomidae não registradas no presente estudo
(BERTELS, 1962; BASSO; LINK; LOPES, 1974; GRAZIA, 1977; LINK; GRAZIA,
1987; PANIZZI, 1997; PICANÇO et al., 1999; PANIZZI et al., 2000).
O uso de hospedeiras por espécies de insetos fitófagos está geralmente
restrito a plantas filogeneticamente próximas, muitas vezes de uma única família ou
gênero (BERNAYS; CHAPMAN, 1994 apud LOYOLA; KOBOTA; LEWINSOHN,
2006). Prado; Lewinsohn (2004), estudando a compartimentação das associações
entre insetos e plantas e suas conseqüências para a estruturação de comunidades,
detectaram baixa amplitude taxonômica de hospedeiras, onde 57% das espécies de
insetos estavam restritas a uma única espécie ou gênero de planta, 20% estavam
em plantas de uma única subtribo e 23% utilizavam mais de uma subtribo de
plantas. Os resultados obtidos no presente estudo confirmam este padrão.
49
Conclusões
Este artigo apresenta resultados inéditos para associações entre espécies
da superfamília Pentatomoidea e espécies vegetais em fragmentos de Mata
Atlântica, além de ser o único realizado até o presente para o estado de Santa
Catarina.
A partir dos dados aqui apresentados pode-se concluir que há um número
elevado de associações entre percevejos-de-plantas e espécies vegetais nos
fragmentos florestais da região, ao mesmo tempo em que a riqueza de espécies
vegetais influi positivamente na riqueza de pentatomóideos. Das plantas
hospedeiras, Solanum pseudocapsicum foi a espécie vegetal preferencial e entre os
pentatomóideos; Edessa subrastrata foi a espécie de percevejo que apresentou a
maior amplitude de plantas hospedeiras.
Futuros trabalhos abordando aspectos da interação inseto-planta são
necessários para entender melhor os padrões de diversidade da comunidade de
Pentatomoidea em ambientes naturais. Tais estudos devem enfocar a fenologia das
espécies vegetais e a alternância de uso das plantas hospedeiras; a observação do
comportamento alimentar das espécies de percevejos; o registro e a proporção das
ninfas sobre as plantas; e a padronização do esforço amostral visando um melhor
registro da biodiversidade.
Agradecimentos
À Drª. Jocélia Grazia (UFRGS) pela confirmação da identificação de várias
espécies de Pentatominae e ao Dr. José Antonio Marin Fernandes (UFPA) pela
identificação das espécies de Edessinae.
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53
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento da diversidade biológica do Bioma Mata Atlântica é ainda
muito precário e fragmentado. Assim, é extremamente importante e necessário
realizar levantamentos ou inventários da biodiversidade com vistas à
implementação de medidas adequadas para a conservação. Os resultados do
presente trabalho ampliam o conhecimento a respeito da diversidade de
Pentatomoidea (Hemiptera) e das plantas silvestres utilizadas por esta comunidade
nos fragmentos de Mata Atlântica no sul de Santa Catarina, ampliando dessa
maneira o conhecimento acerca da biodiversidade regional.
Análises da biodiversidade de Pentatomoidea em ecossistemas naturais são
raras e as metodologias adotadas encontram-se em desenvolvimento, sendo
pioneiro o trabalho de Bunde (2005) no bioma Campos Sulinos, no Rio Grande do
Sul. Assim, os métodos de coleta os parâmetros analisados são ainda tentativos,
pois pouco se sabe sobre os padrões ecológicos das espécies de Pentatomoidea
em habitat natural, não obstante a grande importância econômica deste grupo de
insetos para a produção agrícola. Geralmente, ao se definir os parâmetros
ecológicos, a maioria dos pesquisadores atribui maior atenção à diversidade de
espécies do que aos outros componentes de biodiversidade. Entretanto, esta pode
ser entendida e mensurada de diferentes maneiras: a riqueza de espécies, os
diferentes índices sintéticos de diversidade e os parâmetros derivados de modelos
matemáticos ou biológicos de distribuição de abundância, as quais compõem um
repertório de medidas que têm sido propostas e empregadas (MAGURRAN, 2004).
A caracterização da comunidade de Pentatomoidea em fragmentos de
floresta ombrófila densa detalhada neste estudo forneceu uma primeira visão das
espécies em habitat natural em Santa Catarina. As comparações realizadas com os
resultados obtidos por Bunde (2005) revelaram coincidências nos padrões de
dominância em nível genérico, mesmo tratando-se de levantamentos feitos em
biomas distintos. Em ambos os trabalhos, os gêneros Mormidea, Edessa
(Pentatomidae) e Galgupha (Corimelaenidae) se destacaram ao apresentarem
maior riqueza de espécies e maior abundância. Apesar da diferença no esforço
amostral dos dois trabalhos, medido em número de horas de coleta, o número de
espécies encontradas também foi muito semelhante, bem como a ocorrência de
muitas espécies exclusivas, restritas apenas a uma área ou trilha. Porém, como
este estudo representa a única avaliação sobre a composição e estrutura de
54
Pentatomoidea em Mata Atlântica, não é possível tomar os resultados aqui
apresentados como um padrão para o bioma ou mesmo para a superfamília.
Estudos que tratem das associações e interações entre insetos e plantas
são importantes para o entendimento dos padrões de diversidade encontrados na
natureza. Os resultados aqui apresentados identificando associações entre
espécies de percevejos-de-plantas e espécies vegetais silvestres permitem concluir
que a diversidade botânica, em termos de riqueza, apresenta relação direta com a
riqueza de Pentatomoidea; por outro lado a abundância de insetos desta
superfamília parece ser mais afetada pela área do fragmento. Sugere-se futuros
estudos de interação inseto-planta, abordando a fenologia e a alternância de uso
das plantas hospedeiras por parte dos insetos, o registro de ninfas, ovos e um
esforço que vise a observação da alimentação do inseto na planta, pois nem todo
inseto que é encontrado sobre uma planta alimenta-se necessariamente dela,
podendo este ser um “turista acidental” (LEWINSOHN; PRADO; ALMEIDA, 2001).
Para aprofundar o entendimento da estrutura funcional destas comunidades é
necessário obter dados mais diretos sobre o uso dos recursos.
Para futuros estudos de comunidades de Pentatomoidea em ambientes
naturais alguns fatores devem ser considerados: utilizar outros métodos de coleta
buscando o registro de espécies presentes em estratos diferentes do herbáceo-
arbustivo; verificar a influência do número de coletores, de trilhas, da distância
percorrida e de diferentes horários de coleta, visando uma padronização do esforço
amostral para se obter uma amostragem representativa; amostrar fragmentos de
diferentes dimensões e sujeitos a variadas pressões antrópicas; realizar o registro
de espécies por períodos superiores a um ano, procurando identificar padrões
espaciais e temporais que ocorram na comunidade. Não obstante, os
levantamentos desenvolvidos e as conclusões encontradas no presente trabalho
são relevantes para aprofundar o conhecimento acerca da diversidade biológica do
bioma na região e, por conseguinte, para contribuir com futuros estudos e medidas
de conservação da Mata Atlântica.
55
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APÊNDICES
60
Apêndice A: Mormidea notulifera
Apêndice B: Oebalus ypsilongriseus
61
Apêndice C: Arvelius albopunctatus
Apêndice D: Thyanta humilis
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Apêndice E: Agroecus scabricornis
Apêndice F: Edessa subrastrata
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