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LÍNGUA PORTUGUESA TSE (EXERCÍCIOS) PROFESSOR DÉCIO TERROR

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Comentário das provas TSE-2012

Prova 1 – TSE-Técnico Judiciário-2012

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Presente perfeito

Aproveito a chegada do 13° salário e a proximidade do Natal para discutir o presente perfeito. Num mundo perfeitamente racional, ninguém nem pestanejaria antes de presentear seus familiares e amigos com dinheiro vivo.

Em princípio, nada pode ser melhor. Elimina-se o risco de errar, pois o presenteado escolhe o que quiser, e no tamanho certo. Melhor, ele pode juntar recursos de diversas origens e comprar um item mais caro, que ninguém sozinho poderia oferecer-lhe.

Só que o mundo não é um lugar racional. Se você regalar sua mulher com um caríssimo jantar na expectativa de uma noite tórrida de amor, estará sendo romântico. Mas, se ousar oferecer-lhe dinheiro para o mesmo fim, torna-se um simples cafajeste.

Analogamente, você ficará bem se levar um bom vinho para o almoço de Dia das Mães na casa da sogra. Experimente, porém, sacar a carteira e estender-lhe R$ 200 ao fim da refeição e se tornará “persona non grata” para sempre naquele lar.

Essas incongruências chamaram a atenção de economistas comportamentais, que desenvolveram modelos para explicá-las. Aparentemente, vivemos em dois mundos distintos, o das relações sociais e o da economia de mercado. Enquanto o primeiro é regido por valores como amor e lealdade, o segundo tem como marca indexadores monetários e contratos. Sempre que misturamos os dois registros, surgem mal-entendidos.

O economista Dan Ariely vai mais longe e propõe que, no mundo das relações sociais, o presente serve para aliviar culpas: ofereça ao presenteado algo de que ele goste, mas acha bobagem comprar, como um jantar naquele restaurante chique ou um perfume um pouco mais caro. O que você está lhe dando, na verdade, é uma licença para ser extravagante.

Segundo Ariely, é esse mecanismo que explica o sucesso de vales-presentes e congêneres, que nada mais são que dinheiro com prazo de validade e restrições de onde pode ser gasto.

(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo, 4/12/2011, com adaptações)

01. Com base na leitura do texto e os sentidos por ele produzidos, analise as afirmativas a seguir:

I. O presente perfeito é dinheiro vivo. II. O mundo das relações sociais não é perfeitamente racional. III. O presente ideal é o que sirva para aliviar culpas.

Língua Portuguesa para TSE – Exercícios (Técnico e Analista)

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Assinale

(A) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se todas as afirmativas estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

Comentário: A afirmativa (I) está errada e tem como fundamento de interpretação os dados implícitos. Note a estrutura do texto. Na segunda parte do primeiro parágrafo, é feita uma hipótese de que, se o mundo fosse racional, a maneira ideal de se presentear seria com dinheiro vivo. O segundo parágrafo sustenta essa hipótese. Note a presença de verbos no futuro do pretérito do indicativo, como “pestanejaria”, “poderia” e de verbos no presente com valor de possibilidade “pode ser”, “pode juntar”, confirmando a hipótese.

Porém, a partir do terceiro parágrafo, vemos que esta hipótese não se aplica, pois “o mundo não é um lugar racional”, o que nos faz subentender que dinheiro vivo não é o presente perfeito. A partir deste parágrafo o autor explica por quê.

A afirmativa (II) está correta e tem como fundamento os dados explícitos, pois a primeira frase do terceiro parágrafo literalmente nos informa que “o mundo não é um lugar racional”.

A alternativa (III) está correta e tem como fundamento a interpretação literal, mas vamos primeiro a uma abordagem da estrutura do texto. Ele começa com a hipótese de um mundo racional com a possibilidade de o presente ideal ser o dinheiro vivo. A partir do terceiro parágrafo, mostra que o mundo não é racional. Assim, subentende-se que o presente ideal não é dinheiro vivo.

A partir deste parágrafo, o autor dá exemplos do presente ideal, com fundamento na divisão entre dois mundos distintos: o das relações sociais e o da economia de mercado, culminando com a proposta de Dan Ariely de que “no mundo das relações sociais, o presente serve para aliviar culpas”. O autor reforça esse argumento com o sucesso dos vales-presentes e congêneres.

Portanto, é um dado literal que mostra que a afirmativa está correta. Assim, a alternativa correta é a (B).

Gabarito: B

02. Em relação ao uso da primeira pessoa no texto, é correto afirmar que

(A) se justifica por narrar fatos ocorridos com o autor. (B) representa uma tentativa de aproximação com o leitor. (C) busca contextualizar a motivação pessoal pela escolha temática. (D) institui caráter emotivo ao que se deve tratar com objetividade.

Comentário: Esta questão trabalha a chamada interpretação localizada; pois a frase inicial do texto (“Aproveito a chegada do 13° salário e a proximidade do Natal para discutir o presente perfeito.”) baseou-se numa percepção do autor sobre a proximidade do 13° e do Natal (motivação pessoal), para dissertar sobre o valor social e econômico do presente (escolha do tema).

Assim, a alternativa correta é a (C). A alternativa (A) está errada, pois não se está narrando fatos ocorridos

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com o autor. A alternativa (B) está errada. De maneira geral, autores utilizam a

primeira pessoa do plural algumas vezes durante um texto para aproximar-se do leitor; porém o contexto nos mostra que o autor não teve esta intenção, mesmo havendo verbos na primeira pessoa do plural, como “vivemos” e “misturamos”.

A alternativa (D) está errada, porque o autor não trata o assunto emotivamente. Ele procura ser objetivo em suas abordagens argumentativas. Gabarito: C

03. A respeito do uso de “você” em diferentes partes do texto, assinale a alternativa correta.

(A) Em se tratando de um texto escrito para o jornal, a forma “você” não poderia ser empregada por se tratar de linguagem coloquial.

(B) A forma “você” é usada como recurso estilístico para indeterminar o agente das ações listadas no texto.

(C) O texto se dirige especificamente aos leitores, tratados em sua individualidade; daí a opção pela forma no singular.

(D) O texto se dirige a um destinatário específico, desconhecido pelo leitor, em um tom epistolar.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o pronome “você” não é típico da linguagem coloquial. Ele apenas traduz uma aproximação natural entre os indivíduos. Essa aproximação deve ser evitada em textos protocolares, como discursos oficiais e cerimoniosos. Na linguagem jornalística ele é amplamente usado.

A alternativa (B) é a correta, pois, em diversas partes do texto, pode-se trocar o pronome “você” pelo pronome indefinido “alguém”. Isso prova a generalização e indeterminação provocadas pelo uso do pronome “você”.

A alternativa (C) está errada. Com base no comentário da alternativa anterior, já percebemos o erro nesta alternativa.

A alternativa (D) está errada, pois texto epistolar são composições poéticas em forma de carta. Notadamente não é esse o caso do texto lido. Gabarito: B

04. Assinale a palavra que, no texto, desempenhe função sintática idêntica à de marca (L. 21).

(A) amor (L. 21) (B) vinho (L. 13) (C) bobagem (L. 26) (D) caro (L. 7)

Comentário: A oração “o segundo tem como marca indexadores monetários e contratos” possui o verbo transitivo direto “tem”, o qual se flexiona no singular, porque o seu sujeito é “o segundo”. Esse verbo possui o objeto direto “indexadores monetários e contratos”. Assim, a sua estrutura básica é a seguinte: o segundo tem indexadores monetários e contratos . sujeito VTD objeto direto

Pelo contexto, note que esses indexadores têm uma característica

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importante. Eles são a marca do segundo modelo (a economia de mercado). Sintaticamente, devemos entender que, na oração “o segundo tem como

marca indexadores monetários e contratos”, a expressão “como marca” é o predicativo do objeto direto, por ser sua característica. Assim, há um predicado verbo-nominal. Veja uma reconstrução desta oração para ficar mais fácil entender. Compare:

“o segundo tem como marca indexadores monetários e contratos” sujeito + VTD + predicativo do OD + objeto direto

“o segundo tem indexadores monetários e contratos, os quais são a sua marca” sujeito + VTD + objeto direto sujeito + VL + predicativo

Você poderia ter ficado na dúvida, porque esse predicativo não se flexionou de acordo com o objeto direto. Mas veja que, por questões de sentido (pelo contexto), o autor considera esses indexadores como a marcada economia de mercado.

Além disso, sintaticamente, como o vocábulo “marca” não é um adjetivo, mas um substantivo, e está antecipado da preposição acidental “como”, é entendido como locução adjetiva, a qual, dependendo do contexto, pode não se flexionar.

A alternativa (A) está errada, pois, semanticamente, a expressão “como amor e lealdade” é apenas um exemplo de “valores”. Assim, essa expressão é denotativa de exemplificação.

A alternativa (B) está errada, pois a palavra “vinho” é o núcleo do objeto direto do verbo “levar”: se levar um bom vinho. VTD + objeto direto conjunção condicional

A alternativa (C) é a correta. A oração “mas acha bobagem comprar” possui um predicado verbo-nominal, em que o verbo “acha” é transitivo direto e seu objeto direto é a oração “comprar”. Mas se entende que essa ação de comprar é uma bobagem. Assim, o substantivo “bobagem” é a característica da ação, por isso é um predicativo do objeto direto. Veja uma reconstrução desta oração para ficar mais fácil entender. Compare:

mas acha bobagem comprar mas acha que comprar é bobagem.

Veja que na segunda construção o verbo de ligação apareceu para enfatizar que “bobagem” é mesmo o predicativo daquele objeto direto oracional.

A alternativa (D) está errada, pois “caro” é um adjetivo na função de adjunto adnominal, por isso se flexiona de acordo com o substantivo “item”. Para perceber essa função, pluralize o substantivo “item” e o seu adjunto adnominal também será pluralizado.Compare:

comprar um item mais caro comprar uns itens mais carosGabarito: C

05. O economista Dan Ariely vai mais longe e propõe que, no mundo das relações sociais, o presente serve para aliviar culpas: ofereça ao presenteado algo de que ele goste, mas acha bobagem comprar, como um jantar naquele

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restaurante chique ou um perfume um pouco mais caro. (L. 24-28). No trecho anterior, o sinal de dois pontos introduz

(A) uma explicação seguida de explicitação. (B) uma explicitação seguida de exemplificação. (C) uma exemplificação seguida de explicitação. (D) uma explicação seguida de exemplificação.

Comentário: O parágrafo inicia-se com um pensamento de que o presente serve para aliviar culpas (“O economista Dan Ariely vai mais longe e propõe que, no mundo das relações sociais, o presente serve para aliviar culpas”).

Como o autor pode pressentir que isso poderá não levar entendimento pleno ao leitor, ele procura ser mais enfático e explícito na sua argumentação. Por isso, foram inseridos os dois-pontos e a situação hipotética: “ofereça ao presenteado algo que ele goste, mas acha bobagem comprar”.

Em seguida, utiliza a conjunção comparativa “como” para iniciar a exemplificação “como um jantar naquele restaurante chique ou um perfume um pouco mais caro”, a fim de que não haja dúvidas a respeito do assunto ali tratado.

Em casos como este, a conjunção comparativa “como” passa a ser admitida como preposição acidental que inicia expressões denotativas de exemplificação, como vimos em nossas aulas de sintaxe da oração. Gabarito: B

06. Assinale a alternativa em que a alteração da ordem das duas palavras implique mudança semântica.

(A) diversas origens (L. 7) – origens diversas. (B) bom vinho (L. 13) – vinho bom. (C) restaurante chique (L. 27) – chique restaurante. (D) caríssimo jantar (L. 10) – jantar caríssimo.

Comentário: A alternativa (A) é a correta, pois o adjetivo “diversas”, antes do substantivo “origens”, tem valor de generalização e quantidade (quaisquer origens, muitas origens). Quando está posposto ao substantivo, tem sentido de diferente, distinto. Assim, “diversas origens” significa “quaisquer origens” e “origens diversas” significa “origens diferentes, distintas”.

Se você não entendeu, note que em “diversas origens” o que importa é a generalização, a quantidade. Pode haver casos de mesma origem que vão se somar às outras. Já na estrutura “origens diversas”, todas as origens devem ser diferentes umas das outras. Por isso, obrigatoriamente há mudança de sentido.

Note que as demais estruturas de substantivo e adjetivo não mudam o sentido com o deslocamento de posição. Gabarito: A

07. Segundo Ariely, é esse mecanismo que explica o sucesso de vales-presentes e congêneres, que nada mais são que dinheiro com prazo de validade e restrições de onde pode ser gasto. (L. 30-32) No trecho anterior, o pronome destacado, em relação ao texto, exerce papel

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(A) pleonástico. (B) dêitico. (C) catafórico. (D) anafórico.

Comentário: O pronome “esse” é demonstrativo e, juntamente com o substantivo “mecanismo”, retoma o parágrafo anterior, que tem como resultado a seguinte expressão “uma licença para ser extravagante”.

Por haver uma retomada de termos anteriormente expressos, há um recurso anafórico. Gabarito: D

08. Experimente, porém, sacar a carteira... (L. 14/15) Assinale a alternativa em que a alteração da estrutura anterior tenha sido feita observando correta relação entre pessoas do discurso e formas verbais.

(A) Experimentes, porém, sacar tua carteira... (B) Experimenta, porém, sacar tua carteira... (C) Experimentais, porém, sacar vossa carteira... (D) Experimenteis, porém, sacar vossa carteira...

Comentário: Basicamente devemos trabalhar a flexão do imperativo afirmativo, pois o verbo “Experimente” está flexionado neste modo verbal.

Sabendo-se que o imperativo é gerado do presente do indicativo (somente a segunda pessoa do singular “tu” e a do plural “vós”, retirando-se o “s”) e do presente do subjuntivo (as demais pessoas), note que o presente do indicativo preserva a vogal temática “a”, que indica a primeira conjugação (experimentar). Assim, no imperativo afirmativo, as segundas pessoas devem manter esta vogal temática, a qual está em negrito no esquema a seguir.

Já as demais pessoas do discurso mudam esta vogal para a desinência modo-temporal “e”, a qual está sublinhada no esquema a seguir. Veja a formação do imperativo deste verbo!!!!!

presente do indicativo imperativo afirmativo presente do subjuntivo

eu experimento ― talvez eu experimentetu experimentas experimenta tu talvez tu experimentes ele experimenta experimente você talvez ele experimente nós experimentamos experimentemos talvez nós experimentemosvós experimentais experimentai vós talvez vós experimenteis eles experimentam experimentem talvez eles experimentem

Corrigindo as frases das alternativas: (A) Experimenta, porém, sacar tua carteira... (B) Experimenta, porém, sacar tua carteira... (é a correta) (C) Experimentai, porém, sacar vossa carteira... (D) Experimentai, porém, sacar vossa carteira...

Gabarito: B

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09. Assinale a palavra em que o elemento con- (ou co-) NÃO tenha o mesmo valor que o de congêneres (L. 31).

(A) concentrar (B) condomínio (C) contabilidade (D) confraria

Comentário: Esta questão foi bem superficial quanto à formação e sentido das partes das palavras. Veja que o pedido da questão não enfatizou sentido do prefixo, simplesmente, o valor de “co” em “congêneres”. Ele é um prefixo.

As alternativas (A), (B) e (D) possuem prefixo “co(n)”. A palavra “concentrar” é uma derivação parassintética, pois há o prefixo

“con-", o radical “centr-” e o sufixo verbal “-ar” (designação de infinitivo de primeira conjugação).

A palavra “condomínio” é uma derivação prefixal, pois há o prefixo “con-” e o radical “domínio”.

A palavra “confraria” é uma derivação prefixal, pois há o prefixo “con-" e o radical “fraria” (uso raro no Português atual).

Já a palavra “contabilidade” não possui prefixo “con-". Esta palavra é derivada sufixal, pois ocorre o radical “cont-” e a vogal temática “a”, seguidos do sufixo erudito “bil”, consoante de ligação “i” e o sufixo “dade”.

Bom, aprofundamos um pouquinho para evitar dúvidas, mas na prova que bastava perceber que em “contabilidade” não há prefixo. Gabarito: C

10. Assinale a palavra que, no texto, exerça papel adjetivo.

(A) dois (L. 22) (B) mais (L. 27/28) (C) bem (L. 13) (D) regido (L. 20)

Comentário: A palavra que exerce o papel adjetivo deve se flexionar de acordo com o substantivo e determiná-lo.

A alternativa (A) é a correta, pois o numeral cardinal “dois” se flexiona de acordo com o substantivo “registros”. Prova disso é trocarmos “registros” (masculino) por “ocorrências” (feminino). Certamente esse numeral irá se flexionar em gênero. Confira:

os dois registros as duas ocorrências

A alternativa (B) está errada, pois o vocábulo “mais” é um advérbio de intensidade. Ele está intensificando o adjetivo “caro” (muito caro, bastantecaro, mais caro).

A alternativa (C) está errada, pois a palavra “bem” é um advérbio de modo. Note que ela não pode se flexionar, como o faz o adjetivo. Veja exemplo:

Você ficará bem Você ficará feliz Vocês ficarão bem Vocês ficarão felizes

advérbio não se flexiona adjetivo flexiona-se

A alternativa (D) está errada, pois “regido” é um verbo no particípio.

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Esse verbo é o principal, dentro de uma locução verbal da voz passiva analítica. Veja:

O primeiro é regido por valores. sujeito paciente + loc verbal + agente da passiva

Gabarito: A

11. Enquanto o primeiro é regido por valores como amor e lealdade, o segundo tem como marca indexadores monetários e contratos. (L. 20-22) Assinale a alternativa que poderia substituir Enquanto no período anterior, sem modificação de sentido.

(A) Como (B) Já que (C) Ao passo que (D) Quando

Comentário: A conjunção “Enquanto”, além de transmitir o valor de tempo, transmite simultaneidade. Assim, cabe apenas a locução conjuntiva “Ao passo que”.

A conjunção “Como” e a locução conjuntiva “Já que” transmitem o valor adverbial de causa.

A conjunção “Quando” transmite valor adverbial de tempo geral, e não tempo concomitante, simultâneo, como pedia o texto. Gabarito: C

12. O que você está lhe dando, na verdade, é uma licença para ser extravagante. (L. 34-35) Acerca do período anterior, analise as afirmativas a seguir:

I. O período contém três orações. II. O período é composto por coordenação e subordinação. III. Há uma oração reduzida.

Assinale

(A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (B) se todas as afirmativas estiverem corretas. (C) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

Comentário: Acompanhe a numeração e a especificação abaixo:

O¹ que você está lhe dando², na verdade, é uma licença¹ para ser extravagante³.

O pronome demonstrativo “O” pode ser entendido como “aquilo”:

Aquilo¹ que você está lhe dando², na verdade, é uma licença¹ para ser extravagante³.

1: oração principal (Aquilo, na verdade, é uma licença) 2: oração subordinada adjetiva restritiva (que você está lhe dando) 3: oração subordinada adverbial de finalidade reduzida de infinitivo (para ser extravagante)

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A frase I está correta, pois há três orações. A frase II está errada, porque não há orações coordenadas, apenas

principal e subordinadas. A frase III está correta, pois a oração “para ser extravagante” é uma

oração reduzida de infinitivo. Assim, a alternativa correta é a (C).

Gabarito: C

13. Em vales-presentes (L. 30/31), o plural se fez com a flexão dos dois elementos. Assinale a palavra composta em que se devem pluralizar igualmente os dois elementos.

(A) reco-reco (B) tique-taque (C) guarda-roupa (D) primeiro-ministro

Comentário: A palavra “vales-presentes” teve as duas palavras pluralizadas, porque são dois substantivos pluralizáveis.

Na alternativa (A), quando o substantivo for formado por palavras repetidas ou for uma onomatopeia (o nome imita o som do instrumento), somente o último irá para o plural: “reco-recos”.

Na alternativa (B), quando o substantivo for formado por palavras repetidas ou for uma onomatopeia (o nome imita o som do objeto), somente o último irá para o plural: tique-taques.

Na alternativa (C), quando o substantivo for formado por verbo e substantivo, somente o último irá para o plural: guarda-roupas.

A alternativa (D) é a correta, pois o substantivo composto “primeiro-ministro” é formado por numeral adjetivo “primeiro” e o substantivo “ministro”. Como as duas palavras são pluralizáveis, as duas flexionam-se no plural: primeiros-ministros. Gabarito: D

14. ... ofereça ao presenteado algo de que ele goste... (L. 25-26)

Assinale a alternativa em que a alteração do trecho anterior tenha se efetuado consoante a norma culta. Despreze possíveis alterações de sentido.

(A) ...ofereça ao presenteado algo que ele aspire... (B) ...ofereça ao presenteado algo de que ele lembre... (C) ...ofereça ao presenteado algo a que ele almeje... (D) ...ofereça ao presenteado algo a que ele vise...

Comentário: Note que esta questão está cobrando o assunto regência com pronomes relativos.

Na oração subordinada adjetiva restritiva “de que ele goste”, o verbo “goste” é transitivo indireto, o pronome “ele” é o sujeito e o termo “de que” é o objeto indireto (ele goste de algo).

Desprezando alterações de sentido, devemos agora achar a alternativa que mantenha a correta regência verbal.

Nas alternativas, perceba que o sujeito continua o mesmo, mas os verbos mudam. Assim, as funções sintáticas dos pronomes relativos também.

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A alternativa (A) está errada, pois o verbo “aspire”, no sentido de almejar, ter por objetivo, é transitivo indireto e exige a preposição “a”. Assim, o correto seria:

...ofereça ao presenteado algo a que ele aspire...

A alternativa (B) está errada, pois o verbo “lembre”, sem pronome pessoal oblíquo átono, é transitivo direto. Com o pronome pessoal oblíquo átono, é transitivo indireto e exige a preposição “de”. Veja as duas possibilidades:

...ofereça ao presenteado algo que ele lembre... ...ofereça ao presenteado algo de que ele se lembre...

A alternativa (C) está errada, pois o verbo “almeje” é transitivo direto. Assim, a preposição “a” deve ser eliminada:

...ofereça ao presenteado algo que ele almeje...

A alternativa (D) é a correta, pois o verbo “vise”, no sentido de almejar, ter por objetivo, é transitivo indireto e exige a preposição “a”:

...ofereça ao presenteado algo a que ele vise... Gabarito: D

15. Mas, se ousar oferecer-lhe dinheiro para o mesmo fim, torna-se um simples cafajeste. (L. 11-12)

Assinale a alternativa em que a alteração da estrutura anterior tenha sido feita em consonância com a norma culta.

(A) Mas, caso ofereça-lhe dinheiro para o mesmo fim, tornará-se um simples cafajeste.

(B) Mas, caso lhe ofereça dinheiro para o mesmo fim, tornar-se-á um simples cafajeste.

(C) Mas, se tiver oferecido-lhe dinheiro para o mesmo fim, se tornará um simples cafajeste.

(D) Mas, se tiver lhe oferecido dinheiro para o mesmo fim, tornará-se um simples cafajeste.

Comentário: A conjunção “Mas” inicia uma estrutura original que tem valor adversativo em relação ao período imediatamente anterior no texto.

Especificamente neste período, a oração “Mas...torna-se um simples cafajeste” é a oração principal e a estrutura “se ousar oferecer-lhe dinheiro para o mesmo fim” tem valor adverbial condicional.

Em todas as alternativas foram preservadas a conjunção “Mas” e o valor adverbial condicional com as conjunções “se” (com verbo no futuro do subjuntivo: “ousar”, “tiver oferecido”) e “caso” (com verbo no presente do subjuntivo: “ofereça”).

O problema, então, é percebido na colocação pronominal. A alternativa (A) está errada, pois a conjunção “caso” é palavra atrativa

e por isso o pronome “lhe” deve se posicionar antes do verbo “ofereça”. Além disso, o futuro do presente não admite ênclise (pronome oblíquo

átono após o verbo). Assim, deve ser substituída a expressão “tornará-se” por “tornar-se-á”.

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A alternativa (B) está correta, justamente por realizar as correções indicadas no comentário da alternativa anterior.

A alternativa (C) está errada, pois o particípio “oferecido” não admite ênclise. Como há um tempo composto (dois verbos), as colocações pronominais podem ser as seguintes:

se lhe tiver oferecido; se tiver lhe oferecido.

Apesar de observarmos muitas vezes, em linguagens jornalísticas ou de propagandas, estruturas com pronome pessoal oblíquo átono após uma vírgula (o mesmo fim, se tornará um simples cafajeste), isso não é preconizado pela norma culta. Por isso, deve-se evitar. A melhor saída é a mesóclise, tendo em vista o tempo verbal:

o mesmo fim, tornar-se-á um simples cafajeste.

A alternativa (D) está errada, pois deve haver mesóclise com verbo no futuro do presente do indicativo: tornar-se-á. Gabarito: B

Prova 2 – TSE-Analista Judiciário-2012

Texto I para as questões de 01 a 12.

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A tradição teológica e filosófica nunca conseguiu explicar o “mistério da iniquidade”, a existência do mal como potência do desejo e da ação humanas.

Ora, a corrupção é o mal do nosso tempo. Curiosamente, ela aparece como uma nova regra de conduta, uma contraditória “moral imoral”. Da governalidade aos atos cotidianos, o mundo da vida no qual ética e moral se cindiram há muito tempo transformou-se na sempre saqueável terra de ninguém.

Como toda moral, a corrupção é rígida. Daí a impossibilidade do seu combate por meios comuns, seja o direito, seja a polícia. Do contrário, meio mundo estaria na prisão. A mesma polícia que combate o narcotráfico nas favelas das grandes cidades poderia ocupar o Congresso e outros espaços do governo onde a corrupção é a regra.

Mas o problema é que a força da corrupção é a do costume, é a da “moral”, aquela mesma do malandro que age “na moral”, que é “cheio de moral”. Ela é muito mais forte do que a delicada reflexão ética que envolveria a autonomia de cada sujeito agente. E que só surgiria pela educação política que buscasse um pensamento reflexivo.

O sistema da corrupção é composto de um jogo de forças do qual uma das mais importantes é a “força do sentido”. É ela que faz perguntar, por exemplo, “como é possível que um policial pobre se negue a aceitar dinheiro para agir ilegalmente?”

O simples fato de que essa pergunta seja colocada implica o pressuposto de que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada. Isso significa que foi também desvalorizada.

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no

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sistema da corrupção o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

Mas não somente. Aquele que age na direção da lei como que age contra a moral caracterizada pelo “fazer como a grande maioria”, levando em conta que no âmbito da corrupção se entende que o que a maioria quer é “dinheiro”.

Verdade é que a ação em nome de um universal por si só caracteriza qualquer moral. É por meio dela que se faz o cálculo do “sentido” no qual, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário.

Se a moral é medida em dinheiro, não entregar-se a ele poderá parecer um luxo. Mas um contraditório luxo de pobre, já que a questão da honestidade não se coloca para os ricos, para quem tal valor parece de antemão assegurado.

Daí que jamais se louve nos noticiários a honestidade de alguém que não se enquadra no estereótipo do “pobre”. Honesto é sempre o pobre elevado a cidadão exótico. Na verdade, por meio desse gesto o pobre é colocado à prova pelo sistema. Afinal ele teria tudo para ser corrupto, ou seja, teria todo o motivo para sê-lo. Mas teria também todo o perdão?

O cidadão exótico – pobre e honesto – que deixa de agir na direção de uma vantagem pessoal como que estaria perdoado por antecipação ao agir imoralmente sendo pobre, mas não está. A frase de Brecht seria sua jurisprudência mais básica: “O que é roubar um banco comparado a fundar um?”

Ora, sabemos que essa “moral imoral” tem sempre dois pesos e duas medidas, diferentes para ricos e pobres. No vão que as separa vem à tona a incompreensibilidade diante do mistério da honestidade. De categoria ética, ela desce ao posto de irrespondível problema metafísico.

Pois quem terá hoje a coragem de perguntar como alguém se torna o que é quando a subjetividade, a individualidade e a biografia já não valem nada e sentimos apenas o miasma que exala da vala comum das celebridades da qual o cidadão pode se salvar apenas alcançando o posto de um herói exótico, máscara do otário da vez?

(Marcia Tiburi. Cult, dezembro de 2011)

01. Acerca dos sentidos produzidos pelo texto, analise as afirmativas a seguir.

I. Ser honesto, sendo pobre, significaria agir na contramão das expectativas. II. Aos pobres, a imoralidade é perdoada. III. Fugir à moral do “fazer como a grande maioria” significaria ser otário.

Assinale

(A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se todas as afirmativas estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

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Comentário: O texto aborda o questionamento da moralidade e da corrupção na sociedade, que passa a dar um outro sentido para a “moral”.

A afirmativa I está correta e é um dado implícito. Veja que nas linhas 38 e 39, o autor afirma que “Se a moral (modificada pela sociedade atual) é medida em dinheiro, não entregar-se a ela (ser honesto) poderá parecer um luxo (contramão das expectativas)”.

Assim, subentendemos que ser pobre levaria a entregar-se ao dinheiro, à moral transfigurada, e ser honesto teria a característica do otário, como o autor defende nas linhas 36, 37 (“fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário”).

A afirmativa II está errada, pois nas linhas 48 a 50, a expressão “mas não está” afirma explicitamente que aos pobres a imoralidade não está perdoada. Veja:

“O cidadão exótico – pobre e honesto – (...) como que estaria perdoado por antecipação ao agir imoralmente sendo pobre, mas não está.”

A afirmativa III está correta e se deve ao entendimento dos parágrafos 6 a 9 do texto. Note que o autor afirma que a honestidade foi desvalorizada (6° parágrafo). Também afirma que, no sistema da corrupção, o valor da honestidade foi substituído pela “vantagem do dinheiro” (7° parágrafo) e pela característica de otário (8° e 9° parágrafos).

Note que a expressão “fazer como a grande maioria” significa subordinar-se ao valor do dinheiro, pois foi afirmado que “a grande maioria quer é ‘dinheiro’”.

Assim, a moralidade transfigurou-se e a pessoa que “age contra a moral caracterizada pelo ‘fazer como a grande maioria’” é vista como otária.

Dessa forma, a alternativa correta é a (D). Gabarito: D

02. Aquele que age na direção da lei como que age contra a moral caracterizada pelo “fazer como a grande maioria”, levando em conta que no âmbito da corrupção se entende que o que a maioria quer é “dinheiro”. (L. 30-33) A respeito do período anterior, analise as afirmativas a seguir.

I. O período apresenta orações coordenadas e subordinadas. II. Há ocorrência de exemplo de oração reduzida. III. Há ocorrência de exemplo de oração subordinada substantiva objetiva

direta.

Assinale

(A) se todas as afirmativas estiverem corretas. (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

Comentário: Você vai notar no esquema a seguir que o vocábulo “Aquele” transmite a expectativa de ser o sujeito de algum verbo posterior na estrutura; porém, não se encontra esse verbo e percebemos que houve um rompimento da estrutura sintática. Isso é chamado de anacoluto.

Para muitos, é um vício de linguagem; mas, quando autores renomados

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realizam-no intencionalmente, é um estilo. Na realidade, esta estrutura obscurece o conteúdo, não oferecendo a

clareza necessária ao pleno entendimento, ou pelo menos o dificulta. Comprove!!!!

Aquele que age na direção da lei¹ como que age contra a moral² caracterizada pelo “fazer como a grande maioria”³, levando em conta4 que no âmbito da corrupção se entende5 que o6 que a maioria quer7 é “dinheiro” 6.

1: oração subordinada adjetiva restritiva em relação ao pronome “Aquele” 2: oração subordinada adverbial comparativa em relação à oração 1 3: oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de particípio em relação à oração 2. 4: oração reduzida de gerúndio 5: oração subordinada substantiva objetiva direta em relação à oração 4 6: (que o ... é dinheiro): oração subordinada substantiva subjetiva em relação à oração 5 7: oração subordinada adjetiva restritiva em relação à oração 6

Como o verbo “entende” é transitivo direto, o pronome “se” é apassivador. Assim, a oração 7 é o sujeito oracional (isso é entendido).

A expressão “fazer como a grande maioria” está entre aspas e antecedida de artigo “o”, para não ser entendida como uma oração sintática, mas como uma expressão de valor substantivo.

A oração reduzida de gerúndio “levando em conta”, por constituir a base do anacoluto (rompimento sintático), não tem classificação clara. Ela poderia ser o predicado do pronome “Aquele” (Aquele leva em conta); mas o gerúndio “quebrou” esta estrutura.

A afirmativa I está errada, pois não há orações coordenadas. A afirmativa II está correta, pois realmente há exemplo de oração

reduzida, como “levando em conta” e “caracterizada pelo ‘fazer com a grande maioria’ ”.

Veja que a palavra “exemplo” está no singular por transmitir noção generalizante. Com isso, não há que se interpretar que só haja uma oração reduzida no excerto, ok??!!!

A afirmativa III está correta, pois a oração 5 é exigida pelo verbo transitivo direto e indireto “levando”. Como o objeto indireto é “em conta”, a oração 5 é o objeto direto oracional.

Assim, a alternativa (B) é a correta. Gabarito: B

03. Assinale o termo que, no texto, desempenhe função sintática idêntica à de incompreensibilidade (L. 55).

(A) a regra (L. 13) (B) vão (L. 54) (C) cálculo (L. 35) (D) Honesto (L. 43)

Comentário: Na frase “No vão que as separa vem à tona a incompreensibilidade diante do mistério da honestidade.”, há a oração

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subordinada adjetiva restritiva “que as separa”. O restante é a oração principal, da qual faz parte o substantivo “incompreensibilidade”.

“No vão...vem à tona a incompreensibilidade diante do mistério da honestidade.”

Nessa oração principal, “vem” é um verbo intransitivo, e seu sujeito é “aincompreensibilidade” (a incompreensibilidade ... vem à tona), cujo núcleo é o substantivo grifado.

A alternativa (A) está errada, pois em “a corrupção é a regra” , o sujeito é “a corrupção”, verbo de ligação “é” e o predicativo é “a regra”. Assim, “regra” é o núcleo do predicativo do sujeito.

A alternativa (B) está errada, pois “No vão” possui o substantivo “vão” antecipado de preposição. Assim, já sabemos que não é sujeito. A expressão “No vão” é, na realidade, um adjunto adverbial de lugar (lugar abstrato).

A alternativa (C) é a correta, pois, na estrutura “É por meio dela que se faz o cálculo”, o verbo “faz” é transitivo direto, o pronome “se” é apassivador. Assim, o sujeito paciente é “o cálculo”. Para que tenhamos certeza de que o pronome “se” realmente é apassivador, basta trocar esta voz passiva sintética pela voz passiva analítica: É por meio dela que o cálculo é feito.

A alternativa (D) está errada, pois o adjetivo “Honesto” é o predicativo antecipado na sua oração. O verbo “é” é de ligação e “o pobre” é o sujeito.

Honesto é sempre o pobre elevado a cidadão exótico.

Se você teve dúvida porque o vocábulo “Honesto” estava antes do verbo de ligação, saiba que adjetivo não pode ser sujeito. Ele pode ter as funções de predicativo, adjunto adnominal ou aposto explicativo. Gabarito: C

04. Assinale a palavra que, no texto, NÃO exerça papel pronominal.

(A) onde (L. 13) (B) muito (L. 7) (C) qualquer (L. 27) (D) outros (L. 13)

Comentário: A alternativa (A) apresenta o pronome relativo “onde”, por retomar o substantivo “espaços”. Esse pronome inicia a oração subordinada adjetiva restritiva “onde a corrupção é a regra”. Para ter certeza de seu valor pronominal, basta substituir “onde” por “nos quais”.Compare:

...outros espaços do governo onde a corrupção é a regra.

...outros espaços do governo nos quais a corrupção é a regra.

A alternativa (B) apresenta o pronome indefinido “muito”, por generalizar o substantivo “tempo”, com o qual concorda em número e gênero. Veja que, se substituíssemos “tempo” por “horas”, o pronome “muito” iria se flexionar (cindiram há muitas horas). Isso elimina a dúvida entre “muito” pronome (aquele que pode se flexionar) e “muito” advérbio (aquele que não pode se flexionar).

A alternativa (C) é a correta, pois apresenta o adjetivo “qualquer”. Quando este vocábulo antecipa o substantivo, tem valor de pronome indefinido, por exemplo:

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Qualquer pessoa entra aqui!!! Qualquer pergunta é importante neste momento.

Mas, quando está posposto ao substantivo, pode ter sentido diferente e passa a ser um adjetivo, muitas vezes com valor depreciativo.

Ela é uma pessoa qualquer. Ele executa um trabalho qualquer.

Foi este o emprego de “qualquer” nesta alternativa:

...mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever... Assim, “qualquer” deixou de ter o valor pronominal e passou a adjetivo.

A alternativa (D) apresenta o pronome indefinido “outros”, por generalizar o substantivo “espaços”, com o qual concorda.

...ocupar o Congresso e outros espaços do governo... Gabarito: C

05. Verdade é que (1) a ação em nome de um universal por si só caracteriza qualquer moral. É por meio dela que (2) se faz o cálculo do “sentido” no qual, fora da vantagem que (3) define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário. (L. 34-37) A respeito das ocorrências do QUE no período anterior, é correto afirmar que se trata de conjunção em

(A) (1), apenas. (B) (3), apenas. (C) todas. (D) (2), apenas.

Comentário: Basicamente esta questão explora a diferença entre conjunção integrante “que” e pronome relativo “que”; mas esta palavra tem uma variação muito grande de emprego. Então, todo cuidado é pouco.

Para ser conjunção integrante, basta substituir a oração antecipada do “que” pela palavra “isso”, o que pode ocorrer no número 1. Veja:

Verdade é que a ação em nome de um universal por si só caracteriza qualquer moral. (Verdade é isso.)

Assim, “Verdade” é o sujeito, “é” é o verbo de ligação e a oração sublinhada é subordinada substantiva predicativa.

Como o substantivo “Verdade” não está antecipado do artigo “a” para reforçar seu valor substantivo, cabe também o entendimento de uma inversão, em que o sujeito seria a oração sublinhada e “Verdade” seria o predicativo, o qual estaria antecipado. Mas o que importa é que há conjunção integrante.

Na ocorrência 2, há, na realidade, a expressão expletiva ou de realce “é que”. Note que ela pode ser retirada e não haverá incorreção gramatical, nem mudança de sentido. Apenas não haverá ênfase. Compare as duas formas:

É por meio dela que se faz o cálculo do “sentido” (com ênfase) Por meio dela se faz o cálculo do “sentido” (sem ênfase)

Na ocorrência 3, o “que” é pronome relativo e inicia a oração subordinada adjetiva restritiva “que define a regra”. Note que este pronome

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pode ser substituído por “a qual” (vantagem a qual define a regra.).

Assim, somente a primeira ocorrência do “que” é uma conjunção e a alternativa correta é a (A). Gabarito: A

06. No texto, ocorre aproximação semântica entre termos que, em outro contexto, não guardariam entre si relação de sinonímia. Assinale a alternativa em que, no texto, os termos NÃO guardem relação semântica de igualdade ou contiguidade.

(A) corrupção (L. 4) – regra (L. 5) (B) mal (L. 2) – potência (L. 3) (C) honesto (L. 36) – otário (L. 37) (D) moral (L. 15) – ética (L. 17)

Comentário: A palavra “contiguidade” indica que, mesmo não tendo o mesmo valor semântico, guarde aproximação desse sentido por meio do contexto ou de elementos linguísticos específicos, muitas vezes explicativos, por exemplo: “isto é”, “a saber”, “como” etc.

A alternativa (A) está correta, pois no trecho “Ora, a corrupção é o mal do nosso tempo. Curiosamente, ela aparece como uma nova regra de conduta...”, a expressão “como uma nova regra de conduta” é a forma como aparece a corrupção. Assim, há aproximação de sentido entre as palavras “corrupção” e “regra”, tendo em vista o advérbio de modo “como” especificar e aproximar os sentidos.

A alternativa (B) está correta, também porque o advérbio de modo “como” especifica a forma como o mal existe. Assim, há similaridade entre “mal” e “potência”.

A alternativa (C) está correta. Extratextualmente, sabemos que “honesto” não tem relação com a característica depreciativa “otário”. Mas, neste contexto, essas duas palavras estão ligadas por outras que as fazem ter o sentido similiar. Veja:

“...o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário.”

Transfigurar-se em otário é o mesmo que passar a ter as características de um otário. Assim, “honesto” e “otário” possuem semelhanças no sentido, contextualmente.

A alternativa (D) é a errada, pois as aspas na palavra “moral” e a expressão “é muito mais forte do que” mostram, contextualmente, que não há semelhança de sentido entre “moral” e “ética”. A palavra “moral” passou a ter um sentido depreciativo nesta parte do texto. Veja:

Mas o problema é que a força da corrupção é a do costume, é a da “moral”, aquela mesma do malandro que age “na moral”, que é “cheio de moral”. Ela é muito mais forte do que a delicada reflexão ética que envolveria a autonomia de cada sujeito agente. Gabarito: D

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07. Assinale a alternativa em que a alteração estrutural de um trecho do texto NÃO tenha provocado inadequação de ordem gramatical ou discursiva nem alteração semântica.

(A) Se a moral é medida em dinheiro, não entregar-se a ele poderá parecer um luxo. (L. 38-39) / Se a moral em dinheiro é medida, poderá parecer um luxo não se entregar a ele.

(B) Mas teria também todo o perdão? (L. 46,47) / Mas teria também todo perdão?

(C) O simples fato de que essa pergunta seja colocada implica o pressuposto de que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada. (L. 23-25) / O simples fato que essa pergunta seja colocada implica no pressuposto que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada.

(D) É por meio dela que se faz o cálculo do “sentido” no qual, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário. (L. 35-37) / É através dela que faz-se o cálculo do “sentido” onde, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário.

Comentário: Esta é uma questão de paráfrase (reescrita de mesmo sentido) que cobra também os conhecimentos sintáticos e semânticos da ordem das palavras na oração.

A alternativa (A) é a correta, pois houve apenas a inversão das palavras. Vamos comparar:

Se a moral é medida em dinheiro, não entregar-se a ele poderá parecer um luxo. Se a moral em dinheiro é medida, poderá parecer um luxo não se entregar a ele.

Note que, com a reescrita, houve o adequado posicionamento do pronome oblíquo átono “se”, tendo em vista a palavra atrativa “não”.

A alternativa (B) está errada, pois o pronome indefinido “todo”, estando seguido do artigo “o”, transmite o sentido de por inteiro, totalmente (perdão por inteiro).

Já a reescrita sem o artigo “o” transmite o sentido de “qualquer perdão”. Compare:

Mas teria também todo o perdão? Mas teria também todo perdão?

A alternativa (C) está errada, pois o substantivo “fato” é seguido da preposição “de” porque ela inicia a oração subordinada substantiva completiva nominal “de que essa pergunta seja colocada”. . Além disso, o verbo “implica” é transitivo direto e não pode receber a preposição “em”, como se vê muito na linguagem coloquial.

O substantivo “pressuposto” é seguido da preposição “de”, porque ela inicia a oração subordinada substantiva completiva nominal “de que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada”. Confira!!

O simples fato de que essa pergunta seja colocada implica o pressuposto deque uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada.

A alternativa (D) está errada, pois a palavra “que” é atrativa e o

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pronome “se” obrigatoriamente deve se posicionar antes do verbo “faz”.

Além disso, “no qual” não transmite valor de lugar; por isso não pode ser substituído por “onde”. Note que entendemos da oração adjetiva que “no qual, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário” o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário nesta situação (no cálculo do “sentido”). Assim, “no qual” não é um adjunto adverbial de lugar; essa estrutura adverbial tem uma noção de situação. Normalmente as gramáticas escolares evitam especificar o nome deste adjunto adverbial, pois não cabe naqueles já conhecidos. O gramático Evanildo Bechara aponta como um adjunto adverbial de situação.

Estranho, não é???? Por isso, a banca não cobrou o nome, mas seu entendimento de que não pode substituir “no qual” por “onde”, por não ter valor de lugar.

É por meio dela que se faz o cálculo do “sentido” no qual, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário.

Gabarito: A

08. Assinale a alternativa em que o elemento destacado NÃO tenha o mesmo sentido que o de trans-, em transvalorada (L. 31)

(A) transbordar (B) trasantontem (C) tresnoitar (D) trastejar

Comentário: Os vocábulos das alternativas (A), (B) e (C) possuem os prefixos “trans-”, “tras-” e “tres-”, os quais significam “além de”: “transbordar”= ultrapassar o limite da borda: além da borda; “transantontem”= palavra coloquial que transmite o sentido de antes (“além”) do dia anterior ao de ontem: transantontem→anteontem→ontem→hoje; “tresnoitar”= ultrapassar o período da noite sem dormir: além da noite de sono.

Já a palavra “trastejar” não possui prefixo. Ela é sufixal. Ocorre, então, o radical “traste-” (móvel caseiro ou sem nenhum valor; pessoa de mau caráter, inútil; filetes de metal de instrumento de corda) com o sufixo verbal “-ejar”. Assim, esta palavra pode ter amplos sentidos, como: negociação de objetos pouco valiosos, ação de conduta imoral, bater a corda do violão. Gabarito: D

09. A palavra jurisprudência (L. 51), no texto, assume o sentido de

(A) “conjunto das decisões e interpretações das leis”. (B) “modelo de pensar”. (C) “desculpa”. (D) “argumento jurídico”.

Comentário: O vocábulo “jurisprudência”, literalmente, é “Interpretação reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu julgamento” (dicionário Aurélio).

Assim, a alternativa (A) mantém o sentido literal da palavra.

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Naturalmente, essa jurisprudência pode ser usada como um argumento jurídico (D) que embase a defesa ou culpa de alguém. Dependendo do contexto, até poderia caber a palavra desculpa (C), como um argumento de atenuação de algo.

Porém, no texto, perceba que esta palavra, em seu sentido literal, promoveu uma extensão para um sentido figurado, marcando uma conduta, a partir do fundamento: “O que é roubar um banco comparado a fundar um?”

Assim, a alternativa correta é a (B). Gabarito: B

10. Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema da corrupção o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro. (L. 26-29) Assinale a alternativa que apresente pontuação para o trecho anterior igualmente correta.

(A) Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar – mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque – no sistema da corrupção –, o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

(B) Se a conduta de praxe seria não, apenas, aceitar, mas exigir dinheiro, em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema da corrupção, o valor da honestidade, que garantiria – ao sujeito – a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

(C) Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade – que garantiria ao sujeito a sua autonomia –, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

(D) Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar – mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever –, é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade – que garantiria ao sujeito a sua autonomia – foi substituído pela vantagem do dinheiro.

Comentário: Vamos comentar a pontuação do trecho original, para então analisar a alternativa correta.

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema da corrupção o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

A estrutura “Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever” transmite valor adverbial. Como se encontra antecipada, a vírgula após a palavra “dever” é obrigatória.

Dentro desta estrutura, há uma oração coordenada sindética aditiva, pois percebemos a expressão correlativa de adição “não apenas...mas(também)”.

A oração principal é “no sistema da corrupção o valor da honestidade...foi substituído pela vantagem do dinheiro”. Note que ela foi iniciada pela expressão de realce “é porque”. Se esta expressão fosse retirada,

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conseguiríamos entender perfeitamente a informação, porém não haverá a ênfase que o autor transmite. Por ter papel enfático, é chamada de expressão denotativa expletiva ou de realce.

Esse valor é o mesmo da expressão “é que”, a qual foi comentada na questão 5.

Além disso, note que a expressão “no sistema da corrupção” é um adjunto adverbial, o qual está sendo entendido como pequena extensão. Assim, pode também receber dupla vírgula, mantendo a correção gramatical.

Intercalada à oração principal, está a oração subordinada adjetiva explicativa “que garantiria ao sujeito a sua autonomia”, cuja dupla vírgula é obrigatória para manter o sentido e pode ser substituída por duplo travessão ou parênteses.

A alternativa correta é a (D). Nessa nova construção, a simples oração coordenada sindética aditiva foi realçada pelo autor. Ela mantém o mesmo sentido, porém é sinalizada como um comentário do autor, uma inserção isolada que enfatiza esta adição no texto.

Para reforçar que esta expressão é um comentário do autor e não apenas uma adição, pode-se optar em inserir duplo travessão ou parênteses.

Da mesma forma a oração subordinada adjetiva explicativa pode trocar a dupla vírgula por duplo travessão ou parênteses. Compare:

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar – mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever –, é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade – que garantiria ao sujeito a sua autonomia – foi substituído pela vantagem do dinheiro.

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar (mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever), é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade (que garantiria ao sujeito a sua autonomia) foi substituído pela vantagem do dinheiro.

Note que a vírgula após o comentário do autor é obrigatória, uma vez que há uma estrutura adverbial antecipada.

A alternativa (A) está errada, por ter iniciado o comentário do autor por travessão e finalizado apenas por vírgula. Além disso, equivocadamente foi inserido duplo travessão no adjunto adverbial “no sistema de corrupção”, seguido de vírgula.

A alternativa (B) está errada, pois não se pode inserir dupla vírgula no vocábulo “apenas”, quando se encontra na expressão correlativa de adição “não apenas ... mas”.

Note que a vírgula após “dinheiro” pode ocorrer, tendo em vista que a locução adverbial “em troca de uma ação qualquer na contramão do dever” está no final da oração.

A locução adverbial “no sistema da corrupção” pode ficar entre vírgulas ou não; mas nunca pode receber apenas uma vírgula, como ocorreu nesta alternativa.

O termo “ao sujeito” é o objeto indireto do verbo “garantiria”. Assim, não se admite o duplo travessão.

Mas vale ressaltar que, em determinados casos, o autor insere essa expressão como comentário seu, enfatizando o destinatário. Assim, pode-se

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admitir o duplo travessão. Por isso, a alternativa teve mais erros gramaticais. Para se evitar recurso contra a questão.

A alternativa (C) está errada, porque a oração subordinada adjetiva explicativa está intercalada na oração principal (entre o sujeito “o valor da honestidade” e a locução verbal “foi substituído”) por duplo travessão e não pode ser seguida de vírgula. Gabarito: D

11. Assinale a palavra que NÃO tenha sido acentuada pelo mesmo motivo que as demais.

(A) substituído (L. 37) (B) polícia (L. 13) (C) jurisprudência (L. 64) (D) saqueável (L. 9)

Comentário: A palavra “subs-ti-tu-í-do” é acentuada por possuir hiato com vogal “i” tônica.

Já as palavras “po-lí-cia”, “ju-ris-pru-dên-cia” e “sa-que-á-vel” são acentuadas por serem paroxítonas terminadas em ditongo oral e “l”.

As terminações da regra geral das paroxítonas são consideradas como mesmo motivo. Assim, devemos assinalar a alternativa (A). Gabarito: A

12. Assinale a palavra que tenha sido formada por processo DISTINTO do das demais.

(A) teológica (L. 1) (B) biografia (L. 74) (C) narcotráfico (L. 14) (D) desvalorizada (L. 32)

Comentário: As alternativas (A), (B) e (C) apresentam palavras compostas por justaposição: (A) teológica: radical “teo-” (Deus) + radical “-logic-” (ciência, estudo) + desinência de gênero feminino “a” (B) biografia: radical “bio-” (vida) + radical “-graf-” (ação de escrever, descrição) + sufixo formador de substantivo “-ia” (C) narcotráfico: radical “narco-” (entorpecimento) + radical “-trafic-”(comércio, negócio ilegal) + vogal temática “o”.

Já a alternativa (D) apresenta uma derivação prefixal e sufixal, pois desvalorizada, possui o prefixo “des-” (negação), seguido do radical “valor” e do sufixo “iza”, que é a redução do sufixo verbal “izar” (valorizar), além do sufixo de particípio ou adjetivo “-da" (valorizada). Gabarito: D

Texto II para as questões de 13 a 15.

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(Rodrigo Zoom. http://www.flickr.com/photos/rodrigozoom/4541220951/sizes/z/in/photostream/)

13. A respeito do quadrinho, analise as afirmativas a seguir:

I. O humor do quadrinho se constrói com um jogo de palavras com semelhança sonora.

II. A noção do verbo dever na segunda fala é de probabilidade. III. O humor do quadrinho é construído na articulação entre texto e imagem.

Assinale

(A) se todas as afirmativas estiverem corretas. (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

Comentário: A frase I está correta. Primeiro, veja que não devemos interpretar que o jogo de palavras com semelhança sonora se daria entre “sucrilhos” e “cereal killer”. Já que elas realmente não possuem tal semelhança, alguns candidatos haviam marcado esta frase como errada.

Porém, a palavra “sucrilhos” sugere a palavra “cereal”, e “cereal killer” é usado por se assemelhar sonoramente à expressão da língua inglesa “serialkiller” (matador em série). Daí o humor e por isso a afirmativa está correta!!!

A frase II está correta, pois “deve ser” está sendo empregado com o mesmo sentido de “pode ser”. Por isso, entendemos que há possibilidade, probabilidade.

A frase III está errada, pois a articulação do humor já foi evidenciada na frase I: aproximação sonora entre “serial” e “cereal”, tendo em vista o direcionamento dado pela palavra “sucrilhos”.

Para “matar” esta questão, note que, se houvesse apenas o texto escrito. A imagem não interferiria no entendimento do humor, concorda? A imagem não foi essencial para seu entendimento. Gabarito: C

14. Assinale a alternativa que NÃO poderia substituir a primeira fala do quadrinho, sob pena de alteração grave de sentido.

(A) Você ouviu falar do menino que morreu porque comeu sucrilhos? (B) Você ouviu falar do menino que morreu quando comeu sucrilhos? (C) Você ouviu falar do menino que morreu não obstante comer sucrilhos? (D) Você ouviu falar do menino que morreu por ter comido sucrilhos?

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Comentário: Esta questão é típica de paráfrase (reescrita de mesmo sentido). Devemos, portanto, marcar a alternativa que produz alteração grave de sentido. Assim, atentemos quando aos conectivos “porque”, “quando”, “não obstante”, “por”.

Veja que a questão não pediu apenas a observação de uma simples alteração de sentido, pois a conjunção “porque” e a preposição “por” produzem o sentido adverbial de causa. Já a conjunção “quando”, a de tempo; e “não obstante”, a de concessão (contraste).

Assim, com a expressão “alteração grave”, a banca quis que o candidato percebesse o conectivo que trouxesse prejuízo ao texto, não apenas a mudança de sentido. Veja que comer sucrilhos é uma ação anterior à ocorrência de morrer, concorda?????!!!!. A causa se destaca por ser algo ocorrido antes. Além disso, há uma noção temporal de anterioridade; por isso as alternativas (A), (B) e (D) estão corretas.

Já alternativa (C) está errada, pois “não obstante” marca um contraste nada tendo a ver com a relação de anterioridade proposta na frase original. Além do que, dessa forma, há o entendimento que “sucrilhos” fosse normalmente usado para evitar a morte. Isto é: mesmo tendo tomado o cuidado de comer sucrilhos, alguém morreu. Bem fora do contexto, não acha?????!!!! Gabarito: C

15. Assinale a alternativa em que a alteração da primeira fala do quadrinho tenha respeitado a norma culta.

(A) Sua Senhoria ouvistes falar do menino que morreu comendo sucrilhos? (B) Vossa Senhoria ouvistes falar do menino que morreu comendo sucrilhos? (C) Vossa Excelência ouviu falar do menino que morreu comendo sucrilhos? (D) Sua Senhoria ouviste falar do menino que morreu comendo sucrilhos?

Comentário: Na primeira fala do quadrinho, encontra-se o pronome de tratamento “você”, o qual nos indica que a conversa é direta entre locutor (quem envia a informação) e interlocutor (quem recebe a informação).

Assim, as alternativas (A) e (D) devem ser eliminadas, pois o pronome “Sua” é empregado para indicar de quem se fala, e não a fala direta.

A alternativa (B) deve ser eliminada, pois verbo que se refere a pronome de tratamento deve se flexionar na terceira pessoa. Corrigindo: “Vossa Senhoria ouviu...”

Assim, a alternativa (C) é a correta, pois o pronome “Vossa” é empregado para a fala direta (locutor-interlocutor) e o verbo “ouviu” está corretamente empregado na terceira pessoa do singular. Gabarito: C

Agora, somente as provas e o gabarito!!!!

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Prova 1 – TSE-Técnico Judiciário-2012

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Presente perfeito

Aproveito a chegada do 13° salário e a proximidade do Natal para discutir o presente perfeito. Num mundo perfeitamente racional, ninguém nem pestanejaria antes de presentear seus familiares e amigos com dinheiro vivo.

Em princípio, nada pode ser melhor. Elimina-se o risco de errar, pois o presenteado escolhe o que quiser, e no tamanho certo. Melhor, ele pode juntar recursos de diversas origens e comprar um item mais caro, que ninguém sozinho poderia oferecer-lhe.

Só que o mundo não é um lugar racional. Se você regalar sua mulher com um caríssimo jantar na expectativa de uma noite tórrida de amor, estará sendo romântico. Mas, se ousar oferecer-lhe dinheiro para o mesmo fim, torna-se um simples cafajeste.

Analogamente, você ficará bem se levar um bom vinho para o almoço de Dia das Mães na casa da sogra. Experimente, porém, sacar a carteira e estender-lhe R$ 200 ao fim da refeição e se tornará “persona non grata” para sempre naquele lar.

Essas incongruências chamaram a atenção de economistas comportamentais, que desenvolveram modelos para explicá-las. Aparentemente, vivemos em dois mundos distintos, o das relações sociais e o da economia de mercado. Enquanto o primeiro é regido por valores como amor e lealdade, o segundo tem como marca indexadores monetários e contratos. Sempre que misturamos os dois registros, surgem mal-entendidos.

O economista Dan Ariely vai mais longe e propõe que, no mundo das relações sociais, o presente serve para aliviar culpas: ofereça ao presenteado algo de que ele goste, mas acha bobagem comprar, como um jantar naquele restaurante chique ou um perfume um pouco mais caro. O que você está lhe dando, na verdade, é uma licença para ser extravagante.

Segundo Ariely, é esse mecanismo que explica o sucesso de vales-presentes e congêneres, que nada mais são que dinheiro com prazo de validade e restrições de onde pode ser gasto.

(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo, 4/12/2011, com adaptações)

01. Com base na leitura do texto e os sentidos por ele produzidos, analise as afirmativas a seguir:

I. O presente perfeito é dinheiro vivo. II. O mundo das relações sociais não é perfeitamente racional. III. O presente ideal é o que sirva para aliviar culpas.

Assinale

(A) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se todas as afirmativas estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

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02. Em relação ao uso da primeira pessoa no texto, é correto afirmar que

(A) se justifica por narrar fatos ocorridos com o autor. (B) representa uma tentativa de aproximação com o leitor. (C) busca contextualizar a motivação pessoal pela escolha temática. (D) institui caráter emotivo ao que se deve tratar com objetividade.

03. A respeito do uso de “você” em diferentes partes do texto, assinale a alternativa correta.

(A) Em se tratando de um texto escrito para o jornal, a forma “você” não poderia ser empregada por se tratar de linguagem coloquial.

(B) A forma “você” é usada como recurso estilístico para indeterminar o agente das ações listadas no texto.

(C) O texto se dirige especificamente aos leitores, tratados em sua individualidade; daí a opção pela forma no singular.

(D) O texto se dirige a um destinatário específico, desconhecido pelo leitor, em um tom epistolar.

04. Assinale a palavra que, no texto, desempenhe função sintática idêntica à de marca (L. 21).

(A) amor (L. 21) (B) vinho (L. 13) (C) bobagem (L. 26) (D) caro (L. 7)

05. O economista Dan Ariely vai mais longe e propõe que, no mundo das relações sociais, o presente serve para aliviar culpas: ofereça ao presenteado algo de que ele goste, mas acha bobagem comprar, como um jantar naquele restaurante chique ou um perfume um pouco mais caro. (L. 24-28). No trecho anterior, o sinal de dois pontos introduz

(A) uma explicação seguida de explicitação. (B) uma explicitação seguida de exemplificação. (C) uma exemplificação seguida de explicitação. (D) uma explicação seguida de exemplificação.

06. Assinale a alternativa em que a alteração da ordem das duas palavras implique mudança semântica.

(A) diversas origens (L. 7) – origens diversas. (B) bom vinho (L. 13) – vinho bom. (C) restaurante chique (L. 27) – chique restaurante. (D) caríssimo jantar (L. 10) – jantar caríssimo.

07. Segundo Ariely, é esse mecanismo que explica o sucesso de vales-presentes e congêneres, que nada mais são que dinheiro com prazo de validade e restrições de onde pode ser gasto. (L. 30-32) No trecho anterior, o pronome destacado, em relação ao texto, exerce papel

(A) pleonástico. (B) dêitico.

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(C) catafórico. (D) anafórico.

08. Experimente, porém, sacar a carteira... (L. 14/15) Assinale a alternativa em que a alteração da estrutura anterior tenha sido feita observando correta relação entre pessoas do discurso e formas verbais.

(A) Experimentes, porém, sacar tua carteira... (B) Experimenta, porém, sacar tua carteira... (C) Experimentais, porém, sacar vossa carteira... (D) Experimenteis, porém, sacar vossa carteira...

09. Assinale a palavra em que o elemento con- (ou co-) NÃO tenha o mesmo valor que o de congêneres (L. 31).

(A) concentrar (B) condomínio (C) contabilidade (D) confraria

10. Assinale a palavra que, no texto, exerça papel adjetivo.

(A) dois (L. 22) (B) mais (L. 27/28) (C) bem (L. 13) (D) regido (L. 20)

11. Enquanto o primeiro é regido por valores como amor e lealdade, o segundo tem como marca indexadores monetários e contratos. (L. 20-22) Assinale a alternativa que poderia substituir Enquanto no período anterior, sem modificação de sentido.

(A) Como (B) Já que (C) Ao passo que (D) Quando

12. O que você está lhe dando, na verdade, é uma licença para ser extravagante. (L. 34-35) Acerca do período anterior, analise as afirmativas a seguir:

I. O período contém três orações. II. O período é composto por coordenação e subordinação. III. Há uma oração reduzida.

Assinale

(A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (B) se todas as afirmativas estiverem corretas. (C) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

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13. Em vales-presentes (L. 30/31), o plural se fez com a flexão dos dois elementos. Assinale a palavra composta em que se devem pluralizar igualmente os dois elementos.

(A) reco-reco (B) tique-taque (C) guarda-roupa (D) primeiro-ministro

14. ... ofereça ao presenteado algo de que ele goste... (L. 25-26)

Assinale a alternativa em que a alteração do trecho anterior tenha se efetuado consoante a norma culta. Despreze possíveis alterações de sentido.

(A) ...ofereça ao presenteado algo que ele aspire... (B) ...ofereça ao presenteado algo de que ele lembre... (C) ...ofereça ao presenteado algo a que ele almeje... (D) ...ofereça ao presenteado algo a que ele vise...

15. Mas, se ousar oferecer-lhe dinheiro para o mesmo fim, torna-se um simples cafajeste. (L. 11-12)

Assinale a alternativa em que a alteração da estrutura anterior tenha sido feita em consonância com a norma culta.

(A) Mas, caso ofereça-lhe dinheiro para o mesmo fim, tornará-se um simples cafajeste.

(B) Mas, caso lhe ofereça dinheiro para o mesmo fim, tornar-se-á um simples cafajeste.

(C) Mas, se tiver oferecido-lhe dinheiro para o mesmo fim, se tornará um simples cafajeste.

(D) Mas, se tiver lhe oferecido dinheiro para o mesmo fim, tornará-se um simples cafajeste.

Prova 2 – TSE-Analista Judiciário-2012

Texto I para as questões de 01 a 12.

1

5

10

A tradição teológica e filosófica nunca conseguiu explicar o “mistério da iniquidade”, a existência do mal como potência do desejo e da ação humanas.

Ora, a corrupção é o mal do nosso tempo. Curiosamente, ela aparece como uma nova regra de conduta, uma contraditória “moral imoral”. Da governalidade aos atos cotidianos, o mundo da vida no qual ética e moral se cindiram há muito tempo transformou-se na sempre saqueável terra de ninguém.

Como toda moral, a corrupção é rígida. Daí a impossibilidade do seu combate por meios comuns, seja o direito, seja a polícia. Do contrário, meio mundo estaria na prisão. A mesma polícia que combate o narcotráfico nas favelas das grandes cidades poderia ocupar o Congresso e outros espaços do governo onde a corrupção é a regra.

Mas o problema é que a força da corrupção é a do

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costume, é a da “moral”, aquela mesma do malandro que age “na moral”, que é “cheio de moral”. Ela é muito mais forte do que a delicada reflexão ética que envolveria a autonomia de cada sujeito agente. E que só surgiria pela educação política que buscasse um pensamento reflexivo.

O sistema da corrupção é composto de um jogo de forças do qual uma das mais importantes é a “força do sentido”. É ela que faz perguntar, por exemplo, “como é possível que um policial pobre se negue a aceitar dinheiro para agir ilegalmente?”

O simples fato de que essa pergunta seja colocada implica o pressuposto de que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada. Isso significa que foi também desvalorizada.

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema da corrupção o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

Mas não somente. Aquele que age na direção da lei como que age contra a moral caracterizada pelo “fazer como a grande maioria”, levando em conta que no âmbito da corrupção se entende que o que a maioria quer é “dinheiro”.

Verdade é que a ação em nome de um universal por si só caracteriza qualquer moral. É por meio dela que se faz o cálculo do “sentido” no qual, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário.

Se a moral é medida em dinheiro, não entregar-se a ele poderá parecer um luxo. Mas um contraditório luxo de pobre, já que a questão da honestidade não se coloca para os ricos, para quem tal valor parece de antemão assegurado.

Daí que jamais se louve nos noticiários a honestidade de alguém que não se enquadra no estereótipo do “pobre”. Honesto é sempre o pobre elevado a cidadão exótico. Na verdade, por meio desse gesto o pobre é colocado à prova pelo sistema. Afinal ele teria tudo para ser corrupto, ou seja, teria todo o motivo para sê-lo. Mas teria também todo o perdão?

O cidadão exótico – pobre e honesto – que deixa de agir na direção de uma vantagem pessoal como que estaria perdoado por antecipação ao agir imoralmente sendo pobre, mas não está. A frase de Brecht seria sua jurisprudência mais básica: “O que é roubar um banco comparado a fundar um?”

Ora, sabemos que essa “moral imoral” tem sempre dois pesos e duas medidas, diferentes para ricos e pobres. No vão que as separa vem à tona a incompreensibilidade diante do mistério da honestidade. De categoria ética, ela desce ao posto de irrespondível problema metafísico.

Pois quem terá hoje a coragem de perguntar como alguém se torna o que é quando a subjetividade, a individualidade e a biografia já não valem nada e sentimos apenas o miasma que exala da vala comum das celebridades da qual o cidadão pode se salvar apenas alcançando o posto de um herói exótico, máscara do otário da vez?

(Marcia Tiburi. Cult, dezembro de 2011)

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01. Acerca dos sentidos produzidos pelo texto, analise as afirmativas a seguir.

I. Ser honesto, sendo pobre, significaria agir na contramão das expectativas. II. Aos pobres, a imoralidade é perdoada. III. Fugir à moral do “fazer como a grande maioria” significaria ser otário.

Assinale

(A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se todas as afirmativas estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

02. Aquele que age na direção da lei como que age contra a moral caracterizada pelo “fazer como a grande maioria”, levando em conta que no âmbito da corrupção se entende que o que a maioria quer é “dinheiro”. (L. 30-33) A respeito do período anterior, analise as afirmativas a seguir.

I. O período apresenta orações coordenadas e subordinadas. II. Há ocorrência de exemplo de oração reduzida. III. Há ocorrência de exemplo de oração subordinada substantiva objetiva

direta. Assinale

(A) se todas as afirmativas estiverem corretas. (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

03. Assinale o termo que, no texto, desempenhe função sintática idêntica à de incompreensibilidade (L. 55).

(A) a regra (L. 13) (B) vão (L. 54) (C) cálculo (L. 35) (D) Honesto (L. 43)

04. Assinale a palavra que, no texto, NÃO exerça papel pronominal.

(A) onde (L. 13) (B) muito (L. 7) (C) qualquer (L. 27) (D) outros (L. 13)

05. Verdade é que (1) a ação em nome de um universal por si só caracteriza qualquer moral. É por meio dela que (2) se faz o cálculo do “sentido” no qual, fora da vantagem que (3) define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário. (L. 34-37) A respeito das ocorrências do QUE no período anterior, é correto afirmar que se trata de conjunção em

(A) (1), apenas. (B) (3), apenas. (C) todas. (D) (2), apenas.

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06. No texto, ocorre aproximação semântica entre termos que, em outro contexto, não guardariam entre si relação de sinonímia. Assinale a alternativa em que, no texto, os termos NÃO guardem relação semântica de igualdade ou contiguidade.

(A) corrupção (L. 4) – regra (L. 5) (B) mal (L. 2) – potência (L. 3) (C) honesto (L. 36) – otário (L. 37) (D) moral (L. 15) – ética (L. 17)

07. Assinale a alternativa em que a alteração estrutural de um trecho do texto NÃO tenha provocado inadequação de ordem gramatical ou discursiva nem alteração semântica.

(A) Se a moral é medida em dinheiro, não entregar-se a ele poderá parecer um luxo. (L. 38-39) / Se a moral em dinheiro é medida, poderá parecer um luxo não se entregar a ele.

(B) Mas teria também todo o perdão? (L. 46,47) / Mas teria também todo perdão?

(C) O simples fato de que essa pergunta seja colocada implica o pressuposto de que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada. (L. 23-25) / O simples fato que essa pergunta seja colocada implica no pressuposto que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada.

(D) É por meio dela que se faz o cálculo do “sentido” no qual, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário. (L. 35-37) / É através dela que faz-se o cálculo do “sentido” onde, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário.

08. Assinale a alternativa em que o elemento destacado NÃO tenha o mesmo sentido que o de trans-, em transvalorada (L. 31)

(A) transbordar (B) trasantontem (C) tresnoitar (D) trastejar

09. A palavra jurisprudência (L. 51), no texto, assume o sentido de

(A) “conjunto das decisões e interpretações das leis”. (B) “modelo de pensar”. (C) “desculpa”. (D) “argumento jurídico”.

10. Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema da corrupção o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro. (L. 26-29) Assinale a alternativa que apresente pontuação para o trecho anterior igualmente correta.

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(A) Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar – mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque – no sistema da corrupção –, o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

(B) Se a conduta de praxe seria não, apenas, aceitar, mas exigir dinheiro, em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema da corrupção, o valor da honestidade, que garantiria – ao sujeito – a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

(C) Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade – que garantiria ao sujeito a sua autonomia –, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

(D) Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar – mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever –, é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade – que garantiria ao sujeito a sua autonomia – foi substituído pela vantagem do dinheiro.

11. Assinale a palavra que NÃO tenha sido acentuada pelo mesmo motivo que as demais.

(A) substituído (L. 37) (B) polícia (L. 13) (C) jurisprudência (L. 64) (D) saqueável (L. 9)

12. Assinale a palavra que tenha sido formada por processo DISTINTO do das demais.

(A) teológica (L. 1) (B) biografia (L. 74) (C) narcotráfico (L. 14) (D) desvalorizada (L. 32)

Texto II para as questões de 13 a 15.

(Rodrigo Zoom. http://www.flickr.com/photos/rodrigozoom/4541220951/sizes/z/in/photostream/)

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13. A respeito do quadrinho, analise as afirmativas a seguir:

I. O humor do quadrinho se constrói com um jogo de palavras com semelhança sonora.

II. A noção do verbo dever na segunda fala é de probabilidade. III. O humor do quadrinho é construído na articulação entre texto e imagem.

Assinale

(A) se todas as afirmativas estiverem corretas. (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

14. Assinale a alternativa que NÃO poderia substituir a primeira fala do quadrinho, sob pena de alteração grave de sentido.

(A) Você ouviu falar do menino que morreu porque comeu sucrilhos? (B) Você ouviu falar do menino que morreu quando comeu sucrilhos? (C) Você ouviu falar do menino que morreu não obstante comer sucrilhos? (D) Você ouviu falar do menino que morreu por ter comido sucrilhos?

15. Assinale a alternativa em que a alteração da primeira fala do quadrinho tenha respeitado a norma culta.

(A) Sua Senhoria ouvistes falar do menino que morreu comendo sucrilhos? (B) Vossa Senhoria ouvistes falar do menino que morreu comendo sucrilhos? (C) Vossa Excelência ouviu falar do menino que morreu comendo sucrilhos? (D) Sua Senhoria ouviste falar do menino que morreu comendo sucrilhos?

Gabarito da prova 1 01 - B 02 - C 03 - B 04 - C 05 - B 06 - A 07 - D 08 - B 09 - C 10 - A 11 - C 12 - C 13 - D 14 - D 15 - B

Gabarito da prova 2 01 - D 02 - B 03 - C 04 - C 05 - A 06 - D 07 - A 08 - D 09 - B 10 - D 11 - A 12 - D 13 - C 14 - C 15 - C

Bom, pessoal! Com isso, finalizamos nossos encontros!!!! Gostaria de agradecer pela participação de vocês em nosso curso,

principalmente pela vontade que demonstraram durante nossas conversas nos fóruns. Isso só mostra quanto se dedicaram!!!!

Lembrem-se do seguinte: concurso é uma fila virtual e fica na frente quem vem se dedicando, aprimorando. Assim, se desta vez não deu, não desanimem, pois o que nos faz crescer é saber ultrapassar as dificuldades. Conhecimento é cumulativo, não se perde se nós não quisermos. Por isso, mantenham-se motivados. Estudem!!!!!

Um grande abraço a todos!!! Muito sucesso!!!

Terror