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Quando encontrei as fotografias de Templo do Sacrifício pela primeira vez, senti uma profunda inquietude de perder algo que me era caro. O receio de ver esmaecer lugares, pessoas, itin-erários, modos de viver e filosofias que dialogavam com um certo sentido de pertencimento.

Entrar em contato com sentimentos desta natureza diante das obras parecia estranho, mas era la-tente: as imagens conectavam-se com um conceito de referencialidade que transcendia a questão da origem e pousavam minhas sensações sobre os elos que construímos com o que nos é essencial.

Diante destas inquietações, mergulhei nas nuances do próprio objeto fotografado por Isaias Belo e seu histórico me trouxe sinais de interlocução: a escultura arquitetônica Templo do Sacrifício era um questionamento de Francisco Brennand à devastação das civilizações pré-colombianas na América Latina e os horrores provocados pelas guerras que exterminam povos e comprometem seus lega-dos culturais para as futuras gerações. Uma obra elaborada para ponderar sobre as consequências das transformações estabelecidas pelas relações de poder. Um debate que perpassa tempos e ex-pressões artísticas – e encontrou uma nova configuração no intercâmbio entre as linguagens do fotógrafo e do escultor.

Por meio das possibilidades de elaboração simbólica, descobertas em mais de uma década de con-vivência e dedicação às nuances do pinhole, Isaias Belo nos oferece sua expressão sensorial acerca do processo de construção do templo. Instiga nas variações tonais da escala de cinza o diálogo com um imaginário que ora conecta seus interlocutores com a dimensão do idílico e do sonho, ora co-loca-os com mais força diante do jogo de fragmentos do real, ora embaralha estes referenciais em busca de uma perspectiva diferente de olhar para a dor da transformação.

Este sentimento de desequilíbrio encontra coerência na própria expressão técnica e estética do pin-hole, que distorce formas e volumes, permitindo que o fotógrafo direcione os elementos que deseja significar ou desestabilizar, em nome da construção da narrativa. Assim, o enredo elaborado por Isa-ias Belo se destaca pelo discurso coerente das imagens, a potencialidade de suas entrelinhas e pela capacidade de refletir sobre as temáticas trazidas pela construção do templo e suas relações com o ambiente em que está inserido.

Por meio das sobreposições, ele sacramenta esta conexão entre a obra de Francisco Brennand e o espaço que a recebe. O Templo do Sacrifício, inserido na mata, margeando o rio, é como um réquiem para um espaço que está na mira das mutações em andamento nas principais estruturas de poder preponderantes atualmente em nosso estado. Deste modo, o fotógrafo agrega as reflexões de seu processo criativo ao cotidiano narrativo de Brennand, para juntos dialogarem sobre o desejo adiar o dia em que suas obras podem se tornar as principais peças de um Memorial.

Será que é possível evitar? Será que o que nos resta sempre é a projeção de um imaginário?

Ana Lira

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