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PRODUÇÃO DIDÁTICA

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Simone Pastorello

Área PDE: Educação Física

Ano: 2008

NRE: Pato Branco

Professor Orientador IES: José Ronaldo Mendonça Fassheber

IES vinculada: UNICENTRO

Escola de Implementação: Colégio Estadual La Salle

Público objeto da intervenção: Alunos do Ensino Médio Noturno – 1º e 2º ano.

Unidade Didática: Corpo, Sociedade e Cultura.

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UNIDADE DIDÁTICA

CORPO, CULTURA E SOCIEDADE

O homem se distingue dos demais seres vivos pelo seu modo de vida, por

sua natureza cultural, que lhe confere razão, caracterizado pela transmissão de

informações de geração em geração através de experiências, e pelo uso da

linguagem e de outras representações simbólicas.

museudamente.blogspot.com

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Quando pensamos em cultura, geralmente, pensamos em manifestações

artísticas, religiosas, tradições e na produção de bens materiais que acompanham

o desenvolvimento da humanidade. Mas, além disso, a cultura está impregnada

no nosso próprio corpo.

O corpo não se limita a músculos, órgãos, tecidos, células. Não é um

fenômeno meramente biológico ou fisiológico. “O corpo é entendido em sua

totalidade, ou seja, o ser humano é o seu corpo, que sente, pensa e age”.

(DCE’S p. 2008). No corpo estão expressos marcas e símbolos que reproduzem

a ideologia, os preceitos morais e a forma de pensar do grupo social e do período

histórico ao qual pertencemos.

A nossa forma de agir, se movimentar, se relacionar, nosso gosto estético,

nossas crenças e até mesmo os nossos sentidos pouco tem de natural, na

verdade a nossa identidade se forma na interação com os códigos sociais

culturalmente estabelecidos. Na verdade a cultura modela e fabrica o corpo

humano e o homem se torna o criador e a criatura de sua própria cultura. Cada

sociedade em seu tempo e espaço estabelece padrões para o corpo, que estão

geralmente relacionados a fatores políticos, econômicos ou religiosos. Na

sociedade capitalista o corpo está intimamente relacionado à idéia de “ferramenta

de produção” e “objeto de consumo”.

Os cuidados com o corpo vão se tornando uma exigência na Modernidade, e implica a convergência de uma série de elementos: as tecnologias para tanto vão se desenvolvendo de maneira acelerada; o mercado dos produtos e serviços voltados para o corpo vai se expandindo; a higiene que fundamentava esses cuidados vai sendo substituída pelos prazeres do 'corpo'; a implicação lógica do processo de secularização com a identificação da personalidade dos indivíduos com sua aparência. Por todas essas circunstâncias, o cuidado com o corpo transforma-se numa ditadura do corpo, um corpo que corresponde à expectativa desse tempo, um corpo que seja trabalhado arduamente e do qual os vestígios de naturalidade sejam eliminados (SILVA, 2001, p. 86).

A busca da saúde, da boa forma, da beleza e da juventude movimenta um

ramo altamente lucrativo do mercado, que através do poder e sedução da mídia,

criam quase que uma “crença mágica” em cremes, dietas, aparelhos, cirurgias,

modismos, tratamentos e produtos infinitos que prometem o padrão de corpo para

a nossa cultura e consumir passa a se uma forma de inclusão no contexto social.

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A indústria corporal através dos meios de comunicação encarrega-se de

criar desejos e reforçar imagens, padronizando corpos. Corpos que se vêem fora

de medidas, sentem-se cobrados e insatisfeitos. O reforço dado pela mídia em

mostrar corpos atraentes, faz com que uma parte de nossa sociedade se lance na

busca de uma aparência física idealizada.

Hoje vivemos a ditadura da beleza. A sociedade atual está sempre à

procura de um corpo perfeito que lhe traga benefícios pessoais e o corpo está

sujeito aos mais excêntricos sacrifícios. Valores sociais incorporados pelo

processo da indústria cultural transformam os indivíduos em estereótipos, a

serviço do comércio de mercadoria. A visão de corpo vista apenas como valor

mercadológico acaba comprometendo a perspectiva de emancipação humana do

corpo como agente social.

É essencial refletir sobre o corpo transcendendo a dimensão material,

entender que qualquer reflexão sobre o corpo nada mais é do que uma maneira

de compreender o ser, a sociedade e a influência cultural.

CULTURA CORPORAL E EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física Escolar tem origem recente e atrelada à formação do

Estado Nacional e a consolidação do sistema Nacional de Ensino. Inicialmente

era estritamente relacionada a fatores médicos e militares. Era tida como um dos

meios para garantir a saúde dos trabalhadores no período de formação das

cidades, garantir a ordem social e adequar o corpo as novas demandas de

trabalho e a própria necessidade dos bancos escolares.

Atualmente, presente em todas as séries escolares, da Educação infantil

ao final do Ensino Médio a Educação Física possui o mesmo valor das demais

disciplinas escolares, tendo inclusive a possibilidade de reprovação como nas

demais. A Educação Física Escolar não se justifica na escola somente pela

prática esportiva, recreativa ou pela promoção da aptidão física, a sua presença

no currículo escolar prevê a transmissão e contextualização dos conhecimentos

referentes à cultura corporal, construídos durante a história da humanidade e que

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revelam a forma como o homem produziu e assimilou a cultura no seu próprio

corpo.

Como patrimônios da cultura corporal estão as danças, as lutas, os jogos, a

ginástica e o esporte que trazem expressos padrões sociais, econômicos,

religiosos que representam as construções sociais em diferentes épocas e

contextos. Estes aspectos devem ser explorados pela Educação Física em

aspectos múltiplos, possibilitando a visão abrangente e contextualizada sobre a

diversidade cultural e histórica do movimento humano, vendo além da técnica e

da tática, aspectos sociais, filosóficos, biológicos e fisiológicos.

A ação pedagógica da Educação Física deve estimular a reflexão sobre o acervo de formas e representações do mundo que o ser humano tem produzido, exteriorizadas pela expressão corporal em jogos, brinquedos e brincadeiras, danças, lutas, ginásticas e esportes. Essas expressões podem ser identificadas como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

O culto ao corpo, vem ganhando valores assustadores, principalmente

através da mídia, que destacam corpos perfeitos, fazendo com que as pessoas

busquem desenfreadamente atingir o "grau de perfeição", essas pessoas tentam

todos os recursos que estejam ao seu alcance: ginásticas, dietas, cirurgias

plásticas para que isso aconteça, e com isso surgem distúrbios alimentares como

a anorexia e a bulimia.

Esse processo de conhecimento sobre o próprio corpo está sujeito aos

valores culturais estabelecidos no tempo histórico em que vivemos, e nas

influências da mídia e de outras culturas que estabeleçam sentido e significado

com a cultura local, mesmo que este sentido, muitas vezes, seja instalado pela

própria indústria do consumo através da mídia.

Desta forma, a Educação Física tendo seus conteúdos focados na cultura

corporal, deve considerar múltiplas abordagens ao tratar das danças, dos jogos,

dos esportes, das lutas e da ginástica. É o que veremos nos próximos a seguir:

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A DANÇA

Podemos dizer que as Danças são formas de comunicação que através da

linguagem corporal expressam idéias, sentimentos e emoções. A dança faz parte

da história da humanidade, acompanhando a história da civilização desde a

antiguidade até os dias atuais. Era por meio da expressividade que o homem

primitivo demonstrava sua relação consigo próprio, com o outro e com a natureza.

A dança tinha características lúdicas e ritualísticas, nas quais ocorriam

manifestações de alegria pela caça e pesca ou dramatizações pelos nascimentos

e funerais. Essa foi sua forma de manifestação social e que serviu para auxiliá-lo

a afirmar-se como membro da sua sociedade.

A dança sempre visou acontecimentos importantes da própria vida, da

saúde, da religião, da morte, da fertilidade, do vigor físico e sexual, também

permeando os caminhos terapêuticos, artísticos e educacionais, estabelecendo

assim, uma diversidade interessante para essa manifestação. Dessa forma, a

dança se insere no universo cultural, expressando significados, simbolizando a

existência humana

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Compreender essas faces da dança, atrelando com suas origens,

significados e intenções possibilitam uma leitura da história homem e de como se

estabelecem no corpo crenças, padrões morais e comportamentais de cada

sociedade. A dança, como conteúdo da Educação Física, contribui para

desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a expressão corporal, o ritmo, entre

outros aspectos. Ela é de fundamental importância para refletirmos criticamente

sobre a realidade que nos cerca, a super-exploração pela mídia da dança como

erotismo extremo, desvalorização e preconceito contra a mulher, violência, entre

outros temas.

OS JOGOS E OU BRINCADEIRAS

Os jogos e a brincadeiras são parte fundamental da cultura corporal. Por

seu intermédio nos apropriamos das diferentes manifestações culturais de forma

lúdica da nossa cultura de origem, assim eles são parte integrante da nossa

personalidade e identidade nacional como também, nos possibilitam o contato e a

compreensão de culturas distintas.

A maneira como nos apropriamos de conceitos, normas e práticas da

nossa sociedade esta fortemente relacionada à forma de brincar ou jogar. O jogo

é uma forma de representação da realidade onde brincando ou jogando se

estabelecem vínculos sociais, o princípio de participação sob os mesmos direitos,

valores como a solidariedade, a cooperação e o espírito de equipe, respeito às

regras, como também a possibilidade de adequação destas regras as

necessidades do jogo. Aprende-se a ganhar, e também a perder e é na fantasia,

de formas lúdicas que conceitos fundamentais para o processo educativo e de

aprendizagem, passam a incorporar e compor a forma como se estabelecem as

sensações e emoções na realidade.

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Essas experiências lúdicas passam a ser a fonte da qualidade de vida,

dado que as ações dentro do jogo se constituem em uma experiência agradável,

a qual podemos recorrer em qualquer momento, seja para desfrutar novamente

da ação ou simplesmente para sentir as sensações proprioceptivas que

guardamos em nossa memória e as levamos à tona nas recordações.

Hoje vivemos a era da globalização e muitos detalhes passam

despercebidos onde os jogos são fundamentais para o seu desenvolvimento e

para a aprendizagem do aluno, pois envolvem diversão e ao mesmo tempo uma

postura de seriedade. As brincadeiras de rua foram substituídas por vídeo games

e jogos de computadores distanciando as pessoas do convívio social, corporal e

da troca emocional. Essas mudanças radicais, não são saudáveis, como

conseqüência desses novos hábitos, as crianças deixaram de produzir, de

expressar seus desejos e consequentemente possuem dificuldades nas suas

relações inter-pessoais. O brincar, os jogos e as brincadeiras são recursos que

auxiliam a constituição da identidade, da autonomia infantil e das diferentes

linguagens das crianças (verbais e não verbais), proporcionando o

desenvolvimento social, emocional e intelectual, essencial para a aprendizagem

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em que aprende, exercita, desenvolve potencialidades e prepara-se para a vida

adulta, incorporando valores, conceitos e conteúdos.

A brincadeira é para a criança um espaço de investigação e construção de

conhecimentos sobre si mesma e sobre o mundo. Brincar é uma forma de a

criança exercitar sua imaginação. A imaginação é uma forma que permite às

crianças relacionarem seus interesses e suas necessidades com a realidade de

um mundo que pouco conhecem.

A brincadeira expressa a forma como uma criança reflete, organiza,

desorganiza, constrói,destrói e reconstrói o seu mundo. No entanto, para que um

jogo seja útil no processo educacional deve propor desafios interessantes para as

crianças resolverem, proporcionar uma auto-avaliação quanto a seu desempenho

e permitir a participação ativa de todos os jogadores, entre outros. Para que um

professor introduza jogos no dia-a-dia de sua classe ou planeje atividades lúdicas,

é preciso, que ele acredite que brincar é essencial na aquisição de

conhecimentos, no desenvolvimento da sociabilidade e na construção da

identidade.

AS LUTAS

As lutas representam simbolicamente a forma de preparação e

enfrentamento em disputas, combates e guerras que fazem parte da cultura e da

história da humanidade, sempre repletas de rituais, significados e tradições

compõem com os demais conteúdos a Educação Física Escolar.

Além dos benefícios para os aspectos motores, tais como, observamos a

lateralidade, o controle do tônus muscular, o equilíbrio, a coordenação, a idéia de

tempo e espaço e a noção de corpo, as lutas favorecem os aspectos cognitivo e

afetivo-social, contribuindo na melhoria da atenção, da percepção, do raciocínio,

da formulação de estratégias, da concentração, do respeito e da determinação.

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As lutas fazem parte da diversidade de brincadeiras das crianças, está

presente em filmes, desenhos, é assunto na mídia, enche as salas das

academias, mas infelizmente em diversas situações esta relacionada a aspectos

negativos como a violência, a injustiça ao desrespeito com o ser humano.

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É função da Educação Física questionar, contextualizar e desmistificar esta

visão reducionista sobre o tema e tratar as lutas com a riqueza cultural e de

valores dos esportes de combate e das artes marciais. O conteúdo lutas deve

oportunizar a vivência como prática corporal, considerando todos os seus

aspectos: motor-físico, intelectual, sócio-afetivo, filosófico.

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O ESPORTE

O esporte teve suas origens na cultura humanista grega sob a filosofia da

harmonia do corpo e da alma, serviu de brutal e sangrento espetáculo nas arenas

romanas e ressurgiu com o Renascimento, sob o ideal olímpico no cenário

Europeu da instauração do Capitalismo. Cada período histórico reproduz e reforça

padrões culturais através do esporte. Desta forma o esporte moderno,

sistematizado, institucionalizado e burocratizado reproduz a competição

exacerbada e a supervalorização do resultado em detrimento dos meios.

Nas aulas de Educação Física o conteúdo esporte possibilita variadas

abordagens, ultrapassando a prática, o jogo visando à técnica e a tática, a

melhoria das capacidades e habilidades físicas e o conhecimento de suas regras.

O esporte é um fenômeno social de múltiplos sentidos, significados e funções,

onde, aspectos como a competitividade, o individualismo, a profissionalização

esportiva, o alto rendimento, a espetacularização e a exploração comercial

precisam tratados de maneira abrangente e contextualizada proporcionando uma

releitura critica das manifestações esportivas considerando as suas dimensões

sociais, históricas e políticas.

O esporte educacional, tal qual deve se concebido no terreno escolar, deve

primar por princípios morais, valores e atitudes que privilegiem a participação de

todos, o espírito de equipe, o companheirismo, a inclusão e inserção social e a

adaptação e recriação do próprio esporte adequado ao nível e interesses do

grupo agregando o prazer e o lúdico na vivência esportiva, fazendo com que o

esporte na escola deixe de ser, para muitos, excludente e discriminatório.

“cabe ao professor engajado na luta mais ampla, que excede o âmbito da escola e do sistema de ensino, escolher entre fazer de sua ação pedagógica um instrumento que apenas reproduz as violências educacionais (desigualdades, discriminação, preconceitos, etc.) ou torná-la uma poderosa arma de negação desta caótica situação”. ( 1985, P. 39).

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Devemos refletir atentamente sobre o esporte e os conteúdos que dele

emergem. O racismo, o individualismo, a espetacularização, a ética, a

passividade, a inércia, a violência, a agressividade e tantos outros fatores que

surgem na sua prática. Segundo Carmo diante da situação do professor perante o

esporte relata que

cabe ao professor engajado na luta mais ampla, que excede o âmbito da escola e do sistema de ensino, escolher entre fazer de sua ação pedagógica um instrumento que apenas reproduz as violências educacionais (desigualdades, discriminação, preconceitos, etc.) ou torná-la uma poderosa arma de negação desta caótica situação. ( 1985, P. 39).

A aula de Educação Física não deve se limitar a transmissão de técnicas,

táticas, regras e estilos de ensino do esporte aos alunos, mas fazer com que eles

aprendam com o esporte, em uma abordagem educativa, onde ganhe mais

sentido e significado no cotidiano escolar. É dever do professor dar um tratamento

pedagógico para o esporte de tal forma que esse possa caminhar na direção de

educar e emancipar as pessoas.

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A GINÁSTICA

A ginástica surge no século XIX no cenário Europeu como proposta de uma

nova forma de atividade física para enfrentar as profundas mudanças que

estavam ocorrendo na forma do trabalho causando profundas alterações

alavancadas com o início da industrialização, o aumento da jornada de trabalhado

e a redução do espaço urbano. Tinha como objetivo “disciplinar o corpo” para as

novas necessidades sociais da modernidade garantindo a disciplina, a saúde e a

produção.

Atualmente, nas aulas de Educação Física, a ginástica constitui-se num

importante conteúdo onde podem ser exploradas as possibilidades do corpo, as

variadas formas de ginástica de academia, seus benefícios fisiológicos, a

ginástica como manifestação esportiva e o questionamento com relação à

influência exercida pela mídia com relação aos modismos estabelecidos em

busca do padrão corporal idealizado imposto pela sociedade capitalista.

A obra do Coletivo de Autores (1992) nos apresenta a ginástica como um

dos conteúdos a serem tratados pela Educação Física devendo, no entanto, ser

re-significada e re-apropriada na escola. A obra defende o resgate dos modelos

ginásticos tradicionais (métodos ginásticos) visando confrontá-los às novas

formas gímnicas, possibilitando, assim, aos alunos uma prática corporal que lhes

permita atribuir "sentido próprio às suas exercitações ginásticas" (p. 77).

A ginástica deve ser vista como parte integrante do conjunto dos conteúdos

que compõem a disciplina Educação Física. Para que ocorra uma boa

aprendizagem, o aluno pode e deve vivenciar diferentes possibilidades de

movimentos propiciados pela ginástica, desde os mais simples, relacionados às

habilidades motoras básicas ou as suas experiências nos jogos infantis até os

mais complexos, relacionados aos movimentos próprios das modalidades

gímnicas competitivas.

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A ginástica possui um conhecimento de importância indiscutível e que não

pode ser descartada das aulas de Educação Física, devendo possibilitar a

vivência das diversificadas experiências corporais dos diferentes temas da cultura

corporal e possibilitando contextualização e a discussão de assuntos que

permeiam os conteúdos da disciplina .

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPARROZ, Francisco. Entre a Educação Física da Escola e a Educação Física na Escola : a Educação Física como componente curricular. Vitória: UFES, 1997.

CARMO, Apolônio Abadio do. Educação Física: Competência Técnica e Consciência Política: em busca de um movimento simétrico. Uberlândia, UFU, 1985.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

DAOLIO, Jocimar. Da cultura do corpo . Campinas, Papirus, 1995.

PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná Curitiba, 2008.

SOARES, Carmen Lúcia. (org.) Corpo e História . Campinas. São Paulo. Autores Associados, 2001, p.180.

SOARES, Carmen Lúcia. Educação Física: raízes européias e Brasil. São Paulo: Autores Associados, 1994.

VAGO, Tarcísio Mauro. Início e fim do século XX: maneiras de fazer educação física na escola. Cadernos Cedes , ano XIX, nº 48, Agosto/99.