1
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO
MESTRADO EM HEBIATRIA
PERFIL DOS PROFISSIONAIS, USUÁRIOS
ADOLESCENTES E DO ATENDIMENTO NAS
URGÊNCIAS ODONTOLÓGICA DAS
UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO
(UPA) DE PERNAMBUCO
Camaragibe, PE
2014
2
DÉBORA MARIA DE ARAÚJO AGUIAR
PERFIL DOS PROFISSIONAIS, USUÁRIOS
ADOLESCENTES E DO ATENDIMENTO NAS
URGÊNCIAS ODONTOLÓGICA DAS
UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO
(UPA) DE PERNAMBUCO
Camaragibe, PE
2014
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Hebiatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Hebiatria.
Orientadora: Profa. Dra. Mônica Vilela Heimer
3
À minha família, que com muito carinho
e apoio, não mediram esforços para que
eu chegasse nesta etapa na minha vida.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, que permitiu que tudo isso acontecesse de
maneira espetacular ao longo desta caminhada, me proporcionando saúde e força para
superar as dificuldades encontradas.
À esta Universidade, administrativo, corpo docente e colegas de sala por
proporcionarem uma vivência incrível que resultou em várias experiências que levarei
para o resto da vida.
À minha orientadora, Profa. Dra. Mônica Vilela Heimer, primeiramente por estar
sempre disponível a me orientar com carinho, atenção e sabedoria fazendo com que eu
me enriquecesse profissionalmente com suas experiências e considerações. E, também,
por ter me presenteado com um tema de extrema importância e relevância em nosso
sistema de saúde.
À Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, através do coordenador de
saúde bucal, Dr. Paulo César Oliveira, pelo apoio e colaboração na execução da
pesquisa.
Aos coordenadores das Unidades de Pronto Atendimento de Nova Descoberta,
Olinda, Paulista, Curado e Engenho Velho bem como às instituições que administram as
Unidades - IMIP Hospitalar, Hospital Tricentenário e Hospital Maria Lucinda pela
viabilidade da pesquisa.
Aos meus futuros colegas de profissão Vanessa, Eduardo, Cinthia, Morgana e
Tamylles por me ajudarem de maneira essencial nesta dissertação através de suas
pesquisas de iniciação científica.
Aos meus pais Nancy e Pedro, e aos meus irmãos Vanessa e Pedrinho pelo amor
e incentivo até nas horas de cansaço e desânimo. Especialmente à minha mãe, pelo
apoio incondicional e troca de experiências sempre guiando meus passos quando me
sentia perdida em meio a esta jornada.
Ao meu noivo, Felipe, que sempre esteve presente desde a minha decisão e
ansiedade para seleção do mestrado até as tensões dos últimos meses de entrega do texto
5
final. Dando apoio emocionalmente e até me acompanhando nas Unidades de Pronto
Atendimento nos plantões noturnos com o cuidado e carinho para que eu não me
colocasse sozinha em eventuais situações de riscos pelo Ca minho.
Aos queridos amigos Karla, Cynthia, Priscilla, Katarina, Raiza, Caroline,
Isabella, Niedjon, Danielle, Renata, Tacyana, Belle, Renato, Daniela, Billy, Gabriela,
Aialla, Ericka, Marianas, Alline, Isabeli, Bárbara, Marcelo, Valéria e Guilherme que
compreenderam minhas faltas às reuniões, festas, bares, aniversários e viagens em prol
do desenvolvimento desta dissertação.
À todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta
pesquisa.
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RESUMO
Esta dissertação é apresentada no formato de um conjunto de artigos, sendo o primeiro
uma revisão da literatura sobre o perfil de atendimento aos adolescentes na assistência
odontológica de urgência no Brasil, e os outros dois com apresentação dos resultados
deste trabalho. Este estudo teve como objetivo avaliar o perfil dos profissionais, dos
usuários adolescentes e o perfil do atendimento nas urgências odontológicas das
Unidades de pronto Atendimento (UPA) do Estado de Pernambuco. Os dados foram
coletados em todas as UPAs do Estado que ofereciam, na época da coleta, o serviço de
urgência odontológica, totalizando cinco unidades. No primeiro artigo dos resultados foi
realizada uma coleta de dados secundários de 3.646 adolescentes, através das fichas de
atendimentos, durante seis meses de atividade de cada unidade. Os resultados
demonstraram que a maior demanda é composta por adolescentes do sexo feminino
(58,7%) com idade entre 15 e 19 anos (62,5%) que procuram atendimento por queixa de
dor de dente (78,2%). O diagnóstico mais encontrado foi pulpite (24,7%), seguido de
cárie (12,4%) e os procedimentos mais realizados foram abertura coronária (29,8%) e
restauração (24,5%). O segundo artigo dos resultados objetivou verificar o perfil de
todos os cirurgiões-dentistas que trabalhavam nas cinco UPAs que possuíam assistência
odontológica. Aplicou-se um questionário aos profissionais, que teve sua
reprodutibilidade analisada através do teste e reteste, empregando o coeficiente de
Kappa, que demonstrou uma concordância substancial (0,772). A amostra foi
constituída por 31 profissionais, sendo 67,7% do sexo feminino, com idade entre 31 e
40 anos (38,7%), que trabalham há mais de um ano no serviço (74,2%). Verificou-se
que a maior parte dos profissionais possui curso de pós graduação lato sensu (75%) com
destaque na área de endodontia e trabalham em outros locais além do serviço de
urgência (93,5%). Todos os profissionais concordaram que o atendimento em relação a
urgência é resolutivo, porém, em relação ao atendimento ambulatorial, 16% dos
cirurgiões-dentistas não classificaram como resolutivo, pois não há plano de tratamento,
nem acompanhamento do paciente. O presente trabalho aponta para a necessidade de
uma reestruturação destas unidades de forma compatível com a demanda de
atendimento, além de chamar a atenção para a falta de articulação entre os níveis de
atenção.
Palavras chaves: Emergência; Saúde Bucal; Odontologia; Epidemiologia; Adolescentes.
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ABSTRACT
This dissertation is presented in a set of articles, which the first one is a review of
literature on the profile of treatment to the adolescents in emergency dental care in
Brazil, and the other two with the presentation of the results of this work. This study
aimed to evaluate the profile of professionals, adolescents and the service in emergency
dental units in the State of Pernambuco. Data was collected in all the units that offers, at
the time of collection, emergency dental service, totaling five units. The first approach
used in the research aimed to evaluate the profile of adolescents’ emergency dental care.
The collection of secondary data from 3,646 adolescents through the records of
attendances during six months of activity of each unit, found that the greatest demand is
composed of female adolescents (58.7%) aged between 15 and 19 years (62.5%)
seeking care complaining of toothache (78.2%). About the service profile was observed
that the most common diagnosis was pulpitis (24.7%), followed by caries (12.4%) and
the most common procedures were coronary opening (29.8%) and restaurations
(24,5%). The second article of the results aimed to evaluate the profile of the
professionals who work in the five emergency units that provides dental care. The
questionnaire applied to the dentists had your reproducibility analyzed through the test
and retest, using the Kappa coefficient, obtaining a kappa of 0.772, indicating
substantial agreement. The sample consisted of 31 dentists, which 67.7 % were female,
aged between 31 and 40 years (38.7 %), working for more than one year in service (74.2
%). Most of them have a post graduation course (75 %) especialized in the field of
endodontics and work in other places besides the emergency unit (93.5%). All
professionals agree that the emergency dental care is resolutive, however compared to
outpatient care, 16% of dentists do not classify it as resolutive because there is no
treatment plan or follow-up. The present study indicates the need of restruction of the
emergency units to users’ necessity and the lack of connection between primary and
secundary care.
Keywords: Emergency, Oral Health; Dentistry; Epidemiology; Adolescents.
9
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Artigo 1
-Tabela 1: Base de dados dos artigos indexados 37
-Tabela 2: Distribuição dos artigos selecionados de acordo com o ano de
publicação, Estado, faixa etária englobada, amostra, queixa mais freqüente
relatada e procedimentos mais realizados 38
Metodologia
-Quadro 1: Elenco de variáveis relacionadas aos adolescentes e suas
categorizações 43
-Quadro 2: Elenco de variáveis relacionadas aos cirurgiões-dentistas e
suascategorizações 45
Artigo 2
-Tabela 1: Distribuição da amostra de adolescentes atendidos de acordo
com a faixa etária e sexo 76
-Tabela 2: Frequencia das variáveis contidas na ficha de atendimento
dos pacientes 77
-Tabela 3: Associação dos procedimentos realizados com as características
da amostra 78
-Tabela 4: Associação dos procedimentos realizados segundo os dados
relacionados ao atendimento 79
-Tabela 5: Associação de diagnóstico e procedimento realizado de acordo
com o tempo de formado do profissional 80
Artigo 3
-Tabela 1: Perfil dos profissionais que atendem nas urgências
odontológicas das UPAs do Estado de Pernambuco 97
-Tabela 2: Informações acerca da demanda de casos nas UPAs do
Estado de Pernambuco 98
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... Pág. 14
2. REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... Pág. 17
ARTIGO 1: PERFIL DE ATENDIMENTO AOS ADOLESCENTES NA
ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA DE URGÊNCIA NO BRASIL:
REVISÃO SISTEMATIZADA DE LITERATURA
2.1.1 Resumo...................................................................................Pág.23
2.1.2 Abstract...................................................................................Pág.24
2.1.3 Introdução.............................................................................. Pág.25
2.1.4 Métodos..................................................................................Pág.27
2.1.5 Resultados...............................................................................Pág.28
2.1.6 Discussão................................................................................Pág.30
2.1.7 Conclusão...............................................................................Pág.32
2.1.8 Referências.............................................................................Pág.33
2.1.9 Tabelas....................................................................................Pág.37
3. PROPOSIÇÃO ..................................................................................................... Pág. 39
3.1 Objetivo Geral .......................................................................... Pág.40
3.2 Objetivos Específicos ............................................................... Pág.40
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................... Pág. 14
4.1 Desenho do estudo.................................................................... Pág.42
4.2 Localização do estudo .............................................................. Pág.42
4.3 Definição da população ............................................................ Pág.42
4.4 Coleta de dados .........................................................................Pág.42
4.5 Elenco de variáveis ................................................................... Pág.43
4.6 Considerações éticas ................................................................. Pág.46
4.7 Análise de dados ....................................................................... Pág.46
11
5. RESULTADOS..................................................................................................... Pág.47
ARTIGO 2: PERFIL DO ATENDIMENTO AOS ADOLESCENTES NAS
URGÊNCIAS ODONTOLÓGICAS DAS UNIDADES DE PRONTO
ATENDIMENTO (UPA) NO ESTADO DE PERNAMBUCO
5.1.1 Resumo ................................................................................ Pág.63
5.1.2 Abstract ................................................................................ Pág.64
5.1.3 Introdução ............................................................................ Pág.64
5.1.4 Métodos ................................................................................Pág.66
5.1.5 Resultados ............................................................................ Pág.67
5.1.6 Discussão ............................................................................. Pág.70
5.1.7 Referências .......................................................................... Pág.73
5.1.8 Tabelas ................................................................................. Pág.76
ARTIGO 3: PERFIL DOS PROFISSIONAIS DAS URGÊNCIAS ODONTOLÓGICAS
DAS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO NO ESTADO DE PERNAMBUCO
5.1.9 Resumo ................................................................................ Pág.82
5.1.10 Abstract ................................................................................ Pág.83
5.1.11 Introdução ............................................................................ Pág.84
5.1.12 Métodos ............................................................................... Pág.86
5.1.13 Resultados ........................................................................... .Pág.87
5.1.14 Discussão ............................................................................ Pág.89
5.1.15 Conclusão ........................................................................... Pág.93
5.1.16 Referências ......................................................................... Pág.93
5.1.17 Tabelas ............................................................................... Pág.97
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. Pág. 99
7. REFERÊNCIAS .................................................................................................. Pág.101
8. APÊNDICES ........................................................................................................Pág.105
8.1 Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE...Pág.106
8.2 Apêndice B – Instrumento de Coleta de Dados ...................................Pág.107
9. ANEXOS .............................................................................................................. Pág.110
12
9.1 ANEXO A - Instrução aos autores da Revista Brasileira de
Epidemiologia .......................................................................................... Pág.111
9.2 ANEXO B – Comprovante de envio do Artigo 1 .............................. Pág.113
9.3 ANEXO C – Ficha com dados dos adolescentes atendidos ............... Pág.115
9.4 ANEXO D – Instrução aos autores da Revista Ciência & Saúde
Coletiva ..................................................................................................... Pág.116
14
1. Introdução
Ao longo das últimas décadas, a Odontologia tem apresentado uma mudança
significativa em seu perfil de atendimento à população, principalmente dentro das
camadas sociais que dependem da assistência pública ou filantrópica. Assim, de uma
profissão de saúde que possuía um modelo de assistência marcadamente mutilador,
caminha para um modelo pautado pelo acolhimento, respeito e integralidade. Esta
trajetória que a Odontologia apresenta é compatível com a traçada pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) e possui uma análise mais ampla do processo saúde-doença (Serra, et.
al., 2005).
A criação do SUS na Constituição de 1988 é o marco de referência do início da
oferta de atendimento odontológico regular e em larga escala na rede pública de saúde e
a adoção dos princípios constitucionais do SUS implicou reconhecer a saúde bucal
como parte indissociável da saúde geral, como dever do Estado e direito de todos. A
incorporação da equipe de saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família, em 2000, e o
estabelecimento dos Centros de Especialidades Odontológicas, em 2004, representaram
novos impulsos para a ampliação da oferta de atendimento odontológico (Frazão e
Narvai, 2010).
O modelo hierarquizado do SUS preconiza que as Unidades Básicas de Saúde
(UBS) atuem como “porta de entrada” de pacientes a todo o sistema. No entanto, os
serviços de urgência têm sido sobrecarregados pelo aporte volumosos de pacientes com
casos de complexidade menor, que poderiam ser atendidos nos níveis básicos de
atenção à saúde (Brasil, 2009).
Em 2003, com uma nova conjuntura política, iniciou-se a elaboração de uma
Política Nacional de Saúde Bucal que resgatasse o direito do cidadão brasileiro à
atenção odontológica, por meio de ações governamentais, superando o histórico
abandono e a falta de compromisso com a saúde bucal da população. A Política
Nacional de Saúde Bucal, o Programa Brasil Sorridente, compreende um conjunto de
ações nos âmbitos individual e coletivo que abrange a promoção da saúde, a prevenção
de agravos, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação. Essa política é desenvolvida por
meio do exercício de práticas democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em
equipe, dirigidas a populações pelas quais se assume a responsabilidade com o cuidado
em saúde bucal, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas
populações (Brasil, 2006).
15
Vale salientar que a incapacidade dos sistemas de saúde em atender o individuo
na sua integralidade, resulta em uma procura constante por atendimentos de urgência
(Sanders e Slade, 2006). Por sua vez, o paciente busca, a partir do atendimento de
urgência, uma porta de entrada para ver solucionada o seu problema de saúde, mesmo
que não se enquadre nos padrões conceituais da urgência. Dessa forma, aqueles que se
queixam de dor possuem uma maior chance de serem atendidos do que aqueles que não
manifestam sintomatologia (Sakai et al, 2005).
As Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) são estruturas de complexidade
intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e as portas de urgência hospitalares,
onde em conjunto com estas compõe uma rede organizada de Atenção às Urgências.
São integrantes do componente pré-hospitalar fixo e devem ser implantadas em
locais/unidades estratégicos para a configuração das redes de atenção à urgência, com
acolhimento e classificação de risco em todas as unidades, em conformidade com a
Política Nacional de Atenção às Urgências. A estratégia de atendimento está
diretamente relacionada ao trabalho do Serviço Móvel de Urgência – SAMU que
organiza o fluxo de atendimento e encaminha o paciente ao serviço de saúde adequado à
situação (Brasil, 2009).
Percebe-se que os critérios para a procura de Unidades de Pronto Atendimento
(UPAs) às vezes são equivocados, criando fluxos distorcidos e gerando grande demanda
de pacientes, com maior ônus para os próprios pacientes e para o SUS (Júnior, Ferreira,
2003). Assim, estudar o perfil das urgências se justifica, principalmente, pelo fato das
mesmas constituírem uma realidade vivida no cotidiano das clínicas odontológicas, pois
os estudos epidemiológicos fornecem subsídios para estimar as condições de saúde e as
necessidades de tratamento da população, auxiliando no monitoramento das alterações e
padrões das doenças. É imprescindível, portanto, que o profissional de saúde esteja
familiarizado com estes aspectos epidemiológicos, buscando neles a base para a
prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações observadas.
Salienta-se ainda que o conhecimento das características da população que
freqüenta um serviço constitui-se numa ferramenta de planejamento das ações em saúde
objetivando diminuir as superlotações (Furtado, Araújo, Cavalcanti, 2004). Com
destaque neste estudo para os adolescentes, visto que a especificidade da atenção ao
adolescente é um aspecto da maior relevância no que diz respeito à forma de atuação
16
dos profissionais para o alcance de um nível de compreensão dos vários segmentos que
constituem esta população. (Brasil, 2010).
Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil dos
profissionais e usuários adolescentes e o perfil do atendimento nas urgências
odontológica das Unidades de Pronto Atendimento de Pernambuco.
18
2. Revisão de Literatura
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência é o período
compreendido entre 10 e 19 anos de idade, fase que inicia com a puberdade e termina
com a inserção social, profissional e econômica do indivíduo. Do ponto de vista
jurídico, adolescente é um indivíduo entre 12 anos completos e 18 anos incompletos,
que se encontra em condição peculiar de desenvolvimento(Brasil, 1990). Entretanto,
apesar do Estatuto da criança e do adolescente e da Constituição Federal de
1988reconhecerem os adolescentes como sujeitos pertencentes a uma categoria social,
com necessidades específicas, em termos práticos, as políticas públicas para
adolescentes ainda são incipientes.
Por ser um período do ciclo vital considerado relativamente saudável,
tradicionalmente os problemas de saúde do adolescente são pouco visibilizados nas
políticas de saúde, que em sua maioria se orientam pelo instrumental clássico da
medicina, calcado no eixo saúde-doença (Ayres, Junior, 2000). Porém, as diversas
transformações ocorridas no âmbito social, econômico, cultural e demográfico devido à
crescente queda de fecundidade, junto a alterações de padrões etários da mortalidade,
influenciam diretamente o peso relativo da população infanto-juvenil e da população
idosa, como por exemplo, em Pernambuco temos 1.649.129 adolescentes, que
corresponde a quase 19% da população total do Estado (IBGE, 2010).
É de suma importância o trabalho programático em saúde voltado para os
adolescentes, por esse grupo etário ser considerado fértil e permeável à prevenção, à
mudança e à construção, além da disponibilidade para o auto-conhecimento e a crítica,
especialmente com aqueles adolescentes desprivilegiados e carentes de estímulos dessa
ordem (AYRES, JUNIOR, 2000).
A criação do SUS na Constituição de 1988 e a adoção dos seus princípios
fundamentais como universalidade, integralidade e equidade é a referência do início de
oferta de atendimento odontológico em larga escala na rede pública de saúde, que
reconhece a saúde geral como dever do estado e direito de todos (Antunes, 2010).
Em 2003, o Ministério da Saúde finalizou um abrangente levantamento sobre o
quadro geral da saúde bucal no país, o Projeto SB Brasil, que teve por objetivo produzir
informações e bases de dados para fundamentar e nortear as ações necessárias na
estruturação de um sistema nacional de vigilância epidemiológica em saúde bucal. O
que mais se evidenciou neste trabalho, levando em consideração a faixa etária em
19
estudo, foi a informação de que 13% dos adolescentes nunca haviam ido ao dentista
(Ministério da Saúde, 2005).
Os dados gerados pelo Projeto SB Brasil 2003 forneceram subsídios para a
construção da Política Nacional de Saúde Bucal conhecida como Brasil Sorridente, que
tem como objetivo melhorar as condições da saúde bucal da população brasileira
(Ministério da Saúde, 2005).
Em sua edição mais recente, SB Brasil 2010, os dados demonstraram que aos
12 anos de idade houve redução do índice de dentes cariados, perdidos e obturados
(CPOD) de 2,8 para 2,1 e, no grupo de adolescentes de 15 a 19 anos, houve redução de
6,1 para 4,2, colocando o Brasil no grupo de países com baixa prevalência de cárie. No
entanto, ao se observar em relações às regiões do país, fica evidente que essa queda se
deve as regiões Sul e Sudeste. A proporção de indivíduos livres de cárie (CPO = 0)
diminui em função da idade, um fenômeno comum considerando o caráter cumulativo
dos índices utilizados. Aos 12 anos de idade 43,5% dos adolescentes brasileiros estão
livres de cárie na dentição permanente, e entre 15 a 19 anos esse percentual diminui
para 23,9%.
Ainda segundo o SB Brasil 2010, adolescentes brasileiros de 12 anos de idade e
com idade entre 15 a 19 anos apresentam, respectivamente, em média 2,07 e 4,25 dentes
com experiência de cárie dentária. Para estas idades, os menores índices encontram-se
na região Sudeste e Sul, enquanto médias mais elevadas foram encontradas nas regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A distribuição dos índices de cárie observados por
idade na população brasileira demonstra que em adolescentes o principal problema são
as cáries não tratadas.
Já com base nos dados do IBGE (PNAD/2008) em relação ao intervalo de
tempo da última consulta ao dentista, observa-se uma perspectiva positiva em relação à
saúde bucal, mas ainda existem desigualdades que revelam desvantagens de acesso e de
utilização dos serviços odontológicos pelos mais pobres.
Até a década de 80 pouco se tinha sobre a saúde do adolescente, mesmo com a
implantação do Sistema Único de Saúde – SUS. O Brasil naquela época conviveu com
duas formas de modelos assistenciais que produziam pouco impacto na saúde da
população. O modelo sanitarista, de caráter temporário, era representado pelas
campanhas de Saúde Pública e programas de controle de endemias e epidemias,
20
enquanto o modelo médico-assistencial privatista era centrado no indivíduo doente e em
práticas especializadas (Paim, 2003).
No caso da Odontologia, o modelo hegemônico, correspondente ao modelo
médico-assistencial privatista, limitava-se à realização de restaurações e extrações
dentárias seriadas e ações coletivas descontínuas e esporádicas (Suliano, Barbosa,
2004). A inserção da Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família criou a
possibilidade de se instituir um novo paradigma de planejamento e programação da
atenção básica e representou a mais importante iniciativa de assistência pública,
expandindo e reorganizando as atividades de saúde bucal de acordo com os princípios e
diretrizes do SUS (Zanetti, 2000).
Apesar do grande esforço para efetivação dessa nova forma de cuidado, as
equipes de saúde bucal ainda encontram dificuldades para a realização das práticas
pertinentes à estratégia, fazendo com que a prática profissional continue amarrada a
uma demanda crescente de atendimento cirúrgico-restaurador, sem alcançar melhorias
nas condições de saúde da comunidade, reproduzindo o mesmo modelo curativista, o
qual se esperava superar com a implantação dessa estratégia (Barros, Chaves, 2003),
O modelo assistencial brasileiro vem registrando esforços para reorganizar-se
em direção à valorização e fortalecimento da atenção básica no seu sentido mais
ampliado, porém as unidades básicas de saúde ainda não se configuram sequer como a
principal "porta de entrada" do sistema. Como consequência, tem-se a sobrecarga dos
serviços de urgência com queixas de complexidade compatível com a atenção básica
(Brasil, 2005).
O Ministério da Saúde lançou, em 2003, a Política Nacional de Urgência e
Emergência com o intuito de estruturar e organizar a rede de urgência e emergência no
país objetivando a diminuição das filas nos prontos-socorros dos hospitais, evitando que
casos que possam ser resolvidos na baixa ou média complexidade sejam encaminhados
para as unidades hospitalares.
Segundo o Ministério da Saúde, as Unidades de Pronto Atendimento – UPAs
são os estabelecimentos de saúde de complexidade intermediária , implementada através
da Portaria nº 1.020, de 13 de maio de 2009 que compõe uma rede organizada de
atenção às urgências, em conjunto com a Atenção Básica à Saúde/Saúde da Família e
com a Rede Hospitalar.
As unidades têm como responsabilidades:funcionar nas 24 horas do dia em
todos os dias da semana; acolher os pacientes e seus familiares sempre que buscarem
21
atendimento na UPA; implantar processo de Acolhimento com Classificação de Risco;
estabelecer e adotar protocolos de atendimento clínico, de triagem e de procedimentos
administrativos; articular-se com a Estratégia de Saúde da Família, Atenção Básica,
SAMU 192, unidades hospitalares, unidades de apoio diagnóstico e terapêutico e com
outros serviços de atenção à saúde do sistema locorregional, construindo fluxos
coerentes e efetivos de referência e contrarreferência; prestar atendimento resolutivo e
qualificado aos pacientes acometidos por quadros agudos ou agudizados de natureza
clínica; fornecer retaguarda às urgências atendidas pela Atenção Básica; entre outras.
As UPAs são classificadas em três diferentes portes, de acordo com a
população da região a ser coberta, a capacidade instalada - área física, número de leitos
disponíveis, recursos humanos e a capacidade diária de realizar atendimentos médicos.
A saúde bucal é um dos serviços integrados às UPAs do tipo III, funcionando 24 horas
por dia, cada unidade odontológica tem capacidade para realizar 50 atendimentos. Os
consultórios estão aptos a tratar desde a dor de dente a casos mais complexos, como
problemas periodontais (gengiva), alterações na mucosa da cavidade oral, dores nas
articulações bucais e problemas decorrentes de acidentes e violência (traumas leves).
(Brasil, 2009)
As UPAs atendem a uma demanda espontânea de pacientes agudos ou crônicos
com ou sem risco e isso vale para todos os serviços oferecidos. No tocante à saúde
bucal, os serviços de urgência que são oferecidos e que requerem acompanhamento
temporário ou permanente são referenciados às USF, garantindo um fluxo coordenado
sem distorcer o que é preconizado pelo SUS. As principais dificuldades relacionadas ao
sistema de referência e contra referência entre os serviços e, conseqüentemente, para a
garantia da integralidade, consistem na dificuldade de acesso a determinadas
especialidades e na ausência de conhecimento ou interesse do médico em encaminhar o
paciente (Pinheiro, 2001).
A população adolescente se constitui em um grupo relevante para o estudo das
condições de saúde bucal, visto que a literatura apresenta escassos relatos
epidemiológicos nesta faixa etária nos serviços de urgência, sendo que os existentes
somente os descrevem por estarem englobado em estudos com a população geral ou
com população infantil.
22
ARTIGO 1
PERFIL DE ATENDIMENTO AOS ADOLESCENTES NA ASSISTÊNCIA
ODONTOLÓGICA DE URGÊNCIA NO BRASIL: REVISÃO SISTEMATIZADA
DE LITERATURA
Profile of service for adolescents in emergency dental care in Brazil: a systematic
review of literature
DÉBORA MARIA DE ARAÚJO AGUIAR¹
MÔNICA VILELA HEIMER²
¹Mestranda em Hebiatria na Universidade de Pernambuco – Faculdade de Odontologia de Pernambuco. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES
²Professora adjunta da Universidade de Pernambuco - Faculdade de Odontologia de Pernambuco
Artigo submetido à Revista Brasileira de Epidemiologia (Anexos A e B). 11
23
RESUMO
O presente estudo teve por objetivo traçar o perfil de atendimento ao adolescente nas
urgências odontológicas através da busca sistematizada nas bases de dados de estudos
realizados abordando esta temática no Brasil. Foi realizada uma busca em dezembro de
2013 nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde com os descritores em língua
portuguesa, inglesa e espanhola: “emergência”, “saúde bucal” e “odontologia”. Após o
filtro, através dos critérios de inclusão e da exclusão dos estudos repetidos nas bases de
dados, obtivemos o total de dez artigos. Esse pequeno número de publicações mostra
que os estudos brasileiros que avaliaram o perfil de atendimento aos adolescentes em
serviços de urgência odontológica são escassos. Observou-se que a maior procura por
atendimento se deu por pacientes do sexo feminino, a pulpite foi a enfermidade que
mais motivou a utilização do serviço de urgência, sendo a maior causa das odontalgias
relatadas nas queixas dos pacientes, e o procedimento mais realizado foi a abertura
coronária.O conhecimento das características da população que frequenta um serviço,
bem como o perfil do atendimento, constitui-se numa ferramenta de planejamento das
ações em saúde objetivando diminuir as superlotações e proporcionando uma melhor
estruturação dos serviços oferecidos.
Palavras chaves: Emergência; Saúde Bucal; Odontologia.
24
ABSTRACT
The present study aimed to trace the profile of adolescents’ care in dental emergencies
by systematic search in the databases of studies addressing this issue in Brazil. The
search in the databases of Virtual Bases Library was performed using the keywords
“emergency”, “oral health” and “dentistry” in English, Portugueses and Spanish. After
the filter, using the criteria for inclusion and exclusion of studies repeated in the
databases, we obtained a total of ten articles. This small number of publications shows
that brazilian studies evaluating the profile of adolescents’ care in dental emergencies
services are scarce.It was observed that the highest demand for emergency dental care
was female patients, pulpitis was the illness that motivated the use of the emergency
department in most of cases, being the cause of toothache reported by patients, and the
acces do dental pulp was the procedure was performed more. Knowing the
characteristics of population that attends a emergency dental service as well as the
profile of the service, constitutes a planning tool in health actions aiming to reduce the
overcrowding and providing a better structuring of the services offered.
Keywords: Emergency; Oral Health; Dentistry.
25
INTRODUÇÃO
O modelo assistencial brasileiro de saúde vem registrando esforços para
reorganizar-se em direção à valorização e fortalecimento da atenção básica no seu
sentido mais ampliado, como é indicado nas leis que criaram o Sistema Único de Saúde
(SUS), porém as unidades básicas de saúde ainda não se configuram sequer como a
principal "porta de entrada" do sistema. Como consequência, tem-se a sobrecarga dos
serviços de urgência com queixas de complexidade compatível com a atenção básica1.
Apesar do grande esforço para efetivação dessa nova forma de cuidado, as
equipes de saúde bucal ainda encontram dificuldades para a realização das práticas
pertinentes à estratégia, fazendo com que a prática profissional continue amarrada a
uma demanda crescente de atendimento cirúrgico-restaurador, sem alcançar melhorias
nas condições de saúde da comunidade, reproduzindo o mesmo modelo curativista, o
qual se esperava superar com a implantação dessa estratégia2,
Os termos urgência e emergência são aplicados em muitas ocasiões, no âmbito
dos serviços de saúde, como se apresentassem significados semelhantes. A American
Dental Association3, define urgência odontológica como o alívio da dor que acompanha
qualquer condição oral ou maxilo-facial que afeta o sistema nervoso, limitado, apenas,
ao tratamento paliativo imediato, mas incluindo extrações quando esse procedimento é o
único profissionalmente indicado. Já a emergência odontológica, de acordo com a
Academia Americana de Cirurgia Oral e Maxilo-Facial3, é a gestão ou tratamento de
hemorragia, trauma, infecção ou inflamação aguda que envolve as estruturas orais e
maxilo-faciais, incluindo processos odontológicos e dentoalveolares. que ameaçam a
vida do paciente ou afeta o funcionamento dessas estruturas.Partindo-se deste princípio,
chega-se à conclusão que as ocorrências relacionadas à prática odontológica devem ser
26
classificadas de urgências, uma vez que muito raramente a vida do paciente se encontra
comprometida.
O conhecimento das características da população que freqüenta um serviço
constitui-se numa ferramenta de planejamento das ações em saúde objetivando diminuir
as superlotações4. Com destaque neste estudo para os adolescentes, visto que a
especificidade da atenção ao adolescente é um aspecto da maior relevância no que diz
respeito à forma de atuação dos profissionais para o alcance de um nível de
compreensão dos vários segmentos que constituem esta população5.
É de suma importância o trabalho programático em saúde voltado para os
adolescentes, por esse grupo etário ser considerado fértil e permeável à prevenção, à
mudança e à construção, além da disponibilidade para o auto-conhecimento e a crítica,
especialmente com aqueles adolescentes desprivilegiados e carentes de estímulos dessa
ordem6.
Diante do exposto, o estudo teve por objetivo traçar o perfil de atendimento ao
adolescente nas urgências odontológicas através da busca nas bases de dados de estudos
realizados no Brasil abordando esta temática.
1
27
MÉTODOS
Trata-se de uma revisão sistematizada da literatura que tem como princípios
gerais a exaustão na busca dos estudos analisados, seleção justificada dos estudos por
critérios de inclusão e exclusão explícitos e a avaliação da qualidade metodológica. É
uma forma de síntese das informações disponíveis em dado momento, sobre um
problema específico, de forma objetiva e reproduzível, por meio do método científico7.
Foi realizada uma busca nas bases de dados da BVS (Biblioteca Virtual em
Saúde) com os seguintes descritores em língua portuguesa, inglesa e espanhola:
“emergência”, “saúde bucal” e “odontologia”. A seleção dos descritores utilizados no
processo de revisão foi efetuada mediante consulta ao DECs (descritores de assunto em
ciências da saúde da BIREME).
O limite utilizado na busca foi o idioma do artigo, sendo selecionados apenas
aqueles em português, inglês e espanhol; estudos realizados no Brasil; a amostra deveria
incluir adolescentes na faixa etária de 10 a 19 anos, caracterizando a adolescência
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mesmo que abrangesse outras faixas
de idade e o texto ou resumo deveria estar disponível online. Excluiu-se desta seleção os
estudos que se classificassem como artigo de revisão de literatura e os que não se
apresentavam em formato de artigo, como guidelines, cartas, editoriais, teses e
dissertações.
28
RESULTADOS
A partir da busca realizada foi obtido um total de 600 artigos que tiveram seus
resumos lidos criteriosamente. Após a lida dos resumos, foram excluídos artigos que
abordavam a faixa etária não correspondente ao objetivo (138), não abordavam a
temática central da revisão (389) e cujos procedimentos metodológicos não eram
descritos detalhadamente (54), totalizando ao final dezenove estudos distribuídos nas
bases de dados BBO, Lilacs e Pubmed (TABELA 1). Após a exclusão dos estudos
repetidos nas bases de dados, obtivemos o total de dez artigos eleitos para esta revisão
que estão apresentadosem relação ao ano de publicação, Estado, faixa etária, amostra,
queixa principal e procedimentos mais freqüentes (TABELA 2).
Dosdez artigos selecionados para o estudo, apenas um8 foi publicado antes do
ano 2000, 30% no anode 20059-11 e 60% entre os anos 2006 e 201112-17. Não foram
selecionados artigos publicados nos anos 2012 e 2013 por não se enquadrarem aos
critérios de seleção.
De acordo com a distribuição dos estudos no país, 40% dos artigos foram
realizados no Estado de São Paulo8,11,12,15, 20% no Estado de Pernambuco10,14 e o
restante distribuído pelos Estados do Espírito Santo16, Rio Grande do Sul9, Alagoas13 e
Minas Gerais17. Em relação a distribuição da amostra por sexo, 70% dos estudos
demonstraram que nos serviços de urgência há uma predominância do sexo
feminino8,9,10,12,13,14,17.
Ao observamos as informações acerca de urgência odontológica causada pelo
trauma dental, o percentual encontrado variou de 3,95%14 a 31,7%16, porém apenas dois
estudos15,16 aprofundaram este tema revelando a maior procura com essa queixa por
pacientes do sexo masculino e o diagnóstico mais frequente sendo fratura coronária.
29
Os estudos que abordaram o diagnóstico realizado pelos profissionais, revelaram
que a pulpite, reversível ou irreversível, foi a enfermidade que mais motivou a procura
pelo serviço de urgência8-10, sendo a maior causa das odontalgias relatadas nas queixas
dos pacientes9,13-16. O procedimento mais realizado foi a abertura coronária8-10
30
DISCUSSÃO
A população adolescente se constitui em um grupo relevante para o estudo das
condições de saúde bucal, visto que a literatura apresenta escassos relatos
epidemiológicos nesta faixa etária nos serviços de urgência, sendo que os existentes
somente os descrevem por estarem englobados em estudos com a população geral ou
com população infantil.
O Sistema Único de Saúde (SUS) firmou convênio com todas as Faculdades de
Odontologia do Brasil, assim como alguns serviços de emergências hospitalares,para
que eles apresentem um setor de urgências odontológicas. Esses serviços geralmente
oferecem um tratamento paliativo, visando ao alívio imediato dos sintomas iniciais,
abrangendo as várias especialidades odontológicas, e, em seguida, os pacientes são
encaminhados para um setor específico no qual obterão tratamento especializado18.
Por esse motivo, encontramos na literatura alguns estudos retrospectivos de
análise de prontuários dos pacientes atendidos nas urgências odontológicas de diversas
Faculdades de Odontologia do Brasil8-17
Em relação ao ano de publicação, os estudos se encontram bem distribuídos,
sendo 2005 o ano que mais possui publicação sobre o assunto, o que demonstra que há
sempre a preocupação em avaliar os serviços de urgência odontológica para que se
possa adequar o serviço à demanda, porém a falta de estudos nos últimos anos, 2012 e
2013, preocupa por ser um possível declínio de interesse nesse aspecto.
Foi observado a maior procura por atendimento de urgência odontológica por
pessoas do sexo feminino em relação ao sexo masculino8-10,12-14,17, esse aspecto é
bastante comum em estudos relativos a saúdee, segundo Laurenti et. al.19, se deve à
questão cultural ou social, em que a mulher é responsável por acompanhar os filhos e os
31
idosos aos serviços de saúde e realizar o pré-natal, tornando-a naturalmente mais
disposta a frequentar esses serviços.
A presença da dor de dente como queixa mais comum observada nos estudos
demonstra a situação de falta de acesso da população ao atendimento ambulatorial
odontológico e falta de conhecimento acerca dos procedimentos preventivos, pois
estudos mostram que o alto nível de cárie é fortemente associado com dor de dente20,21.
A abertura coronária foi o procedimento mais realizado nos serviços de
urgência, demonstrando a grande necessidade de tratamento especializado apósa
realização do atendimento de urgência. O tratamento especializado é realizado através
dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), porémem um estudo22 sobre esse
tipo de serviço no país,a avaliação de desempenho,mensurada através do cumprimento
global das metas, foi classificada como ruim. Observou-se ainda queo maior
cumprimento de metas ocorreu em municípios com menor cobertura de saúde da
família, o que sugerepouca articulação entre serviços da atenção primária e atenção
secundária.
As urgências traumáticas foram mais comuns no gênero masculino, quando
comparadas ao gênero feminino, devido ao tipo e freqüência de atividade desenvolvida
pelos meninos, pois são mais ativos e se envolvem mais frequentemente em atividades
de esportes radicais e de velocidade, assim como em atividades de contato e violência, o
que aumenta o risco de traumatismos dentários15,23.
32
CONCLUSÃO
Com base nas informações coletadas por essa revisão sistematizada, pode-se
concluir que os estudos brasileiros que avaliaram o perfil de atendimento aos
adolescentes em serviços de urgência odontológica são escassos. A maior procura por
atendimento odontológico de urgência se dá por pacientes do sexo feminino, que se
queixam de dor de dente, sendo a abertura coronária o procedimento mais realizado nos
serviços de urgência do país.Verifica-se que, apesar de o modelo hierarquizado do SUS
preconizar que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) atuem como “porta de entrada” de
pacientes a todo o sistema, os serviços de urgência têm sido sobrecarregados pelo aporte
volumosos de pacientes com casos de complexidade menor, que poderiam ser atendidos
nos níveis básicos de atenção à saúde.
Não há conflitos de interesse envolvendo este estudo.
33
REFERÊNCIAS
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de 28 de março de 2006: aprova a Política de Atenção Básica, estabelecendo a
revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o
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responsibility of the hospital. J Hosp. Dent. Pract 1976; 10: 43-45.
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emergência do Hospital da Restauração: uma análise dos possíveis impactos
após a municipalização dos serviços de saúde. Rev Bras Epidemiol.
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Universidade Federal de Pernambuco. Odontologia. Clín.-Científ. Recife, 8 (3):
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35
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TY; SILVA, MAB; ABDO, RCC; MACHADO, MAMM. Perfil de tratamento
de urgência de crianças de 0 a 12 anos de idade, atendidas no Serviço de
Urgência Odontológica da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade
de São Paulo. Odontol. Clín.-Cient., Recife, 9 (3) 243-247, jul./set., 2010.
16) GOMES, AMM; DADALTO, ECV; VALLE, MAS; SANGLARD, LF;
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17) SANCHEZ, HF; DRUMMOND, MM. Atendimento de urgências em uma
Faculdade de Odontologia de Minas Gerais: perfil do paciente e resolutividade.
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21) NOMURA, L. H.; BASTOS, J. L. D.; PERES, M. A. Dental pain prevalence and
association with dental caries and socioeconomic status in schoolchildren,
Southern Brazil, 2002. Braz. oral res., São Paulo , v. 18, n. 2, June 2004 .
22) FIGUEIREDO, N. ; GOES, P. S. A. ; PUCCA JUNIOR, G. A. ; ROZALES, M.
S.; RIANI, F. Avaliação da Atenção Secundária em Saúde Bucal: Uma
36
Investigação nos Centros de Especialidades do Brasil. Cadernos de Saúde
Pública (ENSP. Impresso), v. 28, p. S81-S89, 2012
37
TABELAS
Tabela 1 – Bases de dados dos artigos indexados.
Table 1 – Databases of indexed articles.
BBO LILACS MEDLINE REPETIDOS TOTAL
09 09 01 08 10
Fonte: Dados da pesquisa, 2013.
38
Tabela 2 – Distribuição dos artigos selecionados de acordo com ano de publicação,
Estado, faixa etária englobada, amostra, queixa mais freqüente relatada e procedimento
mais realizado.
Table 2 – Distribution of selected articles according to year of publication, State, age,
sample, most frequent complaint and most performed procedures.
AUTORES ANO ESTADO FAIXA ETÁRIA
AMOSTRA QUEIXA MAIS
FREQUENTE
PROCEDIMENTO MAIS
REALIZADO
SILVA et. al. 2009 PE 1 a 79 anos 1.576 Odontalgia Endodônticos
PASCHOAL et. al.
2010 SP 0 a 12 anos 1.236 Odontalgia Remoção da cárie
GOMES et. al. 2011 ES 0 a 12 anos 574 Odontalgia Cirúrgicos
MUNERATO, FIAMIGHI e
PETRY
2005 RS 11 a 80+ anos
918 Odontalgia Abertura coronária
AMORIM et. al.
2007 AL 2 a 14 anos 221 Odontalgia Não informado
SANCHEZ e DRUMOND
2011 MG 0 a 75+ anos
315 Não informado Exodontia
SOUSA, DAMANTE e FERREIRA
JR
1997 SP Não informada
27.129 Não informado Abertura coronária
DOURADO et. al.
2005 PE 11 a 81 anos
227 Não informado Abertura coronária
TORTAMANO et. al.
2006 SP 0 a 60+ anos
19.490 Não informado Anamnese
SAKAI et. al. 2005 SP 0 a 15 anos 1.666 Cárie Não informado
40
3. Proposição
3.1 Objetivo Geral
Avaliar o perfil dos profissionais, dos usuários adolescentes e o perfil do
atendimento nas urgências odontológicas das Unidades de pronto Atendimento (UPA)
do Estado de Pernambuco.
3.2 Objetivos Específicos
a) Avaliar o perfil dos adolescentes que procuram o serviço de urgência
b) Verificar as características da demanda;
c) Avaliar a associação entre sexo e faixa etária com procedimentos realizados
d) Avaliar a associação dos procedimentos realizados segundo os dados
relacionados ao atendimento;
e) Avaliar a associação do tempo de formado do profissional com a hipótese
diagnóstica e procedimento realizado;
f) Avaliar o perfil dos profissionais que atendem nestas unidades.
42
4. Procedimentos Metodológicos
4.1 Desenho do Estudo
Trata-se de um estudo de caracterização da demanda em que foi realizado o
censo de todos os dados dos prontuários de adolescentes que procuraram o serviço de
urgência odontológica durante o intervalo de seis meses.
4.2 Localização do Estudo
A pesquisa foi realizada nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de
Olinda, Engenho Velho, Paulista,Curado e Nova Descoberta durante os anos de 2012 e
2013. As Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) são estruturas de complexidade
intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e as portas de urgência hospitalares,
onde em conjunto com estas compõe uma rede organizada de Atenção às Urgências.
Estas unidades foram selecionadas porque são as unidades que possuem urgência
odontológica em Pernambuco.
4.3Definição da população
A população do estudo foi composta por adolescentes de 10 a 19 anos que
procuraram o serviço de urgência odontológica das Unidades de Pronto Atendimento de
Olinda, Engenho Velho, Paulista, Curado e Nova Descoberta, e pelos cirurgiões
dentistas que prestam atendimento nestas unidades.
4.4 Coleta de Dados
Foram coletados dados dos prontuários de todos os adolescentes que
procuraram o serviço de urgência odontológica, durante o intervalo de seis meses.
Informações sobre a distribuição dos atendimentos de acordo com a faixa etária, sexo,
queixa do paciente, diagnóstico, tratamento realizado, procedência, encaminhamento,
tempo de permanência na unidade foram observadas (ANEXO C).
Aos profissionais foi aplicado um questionário, em forma de entrevista, após a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APÊNDICE A)
para a obtenção de informações sobre formação do cirurgião dentista, unidade da UPA
em que trabalha, idade, sexo, tempo de formado, Instituição de origem, se trabalha em
outros locais, se existe uma meta de produtividade, se existe um protocolo de
atendimento a ser seguido, qual o tipo de urgência é mais frequente, se os casos que
chegam realmente são urgência, se poderiam ser solucionados na atenção básica, se
43
acha a UPA resolutiva em relação ao atendimento de urgência e ao tratamento proposto
e o que acham que pode melhorar (APÊNDICE B).
4.5 Elenco de Variáveis
A seguir serão apresentadas as variáveis consideradas no estudo e suas
respectivas categorizações (Quadro 1 e 2):
Quadro 1: Elenco de variáveis relacionadas aos adolescentes e suas categorizações VARIÁVEL CATEGORIZAÇÃO Sexo Masculino
Feminino Idade 10 a 14 anos
15 a 19 anos Cidade Recife
Olinda Paulista Jaboatão dos Guararapes Outras
Classificação de risco Verde Amarela
Queixa do paciente Dor de dente DTM Abscesso Trauma Hemorragia Alveolite Exodontia Inflamações gengivais Exame clínico Restauração/Cárie Retornos agendados Lesão Outros
Hipótese diagnóstica Pulpite Cárie Abscesso Trauma Hemorragia Necrose Lesao DTM Periodontopatia Esfoliação natural do dente
Tratamento realizado Consulta Abertura coronária Raspagem Restauração Pulpotomia Prescrição de medicamento Drenagem de abscesso Exodontia Excisão de lesão ou sutura Higienização de ferida cirúrgica Contenção
Tempo de permanência Até 1 hora
44
De 61 minutos a 2 horas Mais de duas horas
Tempo de formado do profissional que atendeu
Até 15 anos de formado Mais de 15 anos de formado
Encaminhamento Encaminhamento para o ambulatório Residência
Queixa registrada na triagem Dor de dente DTM Abscesso Trauma Hemorragia Alveolite Exodontia Inflamações gengivais Exame clínico Restauração/Cárie Retornos agendados Lesão Outros
Quadro 2: Elenco de variáveis relacionadas aos cirurgiões-dentistas e suas
categorizações VARIÁVEL CATEGORIZAÇÃO Sexo 1.Masculino
2 Feminino Idade 1. 20 a 30 anos
2. 31 a 40 anos 3. 41 a 50 anos 4. Mais de 50 anos
Tempo de formado 1. Até 15 anos 2. Acima de 15 anos
Instituição de origem 1.FOP/UPE 2.UFPE 3.ASCES 4.Outras
Formação profissional 1. Lato sensu 2. Stricto sensu
Trabalha em outro local 1. Sim 2. Não
Tipo de vínculo do outro trabalho 1. Concursado 2. Contratado 3. Sem vínculo
Existe uma meta de produtividade
1. Sim 2. Não
Qual meta de produtividade 1.50 atendimentos por dia 2.100 Procedimentos ambulatoriais por mês
Existe um protocolo de atendimento
1. Sim 2. Não
Qual tipo de urgência é mais freqüente
1.Pulpite 2.Abscesso 3.Outros
Os casos que chegam são realmente urgência
1. Sim 2. A maioria, sim 3. A maioria, não 4. Não
Os casos que chegam poderiam ser solucionados na atenção
1. Sim 2. A maioria, sim
45
básica 3. A maioria, não 4. Não
Resolutividade em relação ao tratamento de urgência
1. Sim 2. Não
Resolutividade em relação ao tratamento ambulatorial
1. Sim 2. Não
Por que não é ou é resolutiva 1.Temos estrutura, materiais e profissionais para atender a demanda ambulatorial 2.Não temos o acompanhamento do tratamento do paciente porque a cada consulta uma nova ficha é gerada
Sugestões de melhoras nas UPAs 1.Atenção básica cumprir seu papel 2. Mais UPAs com cirurgião-dentista 3.Melhorar a classificação de risco 4.Esclarecimento aos pacientes das atribuições da UPA 5.Padronização do atendimento entre profissionais e entre as unidades 6.Reciclagem da equipe com treinamento e cursos 7.O processo de referência e contra-referência funcionar entre as UPAs e centros de especialidades 8. Nada a melhorar
A variável classificação de risco foi observada a partir da triagem que é realizada
no acolhimento ao paciente no serviço por profissionais graduados em enfermagem,
através de um software em que se digita os discriminadores da queixa relatada pelo
paciente e assim o programa sinaliza a classificação, sendo a azul menos urgente e a
vermelha mais urgente.
4.6 Considerações Éticas
O presente projeto foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa em Seres Humanos da Universidade de Pernambuco (parecer 80334). Os
profissionais foram abordados em suas unidades e informados sobre a metodologia
deste estudo e foi solicitada a autorização, através da assinatura do TCLE (APÊNDICE
A) antes de iniciar a coleta de dados. O TCLE informou o tipo de pesquisa, seus
objetivos e esclareceu que a participação era voluntária e que não seria previsto
qualquer tipo de ressarcimento aos participantes, além de assegurar que tanto a
participação, quanto a não concordância em participar da pesquisa não lhes acarretaria
prejuízo de qualquer natureza. No termo também se estabeleceu um compromisso com a
privacidade de cada participante e a utilização confidencial e sigilosa dos dados
coletados.
Para tanto seguiu os princípios éticos e legais que regem a pesquisa em seres
humanos, preconizados na resolução do Conselho Nacional de Saúde 196/96 (Brasil,
1997). Para acesso ao banco de dados, foi solicitada a assinatura do Termo de
46
Concessão pelo Coordenador de Saúde Bucal para que a pesquisadora tivesse acesso ao
banco de dados dos pacientes.
4.7 Análise de Dados
Os dados coletados foram tabulados em um banco de dados no programa SPSS
(Statistical Package for Social Science) versão 17.0. Para análise dos dados foram
utilizadas técnicas de estatística descritiva através da obtenção das distribuições de
freqüências absolutas e percentuais, apresentadas sob a forma de tabelas e estatística
inferencial, através de testes estatísticos qui quadrado de Pearson ou Exato de Fisher,
que foram utilizados de forma a relacionar as variáveis, considerando intervalo de
confiança de 95% e um nível de significância de 5%.
48
ARTIGO 2
PERFIL DO ATENDIMENTO AOS ADOLESCENTES NAS URGÊNCIAS
ODONTOLÓGICAS DAS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA)
NO ESTADO DE PERNAMBUCO
Profile of adolescents’ care in emergency dental units in the State of Pernambuco
DÉBORA MARIA DE ARAÚJO AGUIAR¹
MÔNICA VILELA HEIMER²
¹Mestranda em Hebiatria naUniversidade de Pernambuco – Faculdade de Odontologia
de Pernambuco. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – CAPES
²Professora adjunta da Universidade de Pernambuco - Faculdade de Odontologia de
Pernambuco
Artigo adequado segundo as normas da Revista Ciência & Saúde Coletiva (Anexo E)
49
RESUMO
O presente estudo teve por objetivo avaliar o perfil do atendimento aos adolescentes nas
urgências odontológicas das Unidades de pronto Atendimento (UPA) do Estado de
Pernambuco. Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal em que foram
coletados dados dos prontuários de todos os adolescentes que procuraram o serviço de
urgência odontológica durante o intervalo de seis meses. Os dados coletados das fichas
dos pacientes foram tabulados em um banco de dados no programa SPSS versão 17.0.
Para análise dos dados foram utilizadas técnicas de estatística descritiva e inferencial,
através dos testes Qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher, que foram utilizado de
forma a relacionar as variáveis, considerando intervalo de confiança de 95% e um nível
de significância de 5%. Foram coletados dados de 3.646 adolescentes atendidos em seis
meses nas Unidades de Pronto Atendimento do Estado de Pernambuco, sendo a maior
parte da amostra composta por adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos (62,5%), do
sexo feminino (58,7%), classificados como verde (89,6%) e se queixando de dor de
dente (78,2%). O diagnóstico mais encontrado foi pulpite (24,7%), seguido de cárie
(12,4%) e os procedimentos mais realizados foram abertura coronária (29,8%) e
restauração (24,5%). Os dados coletados demonstram que os adolescentes estão
buscando atendimento de urgência por apresentar quadro de dor, o que sugere que há
deficiência de atendimentos e demanda suprimida nos serviços públicos de atenção
básica, já que a dor de dente é fortemente associada com o alto nível de cárie.
Palavras chaves: Emergência; Saúde Bucal; Odontologia; Epidemiologia; Adolescentes.
50
ABSTRACT
The knowledge of the characteristics of the population that attends a service constitutes
a planning tool in health actions aiming to reduce the overcrowding. It's highlighted in
this study the adolescents, since it constitutes a relevant group for the study of oral
health status. The present study aimed to evaluate the profile of adolescents’ care in
dental emergencies units in the State of Pernambuco. This is an observational cross-
sectional study in which data were collected from records of all adolescents who seek
emergency dental service during the six-month period. The data were tabulated in a
database using SPSS Program version 17.0 . Descriptive and inferential statistics were
used for data analysis, using Pearson’s chi-square or Fisher’s exact tests, which was
used in order to relate the variables, considering a confidence interval of 95 % and a
significance level of 5%. The data sample consisted of 3,646 adolescents who needed
the emergency dental unit in the period of six months, with the majority of the sample
of adolescents aged 15-19 years (62.5%), female (58.7%) classified as green (89.6%)
and complaining of toothache (78.2%). The most common diagnosis was pulpitis
(24.7%), followed by caries (12.4%) and the most common procedures were coronary
opening (29.8%) and restaurations (24.5%). The results show that adolescents are
seeking emergency care presenting toothache, which suggests that there are suppressed
demand in public primary care services, since the toothache is strongly associated with
the high level of caries.
INTRODUÇÃO
Ao longo das últimas décadas, a Odontologia tem apresentado uma mudança
significativa em seu perfil de atendimento à população, principalmente dentro das
51
camadas sociais que dependem da assistência pública ou filantrópica. Assim, de uma
profissão de saúde que possuía um modelo de assistência marcadamente mutilador,
caminha para um modelo pautado pelo acolhimento, respeito e integralidade. Esta
trajetória que a Odontologia apresenta é compatível com a traçada pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) e possui uma análise mais ampla do processo saúde-doença1.
O modelo hierarquizado do SUS preconiza que as Unidades Básicas de Saúde
(UBS) atuem como “porta de entrada” de pacientes a todo o sistema. No entanto, os
serviços de urgência têm sido sobrecarregados pelo aporte volumosos de pacientes com
casos de complexidade menor, que poderiam ser atendidos nos níveis básicos de
atenção à saúde2.
A incapacidade dos sistemas de saúde em atender o individuo na sua
integralidade, resulta em uma procura constante por atendimentos de urgência3. Por sua
vez, o paciente busca, a partir do atendimento de urgência, uma porta de entrada para
ver solucionada o seu problema de saúde, mesmo que não se enquadre nos padrões
conceituais da urgência. Dessa forma, aqueles que se queixam de dor possuem uma
maior chance de serem atendidos do que aqueles que não manifestam sintomatologia4.
As Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) são estruturas de complexidade
intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e as portas de urgência hospitalares,
onde em conjunto com estas compõe uma rede organizada de Atenção às Urgências.
São integrantes do componente pré-hospitalar fixo e devem ser implantadas em
locais/unidades estratégicos para a configuração das redes de atenção à urgência, com
acolhimento e classificação de risco em todas as unidades, em conformidade com a
Política Nacional de Atenção às Urgências. A estratégia de atendimento está
diretamente relacionada ao trabalho do Serviço Móvel de Urgência – SAMU que
52
organiza o fluxo de atendimento e encaminha o paciente ao serviço de saúde adequado à
situação5.
O conhecimento das características da população que freqüenta um serviço
constitui-se numa ferramenta de planejamento das ações em saúde objetivando diminuir
as superlotações6. Com destaque neste estudo para os adolescentes, visto que a
especificidade da atenção ao adolescente é um aspecto da maior relevância no que diz
respeito à forma de atuação dos profissionais para o alcance de um nível de
compreensão dos vários segmentos que constituem esta população7.
O adolescente se constitui em um grupo relevante para o estudo das condições
de saúde bucal, visto que a literatura apresenta escassos relatos epidemiológicos nesta
faixa etária nos serviços de urgência, sendo que os existentes somente os descrevem por
estarem englobado em estudos com a população geral ou com população infantil.
Assim, o presente estudo teve por objetivo avaliar o perfil do atendimento aos
adolescentes nas urgências odontológicas das Unidades de pronto Atendimento (UPA)
do Estado de Pernambuco.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo de caracterização de demanda em que foi realizado um
censo, baseado em dados secundários, dos prontuários de todos os adolescentes que
procuraram o serviço de urgência odontológica durante o intervalo de seis meses.
Informações sobre o preenchimento completo das fichas, distribuição dos atendimentos
de acordo com a faixa etária, sexo, queixa do paciente, diagnóstico, tratamento
realizado, procedência, encaminhamento e tempo de permanência na unidade foram
observadas.
53
A população do estudo foi composta por adolescentes de 10 a 19 anos, faixa
etária estabelecida segundo a OMS, que procuraram o serviço de urgência odontológica
das Unidades de Pronto Atendimento de Olinda, Engenho Velho, Paulista, Curado e
Nova Descoberta, e pelos cirurgiões dentistas que prestam atendimento nestas unidades.
Os dados coletados das fichas dos pacientes foram tabulados em um banco de
dados no programa SPSS (Statistical Package for Social Science) versão 17.0. Para
análise dos dados foram utilizadas técnicas de estatística descritiva através da obtenção
das distribuições de freqüências absolutas e percentuais, apresentadas sob a forma de
tabelas e estatística inferencial, através do teste Qui-quadrado de Pearson ou Exato de
Fisher, que foram utilizados de forma a relacionar as variáveis, considerando intervalo
de confiança de 95% e um nível de significância de 5%.
RESULTADOS
Foram coletados dados de 3.646 adolescentes atendidos em seis meses nas
Unidades de Pronto Atendimento do Estado de Pernambuco, que correspondeu a
19,21% do total de pacientes atendidos nesse intervalo de tempo. A maior parte da
amostra foi composta por adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos, do sexo
feminino, com média de idade de 15,3 anos (TABELA 1).
A partir da categorização das cidades de procedência do paciente em relação a
unidade em que o usuário foi atendido, observamos que 68,7% dos pacientes residiam
na mesma cidade em que a unidade de atendimento está situada, 29,2% residiam em
cidades vizinhas mas ainda englobada à região metropolitana da cidade em que a
unidade se encontra, 18,7% não informava a cidade de procedência do paciente e apenas
2,1% residiam em cidades mais distantes.
54
Ao classificarmos a fidelização do paciente ao serviço de urgência como sendo a
visita ao mesmo serviço mais de duas vezes no intervalo de tempo da coleta de dados,
verificou-se que 2,4% da amostra foram três vezes, 0,7% foram quatro vezes, 0,2%
foram cinco vezes, e 0,1% foram seis ou sete vezes.
Em 89,6% dos casos, a classificação de risco foi verde e a dor de dente foi o que
mais motivou a procura aos serviços de urgência (78,2%), seguido por abscesso (6,6%).
A queixa mais referida ao profissional da triagem também foi dor de dente (70%)
seguido da queixa de cárie (7,2%). Em relação ao diagnóstico, verificou-se que o mais
encontrado foi pulpite (39,3%), seguido de cárie (19,7%). Para categorização dos dados
coletados em relação ao procedimento realizado foi levado em consideração o
procedimento mais relevante, uma vez que mais de um procedimento era realizado para
solucionar o caso, e foi observado que a abertura coronária foi o procedimento mais
realizado na consulta de urgência (30,4%), seguido por restauração (25%) e exodontia
(12,4%) (TABELA 2).
Verificou-se que os cirurgiões-dentistas com até dez anos de formado realizaram
mais abertura coronária, enquanto que profissionais formados há mais de dez anos
realizaram mais restaurações.
Em relação ao tempo de permanência e a classificação de risco do paciente, a
maior parte foi classificada como verde (30,1%), permaneceram na unidade mais de 120
minutos, enquanto que a maioria dos pacientes classificados como amarelo (36,9%)
permaneceram de 31 a 60 minutos. No entanto, 26% das fichas não estavam com essa
informação descrita na alta do paciente.
Na Tabela 3 se analisa a associação entre faixa etária e sexo com o procedimento
realizado. Desta tabela verifica-se uma associação significativa entre procedimento
55
realizado e faixa etária, onde se destaca que a maior diferença percentual entre as duas
faixas etárias ocorreu no procedimento exodontia, que teve valor mais elevado na faixa
etária 10 a 14 anos (18,0% x 9,0%).
Dos resultados contidos na Tabela 4 se verifica associação significativa entre o
procedimento realizado com cada uma das variáveis, onde se ressalta como as maiores
diferenças percentuais: a classificação de risco no procedimento restauração com valor
mais elevado na categoria verde do que amarelo (27,3% x 4,6%) e nos outros
procedimentos, com valor mais elevado nos classificados como amarelo do que verde
(58,5% x 29,2%). Na comparação do tempo de permanência no procedimento
restauração entre os que permaneceram mais de 2 horas e até uma hora (38,3% x
19,0%) e nos outros procedimentos entre os que permaneceram até uma hora e mais de
duas horas (41,4% x 18,1%).
Na Tabela 5 verifica-se associação significativa entre o tempo de formado com a
hipótese diagnóstica e procedimento realizado onde se ressalta que entre os formados
até 15 anos as hipóteses diagnósticas mais frequentes foram: pulpite (41,5%), cárie
(18,0%) e abscesso (15,6%) e nos formados com mais de 15 anos foram: cárie (39,1%),
abcesso (20,8%) e pulpite (17,7%). A abertura coronária foi o procedimento mais
realizado em profissionais formados até 15 anos (31,9%) e a restauração foi o mais
realizado por profissionais formados há mais de 15 anos (32,9%).
Este estudo possui limitações devido a quantidade de fichas com informações
parcialmente preenchidas e a dificuldade de acesso a esse arquivo devido o
armazenamento ser realizado por outra empresa terceirizada.
A contribuições deste estudo são de grande importância, pois há poucos estudos
abordando esta temáticas em adolescentes e o serviço de urgência odontológica ofertado
56
pelas Unidades de Pronto Atendimento é novo, sendo este estudo o primeiro abordando
a caracterização da demanda deste serviço.
DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo demonstram que a proporção de adolescentes
atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento (19,21%) estão em consonância com a
população adolescente (18,7%) existente no Estado de Pernambuco8.
Foi observada uma maior procura por atendimento de urgência entre os
adolescentes de 15 a 19 anos, o que corrobora com o ultimo levantamento Nacional de
Saúde Bucal9 que demonstrou um aumento da experiência de carie com o avanço da
idade medido aos 12 anos e de 15 a 19 anos.
Quando analisada a diferença entre os sexos em relação à frequência nas
urgências, verificou-se o predomínio da população feminina. Este resultado também foi
observado por alguns estudos que avaliaram os atendimentos nas urgências
odontológicas10-16. Segundo Laurenti et al.(2005)17, a maior procura por cuidados pela
população feminina é uma questão cultural ou social, visto que a mulher normalmente é
responsável por acompanhar o filho e os idosos ao médico e frequentar o pré-natal,
tornando-a naturalmente mais disposta a buscar os serviços de saúde.
Observou-se uma procura maior da população da própria cidade onde se localiza
as Unidades de Pronto Atendimento, o que também foi constatado pelos estudos de
Silva et. al. (2009)10 e Tortamano et. al. (2007)16. Este achado pode ser explicado pela
maior acessibilidade e conhecimento do serviço por parte dos habitantes da cidade em
que a unidade está inserida.
57
Os retornos observados neste estudo (3,4%) foram inferiores ao encontrado por
Tortamano et. al. (2007)16 que avaliou a população que procurou atendimento de
urgência na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. A diferença pode
ser justificada pela faixa etária observada, visto que no estudo supracitado são
englobadas fichas de todas as faixas etárias. Porém o baixo percentual encontrado não
deve ser menosprezado, pois a fidelização do paciente ao serviço de urgência reforça o
modelo assistencial curativo descrito anteriormente1, sem visar a prevenção de doenças,
já que o paciente não é acompanhado, pois, a cada visita à unidade uma nova ficha
clínica é aberta.
A queixa mais comum encontrada neste estudo foi de dor, achado que corrobora
com os observados por diversos autores10,11,12,18,19. Esses dados mostram que a procura
pelo atendimento de urgência ocasionada pela dor de dente é um dado relevante, que
constata que há deficiência de atendimentos e demanda suprimida nos serviços públicos
de atenção básica, já que a dor de dente é fortemente associada com o alto nível de
cárie20.
Apesar de ter sido observado um percentual baixo de trauma para a faixa etária
em questão, estes resultados corroboram com os achados nos estudos de Silva et. al.
(2009)10 e Munerato, Fiamighi e Petry (2005)11. No entanto, outros estudos4,12,18,19
encontraram percentuais mais elevados. Acredita-se na hipótese levantada por Silva et.
al. (2009)10, cujo estudo foi realizado no Recife, que referiu como causa da baixa
prevalência de traumas dentais encontrada em sua pesquisa, a existência de grandes
hospitais-referência em traumatologia buco-maxilo-facial na região metropolitana do
Recife.
58
A pulpite foi diagnosticada como a maior causa dos atendimentos, o que explica
a queixa de dor relatada pelos pacientes, uma vez que a maior parte das odontalgias é de
origem pulpar10. Esse diagnóstico também foi o mais relatado em outros estudos11,14,15.
Apesar de constatarmos que a grande procura pelos serviços de urgência ocorreu
devido a dor e que o procedimento mais realizado foi a abertura coronária, verificou-se
que a maioria dos pacientes foram classificados como verde, ou seja, tratamento
necessário, porém não urgente, contrastando com o perfil do atendimento realizado na
urgência. Enfatiza-se, no entanto, que o profissional responsável pela classificação de
risco, que é realizada na triagem, tem formação em enfermagem e faz a classificação
através da seleção de discriminadores da queixa em um software que automaticamente
sinaliza a prioridade do atendimento, deixando essa etapa tão importante do processo
estritamente ligada ao computador.
Observou-se que os profissionais com mais de quinze anos de formados
realizaram mais procedimentos restauradores, enquanto os profissionais com menos
tempo de formado realizaram mais abertura coronária. Esta divergência sugere que pode
estar ocorrendo falha no diagnóstico, ocasionando ou um tratamento invasivo
desnecessário, ou o retorno do paciente para a realização de novo procedimento devido
a agudização do quadro, ou ainda o não entendimento do modelo de atenção. Este fato
nos leva a refletir sobre a necessidade de uma calibração entre os profissionais da rede,
através de programas de capacitação e atualização.
CONCLUSÃO
Com base nos dados deste estudo foi possível identificar que a demanda das
Unidades de Pronto Atendimento foi composta por adolescentes na faixa etária de 15 a
59
19 anos, do sexo feminino e que residiam próximo à Unidade de Pronto de Atendimento
(UPA) em que foram atendidos. A classificação de risco mais encontrada foi a verde,
apesar da queixa mais referida ter sido dor de dente, do diagnóstico mais freqüente ter
sido pulpite e do procedimento mais realizado ter sido abertura coronária.
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62
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63
Tabela 1- Distribuição da amostra de adolescentes atendidos de acordo com a faixa
etária e sexo.
Table 1 – Distribution of the sample according to age and gender.
Variável N %
TOTAL 3646 100,0
Faixa etária
10 a 14 1366 37,5
15 a 19 2280 62,5
Sexo
Masculino 1504 41,3
Feminino 2142 58,7
Fonte: Dados da pesquisa, 2013.
64
Tabela 2- Frequencia das variáveis contidas na ficha de atendimento dos pacientes.
Table 2 – Frequency of variables in the records’ dental care of the patients.
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
65
Tabela 3 – Associação dos procedimentos realizados com as características da amostra.
Table 3 – Association between procedure and the sample’s characteristics.
Procedimento realizado
Variável Abertura coronária Restauração Exodontia Outros TOTAL Valor de p
N % N % n % N % N %
Faixa etária
10 a 14 375 27,9 336 25,0 242 18,0 393 29,2 1346 100,0 p(1)< 0,001*
15 a 19 712 31,9 557 25,0 200 9,0 761 34,1 2230 100,0
Grupo Total 1087 30,4 893 25,0 442 12,4 1154 32,3 3576 100,0
Sexo
Masculino 456 31,0 339 23,0 185 12,6 493 33,5 1473 100,0 p(1) = 0,151
Feminino 631 30,0 554 26,3 257 12,2 661 31,4 2103 100,0
Grupo Total 1087 30,4 893 25,0 442 12,4 1154 32,3 3576 100,0
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%.
(1): Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
66
Tabela 4 – Associação dos procedimentos realizados segundo os dados relacionados ao atendimento
Table 4 – Association between procedures and data related to care
67
Tabela 5 - Associação de diagnóstico e procedimento realizado de acordo
com o tempo de formado do profissional.
Table 5 – Association between professionals’ experience, procedure and diagnostic.
Tempo de formado
Variáveis Até 15 anos Mais de 15 anos Grupo total Valor de p
n % N % N %
Hipótese diagnóstica
Cárie 372 18,0 75 39,1 447 19,8 p(1) < 0,001*
Alveolite 64 3,1 4 2,1 68 3,0
DTM 20 1,0 - - 20 0,9
Pulpite 858 41,5 34 17,7 892 39,5
Abscesso 322 15,6 40 20,8 362 16,0
Lesão tecido mole 13 0,6 3 1,6 16 0,7
Trauma 82 4,0 3 1,6 85 3,8
Erupção ou esfoliação 44 2,1 5 2,6 49 2,2
Gengivite/ Periodontite 76 3,7 6 3,1 82 3,6
Hemorragia 8 0,4 - - 8 0,4
Necrose 143 6,9 15 7,8 158 7,0
Outros 63 3,1 7 3,6 70 3,1
Procedimentos realizados
Abertura coronária 1006 31,9 68 18,2 1074 30,5 p(1) < 0,001*
Restauração 762 24,2 123 32,9 885 25,1
Exodontia 365 11,6 67 17,9 432 12,3
Outros 1018 32,3 116 31,0 1134 32,2
68
ARTIGO 3
PERFIL DOS PROFISSIONAIS DAS URGÊNCIAS ODONTOLÓGICAS DAS
UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO NO ESTADO DE PERNAMBUCO
Professionals’ profile of dental emergency in emergency units in the State of
Pernambuco
DÉBORA MARIA DE ARAÚJO AGUIAR¹
MÔNICA VILELA HEIMER²
¹Mestranda em Hebiatria naUniversidade de Pernambuco – Faculdade de Odontologia
de Pernambuco. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – CAPES
²Professora adjunta da Universidade de Pernambuco - Faculdade de Odontologia de
Pernambuco
Artigo adequado segundo as normas da Revista Ciência & Saúde Coletiva (Anexo E).
69
RESUMO
O serviço de urgência odontológico nas Unidades de Pronto Atendimento
(UPAs) ainda está completando dois anos de atendimento no Estado de Pernambuco.
Com o objetivo de conhecer os profissionais que estão inseridos nesse serviço, o
presente estudo visou verificar o perfil dos cirurgiões-dentistas que trabalham
distribuídos nas cinco UPAs no Estado de Pernambuco que possuem assistência
odontológica. Foi aplicado aos profissionais um questionário, em forma de entrevista,
para a obtenção de informações sobre formação do cirurgião dentista, que teve sua
reprodutibilidade analisada através do teste e reteste, empregando o coeficiente de
Kappa. O valor obtido foi de 0,772, indicando uma concordância substancial. A amostra
foi constituída por 32 profissionais, sendo 67,7% do sexo feminino, com idade entre 31
e 40 anos (38,7%), que trabalham há mais de um ano no serviço (74,2%). A maior parte
dos profissionais possui curso de pós graduação lato sensu (75%) com destaque na área
de endodontia e trabalham em outros locais além do serviço de urgência (93,5%). Em
relação a opinião dos profissionais acerca do serviço, 54,8% tem a opinião que a
maioria dos casos que chegam a unidade são urgência, porém 45,2% confirmam que
esses casos poderiam ser solucionados na atenção básica. Todos os profissionais
concordam que o atendimento em relação a urgência do serviço é resolutivo, porem
quando abordamos o atendimento ambulatorial realizado, 16% dos cirurgiões-dentistas
não classificam como resolutivo pois não há plano de tratamento nem acompanhamento
do paciente. Podemos concluir que o perfil de profissional das UPAs são cirurgiões-
dentistas do sexo feminino com idade entre 31 e 40 anos, pós-graduados que estão
atendendo no serviço desde a implantação
Palavras chave: Emergência; Odontologia; Saúde Bucal; Prática odontológica de grupo.
70
ABSTRACT
The emergency dental service in emergency units are still completing two years of
service in the State of Pernambuco . In order to know the professionals that are included
in this service, the present study aimed to investigate the profile of dentists working in
five emergency units distributed in the State of Pernambuco, which provides emergency
dental care. The questionnaire applied to the professionals had your reproducibility
analyzed through the test and retest, using the Kappa coefficient, obtaining a kappa of
0.772, indicating substantial agreement. The sample consisted of 32 professionals , 67.7
% were female, aged between 31 and 40 years (38.7%), working for more than one year
in service (74.2%). Most of these professionals own course of post graduation (75%) in
the field of endodontic and work in other places than the emergency department
(93.5%). According to professionals' opinion about the service, 54.8% have the opinion
that most cases that reach the unit are urgent , but 45.2% confirm that these cases could
be resolved in primary care. All professionals agree that the emergency dental care is
resolutive, however compared to outpatient care, 16% of dentists do not classify as
resolute because there is no treatment plan or follow-up. The vision of the professional
who compose the service is required because it is a new service, having the older unit a
little over two years of activity. Such information is an important tool in managing
actions of health services for the service and professionals suited to the demands of the
health service.
Keywords: Emergency; Dentistry; Oral health; Group practice, dental.
71
INTRODUÇÃO
Apesar do grande esforço para efetivação do novo paradigma de planejamento
e programação da atenção básica, as equipes de saúde bucal ainda encontram
dificuldades para a realização das práticas pertinentes à estratégia do Sistema Único de
Saúde (SUS), fazendo com que a prática profissional continue amarrada a uma demanda
crescente de atendimento cirúrgico-restaurador1.
A incapacidade dos sistemas de saúde em atender o individuo na sua
integralidade, resulta em uma procura constante por atendimentos de urgência2. O
Ministério da Saúde lançou, em 2003, a Política Nacional de Urgência e Emergência3
com o intuito de estruturar e organizar a rede de urgência e emergência no país
objetivando a diminuição das filas nos prontos-socorros dos hospitais, evitando que
casos que possam ser resolvidos na baixa ou média complexidade sejam encaminhados
para as unidades hospitalares.
As unidades têm como responsabilidades: funcionar nas 24 horas do dia em
todos os dias da semana; acolher os pacientes e seus familiares sempre que buscarem
atendimento na UPA; implantar processo de Acolhimento com Classificação de Risco;
estabelecer e adotar protocolos de atendimento clínico, de triagem e de procedimentos
administrativos; articular-se com a Estratégia de Saúde da Família, Atenção Básica,
SAMU 192, unidades hospitalares, unidades de apoio diagnóstico e terapêutico e com
outros serviços de atenção à saúde do sistema locorregional, construindo fluxos
coerentes e efetivos de referência e contrareferência; prestar atendimento resolutivo e
qualificado aos pacientes acometidos por quadros agudos ou agudizados de natureza
clínica; fornecer retaguarda às urgências atendidas pela Atenção Básica; entre outras4.
As UPAs são classificadas em três diferentes portes,de acordo com a população
da região a ser coberta, a capacidade instalada, ou seja, área física, número de leitos
72
disponíveis, recursos humanos e a capacidade diária de realizar atendimentos médicos.
A Unidade do tipo porte I é instalada com população da região com cobertura de 50.000
a 100.000 habitantes, com área física de 700m2 e capacidade de atender até 150
pacientes em 24 horas; a porte II cobre de 100.001 a 200.000 habitantes, possui 1000m2
e tem capacidade para atender até 300 pacientes em 24 horas; e a porte III cobrindo de
200.001 a 300.000 habitantes, possui 1300m2 e tem capacidade para atender até 450
pacientes em 24 horas4.
A saúde bucal é um dos serviços integrados às UPAs de porte III, funcionando
24 horas por dia, cada unidade odontológica tem capacidade para realizar 50
atendimentos. Os consultórios estão aptos a tratar desde a dor de dente a casos mais
complexos, como problemas periodontais, alterações na mucosa da cavidade oral, dores
nas articulações bucais e problemas decorrentes de acidentes e violência (traumas
leves)4.
As UPAs atendem a uma demanda espontânea de pacientes agudos ou
crônicos, com ou sem risco, e isso vale para todos os serviços oferecidos. No tocante à
saúde bucal, os serviços de urgência que são oferecidos e que requerem
acompanhamento temporário ou permanente são referenciados às USF, garantindo um
fluxo coordenado sem distorcer o que é preconizado pelo SUS. As principais
dificuldades relacionadas ao sistema de referência e contra referência entre os serviços
e, conseqüentemente, para a garantia da integralidade, consistem na dificuldade de
acesso a determinadas especialidades e na ausência de conhecimento ou interesse do
médico em encaminhar o paciente5.
No Brasil existem 260.512 cirurgiões-dentistas e no Estado de Pernambuco são
6.980, segundo dados do Conselho Federal de Odontologia – CFO6 e essa demanda de
profissionais tende a crescer, visto que em Pernambuco conta agora com sete faculdades
73
de odontologia, sendo uma federal, uma estadual e cinco particulares, fazendo com que
ocorra uma expansão forçada da oferta de cirurgiões-dentistas sem uma correspondente
melhora no status econômico da população em geral e uma oferta de trabalho
essencialmente voltada para a prática privada e curativa.
Faz-se necessário uma avaliação da real situação da odontologia brasileira,
analisando-se a formação dos recursos humanos para que se possa estabelecer diretrizes
fundamentais para a sua reestruturação e adequação do profissional ao serviço. O
presente trabalho tem por objetivo avaliar o perfil dos cirurgiões-dentista que atendem
nas urgências odontológicas das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do Estado de
Pernambuco.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal que objetivou traçar o
perfil dos cirurgiões-dentistas que atendem nas urgências odontológicas das Unidades
de Pronto Atendimento (UPA) do Estado de Pernambuco.
A pesquisa foi realizada nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de
Olinda, Engenho Velho, Paulista, Curado e Nova Descoberta durante o ano de 2013.
Estas unidades foram selecionadas porque eram as que contavam com atendimento
odontológico de urgência na época da coleta de dados, tendo a mais antiga unidade
iniciado o atendimento odontológico de urgência há pouco mais de dois anos.
Foi aplicado aos profissionais um questionário, em forma de entrevista, para a
obtenção de informações sobre formação do cirurgião dentista, idade, sexo, tempo de
formado, Instituição de origem, se trabalha em outros locais, se existe uma meta de
produtividade, se existe um protocolo de atendimento a ser seguido, qual o tipo de
urgência é mais frequente, se os casos que chegam realmente são urgência, se poderiam
74
ser solucionados na atenção básica, se acha a UPA resolutiva em relação ao atendimento
de urgência e ao tratamento proposto e o que acham que pode melhorar.
A reprodutibilidade do questionário foi analisada através do teste e reteste,
empregando o coeficiente de Kappa7, que é uma medida que varia entre -1 a + 1 e,
quando igual a 1, indica perfeita concordância. O kappa do questionário foi de 0,772,
indicando uma concordância substancial (60-0,79).
O presente estudo foi previamente encaminhado e aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade de Pernambuco (parecer 80334).
Os profissionais foram abordados em suas unidades e informados sobre a metodologia
do estudo e foi solicitada a autorização, através da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes de iniciar a coleta de dados.
Os dados coletados foram tabulados em um banco de dados no programa SPSS
(Statistical Package for Social Science) versão 17.0. Para análise dos dados foram
utilizadas técnicas de estatística descritiva através da obtenção das distribuições de
freqüências absolutas e percentuais.
RESULTADOS
Foram incluídos na amostra os cirurgiões-dentistas que estavam em atividade no
serviço há, no mínimo, seis meses e que concordaram em participar da pesquisa. Foram
entrevistados 32 profissionais que representaram 91,4% do total e tiveram o perfil de
sexo, idade e formação demonstrado na tabela 1.
Todos os profissionais tinham curso de pós-graduação, sendo 75% curso lato
sensu e 25% stricto sensu e tendo a maior parte ênfase em saúde pública e endodontia
com o mesmo percentual (21,8%) de interesse entre os entrevistados, ficando o restante
75
distribuído entre os cursos de prótese (12,5%), auditoria (9,4%), ortodontia (6,2%),
implantodontia (6,2%) e outros (28,1%).
Mais da metade dos profissionais (68,8%) afirmaram ter participado de seleção
simplificada através de currículo e entrevista para serem selecionados como
profissionais do serviço de urgência, porém 32,3% afirmaram não ter participado de
seleção para conseguir a vaga na unidade. Dos entrevistados, 93,7% trabalham em
outros locais, além da unidade de pronto atendimento, sendo 40% desses sem vínculo
além do estabelecido com o serviço em questão, pois estão em atendimento nos
consultórios particulares onde são autônomos. Os demais profissionais estão vinculados
por contrato (33,3%) ou concurso (26,7%) em outros serviços públicos, além do
consultório particular. Desses profissionais que trabalham em outros locais, 12,5% são
vinculados aos órgãos responsáveis pela unidade de pronto atendimento em que
trabalham e 28,1% estão inseridos na Estratégia de Saúde da Família.
Os profissionais afirmaram (90,6%) que há uma meta de produtividade imposta
na unidade referente a procedimentos ambulatoriais realizados. Por exemplo, caso o
profissional alcance a meta estabelecida para restaurações definitivas e raspagens, este
receberá um incentivos financeiro.
Em relação a existência de um protocolo de atendimento, 59,4% afirmam
conhecer, porém, 40,6% disseram não saber da existência desse protocolo. A
capacitação dos profissionais foi relatada por 53,1% dos pesquisados, que informam ter
ocorrido em forma de cursos e palestras acerca de situações de urgência e emergência
em consultório odontológico.
As informações dos profissionais acerca da demanda de casos nas UPAs estão
dispostas na Tabela 2.
76
Os profissionais que relataram que o atendimento da UPA não é resolutivo em
relação aos procedimentos ambulatoriais, justificaram que como a cada visita do
paciente à UPA uma nova ficha é gerada, se torna impossível criar um plano de
tratamento ou acompanhar os procedimentos realizados e a realizar. A justificativa para
os profissionais que afirmaram ser o atendimento resolutivo,foi o fato de darem um
tratamento definitivo aos casos, de acordo com a queixa referida. Foi observada em uma
das unidades a realização de tratamento endodônticos de dentes anteriores e exodontia
de dentes impactados.
A opinião dos profissionais sobre o que pode melhorar nas unidades de pronto
atendimento foi apresentada de maneira descritiva, já que um profissional poderia
sugerir mais de uma mudança. Os problemas em destaque mais referidos pelos
cirurgiões-dentistas foram a crescente demanda reprimida causada pela falta de acesso
da população a atenção básica (43,7%) e a falta de acesso dos pacientes à atenção
secundária (40,6%). Outros problemas também foram citados em menores proporções
como a falha na classificação de risco (18,7%) e a falta de padronização de atendimento
entre as unidades (12,5%). Como sugestões de melhoras foram relatados a mudança do
profissional responsável pela classificação de risco ou treinamento dos que estão no
cargo para a área odontológica, a reciclagem da equipe odontológica com cursos e
capacitações e a orientação aos pacientes sobre os objetivos da UPA.
DISCUSSÃO
A feminilização da profissão observada neste estudo, que possuiu grande parte
da amostra composta por mulheres, foi semelhante a alguns estudos que abordaram o
mesmo grupo de profissionais8-13. Da mesma forma, outras pesquisas8,10,11,14 também
77
encontraram como faixa etária mais prevalente os profissionais de 31 a 40 anos. Em
relação ao tempo de formado, a maior parte dos profissionais entrevistados tinha até
quinze anos de formado, o que corrobora com os achados de Macedo (2007)8 e Martelli
et. al. (2010)11.
As universidades públicas do Estado foram responsáveis pela formação de mais
de 80% dos profissionais inseridos nos serviços de urgência odontológico das UPAs,
ficando as faculdades particulares responsáveis apenas pela formação de menos de 20%
da amostra. Dados semelhantes foram observados em pesquisa8 realizada com
cirurgiões-dentistas inseridos na Estratégia de Saúde da Família em Pernambuco. Esse
resultado pode ser explicado pelo tempo de existência de curso de graduação em
odontologia ofertado pela iniciativa privada no Estado, sendo o mais antigo reconhecido
pelo MEC15 há cinco anos. Há a oferta de graduação em odontologia de iniciativa
privada no Estado há mais de vinte anos, porém o campus se localiza no interior do
Estado, o que atrai estudantes residentes de cidades próximas. No entanto, essa
proporção de graduados em Odontologia por faculdade particular e pública irá mudar ao
longo do tempo, devido ao aumento de vagas nos cursos de instituições particulares no
Estado.
Todos os profissionais possuem curso de pós-graduação, sendo a maioria lato
sensu, resultados semelhantes foram encontrados em vários estudos8,10,11,12 e contrasta
com dados de outros dois estudos9,14 que encontraram mais da metade dos profissionais
sem curso de pós-graduação.
A meta de produtividade seja ela em relação a quantidade de atendimentos por
dia ou procedimentos ambulatoriais, como restauração e raspagem, é relatada pela
amostra, além do incentivo financeiro para ser alcançada. Esse incentivo ao tratamento
78
ambulatorial pode aumentar o tempo de permanência do paciente na unidade, fazendo
aumentar o tempo de espera e o gasto com materiais, além de confundir o paciente
quanto ao papel de atendimento de urgência ao qual se propõe uma unidade de pronto
atendimento, porém melhora as condições da saúde bucal desses pacientes que
procuraram o atendimento de urgência como reflexo da dificuldade de acesso à atenção
básica16.
Em relação ao protocolo de atendimento, chama a atenção o percentual de
profissionais que desconhece a existência do protocolo de atendimento de urgência, o
que pode ocasionar a falta de padronização de atendimento entre os profissionais e entre
as unidades, relatadas como problema pelos cirurgiões-dentistas neste estudo.
Mais da metade dos profissionais afirmam que a maioria dos atendimentos nas
unidades são realmente urgência, porém a maioria afirma que os casos poderiam ser
solucionados na atenção básica, apesar de relatarem a pulpite como diagnóstico mais
freqüente em seus plantões. Esses dados mostram a situação de dificuldade de acesso da
população ao atendimento ambulatorial odontológico e falta de conhecimento acerca
dos conhecimentos preventivos,pois estudos mostram que o alto nível de cárie é
fortemente associado com dor de dente17,18.
Observou-se uma concordância geral entre os profissionais em relação ao
atendimento de urgência da UPA ser resolutivo, no entanto, quando a resolutividade foi
abordada em relação aos procedimentos ambulatoriais, esse percentual foi diminuído.
Esse fato pode ser observado devido às dificuldades em prevenir, planejar e tratar os
problemas dos pacientes, já que não há o acompanhamento do sujeito. Este fato nos
remete ao antigo modelo hegemônico, correspondente ao modelo médico-assistencial
79
privatista, que limitava-se à realização de restaurações e extrações dentárias seriadas e
ações coletivas descontínuas e esporádicas19.
Em relação às sugestões de melhora, a resposta mais frequente foi o problema do
atendimento à demanda reprimida, devido à dificuldade de acesso à atenção básica, pela
marcação de consulta. Este resultado está em consonância com o estudo de Azevedo e
Costa (2010)20, realizado em Recife (PE), em que tanto os usuários quanto os
profissionais referiram esta dificuldade como uma das situações mais críticas, o que
resulta na não procura pelas Unidades Básicas de Saúde. Assim, a atenção básica
revelou-se como uma estreita porta de entrada do SUS, se constituindo em um grande
desafio para o sistema de saúde.
O segundo problema mais lembrado foi a falta de acesso da população à atenção
secundária, fazendo com que o problema do paciente não seja resolvido totalmente.
Esse mesmo entrave entre os níveis de atenção à saúde foi evidenciado no estudo de
Machado, Colomé e Beck (2011)21 que analisou o sistema de saúde como um sistema
que possui lacunas em relação à comunicação que deveria existir, efetivamente, entre os
profissionais que atuam na atenção básica e na secundária, já que cada um desenvolve
seu trabalho separadamente, deixando os usuários dependentes de um sistema de saúde
ineficiente.
A classificação de risco é entendida como uma necessidade para melhor
organizar o fluxo de pacientes que procuram as portas de entrada de
urgência/emergência, garantindo um atendimento resolutivo e humanizados àqueles em
situações de sofrimento agudo ou crônico de qualquer natureza22. Tendo em vista esses
pressupostos, o Ministério da Saúde propõe em sua Portaria 204823, a implantação do
acolhimento e da “triagem classificatória de risco” nos serviços destinados as urgências,
processo este realizado exclusivamente por um profissional de saúde, de nível superior,
80
ou mediante treinamento específico, podendo assim estabelecer prioridades na ordem de
atendimento. O enfermeiro é considerado o profissional mais capacitado para realizar
este acolhimento23, porém, o Conselho Regional de Enfermagem (COREN) esclarece
que a triagem e o diagnostico dos profissionais de Enfermagem não substitui o trabalho
médico, ou, neste caso, odontológico, da mesma forma como não podem decidir quem
será, ou não será atendido nas unidades de emergência24. No caso da triagem realizada
nas Unidades de Pronto Atendimento ainda temos o agravante da classificação se dar
por seleção de descritores em um software para que o computador assim classifique o
caso de acordo com a gravidade.
CONCLUSÕES
Com base nos dados deste estudo foi possível concluir que a maioria dos
cirurgiões-dentistas que atuam nas Unidades de Pronto Atendimento do Estado de
Pernambuco é do sexo feminino, com idade entre 31 a 40 anos, formada por
universidade pública do Estado, com até quinze anos de atuação profissional e com
curso lato sensu na área de endodontia ou saúde pública.
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Profissional. Florianópolis: COREN-SC, 2010.
84
TABELAS
Tabela 1 – Perfil dos profissionais que atendem nas urgências odontológicas das UPAs
do Estado de Pernambuco. Pernambuco, 2013.
Table 1 – Professionals’ profile who attend in emergency dental care unit in the State of
Pernambuco. Pernambuco, 2013.
SEXO Feminino – 68,8%
Masculino – 31,2%
IDADE 31 a 40 anos – 40,6%
41 a 50 anos – 28,1%
20 a 30 anos – 18,8%
Mais de 50 anos – 12,5%
TEMPO DE FORMADO Até 15 anos de formado – 59,4%
Mais de 15 anos de formado –40,6%
FACULDADE DE ORIGEM Estadual – 53,1%
Federal – 28,1%
Outros – 18,8%
PÓS-GRADUAÇÃO Lato sensu –75%
Stricto sensu – 25%
TOTAL = 32 (100%)
85
Tabela 2 – Informações acerca da demanda de casos nas UPAs. Pernambuco, 2013.
Table 2 – Informations about the patients’ care in emergency dental care unit in the
State of Pernambuco. Pernambuco, 2013.
Urgências mais freqüentes Pulpite – 81,3%
Abscesso – 12,5%
Outros – 6,3%
Os casos que chegam são realmente urgência? A maioria sim – 56,3%
Não – 34,4%
Sim – 9,4%
Os casos que chegam poderiam ser solucionados na atenção básica?
A maioria sim – 43,8%
Sim – 40,6%
Não – 12,5%
A maioria não – 3,1%
A UPA é resolutiva em relação aos atendimentos de urgência?
Sim – 100%
A UPA é resolutiva em relação aos atendimentos ambulatoriais?
Sim – 84,4%
Não – 15,6%
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos observar que os dados trazidos por esta dissertação são de suma
importância, já que estudos sobre atendimento de urgência odontológica em
adolescentes são escassos, mesmo sendo conhecido que o trabalho programático em
saúde voltado para esse grupo etário é importante por ser considerado fértil e permeável
à prevenção e à mudança, especialmente com aqueles adolescentes desprivilegiados,
carentes de estímulos dessa ordem.
O estudo das urgências odontológicas se mostra fundamental, pois são uma
realidade vivida no cotidiano das clínicas odontológicas, e estudos epidemiológicos,
como este, fornecem subsídios para estimar as condições de saúde e as necessidades de
tratamento da população, auxiliando no monitoramento das alterações e padrões das
doenças, principalmente em um serviço relativamente novo com pouco mais de dois
anos de funcionamento.
A procura pelo serviço de urgência odontológica se deu por adolescentes na
faixa etária de 15 a 19 anos, do sexo feminino, classificados como verde e se queixando
de dor de dente, tendo como diagnóstico mais frequente a pulpite e o procedimento mais
realizado a abertura coronária. Esses dados mostram que a procura pelo atendimento de
urgência ocasionada pela dor de dente é um dado relevante, que constata que há
deficiência de atendimentos e demanda reprimida nos serviços públicos de atenção
básica, já que a dor de dente é fortemente associada com o alto nível de cárie.
O perfil dos profissionais que estão atendendo os adolescentes que procuram as
UPAs são cirurgiões-dentistas do sexo feminino com idade entre 31 e 40 anos, pós-
graduados que estão atendendo no serviço desde a implantação. Conhecer quem são os
profissionais que compõem o serviço é de suma importância, visto que é um serviço
novo, tendo a unidade mais antiga um pouco mais de dois anos de funcionamento. Tais
informações representam um instrumento importante na gestão de ações voltadas à
saúde para que se reestruture políticas públicas de acordo com a necessidade da
população e do serviço.
89
5. Referências
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93
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Convidamos V.Sa. a participar da pesquisa “PERFIL DO ATENDIMENTO AOS ADOLESCENTES NAS URGÊNCIAS ODONTOLÓGICAS DAS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA) NO ESTADO DE PERNAMBUCO”,sob responsabilidade da pesquisadoraProfª. Drª. Monica Vilela Heimer, que tem por objetivo realizar um levantamento epidemiológico para verificar o perfil das urgências odontológicas atendidas nas UPAs, bem como as características sociodemográficas da população atendida.
Para a realização deste trabalho serão observados dados sobre preenchimento completo das fichas, distribuição dos atendimentos de acordo com a faixa etária, sexo, diagnóstico, tratamento realizado e procedência. Além do questionário que será aplicado aos cirurgiões dentistas onde se possa colher dados que reflitam a realidade das informações sobre a pesquisa. Posteriormente, os dados serão totalizados, tabulados e sofrerão análise estatística descritiva de forma a estabelecer uma visão do perfil do serviço.
Não haverá desconforto nem riscos para os indivíduos participantes deste estudo. Cabendo ao participante ter consciência dos futuros benefícios adquiridos com a realização desta pesquisa.
Os benefícios esperados com o resultado desta pesquisa são de fornecer subsídios aos governantes, para que os mesmos possam estruturar as Unidades de Pronto Atendimento de forma compatível à demanda exigida.
Em qualquer momento o voluntário poderá obter esclarecimentos sobre todos os procedimentos utilizados na pesquisa e nas formas de divulgação dos resultados. Tem também a liberdade e o direito de recusar sua participação ou retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem prejuízo do atendimento usual fornecido pelos pesquisadores.
Nos casos de dúvidas e esclarecimentos procurar os pesquisadores através do Av. Gal. Newton Cavalcanti, nº 1650 Camaragibe–PECEP: 54753-020 ou pelos telefones 81-34581000 ou 81-34581186. Caso suas dúvidas não sejam resolvidas pelos pesquisadores ou seus direitos sejam negados, recorrer ao Comitê de Ética, à Av. Agamenon Magalhães, S/N, Santo Amaro, Recife-PE ou pelo telefone: 81-31833775
Consentimento Livre e Esclarecido pós informações:
Eu, _______________________________________________, após ter recebido todos os esclarecimentos e ciente dos meus direitos, concordo em participar desta pesquisa, bem como autorizo a divulgação e a publicação de toda informação por mim transmitida em publicações e eventos de caráter científico. Desta forma, assino este termo, juntamente com o pesquisador, em duas vias de igual teor, ficando uma via sob meu poder e outra em poder do pesquisador.
Local: ______________________ Data: ____/____/____
_____________________________________ _______________________________________
Assinatura do Sujeito Assinatura do Pesquisador
94
APÊNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DA PESQUISA
PERFIL DO ATENDIMENTO AOS ADOLESCENTES NAS URGÊNCIAS ODONTOLÓGICAS DAS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA)
NO ESTADO DE PERNAMBUCO
Unidade _____________________ Sexo: _______ Data de Nascimento ___/___/___
Tempo de Formado: _______________________
Faculdade de origem: _____________________________________________________
Formação profissional:
Aperfeiçoamento: __________________________________________________
Especialização: ____________________________________________________
Mestrado: ________________________________________________________
Doutorado: _______________________________________________________
Trabalha em outros locais? ( )Sim ( )Não
Quais?_________________________________________________________________
Qual o tipo de vínculo? ( ) Concursado ( ) Contratado
Existe alguma meta de produtividade na Unidade de Pronto Atendimento em que trabalha?
( ) Sim ( ) NãoSe sim, qual? __________________________________________
______________________________________________________________________
____________________________________________________________________
95
Aqui existe algum protocolo de atendimento a ser seguido? ( )Sim ( )Não
Se sim, qual? __________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Qual o tipo de urgência mais frequente?______________________________________
Os tipos de caso que chegam são realmente urgências? ( ) Sim ( ) Não
Poderiam ser solucionados na atenção básica? ( ) Sim ( ) Não
Em termos de urgência, a UPA é resolutiva? ( ) Sim ( ) Não
Em relação ao tratamento proposto, a UPA é resolutiva? ( ) Sim ( ) Não
Por que? ______________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Em sua opinião, o que poderia melhorar? _____________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
97
ANEXO A
INSTRUÇÃO AOS AUTORES DA REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMIOLOGIA
Apresentação dos manuscritos: Os artigos são
aceitos em português, espanhol ou inglês. Os
artigos em português e espanhol podem ser
acompanhados, além dos resumos (no idioma
original do artigo e em inglês), e respectivo
número do processo.
Ilustrações
As tabelas e figuras (gráficos e desenhos)
deverão ser enviadas em páginas separadas;
devem ser suficientemente claras para permitir
sua reprodução de forma reduzida, quando
necessário.
Palavras-chave
Os autores deverão apresentar no mínimo 3 e no
máximo 10 palavras-chave que considerem
como descritores do conteúdo de seus trabalhos,
no idioma em que o artigo foi apresentado e em
inglês para os artigos submetidos em português
e espanhol, estando os mesmos sujeitos a
alterações de acordo com o “Medical Subject
Headings” da NML.
Abreviaturas
Deve ser utilizada a forma padronizada; quando
citadas pela primeira vez, devem ser por
extenso. Não devem ser utilizadas abreviaturas
no título e no resumo.
Referências
Numeração consecutiva de acordo com a
primeira menção no texto, utilizando algarismos
arábicos em sobrescrito. A listagem final deve
seguir a ordem numérica do texto, ignorando a
ordem alfabética de autores. Não devem ser
abreviados títulos de livros, editoras ou outros.
Os títulos de periódicos seguirão as abreviaturas
do Index Medicus/Medline. Devem constar os
nomes dos 6 primeiros autores; quando
ultrapassar este número utilize a expressão et al.
Comunicações pessoais, trabalhos inéditos ou
em andamento poderão ser citados quando
absolutamente neces-sários, mas não devem ser
incluídos na lista de referências, somente citadas
no texto ou em nota de rodapé. Quando um
artigo estiver em via de publicação, deverá ser
indicado: título do periódico, ano e outros dados
disponíveis, seguidos da expressão, entre
parênteses “no prelo”. As publicações não
convencionais, de difícil acesso, podem ser
citadas desde que o(s) autor(es) do manuscrito
indique(m) ao leitor onde localizá-las.
A exatidão das referências é de responsabilidade
do(s) autor(es).
EXEMPLOS DE REFERÊCIAS
Artigo de periódico
Szklo M. Estrogen replacement therapy and
cognitive functioning in the Atherosclerosis
Risk in Communities (ARIC) Study. Am J
Epidemiol 1996; 144: 1048-57.
Livros e outras monografias
Lilienfeld DE, Stolley PD. Foundations of
epidemiology. New York: Oxford University
Press; 1994.
Capítulo de livro
Laurenti R. Medida das doenças. In: Forattini
98
OP. Ecologia, epidemiologia e sociedade. São
Paulo: Artes Médicas; 1992. p. 369-98.
Tese e Dissertação
Bertolozzi MR. Pacientes com tuberculose
pulmonar no Município de Taboão da Serra:
perfil e representações sobre a assistência
prestada nas unidades básicas de saúde
[dissertação de mestrado]. São Paulo: Faculdade
de Saúde Pública da USP; 1991.
Trabalho de congresso ou similar (publicado)
Mendes Gonçalves RB. Contribuição à
discussão sobre as relações entre teoria, objeto e
método em epidemiologia. In: Anais do 1º
Congresso Brasileiro de Epidemiologia; 1990
set 2-6; Campinas (Br). Rio de Janeiro:
ABRASCO; 1990. p. 347-61.
Relatório da OMS
World Health Organization. Expert Committee
on Drug Dependence. 29th Report. Geneva;
1995. (WHO - Technical Report Series, 856).
Documentos eletrônicos
Hemodynamics III: the ups and downs of
hemodynamics. [computer program]. Version
2.2. Orlando (FL): Computorized Systems;
1993.
OBSERVAÇÃO
A Revista Brasileira de Epidemiologia adota as
normas do Comitê Internacional de Editores de
Revistas Médicas (estilo Vancouver),
publicadas no New England Journal of
Medicine 1997; 336: 309 e na Revista
Panamericana de Salud Publica 1998; 3: 188-96,
cuja cópia poderá ser solicitada à Secretaria da
Revista.
101
ANEXO D
INFORMAÇÕES DOS PRONTUÁRIOS DOS ADOLESCENTES ATENDIDOS
Número do Paciente __________________
Hora de entrada: ______:_______
Idade _____________________
Sexo Masculino Feminino
Cidade ______________________________________________________________
Queixa principal _______________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Diagnóstico_____________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Tratamento realizado ____________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Encaminhamento Encaminhamento para ambulatório
Residência
Hora da alta: ______:______
Carimbo do profissional
102
ANEXO E
INSTRUÇÃO AOS AUTORES DA REVISTA CIÊNCIA & SAÚDE COLETIVA
INSTRUÇÕES PARA COLABORADORES
Ciência & Saúde Coletiva publica debates, análises e
resultados de investigações sobre um tema específico
considerado relevante para a saúde coletiva; e artigos
de discussão e análise do estado da arte da área e das
subáreas, mesmo que não versem sobre o assunto do
tema central. A revista, de periodicidade mensal, tem
como propósitos enfrentar os desafios, buscar a
consolidação e promover uma permanente
atualização das tendências de pensamento e das
práticas na saúde coletiva, em diálogo com a agenda
contemporânea da Ciência & Tecnologia.
Recomendações para a submissão de artigos
Recomenda-se que os artigos submetidos não tratem
apenas de questões de interesse local, ou se situe
apenas no plano descritivo. As discussões devem
apresentar uma análise ampliada que situe a
especificidade dos achados de pesquisa ou revisão no
cenário da literatura nacional e internacional acerca
do assunto, deixando claro o caráter inédito da
contribuição que o artigo traz.
A revista C&SC adota as “Normas para apresentação
de artigos propostos para publicação em revistas
médicas”, da Comissão Internacional de Editores de
Revistas Médicas, cuja versão para o português
encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral 1997;
14:159-174. O documento está disponível em vários
sítios na World Wide Web, como por exemplo,
www.icmje.org ou
www.apmcg.pt/document/71479/450062.pdf.
Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta.
Seções da publicação
Editorial: de responsabilidade dos editores chefes ou
dos editores convidados, deve ter no máximo 4.000
caracteres com espaço.
Artigos Temáticos: devem trazer resultados de
pesquisas de natureza empírica, experimental,
conceitual e de revisões sobre o assunto em pauta. Os
textos de pesquisa não deverão ultrapassar os 40.000
caracteres.
Artigos de Temas Livres: devem ser de interesse para
a saúde coletiva por livre apresentação dos autores
através da página da revista. Devem ter as mesmas
características dos artigos temáticos: máximo de
40.000 caracteres com espaço, resultarem de pesquisa
e apresentarem análises e avaliações de tendências
teórico-metodológicas e conceituais da área.
Artigos de Revisão: Devem ser textos baseados
exclusivamente em fontes secundárias, submetidas a
métodos de análises já teoricamente consagrados,
temáticos ou de livre demanda, podendo alcançar até
o máximo de 45.000 caracteres com espaço.
Opinião: texto que expresse posição qualificada de
um ou vários autores ou entrevistas realizadas com
especialistas no assunto em debate na revista; deve
ter, no máximo, 20.000 caracteres com espaço.
Resenhas: análise crítica de livros relacionados ao
campo temático da saúde coletiva, publicados nos
últimos dois anos, cujo texto não deve ultrapassar
10.000 caracteres com espaço. Os autores da resenha
devem incluir no início do texto a referência
completa do livro. As referências citadas ao longo do
texto devem seguir as mesmas regras dos artigos. No
momento da submissão da resenha os autores devem
inserir em anexo no sistema uma reprodução, em alta
definição da capa do livro em formato jpeg.
Cartas: com apreciações e sugestões a respeito do que
é publicado em números anteriores da revista
(máximo de 4.000 caracteres com espaço).
103
Observação: O limite máximo de caracteres leva em
conta os espaços e inclui texto e bibliografia. O
resumo/abstract e as ilustrações (figuras e quadros)
são considerados à parte.
Apresentação de manuscritos
1. Os originais podem ser escritos em português,
espanhol, francês e inglês. Os textos em português e
espanhol devem ter título, resumo e palavras-chave
na língua original e em inglês. Os textos em francês e
inglês devem ter título, resumo e palavras-chave na
língua original e em português. Não serão aceitas
notas de pé-de-página ou no final dos artigos.
2. Os textos têm de ser digitados em espaço duplo, na
fonte Times New Roman, no corpo 12, margens de
2,5 cm, formato Word e encaminhados apenas pelo
endereço eletrônico
(http://mc04.manuscriptcentral.com/csc-scielo)
segundo as orientações do site.
3. Os artigos publicados serão de propriedade da
revista C&SC, ficando proibida a reprodução total ou
parcial em qualquer meio de divulgação, impressa ou
eletrônica, sem a prévia autorização dos editores-
chefes da Revista. A publicação secundária deve
indicar a fonte da publicação original.
4. Os artigos submetidos à C&SC não podem ser
propostos simultaneamente para outros periódicos.
5. As questões éticas referentes às publicações de
pesquisa com seres humanos são de inteira
responsabilidade dos autores e devem estar em
conformidade com os princípios contidos na
Declaração de Helsinque da Associação Médica
Mundial (1964, reformulada em 1975,1983, 1989,
1989, 1996 e 2000).
6. Os artigos devem ser encaminhados com as
autorizações para reproduzir material publicado
anteriormente, para usar ilustrações que possam
identificar pessoas e para transferir direitos de autor e
outros documentos.
7. Os conceitos e opiniões expressos nos artigos, bem
como a exatidão e a procedência das citações são de
exclusiva responsabilidade dos autores.
8. Os textos são em geral (mas não necessariamente)
divididos em seções com os títulos Introdução,
Métodos, Resultados e Discussão, às vezes, sendo
necessária a inclusão de subtítulos em algumas
seções. Os títulos e subtítulos das seções não devem
estar organizados com numeração progressiva, mas
com recursos gráficos (caixa alta, recuo na margem
etc.).
Autoria
1. As pessoas designadas como autores devem ter
participado na elaboração dos artigos de modo que
possam assumir publicamente a responsabilidade pelo
seu conteúdo. A qualificação como autor deve
pressupor: a) a concepção e o delineamento ou a
análise e interpretação dos dados, b) redação do
artigo ou a sua revisão crítica, e c) aprovação da
versão a ser publicada.
2. No final do texto devem ser especificadas as
contribuições individuais de cada autor na elaboração
do artigo (ex. LM Fernandes trabalhou na concepção
e na redação final e CM Guimarães, na pesquisa e na
metodologia).
Nomenclaturas
1. Devem ser observadas rigidamente as regras de
nomenclatura de saúde pública/saúde coletiva, assim
como abreviaturas e convenções adotadas em
disciplinas especializadas. Devem ser evitadas
abreviaturas no título e no resumo.
3. A designação completa à qual se refere uma
abreviatura deve preceder a primeira ocorrência desta
no texto, a menos que se trate de uma unidade de
medida padrão.
Ilustrações
1. O material ilustrativo da revista C&SC
compreende tabela (elementos demonstrativos como
números, medidas, percentagens, etc.), quadro
(elementos demonstrativos com informações
textuais), gráficos (demonstração esquemática de um
fato e suas variações), figura (demonstração
104
esquemática de informações por meio de mapas,
diagramas, fluxogramas, como também por meio de
desenhos ou fotografias). Vale lembrar que a revista é
impressa em apenas uma cor, o preto, e caso o
material ilustrativo seja colorido, será convertido para
tons de cinza.
2. O número de material ilustrativo deve ser de, no
máximo, cinco por artigo, salvo exceções referentes a
artigos de sistematização de áreas específicas do
campo temático. Nesse caso os autores devem
negociar com os editores-chefes.
3. Todo o material ilustrativo deve ser numerado
consecutivamente em algarismos arábicos, com suas
respectivas legendas e fontes, e a cada um deve ser
atribuído um breve título. Todas as ilustrações devem
ser citadas no texto.
4. As tabelas e os quadros devem ser confeccionados
no mesmo programa utilizado na confecção do artigo
(Word).
5. Os gráficos devem estar no programa Excel, e os
dados numéricos devem ser enviados, em separado
no programa Word ou em outra planilha como texto,
para facilitar o recurso de copiar e colar. Os gráficos
gerados em programa de imagem (Corel Draw ou
Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto
com uma cópia em pdf.
6. Os arquivos das figuras (mapa, por ex.) devem ser
salvos no (ou exportados para o) formato Ilustrator ou
Corel Draw com uma cópia em pdf. Estes formatos
conservam a informação vetorial, ou seja, conservam
as linhas de desenho dos mapas. Se for impossível
salvar nesses formatos; os arquivos podem ser
enviados nos formatos TIFF ou BMP, que são
formatos de imagem e não conservam sua informação
vetorial, o que prejudica a qualidade do resultado. Se
usar o formato TIFF ou BMP, salvar na maior
resolução (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado
maior = 18cm). O mesmo se aplica para o material
que estiver em fotografia. Caso não seja possível
enviar as ilustrações no meio digital, o material
original deve ser mandado em boas condições para
reprodução.
Agradecimentos
1. Quando existirem, devem ser colocados antes das
referências bibliográficas.
2. Os autores são responsáveis pela obtenção de
autorização escrita das pessoas nomeadas nos
agradecimentos, dado que os leitores podem inferir
que tais pessoas subscrevem os dados e as
conclusões.
3. O agradecimento ao apoio técnico deve estar em
parágrafo diferente dos outros tipos de contribuição.
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