QUEM É O CONSULENTE DE APOMETRIA?
Neusa Junqueira Armellini, Vera Regina dos Santos Wolff
RESUMOA pesquisa, Quem é o consulente de Apometria?, foi uma atividade
pedagógica de caráter teóricoprático do projeto de extensão do Grupo de Estudos
sobre Pesquisa em EspiritualidadeApometria (GEPEA), no período de 20022003,
integrante do programa do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Transdisciplinares sobre
Espiritualidade (NIETE), vinculado a ProReitoria de Extensão, da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (PROREXT/UFRGS). Este projeto se originou como uma
resposta do NIETE à demanda da Sociedade Brasileira de Apometria (SBA), que
buscava a atualização de referenciais teóricopráticos na área da pesquisa científica. O
problema de pesquisa referese a pessoa que busca o atendimento espiritual com
Apometria, designada consulente, buscando identificar quais as suas características.
O quadro teórico de referência apóiase em concepções espíritas sobre o
HomemEspírito, sua evolução, processos espirituais patológicos e sobre a Apometria,
considerada como uma técnica utilizada no atendimento espiritual que desencadeia
uma terapêutica de natureza anímicomediúnica e espiritual. A quase inexistência de
estudos sobre o consulente desse tipo de tratamento e a proposta pedagógica do
projeto GEPEA motivaram a realização deste trabalho. A pesquisa é de natureza
quantitativa, tipo exploratória. Os sujeitos constituíram uma amostra de 143
consulentes que buscaram atendimento espiritual em cinco instituições de Porto
Alegre, durante o mês de novembro de 2002. Na coleta de dados foi aplicado um
questionário aberto, semiestruturado, que versou sobre algumas características dos
consulentes. As análises e interpretações dos dados, as discussões dos resultados,
bem como a formulação de conclusões, reflexões e as implicações decorrentes, foram
realizadas de forma coletiva pelos integrantes do GEPEA. Os principais resultados
indicaram que a maioria das pessoas que buscavam esse tipo de atendimento
espiritual foi predominantemente do sexo feminino, adultas, com escolaridade e
profissão de nível superior, formação católica, mas de prática espírita ou espiritualista,
com alguma sensibilidade mediúnica. Buscaram anteriormente, tanto o tratamento
médico convencional, como o não convencional, para resolver os problemas para os
quais motivou o atendimento espiritual. A maioria buscou este tipo de tratamento
espiritual na expectativa de obter ajuda emocional e física, tendo já recebido mais de
um atendimento com Apometria, com freqüência mensal. As recomendações,
fornecidas pela equipe mediúnica das instituições participantes, foram seguidas pelos
consulentes, envolvendo diversas práticas espíritas. As fontes de informação sobre o
tratamento espiritual com Apometria, em sua maioria, foram fornecidas ao consulente
por outro consulente já atendido, por trabalhador da própria instituição ou por
profissionais da área da saúde. Cerca de metade dos consulentes expressou interesse
em participar de alguma atividade na instituição. Os resultados sugerem algumas
linhas de ação direcionadas às instituições participantes da investigação, à SBA, ao
NIETE/UFRGS e à própria área de conhecimento da Apometria.
INTRODUÇÃO
Este artigo é uma parte do estudo intitulado “Quem é o consulente de
Apometria?”, que se constituiu em um primeiro exercício coletivo de pesquisa,
atividade pedagógica, de caráter teóricoprático, do projeto de extensão do
Grupo de Estudos sobre Pesquisa em EspiritualidadeApometria (GEPEA), no
período de 20022003.
O trabalho na sua íntegra foi disponibilizado à biblioteca da Faculdade de
Educação da UFRGS e às instituições que participaram da execução do projeto.
Nele consta uma ampla revisão bibliográfica dos referenciais teóricos sobre o
Espiritismo e a Apometria, além das reflexões e implicações, produto da
experiência e dos estudos dos pesquisadores, todos trabalhadores das
instituições pesquisadas (ARMELLINI e WOLFF, 2005).
O projeto integrou o programa de trabalho do Núcleo Interdisciplinar de
Estudos Transdisciplinares sobre Espiritualidade (NIETE), um dos núcleos da
PróReitoria de Extensão (PROREXT), da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS).
A Sociedade Brasileira de Apometria (SBA), gestão 20002003, buscou o
NIETE com o objetivo de concretizar uma de suas finalidades estatutárias, de
promover estudos e pesquisas sobre Apometria. Propunhase a atualizar seus
referenciais teóricopráticos face às novas perspectivas do conhecimento
cientifico, inspirados nos paradigmas emergentes.
O NIETE, como espaço institucional interdisciplinar, que articula as diversas
perspectivas de conhecimento em torno da temática Espiritualidade, acolheu
essa proposta que lhe possibilitava atender a seus próprios objetivos: oferecer
suporte a pessoas e instituições da comunidade interessadas no estudo e
pesquisa de temas relacionados à Espiritualidade; criar espaço acadêmico para
o estudo, debate e pesquisa sobre este tema em uma perspectiva
transdisciplinar e cosmoética.
Surgiu, então, o GEPEA, resultado de uma parceria SBANIETE, com a
intenção de contribuir para: aprofundar os estudos sobre Espiritualidade na
perspectiva da Ciência; possibilitar aos participantes o desenvolvimento de
conhecimento sobre as abordagens epistemológicas e metodológicas da
pesquisa e sua aplicação na construção do conhecimento sobre
EspiritualidadeApometria; qualificar e expandir a pesquisa científica sobre
Apometria; realizar estudos sobre a teoria e a prática da Apometria em
desenvolvimento em instituições da comunidade; apoiar a criação e a
revitalização dos Departamentos de Estudos e Pesquisas das instituições,
inclusive da própria SBA; da formação de equipes de pesquisa, da realização de
projetos de investigação e de oferecimento de subsídios para o aperfeiçoamento
do desempenho dos trabalhadores, na realização do atendimento espiritual com
Apometria.
Desde a Assembléia Mundial de Saúde de 1983, a inclusão de uma
dimensão espiritual de saúde vem sendo discutida, sendo proposto modificar o
conceito clássico de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) para "um
estado de completo bemestar físico, mental, social e espiritual (FLECK et al.,
2003).
Nesse sentido, a presente pesquisa também se integra à discussão atual
sobre a dimensão espiritual na saúde e na educação. Traz sua contribuição ao
aprofundamento de estudos sobre a área da Espiritualidade e da Apometria, em
especial sobre o consulente, centro do processo de atendimento espiritual. Da
mesma forma, se constitui em recurso pedagógico por excelência, ao permitir a
introdução da teoria e prática de pesquisa, no processo de educação continuada
dos participantes do GEPEA, além de oportunizar espaço para a concretização
das finalidades do NIETE e da SBA.
A Apometria compreendida como uma técnica é utilizada no atendimento
espiritual desencadeando uma terapêutica de natureza
anímicomediúnicaespiritual. Vem sendo empregada em cerca de 150
instituições e grupos espíritas e espiritualistas brasileiros e também no exterior.
Os resultados do presente estudo, apesar de restritos as cinco instituições
pesquisadas, ao serem socializados no âmbito das demais, poderão trazer
novas compreensões e reflexões sobre quem é o consulente que busca o
atendimento com Apometria. Conseqüentemente, poderão indicar a validação de
práticas em desenvolvimento nas referidas instituições e a necessidade de
criação de novas formas de trabalho.
A proposta terapêutica da Apometria, sistematizada e divulgada pelo
médico José Lacerda de Azevedo, conhecido como Dr. Lacerda, alicerçada na
Doutrina dos Espíritos ou Espiritismo, vêm sendo construída desde a década de
60.
Apesar do empenho de outros estudiosos da Apometria que deram
seguimento ao trabalho do Dr. Lacerda, considerandose a recenticidade de sua
utilização, há necessidade do aprofundamento e desenvolvimento de novos
estudos e pesquisas, que venham a se integrar ao processo de construção deste
conhecimento. Em especial, estudos sobre o consulente, a pessoa que busca o
atendimento espiritual com Apometria, como um recurso terapêutico espiritual.
Na literatura disponível, os estudos sistemáticos sobre o consulente são ainda em
número reduzido. Nas publicações da área, poucas características dos
consulentes são apenas referidas em casos atendidos, apresentadas como
ilustração ou exemplificação do emprego da terapêutica apométrica. Em tais
situações, constatase apenas uma abordagem reduzida da concepção holística
do consulente. A presente pesquisa é a primeira realizada em âmbito acadêmico
sobre a temática da Apometria. Retoma a dimensão científica do Espiritismo,
dando continuidade ao trabalho iniciado por Kardec e seus seguidores. Assim,
se justifica por sua contribuição ao processo de construção desse conhecimento.
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Quais as características das pessoas que buscam o atendimento espiritual
com Apometria, em cinco instituições de Porto Alegre: Centro Espírita de
Estudos e Trabalhos Apométricos, Grupo Espiritualista Universalista Triângulo da
Luz, Sociedade Espírita Casa da Luz, Sociedade Espírita Ramiro D´Ávila e Casa
do Jardim Entidade Espírita Assistencial?
OBJETIVOS
Identificar características do consulente do atendimento espiritual com
Apometria;
Qualificar o atendimento espiritual com Apometria nas cinco instituições
participantes da pesquisa;
Qualificar o trabalho do NIETE / UFRGS e da SBA;
Proporcionar experiências de aprendizagem de natureza teóricopráticas
sobre pesquisa aos participantes do GEPEA;
Contribuir para o processo de construção do conhecimento sobre
Apometria.
REVISÃO DA LITERATURA
1. A Doutrina dos Espíritos
No auge do Positivismo, no século XIX surgiu a Doutrina dos Espíritos ou
Espiritismo que fez uma revisão crítica do cristianismo. Essa revisão aliouse à lei
da palingênese ou da reencarnação, à existência da realidade dos
Espíritos, invisíveis aos olhos físicos, e dos planos sutis onde eles se
movimentam; da interação dos desencarnados desses planos sutis com a
realidade do mundo físico denso. Descobriu e desvelou a realidade do homem e
de suas interações com o mundo extrafísico, somente possíveis porque a própria
constituição do homem o permite.
De acordo com o Espiritismo, o homem é um ser multidimensional
constituído de corpo físico, perispírito e Espírito (KARDEC, 2008). O Espírito,
imortal e criado à imagem e semelhança de Deus e, portanto, perfectível. O
perispírito, corpo intermediário que possibilita a interação entre o Espírito e o
corpo físico, é o elemento fundamental do processo reencarnatório, o objeto
mesmo desse processo, o veículo através do qual o Espírito pode “descer” ao
mundo físico denso. O corpo físico reflete as desarmonias e dificuldades
gravadas no perispírito, e pode mudar em conseqüência da intervenção do
próprio Espírito e/ou de outros espíritos encarnados ou não, utilizandose de
determinados recursos terapêuticos.
O Espiritismo enfatiza o trabalho em favor dos necessitados, pois tem como
um de seus pressupostos a Lei do Amor, considerando a caridade seu mais
importante preceito. A doutrina espírita entende a caridade como um dever moral
de todo homem e que não se resume apenas ao auxílio material, ela abrange
todas as relações que temos com nossos semelhantes (KARDEC, 2008).
Essa concepção é o alicerce das práticas utilizado nos Centros Espíritas no
Brasil chamados passes e atendimentos ou trabalhos espirituais. A maioria das
pessoas no território nacional já ouviu falar, ou mesmo recorreu em algum
momento de sua vida, a algum tipo de trabalho espiritual, buscando uma consulta
ou passe ou qualquer outro recurso oferecido pelas instituições espíritas em todo
o país.
Para que essa prática dos trabalhos espirituais se realize, devidamente, ao
longo do tempo, se organizaram programas de estudo e de formação, orientados
por estudiosos mais experientes, que pudessem atender às necessidades dos
médiunstrabalhadores. Essa prática de estudar as obras de Allan Kardec e a
vasta bibliografia espírita existente é uma tradição, devido ao próprio codificador
do Espiritismo, educador ele próprio.
Embora há séculos se constate, na literatura, relatos sobre a dimensão
espiritual do homem, podese afirmar que as pesquisas sistemáticas,
propriamente ditas, de caráter cientifico, surgiram no século XIX, no Ocidente,
com os trabalhos de Allan Kardec.
Allan Kardec é considerado o “Codificador” da Doutrina dos Espíritos,
construída pela utilização de um método que pôde ser assim sistematizado, não
se restringindo ao modelo positivista prevalente na época. Suas questões de
estudos eram enviadas a diferentes e conceituados médiuns europeus e
americanos. As respostas recebidas eram analisadas, coligadas, mantendo
apenas o que havia de comum entre elas, após serem submetidas ao crivo da
razão, e utilizando uma abordagem dedutiva. A perspectiva científica do método
de Kardec foi reafirmada por Oliveira (2005).
Os estudos de Kardec foram continuados por filósofos e cientistas de
renome, buscaram comprovar cientificamente as concepções, por ele
sistematizadas, colaborando para a construção da teoria
espírita. Destacandose os trabalhos de Cookes, Sexton, Chambers, Lodge,
Myers na Inglaterra; Bozzano e Lombroso na Itália; Asakof na Rússia; Zöllner na
Alemanha; Richet, Gibier, Richet, De Rochas, Lachâtre, Flammarion e Denis na
França, Mapes, Hare e Wallace nos Estados Unidos; e entre outros de igual
significação em outros países (DELLANE, 1951).
No último século, a dimensão científica do Espiritismo também tem sido
retomada em diferentes estudos. Um exemplo é a pesquisa sobre reencarnação
empreendida por inúmeros cientistas americanos como Stevenson, Wambach,
Moody e Weiss, pelo indiano Banerjee e pelo canadense Whitton, que vêm
realizando aproximações entre o Espiritismo e a ciência contemporânea
(FRANCO, 2003). Trabalhos de outros cientistas contemporâneos como Capra,
Gerber, Dossey, Chopra, Goswami entre outros, ao ampliarem a compreensão
sobre as relações entre Ciência e Espiritualidade, também se aproximam de
concepções da Doutrina Espírita. Podem ser citadas, ainda, as pesquisas sobre
a concepção de perispírito como as dos campos eletrodinâmicos da vida de
SaxtonBurr, do campo biomagnético do engenheiro brasileiro Hernani Andrade,
dos campos morfogenéticos de Sheldrake (NOBRE, 2003).
Segundo Goldstein (2002), a formulação da Teoria dos Quanta de Max
Planck e da Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, levou a Física a
desentronização do pensamento mecanicista e à introdução de novas
concepções que, em muitos aspectos, tocam as fronteiras da Metafísica.
Considera, ainda, que o Espírito está sendo descoberto, surgindo modelos
explicativos, e que o valor de uma teoria está na consistência dos fatos.
Questiona como as teorias acolheriam os fatos verificados de casos de
reencarnação, desdobramento astral, aparições, ectoplasmias, “poltergeist”,
manifestações mediúnicas de desencarnados, entre outros. Conclui que inúmeros
físicos vêm se insurgindo contra o cerceamento do oficialismo científico, que ao
negar tais fatos ou espremendoos até caberem em hipóteses “ad hoc”, não
mantém sintonia com os avanços científicos dos dias atuais. Afirma também que,
cientistas, como Jean R. Charon, já estão preocupados com o Espírito. Isso pode
coincidir com a afirmação de Teixeira (1994) de que podemos ingressar na Era
do Espírito.
Lima (2005) compartilha dessa idéia ao considerar que “hoje, juntamse
vivências universais com conceitos científicos, uma vez que a ciência não pode
mais se furtar à análise da fenomenologia do espírito, que pouco a pouco,
vencendo as mais diferentes barreiras, vai adquirindo cidadania acadêmica”.
A Doutrina dos Espíritos chegou ao Brasil após a publicação das primeiras
obras de Kardec, encontrando espaço privilegiado de expansão. Kardec em
1863 reproduz, na Revista Espírita francesa, um artigo publicado no Jornal do
Comércio, do Rio de Janeiro, noticiando sobre o Espiritismo no Brasil
(ANDRADE, 2000).
O trabalho sério e pioneiro de muitos brasileiros alicerçou o
desenvolvimento do Espiritismo brasileiro. Entre outros podemos citar: Luis
Olympio Telles Menezes, Augusto Elias da Silva, Adolfo Bezerra de Menezes,
Antonio Gonçalves da Silva, Caibar de Souza Schütel, Anália Emília Franco,
Eurípides Barsanulfo e Francisco Cândido Xavier.
Dos 15 milhões de adeptos do Espiritismo em todo o mundo, é no Brasil
que se situa a maior comunidade espírita (SAMARTZ, 2002).
Quase quatro milhões de pessoas declararam serem adeptos do
Espiritismo, a maioria no Sudeste do Brasil (ÚLTIMO SEGUNDO, 2013).
A ciência espírita tem se enriquecido com novos aportes teóricos e práticos,
decorrentes de estudos e pesquisas de respeitáveis cientistas brasileiros,
como Jorge Andréa dos Santos, Hernani Guimarães de Andrade, Herculano
Pires, Hermínio de Miranda, Carlos Embassy, Deolindo Amorim, Nazareno
Tourinho, Carlos Bernardo Loureiro, Durval Ciamponi, Lamartine Palhano e Celso
Martins. Em estudo recente, Sérgio Felipe Oliveira estabelece relação entre a
glândula pineal com a mediunidade (OLIVEIRA, 1998).
Dentre os estudiosos e pesquisadores do Espiritismo brasileiro, podese
também destacar o trabalho do médico José Lacerda de Azevedo, conhecido
como Dr. Lacerda, que a partir da década de 60 e por mais de 30 anos fez uma
contribuição importante ao sistematizar a proposta teóricoprática
sobre Apometria. Sua proposta repercutiu na ampliação de possibilidades do
tratamento espiritual de patologias espirituais, principalmente as de natureza
psíquica. Trouxe alguns novos aportes ao tratamento espírita, integrandose ao
seu natural processo de desenvolvimento, considerandose que a proposta
kardequiana não nasceu pronta e acabada. O próprio Kardec alertava para a
necessária continuidade de estudos e pesquisas.
Para Azevedo (1990), Kardec possibilitou o estudo e o melhor entendimento
do homem em seu duplo aspecto, material e imateral. As Leis reveladas
iluminaram o ”conhecete a ti mesmo”, e muitos mistérios do homem foram
decifrados. Para o autor com esta visão do homem surgiram novas concepções
relacionadas às causas da maioria das doenças psíquicas e físicas que se
situam na dimensão espiritual humana e a transformação dos ensinamentos
evangélicos em filosofia de vida. Considera que ...“ ... é no campo da alma que a Doutrina dos Espíritos constrói a compreensão do Homem e, com ela ,a terapêutica racional das perturbações da mente. A obsessão causa mais comum dessas perturbações, está sendo brilhantemente equacionada pela terapia espiritual muito mais lógica e efetiva...” (AZEVEDO, 1990).
Para Azevedo (1990), a Medicina poderia aceitar e incluir esse
conhecimento, acolhendoo em seu arcabouço teóricotécnico e prevê que a
terapêutica espiritual trará novos horizontes para a Medicina.
Nessa perspectiva, o atendimento espiritual com Apometria pode trazer sua
contribuição terapêutica, como uma entre várias outras, disponibilizadas pela
proposta espírita, e por outras propostas espiritualistas que têm referenciais
semelhantes, integradas a medicina convencional e a complementar emergente.
No processo de construção do conhecimento sobre Apometria, Azevedo
(1990) utilizou o método clássico da ciência experimental, o dedutivo, empregado
por pesquisadores contemporâneos e seus predecessores do século XIX.
Nesse processo fica evidente o posicionamento científico de Azevedo
(1990) que escreve “... sempre que nos defrontamos com um fenômeno que se
repete, procuramos observálo com atenção durante certo tempo, a fim de ...“ ... dimensionálo em suas proporções, avaliandolhe duração, intensidade, constância, variações sutis, abrangência espacial, repetitividade, etc. Uma vez levantados todos esses dados, tentamos encontrar a Lei que o determina, já que não há fenômeno sem Lei. Para tanto, estabelecemos uma hipótese de trabalho: procuramos imaginar como se processa o fenômeno, criando a fórmula, que, embora arbitrária, mais se aproxime da realidade observada. Passamos, novamente a observar, agora com mais atenção, o desenrolar do fenômeno e a exatidão hipotética. Se o fenômeno se comportar em estrita concordância com a imaginada Lei, esta resultará comprovada e legítima. Armados novamente da Lei, repetimos o fenômeno tantas vezes quanto possível, para confirmar a exatidão da descoberta”.
Os resultados de estudos e experiências do Dr. Lacerda que incluem o
corpo teórico da proposta, com 13 Leis, diversas técnicas e descrição de casos,
encontramse sistematizados em suas duas obras básicas: “Espírito e Matéria:
Novos Horizontes para a Medicina” (AZEVEDO, 1990), também editado em
língua inglesa, e “Energia e Espírito” (AZEVEDO, 1995).
2. A Apometria
A proposta apométrica além de originada e implantada na Casa do Jardim
Entidade Espírita Assistencial, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, passou a ser
difundida e implantada em outras casas espíritas da capital e do interior do
estado. Em outros estados do Brasil, bem como alguns países da Europa e
Estados Unidos também estão estudando e implantando a Apometria em suas
práticas espirituais. Além disso, diversas publicações sobre a Apometria estão
surgindo, citando como exemplo Costa (1997), Godinho (1997), Gomes (2000),
Hervê et al. (2003), entre outras.
A criação da SBA, em 1991 e sua oficialização em 2000, se constituíram
em um fator propulsor do processo de congregar instituições e grupos
interessados em socializar experiências e estudos promovendo seis congressos
nacionais sobre esta terapêutica (ARMELLINI, 2003).
A Apometria pode ser compreendida no sentido literal, como uma palavra
de origem grega que significa além da medida: “apo” = além e “metria”= metron,
medida. Referese à transcendência da medida de tempo e espaço do plano
físico. No sentido restrito, assume o significado de uma técnica, designa o
desdobramento espiritual ou bilocação, bastante estudado por autores clássicos.
O desdobramento se resume, em essência, na separação do corpo astral (ou
mental) do corpo físico. A Apometria é um processo de desdobramento do corpo
astral ou mental. Tratase de uma técnica anímica, sem relação com o
mediunismo (AZEVEDO, 1990).
Costa (2005) caracteriza a técnica de Apometria como uma modalidade
experimental do magnetismo humano aplicado.
Em sentido amplo, a Apometria é considerada um método terapêutico de
natureza medianímica e espiritual, que emprega técnicas e procedimentos
específicos de diagnóstico e de tratamento espiritual. A obra teóricoprática de
Azevedo culminou com a configuração desse tipo de método de tratamento
espiritual. A técnica de Apometria abre possibilidades do desdobramento
induzido dos corpos sutis já referidos e posterior tratamento de patologias neles
diagnosticadas.
Segundo Azevedo (1990), a proposta apométrica permite a ampliação e a
diversificação do processo terapêutico espiritual, no entanto, condiciona os
resultados da aplicação da Apometria a dois aspectos imprescindíveis: ao
Amor, desejo intenso, espontâneo e desinteressado dos médiunstrabalhadores
de servir com desejo de harmonizar, curar, iluminar e elevar o próximo. O
segundo fator é a assistência espiritual de espíritos elevados do mundo
extrafísico, que coordenam e orientam a seleção e utilização de técnicas e
procedimentos terapêuticos espirituais, que cada caso requeira. Nesse sentido,
estabelecese uma parceria sintonizada entre ambos os planos, o físico e o
extrafísico.
O atendimento espiritual com Apometria desenvolve uma terapia de
natureza anímicomediúnicoespiritual. Manipula e integra energias cósmicas,
mentais e físicas, utiliza várias técnicas para identificar, diagnosticar e tratar
patologias apresentadas pelo consulente, que se situam em seus corpos sutis,
especialmente no corpo astral.
Ao término do tratamento, é realizado o acoplamento dos corpos sutis
desdobrados, que se reintegram novamente à totalidade biopsicossocial e
espiritual do consulente. A terapêutica finaliza com um diálogo reflexivo com o
consulente sobre seu problema e possibilidades de solução, quando são
formuladas as recomendações.
O autoconhecimento e o processo de autotransformação são considerados
imprescindíveis para a busca pessoal da cura, que é de responsabilidade do
próprio consulente. A terapêutica com a Apometria pode se constituir em uma
das “alavancas” para esses processos.
Na proposta Apométrica, Azevedo (1990), expande a concepção trina
espírita do Homem, constituída de corpo físico, perispírito e Espírito para a
composição setenária, apoiandose na tradição sapiencial teosófica de Blavatski
e na filosofia de Huberto Rohden.
Azevedo (1990) considera que a concepção ternária é insuficiente para
explicar a maioria dos fenômenos psíquicos do mediunismo, o que é viabilizado
pela concepção setenária que inclui a classificação dos corpos físico, etérico,
astral, mental inferior, mental superior, búdico e átmico. Além disso, abre variadas
hipóteses de trabalho para a pesquisa sobre causas de curas “milagrosas”, sobre
o conhecimento de fatos de existências pregressas e de lembranças presentes
na consciência atual e sobre o apagamento de lembranças incômodas de fatos
desarmônicos daquelas existências.
Nobre (2005) caracteriza o perispírito como composto de camadas, tipo
cebola. Refere que apesar destes componentes não serem citados nas obras da
Codificação Espírita, nelas “existem inúmeras referências a elementos de
natureza variável que entram em sua constituição e que merecem nossa atenção”.
Ao fazer referência ao corpo mental, por exemplo, aponta para a afirmação de
André Luiz sobre sua existência e para a validade dos estudos realizados por
outras escolas espiritualistas a seu respeito.
Segundo Azevedo (1990), André Luiz em obra psicografada por Francisco
Cândido Xavier, iniciou a distinção dos sete corpos de modo nítido, o que foi
seguido por Ramatis, pela psicografia de Hercílio Maes.
Da mesma forma, a existência nos corpos espirituais dos chacras ou
centros de força, centros perispiríticos ou centros vitais, denominações dadas por
André Luiz são também trabalhados na proposta apométrica, pela sua vinculação
com estados patológicos do Homem Espírito.
Segundo Souza (2005) este conhecimento já integra o referencial da
Doutrina Espírita, apesar de não serem citados nas obras da Codificação, no
século XIX e reforça a posição de André Luiz que, além do corpo mental, trata em
suas obras, de outros corpos espirituais como o duplo etérico, corpo astral e
corpo causal. Considera o referido autor que Kardec apenas ensaiou o estudo do
perispírito.
Kardec (2008) destaca a importância do estudo deste componente humano,
ao afirmar que “... o conhecimento do perispírito é a chave de uma infinidade de
problemas, até agora inexplicáveis”.
O estudo e a prática com a Apometria têm trazido evidências sobre esta
recomendação de Kardec, trabalhando com as dimensões sutis componentes do
perispírito, ou seja, do perispírito expandido e desdobrado em diferentes corpos
espirituais já referidos.
A Lei do Amor orienta o processo apométrico desenvolvido em uma
instituição por equipes mediúnicas preparadas, orientadas por equipes
espirituais de hospitais astrais.
Azevedo (1990) enfatiza esta Lei como suporte fundamental ao trabalho
apométrico e a assistência espiritual orientadora, sem os quais o trabalho com a
Apometria corre o risco de se tornar inoperante. Além disso, a preparação dos
médiunstrabalhadores individualmente e em grupos, harmônicos e estruturados,
completa algumas das condições que podem garantir a qualidade deste tipo de
trabalho espiritual.
Com um trabalho baseado no conhecimento teórico e resultante da
experiência, inspirado, também, no “Vigiai e Orai”, o atendimento apométrico
tornase promissor no processo evolutivo de todos, quer consulentes, quer
médiunstrabalhadores. Sua perspectiva educadora emancipatória poderá
concretizar o que afirma Azevedo (1990): “... a finalidade básica da Doutrina
Espírita é redimir os homens, aperfeiçoandoos a colocálos em condições
vibratórias que lhes permitam evolução espiritual rápida e segura”.
Nas últimas décadas, a implantação da Apometria vem se expandido em
instituições e grupos espiritualistas e espíritas do Brasil e do exterior, decorrendo
uma busca maior este tipo de tratamento.
3. O consulente
Consulente é a pessoa que consulta, no caso, quem recebe o atendimento
espiritual.
Participam da dinâmica de atendimento espiritual com a Apometria, a
instituição, e seus grupos de médiunstrabalhadores, a equipe espiritual de
hospital astral que orienta o processo, que conjugam seus esforços,
conhecimentos e experiências para auxiliar o consulente, foco fundamental do
atendimento.
A terapêutica espiritual desenvolvida com a Apometria centralizase nos
problemas, desarmonias, patologias do consulente e de suas potencialidades
pessoais para as soluções.
O conhecimento sobre o consulente tornase imprescindível para que a
terapêutica empreendida possa responder com qualidade às suas necessidades
e características.
No entanto, são ainda inexpressivos os estudos sistemáticos sobre o
consulente da Apometria na realidade das instituições e grupos brasileiros.
O estudo de Hervê (1998) analisa os prontuários dos consulentes de sua
instituição em Porto Alegre, inclusive com “follow up”, permitindo relatos
completos. Tais registros são de pessoas que recorreram ao atendimento no
período de abril de 1989 a outubro de 1997.
Esse estudo apresentou resultados sobre os diagnósticos de 3.049
consulentes indicando que 30,5% dos atendimentos feitos foram para pessoas
que apresentavam problemas humanos e não espirituais, isto é, não eram
portadores de obsessões, mediunidade com sintomatologia, quadro de vidas
passadas atuando no presente ou enfermidades de origem cármica. Constatou
também que 20,2% dos casos apresentavam como diagnóstico principal quadros
clínicos relacionados com mediunidade conhecida ou não pelo paciente; 19%
casos de envolvimento do paciente com quimbanda, umbanda cruzada ou nação
e outras denominações; 9,7% casos que indicavam comprometimento de
consulentes com o passado reencarnatório e 7,2% eram enfermos, portadores de
problemas de saúde, com doenças físicas graves, por vezes de origem cármica.
Somente 6,3% eram pessoas que necessitavam de harmonização.
Outros dados sobre o consulente necessitam ser investigados para que se
possa obter uma visão mais holística, mais completa sobre suas características.
Tais dados poderão contribuir para a adequação do atendimento às
características, interesses e expectativas dos próprios consulentes e para os
resultados da própria terapêutica. Além disso, podem ampliar o acervo de
conhecimentos da área da Apometria. São dados fundamentais que poderão,
também, melhor encaminhar decisões administrativas e da dinâmica interna de
funcionamento das instituições e grupos de Apometria, desde a fase de
marcação de consultas, do acolhimento aos consulentes, até a do atendimento
apométrico propriamente dito. Assim, os dados sobre os consulentes que
buscam este tipo atendimento espiritual poderão fornecer subsídios valiosos não
só para as instituições e grupos de Apometria, como para suas pesquisas
mediúnicas.
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
Tipo de pesquisa
Este é um estudo que utilizou o método científico, para investigar pessoas
que buscam atendimento espiritual em instituições que utilizam a Apometria em
suas práticas de atendimento.
De acordo com Polit e Hungler (1995), “o método científico de investigação
referese a um conjunto genérico de procedimentos ordenados e disciplinados,
utilizados para a aquisição de informações seguras e ...
“... organizadas e a pesquisa científica que, representa a aplicação do método ao estudo de um assunto de interesse, pode ser definida como investigações controladas e sistemáticas que apresentam suas raízes na realidade objetiva e que buscam o desenvolvimento geral acerca de fenômenos naturais“.
Sua abordagem quantitativa se confirma pela realização de coleta
sistemática de informações de natureza numérica de atributos mensuráveis sobre
a experiência humana (Polit e Hungler, 1995). No caso, são pesquisados alguns
atributos dos consulentes que buscavam tratamento espiritual com Apometria.
Também se constitui em um estudo do tipo focal simples e exploratório, pois
elegeu como objeto uma realidade empírica, uma temática específica, com foco
mais ou menos preciso, para produção de conhecimento novo sobre uma
realidade social pouco conhecida (VASCONCELOS, 2002).
No presente estudo, o foco foi os atributos do consulente, permitindo uma
configuração ainda parcial e aproximativa do perfil do consulente. Além disso, a
pesquisa de tipo exploratória coincide com a natureza didática da presente
pesquisa, porque foi realizada por profissionais no processo de aprendizagem
sobre a temática da pesquisa em que as deficiências normais no campo teórico,
técnico, na revisão bibliográfica como também na metodologia, podem leválos a
realização de uma investigação inicial de foco mais aberto. Situação semelhante
é a dos pesquisadores, participantes do projeto de extensão GEPEA 20022003
do NIETE/PROREXT/UFRGS.
Campo de pesquisa
O estudo foi realizado em cinco instituições filiadas à Sociedade Brasileira
de Apometria, sendo uma de orientação espiritualista e as restantes espíritas,
todas representadas no projeto do GEPEA. Apresentam características distintas
quanto a sua situação geográfica: três localizamse no bairro Menino Deus,
próximo ao centro da capital, uma no bairro Partenon e outra no bairro
Navegantes. Além da localização, estas instituições variam também em seus
aspectos históricos, área física, número de sócios e na sistemática de
atendimento espiritual com Apometria, porém mantendose os princípios que a
orientam.
Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da investigação eram pessoas de ambos os sexos, buscados
de forma aleatória e estratificada por grupo de atendimento, que realizaram a
consulta espiritual pretendida, em dias regulares de atendimento das cinco
instituições. Totalizaram 143 pessoas, cerca de 30% da população total dos
atendidos durante o mês de novembro de 2002, previsto no cronograma da
pesquisa.
Instrumento da pesquisa
A pesquisa utilizou o questionário (Apêndice A), como uma técnica do
método de autorelato, que segundo Polit e Hungler (1995) constituise em uma
fonte primária de dados e favorece a reunião de boa quantidade de informação
através da interrogação direta de pessoas. Além disso, reduz o custo, oferecendo
a possibilidade de anonimato total, fundamental no caso da pesquisa, evitando a
tendenciosidade nas respostas pela inexistência de coleta via contato individual,
aplicador/respondente.
O questionário foi elaborado pelos próprios integrantes do GEPEA, tendo
como uma das referências os instrumentos da pesquisa de Guimarães e Morosini
(1978, 1980).
O questionário constituiuse de 24 questões, do tipo fechadas e
abertofechadas, todas respondidas pelos mesmos sujeitos e na mesma ordem.
Algumas questões contêm o mesmo conjunto de opções para as suas respostas
e outras solicitam que os sujeitos respondessem com suas próprias palavras,
seguindose orientação de Polit e Hungler (1995).
Além de conter aspectos éticos relacionados ao preenchimento, o
questionário solicitava algumas informações pessoais, versando basicamente
sobre alguns de seus atributos, caracterizados como variáveis independentes.
Apresentava questões sobre o motivo do atendimento com Apometria, incluindo
queixa principal e outros sintomas, tratamento convencional e não convencional
anterior, religiosidade, sensibilidade incomum, sobre o atendimento com
Apometria, envolvendo fontes de informação, freqüência, recomendações
recebidas e interesse em participar de alguma atividade da instituição.
Foi realizado um préteste com uma pequena amostra de respondentes,
semelhante à população em estudo, em uma tentativa de se determinar a clareza
dos enunciados do instrumento, possíveis tendenciosidades e a viabilidade de
obtenção da informação desejada (Polit e Hungler, 1995). A validade de seu
conteúdo foi analisada de forma crítica por especialistas, com conhecimento e
experiência com a temática da Apometria.
Coleta de dados
Os próprios pesquisadores do GEPEA assumiram a função de aplicadores,
no processo de coleta de dados.
Esta coleta foi precedida de um processo de preparação dos aplicadores,
iniciado pelos estudos em fontes teóricas sobre técnicas quantitativas de coleta
de dados, complementandose pela participação na atividade de prétestagem
do instrumento, de sua posterior reformulação e na definição do plano de coleta.
Os pesquisadores constituíram em pequenos subgrupos para a coleta de
dados em suas instituições de origem. Os respondentes preencheram
individualmente e por escrito o questionário impresso utilizando caneta, enquanto
aguardavam seu atendimento no salão de espera e de palestras de cada
instituição.
Conforme acerto anterior com a administração da instituição, o atendimento
espiritual programado somente iniciou após a aplicação do instrumento,
preservandose o consulente de qualquer situação de desconforto ou
constrangimento. Dispuseram de todo o tempo necessário para isso.
A coleta iniciava pela apresentação dos pesquisadores. Após, atendendo
aspectos éticos, os respondentes eram informados verbalmente sobre a origem,
natureza e objetivos da pesquisa. Convidados a participarem espontaneamente,
com a garantia de sigilo, de anonimato, de nenhum prejuízo em seu atendimento
e de liberdade para desistir do preenchimento a qualquer momento, recebiam os
documentos impressos, contando com a presença dos aplicadores para
esclarecimentos necessários.
Além da consideração de outros critérios éticos, a pesquisa envolveu a
busca de autorização para a sua realização, de responsabilidade da Diretoria
Executiva de cada instituição. Em uma visita prévia a cada instituição, quando
eram apresentados os objetivos da pesquisa, os pesquisadores obtiveram a
necessária autorização, além de serem acertadas as condições materiais e
físicas previstas no plano de coleta.
Análise dos dados
Os dados coletados foram organizados por questões e apresentados em
tabelas de distribuição de freqüência absoluta e relativa, utilizandose o programa
Microsoft Excel.
Em algumas questões, houve mais de uma resposta.
Utilizaramse como referência para a apresentação das tabelas e gráficos,
os trabalhos de Guimarães e Morosini (1978, 1980).
A análise dos dados foi realizada pelos próprios pesquisadores, de forma
coletiva. Em seus encontros semanais de estudo, os integrantes do GEPEA
2002/2003 discutiam, interpretavam e identificavam implicações decorrentes dos
resultados obtidos, com apoio em experiências e literatura afins, em estudos
anteriores realizados pelos pesquisadores, durante o desenvolvimento do
Projeto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da pesquisa foram reunidos e categorizados em cinco
blocos, de acordo com os indicadores das variáveis presentes no estudo:
características dos sujeitos, religiosidade, motivos e expectativas, tratamentos
anteriores e tratamento com Apometria.
1. Características dos sujeitos
Os indicadores utilizados na caracterização pessoal dos sujeitos foram
sexo, escolaridade, residência, estado civil de direito e de fato, faixa etária e
profissão (Tabela 1).
Os dados indicam que as pessoas que buscaram atendimento espiritual
com Apometria, nas cinco instituições pesquisadas, são predominantemente do
sexo feminino. A distribuição do número de mulheres espíritas no Brasil em 2000
era maior que de homens conforme Censo Demográfico do Brasil – IBGE (IBGE,
2003).
Mais de 50% possuem escolaridade de nível superior. A grande maioria
reside em Porto Alegre. O estado civil formal da maioria é solteiro, porém o
estado civil de fato da maioria é casado.
Mais de 45% dos consulentes situamse na faixa de 31 a 50 anos, revelando
a predominância de uma população de adultos, segundo Erikson (1982) é nesta
etapa evolutiva do desenvolvimento humano que se situa o interesse pelas
questões religiosas.
Cerca de 30% das profissões estão relacionadas com a escolaridade de
nível médio de diversas áreas, 23% são profissões de nível superior. Há muitas
situações de sobreposição de atividades profissionais, como por exemplo,
profissional liberal e autônomo. No caso da profissão de magistério, os
respondentes podem ser de nível universitário, médio, básico ou infantil. A
categoria estudante também pode ser originária dos mesmos níveis.
2. Religiosiosidade
Os indicadores sobre religiosidade referemse às questões de 9 a 15 do
questionário (Tabela 2).
A maioria das pessoas (74,26%) informou como Católica a formação
religiosa, em segundo lugar a formação Espírita (8,09%) e em terceiro lugar
CatólicaEspírita (5,15%). A maioria das pessoas é adepta de alguma religião ou
prática religiosa (81,12%), sendo que a Espírita aparece em primeiro lugar com
44,05%, seguido da Católica 16,78% e Espiritualista 5,59%.
Constatouse que a maioria dos consulentes professa uma religião ou
prática espiritualista, com predomínio das religiões de natureza
reencarnacionista.
Tabela 1. Características dos sujeitosCaracterísticas pessoais Freqüência absoluta Freqüência absoluta %SEXO Feminino 103 72,03
Masculino 40 27,97ESCOLARIDADE Ensino Superior completo 59 41,26
Ensino Médio completo 41 28,67Ensino Superior incompleto 22 15,38Ensino Fundamental completo 10 6,99Ensino Fundamental incompleto 7 4,90Ensino Médio incompleto 2 1,40Não responderam 2 1,40
RESIDÊNCIA Porto Alegre 107 74,83Região Metropolitana 12 8,39Interior 12 8,39Não responderam 11 7,69Outros 1 0,70
ESTADO CIVIL Solteiro 55 38,46DE DIREITO Casado 50 34,97
Separado 15 10,49Não responderam 9 6,29Divorciado 8 5,59Viúvo 6 4,20
ESTADO CIVIL Solteiro 44 30,77DE FATO Casado 59 41,26
Separado 9 6,29Não responderam 18 12,59Divorciado 7 4,90Viúvo 6 4,20
FAIXA ETÁRIA 0 – 10 3 2,1011 – 20 6 4,2021 – 30 29 20,2831 – 40 34 23,7841 – 50 32 22,3851 – 60 25 17,4861 – 70 9 6,2971 > 5 3,50
TOTAL 143 100
Tabela 2. Religiosidade.Religiosidade Freqüência absoluta Freqüência absoluta %
1. Formação religiosa familiarCatólica 101 74,26Espírita 11 8,09CatólicaEspírita 7 5,15Umbanda 4 2,94Nenhuma 3 2,21Metodista 2 1,47Seichonoiê 2 1,47Outras 6 4,44Não responderam 7 4,902. Religião ou prática espiritualistaSim 116 81,12Não 22 15,38Não responderam 5 3,50Espírita 63 44,053. Tipo de religião ou prática espiritualistaCatólica 24 16,78Espiritualista 8 5,59CatólicaEspírita 6 4,19Umbanda 4 2,79Universalista 3 2,09Católicaespiritualista 2 1,39Outras 10 6,9Não responderam 23 16,084. Quanto tempoPouco tempo/ 1 – 5 anos 34 23,74Sempre/ Muito tempo 33 23,076 10 anos 21 14,6816 20 anos 9 6,2911 15 anos 8 5,592130 anos 7 4,89Não responderam 31 21,675. Sensibilidade diferente do comum 68 47,55Sim 62 43,36Não 13 9,09Não responderamTOTAL 143 100
Apesar dos consulentes informarem formação religiosa familiar católica, a
maioria também declara que atualmente é espírita. Conforme a Distribuição dos
Números da População segundo a Religião no Brasil em 1991 e 2000
verificouse um aumento no número de espíritas, passando da sétima à terceira
posição (IBGE, 2003).
3. Motivos e expectivas
Os indicadores referentes aos motivos e expectativas em relação ao
atendimento com Apometria, respondidos nas questões 1 e 18 do questionário,
estão apresentados na tabela 3.
As respostas ao item motivo do atendimento, não representam um
diagnóstico, mas apenas a descrição que a pessoa ofereceu ao ser inquirido
sobre a demanda do atendimento apométrico. Devido à quantidade e
diversidade, as respostas foram categorizadas em seis grupos: queixas
emocionais, físicas, problemas de relacionamento, espirituais, econômicos,
profissionais e outros (onde foram englobadas respostas que não se encaixavam
nas demais categorias).
A maioria das pessoas (42,18%) buscou o atendimento por questões
emocionais, em segundo lugar por questões físicas (33,33%).
Há uma grande relação entre o motivo da consulta e a expectativa com o
atendimento, se reunidas às respostas que se referem a questões emocionais:
paz, ajuda emocional, equilíbrio, harmonia, tranqüilidade, felicidade, amor,
serenidade, somam 33,52% e à questão física: melhora física, cura e ajuda física
somam 32,94%.
Quase a metade dos consulentes apresenta algum tipo de sensibilidade
diferente do comum, como premonição/pressentimentos, vidência, entre outros, o
que pode caracterizar alguns tipos de mediunidade.
No cotidiano das instituições que realizam atendimento espiritual com
Apometria, verificase que muitos consulentes trazem problemas relacionados à
sua mediunidade, que pode estar reprimida ou estar descontrolada, e que pode
se expressar por distúrbios de natureza emocional ou física. Tais problemas
encontram possibilidades de encaminhamento de solução pelo emprego da
terapêutica apométrica (AZEVEDO, 1990).
Tabela 3. Motivos e expectativas.1. Motivos do atendimento Freqüência absoluta Freqüência absoluta %Emocional 124 42,18Físico 98 33,33Relacionamento 39 13,27Espiritual 19 6,46Econômico 3 1,02Profissional 7 2,38Outros 4 1,36Total 294 1002. Expectativa do atendimentoAjuda Emocional e respostas afins 57 33,52Melhora física/Ajuda física/Cura 56 32,94Ajuda Espiritual 22 12,94Orientação 12 7,06Esclarecimento/Compreensão 11 6,47Ajuda na família 6 3,53Outros 4 2,36Não Sei 2 1,18Total 170 100
4. Tratamentos anteriores
Os indicadores referentes aos tratamentos anteriores, respondidos nas
questões de 2 a 8 do questionário, foram reunidos na Tabela 4.
Mais da metade das pessoas (61,54%) buscaram anteriormente tratamento
convencional pelo mesmo motivo que buscaram o atendimento espiritual. A
maioria (39,86%) buscou tratamento médico sem especificar especialização;
13,29% psiquiátrico e o mesmo percentual buscaram tratamento psicológico.
Menos da metade (49,43%) considerou os resultados satisfatórios. Quase o
mesmo percentual (42,65%) buscou algum tratamento não convencional, sendo
os mais freqüentes os florais (30,78%) e Reiki (25,88%). Mais da metade
(68,42%) considerou os resultados dos tratamentos não convencionais
satisfatórios.
Tabela 4. Tratamentos anteriores.1. Tratamento convencional Freqüência absoluta Freqüência absoluta %Sim 88 61,54Não 52 36,36Não responderam 3 2,10Total 143 1002. Tipo de tratamento convencionalMédico 57 39,86Psiquiátrico 19 13,29Psicológico 19 13,29Outros 19 13,29Não responderam 29 20,27Total 143 1003. ResultadosSatisfatório 43 49,43Pouco satisfatório 28 32,18Insatisfatório 16 18,39Não respondeu 1 1,14Total 88 1004. Tratamento não convencionalNão 61 42,65Sim 75 52,45Não responderam 7 4,90Total 143 1005. Tipo de Tratamento não convencionalFlorais 44 30,78Reiki 37 25,88Acupuntura 13 9,09Espiritual 6 4,19Apoio Centro Espírita 4 2,79Apometria 4 2,79Homeopatia 4 2,79Regressão 4 2,79Cristalterapia 2 1,39Balanceamento Muscular 1 0,70Bioenergética 1 0,70Cromoterapia 1 0,70Ervas Chinesas 1 0,70Fitoterápico 1 0,70Macrobiótica 1 0,70Meditação 1 0,70Vegetariano 1 0,70Yoga 1 0,7Não responderam 16 11,19Total 143 1006. ResultadosSatisfatórios 52 68,42Pouco satisfatórios 20 26,32Insatisfatórios 4 5,26Total 76 100
5. Tratamento espiritual utilizando a Apometria
Os indicadores referentes ao tratamento com Apometria, respondidos nas
questões de 16 a 24 do questionário, estão reunidos na tabela 5.
A maioria tomou conhecimento do tratamento com Apometria por alguém
que já foi atendido (38,07%) e em segundo lugar por indicação de trabalhador da
própria instituição (32,95%). Mais da metade (53,15%) não é a primeira vez que
será atendida com Apometria.
A freqüência entre os atendimentos da maioria é mensal (43,37%) e
bimestral (15,66%). A maioria das pessoas respondeu que seguiram as
recomendações do atendimento anterior. Devido ao grande número de respostas
referentes ao tipo de recomendações optouse por apresentar um gráfico, sendo
que com maior freqüência foi recomendada a leitura (23,03%), seguida de
passes ou energização (19,74%) e evangelho no lar (11,18%) (Apêndice E).
Quase metade das pessoas (49,65%) tem interesse em participar de alguma
atividade na instituição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas condições em que o presente estudo foi realizado, foi possível
configurar um perfil aproximativo das pessoas que buscaram o tratamento
espiritual com Apometria, nas cinco instituições pesquisadas, no período de
novembro de 2002. Apesar de não serem definitivas poderão ser extrapoladas
as demais instituições e grupos que trabalham com Apometria.
A partir deste trabalho poderão ser avaliadas as atuais práticas utilizadas no
atendimento espiritual tendo como referência as características dos consulentes.
Conforme os resultados apresentados nesta pesquisa, as características da
maioria das pessoas que buscaram atendimento espiritual com Apometria são:
predominantemente do sexo feminino, escolaridade e profissões de nível médio e
superior, naturais de Porto Alegre e residentes nesta capital, estado civil de
direito solteiros e de fato casados, faixa etária entre 31 e 40 anos, formação
religiosa familiar católica, atualmente espíritas há pouco tempo, com alguma
sensibilidade diferente da comum, principalmente premonição e pressentimentos.
Para o motivo da consulta predominou os de natureza emocional, já tendo
buscado tratamentos anteriores tanto convencionais como não convencionais. A
expectativa com o tratamento espiritual foi principalmente de ajuda emocional. A
maioria das consultas foi de retorno, com uma freqüência mensal. As
recomendações recebidas após o atendimento foram principalmente leituras,
sendo a maioria seguida pelos consulentes. Para o consulente, as principais
ontes de conhecimento sobre a Apometria foram outros consulentes atendidos
anteriormente, trabalhadores das próprias instituições e profissionais da área da
saúde que indicaram o tratamento espiritual com Apometria. A maioria das
pessoas respondeu que tem interesse em participar de alguma atividade na
instituição.
Estes resultados geraram algumas reflexões e conseqüentes implicações.
Apontam algumas novas propostas, possíveis encaminhamentos para o
aperfeiçoamento da prática do atendimento com Apometria nas instituições
integrantes dessa investigação, bem como para as demais instituições
participantes como o NIETE e a SBA e para as demais instituições e grupos que
trabalham com Apometria.
Sabese que a proposta apométrica, sistematizada pelo Dr. Lacerda
durante mais de 30 anos, ainda apresenta espaços inexplorados, questões
pouco esclarecidas, apesar de trazer sua contribuição ao processo de
construção do conhecimento espírita.
Tais aspectos podem encontrar espaço privilegiado na criação e/ou
fortalecimento do Departamento de Estudos e Pesquisas ou setor similar, nas
instituições. Poderiam promover a realização de estudos e pesquisas e sua
socialização no próprio âmbito institucional e em eventos da comunidade dessa
natureza. Essas iniciativas realizadas e assumidas pelo coletivo institucional
poderiam produzir e desencadear um clima inovador pela qualificação trazida
pela teoria, pela prática e pela pesquisa e, acima de tudo, pelo congraçamento
fraterno que poderia suscitar.
Tabela 5. Tratamento com Apometria.1. Como tomou conhecimento Freqüência
absolutaFreqüência absoluta
%Por alguém que já foi atendido 67 38,07Por indicação de trabalhador da própria instituição 58 32,95Por indicação de profissionais da área da saúde 13 7,39Pela leitura de livros(s) sobre apometria 12 6,82Participação em eventos 10 5,68Outros 8 4,55Por indicação de outra instituição 6 3,41Pela Internet 2 1,14Total 176 1002. Primeiro atendimentoNão 76 53,15Sim 64 44,76Não responderam 3 2,10Total 143 1003. Freqüência dos atendimentosMensal 36 43,37Bimestral 13 15,66Outro 11 13,25Semanal 8 9,64Semestral 6 7,23Trimestral 5 6,02Anual 4 4,82Total 83 1004. Seguiu recomendação recebidaSim 91 98,91Não 1 1,09Total 92 1005. Interesse em participar de alguma atividade nainstituiçãoSim 71 49,65Não 28 19,58Comentário 3 2,10Não sei/talvez 5 3,50Já participo 5 3,50Não responderam 31 21,68Total 143 100
Esta pesquisa, como inédita, traz uma contribuição ao processo de
construção do conhecimento sobre Apometria, mas não é suficiente. Muito ainda
necessita ser feito neste campo da pesquisa científica. Desvelase apenas uma
ponta do “iceberg” que é o conhecimento sobre o consulente. E os demais
aspectos e componentes da Apometria e suas influências mútuas? Entre outros,
podese investigar a gestão da instituição para oferecer uma psicosfera
adequada aos trabalhos com Apometria? E a constituição e a dinâmica dos
grupos mediúnicos favorecedores desse trabalho? E as dimensões espirituais
dos hospitais e das Equipes Espirituais do plano extrafísico? E as leis e práticas
ainda possíveis de serem incorporadas ao repertório da Apometria? E o modelo
de atendimento e suas repercussões? A natureza e a qualificação da Ficha de
Acompanhamento do Consulente como recurso ao atendimento e suas
potencialidades na pesquisa? Tais temáticas, entre outras de igual importância,
poderão se constituir em desafio permanente ao estudo e à pesquisa,
favorecendo a ampliação do conhecimento e o processo de educação em
serviço dos trabalhadores de cada instituição na área de investigação.
A experiência demonstra que ainda são muito restritas as informações
sobre as atividades investigativas que vêm sendo desenvolvidas nas instituições
que trabalham com Apometria: quais as temáticas contempladas, quais as
metodologias de pesquisa empregadas, quais os resultados obtidos, quais as
publicações decorrentes? Na maioria das vezes, a produção de conhecimento
fica adstrita ao âmbito dos próprios grupos que têm a iniciativa e, em muitas
situações sem a própria instituição partilhar desse processo e de seus
resultados. Com isso, perdese a oportunidade de favorecer o crescimento
institucional e a qualificação de seus atendimentos.
A causa disso pode ser justificada pela recenticidade da proposta
apométrica, que ainda se encontra em fase de implantação? Pela priorização
das dimensões filosóficas e religiosas, em detrimento da dimensão científica? A
falta de motivação ou de preparação dos trabalhadores? A ausência de um clima
institucional que favoreça esse tipo de iniciativas? Parece indispensável que as
instituições analisem a coerência entre as diretrizes regimentais, quando definem
em seus Estatutos e Regimentos, a produção de conhecimento e sua
socialização.
A abordagem quantitativa da pesquisa utilizada neste estudo mostrou
algumas restrições. A natureza dessa abordagem não contempla aspectos de
natureza qualitativa também necessária para que o objeto de estudo, o
consulente, possa ser pesquisado observando suas vivências internas, mais
subjetivas, como suas percepções, sentimentos, expectativas em relação ao
atendimento espiritual com Apometria, por exemplo. Assim, é recomendável que
a presente pesquisa seja continuada. A abordagem qualitativa da pesquisa ou a
sua conjugação à abordagem quantitativa, dependendo dos objetivos, poderão
permitir o aprofundamento de temas considerados fundamentais para a mais
ampla caracterização do consulente, complementandose gradativamente os
dados de seu “perfil”.
Nesse sentido, o trabalho das instituições e das SBA Regionais, em
parceria com centros de pesquisa ou universidades de sua área de abrangência,
pode produzir resultados inestimáveis, como a experiência desenvolvida entre
SBA Regional do RS e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através
do NIETE/PROREXT.
O apoio de natureza teórica e prática dos docentes da Universidade têm
potencialidades promissoras para se implantar uma perspectiva científica nos
estudos e investigações que também passam a ser legitimadas pela própria
academia. Assim, a articulação experienciada em Porto Alegre, entre SBA e
UFRGS, com resultados proveitosos para ambas às instituições, podem se
expandir para outros estados do país, pelo fortalecimento das parcerias
institucionais.
Os estudos sobre a temática da Espiritualidade, incluindose o Espiritismo e
a Apometria em particular, demandam esforço conjunto no sentido de se
identificar aspectos epistemológicos e metodológicos da pesquisa adequados à
natureza desse objeto de estudo.
A replicação da presente pesquisa em outras instituições que trabalham
com Apometria traria também subsídios importantes. No entanto, recomendase
que algumas alterações no instrumento de pesquisa seriam necessários.
Algumas questões como profissão, motivo da consulta, tipos de tratamento, pela
sua natureza de questões abertas, provocaram ampla variação de respostas,
dificultando a tabulação dos dados, sua categorização e análise posterior.
Visando evitar este tipo de problema, propõese aperfeiçoamento do instrumento
utilizado na pesquisa, substituindose tais questões por outras de tipo fechadas.
A utilização de outros recursos estatísticos mais elaborados para trabalhar
os dados, não realizada no presente estudo, poderia também trazer elementos
técnicos valiosos, aprimorando o processo de análise.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos integrantes do projeto GEPEA, que contribuíram para a realização da pesquisa em diferentes etapas: Beatriz Maria Azambuja Bastos Guimarães, Clarice Leonor Boger Stelzer, Eliane Martins de Azevedo, Iria Werlang Garcia, João Pedro Farias Rodrigues, Jussara Canteiro de Oliveira, Maria Amazilia Moraes Ferlini, Maria Cristina Monteiro de Barros, Maria Cristina Oliveira, Maria da Graça Serpa, Marilia Philipp, Mario Augusto Souza dos Santos, Silvia Regina Menezes Soares; a coordenadora do NIETE, Malvina do Amaral Dorneles; a comissão de coordenação executiva do GEPEA, Augusto Rogger Garcia Moreira, Eloy Julius Garcia e Neusa Junqueira Armellini e aos dirigentes das instituições participantes do projeto, pelo apoio e abertura dos espaços necessários à efetivação da presente pesquisa.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, G. A Trajetória do Espiritismo. Capivari/SP, EME, 2000.ARMELLINI, N. J. 19922003: resgatando a Trajetória do Congresso
Brasileiro de Apometria. 6º Congresso Brasileiro. 1º Fórum de Dirigentes.Documento do Congressista. Porto Alegre: SBA/6º CBA, p.36, set. de2003.
ARMELLINI, N. J., WOLFF, V. R. S. Quem é o consulente de Apometria.Relatório de Pesquisa. NIETE, PROREXT, UFRGS. Porto Alegre. 99 p.2005.
AZEVEDO, J. L. Energia e Espírito. Porto Alegre: Comunicação Impressa,1995.
AZEVEDO, J. L. Espiríto / Matéria: novos horizontes para a Medicina. PortoAlegre: Pallotti, 1990.
COSTA, V. R. Gerenciando as Emoções. À Luz da Sabedoria Crística.Brasília: Otimismo, 1997.
COSTA, V. R. Apometria, novos horizontes da medicina espiritual. Entrevistaconcedida a Gilberto Schoereder. Espiritismo & Ciência, SãoPaulo:Clarim, ano 2, n. 21, p. 1419, 2005.
DELLANE, G. O Fenômeno Espírita. Testemunho de Sábios. Rio de janeiro,1951.
ERIKSON, E. The Life Cycle Completed. New York. Norton, 1982.FLECK, M. P. A.; BORGES, Z. N.; BOLOGNESI, G,; ROCHA, N. S.
Desenvolvimento do WHOQOL, módulo espiritualidade, religiosidade ecrenças pessoais. Rev. de Saúde Pública, v.37, n. 4, p. 446455. 2003.
FRANCO, W. M. A reencarnação pesquisada por não espíritas. In.: MISTICISMOe Ciência. Disponível em <http://br.geocities.com/wilsonmello10> Acessoem 14 jun 2003.
GODINHO, J. C. A Apometria A Nova Ciência da Alma. Lages/SC: Viva,1997.
GOLDSTEIN, K. W. A Nova Visão Cósmica na Física Moderna nas Obras deChico Xavier. Folha Espírita. São Paulo, p. 4, ago. 2002.
GOMES, C. C. Psicoterapia à Luz da Apometria. São Paulo: Terceira Margem,2000.
GUIMARÃES, B.M.A.B.; MOROSINI, M. Perfil sócioeconômico dos
candidatos ao concurso vestibular da Universidade Federal do RioGrande do Sul. Porto Alegre: 1978.
GUIMARÃES, B. M. A. B.; MOROSINI, M. Avaliação da reforma universitária.Porto Alegre: FEPLAM. 1980.
HERVÊ, I. V. 1º Curso Oficial. Grupo Espiritualista João Pedro. Porto Alegre, Apostila p. 5662. 1998.HERVÊ, I. V. , SILVA, R. S., BORGES, V. e TEJADA, E. I. Apometria. Conexão
entre a Ciência e o Espiritismo. Porto Alegre: Palmarinca, 2003.IBGE. Censo Demográfico do Brasil 2000. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/default_censo_2000.shtmAcesso em 24 de março de 2003.
ULTIMO SEGUNDO. IBGE: com maior rendimento e instrução, espíritascrescem 65% no País em 10 anos. Disponível em:<http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/20120629/ibgecommaiorrendimentoeinstrucaoespiritascrescem65nopaisem10anos.html. Acesso em 20 demaio de 2013.
KARDEC, A. (Coord.). O livro dos espíritos: princípios da doutrina espírita sobre aimortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com oshomens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir dahumanidade. Tradução de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de Janeiro: FederaçãoEspírita Brasileira, 2008. p. 457.
LIMA, M. C. A. A Era do Espírito. Porto Alegre: AGE, 2005.NOBRE, M. A alma da matéria: clonagem humana, fundamentos da Medicina
e outros temas. São Paulo: FE Editora Jornalística, 2003.NOBRE, M. Medicina e Espiritismo. Entrevista concedida a Rosana Felipozzi.
Espiritismo e Ciência. Ano 3, nº 27, p.2631, 2005.OLIVEIRA, S. F. Cristais da glândula pineal: semicondutores cerebrais?In: Saúde
e Medicina: campos de força, mediunidade, sexualidade e abordagens na prática médica. São Paulo: Associação MédicoEspírita do Brasil, p. 93100, 1998.
OLIVEIRA, S. F. Medicina e Espiritismo. Entrevista concedida a Rosana Felipozzi. Espiritismo e Ciência. Ano 3, nº 27, p.2631, 2005.
POLIT, D. F., HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem.Porto Alegre: Artes Médicas. 1995.
SARMATZ, L. Espiritismo: que religião é essa? Por que tantos brasileirosseguem a doutrina de Allan Kardec? Super Interessante. Edição 180, set.de 2002, p. 46 54.
SOUZA, A. T. M. Capacitação Administrativa para Gestão de Casas Espíritas. A Reencarnação, Porto Alegre, ano 71, n. 430, p. 6, 2º sem. de 2005.
TEIXEIRA, C. M. Psicosfera. Temas Espíritas: reflexões Espiritismo Ciência. Porto Alegre: s/Ed, 1994.
VASCONCELOS. EDUARDO MOURÃO. Complexidade e pesquisa interdisciplinar: epistemologia e metodologia operativa. Petrópolis/RJ: Vozes, 2002.
APÊNDICE A QUESTIONÁRIOGRUPO DE ESTUDOS SOBRE PESQUISA EM
ESPIRITUALIDADEAPOMETRIA GEPEA NIETE/UFRGSData:_________Instituição: _______________________________________________
Prezado consulente:Estamos realizando uma pesquisa em algumas Instituições de Porto
Alegre, que fazem atendimento espiritual utilizando a Apometria.O objetivo é de obter informações sobre as pessoas que buscam este tipo
de atendimento, podendo servir para o aperfeiçoamento dos nossos trabalhos.As informações aqui obtidas não terão qualquer interferência no seu
atendimento, pois este questionário não será identificado.Caso você queira participar, solicitamos que procure responder a todas as
questões.Agradecemos sua colaboração.
Iniciais do nome:_______ Sexo: ___________ Escolaridade: ____________Profissão:__________ Natural de:________ Reside Cidade/Estado:_______Est. Civil formal: _____________ Est. Civil de fato: ____________________
Assinale sua faixa etária (idade):Menos de 10 anos ( ) 1120 anos( ) 2130 anos( ) 3140 anos( ) 4150 anos( ) 5160 anos( ) 6170 anos( ) mais de 71 anos( )
1 Qual o motivo do atendimento? (queixa principal e outros sintomas)_______________________________________________________________
2 Buscou algum tratamento convencional para este motivo (médico, psicológico, etc.)? ( ) Não ( ) Sim
3 Que tipo? ____________________________________________________
4 Qual diagnóstico? ____________________________________________
5 – Como você considera os resultados até o momento?Satisfatórios ( ) Pouco satisfatórios ( ) Insatisfatórios ( )
6 Buscou algum tratamento não convencional para este motivo (florais, reiki, acupuntura, etc..)? ( ) Não ( ) Sim
7 Que tipo? ____________________________________________________
8 Como você considera os resultados até o momento?Satisfatórios ( ) Pouco satisfatórios ( ) Insatisfatórios ( )
9 É adepto de alguma religião ou prática espiritualista? ( ) Não ( ) Sim
10 Que tipo?___________________________________________________
11 Há quanto tempo?____________________________________________
12 Onde? _____________________________________________________
13 Qual foi sua formação religiosa familiar? ________________________
14 Tem alguma sensibilidade incomum (premonições, visões, etc.)? ( ) Não ( ) Sim
15 Que tipo? __________________________________________________
16 Como tomou conhecimento do tratamento com apometria?( ) Por indicação de trabalhador da própria Instituição( ) Por indicação de outra Instituição. Qual? ____________________( ) Por indicação de profissionais da área da saúde. Qual?________( ) Por alguém que já foi atendido.( ) Pela leitura de livro (s) sobre apometria. Qual (is)? ____________( ) Pela INTERNET( ) Participação em eventos (palestras, congressos, seminários,
etc...)( ) Outros _________________________________________________
17 É a primeira vez que será atendido com apometria? ( ) Sim ( ) Não
18 O que espera do atendimento? _______________________________________________________________________________________________
19 Quantas vezes foi atendido? ___________________________________
20 – Qual a freqüência dos atendimentos? (mensal, bimestral, trimestral, semestral, anual, outro)? ________________________________________
21 Seguiu as recomendações recebidas no atendimento? ( ) Sim ( ) Não.
22 Quais foram as recomendações?______________________________________________________________________________________________
23 Por que está retornando? ____________________________________________________________________________________________________
24 Tem interesse em participar de alguma atividade na Instituição?( )Sim ( )Não
Se você tiver interesse em participar de alguma atividade, entre em contato com a secretaria da Instituição.
Top Related