UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
YANIEL MESA GONZÁLEZ
PROGRAMA EDUCATIVO PARA A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS
RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS
BELÉM / PARÁ
2018
YANIEL MESA GONZÁLEZ
PROGRAMA EDUCATIVO PARA A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Saúde da Família, Universidade Federal do Pará, para obtenção do Certificado de Especialista. Orientadora: Profa. Msc. Claudia Marques Santa Rosa Malcher
BELÉM / PARÁ
2018
YANIEL MESA GONZÁLEZ
PROGRAMA EDUCATIVO PARA A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS
Banca examinadora Profa. Msc. Claudia Marques Santa Rosa Malcher – Universidade Federal do Pará Profa. Msc. Mônica Olivia Lopes Sá de Souza - Universidade Federal do Pará Aprovado em Belém, em ___ de __________ de 2018.
DEDICATÓRIA
A meus pais por seu apoio incondicional, e como gratidão
ao esforço investido em minha educação e que sempre
estão presentes em todos os momentos, graças a eles
por seu grande amor e carinho.
RESUMO
As doenças respiratórias constituem uma das principais causas de morbidade e mortalidade em crianças. São doenças de várias etiologias que afetam as vias respiratórias altas e baixas causando tosse, febre e por vezes a dificuldade respiratória. O objetivo deste trabalho foi avaliar a efetividade de uma intervenção educativa para aumentar o conhecimento sobre a prevenção das doenças respiratórias por parte dos Agentes Comunitarios de Saúde (ACS) pertencentes à Unidade de Saúde Castanheira e Pantanal, na cidade de Vigia de Nazaré, Estado do Pará. Verificou-se a predominância de crianças de 13 a 18 meses de idade com fatores de risco como aleitamento materno inadequado e história de atopia nos pais. A maioria dos ACS não estavam esclarecidos sobre o que eram as doenças respiratórias, as complicações e principalmente seu manejo preventivo. O baixo nível de conhecimento acerca do assunto se destacou também antes da aplicação do programa educativo.
Palavras-chave: Agentes Comunitários de Saúde, Unidade Básica de Saúde, Infeções Respiratórias Agudas.
ABSTRACT
Respiratory diseases are a major cause of morbidity and mortality in children. They are diseases of various etiologies that affect the upper and lower airways causing cough, fever and sometimes respiratory difficulty. The aim of this study was to evaluate the effectiveness of an educational intervention to increase knowledge about the prevention of respiratory diseases by Community Health Agents (ACS) belonging to the Castanheira and Pantanal Health Unit, in the city of Vigia de Nazaré, State of Pará. There was a predominance of children aged 13 to 18 months with risk factors such as inadequate breastfeeding and a history of atopy in the parents. The majority of CHWs were not clear about what respiratory diseases, complications and mainly their preventive management were. The low level of knowledge about the subject was also highlighted before the implementation of the educational program.
Keywords: Community Health Agents, Basic Health Unit, Acute Respiratory Infections.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACS Agentes Comunitários de Saúde
IRA Infeções Respiratórias Agudas
OMS Organização Mundial da Saúde
UBS Unidade Básica de Saúde
UNICEF Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas
VRS Vírus Sincicial Respiratório
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 Priorização de problemas. Equipe de Saúde Castanheira e
Pantanal, Vigia de Nazaré, Pará. 2018
13
Quadro 2 Operações sobre o nó crítico 1 relacionado ao problema fatores de
risco relacionados com as doenças respiratórias na população sob a
responsabilidade da equipe saúde da família Castanheira e Pantanal, no
Município de Vigia de Nazaré, estado do Pará
21
Quadro 3 Operações sobre o nó critico 2 relacionado ao problema do Nível
de informação dos Agentes Comunitários de Saúde insuficientes na equipe
saúde da família Castanheira e Pantanal, no Município de Vigia de Nazaré,
estado do Pará
22
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
1.1 Aspectos gerais do município 10
1.2 Aspectos da comunidade 10
1.3 O sistema municipal de saúde 10
1.4 A Unidade Básica de Saúde 11
1.5 A Equipe de Saúde da Família, da Unidade Básica de Saúde 11
1.6 O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe 12
1.7 O dia a dia da equipe 12
1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da
comunidade (primeiro passo)
12
1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de
intervenção (segundo passo)
12
2 JUSTIFICATIVA 14
3 OBJETIVOS 15
3.1 Objetivo geral 15
3.2 Objetivos específicos 15
4 METODOLOGIA 16
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
6 PLANO DE INTERVENÇÃO 20
6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo) 20
6.2 Explicação do problema (quarto passo) 20
6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo) 20
6.4 Desenho das operações (sexto passo) 20
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 23
REFERÊNCIAS 24
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos gerais do município
Vigia é um município brasileiro do estado do Pará. Localizado na Mesorregião do
Nordeste Paraense e na Microrregião do Salgado. O município se estende por 539,1
km² e contava com 47 902 habitantes no último censo. A densidade demográfica é
de 88,9 habitantes por km² no território do município. Vizinho dos municípios de
Colares, São Caetano de Odivelas e Terra Alta, Vigia se situa a 49 km ao Norte-
Leste de Santa Isabel do Pará a maior cidade nos arredores. Situado a 8 metros de
altitude, de Vigia tem as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 0° 51' 47'' Sul,
Longitude: 48° 7' 52'' Oeste
1.2 Aspectos da comunidade
O município foi criado em 6 de janeiro de 1616, seis dias antes da fundação da
também paraense Belém do Pará por Francisco Caldeira Castelo Branco durante
sua expedição de conquista do Grão-Pará. Os primitivos habitantes da região foram
os índios Tupinambá. Viviam na aldeia Uruitá (do Tupi Guarani, Cesto de pedras).
Neste aldeamento, os colonizadores construíram um posto fiscal para fiscalizar as
embarcações que abasteciam Belém. Esta é a origem do nome do local. Trata se de
uma comunidade heterogênea, com uma população localizada na maioria na zona
urbana da cidade de Vigia e o resto nos assentamentos de Cumaru, Penha Longa,
Baiacu, Santa Rosa, Itapuã, Macapá da Barreta e Porto Salvo. A principal fonte de
trabalho é a agricultura e a pesca no município. Vigia é uma das principais cidades
pesqueiras do Pará
1.3 O sistema municipal de saúde
O Sistema Municipal da Saúde do Município de Vigia de Nazaré está dirigido
pela Secretaria Municipal, a qual é responsável pelo atendimento médico no
município distribuído em 11 Unidades Básicas de Saúde (UBS) bem equipadas que
conformam a Atenção Básica, e dois Hospitais , deles um de Urgência e Emergência
e o outro de Especialidades Médicas como: Fisioterapia, Ginecologia e obstetrícia,
Dermatologista, Ortopedista, Médico Clínico Geral, especialista em Medicina Natural,
assim como Fonoaudiólogos, Psiquiatras, Psicólogos. O resto das especialidades
Médicas se os pacientes precisam de atendimento são encaminhados para Belém, a
capital do estado.
11
1.4 A Unidade Básica de Saúde de Castanheira e Pantanal
A Unidade Básica de Saúde de Castanheira e Pantanal está localizada na
Avenida Barão de Guajará, na cidade de Vigia de Nazaré, no Estado do Pará e
presta atendimento médico, de enfermagem e odontológico a 3.000 pessoas. Abre
de segunda a sexta-feira às 7 da manhã até as 5 da tarde. É composta de uma
ampla recepção, aquecida para o conforto dos pacientes enquanto espera pelo
atendimento, informações locais e arquivo, sala de enfermagem, consultório
odontológico, sala de coleta, sala de cura, farmácia e sala de vacina, bem como
cozinha e dois banheiros. Fornece serviços de consultas médicas, de enfermagem,
dentista, triagem, vacinas, pré-natal e puerpério, puericultura, assistência a
pacientes hipertensos, diabéticos, coleta de exames, curativos e visitas domiciliares.
1.5 A Equipe de Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde Castanheira e
Pantanal.
A equipe de Saúde está integrado por a enfermeira; técnica de enfermagem,
11 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e o médico.
O trabalho em equipe é fundamental para melhorar a qualidade e efetividade
das atividades. Os objetivos são alcançados de forma compartilhada e assim
alcançar resultados positivos, garante uma comunicação eficiente e reduzir as
barreiras entre as fronteiras de conhecimento e competência.
A equipe de trabalho todos meses é reunida para discutir os principais
problemas e dificuldades de saúde que aconteceram na comunidade durante o mês
e planejar as ações de saúde para melhorar o estado de saúde da população. A
equipe avalia os resultados alcançados e propõe metas para o próximo mês de
trabalho. As decisões são tomadas num processo de amplia discussão e pactuadas
em um modelo de gestão colegiada.
A equipe atua em ações de saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de
doenças e agravos mais frequentes e a manutenção da saúde da comunidade. Os
princípios são: melhorar o nível de saúde da população, dentro de limites
económicos que são estabelecidos socialmente. Também incorporar a família, bem
como seu ambiente físico e social como objeto de ações em saúde o que implica da
compreensão do processo saúde - doença e das competências para intervenção por
parte dos professionais de saúde. O conhecimento do território e das necessidades,
problemas e demandas da população que habita o território.
12
1.6 O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe Castanheira e Pantanal.
O funcionamento da UBS é feito através de uma agenda onde se faz
consultas agendadas e visita domiciliar aos pacientes com doenças crônicas que
não podem assistir a um posto de saúde para uma consulta os objetivos do trabalho
e prevenir a doenças e reduzir o número de agilizações das mesmas.
1.7 O dia a dia da equipe.
A Equipe de Saúde está integrada por a enfermeira; técnica de enfermagem,
11 agentes comunitários de saúde e o médico. E agendada todos os dias 25
consultas médicas distribuídas entre as consultas programadas no caso de aqueles
pacientes com doenças crônicas como asma, diabetes, hipertensão arterial;
cardiopatias e pacientes que apresentam também doenças agudas como infecções
respiratórias e diarreicas, febre, dor, infecção urinária.
Também são agendadas consultas de pré-natal para as grávidas e
puericultura para as crianças. A equipe de Saúde agenda uma vês por semana
consultas domiciliar no caso dos pacientes acamados que não podem ir ao posto
para receber a consulta médica. Há ainda os casos de demanda espontânea que
são aqueles pacientes que não têm uma consulta agendada e apresentam uma
situação médica que precisa de uma consulta de prioridade.
1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade (primeiro
passo)
-Incremento de pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica.
-Incremento de pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2.
-Incremento de crianças com doencas respiratórias.
-Incremento de pacientes com doença cardíaca isquêmica.
-Incremento de pacientes com doenças diarreicas agudas.
1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de intervenção
(segundo passo)
-Incremento de crianças com doencas respiratórias.
-Incremento de pacientes com hipertensão arterial sistêmica.
-Incremento de pacientes com diabetes mellitus tipo 2.
-Incremento de pacientes com doenças diarreicas agudas.
-Incremento de pacientes com doença cardíaca isquêmica.
13
Quadro 1 Priorização de problemas. Equipe de Saúde Castanheira e Pantanal,
Vigia de Nazaré, Pará. 2018.
Problemas Importância Urgência Capacidade de enfrentamento
Seleção
Incremento de pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica
Alta 6 Parcial 2
Incremento de pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2.
Alta 6 Parcial 3
Incremento de crianças com doencas respiratórias.
Alta 9 Parcial 1
Incremento de pacientes com doença cardíaca isquêmica.
Alta 5 Parcial 5
Incremento de pacientes com doenças diarreicas agudas.
Alta 6 Parcial 4
Fonte: Reunião em equipe com a estratégia saúde da família *Alta, média ou baixa ** Total dos pontos distribuídos até o máximo de 30 ***Total, parcial ou fora ****Ordenar considerando os três itens
14
2 JUSTIFICATIVA
As doenças respiratórias podem ser de localização alta e baixa, do tipo
complicadas e não complicadas e de etiologia geralmente viral nos dois primeiros
anos de idade. A cada ano surgem principalmente em um padrão de epidemia nos
meses de inverno e são condicionadas por uma série de fatores que agravam-se,
especialmente em crianças com menos de seis meses de idade e representam
admissões hospitalares e aumento dos custos para a economia.
No município Vigia de Nazaré há uma prevalência alta de doenças
respiratórias e inexistência de histórico de avaliação do conhecimento dos ACS
sobre esta doença ou percepção de seu risco.
Na UBS de Castanheira e Pantanal, as doenças respiratórias em lactentes
constituem a principal causa de consulta, então tem pensou-se em desenvolver um
programa educativo com o objetivo de reduzir a morbimortalidade, orientando que é
essencial evitar os fatores de risco predisponentes. Para isso, o treinamento dos
ACS foi levado em consideração como fundamental para tornar o significado prático
desta intervenção ampliado para o benefício da comunidade.
As questões orientadoras deste estudo foram: Quais são os principais fatores
de risco das doenças respiratórias nas crianças? Possuem os ACS conhecimento
para a prevenção das mesmas na comunidade?
15
3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral
Elaborar e implantar um Programa de Educação para o aumento do
conhecimento sobre a prevenção das deonças respiratórias nos ACS da UBS
Castanheira e Pantanal
3.2 Objetivos específicos
-Identificar as características sociodemográficas e clínicas de crianças
menores de dois anos de idade.
- Identificar os fatores de risco que favorecem o aparecimento das doenças
respiratórias.
-Determinar o nível de conhecimento sobre a prevenção das doenças
respiratórias nos ACS antes e após a aplicação do programa educacional.
16
4 METODOLOGIA
Elegeu-se o período entre 2017 e 2018 para a análise das variáveis gênero,
idade das crianças abaixo de dois anos, atopia, presença de aleitamento materno e
tabagismo pelos habitantes da residência. Foi realizada pesquisa na base de dados
da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, e na biblioteca
digital Scientific Electronic Library On-line. Foram usados como descritores “doenças
respiratórias” e “saúde da criança”. Na pesquisa, foram inclusos artigos completos
que disponibilizavam a versão na íntegra, de forma gratuita, no espaço temporal
especificado, nos idiomas português e espanhol.
As variáveis analisadas foram idade 0-5 meses, 6-12 meses, 13-18 meses,
19-24 meses, gênero, fatores de risco das doenças respiratórias (prematuridade,
baixo peso ao nascer, falta de amamentação, amamentação inadequada,
antecedente de atopia dos pais, tabagistas em casa e crianças sem imunização),
nível de conhecimento dos ACS antes e após a intervenção educativa.
17
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A palavra pediatria do grego significa etimologicamente "a arte de curar a
criança´´, segundo Seuc e colaboradores (2012). Desde os textos médicos de
civilizações antigas, foi feita referência às doenças das crianças, e inclusive o rápido
desenvolvimento da pediatria começou com a criação de hospitais infantis no século
XIX. A partir deste século, começou o ensino universitário das doenças infantis, em
resposta crescente de que os problemas das crianças são diferentes dos problemas
enfrentados pelos adultos e que a incidência destes e a sua resposta varia com a
idade (RUDAN et al., 2013).
De acordo com o Comitê de Infecções Respiratórias da Sociedade Latino-
Americana de Doenças Infecciosas Pediátricas (2010) a pediatria tem uma história
rica e longa de descobertas epidemiológicas e terapêuticas de várias doenças,
especialmente doenças infecciosas, diarreicas e respiratórias e estuda integralmente
a saúde no período que vai da concepção à adolescência no processo saúde-
doença.
A saúde pública é organizada de tal maneira que os recursos da medicina
estão a serviço da saúde das pessoas. No caso da pediatria, existem programas
nacionais que visam melhorar a sobrevivência e o desenvolvimento da criança todos
os dias, o que é alcançado através da melhoria das ações de saúde e da garantia de
formação adequada e atualização de recursos para a assistência pediátrica, como
citado pela Organização Mundial da Saúde (2011).
Ainda de acordo com este problema, o Fundo Internacional de Emergência
para a Infância das Nações Unidas (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde
(2011) propõem que, para alcançar a meta do milênio, número 4, é reduzir a
mortalidade da criança de um ano em 65% para em 2020, em comparação a 2000,
um dos esforços intensivos que é essencial trata-se de reduzir a incidência de
doenças respiratórias graves e as mortes por ela causadas (DICKINSON et al.,
2014).
Estudos realizados por Goynechea na revista médica de doenças infecciosas
respiratórias para a população de crianças menores de um ano à dez anos foi
verificado um padrão sazonal em caso de algumas viroses coincidindo com o que
18
ocorre em países de clima temperado nos meses de setembro para fevereiro
(GOYNECHEA, 2010).
Na faixa etária pediátrica, crianças menores de dois anos apresentam a maior
taxa de mortalidade e a bronquites é uma das causas mais freqüentes de morte
nessa faixa etária (GONZÁLEZ, 2010).
De acordo com bibliografias disponíveis, infecções respiratórias agudas (IRA)
são um complexo de doenças causadas por vários germes que afetam qualquer
parte do sistema respiratório, com duração de menos de quatro semanas
(RODRÍGUEZ et al., 2010).
Tem sido demonstrado que a poluição ambiental é capaz de desencadear
crises brônquicas obstrutivas em crianças com sintomas respiratórios. No que diz
respeito à criança, o sexo masculino é considerado um fator de risco, outro é a idade
jovem, como observado por um aumento da incidência em crianças menores de 2
anos, e especialmente naqueles com menos de 6 meses devido a um mecanismo de
defesa menos desenvolvidas do trato respiratório dos que têm maior imaturidade
imunológica (MARTÍNEZ, 2015).
Segundo a OMS, o baixo peso ao nascer e a desnutrição são dois dos mais
importantes fatores de risco para as doenças respiratórias e causa de morte nos
países em desenvolvimento (VOYER et al., 2013)
No Brasil, o baixo peso ao nascer afeta 5% dos recém-nascidos e práticas
inadequadas de amamentação, seja por desmame precoce, ausência total de
lactação ou lactação mista, impedem seu efeito protetor sobre a mortalidade em
geral, o que inclui a mortalidade por doenças respiratórias, impedindo o fornecimento
de substâncias antivirais à criança, antibacteriana e estimuladores do sistema
imunológico, esta é uma fonte de imunoglobulina A (ibidem).
A falta de imunizações também é considerada um fator predisponente para
doenças respiratórias caso não seja realizada. No Brasil, as vacinas do Programa
Nacional de Imunização garantem proteção contra coqueluche, sarampo e hemofílus
influenzae tipo B. Além disso, a vacina contra influenza A é administrada em
epidemias e em crianças com fatores de risco (GONZÁLEZ; ABREU, 2015).
A presença em creches ou lares é um fator de risco global para as doenças
respiratórias, devido à presença de portadores da nasofaringite que favorecem a
19
infecção respiratória. Outros fatores que contribuem para a evolução desfavorável,
gravidade e morte são a falta de percepção do risco por parte do pessoal de saúde e
o atraso na atenção médica (PELTON et al., 2012)
Algumas pessoas têm uma propensão genética para contrair doenças
respiratórias. Certos fatores ambientais, como a fumaça do tabaco e a poluição do
ar, também contribuem para o surgimento de alergias, asma e outras doenças
respiratórias.. Essas observações destacam a importância da interação entre o
contexto genético e os fatores ambientais. Além disso, o tabaco contém quantidades
consideráveis de monóxido de carbono, nicotina, cianeto de hidrogénio e outros, que
irritam a mucosa brônquica, e aumentam a adesão das células germinais das vias
respiratórias inferiores causando facilitando o aparecimento de doenças
respiratórias. Outros poluentes domésticos (combustão de biomassa, derivados de
petróleo) por sua vez também contribuem para o aumento desse risco (FONTENOT;
KOTZIN, 2013).
Às vezes, o cuidado da mãe pode ser um risco, especialmente quando é
muito jovem, tem baixo nível de escolaridade ou é de uma família disfuncional, não
garantindo o cuidado da criança e hábitos higiênicos (DÁVILA, 2007).
Na maioria das crianças, as doenças respiratórias são autolimitadas e podem
ser tratadas na casa do paciente. Entretanto, para crianças com fatores de risco
consideráveis ou graves, incluindo doenças concomitantes ou pré-existentes, baixo
peso, prematuridade ou desnutrição, entre outros, o manejo deve ser supervisionado
em um ambiente médico (BONILLO et al., 2011).
Deve-se estar atento para o diagnóstico diferencial para as causas de aflição
respiratória, como laringite ou um corpo estranho incorporado no trato respiratório
superior, adenóides hipertróficas, envenenamento por aspirina, fibrose cística e
outras patologias (BROUWER, 2012).
20
6 PLANO DE INTERVENÇÃO Essa proposta refere-se ao problema priorizado “ fatores de risco relacionados
com as doenças respiratórias na população sob responsabilidade da Equipe
da Saúde da Família Castanheira, do município Vigia de Nazaré, Estado do
Pará”, para o qual se registra uma descrição do problema selecionado, a explicação
e a seleção de seus nós críticos, de acordo com a metodologia do Planejamento
Estratégico Simplificado (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2017).
6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo) No mundo todo, as doenças que acometem o sistema respiratório ocupam a terceira
causa de morte e dentre as mais comuns estão as broncopatias e as pneumopatias.
Na equipe de saúde da família Castanheira este têm se mostrado um problema
muito frequente levando a reflexões da equipe de saúde para promover ações de
intervenção.
6.2 Explicação do problema selecionado (quarto passo) As doenças respiratórias estão associadas à morbidade e a mortalidade bem como a
fatores de risco como a baixa idade, precárias condições socioeconômicas,
desnutrição, pouco nível de escolaridade dos pais e a poluição ambiental. Tais
fatores tornam-se alertas para a identificação e monitoramento desta problemática,
bem como traçar correlações clínicas e estatísticas norteadoras.
6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo) Fatores de risco relacionados com as doenças respiratórias.
Nível de informação dos Agentes Comunitários de Saúde insuficientes.
6.4 Desenho das operações (sexto passo) As operações sobre cada um dos “nós críticos” relacionado ao problema das
doenças respiratórias foi trabalhado a partir de um programa educacional para
aumentar o conhecimento sobre as doenças respiratórias aos ACS, onde buscou-se
uma melhor compreensão destas doenças e suas conseqüências fatais que podem
advir dela, proporcionando uma qualidade de vida mais adequada na infância, isto
21
tendo por base que a educação é o principal elemento para o controle das doenças
respiratórias.
Quadro 2 – Operações sobre o “nó crítico 1” relacionado ao problema “fatores
de risco relacionados com as doenças respiratórias”, na população sob
responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Castanheira, do município de
Vigia, estado do Pará
Nó crítico 1 Fatores de risco relacionados com as doenças respiratórias
Operação
(operações)
Modificar fatores de risco das doenças respiratórias
Projeto Viver com saúde.
Resultados
esperados
Diminuir em 15 % os fatores de riscos que predispõem as doenças
respiratórias nas crianças
Produtos
esperados
Campanha educativa nas escolas, Campanha educativa na rádio local.
Recursos
necessários
Cognitivo: informação sobre o tema e estratégias de comunicação.
Financeiro: aquisição de folhetos educativos e materiais audiovisuais.
Político: Conseguir o espaço na rádio local e articulação intersetorial com a
rede de ensino
Recursos críticos Financeiro: aquisição de folhetos educativos e materiais audiovisuais.
Político: Conseguir o espaço na rádio local e articulação intersetorial com a
rede de ensino
Controle dos recursos críticos
Direção da rádio (motivação favorável).
Secretário Municipal de saúde (motivação favorável).
Secretário municipal de educação (motivação favorável)
Ações estratégicas articulação intersetorial
Prazo Três meses para o início das atividades
Responsável (eis) pelo acompanhamento das ações
Médico e enfermeira
Processo de monitoramento e avaliação das ações
Capacitação dos ACS
22
Quadro 3 – Operações sobre o “nó crítico 2” relacionado ao problema “nível de informação dos ACS insuficientes sobre as doenças respiratórias”, na população sob responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Castanheira, do município de Vigia, estado do Pará.
Nó crítico 1 Nível de informação dos ACS insuficientes sobre as doenças respiratórias
Operação
(operações)
Aumentar o nível de conhecimento dos ACS sobre as doenças respiratórias e
sua prevenção.
Projeto Saber mais
Resultados
esperados
Equipe de Trabalho com mais nível de conhecimento e preparação.
Produtos
esperados
Capacitação semanal aos ACS.
Recursos
necessários
Cognitivo: informação sobre o tema e estratégias de comunicação e
pedagógicas.
Financeiro: aquisição de folhetos educativos e materiais audiovisuais.
Organizacionais: organização da agenda de trabalho.
Recursos críticos Financeiro: aquisição de folhetos educativos e materiais audiovisuais.
Controle dos recursos críticos
Secretário Municipal de saúde (motivação favorável).
Ações estratégicas Reuniões intersetoriais
Prazo Três meses para o início das atividades e término em 5 meses.
Responsável (eis) pelo acompanhamento das ações
Médico e enfermeira
23
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estado do Pará é composto por 144 municípios, com uma população
estimada de aproximadamente 8 milhões. De acordo com as estatísticas municipais
de saúde, Vigia de Nazaré tem uma população pediátrica de 14064 crianças, das
quais aproximadamente 120 crianças com menos de dois anos de idade são
diagnosticadas com doenças respiratórias.
As doenças respiratórias, como asma e alergias, surgem devido à
combinação de diferentes fatores relacionados ao contexto genético, ao estilo de
vida e ao ambiente em que a pessoa vive. Por exemplo, pessoas com predisposição
genética expostas a fatores ambientais têm maior probabilidade de contrair doenças
como a asma.
Muitas doenças que surgem durante a infância ou na vida adulta podem ter
sua origem na gestação no útero ou na primeira infância. Assim, se uma mãe fumar
durante a gravidez, seu bebê será exposto à fumaça do tabaco, o que é prejudicial
para o desenvolvimento dos pulmões. Além disso, sofrer infecções respiratórias na
primeira infância pode ter consequências para a função pulmonar na vida adulta.
No estudo predominou a faixa etária de 13 a 18 meses, assim como o sexo
masculino, predominaram os fatores de risco modificáveis o aleitamento materno
inadequado e a presença de tabagismo dentro dos lares e os fatores de risco não
modificáveis a atopia em um ou ambos genitores.
A maioria dos ACS não tinham conhecimento sobre o tema doenças
respiratórias antes da aplicação do programa educacional. Após a aplicação do
programa educacional observou-se o aumento do nível de conhecimento dos ACS.
24
REFERENCIAS
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