4 Resultados
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos na pesquisa.
Inicialmente, com o objetivo de auxiliar a sua compreensão dos resultados
da pesquisa, é feita a contextualização da indústria em questão, no Brasil
e no mundo. Essas informações auxiliam na avaliação da dinâmica da
indústria, as implicações estratégicas e características que influenciam o
desenvolvimento e adequação estratégica da empresa.
Em seguida, são fornecidas informações sobre o Grupo EBX e a
MMX. São descritas as principais características da holding e da empresa,
seus campos de atuação, sua estrutura organizacional e seus resultados
dos últimos anos.
Ao final do capítulo, são consolidados os resultados obtidos por meio
dos questionários e das entrevistas pessoais. Esses resultados são
apresentados na forma de respostas às perguntas recomendadas no
ferramental proposto.
4.1. Indústria de minério de ferro
4.1.1. Indústria de minério de ferro no mundo
O minério de ferro é um metal abundante na natureza, sendo
considerado de grande importância no mercado por ser matéria prima
para a produção de aço, largamente utilizado em diversos itens presentes
no dia a dia de todas as pessoas, aplicado principalmente na indústria
automobilística, produção de eletrodomésticos e construção civil. Para a
utilização na siderurgia, o minério é beneficiado por processos de
britagem, peneiramento, lavagem, classsificação, concentração e
pelotização. O Quadro 7 apresenta os processos pelos quais o minério de
ferro é submetido.
49
Quadro 7: A Mineração de ferro e a siderurgia Fonte: Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico, ABM, 2008, p. 10.
Uma das características marcantes do mercado mundial de minério
de ferro, que cria instabilidade neste mercado e traz desafios constantes
às empresas, é a alta volatilidade dos preços. O entendimento e a
previsão dos preços é uma tarefa difícil, devido à complexidade e à
velocidade com a qual ocorrem mudanças no mercado. Devido à maior
parte de sua produção estar destinada à siderurgia, a indústria está
estritamente relacionada ao crescimento demográfico mundial e ao
crescimento econômico. Atualmente, apresenta alta correlação com a
produção de aço na China – a maior importadora mundial de minério de
ferro – e dos países asiáticos em geral. Esse cenário deve-se ao
crescimento acelerado da riqueza nessa região, que leva ao maior
consumo de aço, devido aos grandes investimentos dos governos
asiáticos em infraestrutura, consumo de bens duráveis etc. Atualmente, a
China é balizadora do mercado transoceânico de minério de ferro,
conforme o Gráfico 3.
50
Gráfico 3: Mercado transoceânico de minério de ferro Fonte: Metalytics, 2010.
Os preços tendem ainda a responder rapidamente às alterações na
relação oferta-demanda, como desastres naturais, mudanças políticas,
alterações climáticas e outros eventos que afetem o mercado. O preço do
minério de ferro foi fortemente afetado pela crise de 2008, refletindo a
queda no início do ano de 2009, conforme apresentado no Gráfico 4.
Preço por ton seca - US$
28 29 29 31 37
6476
83
138
80
140
0
20
40
60
80
100
120
140
160
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Gráfico 4: Preço do minério de ferro no mercado mundial Fonte: IBRAM, 2011.
51
A maior parte do consumo de minério de ferro ocorre no mercado
transoceânico, com negociações ocorrendo através de contratos de longo
prazo ou curto prazo, ou por minas cativas - sendo os dois primeiros os
mais utilizados. Em geral, para contratos de longo prazo, os preços são
negociados anualmente. Vem sendo percebida, porém, pressão por parte
dos fornecedores para que os preços passem a ser negociados em
períodos menores, trimestralmente ou mensalmente.
Esse processo de mudança mostra a pressão da indústria
mineradora para a obtenção de melhores preços, pressionando as
siderúrgicas.Com relação à produção mundial observa-se um crescimento
nos últimos anos (Gráfico 5), sendo os principais produtores a Austrália,
seguida do Brasil. Apesar do potencial de produção da China e da Índia,
devido a altos custos de produção, esgotamento de recursos e baixa
qualidade do minério estes países não conseguem aumentar sua
produção e, em parte por essa razão, a China mantém-se como o maior
importador mundial de minério de ferro. Segundo a UNCTAD (2011),
apesar dos crescentes investimentos na indústria, a oferta tende a se
manter abaixo da demanda, pressionando os preços no mercado
internacional.
Produção em milhões ton.
1.060 1.060 1.080 1.1601.340
1.5401.712
1.900
2.200 2.2402.400
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Gráfico 5: Produção mundial de minério de ferro Fonte: IBRAM, 2011.
52
No que diz respeito às empresas produtoras, as maiores são a Vale,
a Rio Tinto e a BHP Billiton, que respondem por aproximadamente um
terço da produção mundial e por mais de 60% do comércio marítimo
internacional de minério de ferro. Especialistas acreditam que esse
cenário de consolidação deve ter continuidade nos próximos anos,
podendo vir a ser necessária intervenção regulatória governamental, a fim
de previnir ações de mercado anticompetitivas. Outra consequência
dessa consolidação é a inversão de papéis entre produtores e a indústria
siderúrgica. Devido à alta concentração, a indústria siderúrgica vem se
tornando tomadora de preços, e os produtores, formadores de preço.
Além de fatores como a volatilidade do preço e a alta concentração
do mercado, no contexto atual, as empresas vêm se deparando com
outros desafios, como questões de sustentabilidade, meio ambiente,
pressões dos acionistas por maiores retornos e escassez de mão de obra
especializada. Esse cenário exige das empresas maiores planejamentos,
visão mais ampla e ações para a manutenção de sua vantagem
competitiva, garantindo sua atuação no mercado. Eventos considerados
eventuais também vêm ocorrendo com maior frequência - como desastres
naturais e fenômenos meteorológicos - impactando diretamente a
indústria. Outro fator de grande relevância para as empresas é o cenário
econômico. A crise financeira internacional de 2008 causou grande
impacto negativo, reduzindo a produção industrial e o consumo em escala
mundial, obrigando as empresas a reverem seus planos de médio e de
longo prazos. Atualmente, a economia passa por nova crise, com a
desaceleração da economia da China e a crise européia já afetando as
trocas comerciais e o crescimento dos países, o que coloca todas as
empresas novamente em momento de replanejamento a fim de buscarem
meios de se manterem competitivas no mercado.
53
4.1.2. A indústria de minério de ferro no Brasil
O minério de ferro é o metal mais produzido e o que está mais
presente no cotidiano das pessoas, por ser a principal matéria prima do
aço. Cerca de 91% do minério de ferro produzido no Brasil são utilizados
na fabricação de aço e ferro fundido, tendo outras aplicações nas
indústrias de ferro-ligas e cimento (DNPM, 2009). O consumo de minério
de ferro por indústria é apresentado no Gráfico 6.
Siderurgia; 91,1%
Pelotização; 1,6%
Extração e beneficiamento de
minerais; 1,4%
Cimento; 0,1%
Não informado; 5,9%
Gráfico 6: Consumo de minério de ferro por indústria no Brasil Fonte: Anuário Mineral Brasileiro, DNPM, 2010.
Apesar do consumo no mercado interno, a maior parte do produto
produzido no país é exportado, sendo o principal parceiro comercial a
China. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração, no ano de
2010 a China foi responsável pelo consumo de 45% do minério de ferro
exportado pelo Brasil. Com relação ao mercado mundial, as exportações
brasileiras correspondem atualmente a aproximadamente 33% do
mercado mundial de minério de ferro (STANDARD & POORS, 2012).
Os dados apresentados demonstram a grande importância do
produto para a economia brasileira. Segundo informações da Conferência
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNCTAD, 2010), o Brasil é
o segundo maior produtor mundial de minério de ferro, ficando atrás
apenas da Austrália. Essa posição faz com que o produto tenha grande
54
influência no PIB do país. Segundo o IBRAM, o minério de ferro ocupa o
1º lugar na receita das exportações brasileiras, tendo grande influência na
balança comercial do país. Com relação às reservas, o país é o 4º
colocado em relação às reservas mundiais, estando ainda em posição de
maior destaque no que diz respeito ao alto teor do ferro destas reservas
(IBRAM, 2011).
A fim de maximizar seus ganhos com o aumento do consumo e dos
preços do minério de ferro nos últimos anos, as empresas vêm buscando
aumentar fortemente sua produção, o que tem provocado crescente
aumento dos investimentos. Considerando toda a indústria de mineração
brasileira, 65% do total dos investimentos previstos para o período
compreendido entre 2011 e 2015 são destinados à produção de minério
de ferro, sendo esses investimentos realizados fortemente por empresas
privadas.
“Apesar de todo o investimento em produção/extração, o Brasil ainda investe
pouco na pesquisa mineral. Em 2009 e em 2010, o país recebeu, apenas, a fatia de
3% de todo o investimento privado mundial em pesquisa, ficando bem atrás de
países territorialmente bem menores como Peru e Chile. Além disso, o Brasil
possui menos de 30% de seu território mapeado geologicamente de maneira
adequada na escala de 1:100.000”
(Informações e Análises da Economia Mineral Brasileira, IBRAM, 2011, p.7).
Os investimentos levam a outro grande desafio da indústria de
minério de ferro no Brasil e no mundo: altos custos de logística para
escoamento da produção. Diversas empresas buscam a integração
vertical a fim de minimizar seus custos e obter maior controle do processo
de venda do produto. Esse cenário leva as empresas privadas a
investirem em infraestrutura logística, a fim de se manterem competitivas
no mercado. Segundo dados da consultoria Delloite (2012), “isso também
exige investimentos significativos de infraestrutura a longo prazo,
incluindo ferrovias, portos, habitações e escolas. Em algumas regiões de
mineração os investimentos em transporte, água e energia deverão ser
responsáveis por 82% dos gastos do projeto.” O relatório desenvolvido
pela consultoria ressalta ainda os cenários político e econômico global,
que vêm sofrendo constantes alterações, dificultando o controle de custos
atrelados a moedas estrangeiras. Outro obstáculo enfrentado pela
55
indústria de minério de ferro é com relação às taxações impostas pelo
governo. No Brasil, um dos impactos é a cobrança da Contribuição
Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), que para o
minério de ferro corresponde a 2% sobre o valor do faturamento líquido
obtido pela venda do produto. Outra obrigação legal, a Taxa de
Fiscalização de Recursos Minerários (TFRM), cobrada por tonelada
extraída e devida a cada estado no qual a empresa produz, também
representa um fator de redução dos lucros da empresa (Fonte:
www.dnpm.gov.br). Cada vez mais as empresas vêm sendo pressionadas
pelo Governo com relação a taxações, o que leva a margens menores e
maior necessidade de planejamento a fim de manterem bom desempenho
frente ao mercado.
4.2. O Grupo EBX
O grupo EBX foi criado no ano de 1980, pelo empresário Eike
Batista, atuando inicialmente no comércio de ouro, com a denominação
de Autram Aureum. A empresa manteve-se atuando apenas no comércio
de ouro até o ano de 1998, quando foi criada a AMX, para prospecção de
água no Chile. Em 2001 a empresa entrou na indústria de energia, com a
aquisição de uma termelétrica e, em 2005, criou a MMX para atuar no
mercado de minério de ferro. Atualmente além de ouro, minério de ferro e
energia o grupo atua nas indústrias de logística, óleo e gás, indústria
naval off shore, esporte e entretenimento, imobiliário, carvão, tecnologia,
catering aéreo e ferroviário, dentre outras.
O grupo não possui visão e missão formalmente estabelecidas, mas
declarações disponibilizadas pela empresa permitem inferir os propósitos
que guiam o grupo.
Assim, a visão poderia ser expressa na seguinte frase:
“Um olhar que vê o todo de forma ampla e integrada. Que identifica ativos,
equaciona boas ideias e as visualiza como se já estivessem prontas.”
56
Para realizar
Uma capacidade única de realizar, com energia, dinamismo e
disciplina, reunindo os melhores capitais — humanos,
econômicos,ambientais, tecnológicos e culturais — onde quer que eles
estejam para deixar legados.
E transformar
O desejo de ir aonde ninguém foi para mudar a realidade do
presente e construir o futuro com projetos transformacionais, que
entregam resultados e criam ciclos de riqueza.
Por ser multissetorial, o Grupo EBX tem como desafio desenvolver e
adotar uma estratégia ampla, que atenda a todas as empresas e seja
capaz de manter o grupo competitivo - alcançando o desempenho
esperado.
Atualmente, buscando a ampliação da atuação internacional do
grupo, a EBX está presente no Chile e na Colômbia, dois dos países que
mais se desenvolvem na América do Sul. A Colômbia oferece
oportunidades devido a suas reservas de carvão mineral, de grande valor
para as empresas de energia (MPX) e de carvão (CCX) do grupo. Ainda
em território colombiano, a OGX – exploradora de óleo e gás – possui
blocos terrestres para exploração e a AUX (exploração de ouro) possui o
controle acionário que detém valiosos direitos minerários. No Chile está
sendo realizado investimento na construção da mais moderna planta de
geração de energia elétrica do país, gerada a partir do carvão mineral.
Além desse empreendimento, a MMX também possui direitos minerários
para a exploração de minério de ferro no Chile. O Quadro 8 ilustra os
países de atuação por negócio.
57
Quadro 8: Atuação internacional do Grupo EBX Fonte: http://www.ebx.com.br/pt-br/grupo-ebx/Paginas/AtuacaoInternacional.aspx
4.3. A MMX
A MMX é a empresa de mineração do Grupo EBX. Criada no ano de
2005, a empresa atua no setor de mineração, produzindo minério de ferro
nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Atualmente, a
empresa conta com aproximadamente 1300 funcionários.
No ano seguinte à sua criação, a empresa realizou sua abertura de
capital, estando atualmente listada no Novo Mercado da Bolsa de Valores
de São Paulo (BM&FBovespa), atendendo aos mais rigorosos padrões de
governança corporativa.
Sistemas Produtivos
As atividades atuais de produção de minério de ferro pela empresa
envolvem os Sistemas Sudeste e Corumbá.
58
O Sistema Sudeste, situado no quadrilátero ferrífero de Minas
Gerais, é composto pelas Unidades Serra Azul e Bom Sucesso. A
unidade Serra Azul é formada pelas minas Tico-Tico e Ipê, e possui
capacidade instalada atual de 8,7 milhões de toneladas. A produção desta
unidade é destinada a grandes mineradoras, siderúrgicas e produtores de
gusa localizados no estado de Minas Gerais, além de clientes fora do
Brasil. A produção destinada ao mercado externo é escoada por ferrovia
até o porto da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizado em
Itaguaí (RJ). A partir de 2013, a MMX utilizará o Superporto Sudeste –
porto de sua propriedade, em fase de construção, também localizado em
Itaguaí - para exportar seu minério. Além disso, passará a utilizar também
os serviços ferroviários da MRS Logística para escoamento da produção
do Sistema Sudeste. Ao final de 2011 as empresas assinaram contrato
para transporte do minério de ferro até 2026, sendo previsto o transporte
de 36 milhões de toneladas até o final do contrato.
A Unidade Serra Azul comporta ainda o maior investimento de
expansão da empresa. Com previsão de investimentos de R$ 4,8 bilhões
e início de operação em 2014, a expansão irá aumentar a produção da
mina para 29 milhões toneladas/ano, aproximadamente três vezes mais
que sua capacidade atual. Além do aumento de produção previsto, o
projeto prevê uma nova usina, que será a primeira no Brasil a operar, em
grande escala, o itabirito compacto.
A mina de Bom Sucesso, localizada na região centro-oeste de Minas
Gerais, está em fase de licenciamento ambiental. O Sistema Sudeste
possui ainda a Mina Pau de Vinho, pertencente à Mineração Usiminas.
Em fevereiro de 2011 a MMX adquiriu o direito de explorar esta mina por
30 anos, o que, segundo estudos, poderá agregar 8 milhões de toneladas
de minério de ferro por ano.
59
O Sistema Corumbá, situado no estado do Mato Grosso do Sul,
possui capacidade instalada de 2,1 milhões de toneladas por ano. O
produto destinado para o mercado interno, é transportado por caminhões.
A produção destinada ao mercado externo é escoada pelo Rio Paraguai
até o porto na Argentina, onde é embarcado para seu destino final,
principalmente por Argentina e países da Europa.
Além das minas já em operação, a empresa possui direitos
minerários no Chile, na região do Deserto de Atacama, onde investe em
um projeto para desenvolvimento de um sistema integrado de mineração.
Atualmente o projeto está em fase de pesquisas geológicas. A MMX
prevê que a mina produzirá 10 milhões de toneladas de minério de ferro
por ano.
Além de projetos para aumento de sua capacidade, a MMX investe
em um grande projeto na área de logística. O Superporto Sudeste é um
terminal portuário privativo de uso misto dedicado à movimentação de
minério de ferro, que está sendo construído na Ilha da Madeira, no
município de Itaguaí, no Rio de Janeiro. A principal vantagem estratégica
do Porto é sua localização, que representa menor distância entre o
Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais e o mar. A previsão para entrada
em operação é em 2013, quando então toda a produção da MMX será
exportada. O minério de ferro será transportado da mina ao porto através
da ferrovia da MRS para então ser exportado.
Resultados
No ano de 2011, a MMX produziu 7.734 toneladas de minério de
ferro, 8% acima do valores de 2010. As vendas totalizaram uma receita
bruta de R$ 1.088 milhões e EBITDA de R$ 187,5 milhões. Desde de sua
criação, a empresa vem apresentando evolução em seus resultados.
2011 2010 2009 2008 2007 2006
Vendas (ton mil) 7.734,0 7.176,5 4.683,3 4.738,0 790,0 65,0 Receita Bruta (R$ mil) 1.087,9 784,8 338,5 697,0 206,8 9,4 Lucro Bruto (R$ mil) 630,5 427,2 128,6 257,4 21,4 (8,7) EBITDA (R$ mil) 187,5 120,6 (463,7) (31,2) - - Lucro/Prejuízo Líquido (R$ mil) (19,2) 46,6 185,1 848,0 765,6 (92,1) Patrimônio líquido (R$ mil) 2.907,3 2.431,1 (371,2) ND 1.813,7 1.048 Quadro 9: Resultados da MMX Fonte: http://ri.mmx.com.br/Default.aspx?linguagem=pt
60
No ano de 2010, a MMX ficou na quarta posição de em comparação
às empresas produtoras no Brasil.
6,8%
0,9%
1,0%
2,9%
6,6%
81,7%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
Outros
Namisa
MMX
CSN
Samarco
Vale
Gráfico 7: Empresas produtoras de minério de ferro no Brasil Fonte: IBRAM, 2011.
Para os próximos anos a empresa prevê crescimento ainda mais
significativo de seus indicadores de desempenho, devido principalmente
ao aumento da produção quando o Projeto Serra Azul for concluído e o
aumento nas exportações, alavancadas pela entrada em operação do
Superporto Sudeste.
4.4. Caracterização da estratégia competitiva da MMX
A caracterização da estratégia competitiva da MMX foi realizada sob
o ponto de vista de Mintzberg (1988) e os resultados obtidos se
mostraram dispersos, não se concentrando em nenhuma das
características (ver Gráfico 8).
31%31%
8%
23%38%
Diferenciação por preço
Diferenciação por imagem
Diferenciação por suporte
Diferenciação porqualidade
Não diferenciação
Gráfico 8: Estratégia competitiva da MMX Fonte: Própria
61
Apesar de não apresentar grande variação com relação às demais
características, a “diferenciação por preço” é aquela que apresenta maior
frequência. Este fato é relevante, uma vez que, a princípio, consideram-se
as empresas de mineração como tomadoras de preço, o que levaria a crer
que a empresa não poderia se diferenciar por essa característica.
Com relação à análise do tipo de estratégia de empresas
multinacionais, segundo a percepção dos respondentes a MMX foi
caracterizada como uma empresa global, principalmente por atuar em um
mercado altamente padronizado, no qual economias de escala são
altamente relevantes para o sucesso da empresa e por sua intenção em
atuar globalmente. Apesar dos resultados apontados pelos respondentes,
a pesquisa documental indicou que a estratégia competitiva da MMX é
internacional multidoméstica, uma vez que, apesar de estar presente em
diferentes países, a empresa não atua em mercados-chave do mundo.
No Gráfico 9 está representada essa percepção: 54% definem a
estratégia como Global. Desde sua criação, a MMX investe na produção
de minério de ferro de alta qualidade, mantendo seu produto – de difícil
diferenciação – atraente para o mercado e alcançando preços de venda
mais altos. Outro desafio que a MMX enfrenta é a redução de custos,
focando no aumento da produção para diluição de seus custos fixos. A
estratégia transnacional, apontada por 23% dos respondentes, é
caracterizada por combinar características das globais e multidomésticas,
e por tentar responder às necessidades estratégicas de eficiência local e
global.
23%
54%
15%
8%
Global
Transnacional
Global Multibusiness
Não se enquadra emnenhuma das definições
Gráfico 9: Estratégia da MMX Fonte: Própria
62
Quando analisada sob os construtos propostos por Fahey e Randall
(1998), observaram-se os seguintes escopos:
- Escopo de produto: O escopo de produto da MMX é o minério de
ferro de alto teor de ferro. Com a construção do Superporto Sudeste irá
ampliar seu escopo, passando a comercializar serviço portuário.
- Escopo de cliente: A carteira de clientes da MMX é composta por
siderúrgicas, outras mineradoras e guseiros.
- Escopo geográfico: O escopo geográfico da MMX foi avaliado
como internacional multidoméstica, por estar presente no Brasil e no
Chile.
- Escopo vertical: Atualmente a MMX atua apenas na extração e
beneficiamento do minério de ferro, mas o projeto do SuperPorto Sudeste
reforça a proposta da empresa em ampliar o seu escopo vertical. O
escoamento da produção do Sistema Sudeste para o mercado externo
encontra dificuldades devido à distância entre o quadrilátero ferrífero de
MG - onde se localiza a Mina de Serra Azul - e o porto. A entrada em
operação do Porto Sudeste irá permitir o escoamento de toda a produção
para o mercado externo, contribuindo significativamente para melhoria
dos resultados da MMX. Com isso, a empresa passa a focar na indústria
de mineração e logística.
- Escopo de stakeholder: Segundo as percepções obtidas através
dos questionários aplicados, os stakeholders que a empresa busca
privilegiar os interesses são os acionistas, clientes e empregados.
4.5. Implicações estratégicas dos fatores macro-ambientais relevantes e dos principais atores globais
Aqui são apresentados os resultados referentes ao segundo passo
da metodologia de análise estratégica, que aponta as implicações
estratégicas de fatores macro-ambientais políticos, econômicos, sócio-
culturais, demográficos e ambientais, e também da influência dos
principais atores estratégicos globais – clientes, fornecedores,
concorrentes, substitutos, novos entrantes, complementares e órgãos
governamentais.
63
Os fatores macro-ambientais apresentados foram avaliados sob a
ótica de representarem oportunidades ou ameaças, reais ou potenciais.
- Fatores políticos: Os fatores políticos de maior impacto para a
MMX são aqueles relacionados às regulamentações e taxações impostas
ao exercício da atividade mineradora. De acordo com Farias (2002), em
estudo elaborado para o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), no Brasil a mineração está submetida a um
conjunto de regulamentações, em que os três níveis do poder estatal têm
influência. A taxação é considerada uma ameaça real, pois afeta
diretamente o lucro da empresa. As licenças para atuação configuram
ameaça potencial para os negócios da MMX.
- Fatores econômicos: Conforme exposto, a venda e o preço do
minério de ferro – principal matéria prima do aço – sofrem forte influência
da produção industrial e do crescimento econômico. Conforme
reportagem da agência Reuters (2012), o preço do minério de ferro atingiu
máxima de vários meses no mês de dezembro e aumento das
importações, devido à retomada da produção industrial da China
(http://br.reuters.com/article/businessNews/idBRSPE8B903Z20121210).
Em períodos de recessão, o consumo e o preço são altamente afetados,
sendo uma ameaça real. Em períodos de crescimento, porém, o preço e
o consumo costumam apresentar alta, daonde surge uma oportunidade
potencial.
- Fatores sócio-culturais: O consumo excessivo é uma das
características das sociedades atuais, com lançamentos de novos
produtos a todo momento, favorecida ainda pela velocidade com a qual as
informações são compartilhadas pela internet. Os grupos McCann e Mobi
realizaram pesquisa no ano de 2011, na qual foi constatado que 44,4%
dos consumidores brasileiros pretende trocar de celular em até seis
meses e costumam trocar de carro a cada dois anos e oito meses
(http://cmais.com.br/educacao/n-a). Esse cenário evidencia o consumo de
diversos produtos que apresentam minério de ferro em sua composição,
representando uma oportunidade potencial. Com relação aos fatores
sociais, há a influência da população que vive no entorno das áreas onde
a empresa opera. Há a possibilidade de as comunidades se oporem por
64
temer por impactos negativos, situação que configura uma ameaça
potencial para a MMX.
- Fatores demográficos: O crescimento da população leva muitas
vezes ao aumento do consumo e ao investimento em infra-estrutura. A
China, como grande consumidora de minério de ferro, exemplifica essa
situação, conforme Nakabashi (2011). porque o PIB per capita chinês é
baixo, “ainda existe todo um país a ser construído, o que exige muitos
minérios, sobretudo ferro”(http://www.ecofinancas.com/noticias/china-
preve-investimento-anima-exportacao-brasileira ). Esses movimentos por
sua vez elevam o consumo do minério de ferro, configurando uma
oportunidade potencial.
- Fatores ambientais: Os fatores ambientais vêm ganhando cada
vez mais importância nos dias atuais, com crescentes movimentos de
proteção ao meio ambiente e maior conscientização da população. Nesse
cenário, torna-se essencial que as empresas se responsabilizem pelos
possíveis impactos ambientais de suas atividades e busquem meios de
atuar que não causem danos. Acompanhando esta realidade, os órgãos
governamentais responsáveis vêm aplicando regras cada vez mais
rigorosas para licenciamentos, o que pode configurar uma ameaça real
para a empresa. Em contrapartida, as empresas vêm desenvolvendo
formas cada vez mais responsáveis de atuação, minimizando o impacto
de suas atividades.
4.6. As alianças e redes estratégicas da MMX
Neste tópico são apresentadas as características das alianças
estratégicas estabelecidas pela MMX, inferidas a partir da percepção dos
respondentes.
De acordo com os questionários, os principais atores estratégicos da
MMX são os clientes, os concorrentes e os fornecedores. Além desses, os
órgãos governamentais e novos entrantes também foram bastante citados
pelos respondentes. No gráfico 10, é apresentada a distribuição das
respostas.
65
92%
62%
23%
38%
31%
38%
69%
Clientes
Fornecedores
Concorrentes
Substitutos
Novos entrantes
Complementares
Órgãos governamentais
Gráfico 10: Principais parceiros da MMX Fonte: Própria
A maior parte dos colaboradores (69% do total da amostra), ao
serem questionados sobre os fatores que motivam a formação de
alianças, apontaram a economia de escala como o principal fator. Os
outros fatores mais apontados foram estreitar relações comerciais e
compartilhamento de recursos/competências complementares. No Gráfico
11, verifica-se a distribuição dos principais fatores que motivam a
formação de alianças.
66
23%
23%
69%
8%
23%
15%
15%
8%
46%
46%
Acesso ao capital informacional proporcionado por novos relacionamentos
Acesso ao capital social proporcionado por novos relacionamentos
Economias de escala
Aprendizagem com os parceiros
Gerenciamento de riscos
Compartilhamento de custos
Redução de custos de entrada em novos mercados
Gerenciamento de incertezas
Compartilhamento de recursos/competências complementares
Estreitar relações comerciais
Gráfico 11: Fatores que motivam a formação de alianças Fonte: Própria
O Quadro 10 apresenta as principais alianças formadas pela MMX,
com os atores mais citados pelos respondentes. Parceiro Tipo de aliança Estrutura Composição Modalidade
Clientes
* Investimento acionário minoritário* Acordo/contrato de fornecimento spot ou curto prazo
Escopo: restrito
Recursos-chave: recursos financeiros, capital informacional e capital socialVolume: AltoAcesso: Fácil
Conexão: ForteNatureza: Colaborativa/Exploitative
Fornecedores
* Acordo/contrato prestação de serviços* Desenvolvimento/Co-produção* Acordo/contrato fornecimento de outros
Escopo: amplo
Recursos-chave: recursos físicos, recursos tecnológicosVolume: AltoAcesso: Fácil
Conexão: ForteNatureza: Colaborativa/Exploitative
Novos entrantes
* Fusões e aquisições* Joint ventures
Escopo: restrito
Recursos-chave: talentos e habilidadesVolume: NAAcesso: NA
Conexão: NANatureza: NA/Exploitative
Quadro 10: Principais alianças da MMX Fonte: Própria
Outro ator citado nos questionários foram as entidades
governamentais, sendo os principais:
- Prefeituras dos municípios e do entorno onde a MMX atua. O
Projeto Interação, desenvolvido junto às Secretarias de Educação e Meio
Ambiente e escolas públicas dos municípios de São Joaquim das Bicas e
Igarapé, busca estreitar o relacionamento com as comunidades próximas
à Unidade Serra Azul e promover o diálogo e a reflexão sobre as
67
questões relacionadas à mineração. Há ainda projetos importantes
desenvolvidos junto à Prefeitura de Itaguaí, como o Programa
Qualificação Profissional, que qualifica e treina moradores das cidades de
Itaguaí e Mangaratiba para trabalhar no SuperPorto Sudeste. Além
desses, a empresa desenvolve diversos outros projetos nas áreas
ambiental, social e cultural.
- Os órgãos ambientais, que regulam, licenciam e fiscalizam as
operações e projetos da MMX, conforme a legislação vigente.
4.6.1. A Ego-rede da MMX
Com base no ferramental de análise estratégica proposto pelo
modelo adotado nesta pesquisa e utilizando os dados coletados através
dos questionários e entrevistas, foi desenhada a ego-rede da MMX,
apresentada na Figura 5.
Figura 5: Ego-rede da MMX Fonte: Macedo Soares, 2002.
68
A Figura 5 proposta apresenta as principais alianças estabelecidas
pela MMX com diferentes atores de sua rede de valor. Seguindo o mesmo
raciocínio aplicado ao Global SNA Framework, cada formato, cor e
espessura das linhas representam diferentes características das relações
estabelecidas. As setas, quanto mais largas, representam maior força de
relação entre partes; quanto menores os nomes dos atores, menor a sua
importância na ego-rede da MMX.
Os clientes são atores que possuem alianças estratégicas fortes
com a MMX, principalmente devido a acordos de fornecimento de longo
prazo, garantindo o destino de grande parte da produção de minério. Os
acordos/contratos de fornecimento spot ou curto prazo também
estabelecem ligações importantes para a MMX.
Fornecedores são também atores estratégicos relevantes nas
alianças estabelecidas pela MMX. Há fortes relações para o fornecimento
de serviços específicos e estratégicos para a MMX como, logística e
energia. Em geral, essas relações configuram-se por contratos de
fornecimento de longo prazo.
Com relação aos concorrentes, a MMX não estabelece relações
estratégicas tão relevantes como com outros atores. As principais
ligações estabelecidas são contratos de fornecimento spot ou curto prazo
e, com um dos concorrentes - a mineradora Usiminas - possui direito de
exploração de uma mina de propriedade desse concorrente.
4.7. Implicações estratégicas das alianças
A estruturação da ego-rede global da MMX, ao evidenciar
características relacionais, fornece dados que permitem a análise das
implicações estratégicas das alianças, sob o fato de constituírem
oportunidades ou ameaças. O questionário aplicado avaliou esses fatores
através dos construtos propostos no modelo Global SNA Framework
(Quadro 11).
69
Dimensão Construtos Valores (resultado) Oportunidades Ameaças
Densidade
* Alta com clientes, fornecedores e órgãos governamentais* Baixa com concorrentes
* Maior acesso a capital informacional e recursos físicos
* Risco de compartilhamento de informações confidenciais entre os parceiros
Escopo
* Restrito e global com clientes* Amplo e global com fornecedores* Amplo e regional com órgãos governamentais* Restrito e global com concorrentes
* Aumento das oportunidades de acesso a novos mercados
* Possibilidade de dificuldade de acesso a novos mercados
Posição e centralidade
na rede
* Central com clientes, fornecedores e órgãos governamentais* Intermediária com concorrentes
* Maior acesso aos recursos oferecidos pelos parceiros com os quais estabelece alianças
* Possibilidade de aumento de competitividade devido à centralidade também dos concorrentes
Estrutura de rede de alianças
Quadro 11: Implicações das alianças no nível da indústria Fonte: Própria
Os resultados dos questionários apresentaram uma estrutura
diferenciada para clientes, fornecedores e órgãos governamentais,
quando comparada com as redes e alianças estabelecidas com
concorrentes. As relações com o primeiro grupo se caracterizam por alta
densidade e pela centralidade da MMX na rede; com os concorrentes, há
baixa densidade e posição intermediária. Com relação ao escopo, ficaram
evidentes maiores variações, com escopo restrito e global junto a clientes
e concorrentes, porém amplo com fornecedores e órgãos
governamentais. Para esses dois atores há variação com relação ao
escopo geográfico, sendo global para fornecedores e regional junto a
órgãos governamentais.
Dimensão Construtos Valores (resultado) Oportunidades Ameaças
Possibilidade de acesso e volume de recursos-chave dos parceiros
* Rico e com volume satisfatório de recursos-chave de clientes, fornecedores e órgãos governamentais* Rico e com volume insuficiente de recursos-chave de concorrentes
* Aquisição de capital informacional relevante para o desempenho da empresa
* Risco de não tomar conhecimento de decisões conjuntas dos concorrentes que acirrem a competitividade da indústria, impactando o desempenho
Complementaridade dos recursos-chave
* Alta complementaridade com clientes, fornecedores e órgãos governamentais* Baixa complementaridade com concorrentes
* Maior possibilidade de formação de parcerias para ambas a partes
Membros da rede global
Quadro 12: Implicações das alianças no nível da indústria – Dimensão 2 Fonte: Própria
70
A análise dos membros da rede global (Quadro 12) evidenciou que a
oferta de recursos-chave de clientes, fornecedores, concorrentes e órgãos
governamentais é alta. Com relação ao volume desses recursos, foram
considerados satisfatórios nas ligações estabelecidas com clientes,
fornecedores e órgãos governamentais, e insuficientes no caso dos
concorrentes. As oportunidades decorrentes destas ligações indicam
possibilidade ganhos para todos os membros, apontando ainda
necessidade de maior volume de acesso a recursos-chave dos
concorrentes. Já a ameaça refere-se a essa deficiência no que diz
respeito aos concorrentes, que podem ter volume abundante de recursos-
chave entre eles, podendo dar início a novas ligações, aumentando a
concorrência e afetando diretamente a MMX.
No que diz respeito à complementaridade, novamente evidencia-se
alta na relação com clientes, fornecedores e órgãos governamentais, e
baixa junto aos concorrentes.
Dimensão Construtos Valores (resultado) Oportunidades Ameaças
Força das conexões
* Forte com clientes, fornecedores e órgãos governamentais* Fraca com concorrentes
* Desenvolvimento de parcerias que possibilitem maior produtividade, menores custos ou acesso a tecnologias/informações relevantes.
* Dependência entre as partes e dificuldade de romper os laços* Risco de não possuir alianças que possibilitem, por exemplo, acesso a novos mercados
* Colaborativa com clientes, fornecedores e órgãos governamentais* Oportunística com concorrentes
* Oportunidade de estabelecer relações mais produtivas por atenderem aos interesses de todas as partes
* Exploitative com clientes, fornecedores, concorrentes e órgãos governamentais
* Risco de não desenvolver novas oportunidades por focar na exploração daquelas já existentes
Natureza das alianças
Modalidade das
ligações
Quadro 13: Implicações das alianças estratégicas no nível da indústria – Dimensão 3 Fonte: Própria
A avaliação da modalidade das ligações (Quadro 13) apresentou,
como resultado, fortes e colaborativas conexões da MMX com clientes,
fornecedores e órgãos governamentais é fraca e oportunística com
concorrentes. As oportunidades decorrentes dessas ligações são o maior
acesso a fatores que possibilitam a criação de novas oportunidades, tanto
para a MMX como para toda a indústria, aumentando a produtividade
71
total. A primeira ameaça descrita deve-se principalmente ao fato de que
ao estabelecer laços muito fortes, a empresa pode ter dificuldades de
romper esses laços, prejudicando seu desempenho. A outra ameaça
refere-se às fracas ligações estabelecidas com os concorrentes, o que
pode fazer com que MMX perca oportunidades provenientes dessas
ligações. Já o fato de as relações com os principais atores da rede serem
caracterizadas como exploitative – que busca aproveitar recursos já
existentes nos parceiros – representa uma ameaça pelo risco de a
empresa não buscar desenvolver novas oportunidades.
Os respondentes das pesquisas acreditam, ainda, que a intensidade
da competição na indústria de mineração vem sendo afetada pela
formação de alianças e de redes estratégicas. A MMX vem estabelecendo
com seus clientes - como forma de aumentar sua competitividade na
indústria – investimento acionário minoritário e acordos de fornecimento
spot ou de curto prazo. As empresas Wuhan Iron & Steel e SK Networks
detêm participação minoritária na MMX, além de um contrato de
fornecimento de longo prazo, que garantirá o escoamento de 65% da
produção do Sistema Sudeste após a conclusão do Projeto Serra Azul. Os
acordos de fornecimento spot ou curto prazo também são significativos
para a empresa, respondendo por boa parte das vendas atuais.
Os fornecedores também são parceiros considerados relevantes
para a MMX, com os quais a empresa busca estabecelecer e fortalecer os
relacionamentos, segundo a percepção dos respondentes. As alianças ou
ligações estabelecidas com esses atores têm implicações em aspectos
como custo, acesso a novas tecnologias e a recursos específicos. O
acordo-contrato de prestação de serviços ferroviários entre a MMX e a
MRS exemplifica esta relação estabelecida com fornecedores: as
empresas assinaram contrato para transporte do minério de ferro até
2026, sendo previsto o transporte de 36 milhões de toneladas até o final
do contrato, garantindo o transporte da produção da MMX por longo
prazo.
72
Com relação aos concorrentes, também há implicações estratégicas
devido às ligações estabelecidas com estes atores. Determinados
concorrentes são também clientes da MMX, através de acordos-contratos
de fornecimento spot ou curto prazo. Em geral, estes acordos são
estabelecidos não com concorrentes diretos, mas com empresas que
possuem maior capacidade de produção de minério de ferro e de volume
de exportações, que necessitam ainda adquirir para atender a seus altos
volumes de venda. Apesar de terem implicações estratégicas, essas
alianças-ligações não atenuam o grau de acirramento de competição à
qual a MMX está sujeita.
Outro importante ator com implicações estratégicas relevantes são
os órgãos governamentais. A atividade mineradora exige processos de
licenciamentos ambientais e deve estar de acordo com as normas
estabelecidas pelos órgãos de todas as esferas. Além dos órgãos
relacionados ao meio ambiente, a MMX relaciona-se com entidades
governamentais que tratam de questões fiscais, trabalhistas, dentre
outras. Além destas entidades, a MMX mantém projetos em parceria com
prefeituras das localidades onde atua, desenvolvendo projetos de apoio
às comunidades, projetos sociais, dentre outros.
4.8. O desempenho da MMX
Os resultados da MMX ao longo dos últimos anos, desde sua
criação, demonstram que a empresa vem investindo em crescimento, na
busca por maior participação no mercado. Os Gráficos 12, 13 e 14
apresentam os resultados de produção, vendas e receita bruta desde
2006, ano de abertura do capital da empresa.
73
Vendas (TON mil)
65790
4.738 4.683
7.1767.734
01.0002.0003.0004.0005.0006.0007.0008.0009.000
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Gráfico 12: Volume de vendas Fonte: Própria
Receita Bruta (R$ mil)
9,4
206,8
697,0
338,5
784,8
1.087,9
0
200
400
600
800
1.000
1.200
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Gráfico 13: Receita de vendas Fonte: Própria
Ao analisar estes indicadores observa-se um aumento significativo
ao longo do período em análise. Segundo ranking divulgado pela revista
Brasil Mineral em 2012, a MMX é a sexta maior mineradora de ferro do
Brasil, considerando os indicadores de faturamento e produção. Essa
classificação reforça a atuação da MMX, e a visão da EBX de entrega de
resultados e criação de riqueza.
A análise das vendas sob a ótica do mercado ao qual se destina
também é importante quando se trata de uma indústria na qual a maior
parte das vendas são para o mercado externo. O aumento das vendas
para o mercado externo implica aumento da receita, uma vez que os
preços praticados são mais altos.
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