Paula Barbeiro, Odete Tomé
Pontos Gatilho da parede abdominal
Sociedade Portuguesa Médica de Acupunctura
Coimbra, 30 Novembro 2015
Unidade Multidisciplinar de Dor Crónica do Centro Hospitalar Lisboa Norte – EPE
( Departamento de Anestesiologia )
Diretor: Prof. Dr. Lucindo Ormonde
Coordenadora: Drª Teresa Fontinhas
Classificação: Unidade de Dor de nível IV ( DNCD )
2008: UMD, iniciou a sua atividade
2011: Acupunctura como tratamento complementar
Equipe Multidisciplinar
Horário da Consulta: das 8:00 às 16:00 de 2ª.f a 6ª.f
Acupunctura das 15:30 às 20:00
Destinatários: doentes com dor crónica do CHLN, referenciados pelo Centro de Saúde ou outras Instituições de Saúde da área de intervenção
Atividade Assistencial: Consulta ( interna e externa )
Técnicas de intervenção
•bloqueios do neuroeixo e de nervos periféricos,
•radiofrequência, ozonoterapia,
•hipnose/relaxamento, neuroestimulação, TENS
•acupunctura
Unidade Multidisciplinar de Dor Crónica do Centro Hospitalar Lisboa Norte – EPE
( Departamento de Anestesiologia )
Referenciação: Pelo Médico Assistente com preenchimento de
formulário de referenciação.
Objetivos: Tratamento do doente com dor crónica oncológica e não oncológica submetido a intervenção clínica prévia e com tratamento ineficaz. Abordagem multidisciplinar e interdisciplinar visando o alívio e controlo da dor.
Atividade de Formação: Formação pré-graduada e pós-graduada nas diferentes áreas profissionais
Atividade Científica e de Investigação : Promover e realizar projetos de investigação clínica
Casuística : Consulta de Dor Crónica no CHLN – 3.500 doentes/ano
Acupunctura – 600 consultas/ ano
FLF, ♂, 55 anos
Profissão: Administrativo; reformado por incapacidade
Motivo da referenciação à Unidade de Dor Crónica: dor neuropática perineal pós-traumática com componente acentuado de ansiedade e depressão
AP: obesidade ligeira
HA:
2010: dor perineal e região glútea
“sensação de queimadura e de picadas” de início insidioso agrava quando está sentado
Nega historia traumática no início das queixas, alteração do controlo dos esfíncteres ou falta de força/alteração da sensibilidade dos MI ECD: exame proctológico – sem alterações
ecografia prostática – HBP RM pélvica – hérnia inguino-escrotal bilateral com extrusão
adiposa
AP: obesidade
HA:
2010 Jun2011:
hernioplastia inguinal bilateral sob anestesia geral Pós-op imediato: dor no escroto à direita c/ irradiação à face medial da coxa
ligeira melhoria da dor perineal
Alta com dor no períneo e escroto à direita
AP: obesidade
HA:
2010 Jun2011 Set2012
The pain is real!
1ª consulta UMDor
medicação oral + psiocoterapia medicado com antidepressivos, anticonvulsivantes, e analgésicos puros, sem grande alívio Colonoscopia: polipos rectais Urologia: exclusão de possível orígem genito-urinária
para a dor
Sintomas:
◦ Dor região perineal - tipo queimadura/ picadas há 3 anos
◦ Dor escrotal à direita - início no pós-op de hernioplastia
inguinal bilateral há 2 anos
• VAS: 8
Perturbação grave do quotidiano
• impossibilidade de estar sentado mais de 15´
• disfunção sexual por dor na ejaculação
• Reforma precoce
apresenta-se muito ansioso, pouco crente no tratamento
Tratamento em decúbito ventral
Segmentar
GV2
BL31+BL32 – BL33+BL34 bilateral; EA a 4 Hz durante 20’
Segmentar distal
KI2’ – SP4 bilateral; EA a 4 Hz durante 20’
Extra-segmentar
BL40 – BL60 bilateral; EA a 4 Hz durante 20’
Supra-segmentar
LI4 bilateral; estimulação eléctrica com “ponteiro”
GV20; Si-Shen-Cong
Auriculoterapia
Com agulhas semi-permanentes: Shenmen (fosseta triangular); Ponto ansiedade (lóbulo orelha)
EA : 4 Hz : 20’
Após a segunda sessão inicia melhoria progressiva do quadro de dor perineal e melhoria marcada da ansiedade
Manutenção da dor no escroto
Foram realizadas 5 sessões de acupunctura com este esquema
interrupção por um período de 6 semanas
Na readmissão, após 6 semanas:
alívio parcial do quadro de dor perineal, sem resolução completa
dor no escroto, à direita, com irradiação à face interna da coxa
VAS: 4
agravamento durante a ejaculação
Exame Objectivo:
PG da parede abdominal - m. abdominais laterais, 4 dedos acima da crista ilíaca Nota: palpação em pinça !!
1 – decúbito dorsal
punctura de PG parede abdominal
2 – decúbito ventral
Segmentar sagrado (períneo)
GV2
BL33 – BL34 bilateral; EA a 4 Hz durante 20’
Segmentar para-vertebral (n. ilioinguinal)
GV4; GV5
HuaTuo L1 – HuaTuo L2; bilateral; EA a 4 Hz durante 20’
Supra-segmentar
GV20; LI4, estimulação eléctrica com “ponteiro”
Na consulta subsequente, o doente reportou resolução quase completa da dor no escroto, com VAS: 2
Sessões realizadas com este esquema: 4
VAS no final do tratamento com acupunctura: 1
PG parede abdominal
• Recto anterior
• Abdominais laterais
• dor, local ou reflexa
• reflexos somato-viscerais (nauseas, cólicas, disúria, etc)
PG abdominais laterais
In: Travell & Simons’ Myofascial Pain and Dysfunction
In: Peter E Baldry; Acupuncture, TrPs and MSK Pain
• encarceramento e compressão do nervo ilioinguinal pelo PG
• sintomas de dor reflexa à área de inervação sensitiva deste nervo
N. ilioinguinal
• raiz L1 • perfura o transverso do abdomen e oblíquo interno ao nível da espinha ilíaca superior e anterior;
• acompanha cordão espermático através do anel inguinal superficial
• Inervação sensitiva à pele da porção supero-interna da coxa, raiz do pénis e porção superior do escroto no homem
Factores desencadeantes / perpetuantes
• Trauma muscular directo
• Sobrecarga aguda
• Sobrecarga crónica
• Patologia de órgãos internos
• Factores emocionais
• Factores metabólicos
• Factores ambientais
• Stress mecânicos (estruturais, posturais)
• Causas médicas associadas
PG abdominais podem ser causa de dor crónica pós-operatória
É importante o diagnóstico preciso, para uma correcta abordagem e segmento medular tratado
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