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Universidade Estadual da Paraba - UEPB
Prova de Poltica Externa Brasileira
Gabriela GonalvesP4ManhRI
Aluna: Mariana Barreto de Arajo
- Questes -
1. Sobre a relao Brasil-Inglaterra, cite e explique as condies que
garantiram o reconhecimento da independncia brasileira pela
Inglaterra. (1,0)
R. O processo que resultou no reconhecimento pela Inglaterra da independncia
do Brasil, foi em realidade, um reflexo da Europa ps Napoleo. O sentimento
absolutista dos pases do continente fez com que as naes se sentissem mais
seguras em apoiar o domnio Portugus na regio. Porm, a noo de
independncia dos brasileiros j havia ultrapassado todas as barreiras tolerveis
para o mantenimento da paz no territrio e era, pois, crucial para D. Pedro o
gestor do pas na atual conjuntura que pelo menos a Inglaterra pudesse
reconhecer o pas como um Estado Autnomo, tanto por questes econmicas,
quanto por questes tcnicas da sua governana, uma vez que mesmo sendo
imperador do Brasil, ele ainda era herdeiro da Coroa Portuguesa. Diante de tal
situao, a Inglaterra impe suas condies para que o reconhecimento pudesse
se dar de fato. Fica estipulado ao Brasil que conceda Inglaterra a entrada dos
seus produtos a uma taxa de 15%; a introduo de franquias recprocas; o
asseguramento de direitos especiais aos sditos ingleses no pas, como
condies para se instalarem e agirem segundo as leis do seu Estado de origem;e a excluso da comercializao de produtos brasileiros no mercado Ingls e
talvez o mais polmico de todos: a extino do trfico de escravos que foi
recebido pelo partido portugus com horror e sentimento de traio. Tais
condies deveriam ser digeridas de modo unilateral (da Inglaterra para o
Brasil), sem nenhum tipo de contestao e a situao do pas que j era
delicada do ponto de vista da economiatendeu de vez ao declnio.
2. Explique o seguinte trecho (1,0):
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O sistema de tratados resultou, segundo o pensamento parlamentar,
uma disposio injustificvel de mendigar o reconhecimento da
nacionalidade
(CERVO, A. ; BUENO, C. Histria da Poltica Exterior do Brasil. 2. ed. Braslia: EditoraUniversidade de Braslia, 2002, p. 48 final do captulo: A poltica externa poca daindependncia)
R. Ao analisarmos, do ponto do vista brasileiro, a srie de tratados concessivos
aos quais o Brasil submeteu-se tanto a Portugal quanto a Inglaterra,
perceberemos a expressiva incoerncia que resultou dos mesmos. O Brasil, na
nsia e urgncia de ter o reconhecimento dos demais Estados e tambm
aspirando melhoria de sua situao econmica, acaba por complicar-se ainda
mais. As condies estabelecidas tanto por portugueses quanto por ingleses
estava aqum das possibilidades do pas. As exigncias feitas por ambas s
naes para conceder o reconhecimento soberania nacional fizeram com que o
pas visse sua situao que j era delicada piorar. O comrcio nacional, a
navegao, o direito dos cidados, as indstrias: tudo ficou sob o julgo
estrangeiro. Segundo Cervo (2008) Instituram uma reciprocidade fictcia e
falsa, igualando naes desiguais, naquilo em que as mais avanadas no
receavam os efeitos da concorrncia, e eliminaram a reciprocidade, quando esta
realmente viria beneficiar q produo interna. Portanto, pelo menos num
primeiro momento, o reconhecimento da independncia brasileira pelas
potncias europeias, s serviu aos interesses deles: a Inglaterra tendo o Brasil
como mercado consumidor ao seu excedente de produo oriundo da revoluo
industrial, e Portugal, a garantindo praticamente o seu sustento econmico e
soberania como uma corte real.
3. Explique a Guerra da Cisplatina (1825-28) do ponto de vista do interesse
brasileiro na regio, e em seguida, comente os resultados polticos
negativos para o Brasil (1,5).
R.Os objetivos brasileiros na regio do Rio do Prata tanto antes quanto depois
da guerra da cisplatina permaneceram os mesmos. A poltica que o Estado
brasileiro exerceu, obtivera ganhos sem a necessidade de um confronto num
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primeiro momento, o que no estava descartado, porm, como recurso de ltima
instancia. De qualquer forma, os interesses do pas eram: econmicos, uma vez
que produes da regio como o charque eram insuficientes para alimentar a
massa produtiva; fatores como os emprstimos concedidos ao Uruguai e as
Argentinas; estratgicos e de segurana: o acesso ao Mato Grosso pelo esturio,
a defesa das independncias locais, a definio jurdica e segurana das
fronteiras e a liberdade de trabalhos dos brasileiros residentes; e finalidades
polticas: o funcionamento de instituies liberais como condicionante para a
durao das relaes e para o incremento do liberalismo econmico. Do ponto
de vista dos prejuzos obtidos pelo pas ao longo dos 25 anos de presena
brasileira no Prata em consequncia ao conflito, podemos destacar os onerosos
gastos que acabaram sendo desviados da modernizao do pas e que acabaram
por falir um dos seus principais financiadores, o Visconde de Mau ; os
emprstimos que no foram ressarcidos pelo Uruguai, alm das dvidas do
Paraguai que nunca foram pagas.
4. Por que a questo do trfico de escravos era um assunto to sensvel a
ponto de causar atritos no relacionamento do Brasil com a Inglaterra?
Explique tambm como a deciso brasileira de abolir o trfico em 1850
relaciona-se com a Inglaterra. (2,0)
R. O trfico de escravos, que oficialmente no Brasil durou at o ano de 1850,
fora motivo de controversas e desentendimentos no relacionamento entre o pas
e a Inglaterra. Os interesses que moviam os Estados eram bastante destoantes e
as presses de ambos os lados para o atendimento de seus pleitos minou a
interao entre as naes e acirrou ainda mais a disputa pelo controle e conquista
dos interesses de cada um. O fato da imigrao livre no ter alcanado o xito
esperado fora certamente um dos motivos pelos quais o Brasil teimou em no
abrir mo da mo de obra negra. A modernizao caracterstica do sculo XIX,
bem como a expanso do setor agrcola e a interiorizao econmica, eram tanto
por parte da sociedade brasileira quanto por parte do governo, totalmente
dependentes da fora externa de trabalho. Tal situao veio a culminar com oadiamento da importao dos escravos at o ano de 1850, desagradando assim
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em muito os ingleses. Para estes, a continuidade do trfico era uma ao dbia
por parte do governo nacional para com as leis e demais acordos vigentes. Os
brasileiros estavam intrinsecamente dependentes dos tratados feitos com o pas e
a questo do fim do trfico para os ingleses era antes de mais nada, uma
estratgia econmica. Em todo caso, mesmo com a inicial resistncia do Brasil
ao cessamento da importao dos escravos, as presses da Inglaterra chegaram a
um ponto que o receio de um conflito armado j pairava no ar. O deslocamento
da esquadra oriunda do Rio do Prata em direo as guas do pas retratam bem o
clima pesado que tomou conta da situao. O Brasil viu-se encurralado e com
poucas opes. Segundo Cervo (2008), a deciso brasileira de extinguir o
trfico em 1850 explica-se por razes internas e por clculos de poltica
externa. Ms, embora o governo nacional tenha acatado a presso britnica, os
ressentimentos entre os pases ainda perduraram.
5. Comente os interesses norte-americanos na Amaznia brasileira na
dcada de 1850 e as medidas do Imprio do Brasil para a proteo do
seu territrio. (1,5)
R. O plano de ocupao da Amaznia pelos Estados Unidos atendia
fundamentalmente a tentativa norte-americana de encontrar uma sada para a
crise econmica escravista do pas. A ideia consistia no translado dos colonos e
escravos do Sul do pas para a produo de borracha e algodo na regio
amaznica. O empreendimento deu-se de iniciativa particular com o apoio do
governo de Washington e presses do seu representante no Rio de Janeiro. A
poltica externa estadunidense era baseada em princpios que a partir de 1845
foram reorganizados por assim dizer. A anexao de territrios, a interrupoda colonizao europeia na Amrica e a expanso territorial ilimitada dos EUA
fazem parte da nova Agenda de metas e objetivos. Liderada pelo tenente da
marinha Metthew Maury, a campanha de ocupao norte-americana exigia a
abertura do Amazonas para a passagem dos colonos e a vinda dos empresrios e
escravos. Mediante a situao, o Brasil deu incio a sua estratgia de defesa que
consistia: no fortalecimento do Amazonas e na criao da companhia brasileira
de navegao; o estudo a fundo do Direito internacional concernente as guas e
rios para uma possvel retaliao jurdica, conceder a navegao exclusiva aos
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ribeirinhos, confronta-los pelo vis diplomtico e protelar a abertura at que o
risco de dominao estrangeira tivesse cessado. A atuao brasileira seguiu
nesse caminho at o entendimento da abertura incondicional a todas as naes da
navegao pelo Amazonas em 1866, excluindo o transito apenas dos navios de
guerra. Como afirma Cervo (2008) Interrompia-se dessa forma, o prolongado
debate nacional e chegava-se a um desfecho soberano no quadro externo.
6. Segundo Amado Cervo, o perodo que vai de 1844 a 1876 caracterizou-
se pela ascenso, apogeu e declnio de uma poltica brasileira perifrica
regional, autoformulada, contnua e racional, na medida em que se
guiava por objetivos prprios e que o Prata foi rea em que correu
solta a poltica de potncia do Estado-Imprio brasileiro. Como foi a
poltica intervencionista brasileira na regio do Prata entre 1964 e
1876? (2,0)
R.A poltica intervencionista que caracterizou a atuao brasileira na regio do
prata no perodo compreendido entre 1964 e 1976 foi incisiva, protecionista e
com vista ao atendimento dos interesses do pas acima de tudo. Na tica do
sistema internacional, estabeleceu-se uma hegemonia perifrica, porquanto apresena brasileira se caracterizou pela substituio das potncias anteriormente
dominantes e sua ao preencheu os requisitos do conceito (CERVO, 2008). O
Brasil, pela via diplomtica, comandou um sistema de acordos e alianas
favorveis ao pas e usou da fora quando dobrou a vontade dos Estados Platinos
quando fora necessrio; alm de ter submetido estes dependncia financeira,
por meio de emprstimos. A hegemonia brasileira na regio no perodo foi vista
como de carter imperialista, uma vez que soube utilizar da fora para conseguir
seus objetivos. Para Cervo a ostentao ou o emprego da fora amparavam os
objetivos econmicos e geopolticos. O Brasil abriu economia local a
iniciativa privada e garantiu o fornecimento de matria prima necessria ao
mantenimento do sistema de produo. A presena brasileira fora marcada
principalmente pela expanso do capitalismo, liberalizao das instituies e
relaes de produo. O Brasil dessa forma firmou-se com objetivos seus,
batendo de frente com as demais potencias capitalistas que tambm competiam
na rea e estabelecendo-se como uma potncia dominante e de peso na regio.
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