INSTITUTO BIODIVERSIDADE MARINHA
PROJETO CORAL-SOL
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As múltiplas facetas de um projeto socioambiental
O Projeto Coral-Sol é uma iniciativa socioambiental do Instituto
Biodiversidade Marinha e hoje conta com um patrocínio
Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental. Seu
principal objetivo é controlar um coral exótico invasor no litoral
brasileiro, ao mesmo tempo gerando renda complementar para
populações litorâneas da baía da Ilha Grande, que é o local mais
afetado pela bioinvasão.
Os primeiros registros do gênero Tubastraea, no litoral brasileiro,
datam da década de 1990. As evidências sugerem que o vetor da
introdução tenha sido as plataformas de petróleo em operação na Bacia de Campos
(RJ). O risco de introdução é potencializado quando as plataformas se aproximam da
região costeira para manutenção. Colônias de coral-sol maduras e reprodutivas já
foram identificadas diversas vezes incrustradas nas estruturas submersas das
plataformas de petróleo. A falta de protocolo de biosegurança permite que essas
colônias liberem suas larvas na coluna d´água, em condições favoráveis para o
assentamento das mesmas. Consequentemente, existe uma alta probabilidade de
repetidas introduções, o que agrava o risco de invasão e dificulta medidas de controle
e erradicação.
Já existem duas espécies de coral-sol na costa brasileira: Tubastraea coccinea e
Tubastraea tagusensis. Ambas originárias do Indo-Pacífico, elas apresentam uma
historia evolutiva muito distinta das espécies de corais nativas do Sudoeste do
Atlântico, o que acaba lhes conferindo uma série de vantagens competitivas. Desta
forma, uma vez estabelecido, o coral-sol é capaz de deslocar organismos nativos do
costão rochoso e ocupar primeiro os espaços vazios. Assim, ele reduz a biodiversidade
e a complexidade estrutural do ecossistema. Os desdobramentos de tamanho impacto
ambiental são difíceis de prever, mas podem alcançar esferas sociais e econômicas,
principalmente em comunidades litorâneas dependentes do ambiente marinho e seus
recursos.
Diante dessa problemática, o Instituto Biodiversidade Marinha propõe diversas
medidas para melhor gerenciar esses impactos e evitar uma maior escalonada da
bioinvasão do coral-sol no Brasil.
Monitoramento
O monitoramento da distribuição das espécies de coral-sol é um ponto chave
para o delineamento estratégico do seu controle. Sem uma avaliação precisa da
abrangência geográfica do problema e da densidade de colônias em cada ponto
de introdução (primária ou secundária), torna-se impossível planejar ações
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eficazes de retirada. O método utilizado no Programa de Monitoramento do
Projeto Coral-Sol, sob coordenação da Dr. Beatriz Fleury, usa uma escala quali-
quantitativa (Escala DAFOR) para observações subaquáticas que permite
estimar a densidade do coral-sol em diversos pontos de mergulho (apnéia ou
SCUBA, dependendo da profundidade). Além disso, um monitoramento mais
intensivo dos efeitos do coral-sol sobre a comunidade do costão rochoso está
sendo implementado na baía da Ilha Grande e no litoral norte de São Paulo.
Pesquisa
A pesquisa científica, desenvolvida em parceria com o Laboratório de Ecologia
Marinha da UERJ e coordenada pelo Dr. Joel Creed, é a base de sustentação de
todo o Projeto Coral-Sol. Além dos dados de distribuição gerados ao longo do
monitoramento, diversos experimentos vêm sendo realizados a fim de elucidar
questões importantes sobre a biologia desses corais e as características que os
tornam invasores bem sucedidos no Brasil. Algumas dessas linhas de
investigação incluem aspectos da alimentação, reprodução, interação
competitiva com outros organismos do costão (nativos e exóticos) e efeitos de
parâmetros abióticos sobre a sobrevivência do coral-sol.
Recuperação ecossistêmica
Quando se trata de espécies exóticas invasoras, o tempo de reação é um fator
muito importante. Quanto maior a demora em agir contra essas pragas, menor
será a probabilidade de erradicação. Além disso, o custo para solucionar o
problema também aumenta com o tempo (assim como o preço dos impactos).
Na baía da Ilha Grande, por exemplo, já não se visa mais a erradicação dos
corais (estima-se que haja mais de 3 milhões de colônias) e sim um efeito
conhecido como “slow the spread” onde objetiva-se conter a expansão dos
corais-sol, idealmente reduzindo a sua dispersão e distribuição geográfica.
Pequenas populações mais constritas, no entanto, como aquelas identificadas
em Salvador (Ba), Ilhas Cagarras (RJ) e Ilhabela (SP) são ótimos candidatos para
a força tarefa do Projeto Coral-Sol e seu Programa de remoção intensiva.
Contudo, nossa equipe não tem meios para vigiar todos os 8.500 quilômetros
de costa do país. Por isso, foi criado um canal de denúncia através do qual
todos os brasileiros em contato com o mar (principalmente mergulhadores)
podem comunicar ocorrências do coral-sol no ambiente natural e desencadear
o processo para sua erradicação local.
Geração de renda
A remoção do coral-sol do ambiente não requer alta tecnologia, porém
apresenta um custo, principalmente relativo ao uso de embarcações. Em locais
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como a baía da Ilha Grande, é importante que o esforço de catação seja
constante e duradouro (cerca de 20 a 30 anos) para evitar que o próprio
invasor ocupe as áreas expostas no costão pela sua remoção. Portanto, a
sustentabilidade da atividade de remoção torna-se um quesito importante no
sucesso da proposta. Por isso, o PCS visa a criação de produtos que utilizem o
esqueleto do coral-sol e sua comercialização através de uma cooperativa de
catadores (devidamente capacitados pelo projeto). Hoje, existe um mercado
nacional e internacional de produtos a base de coral que é suprido
majoritariamente por corais retirados ilegalmente dos recifes. Muitos são
representantes de espécies endêmicas e algumas estão até ameaçadas de
extinção. A substituição desses produtos ilícitos pelos produtos Coral-Sol traria,
portanto, um benefício ecológico dobrado (retirada do invasor e
redirecionamento do esforço de catação) além do benefício econômico e social
da geração de renda adicional para os catadores de coral-sol.
Capacitação
(1) Catadores: os catadores de coral-sol são selecionados dentre os moradores
da região e passam por um processo de capacitação. Esse treinamento não
ensina apenas a técnica de remoção e processamento dos esqueletos, mas
também contextualiza a atividade dentro da problemática ambiental em
questão. Desta forma, o PCS não forma apenas mão de obra especializada,
mas ajuda na formação dos cidadãos da Ilha Grande.
(2) Voluntários: assim como todas as ONGs, o Instituto Biodiversidade Marinha
conta com a atuação de diversos voluntários para a realização dos seus
projetos. No caso do Projeto Coral-Sol, os voluntários são selecionados
entre estudantes universitários interessados na vida marinha e passam por
um longo período de capacitação teórico-prática. Desta forma, o
voluntariado passa a ser uma relação de troca onde o IBM contribui para a
formação acadêmica e pessoal do voluntário que investe o seu tempo nas
nossas ações.
(3) Parceiros: a expansão do trabalho de monitoramento e comunicação
requer o apoio ativo dos parceiros do PCS. Para garantir a padronização e a
qualidade de todas as ações do projeto, torna-se importante qualificar
esses parceiros através de sessões personalizadas de acordo com a atuação
de cada entidade.
(4) Gestores e lideranças locais: além dos nossos parceiros, o sucesso do
projeto depende da participação de diversos outros agentes
multiplicadores incluindo gestores ambientais locais, barqueiros e guias,
entre outros profissionais que atuam na Ilha Grande. Para essas pessoas,
idealizou-se uma capacitação não apenas virada para os objetivos do PCS,
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mas também para incentivar a conduta consciente de moradores e turistas
no ambiente costeiro.
(5) Professores: os professores da rede pública de ensino (municipal e
estadual) foram identificados como importantes agentes multiplicadores
das informações e valores passados pelo PCS. Portanto, foi criado um
programa de capacitação desses agentes na região da baía da Ilha Grande,
incluindo uma aproximação do ambiente marinho, uma visita ao Centro de
Visitantes do PCS na Vila do Abraão (IG) e disponibilização de material
didático para uso na sala de aula.
Educação Ambiental
(1) Centro de Visitantes: estrategicamente localizado, o centro de visitantes do
PCS tem como finalidade principal a difusão do conhecimento sobre os
ecossistemas marinhos costeiros da Ilha Grande e a problemática da
bioinvasão do coral-sol na região. Visando atingir tanto moradores quanto
turistas, o centro dispõe de uma exposição permanente e organizará uma
série de eventos para promover as atividades do projeto para os
freqüentadores da Vila do Abraão. Além de se tornar mais uma atração do
Abraão, o centro também serve de base para as atividades técnicas do PCS.
Administrado pelo Alexandre “Dico” Cuellar, o centro é o principal foco de
atuação dos voluntários do projeto.
(2) Visitas guiadas: um dos mais importantes serviços oferecidos pelo centro de
visitantes são as visitas guiadas. Em poucas horas, o visitante é levado por
monitores do PCS para percorrer um caminho que passa por diversos
ambientes costeiros. Ele é estimulado a observar os ecossistemas de uma
forma mais crítica a fim de perceber seus componentes principais e a
interação entre eles. A visita passa por uma trilha na mata, um mergulho de
apnéia no costão e termina no centro de visitantes para visualização de
plâncton (coletado durante o mergulho) sob a lupa.
(3) Comunidades da Ilha Grande: apesar de estar baseado na Vila do Abraão, o
Projeto Coral-Sol visa atuar na Ilha Grande de forma mais abrangente. Por
isso, nossas ações de educação ambiental contam com a implementação de
pesquisa-ação em diversas comunidades da Ilha visando difundir a
mensagem do projeto, agregar parceiros, recrutar catadores e identificar
conflitos e impactos ambientais. Na intenção de contribuir para o bem-
estar das comunidades da Ilha Grande, o PCS se coloca sempre como uma
força agregadora para promover o diálogo entre as partes interessadas e a
difusão da informação através da comunicação.
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Comunicação
As atividades de comunicação e divulgação do PCS visam informar, sensibilizar
e mobilizar o público em geral para tomar ações concretas para a conservação
do ambiente marinho. Tais ações incluem a replicação da informação, a
denúncia de impactos (como a introdução do coral-sol), a cobrança do poder
público por políticas mais eficazes e a colaboração direta com o projeto, entre
outras. A atuação do PCS inclui a internet e redes sociais, eventos científicos,
acadêmicos e culturais, mídia, reuniões com a sociedade civil, poder público e
iniciativa privada, além das atividades já citadas. A fim de atingir um público tão
amplo e firmar a identidade visual do PCS, contamos com prestação de serviços
da Comnic-Commédia Nacional, responsável pela criação de três
documentários sobre o PCS e da Logochef, encarregada da criação do logotipo
e identidade visual do projeto.
Parceiros
Um projeto do tamanho e complexidade do Projeto Coral-Sol não é, nem
poderia ser, executado exclusivamente pelo Instituto Biodiversidade Marinha.
Contamos com valiosas parcerias incluindo a Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ), o Comitê de Defesa da Ilha Grande (CODIG), o INEA através do
Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG), o ICMBio através da Estação Ecológica
de Tamoios (ESEC Tamoios), a Associação Curupira de Guias e Condutores de
Visitantes da Ilha Grande, o Instituto Terra e Mar com base em São Paulo e o
Centro de Biologia Marinha da USP (CEBIMar). Em uma fase inicial, o projeto
contou com o apoio financeiro da UniSol/Banco Real, FAPERJ e CNPq. Hoje, as
atividades do PCS são realizadas graças a um patrocínio Petrobras através do
Programa Petrobras Ambiental. Estamos em constante busca de novos
parceiros e esperamos em breve adicionar outros nomes a essa lista.
A partir de agora, você faz parte da equipe do Projeto Coral-Sol. O voluntariado é uma
parte importante da realidade do terceiro setor no mundo inteiro. Através dele,
cidadãos têm a oportunidade de participar ativamente de projetos sociais, ambientais,
e culturais com os quais se identificam. Apesar de não constituir um vínculo
empregatício, a relação entre projeto e voluntário é uma relação de respeito e
responsabilidade. Esperamos poder contribuir com a sua formação, proporcionando-
lhe experiências inesquecíveis e contamos com o seu comprometimento. Seja bem-
vindo!
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Contatos
Rio de Janeiro
1. Escritório Instituto Biodiversidade Marinha
Av. Ayrton Senna 250 sala 203
Barra da Tijuca
22793-000 Rio de Janeiro – RJ
(21) 2433-7311
(21) 2480-2158
Amanda de Andrade (gerente executiva): [email protected]
Camila Meireles (educadora ambiental): [email protected]
Lívia Corrêa (estagiária de educação ambiental) [email protected]
Marcelo Checoli Mantelatto (Oceanógrafo): [email protected]
Angela Bergallo (agente administrativa): [email protected]
2. Laboratório de Ecologia Marinha Bêntica (UERJ)
Rua São Francisco Xavier 524, PHLC sala 220
20550-900 Rio de Janeiro – RJ
(21) 2334-0260
(21) 2334-0546 (ramal 30)
Angra dos Reis
1. Centro de Visitantes do Projeto Coral-Sol
Rua Amâncio Felício de Souza (rua do Maneco) 53
Vila do Abraão, Ilha Grande
23968-970 Angra dos Reis – RJ
(24) 3361-9152
Daniel de Oliveira (administrador do C.V.): [email protected]
Paula Araújo (recepcionista do CV)
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Biologia e Ecologia de Corais
Simone Siag Oigman Pszczol*
*Dr. Ecologia (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e Diretora do Instituto Biodiversidade Marinha.
O que é um coral? Há quanto tempo eles existem? Como eles são? O que eles
comem? Como eles vivem? Aonde podemos os encontrar?
Os corais, apesar de mundialmente famosos, não são organismos facilmente
reconhecidos pelo público em geral. Devido a sua morfologia e esqueleto, são
comumente confundidos com plantas ou pedras.
Os corais são animais marinhos do grupo dos cnidários que possuem esqueleto
calcário (carbonato de cálcio) ou córneo (flexíveis). Eles fazem parte de um grupo
variado de invertebrados que inclui organismos aquáticos tais como as águas vivas,
medusas, anêmonas, octocorais, corais pétreos e corais de fogo. Os cnidários possuem
várias características do reino animal, incluindo organização dos sistemas nervoso e
muscular, metabolismo respiratório e alimentação de substâncias orgânicas
complexas.
Para melhor compreender temos que conhecer o grupo que eles estão inseridos.
O filo Cnidaria é subdividido em 4 classes: Hydrozoa (hidras, hidróides, hidromedusas,
caravelas), Scyphozoa (águas-vivas), Cubozoa (medusas altas, cubiformes) e Anthozoa
(anêmonas-do-mar, corais, gorgônias).
Os cnidários apresentam um corpo cilíndrico com uma cavidade gástrica, uma
estrutura em forma de saco com uma boca circundada por um ou mais círculos de
tentáculos que é utilizada para a ingestão de partículas de alimento e eliminação de
resíduos. Estes organismos são diploblásticos, (epiderme e gastroderme), possuem
simetria radial e, uma característica que está presente em todos os cnidários e os
diferencia, estruturas denominadas cnidas (do grego= urtiga). As estruturas mais
comuns são chamadas nematocistos que podem ser disparados e assim injetar toxinas
capazes de paralisar sua presa e defender o animal de predadores ou competidores.
Estes animais possuem um ciclo de vida com dois estágios: pólipo (séssil) ou medusa
(livre). O ciclo de vida da maioria das espécies das classes Hydrozoa, Scyphozoa e
Cubozoa apresenta alternância entre uma fase de pólipo e uma fase de medusa. A fase
medusa predomina em Cubozoa e Scyphozoa, enquanto que em Hydrozoa predomina
o pólipo e, em alguns casos, não possui uma das duas fases. A classe Anthozoa é
representada apenas pela fase de pólipo.
Os antozoários são exclusivamente marinhos e estão divididos em 3 subclasses
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(Octocorallia, Hexacorallia e Ceriantipatharia). A ordem Scleractinia, da subclasse
Hexacorallia, inclui os verdadeiros corais conhecidos popularmente como corais
pétreos ou escleractínios.
Estes organismos apareceram há 240 milhões de anos atrás. São animais
encontrados na forma de pólipo exclusivamente marinhos que secretam um esqueleto
calcário. Eles estão divididos ecologicamente em 2 grandes grupos: o grupo construtor
de recifes de coral, que são os mais conhecidos, sendo encontrados em águas rasas e
claras dos trópicos, e o grupo que não forma recifes de coral, encontrado em todas as
regiões dos oceanos, incluindo regiões temperadas, polares, desde águas rasas até
6000 metros. Exemplos de corais não formadores de recife são os corais-sol
Tubastraea coccinea e Tubastraea tagusensis.
A principal característica dos corais escleractínios construtores de recife é a
presença de microalgas, as zooxantelas, localizadas dentro do tecido do coral. A
relação entre esta alga e o coral é considerada uma simbiose, onde ambas as partes
obtêm benefícios. A alga fornece ao pólipo alimento através do processo de
fotossíntese e, em troca, recebe proteção e nutrientes.
Os corais escleractínios têm o esqueleto calcário, secretado por células da base
do pólipo e desta forma eles se encontram sobre um esqueleto externo. Eles
apresentam uma grande variedade de formas, cores e tamanhos, podem ser solitários
(apresentando apenas um pólipo) ou coloniais (formados por vários pólipos). São
animais tipicamente carnívoros, mas também podem se nutrir de matéria orgânica
particulada ou dissolvida, ou dos compostos derivados de microalgas simbiontes
(zooxantelas).
As colônias têm seu crescimento mais importante a partir de reprodução
assexuada, sendo mais rápido em espécies ramificadas ou foliáceas apesar do peso
final ser inferior ao das colônias maciças. Diversos fatores ambientais como,
temperatura da água, sedimentação, luminosidade, nutrientes e hidrodinamismo
influenciam o crescimento e a forma dos corais. Formas maciças ou ramificadas
espessas dominam as regiões superficiais mais batidas, enquanto que formas
ramificadas mais frágeis ou foliáceas dominam a parte mais inferior dos recifes. A
variação sazonal pode promover diferentes taxas de deposição criando bandas
distintas de crescimento onde se pode estimar a idade e a taxa de crescimento da
colônia.
Os corais se reproduzem tanto sexuadamente, quanto assexuadamente. A
reprodução assexuada acontece por brotamento, com divisão interna do pólipo ou
pelo brotamento de um novo pólipo entre dois pólipos pré-existentes. Em alguns casos
há liberação de propágulos livres. A fragmentação de ramos ou partes de uma colônia
também funciona como estratégia de reprodução. Esse tipo de reprodução pode ser
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desvantajoso pela ausência de variabilidade genética (organismos ficam mais
susceptíveis às mudanças ambientais) e limitada capacidade de dispersão.
Já a reprodução sexuada envolve a produção meiótica de gametas. Os animais
podem ser gonocóricos (apresentam colônia macho e fêmea separadamente) ou
hermafroditas (a produção de gametas masculinos e femininos ocorre na mesma
colônia, ou até no mesmo pólipo). Os corais apresentam dois modos distintos de
reprodução que diferem quanto ao encontro dos gametas. Nas espécies incubadoras,
o ovo é fertilizado internamente, portanto o embrião se desenvolverá numa plânula
dentro do pólipo. Enquanto que as espécies desovadoras liberam os gametas na
coluna d’água. O sincronismo da desova é fundamental para o sucesso da fertilização.
Após a fecundação o ovo se transforma em uma larva plânula ciliada que pode nadar
de algumas horas a alguns dias antes de se fixar. Há seleção do local para fixação por
recepção de sinais químicos, sendo em alguns casos espécie-específico. Após o
assentamento, a larva sofre metamorfose, começa a secretar o esqueleto calcário que
irá fixá-la ao substrato, formando o recruta ou o pólipo fundador.
Em um ambiente dominado por corais, o espaço primário é ocupado pelas
espécies dominantes: os próprios corais ou tufos de algas. As algas são os maiores
competidores. Desta maneira espera-se que ocorra uma competição tanto entre
espaço, quanto por luz. Colônias de corais ramificados crescem mais rápido,
sombreando outros tipos mais maciços. No entanto, estas outras têm habilidade de
externar os filamentos dos mesentérios e agredir a colônia vizinha causando necrose
dos tecidos da mesma. A competição entre corais e algas pode ser reduzida pelos
peixes herbívoros e outros invertebrados que colocam os corais em vantagem. Muitas
vezes o que acontece é o deslocamento das espécies com a profundidade acarretando
numa zonação. Algas em profundidades mais rasas e corais em profundidades
maiores.
Pouco ainda se sabe sobre o papel da predação na determinação da estrutura e
composição das comunidades coralíneas. Os predadores mais comuns são
equinodermas (pepinos do mar, ouriços e estrelas) e grandes moluscos. Entretanto, os
dois maiores predadores de corais, a estrela do mar, Acanthaster planci, e vários
peixes são capazes de destruir as colônias de corais e modificar a estrutura dos recifes.
Normalmente esta estrela exerce uma forte influência na composição das
comunidades coralíneas a partir do momento que existe uma preferência alimentar
sobre espécies de coral dominantes de rápido crescimento. Através da seleção de suas
presas, ela promove uma maior diversidade de corais e ajuda na sobrevivência das
espécies de crescimento mais lento. Entretanto, desde 1950 ocorreram alguns surtos e
explosões nas densidades desta estrela no Oeste Pacífico. Ao passar da densidade de 1
a 3 indivíduos por 4 horas para 100 indivíduos em 20 minutos por recife. Nesses casos
os recifes foram severamente destruídos.
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Existem dois grupos de peixes que afetam as colônias de coral, os coralívoros e o
omnívoros. Os peixes coralívoros consomem diretamente os pólipos e os omnívoros
removem os pólipos em busca de algas e invertebrados. Outros predadores, menores
e bem escondidos entre os corais, como os poliquetas, caranguejos, nudibrânquios,
parecem não ter um efeito significativo nas colônias de corais, nem na comunidade.
Os herbívoros são indiretamente responsáveis pelo sucesso dos corais, porque
eles regulam as algas. Peixes e ouriços são os herbívoros mais importantes no recife de
coral, a ponto de, uma vez excluídos, provocarem uma mudança substancial na
composição e na diversidade das espécies. Em recifes onde número de herbívoros foi
drasticamente reduzido, algas filamentosas e foliáceas começaram a crescer sobre as
colônias de coral, sufocando as mesmas. Todas essas interações biológicas e físicas
ajudam a promover uma maior diversidade, tanto de corais, quanto de outros animais
e algas.
Duas grandes províncias de recifes de coral são identificadas: Indo-Pacífica e
Atlântica. A primeira chega a ter 700 espécies, em 80 gêneros de coral, enquanto a
segunda tem cerca de 62 espécies, em 36 gêneros. No Brasil, estão localizadas as
únicas formações coralíneas do Atlântico Sul. Comparando a outras regiões do mundo,
o Brasil possui uma baixa diversidade de corais recifais de águas rasas. Na costa
brasileira há registros de ocorrência de 16 espécies de corais escleractínios recifais,
distribuídas em 10 gêneros e oito famílias. Apesar do pequeno número de espécies,
nossos corais-pétreos têm grande importância biológica. Cinco destas espécies são
endêmicas do Brasil, ou seja, só ocorrem em águas brasileiras.
Literatura Consultada:
Birkeland, C. 1997. Life and death of coral reefs. Chapman & Hall, New York. 536p. Brusca, R. C. & Brusca G. J. 2002. Invertebrates. Sunderland, MA: Sinauer Associates. 936p. Crespo, J.M. & Soares-Gomes, A. 2002. Biologia Marinha. Ed. Interciência. 382p. Hetzel, B. & C.B. Castro. 1994. Corais do Sul da Bahia. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 189p. Projeto Coral Vivo. http://www.coralvivo.org.br
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Ecologia e Biologia dos Bentos de Costões Rochosos
Marcelo Checoli Mantelatto*
*Mestre em Ecologia e Evolução (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ), Oceanógrafo
(Centro Universitário Monte Serrat - Unimonte) e Técnico Ambiental do Projeto Coral-Sol (Instituto
Biodiversidade Marinha – IBMar).
1. Introdução
As regiões costeiras constituem o limite entre os ambientes terrestres e
marinhos e o encontro destes produz uma variedade de ambientes, como praias,
costões rochosos, estuários, manguezais, dunas e marismas, os quais são
constantemente modificados basicamente pelas ondas, alterações do nível do mar e
pelo tempo geológico (BYATT et al., 2001).
Os costões rochosos são afloramentos de rochas cristalinas na linha do mar,
sujeitos a diferentes condições ambientais, podendo apresentar diferentes
configurações como falésias, matacões e costões amplos e contínuos (BYATT et al.,
2001).
Os habitats bentônicos costeiros são um dos mais produtivos ambientes
marinhos, recebendo grande quantidade de nutrientes de origem terrestre como
oceânica. Devido a esta abundância de nutrientes, estes ambientes abrigam grande
número de espécies de importância ecológica e econômica, possuindo também
elevada biomassa e produção primária. Desta forma, diversos organismos também
utilizam estas regiões para reprodução, proteção, alimentação e crescimento
(COUTINHO & ZALMON, 2009; LEVINTON, 2001).
Desta maneira, os costões possuem um importante valor ecológico no
equilíbrio dos ecossistemas costeiros, possuindo ambientes ricos em recursos
alimentares e de grande valor econômico devido à exploração de recursos pesqueiros,
além do seu valor turístico e recreacional (LAMPARELLI, et al., 1998). O turismo, a
pesca, a aqüicultura, a especulação imobiliária, as atividades extrativistas e portuárias,
são as principais atividades econômicas vinculadas a região de costões rochosos
(SANTOS & GOMES, 2006).
Contudo, a ocupação e o turismo desordenado, o lançamento de esgotos, o
desmatamento, a introdução de espécies exóticas provenientes da descarga de água
de lastro de navios, além dos vazamentos e acidentes de óleos e derivados, fazem com
que os costões rochosos sejam alvos de impactos e alterações antrópicas, colocando o
ecossistema em questão em risco.
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2. Estudo ecológico das comunidades bentônicas de costões rochosos no Brasil e
distribuição dos mesmos no Litoral Brasileiro
São poucos os estudos dos organismos bentônicos que habitam os costões
rochosos (COUTINHO & ZALMON, 2009) e este número é ainda menor na região do
infralitoral (WITMAN & DAYTON, 2000), a qual vem sendo estudada com maior
intensidade apenas nos últimos anos devido à chegada do equipamento de mergulho
autônomo. O estudo da ecologia de comunidades marinhas bentônica de fundos
consolidados é complexa devido aos diversos fatores que estão relacionados a suas
estruturas e funcionamento.
Na costa brasileira, os costões rochosos estão presentes, quase que
exclusivamente, nas regiões sul e sudeste do país, devido à proximidade da Serra do
Mar (COUTINHO & ZALMON, 2009) e desta forma representam o maior esforço e
contribuição de estudos em costões rochosos no Brasil.
3. Distribuição vertical e zonação em costões rochosos
Os organismos bentônicos que estão distribuídos ao longo da costa brasileira
são resultados de diversos e complexos fatores históricos, biogeográficos e das
características hidrológicas de cada região (COUTINHO & ZALMON, 2009).
Um dos aspectos mais evidentes num costão rochoso é a distribuição dos
organismos em faixas dispostas horizontalmente ao longo do gradiente vertical do
costão, onde as condições bióticas e abióticas do ambiente são mais propícias para
cada espécie e esta possui adaptações especiais para viver nesta área. Este tipo de
distribuição é conhecido como zonação (COUTINHO & ZALMON, 2009; NYBAKKEN &
BERTNESS, 2005).
Nesta zonação, normalmente o limite superior é controlado por limites
fisiológicos, e o limite inferior determinado pela presença de predadores ou
competição entre as espécies (LEVINTON, 2001). A grande diversidade biológica
encontrada nos costões faz com que nestes ambientes ocorram fortes interações
biológicas conseqüentes da limitação do substrato rochoso (COUTINHO & ZALMON,
2009).
Um esquema geral de zonação foi proposto por Stephenson e Stephenson
(1949, apud COUTINHO & ZALMON, 2009) e mais tarde conceituada e modificada por
Lewis (1964, apud COUTINHO & ZALMON, 2009). Paula (1987, apud COUTINHO &
ZALMON, 2009) adaptou e traduziu o esquema para o Brasil (Figura 1). A zonação das
espécies nesses ambientes reconhece três zonas principais:
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Figura 01: Esquema de zonação de Lewis (1964, apud COUTINHO & ZALMON, 2009), adaptado por Paula (1987, apud COUTINHO & ZALMON, 2009). Fonte: COUTINHO & ZALMON, 2009
3.1. Zona do Supralitoral (orla litorânea)
Parte superior do costão, a qual estabelece a fronteira entre o ambiente
marinho e o terrestre. Seu limite superior é o local onde não há presença de respingo
de água salgada. É a zona mais exposta do costão
3.2. Zona do Médiolitoral (região eulitorânea)
Os organismos presentes nesta zona estão sujeitos a períodos alternados de
imersão e emersão, sob ação das marés enchentes e vazantes. Estas flutuações da
maré mudam constantemente a temperatura, umidade e salinidade desses ambientes,
influenciados principalmente pela insolação, chuva e pelo vento.
3.3. Zona do Infralitoral (região sublitorânea)
Área totalmente submersa, podendo ficar emersa apenas em ocasiões
excepcionais da maré. A região do infralitoral possui uma posição bem variada em
termos de profundidade, podendo estar ausente em regiões de alta turbidez e alta
atividade de deposição de sedimentos, e estender-se até 268 metros em locais de
águas claras (COUTINHO & ZALMON, 2009).
Diversos fatores, como a ação das ondas, intensidade de luz e a temperatura da
água, tendem a diminuir com a profundidade (NYBAKKEN & BERTNESS, 2005; SUMICH,
1992). Os organismos presentes nestas regiões são menos tolerantes aos estresses das
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outras camadas, a qual apresenta ambientes mais instáveis (COUTINHO & ZALMON,
2009; LEVINTON, 2001; SUMICH, 1992).
As algas e os organismos coloniais são dominantes nesses ambientes e devido
ao espaço limitado nesses costões, diversas relações inter e intra-especificais podem
ser visíveis, onde diversas espécies de morfologias e evoluções diferentes competem
pelo mesmo espaço (LEVINTON, 2001; NYBAKKEN & BERTNESS, 2005).
A presença de matacões nos costões propicia ambientes distintos devido a
diferentes condições de luminosidade e hidrodinâmica, e desta forma, aumenta a
diversidade do local.
A distribuição e a abundância de organismos no infralitoral de um costão
rochoso são influenciadas por diversos fatores bióticos (disponibilidade de alimento,
recrutamento, mortalidade, competição, predação e assentamento) e abióticos
(substrato, luminosidade, temperatura, salinidade, hidrodinâmica local, sedimentação
e turbidez da água) que interagem produzindo ambientes distintos (COUTINHO &
ZALMON, 2009; LEVINTON, 2001; NYBAKKEN & BERTNESS, 2005).
Desta forma, a comunidade bentônica em ambientes abrigados e/ou
protegidos é geralmente diferente das encontradas em ambientes abertos e/ou
desabrigados. Muitas espécies em áreas protegidas não são encontradas em áreas
abertas e vice-versa, ainda, nas espécies que podem ocorrer em ambos os habitats,
podem ocorrer diferenças morfológicas entre elas (LEVINTON, 2001).
4. Adaptações dos organismos bentônicos em costões rochosos
Os organismos presentes no costão rochoso podem ser sésseis, possuindo
estruturas de fixação permanente, ou de fixação temporária e vágeis, podendo
deslocar livremente, não possuindo nenhuma estrutura específica de fixação, mas
adaptações morfológicas ao ambiente (COUTINHO & ZALMON, 2009). Os organismos
vágeis possuem a vantagem da locomoção, podendo assim se mover e orientar para
atenuar seus limites (LEVINTON, 2001).
A forma e o tamanho do corpo de um organismo bentônico podem representar
uma adaptação por este ao ambiente. A relação entre superfície de fixação (SF) e
superfície total (ST) dos organismos representa a forma de fixação utilizada por estes.
Quando a razão SF/ST é próxima a 1, os organismos estão aderidos totalmente ao
substrato, como as esponjas, algas crostosas e briozoários incrustantes. Organismos
tais como os hidróides, briozoários, ascídias solitárias e inúmeras algas, que se fixam
por apenas um ponto ou por uma zona apresentam valores menores de SF/ST
(COUTINHO & ZALMON, 2009).
Organismos fixadores estão sujeitos e são influenciados pela força de arrasto
das ondas e das correntes, e desta forma, apresentam adaptações morfológicas para
combater ou minimizar estas variáveis. Organismos de forma cônica, por exemplo,
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apresentam boa resistência ao deslocamento das ondas e organismos ramificados já
oferecem pouca resistência ao fluxo de águas. Em condições de forte fluxo, onde a
pressão de arrasto pode ser máxima, torna-se difícil manter uma posição ereta e desta
forma, alguns organismos possuem corpo flexível reduzindo a força de arrasto
(COUTINHO & ZALMON, 2009; LEVINTON, 2001).
Em costões abrigados, devido ao reduzido estresse físico, há maior chance das
espécies mais frágeis e delicadas se instalarem (OLIVEIRA-FILHO & MAYAL, 1976). As
maiores diversidades tendem a ocorrer em locais com um grau intermediário de
hidrodinamismo, onde as condições extremas de estresse físico e as pressões
biológicas de predação e competição são atenuadas (COUTINHO & ZALMON, 2009).
A região do infralitoral é normalmente a mais diversificada (SUMICH, 1992) e
de maior importância econômica do meio marinho, mantendo as principais fontes de
pesca do mundo e possuindo um grande potencial mineralógico (RODRÍGUES, 1967).
Literatura consultada:
BYATT A, FOTHERGILL AA, HOLMES M (2001) The Blue Planet: a natural history of the
oceans. London: BBC Worldwide Limited 384p
COUTINHO R, ZALMON IR (2009) O Bentos de Costões Rochosos. In: PEREIRA RC,
SOARES-GOMES A. Biologia Marinha. 2ed Rio de Janeiro: Interciência Cap11, pp 281-
297
LAMPARELLI, CC, MOURA DO, RODRIGUES FO, LOPES CF, MILANELLI JCC, (1998)
Ecossistemas costeiros do Estado de São Paulo. São Paulo: CETESB – Secretaria de
Estado do Meio Ambiente – SP. Ed. Páginas e Letras 108p
LEVINTON JS (2001) Marine biology: function, biodiversity, ecology. 2ed Oxford
University press 515p
NYBAKKEN, JW, BERTNESS MD (2005) Marine biology: an ecological approach. New
York: Pearson Education 579p
OLIVEIRA-FILHO EC, MAYAL EM (1976) Seasonal distribution of Intertidal organisms at
Ubatuba, São Paulo (Brazil). Revista Brasileira de Biologia. 36:2:305–316
RODRÍGUES G (1967) Las comunidades bentonicas. In: MARGALEF R. Ecologia Marina.
Caracas: Fundación la Salle de Ciencias Naturales, Fondo de Cultura Científica, pp 563-
600
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SANTOS WA dos, GOMES EA (2006) Importância econômica dos costões rochosos.
Saúde & Ambiente em Revista. Duque de Caxias, 1:2:51-59
SUMICH JL (1992) Intertidal Communities. In: SUMICH JL An Introduction to the
Biology of Marine Life. 5ed Wm. C. Brown Publishers pp 216-243
WITMAN JD, DAYTON PK (2000) Rocky subtidal communities. In: GALNES MD, HAY ME
Marine Community Ecology. Massachusetts: Sinauer Associates Inc. pp 339-366
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Ecossistemas Marinhos da Ilha Grande
Felipe de Vargas Ribeiro*
* Mestre e bacharel em Biologia Marinha (Universidade Federal Fluminense).
Antes de descrever os diversos ecossistemas marinhos existentes na Ilha
Grande, é preciso entender a condição singular da região na qual a ilha está inserida. A
região hidrográfica da Baía da Ilha Grande possui uma beleza cênica gerada por uma
grande diversidade de ambientes costeiros, como enseadas, reentrâncias e ilhas que
abrigam uma rica fauna e flora marinha. Além disso, é nessa região que a Serra do Mar
encontra o oceano e os cursos d’água afluem para o mesmo, gerando um aporte de
matéria orgânica. Isso, somado a variações sazonais entre estações secas e chuvosas, e
a fatores oceanográficos também variáveis, fazem da BIG um santuário para espécies
marinhas e terrestres. Sendo assim, foi considerada de alta prioridade para a
conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade.
A seguir são descritos brevemente os principais ecossistemas marinhos: praias
arenosas, costões e lajes rochosas, manguezais, estuários e lagoas, e fundos moles.
Costões e Lajes Rochosas
Substratos duros de composição rochosa maciça geralmente formando
paredões que adentram o oceano ou na forma de matacões que são pedaços de rocha
com diâmetro variável entre 10 cm e 10 m. Lajes diferem dos costões por serem
isoladas da orla costeira e são estruturas de mesolitoral. Costões e Lajes possuem
comunidades bióticas similares.
É comum observar um padrão de zonação nesse tipo de ecossistema gerado
por uma resposta adaptativa dos diferentes organismos aos gradientes dos fatores
abióticos como profundidade, nutrientes, temperatura, dessecação, sedimentação, luz
e batimento de ondas. Interações biológicas, padrões de recrutamento e pressão de
propágulos também influenciam a distribuição dos organismos.
A área compreendida entre a vegetação terrestre e o limite superior da
ocorrência de cracas do gênero Chthamalus e gastropodos do gênero Littorina é
conhecida como supralitoral. Trata-se de uma zona exposta constantemente ao ar,
recebendo apenas borrifos de água do mar, na qual é possível observar também o
isópodo Ligia exotica conhecido pelo nome comum de barata-de-pedra.
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Descendo um pouco mais o costão encontra-se o mesolitoral, zona com grande
influência do regime de maré. Nessa zona já é possível observar organismos com os
mais diferentes recursos para sobreviver tanto submersos, quanto expostos ao ar.
Cracas colonizam a faixa superior e macroalgas a inferior. Também são comuns
bivalves como Perna perna, Brachidontes solisianus, e moluscos como Colisella
subrugosa, Fissurella sp. e Stramonita haemastoma. Ainda são frequentes estruturas
arenosas formadas por Phragmatopoma lapidosa.
A porção do costão que fica submersa de forma permanente é o infralitoral.
Quanto maior a complexidade do substrato, maior é a variedade de micro-habitats
favorecendo a colonização por diferentes tipos de organismos. A competição por
espaço e outros recursos é intensa entre os organismos sésseis. Macroalgas como
Dictyota, Padina, Sargassum, Pterocladiella, Asparagopsis, Caulerpa e Laurencia,
competem com cnidários como Palythoa caribaeorum, Mussismilia hispida, Zoanthus
sociatus, Carijoa riisei e Bunodosoma caissarum; esponjas como Desmapsana
anchorata e Aplysina fulva, e ascídias como Phallusia nigra. Outras espécies se
deslocam ao longo do costão ou mesmo sobre os organismos sésseis, em busca de
alimento, abrigo ou parceiros sexuais. Como é o caso da estrela-do-mar Oreaster
reticulatus, o ouriço Lytechinus variegates, e a holotúria Isostichopus badionotus.
Diversas espécies de peixes recifais também vivem intimamente associadas ao costão
como é o caso do peixe donzela; Chromis flavicauda.
Manguezal
O manguezal é característico de regiões tropicais e subtropicais, sendo
considerado um ecossistema de transição entre os ambientes marinhos e terrestres,
sujeito ao regime de maré. Ocorre em locais protegidos das ondas, em áreas de
deposição de sedimentos terrígenos ou marinhos, nos estuários e deltas de rios.
A vegetação típica do manguezal, o mangue, atua como uma armadilha de
sedimento, resultando num substrato lodoso. Os principais componentes vegetais são
o mangue vermelho, Rhizophora mangle, o mangue seriba ou siriuba, Avicenia spp., e
o mangue branco Laguncularia racemosa. Raízes aéreas e um sistema de secreção de
sal são algumas das estratégias de sobrevivência desses organismos. Os propágulos
podem se fixar no substrato ao cair, ou flutuar até se estabelecerem em local
adequado.
Gramas marinhas, arbustos e samambaias conseguem se estabelecer em
clareiras e em zonas de transição entre o mangue e o mar, ou no estuário. Algas se
desenvolvem nos troncos e raízes fornecendo abrigo para pequenos invertebrados.
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As copas das árvores abrigam animais terrestres como insetos, aves e
mamíferos. Na base da vegetação ocorre um acúmulo de folhas que são degradadas
por bactérias e fungos. Caranguejos como o chama-marés; Uca spp., uçauna; Ucides
spp., e guaiamum; Cardisoma sp., são abundantes. Caramujos como Neritina e
Littorina, ostras, cracas e mexilhões são comuns nos troncos e raízes. Nos corpos de
água aprisionados entre as raízes, juvenis de peixes e siris se desenvolvem
aproveitando a oferta de alimento oriunda do aporte de matéria orgânica e da rica
fauna do mangue.
Praias Arenosas
As praias são formadas através de processos de erosão e deposição que geram
acumulações de areia, moldadas pelas ondas e granulometria do sedimento.
Diferentes zonas são estruturadas pelas marés e ondas: zona superior, zona
mediolitoral, e zona inferior. Na zona de arrebentação há maior instabilidade do
substrato.
Na zona superior é possível observar a planta de restinga Ipomoea pes-capre,
que avança entre as tocas da maria-farinha; Ocypode quadrata, detritívoro que
também partilha o nicho com gaivotões e pulgas da praia.
O interstício da areia no médio-litoral é rico em detritos e microalgas que
servem de alimento para o tatuí; Emerita brasiliensis, a tatuíra; Lepidopa richmond, o
siri-chita; Arenaeus cribarius, os moluscos Tellina sp., o sarnambi Donax hanleyanus e
poliquetas.
Já no infralitoral, são comuns gastrópodes, como Olivancillaria brasiliensis, o
octocoral de sedimento Renilla sp. e as bolachas-da-praia Encope emarginata.
Estuários e Lagoas
Estuários e lagoas são caracterizados por gradientes de salinidade formados
pelo encontro entre as águas continentais e a água do mar. Ocorre uma estratificação
vertical, na qual a água mais salgada, mais densa, fica no fundo. Outros fatores
também variam, como oxigênio, temperatura, e clorofila. Poucos organismos
conseguem sobreviver em tais ambientes transacionais.
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Nas lagoas da Reserva Biológica da Praia do Sul ocorrem algumas espécies de
peixes como tainhas, robalos e carpebas, além de ostras, caranguejos como guaiamum
e uçauna, e o siri azul; Callinectes exasperatus.
No estuário de Dois Rios, é possível observar cracas, ostras e o caramujo
Neritina virginea. Ocasionalmente, capivaras são encontradas pastando manchas da
grama marinha Ruppia maritima, além da lontra Lutra enudris. A garça-cinzenta e a
garça-branca-grande também são avistadas nos estuários.
Fundos Moles Infralitorais
A composição da biota que vive na superfície ou nos interstícios do sedimento
é diretamente influenciada pela granulometria, estabilidade, nutrientes e
profundidade. Moluscos, poliquetas e crustáceos são os componentes da macrofauna
que exibem a maior riqueza e densidade.
Quanto mais próximo dos costões rochosos, maior é a riqueza de espécies de
poliqueta na Baía da Ilha Grande. Os grupos mais abundantes dentre os Crustacea são
Amphipodas, Isopodas e Decapodas.
No Saco do Céu e na Praia do Abraãozinho ocorrem bancos da grama marinha
Halodule wrightii, e nas praias de Biscaia e Longa foi registrada a macroalga Caulerpa
scalpelliformis. Além disso, é comum encontrar tapetes de cianobactérias na superfície
dos sedimentos da região, as quais realizam fotossíntese e fornecem energia e
alimento para o zoobentos.
Literatura consultada:
CREED, J. C. (Org.) ; PIRES, Debora O (Org.) ; FIGUEIREDO, Marcia A de O (Org.) .
Biodiversidade Marinha da Baía da Ilha Grande. Brasília - DF: MMA / SBF, 2007. v. 1.
416 p.
CREED, J. C. Ecossistemas marinhos. In: Marcos Bastos; Catia Henriques Callado.
(Org.). O Ambiente da Ilha Grande. Rio de Janeiro: Centro de Estudos Ambientais e
Desenvolvimento Sustentável, 2009, v. 1, p. 247-298.
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Métodos de Amostragem em Costões Rochosos
Felipe de Vargas Ribeiro*
* Mestre e bacharel em Biologia Marinha (Universidade Federal Fluminense).
O oceano sempre foi uma fonte de inspiração, fascínio e até temor para a
humanidade. Desde as primeiras ocupações costeiras, o homem vence desafios para se
deslocar na superfície do mar e usufruir dos mais diversos recursos. Apesar do
desenvolvimento da navegação e das técnicas de pesca, não faz mais do que 300 anos
que se passou a ter acesso ao mundo submerso e suas riquezas. O primeiro registro de
um aparato de mergulho data de 1749 por John Lethbridge cujas descrições do fundo
do mar foram uma grande novidade para a época. Quase 100 anos depois, August
Siebe desenvolve o Scafandro, que rapidamente foi adotado pelas forças militares.
Somente em 1930, o pesquisador naturalista Jacques Yves Cousteau, apresenta o
S.C.U.B.A. (Self contained underwater breathing apparatus), e cria o mergulho
autônomo. A partir daí, o mergulho começa a ser difundido e o tempo de fundo
aumenta, o que possibilitou a aplicação de métodos da Ecologia terrestre para estudar
as comunidades e ecossistemas subaquáticos.
Alguns dos métodos mais utilizados nos estudos de comunidades de substrato
consolidado são listados abaixo, assim como suas vantagens e desvantagens.
Planejamento
Antes de iniciar o estudo propriamente dito, é necessário pensar em alguns
fatores. De acordo com o método científico, o pesquisador elabora questionamentos a
partir da observação de um fenômeno ou padrão na natureza. Em seguida são
definidas as hipóteses que serão confirmadas ou rejeitadas através dos dados obtidos
nos métodos de amostragem e experimentação. Dessa forma, o objetivo do trabalho
deve ser claro para poder definir quais variáveis serão amostradas, e o método com a
melhor relação custo/benefício a ser utilizado. Ainda, deve-se reunir o máximo de
informações possíveis acerca dos processos que regem as interações biológicas, suas
respectivas escalas e respostas a fatores ambientais. Os fatores custo e tempo devem
ser considerados cautelosamente para que os recursos disponíveis sejam otimizados. É
muito importante realizar um estudo piloto para definir o número de réplicas com
maior poder estatístico, momento da amostragem, além de testar e comparar
diferentes metodologias.
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Transecto de intercepção de linha
Utilizado para estimar a porcentagem de cobertura da comunidade bentônica.
A fita metrificada é esticada sobre o substrato e o mergulhador registra a distância que
cada espécie/forma de vida da camada primária ocupa ao longo da mesma. O processo
é repetido em diferentes profundidades e replicado 5 vezes. O comprimento
acumulado para cada espécie é dividido pelo comprimento total da fita e multiplicado
por 100. Simples, barato e pode ser feito por não especialistas. Porém não detecta
pequenas mudanças e as formas de vida são difíceis de serem padronizadas por não
especialistas.
Transecto de ponto de linha
Mesma configuração do transecto de intercepção, porém, ao invés de registrar
a distância de cada organismo, pontos aleatórios são sorteados e marcados ao longo
da fita. Somente o organismo diretamente abaixo do ponto é registrado. É mais rápido
que o transecto de intercepção e também pode ser executado por não especialistas,
como por exemplo, a metodologia Reef Check. Espécies pequenas e raras dificilmente
são registradas.
Transecto de corrente
Um transecto com marcações a cada metro é esticado no fundo, de preferência
elevado por meio de estacas. A partir de uma das extremidades, coloca-se uma
corrente de 1,5 a 2 m de comprimento sobre o substrato, acompanhando o perfil.
Através da relação entre o número de correntes e o comprimento da fita, é possível
obter um índice de rugosidade do substrato. Também é registrado o comprimento de
cada organismo através do número de elos por metro. Método indicado para detalhar
a composição do recife e a tridimensionalidade do mesmo. Mais apropriado para
formas incrustantes e massivas. Lento, trabalhoso, danifica os organismos,
principalmente quando utilizado sobre formas ramificadas.
Transecto de faixa (Belt transect, Ranqueamento)
O mergulhador registra dados de abundância de uma espécie alvo ou de várias,
por um período de tempo, ou pelo número de batidas de perna. A área amostrada
pode ser definida visualmente, ou fisicamente através de fitas, cordas e tubos. Permite
que muitos transectos sejam realizados em pouco tempo, sendo considerado um dos
métodos mais rápidos. Indicado quando uma grande quantidade de dados precisa ser
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coletada em pouco tempo, ao invés de um alto grau de precisão para definir a área de
estudo. Está sujeito a um erro amostral do mergulhador, que poderá ser influenciado
pelo movimento das correntes, raio amostral diferente ou cobrir distâncias diferentes.
O método utilizado pelo Projeto Coral Sol para realizar o monitoramento
extensivo é a escala DAFOR (De Paula & Creed, 2005). Em cada local, paralelo ao
costão, dois mergulhadores em apnéia nadam cinco etapas de 1 minuto observando o
substrato, onde para cada espécie de Tubastraea é aplicado a escala: Dominante,
Abundante, Freqüente, Ocasional, Raro ou Ausente.
Quadrado
Com o objetivo de delimitar uma área específica para amostrar a comunidade,
esse método consiste no posicionamento de um quadrado feito de metal ou plástico
sobre o substrato. O quadrado é ainda subdividido em quadrados menores. Pode ser
posicionado de forma aleatória ao longo de um transecto ou através de rebatimento
sobre o substrato. No caso de locais com alta rugosidade, quadrados fixos são mais
indicados por selecionar áreas com menor ocorrência de fendas e buracos que
aumentam consideravelmente a superfície a ser amostrada e atrapalham o
posicionamento. Geralmente, são utilizados tamanhos menores que 50 X 50 cm de
lado devido às condições de visibilidade, tamanho e ocorrência críptica das espécies, e
posicionamento sobre a superfície desnivelada. É possível estimar a frequência dos
organismos por meio das intersecções dos subquadrados, registrando-se a espécie
diretamente abaixo do ponto. Também, pode-se estimar a porcentagem de cobertura,
registrando-se em cada subquadrado a espécie dominante e depois é calculada a
cobertura total.
Foto Quadrado
Esse método é uma adaptação do uso do quadrado, no qual uma câmera
fotográfica é posicionada perpendicularmente ao substrato a uma distância pré-
estabelecida. É comum o uso de um gabarito (frame) para garantir que a distância seja
a mesma em todas as réplicas. As fotos são analisadas após o mergulho com auxílio de
programas como CPCe 5.0, que permitem a plotagem de pontos aleatórios para
calcular frequência, além de estimar a porcentagem de cobertura. Através deste tipo
de programa também é possível calcular área total da colônia de corais e outros
organismos sésseis. É um método rápido e permite que as réplicas sejam mantidas em
arquivo de forma permanente, possibilitando a aplicação de diferentes análises, e
acesso por especialistas. Porém, observações mais detalhadas dos organismos não são
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possíveis, pois se perde a tridimensionalidade e eventuais sombras não podem ser
removidas.
Vídeo
O registro de imagens através de câmeras de vídeo é muito utilizado para obter
imagens gerais da aparência do substrato. Ao longo de um transecto ou distância pré-
determinada são capturadas imagens do substrato em larga escala, com grande
similaridade à visão do mergulhador. Em um dos protocolos mais utilizados, a câmera
é suspensa a uma distância fixa de 25 cm do substrato enquanto o mergulhador se
desloca numa velocidade constante ao longo de 50 m. As imagens são analisadas
através de pontos aleatórios nos diferentes quadros separados por um programa
específico ou pausado manualmente em intervalos pré-definidos. Pode ser aplicado no
monitoramento quantitativo de espécies grandes e conspícuas. Também é possível
identificar mudanças súbitas ou qualitativas no habitat. É possível captar imagens de
qualidade em ambientes com menos luz do que a fotografia. Entretanto a resolução da
imagem é menor do que as câmeras fotográficas, o que gera problemas na hora de
analisar as imagens, impossibilitando a identificação de certos organismos. Distorção
da imagem é outro obstáculo no tratamento pós-mergulho.
RAP
Os protocolos de acesso rápido (do inglês, Rapid Assessment Protocol) foram
desenvolvidos no Golfo do México principalmente para estimar o grau de degradação
dos recifes. Consiste basicamente em uma amostragem rápida, geralmente feita por
especialistas, focando nas espécies mais conspícuas do recife como corais, algas,
esponjas, e espécies chave como o ouriço Diadema (no caso do Golfo do México). Ao
longo de um transecto de 10 m são registrados dados de porcentagem de cobertura de
corais vivos, mortos, branqueados e doentes. A cobertura algal é estimada por
quadrados de 25 X 25 cm de lado, a cada dois metros do transecto. Equinodermos são
contados numa faixa lateral de 2 m a partir da fita. Os peixes recifais são registrados
por espécie e abundância estimada. São feitas 6 réplicas por estação.
No Brasil, essa metodologia foi aplicada em Abrolhos e na Ilha Grande, ambos
disponíveis no Ministério do Meio Ambiente.
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Literatura consultada:
DE PAULA, A.F., CREED, J.C. 2005. Spatial distribution and abundance of nonindigenous
coral genus Tubastraea (Cnidaria, Scleractinia) around Ilha Grande, Brazil. Brazilian
Journal of Biology, V. 65, N. 4, P. 661-673.
UNDERWOOD, A.J., CHAPMAN, M.G. 2005. Design and Analysis in Benthic Surveys. In:
Methods for the Study of Marine Benthos.(ed) Eleftherion, A., McIntyre, A. 3rd ed.
Blackwell Science, Oxford. 418p
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Métodos de Monitoramento do Projeto Coral-Sol
Amanda Guilherme da Silva*
*Bióloga (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ)
As consequências da introdução de espécies exóticas podem ser mais bem
avaliadas se antes forem realizadas predições de seus possíveis impactos (BAX, 2001).
Assim, é necessário monitorar essas espécies para quantificar mudanças temporais em
abundância através da comparação dos dados obtidos recentemente com dados
obtidos anteriormente, de modo a determinar a taxa de aumento em abundância nas
regiões de introdução e prever conseqüências possíveis.
A metodologia que visa a monitorar, em larga escala, a distribuição geográfica do
Coral-Sol, segue aquela utilizada por De Paula (2002), De Paula & Creed (2005), Creed
& Oliveira (2007). Em cada local dois mergulhadores em apnéia nadam cinco etapas de
1 minuto, paralelo aos costões rochosos (aproximadamente 25m de extensão por
minuto), observando o substrato para diagnosticar a presença dos corais Tubastraea
coccinea e Tubastraea tagusensis. Em cada etapa, os mergulhadores estimam se o
coral-sol é dominante, abundante, frequente, ocasional, raro ou ausente.
Posteriormente, é aplicada uma escala numérica de infestação sendo: dominante (10),
abundante (8), freqüente (6), ocasional (4), raro (2) e ausente (0). Ainda são anotadas a
localização dos pontos, através de GPS, e algumas variáveis ambientais. Os dados são
dispostos em mapa georeferenciado.
Para detectar mudanças em populações de coral-sol ao longo de tempo, em escala
pequena, uma segunda metodologia teve início em 2005 na Ilha Grande. Transectos
permanentes de 50m marcados com blocos de cimento no costão em 2-4 m de
profundidade. Em cada transecto são dispostos 15 quadrados fixos e 15 em posição
aleatória. Os quadrados são de 0,25m2 e em cada quadrado será estimada a
porcentagem de cobertura dos principais organismos sésseis, inclusive do coral-sol.
Ainda, é contado o número de indivíduos de cada espécie de T. tagusensis e T.
coccinea em cada quadrado. A localização dos transectos permanentes de
monitoramento é escolhida em função dos dados de monitoramento em relação à
distribuição geográfica em larga escala, sendo escolhidos locais com alta, media, baixa
e sem presença de coral-sol. Atualmente, estão implantados oito transectos na Baía da
Ilha Grande e há previsão de duplicar este número. A freqüência de amostragem inicial
deve ser a cada seis meses, sendo esta freqüência revisada conforme os dados obtidos.
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27
Literatura consultada:
BAX, N. J. (2001). Invasive species and biodiversity management J. Exp. Mar. Biol. Ecol.
257: 317-319
CREED J. C., OLIVEIRA A. E. S. (2007). Uma metodologia e análise de impactos
ambientais. In: Creed JC, Pires DO, Figueiredo MAO (eds) RAP Ilha Grande: Um
levantamento da biodiversidade 349-377.
DE PAULA A. F. (2002). Abundância e distribuição espacial do coral invasor Tubastraea
na Baía da Ilha Grande, RJ e o registro de T. tagusensis e T. coccinea para o Brasil.
Dissertação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro: 1-87.
DE PAULA A. F., CREED J. C. (2005). “Spatial distrubution and abundance of
nonondigenous coral genus Tubastraea (Cnidaria Scleractinia) ariund Ilha Grande,
Brazil.” Braz. J. Biol. 65: 661-663.
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Instrumentação Oceanográfica Básica
Marcelo Checoli Mantelatto*
*Mestre em Ecologia e Evolução (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ), Oceanógrafo
(Centro Universitário Monte Serrat - Unimonte) e Técnico Ambiental do Projeto Coral-Sol (Instituto
Biodiversidade Marinha – IBMar).
Ambiente físico e importância de coleta de dados abióticos em estudos ecológicos
O habitat de um organismo é o lugar, ou estrutura física, no qual ele vive e este
é caracterizado por suas notáveis características físicas. O nicho de um organismo
representa os intervalos de condições que ele pode tolerar e os modos de vida que ele
possui, isto é, seu papel no sistema ecológico. Assim cada espécie possui um nicho e
atributos de forma e função distintos, os quais determinam as condições que este
pode tolerar. A variedade de habitats contém a chave para muito da diversidade dos
organismos vivos, onde cada organismo deve se especializar em relação tanto ao
intervalo de habitats, no qual pode viver, quanto ao nicho que ele pode ocupar.
A forma e as funções dos organismos evoluíram parcialmente em resposta às
condições prevalecentes no mundo físico. A estrutura e o funcionamento de um
organismo estão adaptados ao ambiente particular em que ele vive. Todos os
organismos são restringidos por seus ambientes físicos. Assim, as distribuições de
plantas e animais estão restritas a ambientes determinados.
Cada organismo geralmente tem um intervalo estreito de condições
ambientais, as quais ele está mais bem adaptado, o que define seu ótimo. Quando o
indivíduo esta sobre condições ótimas, seu sucesso reprodutivo é alto o bastante para
manter uma população. Sob condições marginais, o indivíduo poderia ser capaz de se
manter indefinidamente, mas não ser substituído em populações futuras. Condições
extremas são inadequadas para a manutenção individual, e o indivíduo pode se
aventurar em tais condições somente por curtos períodos ou podem migrar para outro
lugar, utilizar materiais armazenados durante períodos de abundância ou entrar em
estado de inatividade.
O ambiente físico varia largamente ao longo da superfície da Terra, os quais
moldaram as distribuições e adaptações dos organismos. Todos os fatores associados
aos ambientes criaram uma grande variedade de condições físicas que, por sua vez,
promoveram a diversificação dos ecossistemas e assim dos organismos.
Toda influência que os seres vivos podem receber em um ecossistema,
derivados de aspectos físicos, químicos ou físico-químicos é conhecido como fatores
abióticos. Como exemplo podemos citar: as variações de temperatura, salinidade,
umidade, luz, precipitação atmosférica, vento, oxigênio, clima, entre outros.
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Os organismos bentônicos distribuem-se em diferentes faixas ao longo de um
costão rochoso e diversos são os fatores abióticos que influenciam nesta distribuição.
A taxa de luminosidade, a hidrodinâmica local, a turbidez, a variação de temperatura,
de salinidade e o tipo de substrato são exemplos de fatores abióticos que regem sobre
a distribuição desses organismos. Desta maneira, para estudar essas adaptações, a
dinâmica dos ecossistemas e dos organismos é imprescindível também conhecer os
fatores ambientais associados a estes ambientes.
Análise de parâmetros Ambientais (Temperatura, Salinidade e Transparência da água)
Temperatura: A temperatura é sempre medida em avaliações de ambientes
aquáticos pois reflete bem as variações sazonais. É o principal fator físico que controla
a distribuição e a atividade dos organismos, agindo como fator limitante na
reprodução, crescimento e distribuição dos mesmos. A variação de temperatura tem
relação com a transferência de calor por radiação, condução e conveccão. A energia
radiante que alcança as diferentes regiões do globo sofre, ainda, variações sazonais e
diurnas causadas pelos movimentos de translação e rotação da Terra. A análise da
temperatura com ajuda de um termômetro é realizada no momento imediato após a
amostragem da água.
Salinidade: Os sais presentes na água do mar ocorrem na forma dissolvida e
vêm se acumulando desde o início da formação da Terra. Parte é proveniente de
erupções vulcânicas, enquanto outra parcela é adicionada pelos rios, que dissolvem os
sais presentes nas rochas continentais e os transportam para o mar. Sua quantidade e
composição parecem ter variado muito pouco nos últimos 1,5 milhões de anos. A
retirada de sais das bacias oceânicas ocorre na mesma taxa em que são repostos. A
formação de depósitos de sal, incorporação no esqueleto de organismos marinhos e as
reações químicas que causam a precipitação de íons são alguns exemplos dessa
“retirada” de sais dos oceanos.
A salinidade refere-se à quantidade de sais dissolvidos na água do mar, sendo
definida pelo peso total de sais dissolvidos em 1kg de água. A atual definição de
salinidade é baseada na condutividade elétrica da água do mar e, portanto, a
salinidade é definida com uma quantidade sem unidade. As grandes diferenças entre
os valores de salinidade nos ambientes aquáticos são resultados de vários fatores,
entre os quais destacam-se: precipitação atmosférica, balanço entre evaporação e a
precipitação, a intensidade diferenciada da intemperização e composição das rochas e
solos da bacia de drenagem, descarga fluvial e formação e derretimento de gelo.
A salinidade média dos oceanos = entorno de 35
Água doce = salinidade <1
Águas costeiras = salinidade que varia entre 1 e 25 e são chamadas de salobras
Água com salinidade acima de 40 são chamadas de hipersalinas.
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Refratömetro usado para medições de salinidade.
Transparência da água:. O disco de Secchi é o instrumento mais usado para esta
estimativa. O disco, preso por um cabo graduado em centímetros, é posicionado no
ambiente e a avalição visual é realizada: anota-se a profundidade do desaparecimento
do disco, deixando afundar mais alguns centímetros; levanta-se o disco lentamente até
o ponto que se torne visível ao olho do observador e anota a pronfundidade do seu
aparecimento; a média das duas medidas das profundidades de desaparecimento e
aparecimento na coluna d´água será a medida utilizada. A quantidade de partículas em
suspensão e a presença de compostos químicos que conferem cor à água podem
alterar a transparência da mesma. O posterior cálculo da profundidade da zona
eufótica serve de apoio para a interpretação dos dados de fitoplâncton e nutrientes na
água do ambiente amostrado.
Medição da transparência da água com disco de Secchi.
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PROJETO CORAL-SOL
31
Literatura consultada:
BAUMGARTEN, M. G. Z.; WALLNER-KERSANACH, M.; NIENCHESKI, L. F. H. 2010.
Manual de Análises em Oceanografia Química. 2 ed. Rio Grande: Editora da Furg,
174p.
CREED, J. C.; PIRES, D. O; FIGUEIREDO, M. A. de. 2007. Biodiversidade Marinha da
Baía da Ilha Grande. Brasília: MMA, 416p.
RICKLEFS, R.E. 2003. A economia da natureza. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara
Koogan. Cap. 2, 3 e 4, pag. 22-90.
SILVA, C. A. R. 2011. Oceanografia química. Rio de Janeiro: Interciência, 218p.
SOARES-GOMES, A.; FIGUEIREDO, A. G. O ambiente Marinho. In: PEREIRA, R, C;
SOARES-GOMES, A. Biologia Marinha. Rio de Janeiro: Interciência. 2002, Cap. 1, pag. 1-
34.
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Navegação Básica
Marcelo Checoli Mantelatto*
*Mestre em Ecologia e Evolução (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ), Oceanógrafo
(Centro Universitário Monte Serrat - Unimonte) e Técnico Ambiental do Projeto Coral-Sol (Instituto
Biodiversidade Marinha – IBMar).
Nomenclaturas da embarcação
GPS (Global Positioning System)
O GPS é um sistema de posicionamento geográfico por satélite que nos dá as
coordenadas de um lugar específico da Terra, desde que tenhamos um receptor de
sinais. O sistema foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa Americano para fins
civis e militares. Nossa posição sobre a Terra é referenciada em relação ao Equador e
ao Meridiano de Greenwith, traduzido em latitudes, longitudes e altitude. São ao todo
24 satélites que dão uma volta à Terra em cada 12 horas e que enviam continuamente
sinais. Em cada local da Terra sempre haverá quatro satélites e com os diferentes
sinais desses quatro satélites o receptor GPS calcula a latitude, longitude e altitude do
lugar onde o mesmo se encontra.
A latitude é a distância angular medida ao longo do meridiano e contada a
partir do Equador, tal distância é medida em graus, podendo variar entre 0° e 90° para
Norte ou para Sul. A longitude é o arco paralelo ou ângulo no polo medido entre o
Meridiano de Greenwich e o meridiano do ponto, sua distância pode variar entre 0° e
180° para Leste ou Oeste.
O GPS além de ser de suma importância para navegação marítima é usado
também especificamente em pesquisas e trabalhos científicos para marcar e saber
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posições, encontrar e retornar num determinado local, marcar caminhos ou apenas
para orientação, além de ser muito utilizado em conjunto com mapas possibilitando
uma visão geral da área em estudo. O registro do local onde uma amostra foi
recolhida, por exemplo, é de grande interesse e importância para os trabalhos
científicos.
Cartas Náuticas
A Carta Náutica nada mais é que uma representação plana de um trecho da
superfície da Terra apresentando partes de água e de litoral. Nas laterais das cartas
náuticas estão representadas as latitudes e nas partes de cima e de baixo, as
longitudes.
Em alguns pontos da carta náutica encontramos rosas-dos-ventos, com as
orientações Norte, Sul, Leste e Oeste. Aparecem, em toda a extensão das áreas
cobertas por água, vários números que representam as profundidades locais em
metros.
A escala da carta náutica é uma informação mostrada logo abaixo do título da
carta, que significa a relação entre o representado e o real. As cartas náuticas são
fabricadas em diferentes escalas, atendendo às necessidades da navegação, sendo as
de menor escala utilizadas em navegação em mar aberto e em aproximação às barras
e as de maior escala, nos portos, baías e canais.
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34
Formação Complementar em Educação Ambiental
Camila Pinto Meireles*
*Especialista em Ensino de Ciências e Biologia (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Bióloga Marinha (UFRJ) e Coordenadora de Capacitação e Educação Ambiental do Projeto Coral-Sol (Instituto Biodiversidade Marinha).
A Educação Ambiental em um contexto histórico
O fundador da Educação Ambiental (EA), segundo Dias (1998, p.31), é o escocês
Patrick Geddes, porque em 1889 já afirmava que uma criança em contato com a
realidade do seu ambiente, aprenderia melhor e desenvolveria atitudes criativas em
relação ao mundo em sua volta.
Em geral, os registros sobre EA surgem na década de 60, época marcada pelas
conseqüências das alterações ambientais antropogênicas. Algumas dessas foram
relatadas por Rachel Carson em 1962, no livro “Primavera Silenciosa” (DIAS, 1998;
TELLES et al., 2002; CASCINO, 2003). A expressão “Educação Ambiental” foi ouvida
pela primeira vez em 1965, durante uma Conferência de Educação na Grã-Bretanha, na
qual foi aceito que essa “deveria se tornar uma parte essencial da educação de todos
os cidadãos”, sendo vista “essencialmente como conservação, ou ecologia aplicada”
(DIAS, 1998, p.31).
Em 1968 surge o “Clube de Roma”, um grupo de 30 especialistas de várias áreas
que se reuniu para discutir a crise atual e futura da humanidade (DIAS, 1998; TELLES et
al., 2002; CASCINO, 2003). Ainda neste ano, Paris vive o “maio revolucionário”, uma
grande manifestação estudantil “por um planeta mais azul” (CASCINO, 2003, p.31). A
idéia de que o perigo é planetário e vai além do desaparecimento de espécies ou
poluição da água e do ar, se difunde (VASCONCELLOS, 2006).
Em 1972, o Clube de Roma publica o relatório “Os limites do crescimento”. Na
Suécia, 113 países participam da I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano, que ficou conhecida como Conferência de Estocolmo. A
conferência gerou a Declaração sobre o Ambiente Humano, que estabeleceu o Plano
de Ação Mundial e, em particular, recomendou que deveria ser constituído um
Programa Internacional de Educação Ambiental. Como reflexo dessa Conferência, a
ONU cria o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA (TELLES et
al., 2002) e a UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organisation) promove, na Iugoslávia (1975), o Seminário Internacional sobre
Educação Ambiental, que culminou com a “Carta de Belgrado”, com princípios e
orientações para um programa internacional.
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35
Realizada em 1977, também pela UNESCO, em colaboração com o PNUMA, a I
Conferência Intergovernamental Sobre Educação Ambiental é considerada um marco
de referência conceitual até hoje. A Conferência de Tbilisi (Geórgia, ex-URRS) como
ficou consagrada, gerou o documento “A Educação Ambiental: as Grandes Orientações
da Conferência de Tbilisi” (1980), no qual as finalidades, os objetivos, os princípios
básicos e as estratégias de desenvolvimento de EA são definidos, e essa é delimitada
como:
Uma dimensão dada ao conteúdo e a prática da educação, orientada para a
resolução de problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques
interdisciplinares e de uma participação mais ativa e responsável de cada
indivíduo e da coletividade (DIAS, 1998, p. 26).
Na década de 80, época marcada pelo maior acidente nuclear da história (na
usina de Chernobyl, Ucrânia) e pelo derramamento de óleo no Alasca (pelo petroleiro
Exxon Valdez), diversos encontros sobre EA são realizados por todo o mundo. Em
1987, o relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(criada pela ONU); “Nosso Futuro Comum”, conclui que “eram necessárias grandes
mudanças, tanto de atitude, quanto na forma em que nossas sociedades são
organizadas” (CMMA, 1991, p.XV). Dez anos após a Conferência de Tbilisi, a
Conferência Intergovernamental sobre Educação e Formação Ambientais de Moscou
(CEI), promovida pela UNESCO-PNUMA, buscava redirecionamentos após uma
avaliação das conquistas e dificuldades (DIAS, 1998).
Os anos 90 são de extrema importância para o Brasil. Realiza-se de 3 a 14 de
junho de 1992, no Rio de Janeiro, a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (UNCED). A Rio-92, como ficou conhecida, corroborou as
recomendações de Tbilisi através da Agenda 21; um programa de ação de 800 páginas
onde “a EA está presente em quase todos os 39 capítulos do documento” (DIAS, 1998,
p.110). Outros documentos importantes também foram gerados, como a Declaração
do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Convenção sobre Mudança
Climática, a Convenção sobre Biodiversidade e a Declaração sobre os Princípios de
Florestas (PRIMACK; RODRIGUES, 2001; SÁNCHEZ; PEDRINI, 2007). A Declaração do Rio
ou, Carta do Rio, foi a precursora da “Carta da Terra”, “um código universal de conduta
para guiar os povos e as nações na direção de um futuro sustentável”, ratificada pela
UNESCO em 2000 (CDDH, 2004). Ainda em 1992, o Fórum Global ou Eco-92, precursor
do Fórum Social Mundial, aprova o “Tratado de EA para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global”, documento que reforça “a importância da Educação
Ambiental como meio indispensável para elaborar e desenvolver, de fato, formas
menos prejudiciais de interação do homem com a natureza” (TELLES et al., 2002, p.31).
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Em 1997 a UNESCO/PNUMA promove em Thessaloniki, Grécia, a Conferência
Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública
para a Sustentabilidade, avaliando a EA após 20 anos de Tbilisi. A Declaração de
Tessaloniki aponta para uma mudança importante nas práticas de EA, com a
interdisciplinaridade como eixo central. Isto poderia superar “concepções de EA
centradas em um tarefismo naturalista” de apenas “denunciar/contemplar e estudar
problemas ambientais estritos, relacionados com o meio natural” (CASCINO, 2003.
p.63).
Em 2002, a Rio+10, Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento
Sustentável, acontece na África do Sul, e limita-se a avaliar o que se implementou (ou
não) das convenções da Rio-92 e, principalmente, da Agenda 21 (MMA, 2009). O
resultado foi a Declaração de Johannesburgo, documento político, e o Plano de
Implementação, com novas propostas práticas para a promoção do Desenvolvimento
Sustentável, além da nítida frustração devido ao não cumprimento das medidas
propostas 10 anos antes. Em 2007, ocorre na Índia a IV Conferência Mundial de
Educação Ambiental para um Futuro Sustentável, a Tbilisi+30, organizada pela
UNESCO-PNUMA. É lançada a “Declaração de Ahmedabad 2007: uma chamada para
ação. Educação para a vida, a vida pela educação.” Para 2012 está prevista a Rio+20,
para avaliar os resultados obtidos e a necessidade de novas medidas.
Considerações sobre a realidade da Educação Ambiental brasileira
A EA, mesmo recomendada por Conferências Internacionais, exigida pela
Constituição Federal de 1988 e reafirmada pela lei 9.795/1999 e decreto 4.281/2002,
ainda não é desenvolvida plenamente no Brasil. Embora tenha evoluído no que se
refere ao aumento da produção científica na área e à popularização nos setores formal
e não-formal, ainda carece de continuidade e aprofundamento teórico-metodológico
para alcançar seus objetivos. Isso se deve, provavelmente porque “essa área ainda se
encontra em fase de construção, o que acarreta diversas confusões conceituais,
conseqüência esperada em um campo teórico recente” (CASTRO; BAETA, 2005, p.99).
Por parte do governo, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) se propõe, através do
Sistema Nacional de EA (SisNEA), estruturar elementos do Programa Nacional (ProNEA)
e da Política Nacional de EA (PNEA), para facilitar a gestão da EA (MMA, 2009). Dessa
forma, a difusão da EA pode fomentar pesquisas que apontem novas estratégias de
atuação e indicadores desse processo.
Ainda hoje, é comum ver esse termo reduzido ao ensino de ciências, associado
com os aspectos ecológicos ou naturais das questões ambientais. Ações isoladas de um
contexto social, político, cultural, histórico ou econômico, são facilmente encontradas
sob o título de EA. Sato (2001) cita a ênfase dada ao terceiro “R” (Reciclagem) das
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37
campanhas dos resíduos sólidos, em detrimento da Redução e da Reutilização, chaves
nos programas de EA. Soares e colaboradores associam esses fatos, ao emprego
inadequado do tema transversal Meio Ambiente nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs), pois:
(... ) a sua efetivação no cotidiano escolar ainda deixa muito a desejar e, em muitos casos, tem se limitado a ações isoladas e/ou a entendimentos parcializados sobre a questão ambiental, orientados por uma visão excessivamente biologizada, dentro de uma vertente ecológico-preservacionista, e/ou fica restrita a eventos comemorativos (dia da árvore, dia do meio ambiente), ou ainda limitada à realização de algumas atividades práticas, denominadas extra-curriculares, eventuais (campanha do lixo, coleta para reciclagem, caminhadas ecológicas, visitas, plantio de hortas, etc.), sem a contextualização necessária e sem a internalização sobre o real entendimento da problemática ambiental no cotidiano das comunidades escolares (2004, p.9).
Após a inserção do tema transversal Meio Ambiente nos PCNs, muitos
educadores não encontraram meios de desenvolver tal conceito adequadamente, seja
por falta de capacitação ou atualização profissional, seja por falta de espaço dentro de
um “ensino conteudista”. Sato (2001, p.26) aponta a impossibilidade da
transversalidade diante de “decretos e com negligência das esferas ideológicas do
elenco social envolvido no processo”, já que trabalhar de forma transversal significa:
Buscar a transformação dos conceitos, a explicitação de valores e a inclusão de procedimentos, sempre vinculados à realidade cotidiana da sociedade, de modo que obtenha cidadãos mais participantes (PCN’s, 1998, p.193).
Embora seja criticado e encontre muitos obstáculos, esse tema transversal
pode ser empregado no desenvolvimento da EA na escola, visto que esta não deve ser
disciplina imposta:
Trata-se então de desenvolver o processo educativo, contemplando tanto o conhecimento científico, quanto os aspectos subjetivos da vida, que incluem as representações sociais, assim como o imaginário acerca da natureza e da relação do ser humano com ela. Isso significa trabalhar os vínculos de identidade com o entorno socioambiental. Só quando se inclui também a sensibilidade, a emoção, sentimentos e energias se obtêm mudanças significativas de comportamento (PCN, 1998, p.182).
Independente de a EA ser trabalhada de forma transversal, ela “constitui uma
área de conhecimento eminentemente interdisciplinar, em razão dos diversos fatores
interligados e necessários ao diagnóstico e à intervenção que pressupõe” (CASTRO;
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BAETA, 2005, p.99), visando “superar a fragmentação do conhecimento” (COIMBRA,
2005, p.117).
Quanto aos aspectos pedagógicos da EA, Telles e colaboradores (2002, p.41)
citam as tendências existentes no Brasil em cinco categorias básicas:
“Conservacionista”, “Biológica”, “Comemorativa”, “Política” e “Crítica para Sociedades
Sustentáveis”. Sato (2003, p.8) aponta ainda três tendências caracterizadas pelas
vertentes “Positivista”, “Construtivista” e “Sócio-construtivista” e Tozoni-Reis (2005,
p.269) afirma que “há diferenças conceituais que resultam na construção de diferentes
práticas educativas ambientais” e as divide em três grandes grupos; a EA “de fundo
disciplinatório e moralista, como “adestramento ambiental””; a “centrada na
transmissão de conhecimentos” e a “transformadora e emancipatória”. Sem elucidar
tais tendências, já é possível compreender a diversidade conceitual que a EA
apresenta. Com relação à sua prática não é diferente.
No caso das Unidades de Conservação (UC's), a EA se mostra de extrema
importância nas suas várias finalidades e está prevista em quase todas elas. Programas
de Educação ou Interpretação Ambiental, previstos no planejamento das UC’s,
deveriam ser idealizados de forma a conectar os visitantes com o lugar, criar maior
consciência, compreensão e apreciação dos recursos naturais e culturais protegidos,
provocar mudanças de comportamento, atrair e envolver as pessoas nas tarefas de
conservação, aumentar a satisfação dos usuários, criar uma imagem positiva da UC e da
instituição responsável e tornar a visitação mais planejada e menos impactante
(PÁDUA, 1991, apud VASCONCELLOS, 2006).
As Unidades de Conservação também estão sujeitas às diversas visões de EA,
principalmente no que se refere às suas funções. Segundo Gouveia e Saisse (2006), nas
áreas protegidas, na maior parte das vezes, a visão conservacionista prevalece, com
proposta de conservação dos recursos naturais, com divulgação de informações sobre o
ecossistema representado e de restrições de uso, geralmente recorrendo-se às Trilhas
Interpretativas.
No entanto, os programas de EA não devem focar apenas a visitação. As trilhas
interpretativas e/ou caminhadas ecológicas devem ser mais uma ferramenta. Ainda que
a visão conservacionista seja válida, visto que a conservação é a principal função das
UC’s, Pimentel (2008, p.83) afirma que a EA “não pode restringir-se às fronteiras das
UC’s” e cita os parques como lócus das ações da Política Nacional de EA, pois:
(1) Representam um eixo de integração básico entre as ações do Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação; (2) têm como premissa básica o uso público qualificado pela aquisição de conhecimentos e habilidades, reaproximando as pessoas dos ambientes naturais pela afetividade e reflexão sobre como suas ações o afetam; (3) permitem uma visão prática e crítica das relações da sociedade com a natureza de uma maneira geral e
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especificamente confrontando as noções de desenvolvimento sustentável e ecoturismo; (4) abarcam os discursos dicotômicos das relações entre ambiente e cultura, no campo das ações construídas socialmente, bem como; (5) necessitam ganhar significado para a sociedade e a Educação Ambiental, enquanto uma prática social, pode contribuir para tal se fomentar a integração participativa e democrática nas decisões sobre a gestão dos parques (p.86).
Todas as vertentes de EA citadas anteriormente, em sua maioria, focam os
ambientes terrestres. No entanto, o ambiente marinho sofre impactos cada vez
maiores, o que torna urgentes projetos de EA específicos pra essa realidade. Segundo
Pedrini (2010), a Educação Ambiental Marinha e Costeira (EAMC) é restrita no Brasil,
sendo que os registros são mais comuns em trabalhos acadêmicos.
Pedrini (2010) apresenta 5 tipologias da prática da EAMC segundo as seguintes
abordagens: 1) espécies ícones; 2) ecossistemas; 3) atores sociais; 4) simulacros; 5)
aulas de biologia marinha. Na abordagem por espécies ícones ou bandeiras, é comum o
uso de animais com maior apelo público, em geral, vertebrados, ou do topo da cadeia
alimentar, como por exemplo, tartarugas e cetáceos. Os ecossistemas são mais
trabalhados pelas universidades, com por exemplo, restingas, recifes rochosos ou
biológicos e lagunas. A abordagem voltada para os setores sociais envolve pescadores,
banhistas, caiçaras, turistas, mergulhadores, entre outros. Neste caso, destaca-se a
campanha de Conduta Consciente em Ambientes Recifais promovida pela equipe do
Núcleo da Zona Costeira Marinha do MMA, em colaboração com a Universidade
Federal do Pernambuco (figs. 1 e 2). Recentemente a EAMC agrega mais duas
atividades no Brasil; os simulacros, que tentam simular a vida marinha através de
aquários ou exposições, e preservação desses ecossistemas.
Definir o método a ser empregado, também é importante para alcançar todas as
etapas do processo de EA. Como se trata de uma área socioambiental, a pesquisa
qualitativa é o método usual, mas existem diversas abordagens metodológicas nesse
universo. A Pesquisa-ação é um abordagem bastante adequada, quando o foco é a
resolução de problemas coletivamente identificados, tomada de consciência e
produção do conhecimento. Michel Thiollent (apud El Andaluce, 2004, p. 14) afirma que
a Pesquisa-ação é:
Um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
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Figura 1: Cartaz da campanha de Conduta Consciente em Ambientes Recifais.
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Figura 2: Cartaz da campanha de Conduta Consciente em Ambientes Recifais com
algumas recomendações para os visitantes.
Afinal, o que é Educação Ambiental?
A Política Nacional de EA (BRASIL, 1999) a define, no seu artigo 1º como:
Processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem do uso comum do povo, essencial à qualidade de
vida e sua sustentabilidade.
Antes de realizar EA de qualquer natureza, é preciso ter em mente que a palavra
“processos”, presente nessa definição, está relacionada à continuidade necessária para
se obter resultados eficazes. Para se desenvolver uma EA de acordo com os princípios e
diretrizes recomendados desde Tbilisi, é importante gerar:
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conhecimento/compreensão, sensibilização/conscientização, habilidades,
ação/participação e atitudes/valores/comportamentos. Reconhecer que o conceito de
meio ambiente é complexo e abrange não só o aspecto natural, mas também o social, o
cultural, entre outros, é necessário para a sua conservação.
O contexto atual exige uma EA política, emancipatória, transformadora, crítica,
interdisciplinar, contextualizadora, holística, permanente, abrangente e globalizadora,
de acordo com o Programa Nacional de Educação Ambiental. Buscar e desenvolver
esses aspectos garante a formação de cidadãos aptos a serem agentes multiplicadores.
Literatura consultada:
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Temas Transversais. Brasília: MEC/ Secretaria de Educação Fundamental - SEF, 1998. 436p.
BRASIL. Lei nº. 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
CASCINO, F. Educação Ambiental: Princípios, História e Formação de Professores. 3ª ed. São Paulo: Ed. SENAC, 2003. 109p.
CASTRO, R.S.; BAETA, A.M. Autonomia Intelectual: condição necessária para o exercício da cidadania. In: LOUREIRO, C.F.B.; LAYRARGUES, P.P.; CASTRO, RS. (orgs.). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania, 3ª ed., São Paulo: Cortez, 2005.
COIMBRA, A.S. Interdisciplinaridade e Educação Ambiental: Integrando seus Princípios Necessários. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v.14, jan-jun, 2005. Disponível em: <http://www.remea.furg.br/edicoes/vol14/art09.pdf> Acesso em: abr/2008.
COLLERE, M.A.O. Educação Ambiental: a Contribuição dos Projetos Escolares nas Discussões Ambientais nas Escolas Públicas Municipais de Colombo/PR. RA´E GA, Curitiba: Editora UFPR, n. 10, p. 73-82, 2005. Disponível em:
<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/raega/article/viewFile/3393/3770> Acesso em jun/2010.
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso Futuro Comum. – 2. Ed. – Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. 1991. 430p.
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43
CENTRO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS DE PETRÓPOLIS – CDDH. A Carta da Terra. Valores e Princípios para um Futuro Sustentável. Petrópolis: Editora Gráfica Stamppa Ltda. 2004. 45p.
DIAS, G.F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 5ª ed. São Paulo: Ed. Gaia, 1998. 404p.
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