Reações químicas e processos de fotólise na atmosfera Veronika Sassen Brand
Composição atmosférica Principalmente espécies "inertes“ – N2, O2, H2O, CO2, Ar Poucas reações químicas?
O que nós sabemos até agora?
(Orlando, 2011)
Composição atmosférica Principalmente espécies “inertes” – N2, O2, H2O, CO2, Ar MUITOS GASES TRAÇO REATIVOS!! Então, na verdade, muita química! Fontes naturais - NO do solo, muitos hidrocarbonetos (isopreno) de plantas Fontes antropogênicas - hidrocarbonetos, NO, …
O que nós sabemos até agora?
(Orlando, 2011)
O que nós sabemos até agora?
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Composição atmosférica (além do básico N2, O2, H2O, etc.) Emissões - Muitas “coisas” por aí.
Urbanski et al., Wildland Fires and Air Pollution, 2009
A atmosfera precisa de uma maneira de remover essas espécies.
(Orlando, 2011)
Reações químicas
Reações químicas
• Em qualquer reação química, três coisas acontecem: ▫ 1) Reagentes desaparecem ou diminuem em
concentração. ▫ 2) Novas substâncias são formadas como
produtos. � Estes produtos têm diferentes propriedades físicas
dos reagentes. ▫ 3) A energia é liberada ou absorvida. � Calor, luz, eletricidade, som
TEORIA CINÉTICA DOS GASES: REAÇÃO ELEMENTAR • Reação química na qual uma ou mais espécies químicas reagem diretamente
para formar produtos em uma única etapa; • Geralmente envolve 3 moléculas no máximo, sendo as bimoleculares mais
comuns. (PAN)
ex. CH3COOONO2 → CH3COOO + NO2 (unimolecular) OH + CH4 → CH3 + H2O (bimolecular)
• Em reações termoleculares 3 espécies diferentes participam; • Na atmosfera, normalmente, um dos 3 participantes é o N2 ou O2
(representado por M nas reações); • O papel da terceira molécula é de atuar como um gás inerte, que estabiliza a
reação, evitando a dissociação de volta para os reagentes. ex., formação do ozônio pela reação de um átomo de oxigênio no estado fundamental
O(3P) + O2 + M → O3 + M (termolecular)
(Finlayson-Pitts, Pitts, 1999)
TEORIA CINÉTICA DOS GASES: REAÇÃO NÃO ELEMENTAR • Reação química que ocorre em várias etapas e produz produtos
intermediários.
CH4 + 4 O2 → CH2O + H2O + 2 O3
OH + CH4 → CH3 + H2O CH3 + O2 → CH3O2
CH3O2 + NO → CH3O + NO2 CH3O + O2 → CH2O + HO2
HO2 + NO → OH + NO2 NO2 + hν → NO + O NO2 + hν → NO + O
O + O2 → O3 O + O2 → O3
(Orlando, 2011)
TEORIA CINÉTICA DOS GASES: 1) As moléculas estão em movimento (Elas tem energia cinética): Para N2, p.e., c é 4 x 104 cm/s a 298 K 2) Moléculas sofrem/exercem pressão… 3) Moléculas chocam entre si A frequência de colisões é de cerca de 5 x 109 s-1 / atm a 298 K. Com velocidade de 4 x 104 cm/s, Caminho livre médio = 7 x 10-6 cm a P atmosférica. 4) Moléculas podem reagir entre si quando colidem
(Orlando, 2011)
TEORIA CINÉTICA DOS GASES: VOLTANDO AS REAÇÕES ELEMENTARES (BIMOLECULAR) • Reações bimoleculares são o tipo mais comum de reação elementar na
atmosfera • Normalmente são da forma A-B + C → A + B-C
CH4 + •OH → •CH3 + HOH
• Taxa da reação química (desaparecimento de reagentes ou formação de produtos):
[AB] e [C] são concentrações.
Taxa
(Finlayson-Pitts, Pitts, 1999)
TEORIA CINÉTICA DOS GASES: VOLTANDO AS REAÇÕES ELEMENTARES (BIMOLECULAR) • De forma mais geral:
aA + bB → cC + dD
• Taxa da reação química (desaparecimento de reagentes ou formação de
produtos):
k é a constante de taxa, unidade de (tempo)-1 (concentração)-1 [AB] e [C] são concentrações.
Então a taxa é na unidade (concentração) (tempo)-1
Constante de proporcionalidade
relacionando a taxa da reação
com a concentração
(Finlayson-Pitts, Pitts, 1999)
TEORIA CINÉTICA DOS GASES: A REAÇÃO NÃO OCORRE A CADA COLISÃO !!! 1. As moléculas em colisão devem possuir energia suficiente para superar uma
"energia de ativação" que normalmente existe. 2. "Limitações geométricas". Moléculas devem aproximar-se de tal forma que as
ligações apropriadas possam se quebrar/formar.
k = A * exp(-Ea/RT) A é o fator pré-exponencial e responde pelas limitações da geometria. Ea é energia de ativação.
TEORIA CINÉTICA DOS GASES:
(Zhang, 2017)
Exemplo (cálculo) • CH4 + OH → CH3 + H2O
Fotoquímica
• Importância da interação entre radiação e matéria para a atmosfera: ▫ Reações químicas; ▫ Balanço energético.
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Fotoquímica • Apenas a Termodinâmica não consegue explicar
as quantidades atmosféricas de O3, O, O*; • É necessário
– Entrada de energia, p.ex. O2 + hν → O + O ( < 240 nm) – Reações químicas, p.ex. O + O2 (+ M) → O3 (+ M)
= Fotoquímica
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Tipos de radiação importantes na baixa atmosfera • Radiação no ultravioleta e visível (λ = 100 - 800 nm) ▫ Excita os elétrons de ligação em moléculas; ▫ Capaz de quebrar ligações em moléculas (⇒
fotodissociação); ▫ Fótons do ultravioleta (λ = 100‐300 nm) têm mais energia,
podem romper as ligações mais fortes. • Radiação no infravermelho (λ = 0,8 - 300 µm) ▫ Excita os movimentos vibracionais em moléculas ▫ em poucas exceções, a radiação IV não tem energia
suficiente para quebrar ligações ou iniciar processos fotoquímicos).
• Radiação microondas (λ = 0,5 - 300 mm) ▫ Excita movimentos rotacionais nas moléculas;
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Processos de absorção molecular
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Fotoquímica • Para que ocorra a ativação da molécula, é necessário
que ela receba um fóton com energia suficiente para provocar uma transição de estado.
• A + hν → A* • A reação química que se processará em seguida pode
ser do seguinte tipo: ▫ Dissociação A* → B1 + B2 + … ▫ Reação Direta A* +B → C1 +C2 + … ▫ Fluorescência A* → A + hν ▫ Desativação por Cessão A* + M → A + M ▫ Ionização A* → A+ + e
Fotoquímica • Ex.: • Também podemos definir uma constante de taxa de fotodissociação Ji, dado
por:
• J não é constante, mas é uma função de deve ser calculada para cada composto, considerando a hora do dia e a altitude.
• A expressão para isso é:
▫ σi (λ) é a seção transversal de absorção do composto i (muitas vezes dada em cm2 / molécula),
▫ I (λ) é o fluxo de fótons (unidades de fótons / cm2), e ▫ Φi (λ) é o rendimento quântico do reação, que afirma a probabilidade de que a
absorção de um fóton resultará em uma reação.
Algumas reações de fotólise
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Estados energéticos do oxigênio na atmosfera
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
DESCRIÇÃO GERAL: • A atmosfera (particularmente a troposfera) atua como um motor de combustão
de baixa temperatura e queima lenta.
• Oxida diversas emissões (compostos reduzidos): CH4 CO2 + H2O Isopreno Outros produtos, como
O3, particulas, ácidos, DMS, NH3 nitratos, etc.
(poluentes secundários)
MOTOR TROPOSFÉRICO: produção das substâncias oxidantes (O3, H2O2, OH, HO2) • Considere primeiro OH e HO2:
• Produção: O3 + hn → O(1D) + O2 O(1D) + H2O → OH + OH
• Conversão de OH em HO2:
OH + CO (+O2) → HO2 + CO2 dominante OH + O3 → HO2 + O2, usualmente menor
• Conversão de HO2 de volta para OH:
HO2 + O3 → OH + 2 O2 HO2 + NO → OH + NO2, (seguido de NO2 + hn → NO + O, O + O2 + M → O3 + M,
geração de O3 !!)
• Perdas de HOx via dois processos:
HO2 + HO2 + M → HOOH + O2 + M OH + NO2 + M → HNO3 + M
(Orlando, 2011)
(Wallace & Hobbs, 2006)
Distribuição de radicais OH (ppt)
Guy P. Brasseur (Max Planck Institute for Meteorology and
National Center for Atmospheric Research)
~16km
~ 6km
troposfera
~ 2km
Resultado de saída de modelo e não foi ainda experimentalmente validado
Este é o lugar onde ocorre a maior auto-limpeza da
atmosfera
Química da Troposfera • Na troposfera, a concentração de ozônio [O3(g)] é determinada
principalmente por um conjunto de três reações envolvendo ele mesmo, óxido nítrico [NO(g)] e dióxido de nitrogênio [NO2(g)].
(Jacobson, 2007)
Química da Troposfera • No estado fotoestacionário:
• onde ▫ X is razão de mistura; ▫ k1 (cm3 molecula-1 s-1) é a taxa da reação 4.1; ▫ J (s-1) taxa de fotólise da reação 4.2.
(Jacobson, 2007)
Química da Troposfera • Remoção Diurna de Óxidos de Nitrogênio
(Jacobson, 2007)
Química da Troposfera • Química do nitrogênio Noturna
(Jacobson, 2007)
A noite a produção de O, NO e O3 para.
Ocorre na superfície de aerossóis/hidrometeoros
Química da Troposfera • Produção de Ozônio pelo CO
(Jacobson, 2007)
E-folding time: 28 a 110 dias
Química da Troposfera • Produção de Ozônio pelo Metano
(Jacobson, 2007)
E-folding time: 8 a 12 anos
Forma O3 via aumento da razão entre
NO2 e NO
Química da Troposfera • Produção de Ozônio pelo Formaldeído
(Jacobson, 2007)
E-folding time: 10-4 segundos
Oxidação do CH4
Química da Troposfera • Produção de Ozônio pelo Formaldeído
(Jacobson, 2007)
E-folding time: 10-4 segundos
Química da Troposfera • Produção de Ozônio pelo Etano
(Jacobson, 2007)
E-folding time: 5 a 21 dias
Química da Troposfera • Produção de Ozônio e PAN pelo Acetaldeído
(Jacobson, 2007)
E-folding time: 5 a 21 dias
Oxidação do Etano
Química da Troposfera • Produção de Ozônio e PAN pelo Acetaldeído
(Jacobson, 2007)
E-folding time: 5 a 21 dias
Também produzem
Ozônio
• PAN e compostos relacionados são extremamente irritantes para os olhos;
• Como a última reação é reversível, são importantes reservatórios de NO2
Smog Fotoquímico • Envolve reações com óxidos de nitrogênio [NOx(g) = NO(g) + NO2(g)]
e gases orgânicos reativos (ROGs) na presença de luz solar; • Ozônio tem efeitos adversos a saúde e é um bom indicador da
presença de outros poluentes na atmosfera.
(Jacobson, 2007)
Smog Fotoquímico
Limitado por NOx
Limitado por ROG
Química do ozônio não é
linear
(Jacobson, 2007)
• Precursores: ▫ NOx(g)
▫ ROGs
Smog Fotoquímico
(Jacobson, 2007)
• Precursores: ▫ NOx(g)
▫ ROGs
Smog Fotoquímico
(Jacobson, 2007)
• Precursores: ▫ NOx(g)
▫ ROGs
Smog Fotoquímico
(Jacobson, 2007)
• Produção de ozônio pelos alcanos
Smog Fotoquímico
Em condições de “pouco” NOx
Em condições de “muito” NOx
formaldeído
• Produção de ozônio pelos alcenos
Smog Fotoquímico
(Jacobson, 2007)
Forma ozônio
Forma NO2
• Produção de ozônio pelos aromáticos
Smog Fotoquímico
(Jacobson, 2007)
• Produção de ozônio pelos terpenos
Smog Fotoquímico
(Jacobson, 2007)
E-folding time: 30 min
• Produção de ozônio pelos terpenos
Smog Fotoquímico
(Jacobson, 2007)
• Produção de ozônio pelo etanol
Smog Fotoquímico E-folding time: 19 horas
Acetaldehyde, formed from the middle reaction,
produces PAN and ozone
(Jacobson, 2007)
Processos e reações em atmosfera urbana poluída.
HO. Radical hidroxila
SO2
HNO3
H2SO4 H2O
NO2
H2SO4
Poluentes primários NO NO2 SO2 COVs Partículas
SMOG FOTOQUÍMICO O3 ozônio
O oxigênio atômico
CO2 NO
HO2.
CO, O2
hν
HO2.
H2O2 peróxido de hidrogênio
SO3
H2O
SO2, O2
hν
NO2
O2
Poluentes secundários O3, H2O2
HNO3 H2O2 Ácidos carboxílicos
Íons solúveis
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Wallace &Hobbs, 2006
Smog Fotoquímico
Resumo: os ingredientes Para formar ozônio na troposfera, é preciso: • O próprio ozônio
(sem ozônio → sem radical OH) fonte: estratosfera
• CO e COV (compostos orgânicos voláteis) fonte: emissões antropicas (queima de combustíveris fosseis) e naturais (queimadas de florestas)
• NOx fonte: emissões antropicas (queima de combustíveris fosseis) e naturais (relâmpagos)
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Fatores que favorecem o smog fotoquímico:
• altas concentrações de poluentes primários (e.x., NO, COVs),
• poucas nuvens, permitindo alta intensidade de raios UV,
• inversões atmosféricas (e.x., São Paulo e Los Angeles),
• ventos fracos incapazes de dispersar poluentes.
Os processos que levam a formação de níveis elevados de O3,
produzem também acidez atmosférica e material particulado.
Notas de aula da Profa. Adalgiza Fornaro
Smog Fotoquímico • Questões:
- Requer controles de emissão de NOx ou HC? Ou uma combinação? - Quanto as emissões (e quais setores de fonte) precisam ser reduzidas? - Quanto O3 pode ser formado a partir de COVs biogênicos? - Qual o papel da emissão veicular? - As estratégias de controle de emissões podem reduzir o O3 e o PM2.5?
• Incertezas - Confiabilidade dos inventários de emissões (por exemplo, inventários de hidrocarbonetos naturais) - Confiabilidade de modelos de qualidade do ar (por exemplo, NOx / VOCs / O3 transportados localmente vs. - Robustez dos métodos de rateio de fontes - Caracterização de espécies de COV e sua cinética química - Papel de reações heterogêneas e de fase aquosa
(Zhang, 2017)
Mecanismos Principais de reações de Gases nos Modelos de Qualidade do Ar
(Zhang, 2017)
(Zhang, 2017)
Obrigada! • Jacob, D.J., 1999, “Introduction to Atmospheric Chemistry,” Princeton
Univ. Pr., 1999. • Jacobson, M.Z., 2005, “Fundamentals of Atmospheric Modeling,” second
edition, Cambridge University Press, ISBN 9780521548656. • Jacobson, M.Z., 2012, “Air Pollution and Global Warming,” Cambridge
University Press, second edition, ISBN 978-1-107-69115-5. • Seinfeld, J.H. and S.N. Pandis, 2006, “Atmospheric Chemistry and Physics:
from air pollution to climate change”, John Wiley & Sons, Inc., ISBN 0471-72018-6, 2006.
• Finlayson-Pitts, B. J., & Pitts Jr, J. N. (1999). Chemistry of the upper and lower atmosphere: theory, experiments, and applications. Elsevier.
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