PLANO DE MANEJO
RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
“DR. DAISAKU IKEDA”
MANAUS-AM
FEVEREIRO/2017
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Equipe Técnica
Coordenação Geral Manuel de Jesus Vieira Lima Júnior
Professor Associado IV FCA/UFAM
Engenheiro Florestal
Coordenação Técnica Geise de Góes Canalez
Doutoranda PPG-CASA/UFAM
Eng. Florestal – CREA 13040-D/AM
Colaboradoras
Francineide F. da Silva Bacharel em Serviço Social
Lydiane Lúcia de S. Bastos Enga. Florestal – CREA 15159-D/AM
Equipe
Edison Akira Sato
Diretor Presidente – CEPEAM/SGI
Jean Dinelly Leão Eng. Ambiental – CREA 24661/AM
Dr. Jomber Chota Inuma Eng. Florestal – Dr.
Tais Tokusato Graduanda de Ciências Naturais UFAM
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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Termo
Eu, Julio Kosaka, presidente Associação Brasil SGI (BSGI), representante
legal da instituição proprietária da “RPPN Dr. Daisaku Ikeda”, declaro
estar ciente das informações contidas no Plano de Manejo, bem como
aprovo e atesto a sua veracidade.
__________________________________ Julio Kosaka Presidente BSGI
São Paulo/SP, 01 de Agosto de 2016
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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APOIO
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IPAAM - Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas
SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Amazonas)
SEMMAS - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Manaus)
PARCERIAS
UFAM – Universidade Federal do Amazonas
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia
IFAM – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas
UEA – Universidade do Estado do Amazonas
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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AGRADECIMENTOS
As informações que compõem o Plano de Manejo da RPPN Dr. Daisaku Ikeda, não teriam
sido levantadas sem a ajuda de um grande número de pesquisadores, técnicos e instituições que ao
longo dos 26 anos de existência da propriedade e 21 anos da criação da RPPN nos honraram com
sua experiência, dedicação e respeito.
Nossos agradecimentos:
Aos pesquisadores, voluntários, alunos de graduação, mestrado e doutorado, técnicos e
estagiários que juntos produziram e forneceram informações criteriosas para caracterizar a área e as
atividades desenvolvidas na RPPN.
Aos moradores do Bairro Colônia Antônio Aleixo, que a cada oportunidade de socialização
nos trazem as histórias das origens, do lugar, os caminhos e os saberes que transcendem as gerações
e promovem, em si, a conservação ambiental.
A equipe do Centro de Sementes Nativas do Amazonas (CSNAM/UFAM), por compor o
grupo, dedicar conhecimento, tempo e organizar este documento agora apresentado.
À SEMMAS e ao ICMBio por apoiar e participar das reuniões interinstitucionais de
elaboração do Plano de Manejo.
Ao Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), que transformou seu
sonho numa possibilidade real de aliar a conservação ambiental à melhoria da qualidade de vida das
populações amazônicas, quando uniu esforços junto aos membros da BSGI e Instituto Soka –
Cepeam em consonância com a missão “Valorizar cada vida de forma a promover o desenvolvimento
humano em prol da construção de uma cultura de paz” promovendo assim a RPPN.
A todos nossos mais sinceros agradecimentos!
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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ELABORAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO
Centro de Sementes Nativas do Amazonas (CSNAM/UFAM)
Manuel de Jesus Vieira Lima Júnior, Professor Associado IV FCA/UFAM - Coordenação Geral
Instituto Soka – CEPEAM
Edison Akira Sato - Diretor Presidente
EQUIPE TÉCNICA DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO
Geise de Góes Canalez - Doutoranda PPG-CASA/UFAM - Enga. Florestal – CREA 13040-D/AM
Lydiane Lúcia de S. Bastos – MSc. Ciênc. de Flor. Tropicais - Enga. Florestal – CREA 15159-D/AM
Jean Dinelly Leão - Eng. Ambiental do Instituto Soka - CEPEAM – CREA 24661/AM
Jomber Chota Inuma – Eng. Florestal – Dr. do Instituto Soka - CEPEAM
Francineide F. da Silva - Bacharel em Serviço Social - Instituto Soka - CEPEAM
Tais Tokusato - Graduanda de Ciências Naturais UFAM
REVISÃO DO TEXTO, ORGANIZAÇÃO, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO FINAL
Geise de Góes Canalez - Doutoranda PPG-CASA/UFAM - Enga. Florestal – CREA 13040-D/AM
Jean Dinelly Leão - Eng. Ambiental do Instituto Soka - CEPEAM – CREA 24661/AM
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA E MAPAS
Geise de Góes Canalez - Doutoranda PPG-CASA/UFAM - Enga. Florestal – CREA 13040-D/AM
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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APRESENTAÇÃO
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma das categorias de Unidades de
Conservação (UC) definidas pelo governo brasileiro por meio do Sistema Nacional de Unidade de
Conservação (Lei n° 9.985/2000) e regulamentadas nos âmbitos estadual e municipal,
complementarmente.
As unidades de conservação, de maneira geral, são espaços territoriais com características
naturais relevantes, reconhecidas pelo poder público, com objetivos de conservação. Estas áreas
devem possuir limites definidos e regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção da natureza.
Além da função de proteção, as UC devem assegurar o uso sustentável dos recursos naturais
e propiciar às comunidades envolvidas o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis em
seu interior ou entorno.
A RPPN é uma categoria de Unidade de Conservação particular criada em área privada, por
ato voluntário do proprietário, em caráter perpétuo, instituída pelo poder público. Como depende da
vontade do proprietário, é ele quem define o tamanho da área a ser instituída como RPPN.
Além da proteção e conservação ambiental promovidas pela criação de uma reserva privada
(RPPN), o proprietário possui alguns benefícios:
Direito de propriedade preservado;
Isenção de Imposto Territorial Rural – ITR e/ou Imposto Territorial Urbano, referente à área
reconhecida como RPPN, no caso das normas estadual do Amazonas e municipal de
Manaus/AM;
Prioridade de análise dos projetos pelo Fundo Nacional de Meio Ambiente – FNMA;
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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Preferência na análise de pedidos de crédito junto a instituições de crédito em propriedades
que contiverem RPPN em seus perímetros;
Maiores possibilidades de apoio dos órgãos governamentais para fiscalização e proteção da
área, por ser uma Unidade de Conservação;
Possibilidade de cooperação com entidades privadas e públicas na proteção, gestão e manejo
da RPPN;
Participação na Associação de Proprietários de Reservas Privadas e na Confederação
Nacional de RPPN.
Ainda para a sua gestão, a RPPN precisa ter um Plano de Manejo, o documento técnico que,
com base nos objetivos gerais da UC, estabelece seu zoneamento e as normas que devem nortear e
regular o uso que se fará da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação de
estruturas físicas necessárias à gestão da RPPN. Sua elaboração é uma exigência legal, prevista na
Lei Federal nº 9.985 de 2000.
Esse documento é aprovado pelos órgãos competentes, neste caso ICMBio e SEMMAS,
publicado em meio digital ao público e deverá ser revisado a cada três anos trazendo em seu escopo
as atualizações em termos de Programas e Projetos, área, nome, etc.
Neste interim, em homenagem e reconhecimento ao fundador da BSGI, a coordenação geral
de elaboração do plano de manejo indica a alteração altera o nome da RPPN antes “Nazaré das
Lajes e Lajes” para RPPN “Dr. Daisaku Ikeda” durante o processo de elaboração do plano de
manejo, reconhecido pelo ICMBio por meio do Ofício nº 100/2016-DIMAN/ICMBio.
O Plano de Manejo da RPPN Dr. Daisaku Ikeda está dividido em duas partes, sendo que a
primeira apresenta o diagnóstico da RPPN, seus componentes biológicos, geográficos, sociais e
ambientais. Na segunda parte traz o planejamento da gestão da UC para os três anos de
implementação do Plano com zoneamento e cronograma dos Programas e Projetos.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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O claro clamor aos jovens é para que se realize uma
verdadeira revolução – a revolução interior – uma
revolução na qual todos participem, que se faça dentro da
paz e que mude o próprio indivíduo.
(Daisaku Ikeda)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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SIGLAS E ABREVIAÇÕES
ADA – Ato Declaratório Ambiental
APP – Área de Preservação Permanente
BSGI – Brasil Soka Gakkai Internacional
CEPEAM – Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Amazonas
CCIR – Certificado de Cadastro do Imóvel Rural
CNRPPN – Confederação Nacional das Reservas Particulares do Patrimônio Natural
CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CSNAM – Centro de Sementes Nativas do Amazonas
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente
FUNBIO – Fundo Nacional do Meio Ambiente
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IFAM – Instituto Federal de Educação do Amazonas
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
ITR - Imposto Territorial Rural
IUCN – International Union for Conservation of Nature
MMA – Ministério do Meio Ambiente
ONG – Organização Não Governamental
PAN – Plano de Ação Nacional para a Conservação
PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente
PSF – Programa de Saúde da Família
PZFV – Programa Zona Franca Verde
RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural
SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente
SEMMAS – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade
SGI – Instituto Soka Gakkai Internacional
UC – Unidade de Conservação
UEA – Universidade Estadual do Amazonas
UFAM – Universidade Federal do Amazonas
ZF – Zona Franca
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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SUMÁRIO
1. INFORMAÇÕES GERAIS DA RPPN ....................................................................................................... 16
1.1. Ficha Resumo ............................................................................................................................. 16
2. CONTEXTO ATUAL DO SISTEMA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO AMAZONAS .... 17
2.1. Acesso ......................................................................................................................................... 19
2.2. Histórico de criação da RPPN ..................................................................................................... 19
3. DIAGNÓSTICO DA RPPN ..................................................................................................................... 22
3.1. Município de Manaus ................................................................................................................. 22
3.1.1. Contexto histórico da formação ......................................................................................... 22
3.1.2. Formação Administrativa da cidade ................................................................................... 23
3.1.3. Sociedade e Economia ........................................................................................................ 24
3.1.4. Bairro Colônia Antônio Aleixo: contexto histórico ............................................................. 31
3.1.5. A formação da sociedade do bairro Colônia Antonio Aleixo.............................................. 33
3.1.6. Descrição territorial e infraestrutura do Bairro Colônia Antonio Aleixo ............................ 35
3.1.7. Socioeconomia do bairro: ocupação, trabalho e renda ..................................................... 37
3.2. Cobertura Florestal - Flora ......................................................................................................... 38
3.2.1. Fragmentação Florestal ...................................................................................................... 49
3.3. Fauna .......................................................................................................................................... 50
3.3.1. Avifauna (Aves) ................................................................................................................... 50
3.3.2. Mastofauna (pequenos e médios mamíferos) ................................................................... 58
3.3.3. Herpetofauna (Anfíbios e Répteis) ..................................................................................... 62
3.3.4. Ictiofauna (Peixes) .............................................................................................................. 68
3.4. Relevo ......................................................................................................................................... 72
3.5. Recursos Hídricos ....................................................................................................................... 73
3.5.1. Caracterização da dinâmica fluvial ..................................................................................... 73
3.5.2. Hidrografia na RPPN Dr. Daisaku Ikeda .............................................................................. 75
3.6. Aspectos Culturais e Históricos .................................................................................................. 76
3.6.1. Movimento Socioambiental ‘SOS Encontro das Águas’ ..................................................... 76
3.6.2. Sítios Arqueológicos ........................................................................................................... 77
3.7. Infraestrutura existente na RPPN ............................................................................................... 78
3.7.1. Portaria ............................................................................................................................... 78
3.8. Equipamentos e Serviços............................................................................................................ 88
3.8.1. Sistema de acesso à internet, telefonia móvel .................................................................. 88
3.8.2. Equipamentos de laboratório ............................................................................................ 88
3.8.3. Serviço de produção de mudas ......................................................................................... 88
3.8.4. Realização de eventos ........................................................................................................ 88
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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3.9. Ameaças, impactos e atividades de proteção ............................................................................ 88
3.10. Atividades desenvolvidas na RPPN ......................................................................................... 88
3.10.1. Pesquisa Científica .............................................................................................................. 88
3.10.2. Educação Ambiental ........................................................................................................... 89
3.10.3. Visitação ............................................................................................................................. 89
3.10.4. Recuperação de Áreas Degradadas .................................................................................... 92
3.10.5. Preservação e Conservação ................................................................................................ 93
3.10.6. Eventos ............................................................................................................................... 94
3.11. Publicações ............................................................................................................................. 95
3.12. Funcionários da RPPN ............................................................................................................. 96
3.13. Parcerias ................................................................................................................................. 96
4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .............................................................................................................. 96
5. ANEXOS............................................................................................................................................. 100
6. PLANEJAMENTO ............................................................................................................... 104
6.1. Objetivo Específico ....................................................................................................... 104
7. ZONEAMENTO .................................................................................................................. 104
7.1. O que é zoneamento .................................................................................................... 104
7.2. Critérios utilizados na definição das zonas e norma de uso ........................................ 107
7.2.1. Zona de Proteção .................................................................................................. 107
7.2.2. Zona Especial de Conservação para Soltura de Fauna .......................................... 108
7.2.3. Zona Especial de Conservação de Sítio Arqueológico ........................................... 109
7.2.4. Zona de Recuperação ............................................................................................ 109
7.2.5. Zona Administrativa .............................................................................................. 110
7.2.6. Zona de Visitação .................................................................................................. 111
7.2.7. Zona Especial de Conservação Sazonal das Lajes ................................................. 111
7.3. Mapa do zoneamento .................................................................................................. 112
8. PROGRAMAS DE MANEJO ................................................................................................ 113
8.1. Programa de Proteção Ambiental ................................................................................ 113
8.2. Programa de Conservação Ambiental .......................................................................... 113
8.3. Programa de Pesquisa e Ensino .................................................................................... 114
8.4. Programa de Visitação .................................................................................................. 115
8.5. Programas Administrativos .......................................................................................... 115
9. PROJETOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 116
9.1. Projeto de Enriquecimento Florestal ........................................................................... 116
9.2. Banco de Sementes Amazônicas .................................................................................. 117
9.3. Projeto Arte no Rio ........................................................................................................... 118
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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Lista de Figuras
Figura 1. Localização geográfica da Reserva Particular do Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda, Instituto
Soka - Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Amazonas ................................................................ 18
Figura 2. Mapa de Acesso à RPPN Dr. Daisaku Ikeda, Manaus/AM. .......................................................... 19
Figura 3. Título de Reconhecimento da Criação da RPPN” Nazaré das Lajes e Lajes”, atual RPPN “Dr.
Daisaku Ikeda” pelo IBAMA em 1995. ........................................................................................................ 21
Figura 4. Registros fotográficos históricos da formação da cidade de Manaus (Fonte: Manaus de
Antigamente) .............................................................................................................................................. 23
Figura 5. Registros fotográficos históricos da cidade de Manaus (Fonte: Manaus de Antigamente - site)24
Figura 6. Manaus: delimitação da cidade e do município e seus limites ................................................... 25
Figura 7. Panorama da Cidade de Manaus na atualidade .......................................................................... 25
Figura 8. Zonas administrativas da cidade de Manaus .............................................................................. 28
Figura 9. Manaus: Distribuição dos bairros da cidade nas zonas territoriais ............................................. 30
Figura 10. Pacientes do Hospital Colônia Antonio Aleixo, Manaus/AM, durante celebração religiosa. ... 32
Figura 11. Refeitório da Colônia Antonio Aleixo, Manaus - AM, 1945 ....................................................... 32
Figura 12. Localização do bairro Colônia Antonio Aleixo e da RPPN Dr. Daisaku Ikeda, Manaus/AM ...... 35
Figura 13. Infraestrutura do bairro Colônia Antonio Aleixo, Manaus/AM: Espaços de Lazer ................... 37
Figura 14. Habitats amostrados. Fonte: EIA/RIMA Porto das Lajes (2008) ................................................ 69
Figura 15. Vista aérea do Encontro das Águas e Formação Alter do Chão em Ponta das Lajes
(FRANZINELLI & IGREJA, 2011). .................................................................................................................. 72
Figura 16. Vista da Ponta das Lajes durante a intensa seca de outubro-novembro de 2010 (Fonte: Google
Earth, janeiro de 2011) ............................................................................................................................... 73
Figura 17. Encontro das Águas rios Negro e Solimões, Manaus/AM. Fonte: Geise Canalez (2016) .......... 73
Figura 18. Correlação dos níveis registrados na estação hidrométrica de Manacapuru (rio Solimões).
Fonte: Filizola, 2005. .................................................................................................................................. 74
Figura 19. Regime hidrológico do rio Negro, em diferentes estações hidrométricas do tipo Equatorial
com dois picos de cheia. Fonte: Filizola et al. (2002). ................................................................................ 74
Figura 20. Crochi da RPPN Dr. Daisaku Ikeda, Manaus/AM. Fonte: Arquivo Histórico Instituto Soka -
CEPEAM (2016) ........................................................................................................................................... 76
Figura 21. Mapa de localização da infraestrutura existente na RPPN Dr. Daisaku Ikeda .......................... 87
Figura 22. Croqui 1 – Limites da propriedade e da RPPN Dr. Daisaku Ikeda ............................................ 105
Figura 23. Croqui 2 – Localização da infraestrutura e demais espaços mapeados .................................. 106
Figura 25. Limites da zona de preservação .............................................................................................. 108
Figura 26. Limites da zona especial de conservação para soltura de fauna ............................................ 108
Figura 27. Limites da zona especial de conservação de sítio arqueológico ............................................. 109
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
15
Figura 28. Limites da zona de recuperação .............................................................................................. 110
Figura 29. Limites da zona administrativa ................................................................................................ 110
Figura 30. Limites da zona de visitação .................................................................................................... 111
Figura 31. Limites da zona especial de conservação sazonal das lajes .................................................... 112
Figura 32. Mapa do Zoneamento da área da RPPN Dr. Daisaku Ikeda .................................................... 112
Lista de Tabelas
Tabela 1. Áreas Protegidas no Estado do Amazonas. Fonte: ¹ICMBio (2015); ²DEMUC/SEMA (2015),
³FUNAI (2015), 4CNRPPN (2016) ................................................................................................................. 17
Tabela 2. Zonas administrativa da cidade de Manaus: número de bairros, área da zona e população .... 29
Tabela 3. Análise das espécies listadas por índice de valor de importância (IVI) na área da RPPN Dr.
Daisaku Ikeda, Manaus/AM, (DAP ≥ 10 cm). .............................................................................................. 38
Tabela 4. Listagem de aves registrados na RPPN Dr. Daisaku Ikeda (55 espécies) .................................... 51
Tabela 5. Listagem preliminar de aves registradas na RPPN Nazaré das Lajes (8 espécies). Fonte: Arquivo
Histórico Instituto Soka - CEPEAM (2016) .................................................................................................. 62
Tabela 6. Lista preliminar de anfíbios e repteis registrados na RPPN Nazaré das Lajes (39 espécies, 13 de
anfíbios e 26 repteis). ................................................................................................................................. 68
Tabela 7. Classificação das espécies encontradas na área do Porto das Lages - entorno imediato da
RPPN Dr. Daisaku Ikeda (4 ordens, 12 famílias, 28 espécies). Fonte: Fonte: EIA/RIMA Porto das Lajes
(2008) ......................................................................................................................................................... 71
Tabela 8. Pontos e locais de coleta da amostragem. Fonte: EIA/RIMA Porto das Lajes (2008) ................ 75
Tabela 9. Zoneamento da RPPN Dr. Daisaku Ikeda área das zonas e percentual em relação a área total da
Reserva ..................................................................................................................................................... 106
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
16
1. INFORMAÇÕES GERAIS DA RPPN
1.1. Ficha Resumo
Nome da RPPN
“Dr. Daisaku Ikeda”
Nome do Imóvel
Nazaré das Lajes
Nome dos Proprietários
Associação Brasil SGI (BSGI)
Fundador: Daisaku Ikeda
Nome dos Representantes
Diretor Presidente: Julio Kosaka
Responsável Técnico: Jean Dinelly
Endereço da RPPN
Av. Desembargador Anízio Jobim, 980
Colônia Antônio Aleixo
CEP 69008-450
Município e Estado
Manaus (Mao)
Amazonas (AM)
Brasil (BRA)
Telefone e e-mail para contato
(92) 3030-3549
Home Page
www.cepeam.org.br
Área da propriedade
59,00 ha
Área da RPPN
52,06 ha
Ato legal de criação
Portaria IBAMA 049/95
12 de julho de 1995
Localização Geográfica
Ponto de Referencia: 03° 6' 27.67" S
59° 54' 41.16" O
Bioma
Amazônia
Áreas Especiais de Proteção
PAN - Sauim de Coleira
APA Encontro das Águas
Sítios Arqueológicos Bacia Hidrográfica
Rio Negro
Entorno
Bairros Mauazinho (oeste), Puraquequara
(leste), Distrito Industrial II (nordeste)
(Zona Leste de Manaus)
Principais Atividades
Proteção e Conservação Ambiental
Pesquisa
Capacitação
Sementes e Mudas
Educação Ambiental
Visitação Pública;
Eventos
Informações Complementares
1- O subsolo faz parte dos limites da UC, por dar suporte à manutenção dos ecossistemas
protegidos na área;
2 - O espaço aéreo não integra os limites da RPPN.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
17
2. CONTEXTO ATUAL DO SISTEMA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO
AMAZONAS
O Estado detém atualmente 27% de seu território protegidos por Unidades de Conservação,
incluindo as federais (16,73%) e estaduais (12,98%), totalizando 44.790.547,77 milhões de
hectares (ICMBio, 2015; DEMUC/SEMA, 2015; CNRPPN, 2016). O território indígena no
Amazonas representa 27,7%, o equivalente a mais 43,19 milhões de hectares, distribuídos em 173
terras indígenas e 66 etnias (FUNAI, 2015). Somado esses dados, o Amazonas totaliza 57,41% de
seu território legalmente protegido, ressaltando que 2,67% são áreas sobrepostas (Tabela 1).
Tabela 1. Áreas Protegidas no Estado do Amazonas. Fonte: ¹ICMBio (2015); ²DEMUC/SEMA (2015), ³FUNAI (2015), 4CNRPPN (2016)
Áreas Protegidas Área (ha) Território
Estadual (%)
Unidades de Conservação Públicas Federais¹ 25.989.209,63 16,67
Unidades de Conservação Privadas Federais4 879,80 0,06
Unidades de Conservação Públicas Estaduais² 18.786.006,34 12,05
Unidades de Conservação Privadas Estaduais4 14.451,996 0,93
Terras Indígenas³ 43.195.986,77 27,70
Total 87.986.534,54 57,41
Apesar de a área das reservas privadas, em relação às outras categorias de UC ser menor
proporcionalmente, as RPPN e RPDS estão, geralmente localizadas no urbano ou nas áreas
periurbanas, ou ainda no entorno de outras áreas protegidas, conferindo a estas reservas um caráter
importante no esforço de conservação ambiental.
Em Manaus/AM existem, até julho de 2016, oito RPPN somando área de cerca de 250 ha,
sendo a RPPN Dr. Daisaku Ikeda contribuindo com 20.9% dessa área.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
18
Figura 1. Localização geográfica da Reserva Particular do Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda, Instituto Soka - Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Amazonas (CEPEAM)
Fonte: Imagem Manaus GeoTiff 1999; Limites Administrativos IBGE e SEMINF/Manaus (2016)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
19
2.1. Acesso
A RPPN está localizada no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona leste da cidade de Manaus,
cujo acesso se dá a partir da rotatória Gilberto Mestrinho (Bola do Coroado), seguindo pela Alameda
Cosme Ferreira passando na Maternidade Ana Braga seguindo em frente pela mesma Alameda no
bairro Zumbi dos Palmares até se tornar Estrada do Aleixo, passando pelo Instituto Federal do
Amazonas (IFAM), campus Zona Leste, cruzando a Avenida Norte e Sul, passando pelo Refúgio
Sauim Castanheira e na rotatória da empresa Sodecia da Amazônia segue à direita Estrada de acesso
à Embratel chegando-se ao endereço Av. Desembargador Anízio Jobim, 980 - Colônia Antônio
Aleixo, CEP: 69008-450 Manaus/AM, num percurso cerca de 12,5 km (Figura 2).
Figura 2. Mapa de Acesso à RPPN Dr. Daisaku Ikeda, Manaus/AM.
Fonte: Adaptado de Google Earth (2016)
2.2. Histórico de criação da RPPN
A propriedade Nazaré das Lajes foi adquirida pela Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI)
atendendo a iniciativa do seu fundador Dr. Daisaku Ikeda, que em seus planos e sonhos vislumbrava
que a instituição pudesse ter uma área na Amazônia. Após algum tempo de procura, encontrou-se a
propriedade disponível, justamente às margens dos grandes rios Solimões e Negro junto ao encontro
das águas. A partir de então, o Instituto Soka – Centro de Projetos e Estudos Ambientais do
Amazonas (CEPEAM) inicia a gestão dos trabalhos desenvolvidos na área, além da promoção de sua
manutenção.
Os trabalhos iniciaram-se no ano de 1993, com a assinatura de um convênio de cooperação
técnico científica entre o Instituto Soka - CEPEAM, a Universidade Soka do Japão e a Secretaria de
Estado do Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia da Amazônia (extinta SEMATEC).
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
20
Em reconhecimento às ações empreendidas o IBAMA, por meio da Portaria 049/95 de 12 de
julho de 1995 credenciou a área como uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)
integrando-a ao grupo de unidades de conservação reconhecida e protegida pelo poder público e
privado (Figura 3).
Na área da RPPN funcionava uma antiga olaria, desativada nos anos de 1940, como relatado
pelo senhor Ventura Hernandes Estefe de 62 anos, morador mais antigo da área. Antes do CEPEAM
existir, Sr. Ventura ali morava junto com outros moradores na área de entorno da praia da Reserva, a
área das Lajes. Viviam da caça, da pesca e ajudavam a proteger o local.
Segundo o relato, após o fechamento da olaria ouve um hiato de 10 anos no tempo, até virar
uma pequena fazenda, para então ser adquirida pelo Instituto Soka no ano de 1993 e ser
reconhecida com Reserva Particular do Patrimônio Natural. Na época da compra da fazenda, as
famílias saíram do local, ficando apenas sua família, sendo seu padrasto o caseiro do local na época.
No bairro Colônia Antonio Aleixo o Sr. Ventura constituiu família, nas proximidades do
famoso Encontro das Águas, orgulha-se de fazer parte desta história e lamenta que o Instituto Soka -
CEPEAM seja um dos poucos a colaborar com a proteção das árvores, dos rios e dos animais, pois a
ameaça das fábricas de entorno tem poluído as águas e destruído boa parte da floresta.
O crescimento populacional dos quatro bairros adjacentes à área da RPPN acompanhou as
transformações econômicas ao longo do tempo. Mas, segundo o Sr. Ventura, a maioria das casas do
entorno possui quintal com árvores frutíferas, hortas, espécies medicinais. A população é antiga
(muitos são idosos) e respeitam os conhecimentos tradicionais. Possuem uma associação de
pescadores e vivem da pesca no rio utilizando inclusive as áreas das Lajes, porém têm de competir
com pescadores de outras regiões de Manaus, o que causa uma certa disputa.
Dessa forma, a RPPN está localizada entre quatro bairros muito antigos, habitado por
moradores sensíveis a causa ambiental e à preservação da floresta, já que dela fazem uso histórico
como condição da manutenção dos seus modos de vida.
O Instituto Soka - CEPEAM é respeitado na comunidade local como agente de proteção e
conservação ambiental e é um parceiro bem quisto para atividades de educação e pesquisa
escolares. Além disso, o Centro mantém parcerias com outras instituições do entorno como o
Instituto Federal (IFAM), de Manaus (INPA, UFAM, UEA), de outros estados (USP), e internacional
(Universidade Soka), promovendo atividades de ensino, pesquisa e extensão na área ambiental e no
desenvolvimento de estratégias para a visitação pública, conservação e preservação ambiental,
educação, reconhecimento da biodiversidade, e integração social.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
21
Figura 3. Título de Reconhecimento da Criação da RPPN” Nazaré das Lajes e Lajes”, atual RPPN “Dr. Daisaku Ikeda” pelo IBAMA em 1995.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
22
3. DIAGNÓSTICO DA RPPN
3.1. Município de Manaus
3.1.1. Contexto histórico da formação1
De acordo com o setor histórico da prefeitura municipal, Manaus foi criada no século XVII
para demonstrar a presença lusitana e fixar domínio português na região amazônica, que na época já
era considerada posição estratégica em território brasileiro. O núcleo urbano, localizado à margem
esquerda do Rio Negro, teve início com a construção do Forte da Barra de São José, idealizado pelo
capitão de artilharia, Francisco da Mota Falcão, em 1669, data que foi convencionada a usar como o
nascimento da cidade.
A Amazônia, de posse espanhola pelo Tratado de Tordesilhas, em 1494, manteve-se
inexplorada até o século XVI, quando se tornou alvo de interesse de holandeses, franceses, ingleses,
irlandeses e, principalmente, de portugueses, que saíram em 25 de dezembro de 1615 de São Luís
do Maranhão e chegaram ao Pará, onde em 1616, instalaram na baía do Guajará o Forte do Presépio,
nome que fazia referência ao dia da saída do Maranhão.
Desta forma, ocuparam a hoje cidade de Belém e a denominaram de Santa Maria de Belém,
cuja função era controlar toda a região da bacia amazônica e ocupar as terras de propriedade
espanhola.
O Estado do Grão-Pará e Maranhão, criado em 31 de junho de 1751, pelo Marquês de
Pombal, com sede em Belém, tinha o objetivo de demarcar as fronteiras portuguesas, efetivando o
acordo feito com a coroa espanhola em 1750, o Tratado de Madri. Que diferentemente do Tratado de
Tordesilhas, que dividia o hoje território brasileiro, fundamentava-se no princípio jurídico de uti
possidetis, em que cada parte há de ficar com o que atualmente possui.
Ao redor do Forte de São José do Rio Negro se desenvolveu o povoado do Lugar da Barra,
que por conta da sua posição geográfica passou a ser sede da Comarca do São José do Rio Negro.
Em 1755, por meio de Carta régia, a antiga missão de Mariuá foi escolhida como capital, passando a
se chamar vila de Barcelos, anos mais tarde a sede foi transferida para o Lugar da Barra, que em
1832 tornou-se Vila da Barra, e em 24 de outubro de 1848, a Cidade da Barra de São José do Rio
Negro.
Com a elevação da Comarca à categoria de Província, em 1850, a Cidade da Barra, passou a
se chamar em 04 de setembro de 1856, Cidade de Manaus, tornando-se independente do Estado do
Grão-Pará. O nome lembra a tribo indígena dos Manaós, que habitavam a região onde hoje é Manaus
antes de serem extintos por conta da civilização portuguesa, e seu significado é mãe dos deuses.
A partir de 1870, Manaus viveu o surto da economia gomífera, encerrando-se em 1913, em
virtude da perda do mercado mundial para a borracha asiática, fazendo com que a cidade retornasse
a um novo período de isolamento até o advento da Zona Franca de Manaus, em 1970.
Na Figura 4, podem-se observar alguns registros históricos do processo de formação da
cidade de Manaus/AM.
1 Cesar Romero Jacob, Religião e sociedade em capitais brasileiras, 2006.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
23
Figura 4. Registros fotográficos históricos da formação da cidade de Manaus (Fonte: Manaus de Antigamente2)
A
B
C
Foto: George Huebner Colorização Eletrônica Digital
Foto: Av. Eduardo Ribeiro Área do atual Porto Manaus em 1902.
3.1.2. Formação Administrativa da cidade
Segundo com o IBGE, o distrito foi criado com a denominação de Barra do Rio Negro, em
1695 e elevado à categoria de vila com a denominação de Barra do Rio Negro, em 1790, quando foi
elevada à categoria de sede da antiga Capitania do Rio Negro. Só em 1791, era sede da Capitania
transferida de Barcelos para o Lugar da Barra, voltando a Barcelos em 1799. Em 1894, Barra foi
restaurada, mas a sede voltou só voltou para ali no dia 29-03-1808.
Foi à condição de cidade com a denominação de Barra do Rio Negro, pela Lei Provincial do
Pará nº 145, de 24-10-1848. A Lei Provincial nº 582, de 05-09-1850, criou a província do
Amazonas, cuja instalação em 01-01-1852. Em virtude da Lei Provincial n.º 68, de 04-09-1856, o
município de Barra do Rio Negro, via Assembleia Provincial Amazonense, passou ao nome de
Cidade de Manaus, em homenagem à nação indígena Manaós.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é capital do Estado do
Amazonas e se compõe de 3 distritos: Manaus, Remédios e Tauapessassu. Assim permanecendo nos
quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920. No ano de 1933, nova divisão
administrativa, o município aparece constituído do distrito sede, permanecendo em divisões
territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937.
Datado de 1938, foram criados os distritos de Airão e Careiro e anexados ao município de
Manaus (Pelo Decreto-lei Estadual nº 176, de 01-12-1938), sendo no quadro fixado para vigorar no
período de 1939-1943 o município era constituído pelo distrito sede. Assim permanecendo em
divisão territorial datada de 1-VII-1955.
Já em 1955, (Lei Estadual n.º 99, de 19-12-1955), são desmembrados do município de
Manaus os distritos de Airão e Careiro, elevando-os à categoria de município.
A partir de 1960, divisão territorial de 1-VII-1960, o município é constituído do distrito sede
do estado do Amazonas, assim permanecendo em divisão territorial de 2009.
Na Figura 5, observam-se alguns registros fotográficos de locais importantes da cidade de
Manaus/AM, reconhecidos até os dias de hoje. No caso da fotografia C da figura 5, a cachoeira Alta
do Tarumã já não apresenta tanta abundância de água e já está com índices altos de poluição.
2http://manausdeantigamente.blogspot.com.br/
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24
Figura 5. Registros fotográficos históricos da cidade de Manaus (Fonte: Manaus de Antigamente - site)
Porto de Manaus
A
Bondinho Av. Eduardo Ribeiro
B
Cachoeira Alta do Tarumã
C
Foto: Paul Downey (Missionário que viveu Manaus)
Foto: Postal do Bazar Foto Manaus Anos 1940
Foto: Plínio R. Coelho (1954/57)
Aeroporto Ponta Pelada (Base Aérea)
D
Praia da Ponta Negra (anos 1960)
E
Cidade Flutuante – Manaus/AM
F
Foto: http://manausdeantigamente.blogspot.com.br/
3.1.3. Sociedade e Economia
Na década de 1870, de acordo com Filho (2000), com o desenvolvimento da economia da
borracha a cidade iniciou a primeira expansão demográfica acentuada, período encerrado por volta
de 1913. O segundo ápice de crescimento demográfico se deu após a década de 1960, com a criação
da Zona Franca de Manaus e implementação do distrito industrial, implantação de infraestruturas
(estradas, hidrelétricas, projetos de colonização, etc.) deram início a uma grande expansão urbana
na cidade de Manaus (FILHO, 2000).
Na contemporaneidade, verificou-se na década de 2000 a terceira grande onda de expansão
urbana e demográfica com a abertura comercial do estado do Amazonas. Neste período (2000 a
2015) ocorreu uma intensa migração interna (municípios do Amazonas) e externa (outros estados do
Brasil e países). Isso promoveu a expansão rápida e acentuada gerando o crescimento do perímetro
urbano, a verticalização das construções, além da intensificação de surgimento de novas frentes de
ocupação urbana (invasões) e, por conseguinte, criação de novos bairros.
Com área territorial total de 11.401,092 km² e população estimada 2.057.7113 (IBGE, 2016)
o município de Manaus limita-se a norte com o município de Presidente Figueiredo, ao sul com
Iranduba e Careiro da Várzea, a leste com Rio Preto da Eva e a oeste com Novo Airão (Figura 6).
3 Consulte o link http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2015/estimativa_tcu.shtm para verificar atualizações e consultar estimativas da população de anos anteriores.
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25
Figura 6. Manaus: delimitação da cidade e do município e seus limites
A área urbana da cidade corresponde a aproximadamente 4% da área total do município, e
comporta 99,3% da população distribuídos em 63 bairros divididos em seis zonas administrativas
numa área urbana total de 483,40 km² (AMAZONAS, 2013) (Figura 7, Figura 8 e Figura 9).
Figura 7. Panorama da Cidade de Manaus na atualidade
Ponte Metálica Benjamin Constant, Av. 7 de Setembro
A
Ponte Metálica Benjamin Constant em 2008
B
Fonte: Thiago Sanchez (2010) Fonte: Thiago Sanchez (2010)
Porto de Manaus – Hidroviária Vista aérea parcial dos bairros Aleixo/Parque 10
C
D
Foto: CIAT - Flickr / CC2.0 (2015) Foto: Amazonianarede/Osny Araújo (2012)
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26
Relógio da Praça da Matriz
Teatro Amazonas
Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição
E F G
Foto: Aldo Muller (2013) Foto: wikitravel.org (2014) Foto: Francisco Aragão (2012)
Complexo Turístico Ponta Negra
Universidade Federal do Amazonas – Campus Coroado
H I
Foto: http://implurb.manaus.am.gov.br/ (2015) Foto: http://petcomufam.com.br/ (2015)
Arena da Amazônia
Foto: http://itatibanews.com/wp-content/uploads/ (2014)
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28
Figura 8. Zonas administrativas da cidade de Manaus
Fonte: Imagem e plataforma Google Earth (2016); Base de Dados IBGE (2016); SEMINF/Manaus (2016)
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29
Legenda
Zona Sul (Vermelho)
Zona Oeste (Azul-claro)
Zona Leste (Azul-escuro)
Zona Norte (Amarelo)
1 Betânia
1 Compensa
1 Armando Mendes
1 Cidade de Deus
2 Cachoeirinha
2 Gloria
2 Colônia Antonio Aleixo
2 Cidade Nova
3 Centro
3 Lírio do Vale
3 Coroado
3 Colônia Santo Antonio
4 Colônia Oliveira Machado
4 Nova Esperança
4 Distrito Industrial II
4 Colônia Terra Nova
5 Crespo
5 Ponta Negra
5 Gilberto Mestrinho
5 Lago Azul
6 Distrito Industrial I
6 Santo Agostinho
6 Jorge Teixeira
6 Monte das Oliveiras
7 Educandos
7 Santo Antonio
7 Mauazinho
7 Nova Cidade
8 Japiim
8 São Jorge
8 Puraquequara
8 Novo Aleixo
9 Morro da Liberdade
9 São Raimundo
9 São José Operário
9 Novo Israel
10 Nossa Senhora de Aparecida
10 Tarumã
10 Tancredo Neves
10 Santa Etelvina
11 Petrópolis
11 Tarumã-Açu
11 Zumbi dos Palmares
12 Praça 14 de Janeiro
12 Vila da Prata
Zona Centro-Sul (Cor-de-laranja)
13 Presidente Vargas
Zona Centro-Oeste (Verde)
1 Adrianópolis
14 Raiz
1 Alvorada
2 Aleixo
15 Santa Luzia
2 Bairro da Paz
3 Chapada
16 São Francisco
3 Dom Pedro
4 Flores
17 São Lazaro
4 Planalto
5 Nossa Senhora das Graças
18 Vila Buriti
5 Redenção
6 Parque 10 de Novembro
7 São Geraldo
Dentre as seis zonas administrativas da cidade de Manaus a Sul é a maior em número de
bairros, entretanto em termos de área possui apenas 9,7% da área da cidade, sendo a zona leste
onde se encontra a RPPN Dr. Daisaku Ikeda, possui 17,5% dos bairros, 32,2% da área da cidade e
25% da população (Tabela 2).
Tabela 2. Zonas administrativa da cidade de Manaus: número de bairros, área da zona e população
Zona32 N° de
Bairros % Bairros
Área (km²)
% Área População %
População
Leste 11 17,5% 155,69 32,2% 447.946 25,0%
Oeste 12 19,0% 128,29 26,5% 253.589 14,2%
Norte 10 15,9% 98,77 20,4% 501.055 28,0%
Sul 18 28,6% 47,08 9,7% 286.488 16,0%
Centro-Sul 7 11,1% 35,57 7,4% 152.753 8,5%
Centro-Oeste 5 7,9% 17,99 3,7% 148.333 8,3%
Total 63 100% 483,40 100% 1.790.164 100%
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
30
Figura 9. Manaus: Distribuição dos bairros da cidade nas zonas territoriais
Fonte: Imagem e plataforma Google Earth (2016); Base de Dados IBGE (2016); SEMINF/Manaus (2016)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
31
De acordo com o governo do Amazonas4, depois da borracha veio a Zona Franca de Manaus
(ZFM). A cidade ganhou um comércio de importados e depois um pólo industrial onde se
concentram centenas de fábricas. Com a ZFM a capital voltou a experimentar um súbito crescimento
demográfico: a população passa de 200 mil habitantes na década de 60, para 900 mil nos anos 80 e,
finalmente, 1,5 milhão em 2002, 1,8 milhão em 2010 e estimada para mais de 2,0 milhão em 2015,
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2014).
O parque industrial de Manaus hoje abriga mais de 400 empresas mundialmente conhecidas
que geram mais de 50 mil empregos diretos; 350 mil indiretos, somente na cidade de Manaus e
outros 20 mil nos demais Estados da região. Atualmente, o volume de capital gerado pela ZFM é
superior a US$ 10 bilhões.
No ranking de turismo, ocupa a décima posição em maior destino de turistas no país e o
sexto município que mais contribui para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com a
participação de 1,29% no PIB, ficando atrás apenas de São Paulo, com 11,77%, Rio de Janeiro,
5,05%, Brasília, 3,38%, Cuiabá, 1,41%, e Belo Horizonte, 1,37 (IBGE, 2016).
Manaus é o principal centro financeiro e corporativo da Região Norte, a sétima cidade mais
populosa do Brasil e a 131ª mais populosa do mundo.
A cidade foi uma das doze subsedes da Copa do mundo FIFA de 2014 e é a sexta cidade
mais rica do Brasil, com PIB per capita de R$ 32,3 mil (IBGE, 2016). Possui a maior região
metropolitana do norte do país e a décima do Brasil, com 2.210,825 habitantes (IBGE, 2014).
3.1.4. Bairro Colônia Antônio Aleixo: contexto histórico
A história de formação do bairro Colônia Antônio Aleixo tem registros no início da década de
1930, durante o governo ditatorial do presidente Getúlio Vargas, que ordenou ao então ministro
Tancredo Neves, a construção, no local, de 16 pavilhões, feitos de madeiras nobres como Acaru e
Maçaranduba. Esses pavilhões deveriam abrigar os nordestinos trazidos para reativar os seringais da
Amazônia, os chamados ‘soldados da borracha’, sob a liderança do comandante Antonio Guedes
Brandão. Os arigós, como eram conhecidos, ficavam alojados no local enquanto aguardavam para
serem transferidos até os seringais, no interior do Estado (GALVAN, 2003).
Após a partida dos nordestinos, o local ficou abandonado até ser ocupado novamente, desta
vez por portadores de hanseníase, uma vez que, a região era isolada e o trajeto até a cidade, feito
margeando o rio Negro.
Na década de 1940, foi decidido transferir doentes de hanseníase, que na época precisavam
ficar isolados para que a contaminação não se intensificasse, para uma área situada a 32 km do
centro da cidade de Manaus nas proximidades de um Lago.
No início da década de 1940, o doutor Menandro Tapajós, numa viagem a Minas Gerais,
convidou o médico mineiro Antonio Aleixo para iniciar um trabalho pioneiro num leprosário, que
funcionaria nos pavilhões abandonados pelos arigós. Assim, o tratamento dos portadores de
hanseníase começou com apenas seis pacientes, e por volta de 1942, os doentes que eram tratados
4 Histórico de Manaus, http://www.amazonas.am.gov.br/o-amazonas/historia/
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
32
no antigo leprosário de Paricatuba foram trazidos, em grande parte pelo ex-foguista Raimundo
Mendes para a nova colônia, que ganhou o nome do seu fundador e patrono, Antonio Aleixo.
Naquele período, a ideia era de que a “localização satisfazia as autoridades e a população,
pois não haveria mais a possibilidade de contaminar a cidade” com a hanseníase (RIBEIRO, 2011,
p. 72).
Conhecido popularmente como leprosário, o bairro abrigou durante três décadas estritamente
os portadores de hanseníase. Com o passar do tempo, começou a servir de moradia também aos
parentes dos doentes, que aos poucos foi se integrando à comunidade.
Figura 10. Pacientes do Hospital Colônia Antonio Aleixo, Manaus/AM, durante celebração religiosa.
A
Fonte: Souza-Araújo (1948) apud Ribeiro (2011 p. 68)
Figura 11. Refeitório da Colônia Antonio Aleixo, Manaus - AM, 1945
B
Fonte: Souza-Araújo (1948) apud Ribeiro (2011 p. 68)
De acordo com Ribeiro (2011), moradores locais informam que antes da transferência dos
hansenianos para a Colônia, os alojamentos dos pavilhões tinham sido ocupados pelo Exército
Brasileiro (EB). A saída dos homens do EB pode ter se dado pela ocorrência de malária, os militares
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
33
largaram o local, passando a ser destinado ao isolamento dos hansenianos. (...) Assim foi que o
leprosário Colônia Antonio Aleixo passou a ser visto como uma ação de ordem sanitária, um marco
arquitetônico moderno e humanitário e um passo em direção a um futuro promissor e livre de
doenças (RIBEIRO, 2011, p. 73).
3.1.5. A formação da sociedade do bairro Colônia Antonio Aleixo
A partir de 1949, com a promulgação da Lei nº 610/19495 segregação compulsória entrava
em vigor, uma vez que as autoridades sanitárias não encontravam outra forma de controlar o
aumento dos novos casos. Além disso, havia uma pressão da sociedade alimentada pelo medo do
contágio da lepra; e a urbanização e a expansão do capital obrigavam os poderes públicos a
expandirem os serviços de higiene e saúde.
A lei previa em seu caput que os doentes deveriam ser entregues compulsoriamente à uma
inspetoria de saúde e como havia resistência pelas famílias em entregar os doentes, penalidades
foram impostas pelo Código de Postura, o qual obrigava os doentes a se apresentarem, punindo os
parentes com multas e prisões em caso de omissão.
Em Manaus, oficialmente a parte que identificava os pacientes portadores de hanseníase era
chamada de Casa Amarela, situada no bairro da Cachoeirinha. Após identificados, os doentes eram
enviados para a Colônia Antonio Aleixo (GALVAN, 2003), onde ficavam isolados e na esperança de
cura e retorno para a casa de seus familiares e para o convívio com a sociedade.
De acordo com Ribeiro (2011), “a separação repentina da família, dos amigos, da própria
terra, constituía uma grande violência para o doente. Tratava-se de uma morte social, pois muitos
deles sabiam que não voltariam a ver seus familiares”.
Relatos apontam o intenso desrespeito à dignidade humana, os doentes eles eram levados,
rebocados em canoas por um outro barco, e a justificativa era o cumprimento das normas sanitárias
em vigor, em defesa das pessoas sadias, e do capital.
Ainda ressalta-se “os doentes eram denunciados às autoridades, caçados nas casas e nas
matas, tendo a família perseguida pelo Estado e pela sociedade; (...) os doentes sofriam coerção e
intervenção direta do poder. Além da dor física, havia a dor moral, provocada muitas vezes por atos
humanos injustificados (RIBEIRO, 2011)
A seguir o relato de um doente que sofreu as sanções da lei:
Eu morava em Lábrea e já era muito deformada da doença, principalmente nas mãos e nos
pés. Na época eles (Polícia Sanitária) andavam no interior vendo quem era hanseniano e
trazendo na marra, tiravam mesmo do seio da família, na marra. Aí eu fui fazer exame, a
minha mãe ficou muito revoltada porque me deixaram trancada num quarto, me furaram toda
(para tirar sangue), eu chorei muito. A minha mãe chorava lá fora e arrombou a porta prá ver
o que estava acontecendo. Desde aí eles não me deixaram mais ficar com ela. Eles me levaram
para uma casa dentro de um lago (em Lábrea) muito longe da cidade, dentro do mato mesmo.
A minha mãe era cozinheira profissional no interior, só que as pessoas tinham medo dela por
causa de mim. Eu vivia escondida. Quando chegava gente lá, ela me escondia porque eu
estava muito feia, cheia de enfermidades, muito manchada. Eu sou negra e as manchas
brancas apareciam muito. Mas quando as pessoas descobriram ficaram com medo dela
5 Lei nº 610 de 13 de janeiro de 1949 – Dispõe sobre a profilaxia da lepra no território brasileiro. (Revogada pela Lei n° 5.511, de 1968.
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34
também [...]. Aí eu me separei dela. Fui prá essa casa no meio do mato. De 8 em 8 dias
levavam rancho prá nós. Eles me maltravam muito, me trancavam, não me davam comida,
nem água, me batiam. Sofri muito, até tentativa de estupro. A gente ficou lá esperando o barco
buscar todo mundo prá levar prá Colônia. Eu não sei quanto tempo passei nessa casa, mas pelo
sofrimento que passei parece que foi uma eternidade. Toda vez que eles resolviam me dar
comida colocavam tabaco dentro, não sei porque. Quando eu me recusava comer, porque era
muito amargo, eu apanhava [...]. Eu tinha mais ou menos 7 anos. Enquanto a gente vinha
baixando num batelão, eles me deixavam trancada no porão. Eu ficava dia e noite. Lá eu
provocava (vomitava), fazia minhas necessidades, bebia aquela água podre do fundo da
canoa, até chegar em Manaus (choro). A gente vinha a remo, acho que passou mais de um mês
nisso. Eles me jogavam no meio do rio e eu vinha bolando na correnteza. Nessa época o rio
estava cheio. Acho que eles faziam isso porque eu era negra. Eu ficava no rio até eles
resolverem me tirar. Eles me jogavam até no meio dos jacarés. Nem sei como os jacarés não me
comeram. Eu nem tinha mais vontade de viver [...]. Eles faziam a comida, davam prá mim
cheirar e jogavam dentro d’água e diziam que os peixes precisavam mais do que eu. Eu vivia
molhada, só de calcinha porque eles jogaram todo a minha roupa no rio. Às vezes eu roubava
um pouco de farinha de noite e comia, depois tomava água do fundo da canoa [...]. Eu nem
sei como estou viva. Ainda tenho muita coisa prá cumprir aqui na terra. (FPP, 66 anos).
(Depoimento retirado de Ribeiro, 2011, p. 74)
O atendimento era inovador e permitia, devido às descobertas de novos medicamentos, uma
maior sobrevida aos portadores da enfermidade. Em termos médicos e sanitários, os trabalhos de
tratamento de combate à hanseníase avançaram desde a instalação da Colônia.
Quase duas décadas após o início da Colônia (por volta de 1967), a população começa a
crescer, principalmente com a abertura de uma estrada de 23 quilômetros, avenida André Araújo,
homenagem ao juiz de menores colaborador no desenvolvimento da Colônia, ligando a Colônia
Antonio Aleixo a cidade de Manaus. No ano de 1976 iniciaram as discussões sobre a desativação do
leprosário, pois a localidade permanecia ainda isolada do resto da cidade, sob o estigma da lepra.
Era evitada pelos demais moradores de Manaus e ainda não recebia um tratamento de infraestrutura
adequado por parte das autoridades públicas. Nessa época a Colônia abrigava cerca de dois mil
pacientes em tratamento.
No fim da década 70, em 1978, a Colônia foi declarada aberta, permitindo o livre fluxo de
pacientes até a cidade, assim como a instalação, na área, de familiares dos mesmos em torno do
leprosário, cuja área foi loteada e distribuída às famílias dos pacientes, numa tentativa de integrá-los
à sociedade.
Com o tempo, a comunidade se organiza e passa a auto gestar os recursos naturais e serviços
básicos como transporte, educação e saúde, exigindo do poder púbico seu papel neste processo,
recusando, contudo, a tutela e o patriarcalismo.
De acordo com o SOS Encontro das Águas, há registros de que os antigos pacientes da
Colônia são os atuais líderes comunitários das Comunidades, ativos na causa que confrontam como é
o caso do projeto Porto das Lajes, ameaça real ao Lago do Aleixo e ao encontro das águas. Esta
causa, partindo da comunidade, mobiliza hoje um número expressivo de intelectuais, acadêmicos,
jornalistas, cientistas, políticos, microempresários, autônomos, movimentos sociais e cidadãos
diversos.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
35
Importante detectar os níveis de percepção ambiental da população do entorno das Reservas,
sejam elas particulares ou públicas. Entretanto, quando se trata de uma RPPN, as estratégias de
ação, socialização e mobilização social precisa ser transversal a todas as empreitadas, de modo que
essa população sinta-se beneficiada e sejam agentes da promoção da proteção e conservação
ambiental.
3.1.6. Descrição territorial e infraestrutura do Bairro Colônia Antonio Aleixo
Possui uma área territorial de 9,24 km² área total e cerca de 50% da área com cobertura
florestal em estágio secundário, está na margem fluvial do encontro das águas com aproximadamente
5 km extensão e está dividido em sete comunidades: Fé I, Fé II, Onze de Maio, Nova Esperança,
Colônia Antônio Aleixo, Planalto e Buritizal (Figura 12).
Figura 12. Localização do bairro Colônia Antonio Aleixo e da RPPN Dr. Daisaku Ikeda, Manaus/AM
De acordo com Ribeiro (2011), a Comunidade Onze de Maio é bem desenvolvida. Surgiu
com a instalação dos parentes dos pacientes tratados no leprosário sendo as primeiras melhorias
para Comunidade trazidas por padre (Pr. Ludovico Crimela) cujo foi o responsável pela perfuração
de poços artesianos, geridos pela própria comunidade e garantindo o abastecimento de água potável
para seus moradores.
As comunidades apresentam desenvolvimento urbano e econômico com comércios, serviços,
indústrias e espaços comunitários ativos.
Uma das entidades que proporcionou melhoria na qualidade de vida dos moradores da
Colônia Antonio Aleixo é o Centro Social e Educacional do Lago do Aleixo (CSELA), fundado em 24
de abril de 1972 na Comunidade Onze de Maio.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
36
As ruas de Onze de Maio, bem como da maioria da Colônia Antonio Aleixo receberam asfalto
no ano de 1977, durante a gestão do prefeito Jorge Teixeira, nesta época linhas de ônibus já
circulavam no bairro e paravam na praça da Colônia Antonio Aleixo. Um terminal, da Onze de Maio,
foi instalado somente em 1991.
O padre Ludovico foi o principal responsável também pela construção da primeira escola da
comunidade Onze de Maio, batizada de Escola Municipal Nossa Senhora das Graças. Durante mais
de 10 anos a escola foi gerida pela comunidade. A prefeitura assumiu a administração do local
somente no ano de 1993.
No ano 2000, foi construída a primeira creche transformada na Escola Municipal Lili
Benchimol cinco anos mais tarde.
O Centro Social desenvolve vários projetos de capacitação nas comunidades do bairro. Entre
os projetos desenvolvidos pela instituição está o ECAE (Espaço Cidadão de Arte e Educação), com
aulas para a comunidade de balé clássico, oficina de leitura e jogos, leitura pelo computador, escola
de música, biblioteca, espaço teatral. Um importante local desse projeto é a biblioteca, que evita o
deslocamento dos estudantes até o Centro da cidade para realizar pesquisas escolares.
O Centro Social desenvolve vários projetos e programas entre eles citam-se:
- o projeto Remo Vida Atividades Esportivas foi pensado e desenvolvido após um acidente
envolvendo cinco crianças, que perderam a vida ao naufragarem quando tentavam atravessar o lago.
Nenhuma dessas crianças sabia nadar e, desde então, o projeto ensina às crianças a prática de
natação e também a de remo, além de manter uma escola de futebol e de capoeira.
- o programa Água Para a Vida, que atende famílias de outras comunidades do bairro, assim
como a Pastoral da Saúde, que ensina a confecção de remédios naturais.
Bairro Colônia Antonio Aleixo, Manaus/AM
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
37
3.1.7. Socioeconomia do bairro: ocupação, trabalho e renda
Os moradores das comunidades do bairro Colônia Antonio Aleixo desenvolvem atividades
técnicas de construção naval e de olaria, por meio de capacitações, beneficiando grande número de
pessoas e gerando mão de obra para as pequenas indústrias e o comércio locais.
As sete comunidades que formam o bairro Colônia Antônio Aleixo têm atualmente cerca de
60 mil habitantes e possui bom padrão de desenvolvimento, com funcionamento de olaria, padaria,
marcenaria, cooperativa de costureira, produção de farinha e horta comunitária.
A população conta com escolas municipais, quadra poliesportiva coberta, o conjunto Amine
Lindoso, faz parte do Projeto Cidadão do governo do Estado para os hansenianos, igreja católica de
São João Batista, a 17ª Delegacia de Polícia e o cemitério Santo Alberto.
Existe também no local uma indústria de chumbo, que exporta o componente bélico para
estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro e uma madeireira.
A comunidade Nova Esperança é dotada de centro de saúde, feira municipal, centro
municipal de educação infantil Tancredo Neves, escola municipal São Luiz, uma madeireira
chamada, Igreja Católica São Francisco com Centro Paroquial.
Na comunidade Buritizal está localizado o hospital e maternidade Chapot Prevost, a escola
estadual Manuel Antônio de Souza, enquanto a comunidade de Nossa Senhora de Fátima e do
Planalto ainda estão se estruturando.
Figura 13. Infraestrutura do bairro Colônia Antonio Aleixo, Manaus/AM: Espaços de Lazer
A B
C D Fonte: Ribeiro (2011 p. 135)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
38
3.2. Cobertura Florestal - Flora
A RPPN Dr. Daisaku Ikeda encontra-se no ambiente urbano, cuja área localiza-se numa
região ainda com boa percentagem de cobertura florestal, entretanto encontra-se em franca
expansão, além de ser uma zona industrial da cidade.
Em muitas regiões onde restam poucas amostras da vegetação original, as RPPN podem ser
os últimos fragmentos bem conservados existentes sendo de suma importância para a conservação da
biodiversidade (FREITAS, 2011).
Segundo o Inventário Florístico realizado no ano de 1997, esta RPPN ocupa uma área de
52,06 hectares de uma área total de 55 ha da propriedade, recoberta por floresta ombrófila densa do
tipo submontana, de acordo os levantamentos do Projeto Radam (BRASIL, 1974), também chamadas
de “terra firme” e floresta aluvial, onde estão distribuídos indivíduos de mais de 200 espécies
arbóreas de 45 famílias (INSTITUTO SOKA - CEPEAM, 1997).
Melastomataceae, Burseraceae, Lecythidaceae e Fabaceae foram as quatro famílias
botânicas com maior densidade de indivíduos com diâmetro (dap) maior e igual a 10 cm, indicando
a ampla oferta de alimentos e refúgio para a fauna silvestre do local e de entorno (Tabela 3).
Tabela 3. Análise das espécies listadas por índice de valor de importância (IVI) na área da RPPN Dr. Daisaku Ikeda, Manaus/AM, (DAP ≥ 10 cm).
Família Gênero Espécie FRABS. FRREL. DEABS. DEREL. DOABS. DOREL. IVI
Burseraceae Protium P. spp. 89,55 2,46 36,45 11,33 16,629 10,897 24,69
Lecythidaceae Eschweilera E. odora 91,04 2,50 21,75 6,76 10,344 6,778 16,04
Melastomataceae Miconia M. peoppigii 74,63 2,05 16,45 5,12 8,076 5,292 12,45
Lecythidaceae Eschweilera E. spp. 77,61 2,13 12,80 3,98 6,258 4,101 10,21
Annonaceae Guatteria G. olivacea 67,16 1,84 11,15 3,47 6,642 4,352 9,66
Melastomataceae Miconia M. myruantha 65,67 1,80 14,30 4,45 3,851 2,524 8,77
Fabaceae Swartzia S. spp. 71,64 1,96 6,65 2,07 5,042 3,304 7,34
Rhizophoraceae Sterigmapetatum S. obovatum 82,09 2,25 7,85 2,44 3,947 2,586 7,28
Goupiaceae Goupia G. glabra 62,69 1,72 7,20 2,24 4,300 2,818 6,78
Anacardiaceae Tapirira T. guianensis 67,16 1,84 6,70 2,08 4,305 2,821 6,75
Chrysobalanaceae Licania L. spp. 62,69 1,72 4,90 1,52 5,139 3,368 6,61
Annonaceae Rollinia R. insignis 59,70 1,64 6,50 2,02 3,265 2,140 5,80
Vochysiaceae Qualea Q. retuzia 35,82 0,98 8,05 2,50 3,227 2,115 5,60
Burseraceae Trattinnickia T. burserifolia 67,16 1,84 5,15 1,60 2,147 1,407 4,85
Melastomataceae Bellucia B. imperialis 62,69 1,72 5,90 1,83 1,915 1,255 4,81
Humiriaceae Sacoglottis S. guianensis 47,76 1,31 3,40 1,06 3,034 1,988 4,36
Rubiaceae Warszewiczia W. coccinea 55,22 1,51 5,50 1,71 1,505 0,986 4,21
Fabaceae Swartzia S. recurva 52,24 1,43 3,80 1,18 1,926 1,262 3,88
Euphorbiaceae Maproumea M. guianensis 34,33 0,94 6,50 2,02 1,296 0,849 3,81
Apocynaceae Aspidosperma A. album 52,24 1,43 2,80 0,87 2,182 1,430 3,73
FRABS = frequência absoluta; FRREL = frequência relativa; DEABS = densidade absoluta; DEREL = densidade relativa; DOABS = dominância absoluta; DOREL = dominância relativa; IVI = Índice de Valor de Importância.
O resultado do inventário amostral (20 hectares do total) não revela o percentual de
diversidade florística, mas é sabido que, o padrão de diversidade florística de floresta densa na
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terra-firme nesta região de Amazônia central fica em torno de 300 espécies por hectare (GENTRY,
1988). Assim, é necessário que se confirme as estruturas vegetais de crescimento e recrutamento
florestal, tendo em vista que 30 anos após o último registro realizado podem nos elucidar e revelar
estratégias ecossistêmicas surpreendentes.
As 20 espécies principais espécies, de acordo com a análise florísticas foram descritas e
destacadas para demonstrando as informações disponíveis para a sua identificação, sua importância
para a fauna e ambiente.
ANACARDIACEAE
A família é representada por 76 gêneros e 600 espécies na flora mundial. Na Reserva são
encontrados 5 gêneros e 8 espécies. Introduzidos no local encontram-se a manga (Mangifera indica)
- exótica, o caju (Anacardium occidentale) e o taperebá ou cajá (Spondias mombin ssp. mombin).
Usos: alimentação (caju, taperebá), indústria madeireira e também para extração de óleos com
aplicações medicinais e industriais
Pau-pombo; Tapirira; Cupiúva, Tapirira guianensis Aubl. (ANACARDIACEAE)
© Copyright Smithsonian Tropical Research Institute, 2003-2006
(Pau-pombo; Tapirira; Cupiúva). Árvore do dossel. Base do tronco com sapopemas; resina
branca a creme. Lâmina glabra na face superior, geralmente com pontuações avermelhadas na face
inferior; veia central proeminente, às vezes recoberta com curtos pelos; 11-15 pares de veias
laterais. Frequente. Todos os ambientes. América Central e América do Sul tropical.
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Distribuição geográfica
ANNONACEAE
Família representada nos Neotrópicos por cerca de 40 gêneros e cerca de 650 espécies, com
centros de distribuição na Região Amazônica e Guianas. Na região de Manaus são encontrados 16
gêneros e 60 espécies. A família é caracterizada pelo hábito arbóreo, ou muitas vezes pela presença
de arvoretas, raramente na forma de lianas (Annona haematantha). Vegetativamente a família pode
ser reconhecida pelo odor forte do corte do tronco ou de ramos, que se torna característico com a
prática; pela presença de fibras longas e resistentes na casca, conhecidas popularmente como
envira; pelas folhas dísticas (exceto em Tetrameranthus, com folhas espiraladas); e pela presença de
marcas de chamas no corte transversal do tronco. Pelos ou escamas estreladas são típicos do gênero
Duguetia, e ocorrem também em Tetrameranthus.
Usos: frutos comestíveis (por exemplo graviola, fruta de conde etc.) e envira utilizada na confecção
de utensílios.
Envira-preta, Guatteria olivacea R. E. Fries (ANNONACEAE)
(Envira-bobó, envira-fofa). Árvore. Face superior da folha glabra, inferior esparsamente
coberta com pequenos pelos adpressos; base aguda, longo-decorrente; 15-20 nervuras secundárias,
impressas na face superior. Frequente. Todos os ambientes. Amazônia brasileira.
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Distribuição geográfica
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Biribá-bravo, Rollinia insignis R. E. Fr. (ANNONACEAE)
(Biribá-bravo, envira-bobó). Árvore. Nervuras central e secundárias do lado superior
cobertas com pelos brancos, às vezes glabro, face inferior densamente, ou quase, cobertos com pelos
eretos, marrons a brancos; 18-30 nervuras secundárias. Ocasional. Platô, vertente e capoeira.
Amazônia brasileira e peruana.
Distribuição geográfica
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APOCYNACEAE
Apocynaceae engloba de 250 a mais de 550 gêneros e entre 3700 e 5100 espécies.
Aproximadamente um terço das espécies (ca. 1500) ocorre no Novo Mundo. As circunscrições
genéricas são muito controversas, mas em torno de 100 gêneros são aceitos na América Tropical.
Alguns gêneros podem variar, em Cynanchum, de 200 a mais de 400 espécies; outros, como
Nautonia, são monotípicos (N. nummularia). As Apocynaceae estão entre as dez maiores famílias de
angiospermas. A maior dificuldade para a delimitação dos táxons está relacionada à grande
diversidade e ampla distribuição da família, associadas à escassez de estudos abrangentes.
As sementes são predominantemente dispersadas pelo vento, mas, no caso dos frutos
indeiscentes ou de sementes ariladas, a zoocoria parece estar presente.
Uma das interações planta-animal melhor conhecida ocorre entre Danaus plexippus (a
borboleta monarca) e Asclepias curassavica (oficial-de-sala ou falsa-erva-de-rato). A lagarta da
borboleta geralmente se alimenta das folhas dessas plantas, acumulando glicosídeos cardioativos e,
quando adulta, a borboleta permanece impalatável aos pássaros.
Usos: É uma família com importância medicinal muito grande, além disso, as espécies dessa família
produzem diversos produtos que são utilizados pela população humana.
Na cultura indígena, algumas espécies são utilizadas como fonte de fibras para cordas e fios
utilizados em artesanato, ramos fortes e flexíveis são usados como vara de pescar e venenos para
flechas de caça são extraídos de algumas espécies de Matelea.
Algumas espécies arbóreas, em particular de Aspidosperma (peroba) fornecem madeira para
construção civil e produção de móveis e ferramentas; os caules tabulares são especialmente
utilizados como cabo de machado. Borracha e goma de mascar são produzidas a partir de látex de
Apocynum spp. e Asclepias spp. e a coma das sementes é utilizada no enchimento de travesseiros e
almofadas. Devido à profusão de metabolitos secundários, a família é uma importante fonte de
compostos bioativos. Os mais utilizados na medicina são os alcalóides indólicos.
Peroba-marfim, Aspidosperma album (Vahl) Benth. ex Pichon (APOCYNACEAE)
Árvore perene que cresce de 10 - 30 metros de altura com um tronco de 30 - 60 cm de
diâmetro. Folhas perenes, altura média 25 m, polinizada por insetos. Produz uma madeira de alta
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classe conhecida como 'Araracanga' que é comumente colhida na natureza e exportados. Uso local
como um medicamento.
A madeira recém-cortada e seiva da espécie Aspidosperma causa irritação dos olhos, nariz e
garganta, com mal-estar geral. A serragem, em contato com a pele esfolada, produz queima local e
uma erupção vesicular com sintomas gerais de fraqueza muscular e cólicas, sudorese, secura da
boca, e desmaios. Uma vez que a madeira esteja completamente seca perde a sua toxicidade, a
menos pomadas ou tinturas em solventes orgânicos são utilizados nele.
Propriedades Medicinais: A casca é antifúngica, adstringente, febrífuga. Uma decocção é utilizada
no tratamento de diarreia, febre e malária. Suco da casca interna macerado é aplicado à área afetada
como um tratamento para dermatoses.
Distribuição Geográfica
BURSERACEAE
Espécies de Burseraceae são endêmicas na região amazônica e possuem enormes
possibilidades econômicas, destacando-se seus óleos essenciais, um dos mais importantes grupos de
matérias primas para várias indústrias, notadamente as de perfumaria, alimentícia e farmacêutica
(ANDRADE e HIGUCHI, 2009; MARQUES et al, 2010).
Protium e Bursera são os gêneros neotropicais mais visível em termos de diversidade e
importância ecológica.
Bursera domina muitas das florestas secas do México nestes termos. Em deiscência da fruta,
as válvulas de cair para revelar uma pedra fixada na base (geralmente) parcialmente envolvido por
uma carnuda celulose vermelho, laranja ou amarelo. Um de seus dois subgêneros tem uma
descamação característica casca que muitas vezes é vermelho ou amarelo.
Protium é muito importante na densidade relativa, a diversidade relativa ou ambos, em
muitos do norte da América do Sul de úmido para florestas úmidas, especialmente na Amazônia
central. Ele geralmente tem um relativamente suave, cinza da casca, as laterais petiolules quase
sempre têm um pulvinulus distal e na deiscência do fruto das válvulas de cair e os 1-5 pedras, cada
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um envolto em uma polpa branca e doce, (raramente vermelho), são suspensas a partir do ápice do
fruto por uma estrutura em forma de V invertido.
Protium (BURSERACEAE)
Fonte: Kew - Useful Neotropical Plants Database 2014;
Protium é o gênero que mais se destaca na família Burseraceae com 146 espécies, ocorrendo
predominantemente na Amazônia e apesar desse número de espécies, poucas foram estudadas sob o
ponto de vista químico (MELO et al, 2007). Desse gênero foram identificados terpenóides,
esteróides, cumarinas, flavonóides e lignanas (RÜDIGER et al, 2007).
Algumas espécies desse gênero possuem resina. A árvore expele a resina naturalmente pelo
tronco, como forma de autoproteção, quando é danificada ou ‘ferida’ por algum animal ou inseto, ou
no manejo para a retirada. No princípio o breu tem cor branca e brilhante, lembrando um mineral.
Com o tempo, solidifica-se, formando uma massa dura, esbranquiçada e cinzenta, ou cinza-
esverdeada, bastante quebradiça e facilmente inflamável.
Ao encontrá-lo no tronco, vê-se o reflexo claro da resina recém expelida, semelhante a uma
pedra bruta incrustada na madeira, que exala perfume fresco e envolvente quando tocado. Para
retirar a resina do tronco da árvore, passa-se o facão sob a base da crosta até retirá-lo. Quando não é
extraído, o breu branco vai “amadurecendo” e se solidificando até cair no chão para depois surgir
novamente no tronco da árvore.
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Distribuição Geográfica
@2016 - Adaptado de CoTRAM
Fonte: Cooperative Taxonomic Resource for American Myrtaceae
Breu-preto, Breu-sucuruba, Trattinnickia burserifolia Mart. (BURCERACEAE)
Fonte: Flora do Cristalino
Fonte: Flora do Cristalino
(Breu-preto, breu-sucuruba). Árvore de dossel. Espécie florestal com ocorrência natural na Bolívia
e no Brasil, nos Estados do Amapá, Amazonas, Mato Grosso e Pará (CARVALHO, 1994). É uma
árvore perenifólia, ocupando o dossel superior ou emergente da Floresta Ombrófila Densa ou de
Terra Firme da Amazônia. Folíolo áspero inferiormente. Nervura central proeminente e glabra na
face superior. Ocasional. Vertente e capoeira. Quando adulta, chega a atingir de 8 a 16 m de
altura e de 30 a 60 cm de DAP.
Usos: Sua madeira é moderadamente pesada (0,48 a 0,57 g/cm3), a qual, quando serrada, é usada
na construção civil, no acabamento interno para molduras, rodapés, tábuas para forro, fôrmas de
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concreto, caixotaria e saltos de sapato (CARVALHO, 1994). No Estado do Amazonas, o breu-
sucuruba vem sendo estudado como espécie nativa de rápido crescimento para uso em diferentes
sistemas de plantio, abrangendo plantações homogêneas a pleno sol, plantios de enriquecimento e
sistemas agroflorestais.
Distribuição Geográfica
CHRYSOBALANACEAE
São plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas, encontradas nas regiões tropicais e
subtropicais, principalmente nos trópicos da América Latina e África (YAKANDALAWALA;
MORTON; PRANCE, 2010), a maioria dos membros desta família ocorrem em florestas úmidas. A
madeira é pouco aproveitada devido à alta taxa de sílica, porém diversas espécies têm frutos
comestíveis (PRANCE, 1988). Os 17 gêneros que compõe a família, há no total, cerca de 525
espécies. Anteriormente, a família Chrysobalanaceae foi incluído na ordem Rosales.
Licania (CHRYSOBALANACEAE)
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Gênero Licania é um género botânico pertencente à família Chrysobalanaceae. Constituído
por 311 espécies. Várias espécies de arvoretas estão em risco, principalmente devido ao
desmatamento, as populações de L. caldasiana na Colômbia parece ter sido extinta nos últimos
anos. Diversas espécies são usadas como plantas ornamentais. Os frutos das Licania são alimentos
importantes para muitos animais e também são consumidos pelos seres humanos.
Associações com a fauna são importantes nas espécies desse gênero. Lagartas de um
possível novo táxon das Astraptes fulgerator espécies crípticas complexas foram encontradas em L.
arborea, mas parecem não comê-los regularmente.
Distribuição Geográfica
EUPHORBIACEAE
É uma família botânica representada por 290 gêneros e cerca de 7500 espécies. Podem se
apresentar como arbóreas, arbustivas, subarbustos e ervas com folhas alternas simples ou compostas
estipuladas. As espécies mais conhecidas são: a seringueira (Hevea sp.) e a mamona (Ricinus
communis).
Entre suas caraterísticas botânicas temos a presença de substâncias latescentes, visíveis
quando a planta é submetida às injúrias mecânicas. Muitos gêneros, pela nova classificação
filogenética, agora são de outras famílias ou formaram novas famílias.
No Brasil encontram-se 72 gêneros e cerca de 1.100 espécies, de habitat e hábito diferentes,
espalhadas em todos os tipos de vegetação.
Pau-branco, Pinga-orvalho, Maprounea guianensis Aubl. (EUPHORBIACEAE)
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(Pau-branco, Pinga-orvalho, Vaquinha) Árvore. Altura média de 10 metros de altura e 50 cm
de diâmetro na base. Folhas novas são verde-claro, já as maduras são verde-escuro. A floração quase
sempre passa despercebida, devido à pouca coloração e ao diminuto tamanho das flores. Frutos são
verde e quando maduros ficam rubros, eles se abrem e soltam as cascas; as sementes (2 ou três,
agrupadas) caem depois.
Anualmente, após o período mais longo de estiagem (geralmente entre agosto e setembro), as
folhas da Maprounea caem. Antes de cair, entretanto, primeiro adquirem uma coloração amarela, e
depois uma bela coloração vermelha.
Usos: A madeira pode ser utilizada para construções rurais e para lenha.
Distribuição Geográfica
FABACEAE
Fabaceae ou Leguminosae é uma das maiores famílias botânicas, de ampla distribuição
geográfica. Conhecidas como leguminosas, uma característica típica dessa família é a ocorrência do
fruto do tipo legume, também conhecido como vagem, exclusivo desse grupo.
É subdividida em três subfamílias com características morfológicas muito distintas:
Faboideae (ou Papilionoideae), Caesalpinioideae e Mimosoideae. A existência de dois nomes
igualmente válidos para a família - Leguminosae e Fabaceae - se deve à possibilidade de uso de
nomes alternativos consagrados em algumas famílias botânicas, regra prevista no Código
Internacional de Botânica.
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Uma característica ecológica importante da família é a simbiose de suas raízes com bactérias
do gênero Rhizobium e semelhantes, que fixam o nitrogênio da atmosfera. Os nódulos nitrificantes
são encontrados principalmente na subfamília Papilionoideae e em menor quantidade em
Mimosoideae.
Muiragiboia; Muiragiboia-amarela; Pirauichie e Gumbeira, Swartzia recurva Poepp., (Papilionoideae
- FABACEAE)
São árvores com grandes dimensões e podem ser encontradas em quase toda a Amazônia
brasileira, principalmente nos estados do Amazonas, Pará e Rondônia. A sua madeira é dura e
pesada, com densidade em torno de 1,0 g.m³, com cerne de castanho escuro a castanho arroxeado,
algumas vezes o alburno amarelo claro se entrelaça com o cerne formando desenhos atrativos; grã
regular, textura média, madeira de fácil trabalhabilidade e bom acabamento superficial
(LOUREIRO; RODRIGUES, 1975).
Distribuição Geográfica
3.2.1. Fragmentação Florestal
A fragmentação é um processo de mudanças na escala espacial importante na evolução e
conservação. Esse processo promove a emergência de descontinuidades em ambientes de paisagem
(GROOM & GRUBB, 2006).
© 2016 Missouri Botanical Garden
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Fragmentos florestais localizados em área de intensa ação antrópica assemelham-se às ilhas
oceânicas, separadas dos continentes aos quais estiveram ligadas em outras épocas, segundo
MacArthur & Wilson, 1967. Estas ilhas biogeográficas encontram-se em equilíbrio quando o número
de espécies presentes representa um balanço entre imigração e extinção. A taxa de imigração é
determinada pelo grau de isolamento da ilha: quanto mais isolada estiver a ilha, mais baixa será a
taxa de imigração. A taxa de extinção está diretamente ligada ao tamanho da ilha, sendo que ilhas
maiores hospedam mais espécies, tanto de animais como plantas, do que ilhas menores, e desta
forma são menos vulneráveis à extinção (MacARTHUR & WILSON, 1967).
De acordo com Antunes (2005), entre os representantes de fauna silvestre em ambientes
fragmentados, os maiores dispersores são as aves. Entre os critérios para avaliação dos usuários
potenciais nos corredores, observam-se: 1) o status de distribuição das espécies; 2) o grau de
dependência de habitats florestais; 3) o grau de mobilidade através de áreas abertas; 4) o grau de
especialização de habitat; 5) a resposta das espécies ao desmatamento (sensível, não-sensível); 6) o
status de conservação das espécies. Entretanto, deve-se levar em consideração que existe uma
relação direta entre fauna e flora e esse fator é fundamental para o sucesso reprodutivo das espécies
e manutenção do equilíbrio dinâmico desses ambientes. Poucos trabalhos relacionam a comunidade
de aves em ambientes de transição do Cerrado e outras fitofisionomias (Antunes, 2005).
3.3. Fauna
Os animais possuem papéis importantes para a manutenção do sistema ambiental. Seja por
meio da dispersão das sementes ("plantando" árvores), principalmente nas florestas tropicais, onde
cerca de 90% das espécies vegetais arbóreas têm suas flores polinizadas e suas sementes dispersas
por animais-, seja no controle de espécies (alimentação), na obtenção de proteína para consumo
(alimentação humana), no fornecimento de componente biológicos com finalidade medicinal. Cada
indivíduo animal tem sua função específica na natureza e a sua ausência pode acarretar em
prejuízos incalculáveis para a humanidade.
3.3.1. Avifauna (Aves)
O Brasil possui uma das mais ricas avifauna do mundo. A perda, degradação e fragmentação
de habitats e a caça – especialmente para o comércio ilegal – são as principais ameaças às aves
brasileiras. Numerosas iniciativas de conservação e pesquisa melhoraram a capacidade de abordar
temas importantes para a conservação das aves (MARÇAL JUNIOR E FRANCHIN, 2003).
As aves estão entre os organismos vertebrados mais importantes e de maior biomassa em
ambientes florestais neotropicais (TERBORGH et al., 1990), atuando como polinizadores e
dispersores-chave de diversos grupos de angiospermas (LEVEY et al., 2005). Além disso, a
diversidade ecológica da avifauna amazônica (considerada a mais rica do mundo, com mais de
1.000 espécies, sendo 265 endêmicas), permite que várias espécies sejam utilizadas como
bioindicadoras de diferentes ambientes, inclusive aqueles resultantes de alterações antrópicas
(OREN, 2001).
A área da Reserva é densamente arborizada, portanto, um lugar de refúgio onde a fauna pode
se desenvolver e viver, longe das ameaças da cidade. As aves encontram na área, lugar de propício
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
51
para a nidificação, descanso, no caso das aves migrantes, e a oportunidade de um novo habitat, já
que muitas espécies foram retiradas do seu habitat original.
Estima-se que na área da RPPN Nazaré das Lajes existem mais de 60 espécies de aves,
algumas raras e outras mais comuns, segundo pesquisas desenvolvidas no local pelo INPA, IFAM e
UFAM, e de registros fotográficos de aves avistadas no local pela equipe CEPEAM.
Considerando-se todos os estudos, foi possível registrar 55 espécies de aves, distribuídas em
26 famílias e 17 ordens. Na Tabela 4 apresenta-se a relação das espécies da avifauna encontradas
da RPPN Dr. Daisaku Ikeda, de acordo com o levantamento dos trabalhos dos pesquisadores
parceiros, das observações da equipe técnica CEPEAM e da lista de aves de Manaus (WIKIAves,
2016).
Tabela 4. Listagem de aves registrados na RPPN Dr. Daisaku Ikeda (55 espécies)
Ordem Família Espécie Nome Comum N° Referência
ANSERIFORMES ANATIDAE Cairina moschata Pato-do-mato 1 1; 2; 3
Dendrocygna autumnalis
Marreca 2 1; 2
APODIFORMES TROCHILIDAE
Chlorostilbon sp.1 Beija-flor 3 2
Chlorostilbon sp.2 Beija-flor 4 2
Florisuga mellivora Beija-flor-rabo-branco
5 1
CAPRIMULGIFORMES CAPRIMULGIDAE Nyctidromus albicollis Bacurau 6 1; 2; 3
CHARADRIIFORMES JACANIDAE Jacana jacana Jaçanã 7 1; 2; 4
CICONIIFORMES ARDEIDAE
Ardea alba Garça-branca-grande
8 1; 3
Ardea cocoi Garça-mauari; Garça-moura
9 1; 2; 3
Egretta thula Garça-branca-pequena
10 1; 2; 3
CATHARTIDAE Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta
11 1; 2
COLUMBIFORMES COLUMBIDAE
Columba livia Pombo-doméstico 12 1; 2; 3
Columba talpacoti Rolinha 13 1; 2
Patagioenas cayennensis
Pombo-da-capoeira; Pomba-galega
14 2; 3
CORACIIFORMES ALCEDINIDAE Chloroceryle amazona
Martim-pescador-verde
15 1; 2; 3
Megaceryle torquata Martim-pescador-grande
16 2; 3
CUCULIFORMES CUCULIDAE Piaya cayana Alma-de-gato 17 2; 3
FALCONIFORMES
ACCIPITRIDAE Milvago chimachima Carrapateiro 18 2; 3
Rupornis magnirostris Gavião-carijó 19 1; 3; 4
FALCONIDAE
Herpetotheres cachinnans
Acauã 20 2
Micrastur mirandollei Acuã, Tanatau 21 1; 2
Micrastur sp. 1 Gavião 22 2; 4
Micrastur sp. 2 Gavião 23 2; 3
Não identificado Caracara 24 1; 2; 3
GALLIFORMES CRACIDAE Ortalis motmot Aracuã 25 1; 2
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Ordem Família Espécie Nome Comum N° Referência
GRUIFORMES HELIORNITHIDAE Heliornis fulica Patinha-do-igapó 26 1; 2; 3
RALLIDAE Aramides cajaneus Saracura 27 1; 2; 3
PASSERIFORMES
FRINGILLIDAE Euphonia violacea Gaturano 28 1; 2
ICTERIDAE Cacicus cela Japim-xexéu 29 1; 2
Psarocolius decumanus
Japu 30 1; 2
PASSERELLIDAE Ammodramus aurifrons
Cigarrinha-do-campo
31 1; 2
PIPRIDAE Manacus manacus Rendeira 32 1; 2
THRAUPIDAE
Paroaria gularis Galo; Cardeal-da-Amazônia
33 2; 3; 4
Ramphocelus carbo Pipira-bico-branco 34 1; 2; 3
Sicalis flaveola Canário-da-terra 35 1; 2
Thraupis sayaca Azuzinho ou Sanhaço-cinza
36 2; 3
TYRANNIDAE
Conopias parvus Bem-te-vi-da-copa 37 2; 3
Machetornis rixosa Bem-te-vi, Siriri-cavaleiro
38 1; 2
Myiodynastes maculatus
Bem-te-vi-rajado 39 1; 2
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi-coroa 40 1; 2
Tachyphonus rufus Pipira-preta 41 2; 3
PELECANIFORMES THRESKIORNITHIDAE Mesembrinibis cayennensis
Coró-coró 42 1; 2; 3
PICIFORMES
BUCCONIDAE Monasa morphoeus Bico-de-brasa 43 1; 2; 3
Monasa nigrifrons Chora-chuva-preto 44 1; 2
PICIDAE Dryocopus lineatus Pica-pau-de-banda-branca
45 1; 2; 3
RAMPHASTIDAE
Pteroglossus inscriptus
Araçari-miudinho-do-bico-riscado
46 1; 2
Pteroglossus viridis Araçari-miúdo 47 1; 3
Ramphastos vitellinus Tucano, Tucano-do-bico-preto
48 2; 3
PSITTACIFORMES PSITTACIDAE
Ara chloropterus Arara-vermelha 49 2; 3
Ara macao Araracanga, Arara Vermelha
50 2; 3
Brotogeris sanctithomae
Periquito-testa-amarela
51 1; 2; 3
Psittacara leucophthalmus
Periquitão-maracanã
52 1; 3
SULIFORMES PHALACROCORACIDAE Phalacrocorax brasilianus
Biguá 53 1; 2
TROGONIFORMES TROGONIDAE Trogon rufus
Surucuá-de-barriga-amarela
54 1; 2; 3
Trogon viridis Surucuá-grande-de-barriga-amarela
55 1; 2; 3
Referências: 1 - Relatório Avifauna Instituto Soka - CEPEAM; 2 - Registros Fotográficos Instituto Soka - CEPEAM; 3 – WIKIAves; 4 - Lista Aves da Ponta Negra
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Registros fotográficos de várias espécies avistadas na RPPN Dr. Daisaku Ikeda podem ser
verificadas a seguir com uma breve descrição da espécie registrada, o habitat onde vive na Reserva
e status de conservação de acordo com a IUCN6.
Araracanga, Ara Macao (Linnaeus, 1758), PSITTACIDAE
Nome Comum
Araracanga
Foto: Marcos Petená, Manaus (2010)
Fonte: Wikiaves (2016)
Conhecida também como arara-vermelha, sua plumagem é vermelha e verde, asas em azul e
amarelo. É uma das aves mais emblemáticas das florestas neotropicais, mas sua população vem
declinando. Possui um interesse turístico e científico único. Na RPPN Dr. Daisaku Ikeda a
observação desta ave é relativamente comum, sempre alimentando-se da palmeira Buriti “Mauritia
flexuosa”, também podem ser vistas voando em casais.
Periquito-testa-amarela, Brotogeris sanctithomae (Statius Muller, 1776), PSITTACIDAE
Nome Comum
Periquito-testa-amarela
Foto: Arquivo Instituo Soka - CEPEAM
(2016)
Fonte: Wikiaves (2016)
6 União Internacional para Conservação da Natureza, também conhecida pelas siglas UICN e IUCN, é uma organização civil dedicada à conservação da natureza e divulga a lista de espécies ameaçadas de extinção periodicamente.
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É uma espécie de plumagem verde com uma mancha amarela na frente. É conhecida como
Periquito-testa-amarelo. São espécies pequenas que voam em grupo. Na Reserva, esta espécie é
observada geralmente nas manhãs voando ou se alimentando dos frutos das árvores.
Gavião-carijó, Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788), ACCIPITRIDAE
Nome Comum
Gavião-carijó
Foto: Clodoaldo Costa Junior (2016)
Fonte: Wikiaves (2016)
Trata-se de uma das espécies de gavião mais comumente encontradas no Brasil. Sua
plumagem é gris amarronzado com garras grandes e fortes. Alimenta-se de insetos, pequenos
mamíferos e pequenos repteis. Na Reserva é comum observar esta espécie, especialmente nas
manhãs. Sua função é como controlador de pragas (insetos, pequenos mamíferos e pequenos
répteis).
Tucano, Ramphastos vitellinus (Lichtenstein, 1823), RAMPHASTIDAE
Nome Comum
Tucano-do-bico-preto
Foto: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM
(2016)
Fonte: Wikiaves (2016)
Também conhecido como Tucano-do-bico-preto. Representa uma espécie de ave muito
agraciada pela coloração negra do corpo, bico comprido e largo e a coloração branca, amarela e
avermelhada da região gular. A preservação desta espécie é do maior interesse, pois estão entre os
mais peculiares elementos da avifauna do Brasil. Na RPPN a observação de esta ave é rara. Cumpre
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55
uma grande função na dispersão de sementes a qual contribui na regeneração de muitas espécies de
plantas lenhosas e não lenhosas.
Martim-pescador-grande, Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766), ALCEDINIDAE
Nome Comum
Martim-pescador-grande
Foto: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM
(2016)
Fonte: Wikiaves (2016)
É uma espécie pequena com uma coloração azulada-gris. É conhecido como Martim-
pescador. É possível encontrá-lo caçando pequenos peixes no lago ou na borda do rio pela parte da
manhã. Na Reserva a ocorrência de esta espécie é comum, principalmente no rio Negro próximo às
lajes, onde encontra abundancia de alimento para sua nutrição.
Beija-flor-rabo-branco, Florisuga mellivora (Linnaeus, 1758), TROCHILIDAE
Nome Comum
Beija-flor-rabo-branco
Foto: Ciro Albano, Manaus (2010)
Fonte: Wikiaves (2016)
Espécie de beija-flor que apresenta plumagem dorsal preto com verde e cabeça azul, o
ventre é branco. Alimenta-se do néctar das flores e pequenos insetos. Na Reserva é possível avistar
essa ave nas manhãs em zonas abertas procurando alimento. A observação desta espécie é
relativamente rara. A grande função é na contribuição na polinização de muitas espécies vegetais
por seu habito alimentar, visitando flor em flor e assim promovendo a troca de pólen entre os
indivíduos da mesma espécie da flora.
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Garça-mauari; Garça-moura, Ardea cocoi (Linnaeus, 1766), ARDEIDAE
Nome Comum
Garça-mauari
Foto: Leandro Espino, Manaus (2010)
Fonte: Wikiaves (2016)
É conhecida como garça-moura. Possui uma coloração cinza-branca com a cabeça negra.
Esta é a maior espécie de garça do Brasil e além de ser uma grande atração turística é de suma
importância para preservação. Alimentam-se principalmente de peixes. A observação desta ave é
rara, sendo vista sazonalmente na área da Reserva.
Surucuá-grande-de-barriga-amarela, Trogon viridis (Linnaeus, 1766), TROGONIDAE
Nome Comum
Surucuá-grande-de-barriga-
amarela
Foto: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM
(2016)
Fonte: Wikiaves (2016)
Conhecido também como Capitão-do-mato, Curuxuá, Surucuá-grande-de-barriga-amarela é
uma espécie chamativa pela coloração ventral amarela e o dorso médio azulado-negro. Esta espécie
vive comumente nas árvores onde se alimenta de insetos e se acasala. Possui um importante valor
ecológico no controle se insetos. Na Reserva o seu avistamento é comum, especialmente no
entardecer.
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Pica-pau-de-banda-branca, Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) PICIDAE
Nome Comum
Pica-pau-de-banda-branca
Foto: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM
(2016)
Fonte: Wikiaves (2016)
Conhecida como Pica-pau-de-banda-branca, possui uma plumagem de cor azulada, um
ventre listrado branco e preto e uma crista na cabeça. Esta espécie de pássaro carpinteiro possui
uma importância turística. É encontrada nos troncos altos fazendo ninhos e emitindo um som
característico no momento de bater o pau. Seu encontro é raro na área da Reserva.
Araçari-miudinho, Pteroglossus viridis (Linnaeus, 1766), RAMPHASTIDAE
Nome Comum
Araçari-miudinho
Foto: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM
(2016)
Fonte: Wikiaves (2016)
Conhecido vulgarmente como araçari-miudinho. É uma ave de atrativo peculiar para o
visitante. Possui uma coloração preta com um bico longo amarelo e a região do peito amarronzado,
amarelo e branco. É encontrada na parte superior das árvores onde se alimenta. O avistamento desta
espécie na Reserva é raro.
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Acuã, Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758), FALCONIDAE
Nome Comum
Acuã
Foto: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM
(2016)
Fonte: Wikiaves (2016)
Também conhecido como acauã, é uma espécie de ave especialista em se alimentar de
serpentes. Possui uma plumagem de coloração creme com cabeça negra. Tem um importante valor
na conservação e manutenção ecológica. Sua ocorrência é rara na Reserva, e pode ser vista no alto
das árvores de dossel prontos para atacar.
3.3.2. Mastofauna (pequenos e médios mamíferos)
A diversidade de mamíferos do Brasil é ainda pouco conhecida, embora seja a maior do
planeta (REIS et al, 2011). É considerado o país ocidental provido da maior diversidade de
mamíferos do mundo (FONSECA et al. 1999). Cerca de 60% das mais de quinhentas espécies
descritas em seu território ocorrem na porção brasileira da Amazônia, muitas delas endêmicas
(SILVA et al. 2001). Do ponto de vista biogeográfico, a mastofauna amazônica exibe um padrão
heterogêneo para marsupiais, quirópteros, primatas e roedores, e homogêneo para edentados,
carnívoros e ungulados (VOSS & EMMONS 1996). Os mamíferos constituem um dos grupos mais
estudados em termos de diversidade biológica, e os resultados de tais estudos têm sido utilizados
para subsidiar ações relacionadas a estratégias de conservação.
O processo de expansão populacional de Manaus vem diminuindo os habitats da fauna,
especialmente dos mamíferos de grande porte. Na cidade, os fragmentos florestais, áreas protegidas
e entorno de cursos d’água que ainda possuem vegetação, são os refúgios para a fauna, local de
abrigo, alimentação e reprodução. Algumas espécies estão em alto risco de extinção, por serem
endêmicas do município de Manaus e sobretudo nas áreas onde é o perímetro urbano da cidade. É o
caso do sauim-de-Manaus (Saguinus bicolor).
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59
Fon
te: G
oogl
e im
agen
s (2
016)
A RPPN tem uma função primordial na manutenção de pequenos, médios e grandes
mamíferos. Na área da Reserva os animais encontram proteção, abrigo, alimento e refúgio para seu
desenvolvimento, sendo que sua área também funciona como local de soltura de animais resgatados,
pelo Corpo de Bombeiros, SEMMAS, IPAAM e demais parceiros, principalmente das imediações da
área da Reserva.
Na RPPN foram registrados fotograficamente oito (8) espécies de mamíferos distribuídos em
quatro (4) ordens e sete (7) famílias.
Cutia, Dasyprocta leporina, sinonímia D. aguti (Linnaeus, 1758/66), DASYPROCTIDAE
Nome Comum
Cutia
Nome Científico
Dasyprocta leporina
(Linnaeus, 1758/66)
Estado de Conservação
(IUCN 3.1)
Foto: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM (2016)
Fonte: WikiMamíferos (2016)
É um pequeno roedor de mediano porte, popularmente conhecido como Cutia. Esta espécie é
sumamente importante na dieta alimentar das populações amazônicas. A RPPN conta com uma
população desta espécie que se refugia da destruição dos bosques. Sua visualização no CEPEAM é
algo comum, o que significa que a população continua aumentando. Sua alimentação baseia-se em
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
60
frutas que contem amêndoa (palmeiras e castanhas), sua grande função ecológica é como dispersor
de sementes contribuindo assim, para regeneração natural de espécies vegetais.
Macaco-de-cheiro, Saimiri sciureus (Linnaeus, 1758), CEBIDAE
Nome Comum
Macaco-de-cheiro
Nome Científico Saimiri sciureus
(Linnaeus, 1758)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Foto: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM
(2016)
Fonte: ICMBio (2016)
Conhecido como macaco-de-cheiro. É uma espécie de macaco diurno que se alimenta de
pequenos frutos e insetos. Na RPPN é possível avistar os indivíduos em grupos nas árvores
alimentando-se. Esta espécie é facilmente visualizada, especialmente nas manhãs onde desenvolve
suas atividades diárias.
Macaco-prego, Sapajus macrocephalus (Spix, 1823), CEBIDAE
Nome Comum
Macaco-prego
Nome Científico
Sapajus macrocephalus
(Spix, 1823)
Estado de Conservação
(IUCN 3.1)
Foto: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM (2016)
Fonte: WikiPrimatas (2016)
Primata conhecido como macaco-prego. É uma espécie de coloração café. É fácil observá-los
se balançando nas árvores durante o dia. Alimentam-se de insetos e frutos. Na Reserva esta espécie
é observada ocasionalmente nas manhãs, onde andam em grupo.
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Tamanduaí, Cyclopes didactylus (Linnaeus, 1758), CYCLOPEDIDAE
Nome Comum
Tamanduaí
Nome Científico
Cyclopes didactylus
(Linnaeus, 1758)
Estado de Conservação
(IUCN 3.1)
Fonte: Arquivo INSTITUTO SOKA - CEPEAM (2016)
Fonte: WikiMamiferos (2016)
Chamando de tamanduaí, é uma pequena espécie arborícola de pelagem branca amarelada.
E difícil de ser vista por ser de hábito noturno. Passa os dias dormindo enroscada nos galhos das
árvores. Pouco se conhece sobre seu habitat e seu estado de conservação é desconhecido. Na
Reserva já foram avistados uma pequena população desta espécie.
Preguiça-de-bentinho, Bradypus tridactylus (Linnaeus, 1758), BRADYPODIDAE
Nome Comum
Preguiça-de-bentinho
Nome Científico Bradypus tridactylus
(Linnaeus, 1758)
Estado de Conservação
(IUCN 3.1)
Fonte: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM (2016)
Fonte: WikiMamiferos (2016)
Chamado vulgarmente como preguiça-de-bentinho. Possuem uma pelagem cinzenta com três
grandes dedos característicos. Habitam no alto das árvores onde são encontrados dormindo. A
Reserva conta com alguns indivíduos salvos e reintroduzidos. Sua observação é relativamente fácil,
especialmente os dias com muito sol. Sua alimentação é basicamente dos brotos e folhas novas das
diferentes espécies pioneiras como é o caso da imbaúba “Cecropia sp.”.
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Mucura, Caluromys philander (Linnaeus, 1758), DIDELPHIDAE
Nome Comum
Mucura; Cuíca
Nome Científico Caluromys philander
(Linnaeus, 1758)
Estado de Conservação
(IUCN 3.1)
Fonte: Arquivo Instituto Soka - CEPEAM (2016)
Fonte: WikiMamiferos (2016)
Menores do que os gambás e muito graciosas, as cuícas também são quase todas arborícolas,
movimentando-se discretamente pela vegetação, com ajuda das mãos bem articuladas e da cauda
preênsil. Ainda que tenham pouca carne, algumas são caçadas como alimento na Amazônia, caso da
mucura ou mucura-chichica (Caluromys philander). Pode ser avistada na Reserva.
As espécies de mamíferos registradas na RPPN são poucas e com estado de conservação
pouco preocupante, no entanto, por ser uma área de soltura de animais resgatados e a área florestal
estar em estado avançado de regeneração, novos estudos devem ser realizados para o diagnóstico e
monitoramento da fauna existente na Reserva.
Tabela 5. Listagem preliminar de mamíferos registradas na RPPN Dr. Daisaku Ikeda (8 espécies). Fonte: Arquivo Histórico Instituto Soka - CEPEAM (2016)
Ordem Família Espécie Nome Comum N° Referência
RODENTIA
DASYPROCTIDAE Dasyprocta aguti Cutia 1 1; 2
SCIURIDAE Sciurus sp. Esquilos 2 1; 2
ERETHIZONTIDAE Coendou sp. Porco-espinho; Ouriço 3 1; 2
PRIMATAS CEBIDAE Saimiri sciureus Macaco-de-cheiro 4 1; 2; 3
Sapallus macrocephalus Macaco-prego 5 1; 2; 3
PILOSA BRADYPODIDAE Bradypus tridactylus Preguiça-bentinho 6 1; 2; 4
CYCLOPEDIDAE Choloepus didactylus Preguiça-real 7 1; 2; 4
DIDELPHIMORPHIA DIDELPHIDAE Caluromys philander Mucura 8 1; 2; 4
3.3.3. Herpetofauna (Anfíbios e Répteis)
A diversidade de anfíbios e repteis no Brasil é imensa (MACHADO et al, 2005). Na
atualidade muitos esforços de conservação são focados na recuperação e manutenção de habitats
para este grupo de vertebrados, pois os anfíbios fazem parte da sexta extinção em massa por serem
animais de pele nua, isso os torna muito sensíveis às alterações ambientais causando extinção
(WAKE e VRENDENBURG, 2008).
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
63
Os anfíbios estão presentes em praticamente todos os ambientes da Amazônia. A maioria
apresenta um estágio larval aquático e um estágio adulto terrestre (arborícola, saxícola, subterrâneo
e, em alguns casos, aquático). Esse ciclo de vida os torna muito vulneráveis a mudanças ambientais,
tornando-os um grupo bioindicador (SEMLITSCH, 2003; YOUNG et al., 2004). São predadores de
insetos e, em alguns casos, pequenos vertebrados, e servem como presa de muitos predadores, como
aranhas, répteis, aves e mamíferos.
São conhecidos para a Amazônia brasileira cerca de 240 espécies de anfíbios e 224 espécies
de répteis (ÁVILA-PIRES et al., 2007).
A RPPN Dr. Daisaku Ikeda oferece para estes grupos um lugar preservado e útil para sua
conservação e possui registro, atualmente, de 39 espécies entre anfíbios e répteis.
Sapo-cururu, Rhinella marina (Linnaeus, 1758) BUFONIDAE
Nome Comum
Sapo-cururu
Nome Científico
Rhinella marina
(Linnaeus, 1758)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Fonte: Google Imagens (2016) Fonte: Wikipédia (2016)
Conhecida como Sapo-cururu. É uma espécie de grande porte coberto com muitos caroços e
rugas na pele. Alimenta-se de insetos, pode ser encontrado em pequenos charcos. Esta espécie se
encontra comumente em todos os ecossistemas da Reserva, tem um importante valor ecológico pois
sua alimentação é baseada em inseto de todo tamanho, e serve como alimento para animais como
cobras por seu grande tamanho.
Sapinho, Amazophrynella minuta (Melin, 1941), BUFONIDAE
Nome Comum
Sapinho
Nome Científico
Amazophrynella minuta
(Melin, 1941)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Fonte: Google Imagens (2016)
Fonte: http://maps.iucnredlist.org (2016)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
64
Esta pequena espécie de anuro é críptica e difícil de ser observado. Habita na serapilheira.
É possível observar ele com maior frequência nas áreas úmidas encharcadas de preferência nos
buritizais. Tem uma coloração dorsal marrom e um ventre branco com negro. Alimenta-se de
pequenos insetos e pode ser encontrado em pequenos charcos. Na Reserva são avistados
sazonalmente na época da cheia do rio.
Perereca, Hypsiboas lanciformis (Cope, 1871), HYLIDAE
Nome Comum
Perereca
Nome Científico
Hypsiboas lanciformis
(Cope, 1871)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Fonte: Google Imagens (2016)
Fonte: http://maps.iucnredlist.org (2016)
Habita nas áreas arbustivas onde se escuta seu melodioso canto. É encontrado nas árvores só
durante as noites. São indivíduos grandes que habitam perto de igarapés e corpos d’água onde
coloca seus ovos. É de fácil visualização depois das chuvas. A RPPN apresenta uma abundância
desta espécie que se alimenta de insetos.
Perereca, Hypsiboas cinerascens (Spix, 1824), HYLIDAE
Nome Comum
Perereca
Nome Científico
Hypsiboas cinerascens
(Spix, 1824)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Fonte: Google Imagens (2016)
Fonte: http://maps.iucnredlist.org (2016)
Possui um corpo verde granuloso e um ventre branco-creme. Esta espécie habita em
pequenos corpos d’água, especialmente perto de igarapés. O seu canto é escutado sazonalmente nas
noites. É comumente encontrado nas noites. Na Reserva esta espécie é facilmente visualizada.
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Perereca, Scinax ruber (Laurenti, 1768), HYLIDAE
Nome Comum
Perereca
Nome Científico
Scinax ruber
(Laurenti, 1768)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Fonte: Google Imagens (2016))
Fonte: http://maps.iucnredlist.org (2016)
Esta espécie habita perto dos igarapés, onde canta fortemente em grupos durante as noites.
Tem o corpo alongado de coloração variável. Alimenta-se de pequenos insetos. Esta espécie é
comum de ser encontrada na área da Reserva, especialmente em épocas de chuvas.
Jararaca, Bothrops atrox (Linnaeus, 1758), VIPERIDAE
Nome Comum
Jararaca
Nome Científico
Bothrops atrox
(Linnaeus, 1758)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Fonte: Otávio Marques (2011)
Fonte: snakesdistribution.org (2016)
Conhecida como jararaca. É uma espécie de cobra peçonhenta muito perigosa com um
veneno letal. Tem uma coloração semelhante à serapilheira sendo difícil de ser observada. Tem
atividade noturna onde se alimenta de pequenos roedores e aves. Sua ocorrência na Reserva é
frequente, especialmente na época de chuvas, onde podem ser encontradas na estrada, no meio do
caminho.
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Falso-coral, Anilius scytale (Linnaeus, 1758), COLUBRIDAE
Nome Comum
Falso-coral
Nome Científico
Anilius scytale
(Linnaeus, 1758)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Fonte: Otávio Marques (2011)
Chamada vulgarmente como falso-coral. Habita nos bosques não inundáveis, onde é
encontrada escondida na serapilheira. Tem uma coloração dorsal laranja com anéis negros
semelhantes às cobras corais. É encontrada durante o dia movimentando-se no chão. É dificilmente
observada na área da Reserva.
Jibóia, Boa constrictor (Linnaeus, 1758), BOIDAE
Nome Comum
Jibóia
Nome Científico
Boa constrictor (Linnaeus, 1758)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Fonte: Otávio Marques (2011)
Fonte: reptile database (2016)
Conhecida como jibóia-constritora. Não é peçonhenta e caça através da asfixia e constrição
com seus fortes músculos. Alimenta-se de pequenos mamíferos e aves. Tem um alto valor comercial
como animal de estimação. Ocorre frequentemente na área da RPPN e pode ser visualizada perto
dos igarapés.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
67
Jabuti, Chelonoidis denticulata (Linnaeus, 1766), TESTUDINAE
Nome Comum
Jabuti
Nome Científico
Chelonoidis denticulata
(Linnaeus, 1766)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Vulnerável
Fonte: http://www.tartarugas.avph.com.br/ jabutitinga.htm
Fonte: http://www.tartarugas.avph.com.br/ jabutitinga.htm
Também conhecido como Jabuti. Representa uma espécie com um estado de conservação
vulnerável. Possui uma carapaça convexa e pernas grossas. É conhecido que sua alimentação e
onívora. Possui hábitos diurnos onde ocorre em florestas não inundáveis. Esta espécie é de grande
valor comercial. É raramente visualizado na Reserva ainda que se tenha alguns registros.
Jacaré-tinga, Caiman crocodilos (Linnaeus, 1758), ALIGATORIDAE
Nome Comum
Jacaré-tinga
Nome Científico
Caiman crocodilos
(Linnaeus, 1758)
Estado de Conservação (IUCN 3.1)
Fonte: Pedro Nassar Fonte: Projeto Répteis e Anfíbios
Denominado vulgarmente como jacaré-tinga. Tem uma coloração cinza-branca com duras
escamas cobrindo o corpo. Tem uma variedade de alimentação, desde pequenos crustáceos até
grandes mamíferos. Tem importância comercial e de conservação. Habita em lagos e igarapés. As
fêmeas constroem seus ninhos em montes com restos de folhagens e gravetos próximos a corpos
d’água, podendo colocar até 30 ovos. A radiação solar e a decomposição da vegetação contribuem
para aumento da temperatura no ninho. O sexo dos jacarés é determinado pela temperatura de
incubação dos ovos.
Na Reserva esta espécie pode ser encontrada no lago artificial onde se tem uma população
de aproximadamente 12 jacarés juvenis.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
68
Tabela 6. Lista preliminar de anfíbios e repteis registrados na RPPN Nazaré das Lajes (39 espécies, 13 de anfíbios e 26 repteis).
CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE
AMPHIBIA ANURA BUFONIDAE Rhinella marina
Rhinella margaritifera
Amazophrynella minuta
STRABOMANTIDAE Pristimantis sp.
HYLIDAE Dendrosophus sp.
Hybsiboas lanciformis
Hybsiboas cineracens
Scinax ruber
Scinax garbei
Nyctimistes sp.
LEPTODACTYLIDAE Leptodactylus peterssi
Leptodactylus sp.
Leptodactylus andreae
REPTILIA SAURIA HOPLOCERCIDAE Enyaloides laticeps
IGUANIDAE Iguana iguana
GYMNOPHTHALMIDAE Bachia flavecens
POLICHROTIDAE Anolis planiceps
Anolis fuscoauratus
Anolis nitens nitens
Anolis tandae
SPHAERODACTILYDAE Gonatodes humeralis
Thecadactylus rapicauda
hemidactylus mabouia
TROPIDURIDAE Tropidurus hispidus
TEIIDAE Dracaena sp.
Ameiva ameiva
kentropyx pelviceps
SERPENTE ANILIIDAE Anilius scycate
BOIDAE Boa constrictor
COLUBRIDAE
Liophis sp.
Leptophis ahetulla
Helicops angulatus
Clelia clelia
Oxybelys aeneus
Chironius sp.
VIPERIDAE Bothrops atrox
TESTUDINES TESTUDINIDAE Chelonoidis denticulata
COCODRILIA ALIGATORIDAE Caiman cocodrilus
3.3.4. Ictiofauna (Peixes)
Em termos de riqueza e diversidade de peixes, há alta estimativa da riqueza de peixes na
bacia Amazônica foi evidenciada em ambientes de água preta, com um número superior a 450
espécies coletadas (GOULDING et al, 1988), ocorrendo as amostragens em ambientes de praia,
floresta inundada, entre outros. Em ambientes de águas brancas como rios, paranás, lagos, igarapés,
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
69
a estimativa de riqueza encontrada foi um pouco menor com 304 espécies de peixes (Py-Daniel et
al., 2007).
Neste item trazemos o diagnóstico de Ictiofauna realizado no EIA/RIMA do empreendimento
“Porto das Lajes” que está situado na área entorno imediato da RPPN Dr. Daisaku Ikeda.
A área de amostragem está localizada a margem esquerda do rio Amazonas (encontro das
Águas), próximo aos bairros do Distrito Industrial e Colônia Antônio Aleixo no Município de Manaus
– Amazonas, sob a coordenada Geográfica (S 03°06.279’ e W 59°53.778’) e foram estrategicamente
instalados nos ambientes existentes: área de igapó; área de lago; igarapé; e área de água aberta
conforme pode ser verificado.
Segundo o levantamento, “a escolha dos habitats na amostragem esteve relacionada às
características sazonais do período de coleta, época de águas altas, onde a disponibilidade espacial
é maior e os peixes podem ser encontrados em áreas de floresta alagada e plantas aquáticas onde
estão à procura de alimento e locais de refúgio contra predadores” (EIA/RIMA Porto das Lajes,
2008, p. 34) (figura 14).
Figura 14. Habitats amostrados. Fonte: EIA/RIMA Porto das Lajes (2008)
Os resultados das coletas de campo evidenciaram que os 85 exemplares de peixes
capturados na área de estudo estão distribuídos em 28 espécies, pertencentes a 12 famílias em 04
ordens (tabela 7).
Apapá, Lycengraulis batesii (Günther, 1868), Engraulidae, CLUPEIFORMES
Nome Comum
Apapá
Nome Científico
Lycengraulis batesii
(Günther, 1868)
Estado de Conservação
Não classificado
Fonte: EIA/RIMA Porto das Lajes (2008) Fonte: http://www.fishbase.se (2016)
De hábito pelágico, com distribuição na América do Sul: habitando preferencialmente lagos
e rios de águas brancas. É carnívoro, alimentando-se de pequenos peixes e invertebrados aquáticos.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
70
Sua desova é do tipo total, ocorrendo na enchente. Não é apreciada pela população ribeirinha e nem
comercializada nos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista Nacional das Espécies da
Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção.
Branquinha, Curimata inornata (Vari, 1989), Curimatidae, CHARACIFORMES
Nome Comum
Branquinha
Nome Científico
Curimata inornata
(Vari, 1989)
Estado de Conservação
Não classificado
Fonte: EIA/RIMA Porto das Lajes (2008)
Fonte: Discover Life, Fishbase (2016)
De hábito bentopelágico, com distribuição na América do Sul: na bacia do rio Amazonas e
rio Tocantins, habitando preferencialmente rios de águas brancas, claras e pretas. É iliófaga,
alimentando-se de detritos e algas. Seu hábito é diurno, não se sabe se realiza migração, sua desova
é do tipo total. A reprodução provavelmente deve ocorrer na enchente. Apreciada pela população
ribeirinha, mas não é comercializada nos mercados e feiras da região. Não se encontra na Lista
Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção.
Cangati, Trachelyopterus galeatus (Linnaeus, 1766), Siluriformes, AUCHENIPTERIDAE
Nome Comum
Cangati
Nome Científico
Trachelyopterus galeatus
(Linnaeus, 1766)
Estado de Conservação
Não classificado
Fonte: EIA/RIMA Porto das Lajes (2008)
Fonte: http://www.fishbase.se (2016)
De hábito bentônico, sua distribuição ocorre na América do Sul: na bacia do rio Amazonas e
na região dos países do Peru e Argentina. Habita as margens dos paranás, lagos e rios de águas
brancas, claras e pretas. É comum esconder-se em buracos de troncos e galhadas durante o dia,
saindo à noite para se alimentar. É onívoro, alimentando-se de frutos, sementes e invertebrados,
principalmente formigas, cupins, aranhas, hemípteros, odonatas, crustáceos e moluscos. Espécie de
hábito noturno, sedentária, a fertilização é interna e a desova parcelada. Sua reprodução ocorre entre
o final da seca (dezembro) e a cheia (julho). Sobrevive em ambientes com baixas concentrações de
oxigênio por meio da respiração na superfície aquática (ASR) e o uso do oxigênio existente entre as
raízes de plantas aquáticas. Não é consumido pela população ribeirinha e nem comercializado nos
mercados e feiras de Manaus.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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Acará, Acarichthys heckellii (J. P. Müller & Troschel, 1849), Cichlidae, PERCIFORMES
Nome Comum
Acará
Nome Científico
Acarichthys heckellii
(J. P. Müller & Troschel, 1849)
Estado de Conservação
Não classificado
Fonte: wikipedia fish (2016)
Fonte: http://www.fishbase.se (2016)
De hábito bentopelágico, com distribuição na América do Sul: em hábitats da bacia
Amazônica no Peru, Colômbia e no Brasil, incluindo partes do rio Trombetas, Negro, Xingu,
Tocantins e rio Branco, assim como o rio Essequibo na Guyana. Habita lagos e rios de águas
brancas, claras e pretas. É herbívoro ou onívoro, conforme a época do ciclo hidrológico e hábitat,
ingerindo restos vegetais, larvas de insetos e peixes. Informações sobre sua biologia reprodutiva na
natureza ainda são escassas. Não é comercializada e nem consumida pelos ribeirinhos, mas é
exportada como peixe ornamental para o exterior o que pode representar uma ameaça. Não se
encontra na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção.
Tabela 7. Classificação das espécies encontradas na área do Porto das Lages - entorno imediato da RPPN Dr. Daisaku Ikeda (4 ordens, 12 famílias, 28 espécies). Fonte: Fonte: EIA/RIMA Porto das Lajes (2008)
ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM
CLUPEIFORMES ENGRAULIDAE Licengraulis batesii Manjuba
CHARACIFORMES CURIMATIDAE Curimata inornata Branquinha
Potamorhina altamazonica Branquinha cabeça lisa
Potamohrina latior Branquinha
PROCHILODONTIDAE Semaprochilodus insignis Jaraqui escama grossa
Semaprochilodus taeniurus Jaraqui escama fina
ANOSTOMIDAE Schizodon fasciatus Aracu comum
Leporinus fasciatus Aracu flamengo
Leporinus friderici Aracu cabeça gorda
HEMIODONTIDAE Hemiodus sp Cubiu, orana
CHARACIDAE Brycon amazonicus Matrinxã
Chalceus macrolepidotus Arari
Characidae sp
Mylossoma duriventre Pacu comum
Pygocentrus nattereri Piranha caju
Triportheus albus Sardinha comum
Triportheus angulatus Sardinha papuda
Triportheus elongatus Sardinha comprida
ACESTRORHYNCHIDAE Acestrorhynchus falcirostris Peixe cachorro
CYNODONTIDAE Hydrolycus scomberoides Peixe cachorro
ERYTHRINIDAE Hoplias malabaricus Traíra
SILURIFORMES AUCHENIPTERIDAE Trachelyopterus galeatus Cangati
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ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM
LORICARIIDAE Loricaria cataphracta Acari-cachimbo
PERCIFORMES CICHLIDAE Acarichthys heckellii Acará
Cichla monoculus Tucunaré
Heros sp
Mesonauta festivus Acará
Satanoperca jurupari Acará bicudo
A ordem dos Characiformes foi o grupo que apresentou a maior abundância relativa com
89% enquanto as demais ordens juntas perfizeram 11% dos espécimes coletados.
3.4. Relevo
A leste da RPPN Dr. Daisaku Ikeda situa-se a formação geológica “Ponta das Lajes”, que faz
parte da região do Encontro das Águas e é frequentada principalmente por ribeirinhos e pescadores
locais (FRANZINELLI e IGREJA, 2011).
A Ponta das Lajes é constituída de sedimentos continentais em parte silicificados, à margem
esquerda do Rio Amazonas, que na estação seca, quando descoberta pelas águas, dá forma a uma
superfície triangular levemente inclinada para o rio (Figura 15 A), situada na base de falésia com
aproximadamente 90 m de altitude acima do nível do mar (Figura 15 B), esculpida no terraço da
Formação do tipo “Alter do Chão”. As lajes são constituídas principalmente por silito vermelho e
arenito, com marcas ondulares de corrente e oscilação em planície de inundação (Figura 16).
Figura 15. Vista aérea do Encontro das Águas e Formação Alter do Chão em Ponta das Lajes (FRANZINELLI & IGREJA, 2011).
A B
Estudos recentes sobre a Formação Alter do Chão têm revelado importantes aspectos
geohistóricos, paleontológicos, sedimentológicos, estratigráficos, hidrológicos, biológicos,
geodinâmicos do Cretáceo, hidrogeológicos, neotectônicos do terciário e do quaternário, enfim um
valioso acervo geocientífico que deve ser apropriadamente conservado. Este dado foi suficiente para
que a Ponta das Lajes fosse incorporada ao inventário da SIGEP – Comissão Brasileira de Sítios
Geológicos e Paleobiológicos – que visa a conservação dos sítios atuais para as gerações futuras.
Além disso, a forte estiagem de 2010 na Amazônia levou a descoberta de importante sítio
arqueológico na Ponta das Lajes, do tipo petroglifo, com gravuras rupestres antropomórficas,
zoomorfas e geométricas executadas sobre blocos por diversas técnicas (LIMA, 2008).
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
73
Figura 16. Vista da Ponta das Lajes durante a intensa seca de outubro-novembro de 2010 (Fonte: Google Earth, janeiro de 2011)
3.5. Recursos Hídricos
A Área da RPPN Dr. Daisaku Ikeda está inserida na bacia hidrográfica do Rio Negro,
microbacia Colônia Antônio Aleixo. Está sob influência direta dos rios Negro e Solimões situada
exatamente no encontro dos rios Negro e Solimões formando o rio Amazonas e é recortada por uma
rede de canais, denominados igarapés.
Toda a área adjacente está sujeita às dinâmicas dos pulsos das águas (enchente, cheia,
vazante e seca) desses rios influenciando no microclima local, na temperatura ambiente e na
biodiversidade aérea, terrestre e aquática determinantes tanto para o ‘equilíbrio’ ecológico deste
ecossistema como para garantir os bens comuns (ar puro, água limpa, fauna - pesca, flora –
castanha, açaí) à população e sobretudo aos moradores de entorno.
3.5.1. Caracterização da dinâmica fluvial
No “Encontro das Águas”, as correntes do rio Solimões, mais fortes e intensas, barram as do
rio Negro. O rio Solimões mantém o fluxo do rio Negro, por alguns quilômetros, restrito à margem
esquerda do canal do rio até a homogeneização completa dos dois rios formando o rio Amazonas
(Figura 17).
Figura 17. Encontro das Águas rios Negro e Solimões, Manaus/AM. Fonte: Geise Canalez (2016)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
74
O rio Solimões, com seu fluxo mais intenso, causa um forte remanso nas águas do rio Negro,
fenômeno conhecido e identificado por Meade et al (1991) como “Backwater effect”, ou barramento
hidráulico, sendo os níveis do rio Negro em Manaus controlados pelo regime do rio Solimões, um rio
de regime equatorial (Figura 18).
Figura 18. Correlação dos níveis registrados na estação hidrométrica de Manacapuru (rio Solimões). Fonte: Filizola, 2005.
Legenda: linha vermelha, com os níveis registrados na estação de Manaus, linha preta, mostrando a influência do rio Solimões sobre o rio Negro
O regime hidrológico do rio Negro, apresenta-se como do tipo Equatorial, segundo a
classificação francesa de Jean Rodier (1964), adaptada por Moliner et al (1995) para a Amazônia.
Esse tipo de regime caracteriza-se pela existência de dois picos de máxima durante o ano, sendo um
rápido e de baixa amplitude ocorrendo na primeira metade do primeiro semestre do ano. O segundo
e maior pico, o da cheia anual, se dá nas proximidades da metade do ano civil (maio a julho).
Localmente a população de Manaus percebe bem apenas o segundo e maior pico,
identificado com o período de cheia do rio Negro, reforçado ainda por conta de um efeito conhecido
como “backwater effect” do rio Solimões sobre o rio Negro (Figura 19).
Figura 19. Regime hidrológico do rio Negro, em diferentes estações hidrométricas do tipo Equatorial com dois picos de cheia. Fonte: Filizola et al. (2002).
Nota: De montante para jusante: Curicuriari, Serrinha, Barcelos, Moura e Manaus.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
75
Foi realizada a caracterização atual da área de estudo em amostras de água e sedimento a
partir da determinação dos parâmetros físicos, químicos e biológicos: transparência da água,
temperatura, pH, condutividade elétrica, turbidez, sólidos em suspensão, fósforo total, íons
dissolvidos (sódio, potássio, magnésio, cálcio, amônio, nitrito, nitrato, fosfato, sulfato e cloreto), O2,
DBO (incubação de 5 dias), coliformes termo tolerantes, sulfetos, medidas de óleos e graxas, metais
(Al, Fe, Cr, Cu, Zn, Ni, Pb e V), hidrocarbonetos alifáticos e hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos.
Para avaliação representativa, dos parâmetros indicadores da qualidade da água, foi
realizada coleta em seis pontos, descritos na (Tabela 8). Esta coleta foi realizada pelo
Empreendimento Porto das Lajes, os resultados obtidos mostraram que não foi observada
contaminação expressiva quanto ao diagnóstico de qualidade da água. Em geral, foram encontradas
condições que se enquadram nos requisitos para a classificação de corpo hídrico de classe II,
segundo Resolução CONAMA 397/087. Os parâmetros que apareceram, com valor fora dos padrões
estabelecido pela Resolução CONAMA 357/058, correspondem às diferenças regionais que
caracterizam o ambiente amazônico. Foram eles, o pH, oxigênio dissolvido, Fe e Al.
Tabela 8. Pontos e locais de coleta da amostragem. Fonte: EIA/RIMA Porto das Lajes (2008)
3.5.2. Hidrografia na RPPN Dr. Daisaku Ikeda
Na área pertencente à Reserva existem três nascentes que alimentam dois lagos, um
represado (artificial) e outro natural. Os lagos abrigam algumas espécies de peixes como: pacu,
matrinxã, peixes lisos (bagres) e sardinha; foram observados cerca de 12 jacarés e alguns jabutis,
além de muitos sapos e insetos. O Lago represado é uma das atrações da Reserva (Figura 20), além
de sua beleza cênica, os visitantes podem alimentar com ração os peixes que ali habitam que fazem
deste encontro um espetáculo à parte.
7 Resolução CONAMA nº 397, de 3 de abril de 2008: Altera o inciso II do § 4o e a Tabela X do § 5º, ambos do art. 34 da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA no 357, de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. 8 Resolução CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005: Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. (Alterada pela Resolução 410/2009 e pela 430/2011)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
76
Figura 20. Croqui da propriedade Nazaré das Lajes onde está inserida a RPPN Dr. Daisaku Ikeda, Manaus/AM. Fonte: Arquivo Histórico Instituto Soka - CEPEAM (2016)
3.6. Aspectos Culturais e Históricos
A incessante demanda da sociedade determinou, em 2009, o início do processo de
tombamento da área do Encontro das Águas, incluindo os sítios de Ponta das Lajes, pela
superintendência do regional do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, que
está realizando um trabalho de fundamentação técnica para auxiliar na delimitação do espaço a ser
tombado pelo Governo Federal, o que poderá inviabilizar a construção do Porto das Lajes, principal
bandeira de luta da ONG SOS Encontro das Águas, composto por lideranças locais.
3.6.1. Movimento Socioambiental ‘SOS Encontro das Águas’
O SOS Encontro das Águas é um movimento social organizado composto por moradores do
bairro Colônia Antonio Aleixo em conjunto com professores, pesquisadores e demais profissionais
das áreas ambientais.
Esse movimento nasceu a partir a eminente instalação de um porto particular nas imediações
do Encontro das Águas, sobre as lajes às margens do rio Negro, cuja área é um sítio arqueológico
situado na área titulada do CEPEAM.
O tombamento foi realizado devido se a área onde é possível observar as águas escuras e
transparentes do Rio Negro correndo ao lado das águas turvas e barrentas do Rio Solimões, cujo
objeto do tombamento é uma área compreendida no raio de 10 km. A proposta de tombamento foi
baseada no caráter de excepcionalidade do fenômeno e em seu alto valor paisagístico e cultural.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
77
Patrimônio Encontro das Águas, tombado pelo IPHAN (n° 01450015766/2009-08)
3.6.2. Sítios Arqueológicos
De acordo com o relatório do Museu Amazônico (UFAM/MUSA, 2005), existem na área da
RPPN três sítios arqueológicos: Lajes, Ponta das Lajes e Daisaku Ikeda. Sendo o sítio Lajes (AM-
MA-01) o primeiro sítio arqueológico de Manaus registrado junto ao Cadastro Nacional de Sítios
Arqueológicos (CNSA) do Iphan sob a insígnia AM-MA-01.
Trabalhos recentes de avaliação de impacto e resgate arqueológico realizados em Lajes
renderam uma coleção composta por grandes urnas funerárias e vasos cerâmicos, além de inúmeros
fragmentos, que trouxeram importantes informações sobre a ocupação desta região como um todo,
que certamente foi densamente ocupada durante o final primeiro milênio d.C., entre os séculos 6 e
12. Ainda, o local se configura como um sítio histórico ao guardar evidências materiais do processo
de apropriação pós-colonial da área, principalmente do início do século passado. As ruínas de olaria
ali existentes testemunham essa história (LIMA e MORAES, 2010).
A arqueologia local sugere uma ocupação que pode remontar milhares de anos atrás, como
no caso do sítio rupestre Ponta das Lajes. Os sítios cerâmicos somam quase uma dezena e apontam
para sequência de uma ocupação, aparentemente ininterrupta, desde o início da era cristã até o
contato com o europeu e os dias atuais (LIMA et al, 2006; LIMA, 2008; NEVES, 2006, 2008).
Dentre os artefatos encontrados nesses locais, os recipientes cerâmicos remetem a diferentes
períodos e estilos, e incluem diversas utilidades, entre elas a funerária. As chamadas fases Açutuba,
Manacapuru e Paredão, da Tradição Borda Incisa, e a fase Guarita, da Tradição Policroma da
Amazônia, traduzem os conjuntos arqueológicos cerâmicos à linguagem dos cientistas, constituindo
a cronologia de ocupação da área (Idem, ibidem, HILBERT, 1968; MEGGERS e EVANS, 1961,
1983).
O sítio arqueológico Daisaku Ikeda, localiza-se muito próximo da área do sítio Lajes, a
sudoeste deste. Situado dentro da área florestada pertencente ao Centro de Projetos e Estudos
Ambientais do Amazonas (CEPEAM), o sítio Daisaku Ikeda recebeu esse nome em função do então
presidente da Associação Soka Gakkai Internacional (SGI). Durante as escavações para a instalação
do Laboratório de Ciências Naturais da Associação foram resgatados dois artefatos: um gargalo de
urna funerária e um alguidar de grandes dimensões.
Com uma privilegiada localização, defronte ao Encontro das Águas, Daisaku Ikeda aparenta
ser contemporâneo ao primeiro, e provavelmente ocupado pelos mesmos grupos indígenas no
passado. De fato, os vestígios enterrados, assim como a implantação no topo do terraço fluvial,
remetem o sítio Daisaku Ikeda ao mesmo contexto de ocupação do sítio Lajes. Ao contrário de
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
78
Lages, esse sítio encontra-se bastante preservado. No entanto, nunca foi alvo de estudos
arqueológicos sistemáticos, tendo sido apenas cadastrado no Levantamento Arqueológico no
Município de Manaus – Lama (COSTA e LIMA, 2006). Portanto, algumas das questões sobre as
relações dos povos habitantes de Lajes e Daisaku Ikeda, ainda a serem estudadas, podem ser postas
em pauta.
3.7. Infraestrutura existente na RPPN
A RPPN/CEPEAM contam com infraestrutura para recepção e atendimento de público para
visitação, eventos e pesquisas.
3.7.1. Portaria
a. Portaria central com infraestrutura em alvenaria, com vigilância 24h
b. Guarita de monitoramento para o encontro das águas, infraestrutura em mista,
com vigilância 24h.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
80
b. Auditório para 150 pessoas
- Sistema de projeção de imagens
- Sistema de áudio/som
- Seis ar-condicionado
c. Laboratório para análise de sementes equipado
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82
e. Almoxarifado apoio laboratório
f. Sala/escritório de pesquisador
g. Dormitório apoio (2 pessoas)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
83
h. Copa/cozinha
3. Mirante com vista para o Encontro das Águas – área localiza-se no ponto mais alto da
RPPN e dá condição de visualização de toda a área da Reserva
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84
4. Alojamento para 50 pessoas (desativado para manutenção)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
85
5. Vias de acesso asfaltada
Além disso conta com área para soltura e apoio a reintrodução de fauna silvestre, um lago
natural preservado e um lago artificial com área florestal protegida e conservada.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
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Figura 21. Mapa de localização da infraestrutura existente na RPPN Dr. Daisaku Ikeda
Fonte: Imagem e plataforma Google Earth (2016); Base de Dados IBGE (2016); SEMINF/Manaus (2016)
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3.8. Equipamentos e Serviços
3.8.1. Sistema de acesso à internet, telefonia móvel
A sede administrativa da RPPN possui serviço de internet banda larga por rádio
(Titania – 5 Mb) e acesso os principais serviços de telefonia móvel.
3.8.2. Equipamentos de laboratório
A RPPN conta com um laboratório equipado para beneficiamento e análise de
sementes florestais.
3.8.3. Serviço de produção de mudas
A Produção de mudas destina-se à recuperação de áreas degradadas e distribuição
juntos aos parceiros.
3.8.4. Realização de eventos
Cursos, treinamentos, eventos científicos e não científicos são as principais
atividades realizadas nas dependências da RPPN.
3.9. Ameaças, impactos e atividades de proteção
Ações antrópicas decorrentes da expansão urbana e da instalação de empresas do Distrito
Industrial (terras da Suframa)
Fragmentação dos corpos hídricos
Entrada de moradores das ocupações do entorno
3.10. Atividades desenvolvidas na RPPN
3.10.1. Pesquisa Científica
Três grandes áreas de estudo são foco de estudos na RPPN pelos parceiros institucionais:
1. Estudos de Arqueologia do IPHAN;
2. Avaliação microclimática em ambientes de florestas secundárias; e
3. Espécies arbóreas para produção de sementes e mudas.
As pesquisas realizadas e concluídas na RPPN ampliam as linhas de atuação e
conhecimento da Reserva, além de proporcionar o espaço de educação científica e exploratória da
área.
Pesquisas realizadas:
Tema: Análise de resíduos sólidos na Reserva particular do patrimônio natural Nazaré das
Lajes e Lajes Ano:
Instituição:
Pesquisador: Jean Dinelly Leão Nível: Graduação
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89
Tema: Carbono orgânico e nutrientes em solos antrópicos e adjacentes sob floresta
secundária na Amazônia Central Ano:
Instituição:
Pesquisador: Erick Manuel Oblitas Mendoza Nível: Mestrado
Tema: Produção e teor de nutrientes da liteira fina de capoeiras em terra preta de índio e
solos adjacentes Ano:
Instituição:
Autor: Gyovanni augusto Aguiar ribeiro Nível: Mestrado
Tema: Dinâmica da matéria orgânica do solo em ecossistemas de floresta secundária sobre
solos antrópicos e solos não-antrópicos (adjacentes) na Amazônia Central
Ano:
Instituição:
Autor: Lucerina Trujillo Cabrera Nível: doutorado
3.10.2. Educação Ambiental
A RPPN conta atualmente com três projetos de Educação Ambiental:
1. Programa de visitação – Atividade permanente para escolas e faculdades
2. Projeto Zona Leste – Projeto de valorização do patrimônio cultural e preservação
arqueológica na zona leste de Manaus, com a apresentação do sítio arqueológico Daisaku
Ikeda. (Parceria MUSA)
3. Escola Itinerante de Meio Ambiente – Oportuniza a rede ensino municipal conhecer os
princípios da Educação Ambiental da SEMMA.
3.10.3. Visitação
A visitação na RPPN ocorre em quatro modalidades: educacional, turística e recreativa,
intercambio e científica.
A modalidade Educacional ocorre durante todo o ano, tem como público alvo alunos de
escolas municipais e estaduais, universitários e pesquisadores. Tem como finalidade a educação
ambiental e está incorporada em eventos científicos e palestras. Em 2016 foram atendidos 1290
visitantes.
A modalidade Turístico e Recreativo ocorre durante todo o ano, atende o público em geral
que participam de atividades visitação e palestras sobre a RPPN. Em 2016 foram atendidos 465
visitantes.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
90
Para atender intercambistas internacionais, o grupo tem um plano específico para cada
grupo agendado por demanda. O público alvo são alunos, acadêmicos e pesquisadores do exterior
para atividades de visitação e palestras dirigidas. Em 2016 foram atendidos 16 visitantes.
A visitação científica ocorre por demanda e é o ingresso do pesquisador a área da RPPN.
Atende pesquisadores em geral, devidamente documentados e licenciados junto aos órgãos
ambientais e de pesquisa. Em 2016 foram atendidos 38 visitantes.
De modo geral, o roteiro de visitação da RPPN conta com rotas pré-estabelecidas mostradas
a seguir:
Mirante com vista para o encontro Rio Negro e Solimões
Datação da área
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
91
Sítio arqueológico Daisaku Ikeda – Encontro das Águas - reconhecido pelo IPHAN
Inscrições rupestres
Bancos de sementes com espécies florestais do bioma amazônico;
Unidades demonstrativas de áreas recuperadas com espécies florestais de valor
comercial da Amazônia
Trilhas Ecológicas
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
92
3.10.4. Recuperação de Áreas Degradadas
Antes de torna-se uma Reserva a área sofreu degradação devido a instalação de olarias em
seu interior retirando parte da madeira nativa local para alimentação dos fornos. Existia também
uma lixeira viciada, onde hoje encontra-se a portaria principal. Nestes espaços foram feitos plantios
para o adensamento florestal com espécies arbóreas nativas de ocorrência natural nas áreas.
Atualmente a RPPN possui três projetos para recuperação de áreas degradadas em
andamento:
1. Projeto de Enriquecimento Florestal – Áreas Degradadas: tem por objetivo continuar
com os plantios de espécies arbóreas nativas de modo que as áreas menos florestadas da
RPPN se tornem mais adensados.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
93
2. Banco de Sementes Amazônicas: é um projeto científico com o objetivo de conhecer e
fazer a proteção in situ das espécies arbóreas nativas do Amazonas por meio do banco de
sementes, ou seja, preservação do material genético de propagação das espécies.
3. Projeto Arborização de Manaus: por meio da produção e doação de mudas para os
projetos da Prefeitura Municipal de Manaus e outras iniciativas, visa contribuir para a
maior arborização dos espaços públicos e privados da cidade, objetivando a melhora da
qualidade de vida da população.
3.10.5. Preservação e Conservação
A RPPN possui uma área de soltura de animais silvestres, cuja finalidade tem sido atender a
demanda dos órgãos ambientais de Manaus, libertando espécies capturadas em situação de risco
pelas equipes da SEMMAS e outros. Essa iniciativa faz parte do Projeto PAN Saium que visa a
reintegração de grupos Sauins de Coleira ao seu habitat natural.
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
94
Além disso, a Reserva possui indivíduos florestais de espécies amazônicas que geram uma
quantidade expressiva de sementes usadas na produção de mudas, garantindo assim a preservação
dessas espécies por meio do Bancos de Sementes.
3.10.6. Eventos
Exposição
A RPPN, conta com uma sala de exposição, onde estão concentrados, os artefatos
cerâmicos encontrados na Terra Preta de Índio e banner de atividades acadêmicas.
Exposição permanente: Arqueologia
A Reserva é uma área de estudo em arqueologia por abrigar um sítio arqueológico. As
pesquisas desenvolvidas são continuamente divulgadas no Cepeam. Além disso, é
mantida uma Exposição permanente com os resultados dos trabalhos de campo, bem
como com alguns artefatos encontrados na área.
Conferências, Simpósios e Seminários
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
95
São realizadas atividades em parceria com várias instituições às quais se utilizam da
infraestrutura da Reserva para realização de eventos.
3.11. Publicações
Arqueologia
Projeto de valorização do patrimônio cultural e preservação arqueológica na zona leste de
Manaus (Projeto Zona Leste). Relatório Parcial, MUSA/UFAM, 2005
Lima, Helena Pinto; Silva, Carlos Augusto; Moraes, Bruno Marcos. Sítios do Encontro:
Arqueologia do entorno do Encontro das Águas. Somanlu, ano 11, n. 2, jul./dez. 2011
Dissertações e Tese
OBLITAS MENDOZA, Erick Manuel. Carbono orgânico e nutrientes em solos antrópicos
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INPA, Manaus, 2009. Área de concentração: Agricultura no Trópico Úmido
RIBEIRO, Gyovani. Produção e teor de nutrientes da liteira fina de capoeiras em Terra
Preta Índio e solos adjacentes. Dissertação (mestrado) -- INPA, Manaus, 2006. Área de
concentração: Agricultura no Trópico Úmido
SCARAZATTI, Bruno. Sistema agroflorestal como alternativa de uso da terra: um estudo
de caso na Unidade Demonstrativa de Permacultura (UDP) de Manaus-AM. Dissertação
(mestrado)- INPA/UFAM, Manaus, 2009 Área de concentração: Ciências de Floresta
Tropical - Sistema Agroflorestal
TUJILO, Luucerina. Dinâmica da matéria orgânica do solo em ecossistemas de floresta
secundária sobre solos antrópicos e não antrópicos (adjacentes) na Amazônia Central.
Tese (doutorado)-- INPA/UFAM, Manaus, 2009 Área de concentração: Ecologia
Informativos
"A Floresta Precisa de Você!" - Brasil Seikyo - Edição 1542 - 05/02/2000 - pág. C4 -
Caderno Soka
Assembléia geral formaliza a constituição do Instituto Soka - Cepeam - Brasil Seikyo -
Edição 2237 - 02/08/2014 - pág. A7 - Notícias
A trilha em prol do ambiente- Brasil Seikyo - Edição 1765 - 25/09/2004 - pág. A1 –
Notícias
BSGI protege a floresta amazônica - Brasil Seikyo - Edição 1903 - 11/08/2007 - pág. B8
- Vida em Família
Centro de Projetos e Estudos Ambientais da Amazônia da BSGI - Brasil Seikyo - Edição
1919 - 08/12/2007 - pág. A6 – Notícias
Cepeam comemora 4o aniversário do laboratório Dr. Daisaku Ikeda - Brasil Seikyo -
Edição 1822 - 03/12/2005 - pág. A12 - Notícias
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
96
Cepeam — Um palco de empreendimentos - Brasil Seikyo - Edição 1802 - 09/07/2005 -
pág. A2 - Em Dia
Educação ambiental: uma das metas do Cepeam - Brasil Seikyo - Edição 1660 -
20/07/2002 - pág. A5 - Notícias
Encontro de poesia e realizado no Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia - Brasil
Seikyo - Edição 1582 - 02/12/2000 - pág. A7 - Notícias
Hiromasa Ikeda inaugura “Monumento em Gratidão ao Mestre” no Cepeam - Brasil
Seikyo - Edição 2062 - 04/12/2010 - pág. B4 - Caderno Especial
Visita ao Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia- Brasil Seikyo - Edição 1614 -
04/08/2001 - pág. A8 - Notícias
3.12. Funcionários da RPPN
Jomber Chota Inuma – Engenheiro Florestal
Jean Dinelly Leão – Engenheiro Ambiental
3.13. Parcerias
A RPPN conta atualmente com os seguintes parceiros:
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
Instituto Federal do Amazonas (IFAM)
Universidade Soka
Universidade São Paulo (USP)
4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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5. ANEXOS
I. Documentos pertinentes ao plano de manejo da RPPN
II. Outros mapas pertinentes ao plano de manejo da RPPN
III. Documentos referenciais
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
101
SOBRE A HANSENÍASE
O que é hanseníase?
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae e pode ser
paucibacilar (PB) – quando o paciente apresenta de uma a cinco manchas pelo corpo – ou multibacilares (MB) –
quando são encontradas mais de cinco manchas. Quando são paucibacilares, os pacientes não transmitem a
doença. Os multibacilares sem tratamento, porém, podem transmitir o bacilo através das secreções nasais ou saliva.
Pacientes em tratamento regular e pessoas que já receberam alta não transmite a doença. O período de incubação,
da infecção à manifestação da doença, tem duração média de três anos e a evolução do quadro clínico depende do
sistema imunológico do paciente. Por essa característica, a hanseníase é mais comum em populações de baixa
renda, desprovidas de condições adequadas de moradia, trabalho e transporte que tendem a contribuir para a
disseminação do bacilo da doença para um número maior de pessoas.
Sintomas
Manchas brancas ou avermelhadas sem sensibilidade para frio, calor, dor e tato; Sensação de
formigamento, dormência ou fisgadas; Aparecimento de caroços e placas pelo corpo; Dor nos nervos dos braços,
mãos, pernas e pés; Diminuição da força muscular.
Diagnóstico
A identificação da doença é essencialmente clínica, feita a partir da observação da pele, de nervos
periféricos e da história epidemiológica. Excepcionalmente são necessários exames laboratoriais complementares,
como a baciloscopia ou biópsia cutânea.
Tratamento
A hanseníase tem cura e quando tratada em fase inicial não causa deformidades. O tratamento,
denominado poliquimioterapia (PQT), é gratuito, administrado via oral e está disponível em unidades públicas de
saúde de todo o Brasil. Para pacientes que apresentam a forma paucibacilar (PB) da doença, a duração do
tratamento é de seis meses e para os que apresentam a forma multibacilar (MB), o tratamento dura um ano.
Concluído o tratamento com regularidade, o paciente recebe alta e é considerado curado.
Fonte: Revista Maioridade (http://www.revistamaioridade.com.br)
Plano de Manejo RPPN Dr. Daisaku Ikeda
102
LISTA VERMELHA IUCN
A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) das
espécies ameaçadas, também conhecida como Lista Vermelha da IUCN ou, em inglês, IUCN Red List ou Red Data
List, foi criada em 1963 e constitui um dos inventários mais detalhados do mundo sobre o estado de conservação
mundial de várias espécies de plantas, animais, fungos e protistas.
A Lista Vermelha obedece a critérios precisos, para avaliar os riscos de extinção de milhares das espécies
e subespécies, pertinentes a todas as espécies e em todas as regiões do mundo, com o objetivo de informar sobre a
urgência das medidas de conservação para o público e legisladores, assim como ajuda a comunidade internacional
na tentativa de reduzir as extinções.
Os seus principais conselheiros sobre as espécies incluem a BirdLife International, a World Conservation Monitoring
Centre e outros grupos da especialidade no âmbito do Comité de Sobrevivência das Espécies, Species Survival
Commission (SSC), da IUCN. Cerca de metade das espécies incluídas na lista são acompanhadas por estas
organizações.
A IUCN tem como objetivo a reavaliação da categoria de cada espécie a cada cinco anos, se possível, ou pelo
menos em cada dez anos. Isso é feito, habitualmente, por revisão por pares através dos grupos de especialistas do
Comitê de Sobrevivência das Espécies da IUCN, (SSC), responsáveis por cada grupo de espécies ou área
geográfica específica. Por exemplo a BirdLife International é responsável pela totalidade da classe Aves. Há mais de
7000 espécies ainda não extintas na Lista Vermelha de 2006 que não tiveram a sua categoria avaliada desde 1996.
Categorias da Lista Vermelha (versão 3.1)
Representação gráfica para as categorias da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da
Natureza (IUCN).
Imagem Estado
Pouco Preocupante
Quase ameaçada
Vulnerável
Em Perigo
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103
Em Perigo Crítico
Extinto na Natureza
Extinto
Referências
Wikipedia, a eciclopédia livre, Lista Vermelha IUCN, Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_Vermelha_da_
IUCNAcesso em: 26 ago 2010
Lista Vermelha da IUCN (em inglês)
IUCN, 2001. Categorias e critérios de (versão 3.1).
BirdLife International, Search for Species, Disponível em: http://www.birdlife.org/datazone/species/index.
html?action=SpcHTMFind.asp. Acesso em: 24 ago 2010
http://www.wikiaves.com.br/lista_vermelha_iucn
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