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Universidade Federal de Pernambuco

NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras

CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

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PROJETO TABLET EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE INOVAÇÃO ACADÊMICA

Vicente Nunes1 (UNESA/RJ)

Resumo: O artigo apresenta os resultados da pesquisa-ação sobre o projeto “Tablet em sala de aula: uma proposta de inovação pedagógica”, desenvolvido pela Universidade Estácio de Sá (RJ). Esse projeto tem o objetivo de promover a integração dos recursos digitais e, mais especificamente, do tablet, aos processos de ensino e aprendizagem. Foram usadas as seguintes metodologias de pesquisa: questionários (presenciais e on-line), entrevistas nos campi, observação de campo e pesquisa bibliográfica. Os resultados dessa pesquisa deram origem, entre outras ações, ao curso MÍDIAS VIRTUAIS NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL E ON-LINE que será oferecido para os 7.500 docentes da nossa instituição no 1º semestre de 2014. Palavras-chave: Tecnologia Educacional, Formação Continuada, Tablet na Educação. Abstract:

The article presents the results of the research regarding the “Tablet in the classroom: A proposal of pedagogical innovation” project which was developed at the Universidade Estácio de Sá (RJ). The objective of this project is to promote the integration of digital resources, more specifically the tablet, into the teaching and learning processes. The following research methods were used: Questionnaires (live and on-line), on site interviews, field observation and bibliographic research. The results of this research were the origins, among other actions, of the course VIRTUAL MEDIA IN LIVE AND ON-LINE EDUCATION that will be offered to the 7,500 instructors of our institution for the 1st semester of 2014. Keywords: Technology Educational, Continuing Education, Tablet in Education.

Introdução

Este trabalho teve o objetivo de colaborar com a formação continuada de

nossos docentes para a utilização de recursos digitais e, mais especificamente, do

tablet em sua prática pedagógica.

1Vicente NUNES (Prof. Ms)

Universidade Estácio de Sá (UNESA) / Diretoria de Pesquisa E-mail: [email protected]

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Os resultados obtidos na pesquisa nortearam, entre outras ações, a

elaboração do curso MÍDIAS VIRTUAIS NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL E ON-LINE que

será oferecido a partir do 1º semestre de 2014 dentro do projeto PIC2 da nossa

instituição. Espera-se que essa pesquisa também possa colaborar com profissionais

de Educação de outras instituições no que se refere à integração, de forma crítica,

dos recursos digitais disponíveis na atualidade.

A integração das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) à Educação

é objeto de estudo de diversas pesquisas acadêmicas. Para evidenciar a relevância

desse campo de estudo, foi feita uma busca no banco de teses/dissertações da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)3 utilizando

o termo “Tecnologia Educacional”, tendo como referência o ano de 2012, e foram

encontradas 260 ocorrências, entre teses e dissertações.

Quando a busca foi realizada no repositório Google acadêmico, utilizando as

mesmas palavras, foram encontradas 353.000 (trezentas e cinquenta e três mil)

referências sobre o tema4. Esses dados nos fazem acreditar no quanto essa

temática tem causado inquietude no meio acadêmico. Se no passado essa discussão

estava relacionada à validade do uso das TIC nos processos educacionais, hoje o

foco dessas produções tem relação com a forma pela qual devem ser

inseridas/integradas ao ambiente escolar.

Autores como PAPERT (2008) e FAGUNDES (1999) entendem que tão

importante quanto inserção das TIC em sala de aula é fomentar a discussão de

como e quais estratégias pedagógicas poderão possibilitar a melhoria educacional a

partir do uso dessas tecnologias no cotidiano escolar.

Para Papert, a integração das TIC à escola pode promover mudanças

significativas no que se refere aos processos de ensino e de aprendizagem, fazendo

2 O PIQ Formação Continuada é a capacitação voltada ao aprimoramento acadêmico do professor. É composto por módulos,

na modalidade online, em que são discutidos temas ligados às práticas pedagógicas. Seu o objetivo é criar uma identidade de excelência no modelo de ensino da Estácio, propiciando condições para constantes atualizações e aperfeiçoamentos, devendo ser cursado por todo o corpo docente. 3 Site do banco de teses da CAPES < http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/>

4 Pesquisa realizada no dia 25 de abril de 2013. Disponível em < http://scholar.google.com.br/>

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com que os alunos desenvolvam a autonomia intelectual que os possibilitem

continuar a aprender, de forma autônoma, ao longo de toda a sua vida. Ainda

segundo o autor,

A habilidade mais determinante do padrão de vida de uma pessoa é a capacidade de aprender novas habilidades, assimilar novos conceitos, avaliar novas situações, lidar com o inesperado. Isso será cada vez mais verdadeiro no futuro: a habilidade para competir tornou-se a habilidade de

aprender (PAPERT, 2008. p.13).

Nesse contexto, torna-se tão importante o desenvolvimento da autonomia

intelectual quanto a apresentação de conteúdos que, na atualidade, são

atualizados em uma velocidade cada vez maior. Segundo PAPERT:

A educação tradicional codifica o que se pensa que os cidadãos precisam saber e parte para alimentar as crianças com esse “peixe”. O construcionismo é construído sobre a suposição de que as crianças farão melhor descobrindo (“pescando”) por si mesmas o conhecimento específico de que precisam; a educação organizada ou informal poderá ajudar mais certifica-se de que elas estarão sendo apoiadas moral, psicológica, material e intelectualmente em seus esforços. O tipo de conhecimento que as crianças mais precisam é o que as ajudará a obter mais conhecimento [...]. Evidentemente, que além do conhecimento sobre pescar, é também fundamental possuir bons instrumentos de pesca – por isso precisamos de computadores – e saber onde existem águas férteis – motivo pelo qual precisamos desenvolver uma ampla gama de atividades. (PAPERT, 2008. p.135).

Da época na qual o autor escreveu esse trabalho5 para os dias atuais, a

Tecnologia Digital (TD) desenvolveu-se bastante e oferece diversos recursos que

podem colaborar com uma Educação contextualizada.

Papert defende o uso da TD como forma de subverter o status quo

encontrado na maioria das instituições de ensino, e ressalta ainda que, geralmente,

os recursos que são inseridos no cotidiano acadêmico, como o radio, TV e vídeo,

5 A primeira edição do livro “A máquina das crianças” data do ano de 1994.

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acabam perpetuando uma educação baseada na centralidade e ação individual do

professor.

Nesse contexto, os recursos de Tecnologia Digital que poderiam promover o

surgimento de novas metodologias educacionais acabam sendo “incorporados” ao

cotidiano escolar e promovendo a continuidade de uma educação na qual o docente

é o “protagonista” de um processo de aprendizagem que não é seu, e sim de seus

alunos. Talvez isso explique, em parte, as deficiências da nossa educação.

Papert (idem) ressalta essa característica quando diz que a chegada do

computador na sala de aula, ao invés de promover a geração de projetos

transdisciplinares, originou uma nova disciplina chamada “Informática Educacional”

com todas as características das demais, ou seja, baseada no “protagonismo”

docente, com provas e conteúdos previamente definidos, sendo totalmente

incorporada à estrutura vigente da escola.

Paulo Freire é outro autor que critica essa Educação baseada somente na

apresentação de conteúdos e no protagonismo do professor, classificando-a como

Educação bancária.

Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção “bancária” da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los. Margem para serem colecionadores ou fichadores das coisas que arquivam. No fundo, porém, os grandes arquivados são os homens, nesta (na melhor das hipóteses) equivocada concepção “bancária” da educação. Arquivados, porque, fora da busca, fora da práxis, os homens não podem ser. Educador e educandos se arquivam na medida em que, nesta distorcida visão da educação, não há criatividade, não há transformação, não há saber. Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que

os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros. (FREIRE, 1987. p.33).

Mesmo considerando que os professores têm grande importância para que os

alunos possam assumir uma postura ativa em relação à construção de seus saberes,

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entendemos que o uso dos recursos oferecidos pelas TIC pode colaborar, de forma

ampla, com uma proposta de Educação baseada na ação do discente.

As possibilidades de interação, compartilhamento e colaboração advindas do

uso dos aparatos digitais podem contribuir com uma educação contextualizada que

trabalhe com conteúdos atualizados e necessários na sociedade contemporânea,

educação esta voltada para a formação de pessoas capazes de exercer a cidadania

plena na sociedade da Informação. A presença maciça das Tecnologias Digitais pode

favorecer uma nova dinâmica educacional, pois o computador usado no ambiente

educacional tende a ser muito mais que uma ferramenta.

Uma característica marcante da sociedade da Informação é a presença

maciça das TIC em todos os segmentos. Segundo Werthein,

A expressão “sociedade da informação” passou a ser utilizada, nos últimos anos desse século como substituto para o conceito complexo de “sociedade pós-industrial” e como forma de transmitir o conteúdo específico do “novo paradigma técnico-econômico”. A realidade que os conceitos das ciências

sociais procuram expressar refere-se às transformações técnicas, organizacionais e administrativas que têm como “fator-chave” não mais os insumos baratos de energia – como na sociedade industrial – mas os insumos baratos de informação propiciados pelos avanços tecnológicos na microeletrônica e telecomunicações. (WERTHEIN, 2000.p.71)

Embora já esteja disponível na maioria das instituições de ensino (públicas e

privadas), utilizar os recursos digitais de forma crítica e satisfatória, sob o ponto de

vista da aprendizagem, ainda é um desafio para nós, educadores. Integrar esses

recursos à prática pedagógica educacional pode possibilitar o surgimento de

metodologias de ensino mais adequadas para as necessidades de formação para a

sociedade atual.

A Tecnologia Digital possibilitou o surgimento de recursos digitais móveis

(tablet, netbook, smatphone etc.). Esses recursos têm, geralmente, um custo bem

mais acessível e, por conta disso, fazem parte da vida de nossos alunos de forma

mais ampla do que faziam os desktops, por exemplo. Além de um menor custo,

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esses aparatos têm na mobilidade um diferencial que pode ser usado a favor da

Educação. Segundo os autores LEMOS E LÉVY,

Jornais, rádios, televisões publicam ou emitem hoje quase tudo na web. Certas mídias (Webzines, WebTV, rádios online) estão disponíveis apenas na web sem utilizar o canal hertziano ou o impresso. A primeira consequência dessa nova situação é que todas as mídias podem ser “captadas”, lidas, escutadas, ou vistas de qualquer canto do planeta onde a conexão à internet é possível, com ou sem fio. Mais ainda: as novas mídias atuam a partir de princípios de liberação da emissão, da conexão permanente em redes de conversação e da reconfiguração da paisagem comunicacional que tem implicações importantes nas dimensões sociais, culturais e políticas. Não se trata apenas de uma mudança na forma de consumo midiático, mas nas formas de produção e distribuição de conteúdo informacional. (LEMOS e LÉVY, 2010. p.73).

A necessidade de integrar a Tecnologia Digital à Educação se torna ainda

mais urgente quando constatamos que a popularização desses recursos faz com

que, mesmo que nossos professores não os utilizem em sua prática, eles sejam

levados para o ambiente escolar pelos alunos. Muito embora tenham contato e

utilizem com destreza os aparatos digitais, nossos discentes, geralmente, não

conseguem relacioná-los à Educação e limitam o uso desses recursos, basicamente,

para o entretenimento acessando jogos, redes sociais, repositórios de vídeos etc.

Nesse contexto, cabe aos educadores desenvolver estratégias pedagógicas

que possibilitem a integração satisfatória desses recursos aos processos

educacionais. Para Moran,

Há uma pressão enorme para incluir as tecnologias móveis na educação. Alguns colégios e instituições superiores entregam tablets ou netbooks para os alunos como parte do material escolar. Há uma tendência à substituição dos livros de texto por conteúdos digitais dentro de tecnologias móveis. Uma justificativa é diminuir de peso das mochilas dos alunos; outra, baratear do acesso ao conteúdo não impresso (além de ser ecologicamente mais correto); também é visto como importante oferecer recursos de pesquisa, de leitura e de comunicação próximos dos alunos,

dos ambientes digitais que frequentam, para motivá-los mais a aprender. (MORAN, 2012).

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Características como a facilidade de transporte (os dispositivos móveis são

leves), preço mais acessível que os computadores (desktop), colaboração com a

sustentabilidade (os conteúdos não precisam ser impressos) e o fascínio/facilidade

que os alunos apresentam em relação a esses dispositivos móveis já justificariam a

sua integração no espaço educacional. No entanto, a partir da formação

especializada de docentes os recursos móveis podem promover o surgimento das

inovações pedagógicas tão necessárias à Educação do século XXI.

Para MATTAR (2013) o uso dos dispositivos móveis na Educação tem relação

com a teoria de aprendizado Conectivista. Segundo o autor, essa teoria apresenta

as características necessárias para uma Educação contextualizada e alinhada com

as necessidades e exigências da Sociedade da Informação, pois amplia o conceito

de aprendizagem de outras teorias.

Nesse sentido, Siemens (2005a) discute as limitações do behaviorismo, do cognitivismo e do construtivismo, porque não abordariam a aprendizagem que ocorre fora das pessoas (ou seja, que é armazenada e manipulada pela tecnologia) nem a que ocorre dentro das organizações. O Conectivismo ou aprendizado distribuído é proposto então como uma teoria mais adequada para a era digital, quando é necessária ação sem aprendizado pessoal, utilizando informações fora do nosso conhecimento primário. As teorias da aprendizagem deveriam ser ajustadas em um momento em que o conhecimento não é mais adquirido de forma linear, a tecnologia realiza muitas das operações cognitivas anteriormente desempenhadas pelos aprendizes (armazenamento e recuperação da informação). (MATTAR, 2013. p.56).

Nesse sentido, a formação dos docentes deve promover o conhecimento

sobre teorias de apredizagem atualizadas e um olhar crítico, desses profissionais,

em relação a integração dos aparatos digitais à sua prática pedagógica. Essa

formação pode possibilitar que esses recursos, diferentemente do que ocorreu com

outras tecnologias (rádio, TV, vídeo etc.), colaborarem, de maneira efetiva, com

uma Educação que forme pessoas aptas a exercerem, no futuro, a plena cidadania,

e que contribuam com o bem comum.

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METODOLOGIA DA PESQUISA

Esse trabalho utilizou, em um primeiro momento, o recurso da pesquisa

bibliográfica acessando diversos repositórios, como Google Acadêmico, repositório

de instituições de ensino, Youtube e demais periódicos que tratam da temática

Tecnologia Educacional. Cervo e Bervian definem a pesquisa bibliográfica como:

A que explica um problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre determinado assunto, tema ou problema. (CERVO e BERVIAN, 1983. p.55).

Nessa etapa, foi possível realizar o estado da arte sobre o uso de recursos

digitais e dos aparatos móveis na Educação e entender o quanto é importante

investir na formação dos nossos professores nessa área. Para obter dados sobre a

forma que os docentes da nossa instituição utilizam os recursos digitais em sua

prática, foi aplicado um questionário eletrônico6. Esse recurso possibilitou obter as

informações de professores de todos os campi de nossa instituição de forma muito

prática. Algo que dificilmente poderia ter sido feita de outra forma. Para os

autores Marconi e Lakatos,

O questionário é um instrumento desenvolvido cientificamente, composto de um conjunto de perguntas ordenadas de acordo com um critério predeterminado, que deve ser respondido sem a presença do entrevistador. (MARCONI; LAKATOS, 1999. p.100).

O questionário é um recurso muito usado quando temos dificuldade ou somos

impossibilitados de estabelecer um contato presencial com o entrevistado. Por se

tratar de uma intervenção feita em seres humanos, mesmo sendo à distância, esse

6 Endereço do questionário: https://docs.google.com/forms/d/1PS9j9wmKv1xaRKUjobLxT2MUZt1adreXrW8AjIue5Z8/viewform

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questionário foi submetido ao comitê de ética da UNESA e recebeu o Certificado de

apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 19724613.4.0000.5284.

Os recursos atualmente oferecidos pela Tecnologia Digital facilitam não só a

aplicação de questionários no formato digital através da Internet, como também a

análise dos dados obtidos. Nessa pesquisa foi utilizado o Google Docs, que é um

recurso oferecido pela empresa Google. Esse aplicativo é baseado na tecnologia

AJAX7 e funciona totalmente on-line. A quantidade de dados manipulados nessa

pesquisa justificou o uso desse recurso e permitiu realizar uma análise satisfatória

dos dados.

O questionário aplicado contou com perguntas que possibilitaram traçar o

perfil de nossos professores em relação ao uso do tablet e demais recursos digitais.

As questões serviram para obter as seguintes informações:

Se o professor conhecia o projeto Tablet;

Se na sua formação acadêmica recebeu alguma capacitação voltada

para o uso de recursos digitais em sua prática pedagógica;

Quais metodologias de ensino elaboradas pelos professores para o uso

das TIC;

Quais propostas acadêmicas devem ser desenvolvidas pela UNESA para

promover a integração dos recursos digitais e, mais especificamente,

do tablet em nossa instituição.

Os dados coletados no questionário foram tratados de forma quantitativa e a

qualitativa. Em relação à quantitativa, Godoy afirma que:

[...] num estudo quantitativo o pesquisador conduz seu trabalho a partir de um plano estabelecido a priori, com hipóteses claramente especificadas e

7 AJAX (acrônimo em língua inglesa de Asynchronous Javascript and XML, em português "Javascript Assíncrono e XML") é o

uso metodológico de tecnologias como Javascript e XML, providas por navegadores, para tornar páginas Web mais interativas com o usuário, utilizando-se de solicitações assíncronas de informações. Foi inicialmente desenvolvida pelo estudioso Jessé James Garret e mais tarde por diversas associações. Apesar do nome, a utilização de XML não é obrigatória (JSON é frequentemente utilizado) e as solicitações também não necessitam ser assíncronas.

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variáveis operacionalmente definidas. Preocupa-se com a medição objetiva e a quantificação dos resultados. Busca a precisão, evitando distorções na etapa de análise e interpretação dos dados, garantindo assim uma margem de segurança em relação às inferências obtidas. (GODOY, 1995, p.58)

As análises quantitativas nos possibilitaram, em um primeiro momento,

perceber a dimensão do projeto em nossa instituição e o quanto nossos docentes

sabem sobre essa proposta de uso acadêmico do tablet. Além dessas informações,

obtivemos outras que serviram para classificar os docentes por aspectos que

tiveram muita relevância na hora de analisar qualitativamente as outras respostas

do questionário como, por exemplo, a idade dos entrevistados.

Em relação à análise qualitativa, foi verificado, principalmente, se os

docentes, quando utilizam os recursos digitais em sua prática educacional, fazem-

no de forma crítica, ou seja, possibilitando que seus alunos sejam protagonistas no

processo de aprendizagem, algo amplamente favorecido pelos recursos oferecidos

pelas TIC.

A partir da análise dos dados obtidos nesse questionário, foram propostas

ações pedagógicas a serem desenvolvidas com nossos docentes. Elas estão

descritas, detalhadamente, na Conclusão deste artigo.

O PROJETO TABLET

Antes de falar do projeto é importante apresentar a instituição no qual ele é

desenvolvido. A Universidade Estácio de Sá (UNESA)8, fundada há 42 anos, é uma

das maiores instituições da América Latina, com aproximadamente 270.000 alunos,

7.500 professores e 4.000 colaboradores. Essa instituição é formada por um

conglomerado de outras 38, entre Universidades, centros universitários e

8 Informações disponíveis em <http://portal.estacio.br/home/aluno.aspx??&estado=RJ> Acessado em 9 de maio de 2013.

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faculdades, totalizando 72 campi nos quais são oferecidos diversos cursos de

graduação, pós-graduação e extensão nas modalidades presencial e a distância.

As ações inovadoras no meio acadêmico são uma de suas características

marcantes. Posso citar algumas, como:

Oferecer cursos em vários campi (fez com que as pessoas se

deslocassem menos para estudar, pois o curso era perto do seu

trabalho ou de sua casa);

Oferecer cursos de politécnico/tecnólogo (cursos com curta duração,

entre dois a três anos, com foco no mercado de trabalho e no qual o

corpo docente é, geralmente, formado por profissionais que atuam

diretamente na área que lecionam);

Oferecer material didático para os alunos (material personalizado

composto de partes específicas de obras de referência nas áreas dos

cursos).

Nesse contexto, temos o projeto Tablet como a continuação da proposta

educacional inovadora de nossa instituição. O projeto teve início no segundo

semestre de 2011 atendendo a cinco mil estudantes dos cursos de Direito,

Gastronomia e Hotelaria, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.

A partir da parceria com a ABDR (Associação Brasileira dos Direitos Reprográficos),

foram disponibilizados capítulos integrais das melhores obras referentes às

disciplinas dos cursos. O tablet também traz outros conteúdos, como biblioteca

virtual, com mais de 1.600 obras, projeto pedagógico do curso e planos de aulas.

Os objetivos desse projeto são:

Fazer um planejamento contemplando a sensibilização dos docentes

ao projeto e, se possível, estruturar um programa de capacitação e

envolvimento antes mesmo da distribuição das mídias digitais móveis;

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Estruturar canais de comunicação que promovam o feedback

contínuo, tanto de professores como de alunos, para que os possíveis

erros sejam corrigidos e as melhorais surjam da demanda do próprio

usuário;

Investir na qualidade da tecnologia e da infraestrutura onde o

recurso será utilizado, possibilitando, por exemplo, navegação

amigável e intuitiva e acesso à rede nos espaços onde o aparelho

será manuseado;

Criar polos de pesquisa com o foco em tecnologia aplicada à

educação para estudo, discussão e desenvolvimento de material

acadêmico sobre o tema, com a possibilidade de produzir

conhecimento científico dentro de uma instituição de ensino que dê

embasamento para as práticas pedagógicas desenvolvidas dentro de

sala de aula;

Investir na qualidade do material que está sendo distribuído,

avaliando os cursos que os estão recebendo e a relevância do

dispositivo para cada curso contemplado, a linguagem e a forma

como o conteúdo está sendo apresentado. Deve-se considerar que,

por ser um recurso móvel que tem várias facilidades, será preciso ter

cuidado com a seleção do conteúdo, entendendo que o usuário de

tablet quer informação de qualidade e que seja relevante para sua

maneira de aprender e ensinar;

Criação de inteligência para desenvolvimento de novos aplicativos

educacionais oferecendo, se possível, treinamento com consultorias

para equipes internas que possam se desenvolver e produzir

aplicações de ensino para os aparelhos distribuídos.

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O projeto Tablet apresenta um grande potencial para gerar as inovações

pedagógicas tão necessárias à Educação do nosso século. No entanto, para que isso

ocorra é imprescindível que nossos docentes tenham uma formação específica para

o uso desse aparato digital móvel. Embora uma parte do que entendemos como

inovação já esteja ocorrendo através da Fábrica do Conhecimento (vou descrevê-la

adiante) ainda é necessário que sejam realizadas outras atividades, com o uso do

tablet e demais dispositivos móveis, nas quais os alunos sejam protagonistas.

A proposta de criação de aplicativos para dispositivos móveis, realizada pela

Fábrica de Conhecimento, tem alcançado sucesso não só entre nossos alunos, mas

também entre outras pessoas da rede. Esse departamento desenvolve aplicativos

para os cursos a distância e para a formação dos nossos docentes, e tem uma média

de 300 instalações/dia. Atualmente, registramos em nossa página9 mais de 180.000

downloads de apps nas três lojas (Apple, Android, Windows Phone). Um fator

interessante, sobre o qual falarei mais adiante na conclusão do trabalho, é que o

dispositivo que mais solicitou download foi o Smartphone. Alguns dos aplicativos

produzidos pela Fábrica do Conhecimento, além de serem educativos, prestam um

serviço relevante, como o aplicativo “meu bebê”, por exemplo. Uma característica

importante desses aplicativos é que eles são, em sua grande maioria, fruto de

solicitações feitas pelos docentes para facilitar o aprendizado de pontos específicos

de suas disciplinas. Muito embora essa iniciativa possa ser considerada um sucesso,

ainda são necessárias outras ações que, através dos resultados da nossa pesquisa,

puderam ser evidenciadas.

ANÁLISE DOS DADOS

Conforme dito anteriormente, na descrição da metodologia do trabalho, foi

utilizado o recurso do questionário eletrônico e, a partir dos dados obtidos, foram

9 Endereço da página: <https://play.google.com/store/search?q=est%C3%A1cio&c=apps&hl=pt-BR>

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elaborados gráficos que nos ajudam a interpretar quais as principais dificuldades

encontradas por nossos docentes para o uso do tablet e demais recursos móveis em

suas atividades pedagógicas. Nesse trabalho, tratarei de apenas alguns dados

coletados na pesquisa.

Nossa pesquisa concluiu que, geralmente, nossos docentes não tiveram

disciplinas específicas sobre Tecnologia Educacional em sua formação acadêmica.

Isso explica, em parte, a dificuldade que apresentam para integrar os recursos

digitais a sua prática educacional, pois é comum replicarmos as mesmas

metodologias a qual fomos submetidos enquanto discentes em nossa vida como

docentes.

Figura 1- Formação acadêmica para uso das Tecnologias Digitais

Outro aspecto relevante para a nossa análise foi a constatação de que nossos

professores são, majoritariamente, Imigrantes Digitais10, o que consideramos ser

um aspecto dificultador para a integração de recursos digitais em suas aulas.

10

Para Prensky (2001) os imigrantes digitais são as pessoas que não nasceram em um mundo digital, mas estão sendo

obrigadas a se adaptar a uma sociedade baseada na utilização de recursos digitais em todos os seus segmentos.

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Figura 2 – Respostas sobre a faixa etária dos docentes

Embora nosso projeto tenha se iniciado no ano de 2009, em nossa pesquisa

constatamos que 49% de nossos docentes ainda não conhecem e,

consequentemente, não participam do projeto Tablet.

Figura 3 – Uso do Tablet nas aulas

Em relação ao uso dos recursos digitais na prática pedagógica, obtivemos

alguns dados interessantes sobre como nossos professores integram os recursos

digitais em suas aulas. Os gráficos apresentam esses dados.

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Figura 3 – Uso do laboratório de Informátic

Esses dados evidenciam a necessidade de uma formação específica para que

os docentes possam utilizar, de maneira mais efetiva, os recursos digitais em suas

aulas. Segundo as respostas fornecidas pelos professores, os motivos para a pouca

utilização dos recursos são:

Figura 4 – Motivos para a pouca utilização dos recursos digitais

As respostas fornecidas pelos docentes para justificar a pouca ou a não

utilização dos recursos digitais em suas aulas nos revelam aspectos interessantes.

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Segundo os dados, 34% dos docentes alegam que, por não saberem utilizar os

recursos digitais, preferem não utilizá-los. Esse dado evidencia que, para esses

docentes, o que deveria ser visto como recurso pedagógico é tratado como

conteúdo; e como, culturalmente, para a maioria dos docentes o professor deve

deter o conhecimento, não saber usar os recursos digitais com a mesma

desenvoltura dos alunos é um limitador.

Para 15% dos docentes, o conteúdo de sua disciplina não contemplaria o uso

da Tecnologia Digital. Se levarmos em conta que os recursos digitais estão

presentes em todos os segmentos da nossa sociedade e, dificilmente, encontramos

uma área que não seja influenciada pelos recursos e possibilidades advindas dessas

tecnologias, esse dado é algo que não se justifica.

Para finalizar a análise dessa pergunta, eu destaco que somente 1% dos

docentes acredita que os alunos não acham importante o uso das Tecnologias

Digitais no ambiente educacional. Esse dado é importante, pois evidencia que

mesmo os docentes que não utilizam os recursos digitais reconhecem a necessidade

de utilizá-los em suas aulas.

A necessidade de formação docente foi um aspecto sinalizado em nossa

pesquisa, pois 98% dos entrevistados solicitaram que nossa instituição realize

atividades que os ajudem a empregar os recursos digitais em suas práticas

educacionais. Como essa é uma pesquisa-ação, perguntamos aos docentes quais

atividades deveriam ser oferecidas. Obtivemos as seguintes respostas:

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Figura 5 – Propostas de atividades de formação

O número de professores que solicitaram cursos presenciais é - como já

esperávamos por serem os docentes, em sua grande maioria, Imigrantes Digitais -

maior do que os que solicitaram cursos a distância; mas, de forma surpreendente,

não foi uma diferença percentual tão elevada. Acreditamos que, por se tratar de

uma solicitação dos próprios professores, as atividades que serão promovidas terão

uma boa participação do nosso corpo docente.

CONCLUSÃO

“Ensinamos HOJE, da mesma maneira como aprendemos no PASSADO,

formando pessoas para viver no FUTURO”.

Essa afirmação nos ajuda a entender algumas das dificuldades encontradas

na Educação. Nós educadores geralmente reproduzimos as mesmas metodologias de

ensino às quais fomos submetidos. Se, no passado, isso já era um problema,

imagine atualmente, com a dinâmica dos acontecimentos e a velocidade com que o

conhecimento é produzido e disseminado, segundo Gonzalez (2004):

Um dos fatores mais persuasivos é o encolhimento da duração do conhecimento para metade. A “meia-duração do conhecimento” é o tempo de duração desde que se obtém o conhecimento até que ele se torne

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obsoleto. Metade do que é conhecido hoje não era conhecido há 10 anos. A quantidade de conhecimento no mundo dobrou nos últimos 10 anos e está dobrando a cada 18 meses, de acordo com a Sociedade Americana para o Treinamento e Desenvolvimento (ASTD).

Além do aspecto relacionado à quantidade de conhecimento produzido é

necessário, também, levar em consideração outras capacidades e habilidades que

acreditamos que serão necessárias a esses formandos. Definir, com precisão, quais

seriam essas habilidades e competências não é algo fácil. No entanto, podemos

pensar em alguns aspectos que, a partir do que temos observado, julgamos ser

importantes. Dentre eles, podemos enumerar os seguintes:

Saber relacionar-se com as demais pessoas de sua comunidade (física

e virtual);

Utilizar os recursos tecnológicos de forma crítica e responsável,

levando em consideração aspectos relacionados à sustentabilidade, à

ética e ao respeito aos demais participantes da comunidade na qual

está inserido;

Ser inovador, entendendo a inovação como a soma da criatividade

com o conhecimento, ou seja, só a criatividade não basta; é

necessário ter conhecimentos para por as ideias em prática;

Ser intelectualmente autônomo pois, como citado anteriormente, a

velocidade com a qual são produzidos os conhecimentos nos obriga a

sermos capazes de aprender sozinhos e por toda a vida;

Nesse contexto, concluimos que a formação acadêmica para o uso dos

diversos recursos digitais e, de forma mais específica, do tablet e demais

dispositivos móveis se torna cada vez mais necessária no paradigma da Sociedade

da Informação. A partir dos resultados obtidos em nossa pesquisa foram propostas,

inicialmente, as seguintes ações:

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1. Maior divulgação do trabalho desenvolvido pela Fábrica do

Conhecimento: muitos professores solicitam aplicativos que poderiam

ser produzidos e, por falta de comunicação entre os setores, isso não

ocorre;

2. Promoção de eventos com a temática Tecnologia Educacional: para

que sejam apresentadas as possibilidades do uso das Tecnologias

Digitais e, também, para que os docentes possam compartilhar suas

experiências, dúvidas e sugestões sobre o que se refere ao uso da TD na

Educação;

3. Curso MÍDIAS VIRTUAIS NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL E ON-LINE:

oferecer o curso, no formato online, sobre o uso das mídias virtuais nos

processos educacionais. Esse curso vai tratar não só da parte técnica

(como usar) mas, principalmente, da discussão crítica sobre como

integrar esses recursos a sua prática pedagógica.

Entendemos que temos uma grande caminhada a cumprir para que nossos

docentes possam propor metodologias de ensino e aprendizagem inovadoras, tão

necessárias na atualidade. Essa pesquisa foi o ponto de partida, e acreditamos que

as ações iniciais aqui descritas poderão nos ajudar nesse sentido. Mas devemos

continuar a discussão sobre a temática e propor outras ações que possibilitem que

o projeto Tablet seja um marco de inovação na área educacional e sirva de

referência às demais instituições de ensino.

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