Perturbação de Stress Pós-traumático (PTSD) em sobreviventes de doença oncológica
A PTSD define-se como um conjunto de sintomas após exposição a um acontecimento traumático, podendo ser reexperenciado através de lembranças intrusivas ou flashbacks, gerar comportamentos de evitamento e ativação aumentada (ausente antes do trauma) que se pode manifestar por irritabilidade, hipervigilância ou dificuldades de concentração1.
Objetivos: Avaliar a representatividade, repercussões e evolução desta comorbilidade a nível do sub-sistema família.
Metodologia: Revisão da literatura existente na base de dados PubMed usando as seguintes palavras-chave: Post-traumatic stress disorder (PTSD), pediatric oncology, comorbidity, childhood cancer survival; adolescents; families; posttraumatic stress symptoms, parents.
Carla Araújo1, Rita Silva2, Vítor Ferreira Leite1, Margarida Leão1
1Interna(o) de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 2Interna de Psiquiatria da Unidade Local de Saúde da Guarda
Referências Bibliográficas: 1Kazak, A. E., Alderfer, M., Rourke, M. T., Simms, S., Streisand, R., & Grossman, J. R. (2004). Posttraumatic stress disorder (PTSD) and posttraumatic stress symptoms (PTSS) in families of adolescent childhood cancer survivors. Journal of pediatric psychology, 29(3), 211–9. Retrieved from
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15131138; 2Barakat, L. P., Alderfer, M. a, & Kazak, A. E. (2006). Posttraumatic growth in adolescent survivors of cancer and their mothers and fathers. Journal of pediatric psychology, 31(4), 413–9. doi:10.1093/jpepsy/jsj058; 3Phipps, S. (2007). Adaptive Style in Children with Cancer : Implications for a Positive
Psychology Approach Children with Cancer Appear Exceptionally. Journal of pediatric psychology, 32(9), 1055–1066.; 4Naderi, M., Firouzkoohi Moghadam, M., Hamzenejad, M., Emamdadi, A., & Karami, H. (2012). Post-traumatic stress disorder and related factors in parents of children with cancer in South-East of iran. Iranian Red Crescent
medical journal, 14(12), 776–81. doi:10.5812/ircmj.2163; 5Alderfer, M. A., Navsaria, N., & Kazak, A. E. (2010). Family Functioning and Posttraumatic Stress Disorder in Adolescent Survivors of Childhood Cancer. Journal Fam Psychol., 23(5), 717–725. doi:10.1037/a0015996.Family; 6Seng, J. S., Graham-Bermann, S. a, Clark, M. K., McCarthy, A.
M., & Ronis, D. L. (2005). Posttraumatic stress disorder and physical comorbidity among female children and adolescents: results from service-use data. Pediatrics, 116(6), e767–76. doi:10.1542/peds.2005-0608
Discussão: As variações encontradas nos vários estudos podem reflectir diferentes exposições (os pais estão, frequentemente, mais perifericamente envolvidos no acompanhamento das crianças e adolescentes4), crenças relacionadas com a patologia, história de recaídas e a influência de factores psicológicos prévios de resiliência ou vulnerabilidade que, consequentemente, afectam os estilos parentais, o padrão de interacção entre pais e filhos e a visão destes em relação à procura e obtenção de cuidados de saúde1,2,3.
Conclusões: O alargamento da abordagem a PTSD e PTSS ao nível familiar permite uma melhor compreensão das patologias envolvidas, ajudando a identificar (adicionando ao diagnóstico medições séricas da cortisolemia e outras variáveis bioquímicas6) e a intervir no tratamento e prevenção a longo-prazo desta comorbilidade1,5.
PTSD: 5% a 18%1
- 50% reexperenciação
- 29-41,3% ativação
53% crianças e adolescentes sobreviventes referem mudanças positivas no próprio, relações interpessoais e planos para o futuro2
Crianças e adolescentes com menores níveis de ansiedade reportam taxas inferiores de PTSD 3
PTSD: 6% a 30%1
- 95% reexperenciação
- 53-63,7% hiperativação
Fatores de risco4:
- > educação e nível socio-económico
- Patologia psiquiátrica prévia
- Criança com pior prognóstico
- Terapêutica com radioterapia
PTSD: 10% a 11,5%1
- 44,2% ativação
> 33% dos pais de sobreviventes reportam mau funcionamento familiar global, padrões de comunicação anormais entre os membros da família e “emaranhamento” das relações familiares5.
Apesar das variações nas percentagens reveladas pelos vários estudos, o diagnóstico desta patologia verifica-se mais frequentemente nos pais (especialmente nas mães) do que nas crianças e adolescentes sobreviventes de doença oncológica1
PTSD em pelo menos 1 dos pais 20-33,33%1
- 98,7% reexperenciação
- 69,1% ativação
- 40,9% evitamento
Top Related