Download - Raid INATEL TT Santiago de Compostela

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  • 4Milhares de peregrinos percorrem todos os anos os Caminhos de Santiago em direo a Santiago de Compostela, motivados pela f, por questes religiosas ou culturais, pela vertente desportiva ou simplesmente para se encontrarem a si mesmos nesta jornada.

    Nesta edio do Raid Inatel TT percorremos uma pequena parte destes caminhos, comeando nas excelentes unidades da Inatel em Linhares da Beira e Vila Ruiva em direo ao norte do pas, com chegada a Santiago de Compostela. Pelo meio, visitamos algumas das localidades e o seu patrimnio edificado, sobretudo religioso, nesta viagem cultural e de lazer.

    RAID INATEL TT SANTIAGO DE COMPOSTELA

  • 5Existem vrios Tiagos ou Santiagos no Novo Testamento, mas o Tiago que est na origem deste culto mesmo aquele que acompanhou Jesus, um dos seus quatro primeiros discpulos.

    Segundo a lenda catlica, aps a disperso dos apstolos pelo mundo, Santiago foi pregar em regies longnquas, passando algum tempo na Galiza, em Espanha. Quando regressou Palestina, no ano 44, foi preso e decapitado, a mando do rei Herodes, neto de Herodes, o Grande.

    Dois de seus discpulos, Teodoro e Atansio, roubaram o corpo do mestre, embarcaram-no, e em sete dias chegaram Galiza e a Iria Flvia, onde o sepultaram, secretamente, no bosque Libredn.

    Ali ter ficado at descoberta do sepulcro apostlico, em data que se supe entre 813 e 820 d.C.. Um eremita que vivia no bosque, de nome Pelgio (ou Pelaio), observou durante algumas noites seguidas uma chuva de estrelas sobre um monte do bosque. Avisado das luzes, o bispo de Iria Flvia, Teodomiro, ordenou escavaes e encontrou uma arca de mrmore com os ossos do santo e dos seus discpulos.

    No Campus Stellae (campo de estrelas), de onde se cr provir a palavra Compostela, foi erigida uma capela para proteger a tumba do apstolo, que se tornou um smbolo da resistncia crist aos ataques dos mouros. A partir do ano 1000, as peregrinaes a Santiago intensificaram-se, tornando-se a cidade num dos principais centros de peregrinao crist, a par de Roma e

    Jerusalm. No incio do sculo XII publicado o primeiro guia

    do peregrino (do Caminho Francs) o Cdice Calixtino (ou Liber Sancti Jacobi) atribudo ao Papa Calixto II.

    Grupos de peregrinos comeam ento a chegar de toda a Europa, utilizando sobretudo o caminho francs, e desenvolvendo as cidades por onde passam.

    A partir do sculo XIV, com a Peste Negra, o Caminho entra em declive, passando novamente uma fase de decadncia mais tarde, devido Ciso da Cristandade (entre protestantes e catlicos). Durante os sculos XVII e XVIII, as redes de comunicao so melhoradas e o Caminho recupera, mas volta a ter um declnio no sculo XIX, com a Revoluo Industrial e as descobertas cientficas e intelectuais.

    AS SETAS AMARELAS INDICAM OS CAMINHOS DE SANTIAGO EM

    ALTERNATIVA S VIEIRAS. PODEM ENCONTRAR-SE EM RVORES,

    PEQUENAS PEDRAS CRAVADAS NO CHO, PAREDES, MUROS,

    PAVIMENTOS, POSTES PORTEIRAS, ETC. AINDA ASSIM, NEM TODOS OS TRAJECTOS ESTO ASSINALADOS,

    PELO QUE CONVM LEVAR UM GUIA DO CAMINHO OU UM

    MAPA. NO AS CONFUNDA COM AS SETAS AZUIS QUE LEVAM A

    FTIMA.

    SABIA QUE

    A HISTRIA DO CAMINHO

  • 6O mais famoso caminho que leva a Compostela o francs, que atravessa a fronteira franco-espanhola nos Pirinus, trazendo caminhantes de toda a Europa, e todo o norte de Espanha.

    O caminho portugus, ao contrrio do francs, no tem um percurso definido, mas vai sendo uma ramificao de vias em direo ao norte, alguns deles seculares, cruzando bosques, terras agrcolas, aldeias, vilas e cidades histricas. Atravessam caudais de gua, pontes de traa medieval e so caminhos enriquecidos pela presena de capelas, igrejas, conventos, cruzeiros.

    Desde cedo que os monarcas portugueses demonstraram tambm uma devoo pelo santo protetor do exrcito e, mesmo depois de no sculo XIV ter sido substitudo por So Jorge, o culto continuou. A prov-lo esto as inmeras misericrdias, albergarias, hospitais, igrejas e ermidas dedicadas ao Apstolo Santiago espalhadas pelo pas, sobretudo em centros mais desenvolvidos ou protegidos desde a Idade Mdia,

    O CAMINHOPORTUGUS

    EM ALGUNS REFGIOS (ALBERGUES) DO CAMINHO, O PEREGRINO RECEBE UMAS TIRAS PLSTICAS AMARELAS PARA COLOCAR NOS PONTOS DO CAMINHO ONDE NOTE QUE H LACUNAS DE MARCAES. PODE AMARRA-LAS S RVORES, ARBUSTOS OU OUTROS LOCAIS PARA QUE OS PEREGRINOS SEGUINTES NO SE PERCAM.

    SABIA QUE como Coimbra, Porto, Braga, Viseu, Guarda, Chaves ou Lamego, que se foram tornando polos de atraco e catalisadores de romeiros, at fins do sc. XVII, dando-lhes abrigo e alimento.

    As prprias lendas jacobeias esto intimamente ligadas ao nosso pas. Por exemplo, a lenda dos Galos em Santo Domingo de la Calzada e a lenda do Galo de Barcelos contam a mesma histria.

    Os caminhos portugueses foram sendo divididos. Atualmente, do

    Algarve partem duas vias, uma mais pela costa e outra pelo interior alentejano, que se unem no Alpalho. De Sintra e Lisboa as duas vias confluem em Coimbra, dividindo-se novamente, ora para o Caminho da Costa, ora para o caminho que leva a Viseu, Lamego e Braga ou Vila Real, havendo maior ramificao na zona norte, em especial na regio do Minho. A norte do rio Douro os caminhos seguem inmeros troos, seja pelo caminho do Noroeste, caminho do Norte, caminho da Geira Romana, caminho do Lima e o caminho de Lamego.

  • 7A vieira uma concha utilizada como o principal smbolo que identifica o peregrino de Santiago, e so vrias as histrias que tentam explicar a sua ligao ao santo e ao culto.

    Diz-se que os primeiros monges que faziam a peregrinao eram pessoas que tinham feito voto de pobreza e por isso nada carregavam consigo de bem material. Usavam as conchas para beber gua das fontes e riachos, para comer algo e para cobrir os olhos nas suas sestas.

    Uma segunda verso diz que So Tiago chegou pelo mar, fazendo-se uma associao da concha a este facto. Uma terceira diz que ao ser aberto o seu tmulo, o seu corpo estava coberto por um manto de conchas.

    Outra lenda fala de um milagre atribudo a So Tiago: um jovem viajava a cavalo por uma praia para se encontrar com a sua noiva, com a qual ia casar, mas caiu no mar e foi levado pelas ondas. So Tiago foi invocado e o jovem surgiu do mar com as vestes cobertas de conchas. Talvez por isso, a vieira assumiu este significado de proteo.

    A VIEIRA

    A VIEIRA O SMBOLO DO PEREGRINO DE SANTIAGO, QUE CARREGA PRESA MOCHILA OU AO PESCOO COMO ELEMENTO IDENTIFICADOR. A VIEIRA AMARELA EST PRESENTE AO LONGO DOS VRIOS CAMINHOS, SOBRETUDO NA PARTE GALEGA, PINTADA NUM AZULEJO AZUL QUE SE ENCONTRA EM MUROS E PAREDES E OS DEDOS DA CONCHA INDICAM A DIRECO CERTA. O NICO AZULEJO QUE APONTA PARA BAIXO EST EM FINISTERRA E INDICA O FIM DO CAMINHO.

    SABIA QUE

  • 8Em Portugal ainda no est estabelecida uma rede organizada de albergues de acolhimento destinada aos peregrinos, existindo apenas em algumas localidades, embora, devido ao ressurgimento das peregrinaes, estejam a ser feitos alguns esforos para a construo de albergues, sobretudo a norte do Porto.

    Em alternativa, normalmente os peregrinos passam palavra em relao aos locais de estadia, preferindo residenciais, albergarias ou penses, ou solicitando acolhimento a associaes, proteo civil, bombeiros, juntas de freguesia ou cmaras municipais.

    Por seu lado, a Galiza dispe de uma rede de albergues bem estruturada, existindo um em aproximadamente cada 20 quilmetros.

    No incio do sculo XII, o Papa Calixto II declara que, quando o dia do Santo, a 25 de Julho, num Domingo, esse um Ano Santo Jacobeu (proveniente de Iacobus, palavra de origem de Tiago), tendo os peregrinos especiais bnos e privilgios espirituais. Desde sempre e at aos dias de hoje que Santiago de Compostela se enche ainda mais de peregrinos nestes anos, em busca do perdo pleno, indulgncia caracterstica dos anos santos. Normalmente, comemora-se um ano jubilar compostelano em cada 6, 5, 6 e 11 anos. O prximo ser em 2021, seguido de 2027 de 2032 e de 2038.O ano jubilar inicia-se com a cerimnia da abertura da Porta Santa, que est virada para a Praa da Quintana, ao fim da tarde do dia 31 de Dezembro do ano anterior. Do exterior da Praa da Quintana o arcebispo de Santiago quebra uma pequena parede de pedra que abre a porta e que assim ficar at ao dia 31 de Dezembro seguinte. A passagem pela Porta Santa s faz sentido se o cristo tiver o desejo sincero de abandonar as obras do pecado e deixar-se conduzir pela graa. Nos anos jacobeus, a Igreja tambm tem especial ateno vivncia dos crentes, pedindo-lhes peregrinao, o perdo, a penitncia, a caridade, a justia. Pede-lhes para visitar a catedral de Santiago e a rezar pelo menos uma orao. Tambm exigida a confisso e comunho nos quinze dias antes ou depois da peregrinao.

    A CREDENCIAL DO PEREGRINO UM DOCUMENTO QUE IDENTIFICA OS PEREGRINOS AO LONGO DE TODO O PERCURSO E NA CHEGADA A SANTIAGO. AO LONGO DO CAMINHO SO OBTIDOS CARIMBOS DOS ALBERGUES, IGREJAS, POLCIA, ENTIDADES ADMINISTRATIVAS OU ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS QUE COMPROVEM A SUA PASSAGEM. COM ELE POSSVEL PERNOITAR NALGUNS LOCAIS E, NO FINAL DA JORNADA, OBTER UM CERTIFICADO DO CUMPRIMENTO DA PEREGRINAO.

    SABIA QUE

    O ANO JACOBEU

    ALBERGUES E REFGIOS NA ATUALIDADE

  • 9Linhares da Beira serviu, por alturas da Idade Mdia, de ponto de ligao com Santiago de Compostela. Aqui esteve instalada a Gafaria do Mondego que, nesta poca, prestou relevante apoio a moradores e peregrinos. A expanso e o prestgio da vila no sculo XVI continuaram bem patentes em Linhares, devido ao seu grande dinamismo nas trocas comerciais e como ponto de passagem s peregrinaes que a passavam em romagem a Santiago de Compostela.

    Aldeia Histrica do concelho de Celorico da Beira, Linhares da Beira uma terra de ar puro, guas frescas, belas paisagens e artes medievais e renascentistas. Fundada pelos Trdulos h cerca de 580 a 500 anos a.C., por ali passaram tambm, entre guerras e invases, muulmanos e cristos, atribuindo-lhe uma arquitetura militar mais visvel no seu castelo, construdo em 1291. A sua torre de menagem palco de algumas exposies.

    Pela aldeia abundam marcos da histria, desde o pelourinho, a fonte de So Caetano, a janela manuelina no imvel conhecido por Casa do Judeu e a calada romana. Os principais marcos religiosos a visitar so a capela de Santa Eufmia, Igreja Matriz e Igreja da Misericrdia, onde podero ser apreciadas trs valiosas tbuas pintadas atribudas Escola de Gro Vasco, de Viseu, representando a Adorao e Fuga para o Egipto.

    Por detrs da igreja da Misericrdia ergue-se a Casa Fortaleza, que funcionou como albergaria, hospital e casa dos expostos. A Pousada de Linhares da Beira, resultante da recuperao dos solares Brando de Melo e Corte-Real, garante a estadia para melhor desfrutar da visita aldeia. Muito recentemente, a abertura do restaurante Cova da Loba veio permitir, num ambiente muito prprio, apreciar o melhor da gastronomia serrana.

    Hoje em dia Linhares da Beira tambm conhecida como Capital do Parapente, pois entendida pelos praticantes da modalidade como a melhor base de lanamento deste desporto em Portugal.

    LINHARES DA BEIRA

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    A poucos quilmetros da sua sede concelhia, Fornos de Algodres, ergue-se a pequena aldeia de Vila Ruiva, uma freguesia essencialmente rural, envolta num silncio reparador e com uma vista invejvel para a ruralidade adjacente e para a agrestia da serra da Estrela, a meia hora de distncia.

    O seu nome ter sido herdado de alguma villae agrcola fundada pelos romanos que ter sido pertena de algum Ruy ou Ruyvo, embora tambm se defenda que foi posse de um grande fidalgo de nome Ruique.

    Vila Ruiva pertenceu ao concelho de Linhares, extinto em 1855, passando ento para o de Celorico da Beira. Mais tarde pertenceu a Gouveia, e em 1898 a Fornos de Algodres. Muito do patrimnio do tempo da romanizao, entre pontes e estradas, foi destrudo no decorrer das invases francesas. em torno da capela do Anjo que ainda resta a maior concentrao de vestgios da necrpole medieval, com cinco sepulturas mais prximas e as restantes distribudas por terrenos

    VILA RUIVA

    envolventes, num total de 22. Quem procura Vila Ruiva vai certamente em busca de sossego e de contacto com a natureza. Os verdes do dia e o cu estrelado de noite so, por si s, grandes atrativos. A estes, junta-se a existncia de trilhos pedestres e de BTT, num convite comunho com a natureza. Depois, est garantido o alojamento no antigo solar de Vila Ruiva, transformado em unidade hoteleira da Inatel.

    A aldeia de 180 pessoas acolhe de braos abertos os seus visitantes, oferecendo-lhe o que de melhor se produz no concelho: vinho e azeite, queijo, ls, jeropiga, aguardente, presunto, enchidos, mel, po de centeio e broa, legumes e frutas da poca. No admira, pois, uma gastronomia base de cabrito e borrego assado, batatas e bacalhau lagareiro, peixes do rio, migas com feijo-frade. sobremesa, o arroz doce, o leite-creme, o requeijo com doce de abbora ou com mel deliciam os mais gulosos.

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    Localizada no distrito de Viseu, a 57 Km da sede de distrito e a 40 Km de Lamego, a vila de Sernancelhe permite uma viagem pacata pela histria, que aqui ter comeado no neoltico, continuou com romanos, mouros e se estendeu at aos dias de hoje, deixando cada marco nos seus granitos e construes.

    Percorrer o concelho viajar pelas Aldeias histricas de Fonte Arcada, Ferreirim e Freixinho, a aldeia cultural de Carregal, com o ptio Aquilino Ribeiro, visitar inmeros monumentos, mosteiros, solares e pelourinhos e trilhar os caminhos da tradio religiosa nas aldeias da Lapa, Fonte Arcada e Vila da Ponte. No concelho encontra-se tambm a albufeira do Tvora e h para descobrir canados e vales, zonas florestadas, planaltos e montanhas, caminhos agrcolas que encantam pela rusticidade de paisagens.

    Um dos legados de Sernancelhe o castelo de Sernancelhe, que ter sido construdo pela Ordem de Malta e do qual restam partes das muralhas e a Porta do Sol.

    No interior da vila e centro histrico, h inmeras

    SERNANCELHE

    casas nobres, como o Solar dos Carvalhos, moradia fidalga dos meados do sculo XVIII, que foi pertena de Paulo de Carvalho, tio do Marqus do Pombal, a Casa dos Condes da Lapa e Bares de Momedes, a Casa da Comenda da Malta, a mais antiga das casas solarengas da vila, de 1611. A Igreja Matriz, um templo romnico, quase contemporneo da fundao da nacionalidade, o pelourinho de 1554 e aponte romnico-gtica de finais do sc. XVII ou incio do sc. XVIII merecem visita.

    A Vila vive de comrcio, servios, alguma agricultura mas tambm oferece atividades culturais e desportivas atravs da associao de desportos nuticos, campo de tiro, piscinas municipais e Centro de Artes. Na gastronomia tpica destacam-se as cavacas de Freixinho, os flgaros do convento da de resto, o concelho recheado de supersties, lendas e mitos pelas vrias aldeias.

    A CAPELA DE NOSSA SENHORA AO P DA CRUZ, PADROEIRA DE SERNANCELHE, , ALM DE UM LUGAR DE F E ROMARIA, TAMBM UM MIRADOURO EXCECIONAL E DE BELEZA EXTRAORDINRIA SOBRE SERNANCELHE E SOBRE AS MONTANHAS ENVOLVENTES. A FESTA ANUAL EM HONRA DA SENHORA A 3 DE MAIO E COINCIDE COM O FERIADO MUNICIPAL.

    SABIA QUE

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    A aldeia da Lapa, na freguesia de Quintela, concelho de Sernancelhe, caracteriza-se pelo turismo cultural e religioso que a envolve. Trata-se de uma aldeia rural peculiar, includa no Roteiro das Aldeias de Portugal, cujas origens remontam ao incio da nacionalidade.

    A histria do lugar ter comeado em torno da lenda da pastora Joana, tornando-se, desde ento, um importante local de culto, suportado num patrimnio que inclui o Santurio de Nossa Senhora da Lapa e o Colgio de Jesutas (ambos construdas por esta Ordem religiosa, que se instalou na Lapa depois do milagre, para orientar o culto), a Casa da Cadeia e os cruzeiros.

    A aldeia possui tambm um patrimnio edificado

    LAPAALDEIA DE PORTUGAL

    que preserva a traa tradicional, com casas em granito cortado em rude cantaria, e miradouros para uma paisagem que Aquilino Ribeiro denominou como Terras do Demo, pelas suas caractersticas de montanha, com a rudeza das grandes pedras ou lapas. A cultura e tradies da aldeia esto principalmente representadas na romaria a Nossa Senhora da Lapa, a 15 de Agosto, e na Feira Aquiliana, que se realiza normalmente em Maio, e onde so promovidos os produtos tpicos da aldeia.

    Em termos gastronmicos, representam esta localidade o afamado queijo da Lapa, o po, o mel e o cabrito, embora os vrios restaurantes tenham especialidades tpicas.

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    O Santurio de Nossa Senhora da Lapa um edifcio do sculo XVII erguido a partir de um grande penedo grantico em forma de gruta, com construo atribuda aos jesutas. Porm, h quem remeta o culto para o sculo X, quando as investidas dos mouros, liderados pelo general Al-Mansur, fizeram com que algumas religiosas do convento de Arcas tenham fugido e escondido uma imagem da Virgem numa gruta ou lapa.

    Conta a lenda que uma menina pastora, muda, de nome Joana, encontrou a imagem da Virgem nos montes, em 1598, levando-a para casa. A me ignorou a esttua e lanou-a lareira, mas eis que a menina pediu que no queimasse a imagem, falando pela primeira vez na vida. Talvez por isso a esttua da Virgem que est no santurio apresente marcas de queimaduras.

    Outra histria ligada a este santurio conta que uma mulher foi atacada, a meio da encosta da serra, por um enorme sardo. Transportando consigo novelos de linho para tecer, apelou Senhora da Lapa e lanou ao monstro os novelos que o sardo engoliu, engasgando-

    SANTURIOSR. DA LAPA

    se e levando-o a morte. A mulher foi puxando os fios e trouxe o animal para a Lapa, onde ainda est, pendurado no teto. A outra verso conta que foi l posto por um homem para agradecer Virgem t-lo salvo de um caimo, na ndia.

    Uma terceira crena ligada ao santurio diz que por um estreita passagem entre as rochas s se conseguem esgueirar os que no tm pecados graves na conscincia.

    No santurio, vale a pena observar o altar da Virgem Adormecida, a Casa dos Milagres, cheia de quadros pintados, e as balanas pesando meninos, sendo que o seu peso deveria ser entregue em trigo. A Senhora da Lapa, em Portugal, e Santiago de Compostela, em Espanha, chegaram a ser, em tempos, os dois santurios mais importantes da Pennsula Ibrica. O santurio teve relevo especial durante a grande guerra de 1914 a 1918, quando os soldados e seus familiares iam pedir proteo a Nossa Senhora antes de partirem para a guerra. Os que regressavam voltavam ao local para lhe agradecer.

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    O mais antigo mosteiro cisterciense portugus, implantado na encosta da serra de Leomil, Viseu, ter tido origem numa lenda: conta S. Bernardo de Brito que So Joo Baptista lhe apareceu, pedindo-lhe que fundasse um mosteiro em Portugal. O mtico Joo Cirita tambm ter tido a mesma viso, acabando por se tornar encarregado da construo. Acompanhado por oito religiosos, este monge instalou-se junto ao rio Varosa, esperou pelo sinal divino e depois solicitou ao rei portugus um local para fundar o mosteiro.

    A concesso decorreu em 1140, e representou uma recompensa pela vitria de Trancoso sobre os mouros, na qual os frades tinham prestado auxlio. Corria o ano de 1152 quando foi lanada a primeira pedra da igreja conventual cisterciense, obra que decorreu at 1169, data da sagrao da igreja.

    MOSTEIRO DE S. JOO DE TAROUCA

    As inmeras doaes recebidas (a primeira, por D. Afonso Henriques), e uma eficaz gesto das aquisies tornaram-no prspero nos sculos XII e XIII, possuindo um vasto patrimnio que se distribua por todo o norte e centro do pas, filiando vrios mosteiros do norte de Portugal: Fies, So Pedro das guias e Santa Maria de Aguiar.

    A extino das Ordens, em 1834, conduziu adaptao do templo a igreja paroquial e ao declnio da estrutura do mosteiro em si. Embora se conserve ainda o recinto envolvido pela cerca, desapareceram j os claustros e alguns dos edifcios monsticos, encontrando-se em runas.

    Pelo contrrio, a igreja mantm-se bem conservada, com a sua arquitetura romnica e gtica, com portal renascentista, e sofreu progressivas alteraes durante o

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    MOSTEIRO DE S. JOO DE TAROUCA

    sculo XVII, nomeadamente na fachada. No seu interior pode observar-se a austeridade inicial a que vieram acrescentar-se elementos mais trabalhados, desde o revestimento de azulejo na sacristia ou os altares em talha dourada. Entre o esplio est o retbulo de So Bento e So Bernardo, o quadro que representa So Pedro, atribudo ao mestre Gro Vasco, o enorme sarcfago onde repousa D. Pedro Afonso, um dos filhos bastardos do rei D. Dinis, e o cadeiral barroco, do sc. XVIII, altura, alis, em que o templo sofreu grande remodelao.

    Nas imediaes esto ainda a capela de Santa Umbelina e a capela de Santo Antnio, ambas pertencentes ao patrimnio histrico envolvente do mosteiro de Cister.

    Em 1956 o mosteiro foi classificado como Monumento Nacional e, em 1996, a interveno no

    Mosteiro de Tarouca, reconhecidamente um dos mais significativos monumentos da arquitetura cisterciense em Portugal, foi assumida como prioridade absoluta do IPPAR, com diversas aes desenvolvidas desde ento, de conservao e restauro, elaborao de estudos e at aquisio de terrenos.

    DIZ-SE QUE EM TAROUCA HAVIA UMA CAPELINHA ONDE ALGUMAS PESSOAS VIAM A SENHORA. CEDO COMEARAM A FAZER PROMESSAS EM MADEIRA, FOSSEM PERNAS, PS, BRAOS E PORQUINHOS, E ALI AS LEVAVAM. MAS UMA PESSOA ANTIGA, DIZENDO QUE ERAM TUDO CRENDICES, DECIDIU LEVAR AS PROMESSAS PARA QUEIMAR. DEPRESSA SE ARREPENDEU, POIS ASSIM QUE AS PS AO LUME COMEARAM A ESCORRER SANGUE E TEVE QUE AS LEVAR DE VOLTA CAPELA.

    SABIA QUE

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    Povoao do concelho de Tarouca implantada junto ao Rio Varosa, a cinco quilmetros da sede de concelho, Ucanha famosa pela sua ponte e torre, classificada como Monumento Nacional, em 1910.

    Pela sua ponte fortificada, nica na pennsula ibrica, passavam os peregrinos que se dirigiam ao Mosteiro de Salzedas e a Santiago de Compostela, os nicos que estavam isentos de pagamento de direitos de portagem. A todas as outras pessoas ou mercadorias era cobrado esse direito, situao que se manteve at 1507, altura em que D. Manuel proibiu tais privilgios aos abades.

    A existncia da ponte j referida no sculo XII, quando D. Afonso Henriques doa, em 1163, a Teresa Afonso, (viva de Egas Moniz), o couto de Algeriz, acrescentando-lhe o territrio de Ucanha. A senhora, fundadora do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas doou, por sua vez, o couto ao convento. Foram os monges quem mais beneficiou da velha ponte, convertendo-a em fonte de rendimentos.

    Sobre a torre, conta a lenda que foi mandada edificar pelos monges, para que quando o bispo de Lamego passasse pela ponte, o abade estivesse numa situao de superioridade. Sabe-se ainda que ter sido reedificada em 1465, por D. Fernando, abade de Salzedas, como est inscrito na torre.

    Ucanha foi vila e sede de concelho at 1836, quando

    UCANHAfoi suprimido e anexado ao concelho de Mondim da Beira. Em 1898 torna-se uma freguesia do concelho de Tarouca. Alm da ponte e da torre, merecem visita a Igreja Matriz de So Joo Evangelista, caracterizada pelo contraste entre uma arquitetura exterior sbria e um interior rico em decorao, com talha dourada nos retbulos e os caixotes pintados no teto. O arco triunfal e o retbulo-mor so tambm em talha dourada, mas de caractersticas barrocas, com elementos do estilo nacional joanino.

    Tambm vale a pena visitar o pelourinho (sc. XVII) e as runas romnicas, no local da Abadia Velha. Entre a ponte de Ucanha e a ponte nova observa-se uma nsua, usada como praia fluvial. A aldeia pequena, com uma via principal, a rua Direita, interrompida por travessas e pequenos becos e quelhos de acesso a campos de cultivo. Pelo trajeto pode observar-se o conjunto colorido de casas, com as varandas em madeira, pintadas de vermelho, azul e verde.

    Atualmente so tambm referncia em Ucanha as Caves da Murganheira, fundadas em 1947 e situadas em territrio cisterciense, no lugar de Abadia Velha, onde se pode provar o conceituado espumante. A gastronomia da localidade marcada pelos pratos de cabrito assado e trutas, e o artesanato por cestos em verga, socos e tpicas capuchas de l.

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    A apenas 11 quilmetros da sede de concelho e atravessada pelo rio Barosela situa-se Lalim, uma bela freguesia de Lamego, salpicada de casas que agregam menos de mil habitantes, e integrada num quadro de montanha e terras agrcolas.

    As origens de Lalim dividem-se em duas verses. Por um lado, a vila guarda vestgios de runas de dois pequenos castros e tem tambm sepulturas antropomrficas (cavadas nas rochas): Cama da Moura, Sarte e Penadarca, excelentes pontos de visita. Outra teoria remete para a idade mdia e refere-se sua fundao pelo rgulo de Lamego Ibnehuim, devido palavra ser terminada em im.

    Abandonada por alturas da fundao da nacionalidade, Egas Moniz teve em Lalim um papel fundamental na sua repovoao entre 1130 e 1140. Logo se formou a parquia, e ainda se preserva a igreja da mesma poca. Lalim foi tambm abadia pertencente aos monges de Cister, primeiro sob o domnio do Mosteiro de Salzedas, depois passando para os monges do Mosteiro de S. Joo de Tarouca. A data de 1834, altura da extino das ordens masculinas, afeta tambm a povoao, que se extingue na condio de concelho e passa a pertencer ao municpio de Tarouca e, dcadas mais tarde, a Lamego. Foi elevada categoria de vila a 21 de Junho de 1995.

    Pela vila h diversos testemunhos histricos e arquitetnicos, desde logo a Igreja de St. Maria de Lalim, as capelas de S. Sebastio, de N Sr. da Conceio, de N Sr. da Piedade e de N Sr. da Glria. Encontra-se tambm o pelourinho, a ponte Romnica, as Poldras, a Casa da Cadeia (antigo solar dos Meneses, sede dos paos do concelho e cadeia nos sculos XV e XVI), o Solar dos Melos, o Castro da Maia, os moinhos de gua nas margens do rio Barosela e o Parque Me Natureza, excelente local de lazer.

    LALIMEm termos gastronmicos Lalim conhecido a

    nvel nacional pelos seus enchidos e po de milho. As trutas de escabeche, o cordeiro, o cabrito e as batatas assadas com arroz de forno so especialidades da vila. Nesta regio tradicional o bolo podre, o leite-creme e a aletria.

    LALIM FOI TERRA DE D. PEDRO, O CONDE DE BARCELOS, FILHO ILEGTIMO DE D. DINIS. O NOBRE RESIDIU MAIS LONGAMENTE NA SUA CASA SENHORIAL, O PAO DE LALIM, ONDE COMPILOU O FAMOSO LIVRO DAS CANTIGAS. O CORPO DO NOBRE, DE COMPLEIO FSICA EXCECIONAL, A AVALIAR PELO SEU TMULO, EST NA IGREJA DE SO JOO DE TAROUCA.

    SABIA QUE

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    Lamego sempre foi um local de referncia para os peregrinos que caminhavam e ainda caminham em direo a Santiago de Compostela. A cidade era um grande ponto de irradiao de vias. Conflua aqui a estrada que partia da Guarda e passava por Trancoso, rumo a Vila Real. Por outro lado, ligava Viseu, onde ia dar o caminho que saa de Coimbra. A regio de Lamego era dotada de grande vitalidade, quer pela ocupao dos visitantes, quer pela densidade demogrfica, e tinha at uma grande albergaria que servia os peregrinos.

    A ligao com Santiago na Idade Mdia tambm est documentada, sendo terra de votos. Segundo o Chronicon Iriense, Ramiro II, no ano de 834, no satisfeito com a oferta que fez Catedral de Compostela, ordenou que todas as igrejas situadas desde o rio Pisuerga at ao Douro pagassem ao apstolo Santiago um censo no valor de uma medida de po e de um almude de vinho por cada junta de bois com que lavrassem a terra, como prova de gratido pela vitria sobre os rabes, pondo assim termo, pelo via militar, degradante exigncia de cem donzelas por ano. Ainda no sculo XV a Catedral de Santiago reclamava diocese de Lamego a renda destes votos!

    Cidade e sede de concelho no distrito de Viseu, tambm sede da diocese de Lamego (a nica que no corresponde a uma capital de distrito). A sua histria tem origens remotas, e por ali passaram suevos, visigodos e mouros, sendo no sc. XIII um importante centro administrativo e econmico.

    Visitar o patrimnio arquitetnico e sobretudo religioso de Lamego, significa ficar alguns dias pela regio, tal a quantidade e qualidade dos edifcios

    LAMEGO

    construdos, comeando pela S Catedral (sc. XII), de estilo gtico, ou pela cisterna (sc. XIII), considerada um dos melhores exemplares das cisternas dos castelos portugueses.

    O Santurio e o Escadrio de Nossa Senhora dos Remdios so pontos obrigatrios de visita, tal a sua beleza. Ao longo dos 686 degraus, a decorao de cada patamar ameniza a peregrinao. Destaque para o ptio dos Reis, que representa 18 monarcas e sacerdotes de Israel. Por estas escadas passam milhares de cristos e curiosos, entre os dias 6 e 8 de Setembro, na maior romaria de Portugal.

    O museu de Lamego guarda uma coleo imensa de artefactos desde a presena romana at aos nossos dias, com destaque para as cinco tbuas quinhentistas de Gro Vasco que faziam parte do retbulo da S.

    A Igreja de Santa Maria Maior de Almacave, a Igreja do Desterro, de Santa Cruz e do Antigo Convento

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    LAMEGOEM ALVELOS, CONCELHO DE LAMEGO, EXISTE A CAPELA NOSSA SENHORA DOS MENINOS, PADROEIRA DA LOCALIDADE. A LENDA DIZ QUE DO MONTE CHAMADO TAMBOREIRA, COBERTO DE GRANDES PENEDOS, REBOLOU UM QUE FOI CAIR EM CIMA DE UMA MENINA PASTORINHA. DEPOIS DE REMOVIDO, ESPERANDO UM CADVER, O POVO ENCONTROU A MENINA A DORMIR, ENROSCADA NO INTERIOR DE UMA CAVIDADE DA PEDRA. ATRIBURAM O MILAGRE SENHORA, CONSTRURAM A CAPELA E AINDA HOJE, NA PROCISSO, LEVAM AS CRIANAS DA ALDEIA FRENTE DO SEU ANDOR.

    SABIA QUE

    das Chagas tm uma arquitetura digna de visita, e as capelas de S. Pedro de Balsemo, da Nossa Senhora da Esperana, o Mosteiro de Santo Antnio de Ferreirim so locais extraordinrios.

    Vale a pena admirar os inmeros fontanrios e casas brasonadas, as janelas e portais, os frescos do pintor Nasoni, na S, os frescos da Igreja de Meijinhos, os painis de pintura da igreja de Santo Antnio de Ferreirim. Pelo concelho podem fazer-se seis percursos pedestres assinalados e percorrer os miradouros.

    O concelho permite ainda uma viagem gastronmica rica, com o coelho bravo, o cabrito assado, os petiscos de presunto, as blas diversas, os enchidos, os biscoitos da Teixeira, os Lamegos, entre outros. Lamego tambm terra de frutas e de vinhos e possui destilarias de aguardente e importantes caves vincolas produtoras de vinho espumante, inclusive. O artesanato marcado pela cestaria, tanoaria, cantaria,

    funilaria, olaria, marcenaria e tecelagem, com destaque para as mscaras em madeira de amieiro, da freguesia de Lazarim.

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    Meso Frio sempre foi ponto de passagem dos peregrinos que saam de Lamego ou vinham do sul em direo a Santiago de Compostela. Por essa razo, aqui e em Lamego tero sido fundadas as duas primeiras estalagens de acolhimento aos caminhantes, por altura da fundao da nacionalidade. At ao sc. XV estes albergues multiplicaram-se, havendo diversos em Meso Frio e pela regio, e chegavam a acumular funes de estalagem e de hospital.

    A histria da vila remete-se, porm, a tempos mais longnquos, altura em que era habitada por vagas de povos primitivos, em que passou a local de passagem pelas importantes vias romanas e em que era habitado por monges e nobres com nomes de relevo no vinho do Porto. A sua posio estratgica e importncia ligada ao Douro vinhateiro valeram-lhe mesmo uma barca gratuita disposio das populaes, para travessia do Douro, durante vrios reinados. Pela encosta abaixo, muitos so os solares setecentistas e as casas brasonadas construdas nos anos prsperos de produo e comrcio do precioso nctar do Douro.

    Pertencente ao distrito de Vila Real, Meso Frio hoje o mais pequeno municpio, com as suas sete freguesias e apenas 26,85 km de rea, mas as suas potencialidades, nomeadamente atravs das paisagens, do patrimnio cultural e do vinho so imensas.

    Em termos de patrimnio, merecem destaque a Igreja Matriz romnica (Igreja de So Nicolau), a Igreja de Santa Cristina (sc. XVIII), os Paos do Concelho, antigo convento franciscano (sc. XVIII), o edifcio setecentista do Hospital da Misericrdia, o pelourinho (sc. XII), as Runas do Castro dos Mouros em Cidadelhe e os diversos miradouros. Pelo concelho encontram-se espalhados,

    MESOFRIOs vezes escondidos pelo mato, os marcos pombalinos colocados por conta dos proprietrios dos terrenos demarcados e j classificados como imveis de interesse pblico.

    Alm de um passeio com vista a conhecer o patrimnio, o visitante pode sempre ir at praia fluvial

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    MESOFRIO

    A ORIGEM DO NOME DE MESO FRIO ESTAR NAS ALBERGARIAS (MANSIONES) EXISTENTES NAS PRINCIPAIS VIAS DO IMPRIO ROMANO, DESTINADAS INICIALMENTE A AGASALHAR OS VIANDANTES (MANSIONIS FRIGIDAE) NOS SEUS ITINERRIOS, BEM COMO A FORNECER REFEIES, A ESTABULAR OS ANIMAIS E A SERVIR DE ESTAO DE MUDA DE CAVALOS.

    SABIA QUE

    do rio Teixeira, optar pelo enoturismo pelas diversas quintas vincolas do concelho, por um passeio pelo Douro, ou fazer o percurso pedestre de 12 quilmetros que atravessa caminhos tradicionais e antigos, de montanha, ermidas, montes, vinhedos e aldeias. No posto de turismo ainda possvel

    solicitar uma visita guiada. O calendrio de festas e romarias igualmente recheado ao longo do ano.

    Meso Frio igualmente rico em artesanato, tendo como artes mais representativas a cestaria, tanoaria, latoaria, bordados e rendas de Barqueiros e miniaturas dos barcos rebelo em madeira.

    A gastronomia rica e variada. Nas sopas, a sugesto vai para o caldo de cebola, o caldo de papas, o caldo de nabias e a sopa de castanhas piladas. Os pratos de peixe so sobretudo de bacalhau, svel, lampreia e trutas. Nas carnes, so pratos fortes a marr (carne de porco), o cabrito, a carne em vinha-dalhos, as tripas, os rojes e o famoso cozido transmontana. sobremesa, o leite-creme, a aletria ou o pudim de ovos enriquecem o paladar. Meso Frio tambm terra de compotas, sobretudo doce de abbora, doce de chila e marmelada, alm dos tradicionais biscoitos caseiros de Vila Marim, as falachas e os rebuados de Donsumil.

    E, claro, no podiam tambm faltar os vinhos de Meso, brancos e tintos, Douro DOC, Vinhos de Mesa, Vinhos Regionais Durienses e Vinhos do Porto.

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    Situada em pleno Parque Natural do Alvo, na freguesia do Ermelo, concelho de Mondim de Basto, a cascata de Fisgas do Ermelo uma das maiores quedas de gua de Portugal e uma das maiores da Europa. Tem a particularidade de no se precipitar numa vertical absoluta, mas antes atravs de uma grande barreira de quartzitos, formando um profundo socalco. As suas guas separam as zonas granticas das zonas xistosas das terras envolventes.

    O desnvel desta cascata apresenta assim 200 metros de extenso cavados ao longo dos milnios da sua existncia pelas guas calmas, mas perseverantes do rio Olo que nasce no Parque Natural do Alvo. A cascata das Fisgas tambm o smbolo do parque.

    No topo das quedas, a montante, situam-se belas lagoas, muito procuradas de Vero. Pela sua beleza, algo misteriosa, constitui uma das paragens obrigatrias para quem visita o Alvo pela primeira vez e seguintes!

    O acesso para a cascata de Fisgas do Ermelo pode ser feito pelas estradas florestais que ligam Lamas de Olo localidade de Ermelo ou a partir de Mondim de Basto e Vila Real atravs da estrada EN304 junto aldeia de Ermelo e ponte sobre o rio Olo.

    FISGAS DO ERMELO

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    Vila e sede de concelho, Mondim de Basto estende-se entre uma plancie frtil na margem esquerda do rio Tmega e o sop da grandiosa pirmide verde do Monte Farinha, o maior miradouro de terras de Basto, coroado pela ermida da Senhora da Graa.

    A Senhora da Graa , acima de tudo, um local sagrado, de reflexo e orao. A p, de carro ou em excurses organizadas, todos os dias chega gente ao Santurio procura de paz, recebendo, anualmente, milhares de devotos, alguns deles apenas de passagem a caminho de Santiago de Compostela. As maiores concentraes de crentes so, no entanto, em trs datas concretas: no ltimo domingo de Maio - na Ascenso; no dia 25 de Julho - com a secular romaria de Santiago; e no 1. domingo de Setembro - na grande peregrinao anual presidida pelo bispo de Vila Real.

    O local, que integra um Centro de Apoio aos Peregrinos e Romeiros e um restaurante panormico, est includo em vrios roteiros culturais e religiosos nacionais e estrangeiros e complemento opcional dos visitantes do Parque Natural do Alvo, devido sua proximidade. A mil metros de altitude, o Monte Farinha est recheado de histria e de vestgios arqueolgicos, e uma referncia para os amantes da natureza, desportistas e pedestrianistas.

    O patrimnio natural, arqueolgico e arquitetnico , alis, a riqueza de Mondim de Basto. Vale a pena perder-

    MONDIM DE BASTO se pelas paisagens deslumbrantes, levadas de gua lmpida, cascatas, rios e riachos, recantos escondidos de

    uma infindvel mancha florestal. Entre a composio arquitetnica esto igrejas

    e capelas romnicas, solares, brases, ruas velhas, caminhos e trilhos, pontes e vias medievais, castros e menires, relgios de sol, pelourinhos e cruzeiros. Destacam-se a Igreja Matriz de So Cristvo e a Capela do Senhor, mas tambm a capela de Nossa da Senhora da Piedade, ou de Santa Quitria (edifcio da atual cmara municipal).

    Na zona ribeirinha de influncia minhota predomina o verde, os campos de milho, os solares e os espigueiros da freguesia de Atei, a ruralidade e a tradio. No centro histrico h que fazer o percurso das capelas e alminhas e visitar vos tradicionais jardins de camlias.

    Para restabelecer foras, a gastronomia tradicional destaca o cabrito assado, os enchidos caseiros e a saborosa carne do gado marons, as cavacas, os rosquilhos, o po-de-l e bolo da Teixeira, acompanhados de um maravilhoso vinho verde. O artesanato caracterizado pela tecelagem, tamancaria, bordados e cantaria.

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    O Castelo de Arnoia, tambm conhecido como Castelo dos Mouros ou Castelo de Moreira, eleva-se na povoao de Arnoia, a trs quilmetros do concelho de Celorico de Basto, no distrito de Braga. Trata-se de um castelo de reduzidas propores e difcil acesso, mas na sua simplicidade de linhas sempre interessante de visitar.

    A sua fundao incerta e as diferentes verses indicam o sc. XI a XIII, embora haja a teoria que tenha tido construdo pelos mouros, no sc. VII, e reconstrudo pelos cristos em 1043. Presume-se que a sua localizao e importncia esteja relacionada com o Mosteiro de So Bento de Arnoia, mosteiro beneditino estabelecido na regio no sculo XI. Isto, porque a data de 1034 est assinalada na lpide da sepultura do alcaide do castelo, Mnio Muniz, provvel fundador do mosteiro, segundo alguns autores.

    Ao longo do sc. XIII so vrios os documentos que demonstram o uso e arrendamento dos domnios do castelo e, no sculo XVI, D. Manuel I concede foral a Celorico de Basto, estabelecendo a sede do concelho em Arnoia, lugar do castelo. Porm, devido ao grande isolamento da vila, o rei D. Joo V determina, no sculo XVIII, a mudana da sede do concelho de Arnoia para o lugar de Freixieiro, em Britelo, seguidamente denominado Vila Nova do Freixieiro, hoje Celorico de Basto.

    Em 1946, o Castelo de Arnoia foi classificado como

    CASTELO DE ARNOIA DIZ A LENDA QUE O CASTELO DE ARNOIA ESTAVA TOMADO PELOS MOUROS, QUE ESCRAVIZAVAM OS CRISTOS. ESTES, DESCONTENTES MAS EM FRACO NMERO, ORGANIZARAM UM PLANO. NUMA NOITE ESCURA JUNTARAM TODOS OS SEUS REBANHOS, COLOCARAM BADALOS NOS PESCOOS DOS ANIMAIS E ARCHOTES ACESOS NOS CORNOS DAS CABRAS. RUMARAM AO CASTELO ONDE OS MOUROS, JULGANDO TRATAR-SE DE UM GRANDE EXRCITO, ABANDONARAM A FORTALEZA, DEIXANDO AT TESOUROS ENTERRADOS.

    SABIA QUE Monumento Nacional e depois de obras de consolidao e restauro, reabriu ao pblico em Janeiro de 2004. Em 2009 o monumento passa a ter um edifcio de apoio sua divulgao, o Centro Interpretativo. Entre outras valncias, o centro possui espaos para exposies temporrias para dar a conhecer dados arqueolgicos importantes para a histria do local e ainda uma maqueta histrica animada que retrata os momentos finais da construo da torre de menagem, entre o sc. XIII e XIV.

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    No primeiro domingo aps o dia 8 de Setembro as populaes das redondezas no perdem a romaria ao santurio de Nossa Senhora do Viso, na freguesia de Caarilhe, concelho de Celorico de Basto.

    No dia de festa os romeiros chegam bem cedo ao santurio situado na serra do Viso para cumprirem as suas promessas e rezarem padroeira. So centenas, s vezes cerca de um milhar de pessoas que assiste missa campal.

    No fim da eucaristia, uma procisso com o andor de flores da Nossa Senhora do Viso ruma capela, fazendo-se acompanhar pelas vrias bandeiras alusivas em representao das freguesias do concelho. A esta cerimnia religiosa junta-se sempre uma vertente

    SANTURIO DE NOSSA SENHORA DO VISO

    popular, com a presena de grupos que animam a localidade.

    O nome da Virgem vem-lhe do monte em que se ergue a ermida. Julga-se que j no tempo dos romanos este local servia de posto de vigia e de transmisso de missivas por meio de fogueiras.

    Do Alto da Senhora do Viso obtm-se um extraordinrio domnio visual sobre a bacia do rio Tmega. Na zona envolvente capela, a 250 metros para Norte, estende-se uma plataforma de parque de merendas com mesas e bancos de pedra e ainda, um coreto de cimento onde atuam as bandas nos dias de festa.

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    Pelos campos verdes, rvores centenrias e gua cristalina, por entre a natureza no seu estado puro e uma ruralidade preservada, estende-se a aldeia de Agra. Inserida na freguesia de Rossas do concelho de Vieira do Minho, a cerca de 50 km de Braga, Agra foi classificada como Aldeia de Portugal em 2005.

    A povoao detentora de um cenrio nico, onde as casas tpicas, a beleza natural da serra da Cabreira, os campos recortados e os pastos frteis marcam a paisagem. As suas caractersticas foram realadas com um investimento apoiado por fundos comunitrios, tendo em vista a sua recuperao e preservao. Desta forma, e depois de criadas unidades de alojamento, Agra tornou-se o refgio ideal para aqueles que desejam escapar azfama do dia-a-dia, proporcionando aos seus hspedes um ambiente onde a tradio rural se alia ao conforto moderno.

    entrada da Aldeia est a ponte romnica da Parada sobre o rio Ave e, ali perto, a nascente do rio. O pequeno aglomerado de casas caractersticas das zonas montanhosas que remontam ao sculo XVIII, nomeadamente, as casas de Fundevila (1803), do Cruzeiro (1879), das Cortinhas (1678) e do Cabo (1748), e que constituem alguns dos atrativos tursticos que a aldeia tem para oferecer.

    A aldeia tambm caracterizada por ruas estreitas e sinuosas, muitas vezes atravessadas pelo gado que se cruza com habitantes e visitantes, num cenrio rural buclico de grande beleza. No meio da povoao est a Igreja de S. Loureno, o cruzeiro, de meados do sc. XIX e, mesmo ao lado, as Alminhas, um pequeno monumento religioso de culto aos mortos, datado de 1857.

    Agra conserva ainda alguns moinhos outrora destinados preparao da farinha, quer para alimentao da populao, quer dos animais. Estas estruturas fazem parte do Percurso Pedestre dos Moinhos do Ave, que se inicia em Lamedo e termina em Agra, ao longo de quatro quilmetros cheios de paisagens rurais e florestais, caminhos de cabras e pequenas cascatas.

    A aldeia oferece ar puro, silncio, contacto com a natureza e ainda tem timos recursos para caa, pesca, passeios pedestres ou de BTT e banhos refrescantes nas suas pequenas lagoas ou na Albufeira do Ermal, caractersticas que fazem de Arga uma referncia em termos de Turismo Rural.

    Se mais razes no houvesse para visitar Agra, os petiscos falariam por si. Entre os cozinhados regionais encontra-se a massa com feijo e farripas de couve, enchidos e costelas de porco cozidas, temperadas de vspera com vinho verde e alho, a vitela barros assada em forno a lenha e o frango caseiro, sempre acompanhados da boa broa de milho e regado com o vinho verde da regio.

    Antes de partir da aldeia, h que visitar a empresa Arte-Agra, um projeto ligado fiao e tecelagem de Agra para dinamizar a aldeia. Ali possvel ver as artess a trabalhar no tear manual e comprar alguns produtos artesanais e tradicionais em linho, l e bordados, como mantas, tapetes e lenos.

    AGRAALDEIA DE PORTUGAL

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    A VEZEIRA ERA O ACTO, J DESAPARECIDO, DE JUNTAR, TODAS AS MANHS, OS REBANHOS DE AGRA NUM S. OS PASTORES IAM, VEZ, LEVA-LOS A PASTAR NO MONTE, POR ONDE ANDAVAM TODO O DIA, EM NMERO DE DIAS RELATIVO AO NMERO DE CABEAS DO SEU REBANHO. CHEGADA ALDEIA, OS REBANHOS IAM NOVAMENTE CADA UM PARA SUA CORTE.

    SABIA QUE

    A cerca de 13 quilmetros de Fafe, a Igreja de Nossa Senhora das Neves, na Lagoa, o local onde anualmente se realiza uma das mais simblicas e curiosas romarias do concelho de Fafe e de todo o Minho, no quadro do culto mariano.

    Todos os anos, na ltima sexta-feira de Agosto, milhares de devotos vindos do norte, do Vale do Ave a Terras de Basto, chegam em excurses ou carros particulares Lagoa para cumprir a tradio. Para alm de rezarem e cumprirem promessas, querem colocar a imagem de N S das Neves na cabea. Creem que assim ficam libertos do mal. O gesto funciona como exorcismo, ou na linguagem popular, para tirar o Diabo do corpo.

    O ritual repete-se todos os anos. O proco vai colocando, incansavelmente, e por breves segundos, a imagem de Nossa Senhora nas cabeas de milhares de crentes. Uns tiram o diabo do corpo h vrios anos, e outros, mais jovens, porque lhes foi contada a tradio, querem experimentar. Crentes ou no do diabo, quase todos parecem concluir que quando a santa sai da sua cabea o alvio da alma evidente.

    Reza a lenda que uma pequena imagem ter sido escondida por algum cristo durante as invases rabes e foi descoberta por uns pastores ou por uma pastorinha. Nesta verso, um manto de neve cobria o local. A menina levou a imagem para casa e rezou at adormecer, mas sonhou que a Virgem lhe dizia que

    no queria ficar ali, mas sim em capelinha erguida no lugar onde a descobrira. De repente, a pequenita desperta e repara que a imagem tinha desaparecido. Em lgrimas, regressa ao monte no s em busca das ovelhas, no se tivessem tresmalhado por descuido das companheiras, como na esperana de que encontraria Nossa Senhora. De facto, l estava novamente a Senhora, agora a consol-la com a promessa de que a menina a veria todos os dias. A virgem garantiu ainda que enquanto no lhe construssem uma ermida a neve no desapareceria do lugar. Erguida a capela, imediatamente se sucederam as graas que originaram muitas esmolas, custa das quais se levantou um grandioso santurio, extraordinariamente concorrido.

    Na primeira dcada do sculo XVIII o culto era praticado naquele lugar, de 5 de Agosto at ao ltimo sbado do mesmo ms, e desde o primeiro ao ltimo sbado da Quaresma. Naquele sculo, o santurio descrito como tendo comeado por uma capela situada no cume da serra, mais tarde transformada em igreja, situada junto de um largo terreiro com algumas rvores, que fazem o lugar aprazvel e ermo. Hoje, o pequeno lugar do concelho de Fafe tem gesto partilhada pelas freguesias de Aboim e Vrzea Cova.

    IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES

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    Vieira do Minho o segundo concelho mais montanhoso do distrito de Braga. A antiga Vernria (primeiro nome de Vieira) recebeu foral de D. Manuel I a 15 de Novembro de 1514. A antiguidade da ocupao humana da Vieira do Minho pode ser atestada pelos inmeros testemunhos arqueolgicos de diferentes pocas espalhados pelo concelho, com destaque para a Serra da Cabreira. Um pouco por todo o concelho h mamoas, menires, gravuras rupestres, fojos medievais, necrpoles neolticas, povoaes romanas e castros.

    Percorrendo o municpio, encontra-se diverso patrimnio religioso. So exemplos o Santurio de Nossa Senhora da F, na freguesia de Canteles, a Capela da Senhora da Lapa, edificada no interior de um penedo, e a capela da Senhora da Orada, com um retbulo do

    VIEIRADO MINHO

    sculo XVII, no sop da Serra da Cabreira, local com uma envolvente natural de grande beleza. Pela serra, dispersam-se os fojos (antigas armadilhas de caa ao lobo), cabanas e currais e encontra-se um castro, na vertente sul da serra. Pelos diversos trilhos pedestres passeiam os garranos, espcie equdea semisselvagem.

    A oferta de lazer variada, desde os rios Ave ou Cvado at s barragens de Caniada, Ermal, Salamonde e Venda Nova ou at pelas aldeias rurais de Agra, Louredo e Campos, de extraordinria beleza. Pelo concelho possvel, atravs de algumas empresas, praticar desportos como teleski, canoagem, escalada, slide, passeios de balo, helicptero, barco ou mota de gua, fazer BTT ou passeios pedestres.

    A Via XVII, um caminho romano de 12,4 km integrado

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    VIEIRADO MINHO

    no projeto das Vias Augustas, atravessa a localidade e uma referncia para pedestrianistas e praticantes de BTT. Uma visita interessante at ao Lagar de azeite de Vilarcho, com mais de 300 anos, recentemente recuperado, e que ainda produz azeite pelo mtodo tradicional, tendo a gua como fora motriz. O Museu da Moto Antiga, nico em Portugal, tambm digno de visita.

    A gastronomia local destaca a vitela barros, o cabrito e as couves com feijes, cozido portuguesa, rojes e papas de sarrabulho, bem como os tpicos enchidos, as rabanadas, os barquilhos, o doce de vinho, o mel, a marmelada, as compotas. O artesanato marcadamente base de bordados, cobre, cestaria e vime, trabalhos em razes, l, linho e madeira.

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    Por uma rea de 270 km2 de montanhas (serras do Gers e Amarela) e belssimas paisagens estende-se o concelho de Terras de Bouro, no distrito de Braga.

    Conhecer este concelho significa percorrer os trilhos pedestres de pastores e agricultores, apreciar a ruralidade das aldeias e o artesanato local, visitar o ncleo museolgico do Campo do Gers, revivendo o passado histrico e etnogrfico, saborear a gastronomia, sentir o encanto do Parque Nacional da Peneda-Gers e das albufeiras da Caniada e de Vilarinho da Furna.

    Significa ainda seguir as pisadas dos romanos e curar-se na vila termal do Gers, ou viver a f do povo no Santurio de S. Bento da Porta Aberta. O santurio constitui, alis, conjuntamente com o Gers, o Parque Nacional e a Via Romana/Geira, polos de atrao e verdadeiros ex-lbris de Terras de Bouro, potenciando o desenvolvimento econmico da regio. Aqui, a natureza, o patrimnio, o termalismo, a gastronomia e o artesanato conjugam-se num produto turstico de excelncia.

    Um dos ex-lbris de Terras de Bouro, mas que atravessa outros concelhos, a estrada da Geira, ou Via Nova, uma via romana que data da segunda metade do sculo I d.C.. e que foi tantas vezes pisada por peregrinos a caminho de Santiago de Compostela. Percorrer a Via Nova entre Amares e Lobios regressar a um tempo perdido, em que os meios de transportes e o ritmo de vida eram diferentes. Devido ao bom estado de conservao possvel caminhar, ao longo da estrada romana, quase sem interrupes, cerca de 30 kms, o que raro encontrar, tanto em Portugal como em Espanha.

    Pelo caminho, atravessando zonas rurais e urbanas, encontra-se a maior concentrao de marcos milirios

    TERRASDE BOURO

    epigrafados do noroeste peninsular, classificados como Patrimnio Nacional. Um dos mais importantes destes marcos o Milirio do Cruzeiro do Campo do Gers.

    Passeando pelo concelho, quase obrigatria a visita ao Museu de Vilarinho das Urnas, que recria o lugar de Vilarinho das Urnas, submerso em 1970 para encher a barragem. O Parque Nacional da Peneda Gers (PNPG) , s por si, um local de mltiplas possibilidades para desfrutar, aproveitando a sua beleza natural e os diversos recursos naturais disponveis, algumas vezes

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    TERRASDE BOURO

    explorados por empresas. a nica rea protegida nacional que possui a categoria de Parque Nacional, o nvel mais elevado de classificao das reas protegidas. Nas paisagens serranas sobressaem os fojos do lobo, as silhas, os fornos de carvo, (furnas), os currais e as cabanas de pastores, teis s vivncias dos habitantes que povoaram os macios do Gers e Amarela.

    Ainda de cariz rural, Terras de Bouro tem dispersos pelo concelho vrios elementos arquitetnicos ligados agricultura, como espigueiros, eiras, moinhos de gua, fontes, relgios de sol e pombais, bem como o conjunto

    diversificado de nichos religiosos (igrejas, capelas e as alminhas). Entre outros locais de referncia a visitar esto as pontes medievais dos Eixes e de Carvalheira, a trincheira do Campo, do perodo medieval, a cascata do Arado, a Casa do Bernardos, outrora local de repouso e descanso dos monges, e que mantm o seu regato, capelinha e o maior espigueiro do concelho.

    Terras de Bouro terra de tradies rurais, de cultura ancestral, de cantares e danas populares, de festas e romarias. tambm terra de gastronomia rica, onde no faltam o sarrabulho tpico, o cozido Terras de Bouro com couves, feijo amarelo e carnes de porco, da feijoada de ossos d`assuo, o cabrito-monts, o arroz de cabidela e os pratos de truta. A acompanhar, um vinho verde tinto e sobremesa, entre outras iguarias, a aletria, preparada de forma ancestral, e as rabanadas de mel natural.

    AO LONGO DO ANO H, NADA MAIS, NADA MENOS, QUE 41 FESTAS RELIGIOSAS NAS 17 FREGUESIAS DE TERRAS DE BOURO. A MAIOR PARTE DELAS DECORRE ENTRE JUNHO E AGOSTO E A MAIS REPRESENTATIVA DE 10 A 15 DE AGOSTO, EM SO BENTO DA PORTA ABERTA, COM MILHARES DE ROMEIROS QUE ASSISTEM S EUCARISTIAS DIRIAS, PROCISSES E ESPECTCULOS DE MSICA POPULAR.

    SABIA QUE

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    Percorrendo normalmente o caminho que atravessa a localidade de Rubies, chamado Caminho do Lima, os peregrinos que querem seguir para Santiago de Compostela costumam parar no Convento de S. Bento da Porta Aberta. O santurio , de resto, local de acolhimento e descanso para os muitos romeiros que ainda hoje rumam a Terras de Bouro, um pouco por todo o ano, mas com mais relevncia dias 21 de maro, 11 de julho e principalmente, de 10 a 15 de agosto.

    A extrao de cravos e de outras doenas de pele tornou popular o antigo bispo e fundador da ordem beneditina, mas hoje os crentes atribuem a sua interveno em toda a espcie de situaes, desde tumores e outras doenas do organismo humano at problemas familiares e profissionais. Durante os meses de Vero, aquele que considerado o maior santo milagreiro do norte do pas recebe cravos, figuras em cera, produtos hortcolas, objetos em ouro, ofertas de terrenos e dinheiro.

    Os devotos de S. Bento da Porta Aberta tambm no deixam de beijar a sua imagem ou de passar a mo ou um leno pela esttua, para depois se benzerem. Uma tradio que leva formao de enormes filas de crentes.

    No resto do ano so tambm comuns as caminhadas at ao santurio, algumas at noturnas, para evitar as horas de calor. O caminho denominado Formigueiro faz a ligao entre a Abadia e o mosteiro de S. Bento desde sempre conhecido pelos romeiros, que atravessam a serra e o Parque da Peneda Gers. Foi no Formigueiro que, em 1920, foi encontrada a Imagem de S. Bento, que tinha desaparecido do Santurio.

    Localizado na freguesia de Rio Caldo, em Terras de Bouro, o Santurio de S. Bento da Porta Aberta teve a

    sua origem em 1640, com a construo de uma pequena ermida, por influncia dos monges de Santa Maria de Bouro. A ermida possua um alpendre, como a maioria das capelas do alto dos montes, e tinha sempre as portas abertas, servindo de abrigo a quem passava. Da lhe ter advindo a designao de S. Bento da Porta Aberta.

    O atual Santurio recente foi reconstrudo entre 1880 e 1895, mas devido ao aumento de peregrinos e s dimenses reduzidas da igreja, foi decidido erigir um novo espao muito prximo do primeiro, num projeto que ficou concludo em 2002 e que preza pela simplicidade, privilegiando a ligao entre edificao e a natureza que a rodeia.

    No santurio so dignos de realce os painis de azulejos da capela-mor, que retratam a vida de S. Bento, pintados por Querubim Lapa. O seu isolamento na gruta, os momentos de orao, de sacrifcio e de trabalho, o episdio do po envenenado e a histria da pedra que era impossvel remover do local, entre tantas outras, esto retratadas nestes painis. O retbulo, em talha dourada, outros dos aspetos relevantes deste santurio.

    Ao longo dos tempos, milhares de peregrinos tm percorrido, a p, os caminhos da f que levam ao santurio de S. Bento da Porta Aberta. Para alm do sacrifcio da caminhada, ainda se mantm o costume centenrio de se oferecerem grandes quantidades de sal. Outrora, os salineiros ofereciam sal aos frades, sobretudo em dias de romaria, para ajudar nas despesas dos santurios. Depressa os peregrinos comearam a imitar os salineiros, com a regra de nunca pousar o sal durante a caminhada. A tradio da oferta mantm-se at aos dias de hoje.

    SANTURIO DE S. BENTO DA PORTA ABERTA

  • 33

    Na freguesia Santa Maria do Bouro, Amares, encontra-se o Santurio de Nossa Senhora da Abadia, a cerca de 4 quilmetros do Mosteiro de Santa Maria de Bouro, monumento considerado por muitos o santurio mariano mais antigo de Portugal. Localiza-se num lugar completamente isolado, rodeado simplesmente da natureza, pltanos enormes e tendo como barulho de fundo o bater das guas nos penedos. O espao de orao e lazer e convida outros visitantes alm de romeiros a visitar o local e a fazer caminhadas e percursos na rea envolvente.

    A umas centenas de metros antes de chegar ao Santurio existem oito capelas do sculo XVIII, alinhadas em forma de Via-Sacra. Ali perto, o Museu do Santurio de Nossa Senhora da Abadia dedicado etnografia religiosa e inclui uma coleo de oferta e ex-votos resultantes do cumprimento de promessas.

    Do primitivo templo no existe qualquer vestgio e a atual estrutura data do sc. XVIII, com o seu estilo arquitetnico barroco e rococ e impressiona pela imponente fachada, assim como pelo seu estado de conservao. O interior tem trs naves, separadas por arcadas assentes em colunas toscanas. Nas naves laterais podem-se admirar vrios altares, todos muito bem decorados e preservados. O altar principal encanta pela sua grandiosidade e pela beleza da sua talha dourada. Perto deste altar est um rgo dos finais do sculo XVIII.

    Junto ao santurio realizam-se vrias festas, romarias e procisses, sendo as mais importantes, a peregrinao do concelho, sempre realizada no ltimo domingo de maio, desde 1978, e a romaria no dia 15 de agosto, no dia de Assuno de Nossa Senhora.

    SANTURIO DE NOSSA SENHORA DA ABADIA

  • 34

    Outrora couto de Bouro, at incio do sculo XIX, Santa Maria do Bouro foi integrada, nessa altura, no concelho de Santa Marta do Bouro (hoje freguesia) e mais tarde, at aos dias de hoje, no concelho de Amares, distrito de Braga. Em 1801 tinha 872 habitantes, quase tantos como atualmente.

    A vila (desde 2004) pequena, mas guarda dois ex-lbris de referncia nacional ao nvel de patrimnio religioso. O magnfico santurio de Nossa Senhora da Abadia e o convento de Santa Maria do Bouro, hoje adaptado a uma pousada, so locais de visita obrigatria, em especial para peregrinos ou admiradores da arquitetura religiosa.

    A histria da Abadia de Bouro, do santurio e do convento quase a mesma.

    Conta a lenda, que no tempo das guerras com os rabes, os religiosos do convento de Bouro se retiraram dali, ficando apenas na capela de So Miguel de Abadia um eremita de hbito negro, a quem veio depois juntar-se Pelayo Amado, fidalgo da corte do conde D. Henrique, que procurava a solido, por lhe ter morrido sua mulher.

    Segundo a lenda, certa noite os dois viram na serra uma luz misteriosa e viva, para onde se dirigiram, curiosos. Encontraram uma imagem da Virgem numa escultura feita em pedra, e desde logo pensaram na construo de uma capela. Juntaram-se-lhe depois outros eremitas, e assim se comeou o convento. Ora, sendo a Abadia um local desabrigado e spero, anos mais tarde os eremitas decidiram fundar o atual convento mais prximo da margem do rio Cavado. Para ali transferiram a imagem da Virgem, mas segundo a lenda, por mais diligncias que os frades fizessem, esta desaparecia dali, e teimava sempre em fugir para a Abadia. Ter sido esta a origem do convento de Bouro e do Santurio.

    O mosteiro de Santa Maria de Bouro, supostamente erigido em 1148 sobre o mosteiro de S. Bernardo que j existia, acabou por se tornar o mais grandioso. Nesse ano, D. Afonso Henriques doou o

    SANTA MARIA DO BOURO couto a monges beneditinos. Em 1195 o mosteiro deixa

    a regra beneditina, passando a reger-se pela ordem de Cister, invocando Nossa Senhora da Assuno.

    Os sculos seguintes deixaram marcas na histria do convento, primeiro ao tornar-se o grande monumento que hoje, depois ao entrar num processo de degradao e por fim a sua recuperao e ampliao nos sculos XVII e XVIII, resultando num misto de estilos arquitetnicos.

    Os destinos do convento acabam por no ser os melhores em 1834, quando se d a extino das ordens religiosas masculinas. O mosteiro foi abandonado, vindo depois a ser vendido em hasta pblica a particulares. Em 1958 classificado como Imvel de Interesse Pblico e trs dcadas depois parte do mosteiro adquirida pela cmara municipal de Amares. Em 1997, depois de trs anos de obras de recuperao e adaptao, o convento de Santa Maria do Bouro renasce, grandioso, como pousada, mantendo os seus melhores traos e caractersticas dos tempos que alojavam os frades, mas agora com a modernidade e elegncia exigidas. Entre os elementos perfeitamente preservados esto a Igreja de Bouro, anexo ao convento, da qual admirvel a sua fachada e recheio interior.

    Santa Maria do Bouro marcada pelo turismo religioso, mas no s. Em seu redor, as paisagens que caracterizam a regio, o verde e o ambiente, permitem usufruir de vrias atividades desportivas e de lazer, da pesca e desportos nuticos ao hipismo, do paintball a passeios todo o terreno e caminhadas, entre tantos outros.

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    A seis quilmetros de Braga situa-se o Mosteiro de Tibes ou Mosteiro de So Martinho de Tibes, que engloba a igreja e o Cruzeiro. O complexo foi fundado no sculo XI, acabando por se tornar um dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte de Portugal. A partir do sculo XVI foi ocupado pela congregao Beneditina e torna-se a Casa Me de todos os mosteiros beneditinos e centro difusor de culturas e estticas.

    As diversas campanhas de reconstruo, ampliao e decorao que decorreram nos sculos XVII e XVIII deixaram-lhe marcas estilsticas que o tornaram tambm num autntico estaleiro-escola por representar o que de melhor se fez na arte portuguesa nestes sculos. Nos seus tempos ureos o Mosteiro de Tibes detinha o maior e mais valioso esplio da regio, com todo o tipo de arte de ento reconhecida, desde pintura, escultura, uma grande coleo de livros sobre variadssimos temas, artigos provenientes das antigas colnias, arte sacra, entre outros.

    Com a extino das ordens religiosas em Portugal, em 1833-1834, o mosteiro encerrado, com exceo da igreja, sacristia e claustro do cemitrio, e os seus bens, mveis e imveis, comeados a vender em hasta pblica, processo que s termina em 1864, com a compra do prprio edifcio conventual.

    Desafetado das suas funes iniciais, com exceo das litrgicas, parcialmente cumpridas pelo templo, desde logo entregue igreja e a funcionar como parquia, o Mosteiro de S. Martinho de Tibes assiste, sobretudo a partir dos anos setenta do sculo passado, delapidao dos seus bens, runa, ao abandono. Foi classificado como Imvel de Interesse Pblico em 1944 e ficou nas mos de privados at 1986, altura em que foi adquirido pelo Estado Portugus, iniciando-se o

    MOSTEIRO DE TIBES

    processo de recuperao do esplio.Nos ltimos anos o mosteiro sofreu grandes

    obras de restauro, recuperao e reabilitao, tendo atualmente as valncias de um Centro de Estudos das Ordens Monsticas, de um restaurante com capacidade para 50 pessoas e de uma hospedaria com nove quartos, estes dois ltimos entregues a religiosas da Famlia Missionria Domum Dei, gestoras dos espaos. Um centro interpretativo da histria do mosteiro, com quiosques multimdia, bem como uma loja, do as boas vindas aos visitantes.

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    Esta cidade de atrativos espera, serena, qualquer tipo de visitante, com a promessa de agradar. Frequentada j na Pr-Histria, foi e continua a ser local de passagem e de paragem dos peregrinos que percorrem os caminhos de Santiago.

    O patrimnio de Viana do Castelo apetecvel de conhecer a todos os nveis, seja histrico, cultural,

    VIANADO CASTELO

    paisagstico, gastronmico e religioso. Vale a pena calcorrear as ruas e freguesias do concelho, visitando o patrimnio constitudo por edifcios histricos, onde os estilos manuelino, barroco, revivalista e art-deco predominam. As ruelas do centro histrico, um dos mais belos e conservados do pas, chamam a ateno, quer pelas belas fachadas armoriadas, quer pelos painis de azulejos.

    H que visitar a s de Viana, a igreja matriz da cidade, a capela das Almas, a capela das Malheiras, a igreja da Caridade / convento de SantAna, a igreja de So Domingos, a igreja da Senhora da Agonia e a baslica de Santa Luzia.

    Ao fim da Rua do Poo, a Praa da Erva guarda o mais antigo hospital da cidade, que durante sculos albergou e tratou peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, alm dos habitantes de Viana. Atualmente acolhe o Posto de Turismo. Na arquitetura civil ou militar destacam-se a Ponte Eiffel sobre o rio Lima, com mais de duas mil toneladas de ferro, o Forte ou Castelo de So Tiago da Barra, o Fortim da Areosa, a Citnia de Santa Luzia (Povoado Castrejo Romanizado).

    Viana possui ainda inmeras casas apalaadas e pontos de interesse como o Teatro Municipal S de Miranda ou o Navio Gil Eannes, transformado em Ncleo Museolgico e Pousada da Juventude.

    Para passar o tempo de forma mais desportiva, existem no concelho vrios trilhos pedestres assinalados, bem como uma ciclovia de dez quilmetros. Pelo caminho, poder cruzar-se com um grupo de peregrinos, rumo a Santiago de Compostela, ou com aventureiros naturalistas e praticantes de desportos radicais.

    Antes de partir de Viana do Castelo h que comprar

    NAS ROMARIAS DO CONCELHO DE VIANA DO CASTELO, NOMEADAMENTE NA FESTA DO TRAJE, COSTUME HAVER DESFILES DE TRAJES TPICOS: DE FESTA, DE CASAMENTO, DE MORDOMAS E DE TRABALHO COMO SO POR EXEMPLOS OS TRAJES DE IR AO MAR, DE IR ERVA, DE IR ROAR MATO E FATOS VERDES DE GERAZ. OS TRAJES DE FESTA FEMININOS SO ACOMPANHADOS DE MUITO OURO SOBRE O PEITO, CHEGANDO AS MORDOMAS A TRANSPORTAR TRS QUILOS EM PEAS DESTE METAL PRECIOSO.

    SABIA QUE

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    VIANADO CASTELO

    uma pea de artesanato, tpico e inconfundvel, seja uma toalha bordada, uma pea de ourivesaria em filigrana ou a famosa loua de Viana.

    A gastronomia no fica atrs na qualidade e tradio, com o tpico arroz de sarrabulho, o bacalhau

    moda de Viana ou Margarida da Praa, os rojes ou o arroz de lampreia, bem acompanhados de um vinho verde produzido na regio. As sobremesas tpicas so torta de Viana, as meias-luas, rabanadas, leite-creme, sidnios, aletria com ovos e po-de-l.

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    H quase cem anos que milhares de peregrinos rumam, anualmente, ao Monte de Santa Luzia. A peregrinao ao Santurio de Santa Luzia realiza-se desde 1918, na sequncia dos votos formulados pelos habitantes de Viana do Castelo para que a regio ficasse inclume epidemia da pneumnica que na altura alastrava.

    S na romaria do Sagrado Corao de Jesus, que se realiza em Junho, so cerca de 50 mil os devotos que se juntam no alto do monte, vindos das freguesias vizinhas ou de todo o pas. Partem do Largo de S. Domingos e demoram at duas horas para cumprir a subida at ao alto do monte, pelos penosos 742 degraus que separam a cidade do santurio. H tambm quem opte por subir no elevador, numa viagem de 650 metros coberta velocidade de dois metros por segundo. Outros preferem ir de automvel ou autocarro.

    Uma vez no cimo do monte, muitos ainda mantm o flego, subindo o zimbrio pelos 150 sinuosos degraus que conduzem at cpula do templo de Santa Luzia, para desfrutar de um vista panormica sobre a cidade de Viana do Castelo. No alto do monte assistem missa campal celebrada pelo bispo da Diocese e como tradio, no final acabam por almoar, em famlia, na envolvente ao santurio.

    Considerada uma das mais belas paisagens do mundo, o alto do monte de Santa Luzia faz jus ao rtulo, oferecendo um panorama deslumbrante sobre a cidade, a foz do rio Lima, a ponte metlica do caminho-de-ferro, de 1878, construda sob a direo de Eiffel, e uma boa parte do litoral minhoto. Tudo, num contraste de cores e relevos inesquecvel.

    O elevador (funicular) que faz a ligao entre a cidade e a baslica o maior do pas e uma experincia a no perder, ao longo de 650 metros e sete minutos. O elevador foi construdo em 1923 e recuperado em 2007. As duas pequenas carruagens, com capacidade para 24 pessoas, ligam a Baslica de Santa Luzia.

    Construda no incio do sculo XX, copiada do Sacr Coeur de Monmartre, em Paris, a baslica apresenta uma arquitetura neorromnica, neobizantina e neogtica e uma visita obrigatria. No seu interior, subindo ao topo pela escada em caracol, tem uma pequena varanda que proporciona uma viso admirvel de toda a regio. Em dias limpos, v-se at Ponte de Lima, Pvoa de Varzim e o monte de Santa Tecla, em Espanha. Junto baslica encontra-se a Pousada do Monte de Santa Luzia, em local privilegiado, e a Citnia de Santa Luzia, a primitiva cidade de Viana.

    MONTE DE SANTA LUZIA

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    Implantado no topo da Serra de Arga (lugar de Arga de Baixo, Caminha), o mosteiro de S. Joo de Arga um excelente carto-de-visita da regio e tambm destino de f. O local recebe romeiros, curiosos e turistas em maior nmero nos dias 24 de Junho e 28 e 29 de Agosto, altura em que se realiza uma das romarias mais conhecidas romarias do Alto Minho. Nesses dias, os numerosos peregrinos e devotos, muitos dos quais pernoitam no recinto, do voltas rituais capela, a p ou de joelhos, segurando, por vezes, imagens sacras ou outros objetos, seguindo as pedras que se encontram espetadas verticalmente no solo. Fazem ento oferendas a S. Joo Baptista, advogado das doenas. Mas, no v o diabo tec-las ou para que o diabo os no impea, a maioria deixa tambm esmolas na imagem do Satans pisado pelos ps de S. Miguel, reflexo do medo que o campons do Alto-Minho sempre teve dos poderes do mal.

    Diz-se que o mosteiro de S. Joo de Arga ter sido mandado construir por S. Frutuoso, bispo de Braga, no ano 661, mas as suas caractersticas e registos

    documentais apontam apenas para o sculo XIII, na altura dedicado a S. Joo Baptista.

    Sabe-se tambm que em 1364 ainda albergava monges beneditinos. No entanto, quando em 1515, o mosteiro passa para as mos da Ordem de Cristo estava j despovoado. Ter entrado ento em decadncia e runa, at ao sc. XVIII, altura em que o recrescimento das romarias leva sua recuperao e remodelao, construindo-se dois albergues para romeiros frente capela. No se sabe quando deixou de existir como mosteiro.

    A capela e as construes destinadas a albergar peregrinos formam um magnfico adro em cujo centro impera um frondoso carvalho. No local, notria, desde logo, a soberba paisagem sobre o mar, o monte galego de Santa Tecla, na foz do Minho e a ilha e forte da nsua.

    Ao perto, surpreendem os seculares sobreiros e as construes que envolvem a capela. No interior da capela esto as imagens de S. Joo e a de S. Miguel com o diabo das esmolas, e o altar em pedra, barroco, policromaticamente pintado.

    MOSTEIRO DE S. JOO DE ARGA

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    Vila situada entre os rios Minho e Coura, com presena de um macio montanhoso, Vila Nova de Cerveira uma das mais aprazveis localidades do Alto Minho. O nome da vila referido nalguns documentos histricos como tendo uma via menos desenvolvida dos caminhos de Santiago que acompanhava a orla costeira, vinda de Matosinhos, Pvoa do Varzim, Viana da Foz do Lima, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valena. Hoje essa via denominada como Caminho Portugus da

    V. NOVADE CERVEIRA

    Costa.A maior referncia atual neste concelho aos

    Caminhos de Santiago encontra-se na Estalagem da Boega. A norte da quinta existiu um convento datado de 1646, e quase 50 anos mais tarde surgiu, na zona sul, um albergue para peregrinos. Em poca de grandes peregrinaes as freiras chamavam a ateno dos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela com toque de campainhas. Ofereciam-lhes ento abrigo, um pedao e po e uma pcara de caldo verde. Ambas estruturas, convento e albergue, esto hoje adaptados a casa residencial e casa do presidente, e fazem parte da estalagem que mantm muito da traa original.

    A presena humana em Vila Nova de Cerveira remonta pr-histria, deixando marcos desde ento mas sofreu maior expanso demogrfica desde o sc. I A.C. a VII D.C., e aps as invases rabes. A vila recebeu foral de D. Dinis em 1321, e o sc. XVII e as Guerras da Restaurao marcam a histria deste concelho e do seu patrimnio histrico, ao ser construda uma fortaleza.

    Ao nvel do patrimnio religioso, merecem visita a Igreja da Misericrdia, a Igreja Matriz, dedicada ao patrono, S. Cipriano, reconstruda no sculo passado, aps o derrube quase total por um vendaval, em 1877. A capela de Nossa Senhora da Ajuda foi construda sobre a porta da vila.

    Interessantes so tambm a capela de Nossa Senhora da Encarnao e a capela de S. Sebastio, esta virada para o rio, pensada para pedir proteo da fome, da peste e da guerra. Na Semana Santa palco de manifestaes de f a Estao de Via-sacra, com sete nichos da Paixo de Cristo, distribudos pelo aro histrico da vila.

    De arquitetura civil merecem ateno a Casa

    DE SANTIAGO FOI DECLARADO

    CONJUNTO HISTRICO-ARTSTICO EM 1962 E RECONHECIDO PELO CONSELHO DA EUROPA COMO PRIMEIRO ITINERRIO CULTURAL EUROPEU EM 1987, POR ESTAR REPLETO DE MARCOS ARQUITECTNICOS (ROMNICO, GTICO, BARROCO E NEOCLSSICO).

    O CAMINHO

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    V. NOVADE CERVEIRA O NOME DE VILA NOVA DE CERVEIRA TEM ORIGEM NA HISTRIA DO CERVO REI, ENVIADO PELOS DEUSES DO OLIMPO, QUE AQUI PLANTOU A SUA COLNIA DE CERVOS. MAS ANOS DE LUTAS E CALAMIDADES DIZIMARAM A COLNIA, RESTANDO S O REI. ESTE FOI DESAFIADO POR UM JOVEM FIDALGO PARA

    UMA LUTA FRENTE E FRENTE, QUE O VELHO SENHOR ACEITOU E VENCEU. HOJE O CERVO O SMBOLO DA VILA E EST POR TODO O LADO.

    SABIA QUE

    Verde, a fonte da Vila, o pelourinho, o Solar dos Castros que atualmente alberga a biblioteca municipal, ou o antigo hospital. O aro arqueolgico de Lovelhe, o miradouro do Alto do Crasto, e o convento de S. Paio, transformado num centro de arte, com um esplio bastante significativo de pintura, escultura e arte sacra, so igualmente interessantes.

    De arquitetura militar, tm relevo o Castelo de Vila Nova de Cerveira, construdo em 1320, que ainda conserva nas pedras as marcas dos 55 pedreiros que o reformaram nos fins do sculo XV. Visite o forte de Lovelhe e o Fortim da Atalaia, na Serra da Gvea, de onde se avista toda a vasta rea do rio Minho, de Valena a Caminha.

    Pelo concelho h inmeras alternativas saudveis para passar o tempo, como montanhismo e escalada, passeios pedestres, caiaque e outros, sobretudo no parque de lazer do Castelinho. O municpio disponibiliza ainda roteiros das artes, da histria, das freguesias e o roteiro ativo.

    A gastronomia da regio dominada pela presena do rio, desenvolvendo-se iguarias deliciosas a partir dos sabores ricos do svel, da lampreia e da solha. Na doaria destacam-se os biscoitos de milho doce. O artesanato marcado pelos trabalhos em cermica, tecelagem, cestaria, bordados e rendas, madeiras, metal e decorao.

    O nome de Vila Nova de Cerveira tem origem na histria do cervo rei, enviado pelos deuses do Olimpo, que aqui plantou a sua colnia de cervos. Mas anos de lutas e calamidades dizimaram a colnia, restando s o rei. Este foi desafiado por um jovem fidalgo para uma luta frente e frente, que o velho senhor aceitou e venceu. Hoje o cervo o smbolo da vila e est por todo o lado.

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    Fundado em 1137, o Mosteiro de Oia, em Espanha, pertence Ordem de Cister desde 1185 e foi a comunidade monstica de maior importncia socioeconmica da diocese de Tui. O mosteiro est localizado em Santa Mara de Oia, a capital do concelho, beira-mar, numa estreita lngua de terra ch.

    O mosteiro chegou a ser o principal ponto de acolhimento dos peregrinos que percorriam o Caminho Portugus da Costa, tambm denominado Caminho Monacal, e existe pelo menos desde 1540. H referncias documentais que indicam que o mosteiro contava com um importante hospital, algo essencial para os peregrinos que naquele tempo acorriam em grande nmero, e o mosteiro aparecia como um local de restabelecimento de foras na ltima etapa da peregrinao.

    Os monges cistercienses de Oia, tambm chamados de monges brancos, pelos seus hbitos, converteram uma comarca improdutiva e hostil numa zona de renovada riqueza. Criaram-se cavalos, cultivou-se a terra, abriram-se caminhos e chegaram-se a povoar comarcas deprimidas, transformando-as em pequenos ncleos populacionais. Os monges foram mesmo responsveis pela defesa da costa. Do lado do mar o edifcio apresenta

    at um aspeto de fortaleza, para poder defender-se dos constantes ataques dos piratas. Nenhum outro mosteiro da Ordem de Cister se encontra to perto do mar e acabou por ser o nico abrigo que servia de porto seguro s embarcaes que zarpavam de Baiona. A riqueza do mosteiro devia-se tambm s generosas doaes reais e aos privilgios sobre a representao das parquias, impostos sobre as embarcaes que iam para o mar, sobre a pesca com rede, entre outros.

    Tudo isto somado ao religiosa e cultural, com a construo de igrejas e escolas, valeram-lhe os ttulos atribudos pela monarquia: Real e Imperial Mosteiro de Oia.

    O Mosteiro est tambm envolvido em algumas lendas. Uma delas conta que em 1581 uns camponeses encontraram uma imagem da virgem atada a uma cadeia, numa falsia no lugar conhecido como a Orelhuda. A imagem foi levada e venerada no mosteiro mas em pouco tempo o General de Congregao de Castela decidir lev-la para o atual convento de religiosas cistercienses de Jesus de Salamanca. Para a comunidade de Oia fez-se uma reproduo que atualmente est no centro do retbulo do altar-mor, e conhecida por Nossa Senhora do Mar ou Nossa Senhora do Desterro, e ter socorrido os monges nalgumas aflies.

    O mosteiro foi regido por 140 abades desde 1137 at 1835. Em 1912 foi ocupado por jesutas expulsos de Portugal, que permaneceram ali at 1932, quando o governo republicano nacionalizou os bens da Companhia de Jesus. Em 1931 foi declarado Monumento Histrico-Artstico de Interesse Nacional, mas serviria, a seguir, de priso durante a guerra civil.

    PARA APOIAR OS PEREGRINOS NAS SUAS JORNADAS DE F AT SANTIAGO DE COMPOSTELA O MOSTEIRO DE OIA TINHA UM IMPORTANTE HOSPITAL, POR SUA VEZ SERVIDO PELA HORTA MONACAL, ONDE SE CULTIVAVAM AS PLANTAS MEDICINAIS, E PELA BOTICA. AQUI, OS MONGES PREPARAVAM AS MEZINHAS CERTAS PARA OS MALES EXISTENTES. A HORTA TERIA QUATRO MIL METROS QUADRADOS E ESTARIA DIVIDIDA EM PARCELAS.

    SABIA QUE

    MOSTEIRODE OIA

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    Hoje em dia o nico elemento visitvel deste complexo a igreja anexa, pois o mosteiro em si propriedade privada. A igreja foi construda no final do sculo XII, de estilo gtico cisterciense, e encontra-se relativamente em bom estado. O coro do sculo XVII e a fachada de estilo barroco de finais do sculo XVIII, uma construo artstica que se converteu numa

    das referncias da arquitetura da ordem de Cister, pela sua simplicidade ornamental. No interior destaca-se a escultura da Virgen del Mar que conta com uma festa em sua honra na segunda-feira a seguir ao domingo de Pentecostes.

    MOSTEIRODE OIA

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    Capital da Galiza, na provncia da Corunha, Santiago de Compostela , juntamente com Jerusalm e Roma, um dos lugares de peregrinao mais importantes do mundo, e foi declarada pela UNESCO, em 1985, Patrimnio da Humanidade. tambm mundialmente famosa pela sua catedral de fachada barroca, onde acorrem os peregrinos que percorrem os Caminhos de Santiago ao encontro do manto de SantIago, um dos apstolos de Jesus Cristo, cujo corpo se diz que foi trasladado para aquele lugar.

    Depois de encontrado o tmulo de Tiago, por volta do ano 813, e de construda a primeira capela, a cidade foi crescendo e o nmero de peregrinos aumentando,

    SANTIAGODE COMPOSTELA

    vindos dos diversos pontos da Europa, criando os caminhos que levam a Santiago de Compostela.

    Hoje, a capital da Galiza um grande centro de patrimnio religioso e cultural, albergando 46 igrejas, 114 campanrios, 288 altares e 36 congregaes.

    A Catedral de Santiago o seu ex-lbris mas o visitante no fica indiferente beleza da igreja e mosteiro de San Martinho Pinario, ao Convento de So Francisco do Val de Deus, ao Convento de San Paio de Antealtares e igreja romntica de Santa Maria Salom.

    Os Museus so tambm excelentes locais de visita, como o Centro Galego de Arte Contempornea e o Museu do Povo Galego.

    Os exemplos de arquitetura civil a visitar so vastos: desde o Pao de Raxoi, onde funciona a Junta da Galiza, a antiga Hospedaria dos Reis Catlicos, o mercado, a universidade, o parque da ferradura, a Porta do Caminho, a Rua do Franco, tpico lugar de passeio e toma de vinhos, e as esculturas de interior ou exterior de edificaes ou em parques. Se optar pelos espaos ajardinados encontra neles excelentes miradouros para a cidade e redondezas. O Castelo da Rocha Forte o grande exemplo de arquitetura militar local.

    Na cidade possvel percorrer o caminho de Santiago, a p ou de bicicleta, e ainda optar por uma panplia de desportos e atividades, desde pesca, piscina, paintball, golf, ir praia, praticar mergulho, ou fazer um passeios de barco, etc.

    A gastronomia est, em muito, ligada ao mar e deixam gua na boca os pratos de mexilhes galegos, berbiges ao natural, amijoas a la marinera, polvo galega, pratos acompanhados por um bom vinho branco, do tipo ribeiro, godello ou albario. As carnes de porco, os enchidos e vinhos so tambm caractersticos. sobremesa, a tarte de Santiago, feita base de amndoa, a especialidade tpica de Compostela.

    NOS PRIMRDIOS DO CULTO, AO CHEGAR A COMPOSTELA, OS PEREGRINOS DEVIAM MERGULHAR NUM RIO PARA DEIXAR PARA TRS TODAS AS IMPUREZAS E DISSABORES DE MUITOS DIAS DE CAMINHO (E QUI LIBERTAR-SE DA SUJIDADE E DOS MAUS CHEIROS). OS CNONES OBRIGAVAM-NOS AINDA A FICAR ACORDADOS TODA A NOITE, A REZAR E A CANTAR. AO ROMPER DA AURORA ENTREGAVAM FINALMENTE AS OFERENDAS AO SANTO E ARCA DO TEMPLO. S NESSA ALTURA GANHAVAM A ABSOLVIO DE, PELO MENOS, UM TERO DE TODOS OS PECADOS COMETIDOS, OU A SUA TOTALIDADE NOS ANOS SANTOS.

    SABIA QUE

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    SANTIAGODE COMPOSTELA

    UMA ESPCIE DE DIPLOMA DE PARTICIPAO ENTREGUE PELA OFICINA DE ACOGIDA DE PEREGRINOS, EM SANTIAGO DE COMPOSTELA, A TODOS OS PEREGRINOS QUE A DESEJEM E QUE PROVEM, ATRAVS DA APRESENTAO DA SUA CREDENCIAL QUE PERCORRERAM PELO MENOS 100KM DO CAMINHO DE SANTIAGO (A P OU A CAVALO) OU 200KM DE BICICLETA.

    SABIA QUE

    PEREGRINOS ILUSTRES QUE

    J PERCORRERAM OS CAMINHOS DE SANTIAGO ESTO D. AFONSO II, A RAINHA SANTA ISABEL, D. NUNO LVARES PEREIRA, D. AFONSO V, CARLOS MAGNO, EL CID, SO FRANCISCO DE ASSIS, FERNO DE ARAGO E ISABEL DE CASTELA, ENTRE TANTOS OUTROS.

    A COMPOSTELA

    ENTRE OS

  • 46 Nota:Algumas fotografias e informaes inseridas nesta publicao tiveram como base pesquisas na Internet e foram alvo de tratamento editorial. O Clube Escape Livre no se responsabiliza sobre eventuais erros de informao.

    PEREGRINOS QUE OPTAM POR TERMINAR O CAMINHO DE

    SANTIAGO DE COMPOSTELA AT FINISTERRA, BEIRA MAR, COSTUMAM CUMPRIR A TRADIO DE QUEIMAR, AO PR-DO-SOL, ALGUMAS ROUPAS QUE FORAM USADAS DURANTE A CAMINHADA.

    MUITOS

    A MELHOR FORMA DE COMEAR A PREPARAR UMA PEREGRINAO PROCURANDO INFORMAO NA INTERNET OU ADQUIRINDO UM DOS VRIOS GUIAS DO CAMINHO EDITADOS, DISPONVEIS NAS LIVRARIAS. QUASE TODOS TM AS ETAPAS ASSINALADAS, AS DISTNCIAS, UMA BREVE DESCRIO DAS TERRAS POR ONDE PASSA E INFORMAES DE INTERESSE PARA OS PEREGRINOS (ALBERGUES, RESTAURANTES, FONTES, ETC.)

    DICA

    SABIA QUE

    um dos smbolos mais

    conhecidos e populares da Catedral de Santiago de Compostela. Durante algumas missas solenes, um enorme incensrio de lato prateado, do sc. XIX, balanado no interior da catedral, na nave lateral do Altar Maior, perfumando e purificando as mentes e espritos dos crentes e curiosos que assistem s cerimnias.

    Todos os peregrinos ficam ansiosos pela chegada a Santiago de Compostela para a missa do peregrino e para o encerramento da celebrao eucarstica, com a passagem do Botafumeiro sobre as suas cabeas, um turbulo de metro e meio de altura que atinge grandes velocidades, com a ajuda dos tiraboleros, grupo de homens que segura e controla a corda.

    Existe um calendrio religioso com os dias do ano, em que o evento realizado, como no Domingo de Pscoa, o Dia de Todos os Santos, no Natal, entre outros. tambm possvel v-lo na eucaristia do peregrino, aos domingos.

    Este ritual ter sido criado, consoante as verses, na idade mdia ou no sculo XIX, quando milhares de peregrinos chegavam catedral com poucas condies de higiene para assistir missa. Alm disso nessa poca permitia-se aos peregrinos dormir no interior da catedral para se resguardarem do frio e da chuva. A soluo foi criar a tradio do Botafumeiro peregrino, algo semelhante a uma aromaterapia medieval.

    O BOTAFUMEIRO

    DOS PEREGRINOS FAZEREM TRS COISAS, UMA VEZ

    CHEGADOS CATEDRAL DE COMPOSTELA: TOCAR NA COLUNA CENTRAL DO PRTICO DA GLRIA PARA PEDIR OS SEUS DESEJOS, DAR UM ABRAO ESTTUA DO APSTOLO NO ALTAR-MOR, ESCULPIDA EM 1211, E VISITAR A CRIPTA COM OS OSSOS DO SANTO.

    TRADIO

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