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Realidade Étnica do Estado de Goiás
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL
HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL
POLÍTICA E ECONÔMICA DO
ESTADO DE GOIÁS E DO BRASIL
SUMÁRIO 1. Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a agrope-
cuária nos séculos XIX e XX, a estrada de ferro e a modernização da eco-
nomia goiana, as transformações econômicas com a construção de Goiâ-
nia e Brasília, industrialização, infraestrutura e planejamento..........4/5/7/9
2. Modernização da agricultura e urbanização do território goiano..............11
3. População goiana: povoamento, movimentos migratórios e densidade
demográfica...........................................................................................3/14
4. Economia goiana: industrialização e infraestrutura de transportes e comu-
nicação......................................................................................................14
5. As regiões goianas e as desigualdades regionais......................................16
6. Aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidrografia, clima e rele-
vo.................................................................................................................3
7. Aspectos da história política de Goiás: a independência em Goiás, o coro-
nelismo na República Velha, as oligarquias, a Revolução de 1930, a ad-
ministração política de 1930 até os dias atuais.........................................16
8. Aspectos da História Social de Goiás: o povoamento branco, os grupos
indígenas, a escravidão e cultura negra, os movimentos sociais no campo
e a cultura popular.....................................................................................21
9. Atualidades econômicas, políticas e sociais do Brasil, especialmente do
Estado de Goiás.........................................................................................22
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Realidade Étnica do Estado de Goiás
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Realidade Étnica do Estado de Goiás
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA,
GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-
NÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS.
1. ASPECTOS GERAIS
O Estado de Goiás, situado a Leste da Região Cen-
tro-Oeste, possui uma área de 340.103.467 km², corres-
pondendo 3,99% da área do território nacional e 21,17%
da área da Região Centro-Oeste, sendo assim o segundo
maior estado da região. Tem como Capital a cidade de
Goiânia.
De acordo com o censo 2010, realizado pelo IBGE, a
população do Estado está assim distribuída:
Total: 6.003.788 habitantes
Homens: 2.981.542
Mulheres: 3.022.503
Urbana: 5.421.069
Rural: 582.976
Densidade demográfica: 17,65 hab/km²
Fonte: IBGE 2012
O Estado encontra-se subdividido em 246 municí-
pios, 18 microrregiões e 5 mesorregiões.
Tem como limites geográficos:
ao Norte: o Estado do Tocantins;
a Leste: o Estado da Bahia;
a Leste e Sudeste: o Estado de Minas Gerais;
ao Sul com os Estados de Minas Gerais e Mato
Grosso do Sul;
a Sudoeste: o Estado de Mato Grosso do Sul;
a Oeste: o Estado de Mato Grosso.
Dentro do polígono geográfico do seu território en-
contra-se o Distrito Federal.
Goiás
Principal estado da região Centro-Oeste, com uma
superfície de 340.103.467 km², o estado de Goiás limita-
se ao norte com o estado de Tocantins; a leste com a Ba-
hia e Minas Gerais; ao sul com Mato Grosso do Sul e
Minas Gerais; e a oeste com Mato Grosso. Sua capital é
Goiânia. Em seu território encontra-se encravado o Dis-
trito Federal.
2. ASPECTOS FÍSICOS
Geologia e relevo.
A maior parte do território goiano se caracteriza pelo
relevo suave das chapadas e chapadões, entre 200 e
1.200 m de altitude. Consistem de grandes superfícies
aplainadas, talhadas em rochas cristalinas e sedimenta-
res. Cinco unidades compõem o quadro morfológico
goiano:
o alto planalto cristalino;
o planalto cristalino do rio Araguaia-Tocantins;
o planalto sedimentar do São Francisco;
o planalto sedimentar do Paraná; e
a planície aluvial do médio Araguaia.
O alto planalto cristalino situa-se na porção leste de
Goiás. Com mais de mil metros de altitude em alguns
pontos, forma o divisor de águas entre as bacias do Para-
naíba e do Tocantins. É a mais elevada unidade de relevo
de toda a região Centro-Oeste. O planalto cristalino do
Araguaia-Tocantins ocupa o norte do estado. Tem altitu-
des mais reduzidas, em geral de 300 a 600 m. O planalto
sedimentar do São Francisco, representada pela serra Ge-
ral de Goiás (no passado dito “Espigão Mestre”), vasto
chapadão arenítico, caracteriza a região nordeste do es-
tado, na região limítrofe com a Bahia. O planalto sedi-
mentar do Paraná, extremo sudoeste do estado, é consti-
tuído por camadas sedimentares e basálticas ligeiramente
inclinadas, de que resulta um relevo de grandes planuras
escalonadas. A planície aluvial do médio Araguaia, na
região limítrofe de Goiás e Mato Grosso, tem o caráter
de ampla planície de inundação, sujeita a deposição pe-
riódica de aluviões.
Clima
Dois tipos climáticos caracterizam o estado de Goiás:
o tropical, com verões chuvosos e invernos secos; e o
tropical de altitude. O primeiro domina a maior parte do
estado. As temperaturas médias anuais variam entre
23ºC, ao norte, e 20ºC, ao sul. Os totais pluviométricos
oscilam entre 1.800 mm, a oeste, e 1.500 mm, a leste,
com forte contraste entre os meses de inverno, secos, e
os de verão, chuvosos.
O clima tropical de altitude aparece apenas na região
do alto planalto cristalino (área de Anápolis, Goiânia e
Distrito Federal), onde, por efeito da maior altitude, se
registram temperaturas em geral mais baixas, embora o
regime pluvial conserve a mesma oposição entre as esta-
ções chuvosa de verão e seca de inverno.
Hidrografia
A rede hidrográfica divide-se em duas bacias: uma
delas é formada pelos rios que drenam para o rio Paraná;
a outra, pelos que escoam para o Tocantins ou para seu
afluente, o Araguaia. O divisor de águas entre as duas
bacias passa pelo centro do estado e o atravessa de leste
a oeste. O limite oriental de Goiás segue o divisor de
águas entre as bacias dos rios Tocantins e São Francisco
e o divisor de águas entre as bacias do Tocantins e do Pa-
ranaíba. Todos os rios apresentam regime tropical, com
cheias no semestre de verão, estação chuvosa.
Flora e fauna
A maior parte do território de Goiás é recoberta por
vegetação característica do cerrado. As matas, embora
pouco desenvolvidas espacialmente, têm grande impor-
tância econômica para o estado, de vez que constituem
as áreas preferidas para a agricultura, em virtude da mai-
or fertilidade do solo, em comparação com os solos do
cerrado.
A principal mancha florestal do estado se encontra no
centro-norte, na região chamada do Mato Grosso de Goi-
ás, situada a oeste de Anápolis e Goiânia. Essa área flo-
restal é de grande relevância econômica porque apresen-
ta solos férteis, derivados de rochas efusivas. Entre as
espécies vegetais predominantes estão o jatobá, a pal-
meira guariroba, que fornece um palmito amargo muito
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apreciado no estado, o óleo vermelho, ou copaíba, o ja-
carandá e a canela.
Outras manchas florestais ocorrem nos vales dos rios
Paranaíba, ao sul; Tocantins, a leste; e Araguaia, a oeste.
Boa parte dessas matas, especialmente no vale do rio
Araguaia, assume uma forma de transição entre o cerra-
do e a floresta denominada cerradão. Ocorrem aí espé-
cies arbóreas freqüentes na área do Mato Grosso de Goi-
ás e outras, como o angico, a aroeira e a sucupira-
vermelha. Nas áreas dominadas pelo cerrado ocorrem as
espécies típicas: lixeira, lobeira, pau-terra, pequi, pau-de-
colher-de-vaqueiro, pau-de-santo, barbatimão, quineira-
branca e mangabeira.
A fauna de Goiás tem diversas espécies ameaçadas
de extinção, quer pela ação predatória dos caçadores,
quer pelas queimadas e pelo envenenamento do solo com
agrotóxicos. Estão entre elas o lobo-guará, o cachorro-
do-mato-vinagre, o tamanduá-bandeira, o veado-
campeiro, o tatu-canastra, a ariranha e o cervo. Outras
espécies são a paca, a anta, o tatu-peludo, o tatu-galinha,
o tamanduá-mirim, a lontra, o cachorro-do-mato, a rapo-
sa-do-campo, a capivara, a onça, a suçuarana, a onça-
pintada, o bugio, a jaguatirica e diversos tipos de serpen-
tes, como a sucuri e a jibóia. Também entre as aves há
espécies em extinção, como o tucano-rei, o urubu-rei e
a arara-canindé. Há ainda várias espécies de tucanos e
araras, além de perdizes, emas, codornas, patos-
selvagens, pombas-de-bando, pombas-trocazes, jaós,
mutuns e seriemas.
População
A região Centro-Oeste caracteriza-se pela baixa con-
centração demográfica. No entanto, a partir da implanta-
ção de Brasília e da descoberta dos cerrados como nova
fronteira econômica, em etapas diferentes, dirigiram-se
para Goiás grandes fluxos de migrantes, sobretudo das
cidades muito populosas ou das regiões mais pobres do
país, em busca de ocupação ou de novas opções de vida.
A ocupação de mão-de-obra na montagem da infra-
estrutura do estado – rodovias e hidrelétricas – e na ins-
talação de novas indústrias permitiu que essa ocupação
se desse de maneira mais organizada, sem formar os bol-
sões de miséria e de populações marginais típicos das
grandes capitais brasileiras. Com o desmembramento
que deu origem ao estado de Tocantins, em 1988, a po-
pulação de Goiás reduziu-se, mas manteve suas taxas de
crescimento e de densidade demográfica. Verifica-se
maior concentração populacional na região central do es-
tado, a oeste do Distrito Federal.
A palavra Goiás, originada do tupi, que designa a no-
ção de “pessoas iguais, da mesma raça, parentes”, bem
se aplica à solidariedade e ao espírito comunitário do po-
vo goiano, comprovados pelas obras sociais abundantes
em praticamente todas as cidades do estado, destinadas a
socorrer a população carente.
3. FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A
MINERAÇÃO NO SÉCULO XVIII, A AGROPE-
CUÁRIA NOS SÉCULOS XIX E XX, A ESTRADA
DE FERRO E A MODERNIZAÇÃO DA ECONO-
MIA GOIANA, AS TRANSFORMAÇÕES ECO-
NÔMICAS COM A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA
E BRASÍLIA, INDUSTRIALIZAÇÃO, INFRAES-
TRUTURA E PLANEJAMENTO.
3.1. FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A
MINERAÇÃO NO SÉCULO XVIII, A AGROPE-
CUÁRIA NOS SÉCULOS XIX E XX,
O Brasil constitui-se, no período colonial, em colônia
de exploração, ou seja, sua organização econômica visa-
va abastecer o mercado da metrópole e seus interesses.
Desde cedo nossa economia se baseou no tripé: Lati-
fúndio, monocultura e escravidão negra.
A economia então se caracterizava por ciclos econô-
micos: primeiro o do pau-brasil, seguindo-se o do açúcar
e depois o do ouro. Imperava o pacto colonial – espécie
de acordo implícito entre metrópole e colônia – que ti-
nha, como regra, que a colônia produziria o que a metró-
pole necessitava e nunca concorreria com a metrópole,
isso facilitava o processo de acumulação de capital e tor-
nava a economia brasileira complementar.
A base política fundamentou-se na centralização ad-
ministrativa, primeiro com as Capitanias Hereditárias e
depois com a implantação do Governo Geral, que acabou
por consolidar o pacto colonial, já que não promovia a
autonomia da colônia.
Durante os séculos XVI e XVII, as regiões interiora-
nas do país permaneceram quase no esquecimento. O li-
toral produzia o açúcar devido ao seu clima e solo propí-
cios e facilitava o transporte da mercadoria. O açúcar ti-
nha mercado consumidor garantido e tornou-se nosso
principal produto de exportação.
O declínio do açúcar se deu depois da invasão holan-
desa, quando os holandeses começaram a produzir nas
Antilhas e nosso produto perder mercado, mas para Por-
tugal a descoberta do ouro veio substituir em bom tempo
o produto perdido.
A conquista do interior se deu através das bandeiras –
expedições organizadas por particulares que desbrava-
vam o interior a procura de ouro, negros fugitivos e ín-
dios para escravizar.
A fase de conquista do território de Goiás ocorreu no
contexto do ciclo do ouro onde se desenvolveram ban-
deiras para verificar as reais possibilidades econômicas
da região.
A época do ouro em Goiás foi intensa e breve. Após
50 anos do seu início, verificou-se a decadência rápida e
completa da mineração. Por outro lado, só se explorou o
ouro de aluvião e a técnica empregada foi rudimentar.
Com o descobrimento do ouro no Brasil (século
XVII), os territórios das minas deveriam dedicar-se ex-
clusivamente à produção de ouro, sem desviar esforços
na produção de outros bens, que poderiam importar. Isto
explica o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuá-
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Realidade Étnica do Estado de Goiás
ria em Goiás nesta época. Goiás foi o segundo produtor
de ouro no Brasil, mas bastante inferior a Minas Gerais.
A maior concentração aurífera deu-se em torno das ser-
ras dos Pirineus e Dourada.
Em Goiás o ouro era explorado superficialmente,
sem nenhuma especialização. Viver aqui neste período
era muito arriscado em razão dos altos preços dos produ-
tos, todos importados, inclusive o escravo. Duas formas
principais de imposto eram cobradas: a capitação e o
quinto (imposto equivalente a 20% da produção).
Havia duas casas de fundição na Capitania de Goiás,
uma em Vila Boa e outra em São Félix (as casas de fun-
dição foram criadas para evitar o contrabando, já que
fundiam o ouro em barra, tirando os impostos. Só ouro
em barra poderia circular na colônia).
Goiás foi "descoberto" pelos paulistas que desceram
os rios procurando novos veios e era um terreno perten-
cente à capitania de São Paulo, até 1749, quando tornou-
se capitania independente, sendo dirigida pelo então go-
vernador e capitão geral, Conde dos Arcos.
A sociedade que se estrutura nas minas é caracteriza-
da pelo relaxamento dos costumes e pelos fugitivos por
dívidas ou por passado criminal que ali se refugiam. Os
casamentos são raros, predominam as ligações livres. O
grande número de escravos e a falta de mulheres brancas
conduzem à uma natural miscigenação com as negras.
Assim os brancos representam uma minoria no contexto
populacional. É proibido o casamento entre brancos e in-
dígenas, impedindo assim uma maior miscigenação.
A distinção fundamental era de homens livres e es-
cravos. No início da colonização, os escravos predomi-
navam em número, com a decadência da mineração, os
escravos diminuíram bastante, mas ainda assim a popu-
lação continuava composta por negros e mulatos na sua
maioria.
Ao tempo da descoberta, eram numerosas as tribos de
índios em Goiás, cobrindo todo o seu território. As mais
importantes eram: Caiapós, Xavante, Goiá, Crixá, Cara-
já, Acroa, Xerente, etc.
Durante o período da mineração, as relações entre ín-
dios e mineiros foram exclusivamente guerreiras e de
mútuo extermínio, onde os índios permaneciam à mar-
gem da sociedade sob todos os aspectos.
Atualmente a população indígena está reduzida ape-
nas a alguns grupos remanescentes, que vivem na misé-
ria, sofrendo alterações profundas na sua cultura, modo
de produção, além de perderem quase totalmente as suas
terras.
A inexistência de uma agricultura capaz de acompa-
nhar o rápido crescimento populacional da região e o di-
fícil transporte de suprimentos de outras regiões do país,
levaram a um extraordinário aumento dos preços dos gê-
neros alimentícios e a surtos periódicos de fome.
A decadência da mineração em Goiás se deu devido a
um conjunto de fatores:
as técnicas utilizadas eram rudimentares;
havia uma carência de mão-de-obra escrava;
a administração local era ineficiente;
os interesses escusos do governo central;
o esgotamento das minas de superfície.
Ao se evidenciar a decadência do ouro, várias medi-
das administrativas foram tomadas, mas sem alcançar
nenhum objetivo, nem resultado satisfatório.
A economia do ouro afetou a sociedade goiana, so-
bretudo na forma de ruralização e regressão a uma eco-
nomia de subsistência. Algumas consequências da deca-
dência da mineração:
diminuição da importação e comércio exteri-
or;
diminuição dos impostos e da mão-de-obra
empregada;
redução do comércio interno;
economia em regressão;
ruralização progressiva;
estagnação de cidades e vilas.
O desenvolvimento da agricultura torna-se necessá-
rio, não só para abastecer o mercado interno, mas tam-
bém como veículo de intensificação do comércio exter-
no.
Da instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro à
independência (1808-1822), a política geral delineia-se
rumo à integração e valorização dos domínios portugue-
ses: objetiva-se desenvolver as capitanias do Centro-
Oeste através da programação do aproveitamento técnico
das vias fluviais, das técnicas agropastoris e da pacifica-
ção do indígena como mão-de-obra.
Novo surto territorial se processa, determinado por
algumas novas descobertas agrícolas, progresso da pecu-
ária e pela necessidade de conter o indígena. Fracassam
as sucessivas tentativas de incremento da atividade mer-
cantil, seja pela carência de capital, seja pelas dificulda-
des geográficas ou pela natureza dos produtos, que não
atraem comerciantes mais interessados.
No Período monárquico busca-se uma solução para
os problemas financeiros e a pacificação social. A pecuá-
ria passa a representar o sustentáculo econômico da pro-
víncia, motivando novas migrações para o centro-oeste:
baianos, maranhenses, piauienses, mineiros e paulistas.
Desenvolve-se a indústria de couros. A província terá um
lento progresso, que não chega a representar dinamiza-
ção em sentido global.
Os fatores responsáveis pelo desenvolvimento da pe-
cuária em Goiás foram:
a província contava com terras devolutas e pasta-
gens nativas;
a atividade absorvia pouca força de trabalho;
o dispêndio do capital fixo era pequeno, pois a ex-
pansão do rebanho se fazia de através do processo natu-
ral de reprodução;
o gado era uma mercadoria capaz de transportar-se
a si mesma.
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3.2. A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FER-
RO DE GOIÁS E SUA IMPORTÂNCIA
As primeiras manifestações contundentes em favor
de dotar o Estado de Goiás de um meio de transporte fer-
roviário, à altura das necessidades locais, aconteceram,
na verdade, em 1890. O Decreto n. 862 de 16/10/1890
concretizou o primeiro Plano Ferroviário com as rotas a
serem construídas.
Em 1896, o Triângulo Mineiro recebeu os trilhos da
Estrada de Ferro Mogiana, ficando acertado que a cidade
de Araguari seria a sede do que anos depois viria a ser a
“Goiás”, facilitando-se a integração econômica entre os
estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Assim, a
Cia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação foi uma
das componentes da malha ferroviária estendida na regi-
ão do Triângulo Mineiro, ainda nos últimos anos do sé-
culo passado (1896). Dentro de outro processo e após di-
vergências políticas, foi determinado, pelo Decreto n.
5.394, de 18/10/1904, que o ponto inicial daquela que
viria a ser, então, a Estrada de Ferro Goiás, seria na cida-
de de Araguari e, o seu terminal, na capital de Goiás.
Para Goiás, a presença da Estrada de Ferro em seu
solo é também o resultado de um grande esforço feito
por alguns representantes da classe política e intelectual
da região. Todavia, é preciso assinalar que a ferrovia cor-
tava o cerrado goiano em função dos interesses do siste-
ma capitalista de produção, ou seja, ela nasceu de fora
para dentro do estado. Nesse sentido, os principais apoi-
adores políticos locais foram os Srs.
Henrique Silva, Leopoldo de Bulhões e o Marechal
Urbano Coelho de Gouvea. A formação da Companhia
Estrada de Ferro Goiás, em 3 de março de 1906, tinha
caráter privado e era apoiada pelo Governo Federal, pelo
Decreto n. 5.949, do então Presidente da República, Ro-
drigues Alves. A Estrada de Ferro surgiu como uma al-
ternativa para romper o estrangulamento da economia
goiana quanto à sua demanda por um meio de transporte
que viesse atender as necessidades de escoamento de sua
produção. Em 28 de março de 1906, a Estrada recebeu
esse nome – Estrada de Ferro Goiás – através do Decreto
Federal n. 5.949, pois até então ela se denominava Estra-
da de Ferro Alto Tocantins, autorizada para construir e
explorar o trecho de Catalão a Palmas, objetivando ligar,
então, a capital de Goiás a Cubatão, e estas à Rede Fer-
roviária do país.
Os trabalhados de construção da Estrada de Ferro
Goiás, em solo goiano, tiveram início em 27 de maio de
1911, dois anos após o começo da implantação do trecho
localizado na cidade de Araguari, no marco zero da fer-
rovia. Já em 1912, as obras avançaram 80 quilômetros,
chegando, dessa cidade mineira, muito próximas à cida-
de goiana de Goiandira. Em função de problemas de ca-
ráter financeiro e administrativo, a Companhia Estrada
de Ferro Goiás, por meio do Decreto n.13.936 de
05/01/1930, obteve concessão para explorar os serviços
ferroviários no Triângulo Mineiro e em Goiás, passando
sua administração à União, a qual levou adiante todas as
obras de construção. Assim, a Linha Araguari – Ronca-
dor, com 234 km de extensão, formou a nova Estrada de
Ferro Goiás.
Até 1952, a “Goiás”, percorria com os seus trilhos,
aproximadamente, 480 km, chegando ao seu ponto mais
distante em Goiânia. No total, 30 estações serviam à Es-
trada, onde se destacavam as de Araguari, Amanhece,
Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com
a Rede Mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Enge-
nheiro Balduíno, Vianópolis, Leopoldo de Bulhões, Aná-
polis e Goiânia.
Ao discorrer a respeito das alterações no comércio
regional, provocadas pela chegada dos trilhos da estrada
em território goiano, fica evidenciado o seu importante
papel econômico. As cidades de Goiás, servidas pelos
trilhos, substituíram Araguari no domínio da economia
local, tornando-se significativos centros comerciais do
estado e controlando, assim, o comércio regional. Ara-
guari, que passara a dominar o comércio do estado a par-
tir de 1896, é alcançada pelos trilhos da Mogiana, mas
depois de 1915 perdeu grande parte deste domínio para
as cidades do sudeste goiano.
Atualmente, o território goiano é servido por 685 km
de trilhos, pertencentes à Ferrovia Centro-Atlântica
(FCA), subsidiária da VALE e sucessora da antiga Estra-
da de Ferro Goiás e da Rede Ferroviária Federal. Essa
concessionária ferroviária percorre com seus trilhos a re-
gião sudeste do estado, passando por Catalão, Ipameri,
Leopoldo de Bulhões, chegando até Anápolis, Senador
Canedo e indo até a Capital Federal. A Centro-Atlântica
promove o escoamento de boa parte da produção eco-
nômica goiana, embora tenha sua capacidade de trans-
porte limitada. A Ferrovia Centro-Atlântica, em seus
7.080 km de linhas, abrange os estados de Sergipe, Ba-
hia, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais
e o Distrito Federal. A FCA interliga-se as principais fer-
rovias brasileiras e os importantes portos marítimos de
Salvador (BA), Aratu (BA) e Angra dos Reis (RJ), além
de Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), no Rio São Francis-
co. A frota atual compõe-se, aproximadamente, de
12.000 vagões e 500 locomotivas.
Os principais produtos transportados pela FCA são
álcool, derivados de petróleo, calcário, produtos siderúr-
gicos, soja, farelo de soja, concreto, bauxita, ferro gusa,
clinquer, fosfato, cal e produtos petroquímicos. A FCA
tornou-se uma concessionária do transporte ferroviário
de cargas em setembro de 1996, a partir do processo de
desestatização da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).
Em Goiás o transporte rodoviário é o responsável pe-
lo volume mais expressivo de cargas, contando com uma
malha de 89.000 km onde, aproximadamente 11.400 km
são pavimentados. Em face desse total de vias, os trilhos
representam menos de 1%, o que demonstra a pouca ex-
pressão que as ferrovias têm em Goiás, embora seja re-
conhecida a sua importância para o crescimento e o es-
coamento da produção da economia local. Por se tratar
de um meio de transporte com um custo de operação in-
ferior ao transporte rodoviário, a ferrovia proporciona
um significativo ganho comercial para os produtos de
Goiás, tornando-os mais competitivos tanto no mercado
interno como no externo.
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Realidade Étnica do Estado de Goiás
Quanto ao histórico da Ferrovia Norte-Sul, desde
1985, no Governo do Presidente José Sarney, a ideia bá-
sica era construir uma ferrovia ligando os Estados do
Maranhão, Tocantins e Goiás; o seu traçado inicial pre-
via a construção de 1.550 km. Entre inícios e paralisa-
ções da obra, já se passaram mais de 16 anos. Todo esse
quadro de incerteza provocou um prejuízo ao processo
de desenvolvimento das regiões envolvidas, pois a faci-
lidade de escoamento de suas produções, especialmente
a do agronegócio, a um custo menor irá resultar em sig-
nificativos ganhos de competitividade, tornando esses
produtos atrativos no mercado doméstico e no mercado
internacional. Com a Lei n. 11.297 de 09/05/2006, a Pre-
sidência da República incorporou o trecho Açailândia –
Belém (norte do Maranhão e o Estado do Pará) e poste-
riormente os trechos Anápolis – Estrela D´Oeste (Estado
de São Paulo) e Figueirópolis – Ilhéus (leste do Tocan-
tins e Estado da Bahia).
A Ferrovia Norte-Sul foi projetada para promover a
integração nacional, minimizando custos de transporte de
longa distância e interligando as regiões Norte e Nordes-
te às Sul e Sudeste, através das suas conexões com 5.000
km de ferrovias privadas. A integração ferroviária das
regiões brasileiras é o grande agente uniformizador do
crescimento autossustentável do país na medida em que
possibilitará a ocupação econômica e social do cerrado
brasileiro com uma área de, aproximadamente, 1,8 mi-
lhões de quilômetros, correspondendo a 21,84% da área
territorial do país, onde vivem 16% da população brasi-
leira, ao oferecer uma logística adequada à concretização
do potencial de desenvolvimento dessa região, fortale-
cendo a infraestrutura de transporte necessária ao escoa-
mento da sua produção agropecuária e agroindustrial do
cerrado setentrional brasileiro.
Inúmeros benefícios sociais estão surgindo com a
Ferrovia Norte-Sul. A articulação de diferentes ramos de
negócios proporcionada por sua implantação contribuirá
para o aumento da renda interna e para o aproveitamento
e melhor distribuição da riqueza nacional, a geração de
divisas e abertura de novas frentes de trabalho, permitin-
do a diminuição de desequilíbrios econômicos entre re-
giões e pessoas, resultando na melhoria significativa da
qualidade de vida da população da região.
A Ferrovia Norte-Sul é uma Concessão outorgada à
VALEC-Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., em-
presa controlada pela União e supervisionada pelo Mi-
nistério dos Transportes. O primeiro trecho da Norte-Sul
já está concluído e em operação comercial. Esses 226 km
de linha ferroviária, ligando as cidades maranhenses de
Açailândia, Imperatriz e Estreito, se conectam com a Es-
trada de Ferro
A Ferrovia Norte-Sul é uma Concessão outorgada à
VALEC-Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., em-
presa controlada pela União e supervisionada pelo Mi-
nistério dos Transportes. O primeiro trecho da Norte-Sul
já está concluído e em operação comercial. Esses 226 km
de linha ferroviária, ligando as cidades maranhenses de
Açailândia, Imperatriz e Estreito, se conectam com a Es-
trada de Ferro Carajás, permitindo assim o acesso ao
Porto de Itaqui na Ponta da Madeira em São Luiz. O sub-
trecho seguinte entre Estreito (MA), Guaraí e Palmas, no
Estado do Tocantins, com 570 km de extensão também
está concluído e concedido à VALE.
O subtrecho entre Palmas e Anápolis perfazendo 750
km, passando por Gurupi (TO), Porangatu, Uruaçu, Jara-
guá e Ouro Verde de Goiás, no Estado de Goiás, deverá
ser concluído em abril de 2012. As obras já foram inicia-
das na Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul, entre Ouro
Verde de Goiás e Estrela D´Oeste, com 600 km de exten-
são, e na Ferrovia de Integração Oeste – Leste, entre
Ilhéus e Correntina, perfazendo 700 km de extensão.
Em Goiás a Ferrovia Norte-Sul terá 540 km de exten-
são. Com os trilhos dessa estrada, será possível trazer pa-
ra o estado os mesmos benefícios socioeconômicos já
gerados no Maranhão, como, por exemplo, a criação de
emprego, diretos e indiretos, a promoção do desenvol-
vimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida
das populações locais, além de integrar as diversas regi-
ões goianas ao seu processo de desenvolvimento regio-
nal.
Podemos concluir este breve histórico indicando que
o nascimento da Estrada de Ferro Goiás serviu aos inte-
resses e desejos dos goianos que tiveram, nessa ferrovia,
um dos alicerces para os seus processos de crescimento.
Os trilhos colaboram para o aumento significativo da
produção econômica das regiões, expandindo suas rela-
ções comerciais, por meio de um forte incremento nas
importações e exportações. Contudo, esta Estrada nas-
ceu de fora para dentro, inteiramente identificada com o
sistema capitalista de produção, fruto, então, da divisão
internacional do trabalho.
Agora, passados quase 100 anos da chegada dos tri-
lhos em Goiás, a Ferrovia Centro-Atlântica, em operação
no território goiano e a Ferrovia Norte-Sul, em fase de
construção, continuam sendo alternativas viáveis de
transportes eficientes e de baixos custos de operação,
quando comparados com o rodoviário. Portanto, na me-
dida em que colaboram para a maior competitividade do
agronegócio local, as ferrovias tornam-se imprescindí-
veis, sendo de expressivo significado para as melhorias
nas relações comerciais, internas e externas, e para a so-
lidez da economia goiana como um todo. Compete aos
goianos, principalmente através das sociedades de clas-
ses e de seus representantes políticos, lutarem para o for-
talecimento desse modelo de transporte, pois, assim, es-
tarão dando passos firmes na direção do desenvolvimen-
to econômico e social da região do planalto central.
3.3. MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA GOIA-
NA
Ao longo do tempo, Goiás passou por transformações
significativas no que se refere a sua estrutura social e
econômica. Contudo, em nenhum momento de sua histó-
ria, desde o inicio da mineração no século XVIII, as mu-
danças foram tão intensas quanto nas três últimas déca-
das do século passado e neste começo de milênio. Neste
período o estado se tornou urbano e alcançou os primei-
ros lugares nos índices de urbanização do país. E em
8
Realidade Étnica do Estado de Goiás
consequência disso surgiram diversos problemas sociais
e ambientais.
Segundo Arrais (2006):
Na genealogia do território goiano a década de
1970 aparece em destaque nas abordagens econômi-
cas e geográficas. Esse fato justifica-se, em certa
medida, pela observação dos resultados do censo
demográfico que apontou uma inversão no padrão
de localização e, por consequência, distribuição das
densidades demográficas e técnicas no território
goiano.
Tudo isso se deu no decorrer da modernização agrí-
cola gerada pela chegada das inovações da Revolução
Verde em nosso país por volta da década de 1960, atin-
gindo o nosso estado no início da de 1970, que mudou o
modelo de apropriação do espaço e, consequentemente, a
dinâmica econômica e territorial de Goiás.
Desde então, o estado tem recebido ainda mais imi-
grantes vindos de diversas unidades da federação brasi-
leira, de outras regiões ou do próprio Centro-Oeste, as-
sim como tem se intensificado as migrações internas no
sentido rural-urbano. Com isso tem se tornado claras as
mudanças do padrão populacional estadual, de majorita-
riamente rural – sertanejo, caipira, etc. – a majoritaria-
mente urbano, “moderno”, interligado à dinâmica eco-
nômica do capitalismo globalizado – verticalizado.
A chegada da soja, por volta de 1975, em Rio Verde,
seguida pela chegada da cana-de-açúcar, em Santa Hele-
na, cerca de dez anos mais tarde e o aumento da pecuária
intensiva na região sudoeste do estado neste mesmo pe-
ríodo, marcaram a virada na economia goiana. Assim,
Goiás se confirmou entre os estados potenciais de gran-
des produtores agrícolas do país, alcançando, em 2005, o
posto de 3º maior produtor nacional de soja, o de 1º de
sorgo, o de 1º de tomate, o 3º lugar de algodão herbáceo
(em caroço), o 5º de milho e o 6º de cana-de-açúcar.
Na pecuária os números não são diferentes, pois o es-
tado possui hoje o 2º maior rebanho de gado leiteiro, é o
2º maior produtor de leite, tem o 4º maior rebanho bovi-
no, o 6º avícola e o 8º suíno.
Contudo, todo esse aparente progresso não traz só
benefícios, pois de acordo com Matos (2006, p. 71),
“muito embora a modernização tenha atingido direta ou
indiretamente todo o país, esta se processou de forma es-
pacialmente concentrada e socialmente seletiva”, o que a
torna conservadora e excludente (GRAZIANO DA SIL-
VA, 1982). E isto gerou problemas sociais graves tanto
de âmbito rural quanto urbano.
Como exemplo disso, temos os processos de “metro-
polização” e “periferização” desenvolvidos na capital
goiana, que hoje já conta com mais de 1,2 milhões de
habitantes, chegando a mais de 1,6 milhões se incluirmos
na contagem a população total de sua região metropoli-
tana4. E em consonância com o que tem ocorrido em ní-
vel nacional, as cidades que compõem a Região Metro-
politana de Goiânia têm crescido em ritmo mais acelera-
do que a própria capital nas últimas duas décadas. Neste
processo Goiânia se tornou uma cidade desigual e segre-
dada, marcada pela diferenciação espacial entre o centro
e a periferia (GOMES, 2007).
Isso ocorre devido ao intenso processo de valorização
do solo na cidade, que segundo Carlos (1999) se dá por
que: “O espaço urbano aparece como movimento histori-
camente determinado num processo social. O modo de
produção do espaço contém um modo de apropriação,
que hoje está associado à propriedade privada da terra”.
Esse processo tem forçado, dia após dia, a população de
baixa renda a se direcionar para as áreas mais afastadas
das porções centrais de Goiânia ou mesmo para suas vi-
zinhas, como Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e
Trindade.
Ao se entrar no mérito do complexo processo de des-
territorialização e reterritorialização decorrentes do de-
senvolvimento da Região do Entorno de Brasília, os pro-
blemas se tornam ainda mais latentes. Neste espaço já se
encontram algumas das áreas mais violentas do país,
com desafios sociais e urbanos alarmantes, como os ob-
servados no bairro-cidade de Samambaia. Para Arrais
(2006) a atração/repulsão de grandes contingentes popu-
lacionais gerada por Brasília é o principal fator de expli-
cação do inchaço urbano da região de seu entorno.
Estas e outras consequências do processo de moder-
nização agrícola de Goiás e de sua urbanização, ampla-
mente induzida pelo primeiro processo, ocorrem, segun-
do Oliveira (2001), porque:
o progresso nos moldes ocidentais remete à
ideia de crescimento econômico, sendo me-
dido pelo acúmulo de riquezas materiais
produzidas ou apropriadas. Assim, um povo
desenvolvido seria aquele que acumularia
maior riqueza. Não há vinculação direta
com o bem-estar social e ambiental, muito
embora se espere que esses objetivos sejam
também atingidos através da riqueza eco-
nômica.
Diante de tudo isso, podemos dizer com base em
Freitas (2007) que:
devemos compreender o processo de urba-
nização menos como causa do que conse-
quência da modernização econômica do
território. Essa urbanização deriva portan-
to das novas necessidades de uso do territó-
rio no sentido de favorecer a circulação de
mercadorias e, por conseguinte, a realiza-
ção da mais-valia social nesse processo de
circulação. Toda a estrutura desenvolvida a
partir do processo de urbanização tem co-
mo objetivo primordial à organização do
território para absorver os processos en-
gendrados pela nova dinâmica econômica.
Sendo assim, podemos relacionar o que Morais
(2006) chamou de “captura do território goiano pelo ca-
pital”, com o processo de urbanização de nosso estado.
Isso porque, conforme Goiás foi se consolidando nas re-
lações de mercado, o seu papel na atual divisão nacional
e internacional do trabalho – o de produtor e exportador
9
Realidade Étnica do Estado de Goiás
de gêneros agropecuários, industrializados, semiindustri-
alizados e mesmo não-industrializados – foi também
dando forma ao seu processo de urbanização. As cidades
cresciam devido ao, cada vez mais intenso, êxodo rural,
condicionado pela modernização do campo.
O abandono forçado ou “espontâneo” do espaço
agrário goiano, somado ao aumento da migração inter-
regional em direção a nosso estado, teve papel importan-
te na consolidação da RMG e da Região do Entorno de
Brasília. Todos esses fatores condicionaram o desenvol-
vimento urbano de Goiás como um processo desigual e
concentrador tanto de renda, quanto de pessoas. O que se
expressa com clareza na produção do espaço da metró-
pole Goiânia, que possui num raio aproximado de 40 km
áreas com o absurdo valor de R$ 5 mil o metro quadrado
– em bairros como o Bueno, o Marista e o Jardim Goiás
– e outras com o módico valor de aproximadamente R$ 3
mil para um lote de cerca de 350 m².
Foi tudo isso que gerou a necessidade da adoção de
políticas de desenvolvimento urbano regional em nosso
estado, o que deveria cumprir o papel de reduzir as desi-
gualdades históricas construídas sob a égide do binômio
neoliberalismo/globalização, na atual dinâmica capitalis-
ta mundial.
Referências: CHAVEIRO, Egmar Felício. Goiânia, uma metrópole em traves-
sia. 2001. Tese. (Doutorado em Geografia Humana) – Departamento
de Geografia, USP, São Paulo, 2001. A práxis simbólica do Goiás
profundo. Goiânia: Mimeógrafo, 2007. ___.Símbolos das paisagens do cerrado goiano. In: ALMEIDA,
Maria Geralda (Org.). Tantos cerrados. Goiânia: Ed. Vieria, 2005. P.
47-62. __ . A captura do território goiano e a sua múltipla dimensão so-
cioespacial. Goiânia: Gráfica e Editora Modelo, 2005.
ESTEVAM, Luís. Tempo da transformação: estrutura e dinâmica econômica de Goiás. Goiânia: Ed.da UCG, 2004
3.4. AS TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS
COM A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA E BRASÍ-
LIA, INDUSTRIALIZAÇÃO, INFRAESTRUTURA
E PLANEJAMENTO.
A construção de Goiânia
Na realidade, a ideia de mudar a capital de Goiás não
era um desejo só de Pedro Ludovico Teixeira - fundador
de Goiânia. Em 1830, o segundo governador de Goiaz
no Império, Marechal de campo Miguel Lino de Morais
já manifestava, pela primeira vez, esse desejo. 33 anos
depois, o 16º governador do Estado, José Vieira Couto
Magalhães, volta a falar na necessidade dessa mudança
em seu livro Primeira Viagem ao Araguaia. "Decaímos
desde que a indústria do ouro desapareceu, a situação da
cidade de Goiás era excelente quando a Província era au-
rífera. Hoje, porém, que está demonstrado que a criação
de gado e a agricultura valem mais do que tantas minas
de ouro que existam pela Província, continuar a Capital
aqui é condenar-nos à morte por inanição, assim como
morreu a indústria que indicou a escolha deste lugar.
Uma população de cinco mil almas, colocada em lugar
desfavorável, não pode nada mais produzir para a sua
nutrição".
Depois dele, a ideia foi sustentada por legisladores
goianos. A constituição do Estado de 1891, inclusive sua
reforma de 1898, e a de 1918 previam taxativamente a
transferência da sede do governo, havendo disposto esta
última, em seu artigo 5º: "A cidade de Goiás continuará a
ser a capital do Estado, enquanto outra coisa não liberar
o Congresso". Mas, a concretização da mudança da capi-
tal de Goiás só veio acontecer mesmo com o então Inter-
ventor destinado a vir para Goiás, Pedro Ludovico Tei-
xeira. Pedro tinha o objetivo de tirar o poder dos coro-
néis e a mudança da capital era parte importante dessa
estratégia política.
A Construção de Goiânia em 1933, é considerada o
marco da modernidade da Era Vargas.
Fatores para a construção de Goiânia
Integração do interior com o litoral (Marcha para
o Oeste)
Geografia plana, diferente de Vila Boa que tem
relevo irregular
Possibilidade de crescimento
Estratégia política para enfraquecer o coronelis-
mo, na época representado pelo Caiadismo. A
mudança do centro administrativo da área de in-
fluência dos Caiado.
Pedro Ludovico Teixeira
Nasceu na cidade de Goiás em 1891. Cursou medici-
na na Universidade do Brasil. Engajou-se na revolução
de 1930 em Rio Verde onde morava e exercia a profissão
de médico. Com o movimento vitorioso, ele, que havia
sido preso e estava sendo conduzido para a cidade de
Goiás, formou a junta governativa com três membros.
Logo em seguida, foi nomeado interventor federal
pela primeira vez. Idealizou a construção de Goiânia e a
mudança da Capital, cuja pedra fundamental foi lançada
dia 24 de Outubro de 1933. A Capital foi transferida em
Março de 1937. Pedro foi um dos fundadores do PSD em
Goiás. Foi eleito Senador em 1968. Morreu, em Goiânia
no dia 17 de Agosto de 1979, de ataque cardíaco.
Projeto de Goiânia
10
Realidade Étnica do Estado de Goiás
Obra do urbanista Atílio Correia Lima, o projeto de
Goiânia consistia de uma organização geral do traçado
da cidade, partindo de um núcleo central e se desenvol-
vendo em torno dele, com um plano diretor, compreen-
dendo sistema de logradouros públicos; zoneamento da
cidade; esgoto, luz e força; sistema de parques, jardins
ruas e avenidas; áreas para serviço de limpeza e regula-
mento das construções. Atílio Correia Lima ainda rece-
beu a incumbência de projetar os edifícios do Centro Cí-
vico: Palácio do Governo, Secretaria Geral do Estado,
Diretoria Geral da Segurança e Assistência Pública, Pa-
lácio da Justiça, Palácio da Instrução e Quartel da Força
Pública.
A cidade que nasceu da prancheta de Atílio Correia
Lima e transformou- se na metrópole de hoje, com mais
de 1.200.000 habitantes, foi plantada nos campos do
município de Campinas.
Pedra fundamental
A pedra fundamental de Goiânia foi lançada a 24 de
outubro de 1933, com o comparecimento de diversas ca-
ravanas chegadas do interior do Estado. Houve a missa
solene, realizada pelo padre Agostinho Foster e celebra-
da com acompanhamento do coro de Santa Clara, em
pleno altiplano, no local onde deveria ser construída a
Praça Cívica. Após a missa, foi dado início à roçagem do
lugar. E foi naquele momento que num vibrante discurso,
Pedro Ludovico enfatizou: "Prevejo que, dentro de cinco
anos, grande porção desta área destinada à futura cidade
estará coberta de luxuosas e alegres vivendas.
A 20 de novembro de 1935, em meio a uma grande
festa instalou-se o Município de Goiânia, onde Pedro
Ludovico já residia e afirmava: " Para melhor e mais rá-
pido adiantamento das obras de construção da nova me-
trópole, transferi para cá a sede do Governo do Estado,
trazendo comigo logo, a Secretaria-Geral que ficará tam-
bém definitivamente".
Nome e instalação
"Petrônia". Este foi o nome escolhido através de con-
curso em homenagem a Pedro Ludovico. Porém, pelo
decreto de número 237, de 2 de agosto de 1935, que cri-
ou o município e a comarca da nova Capital, ela recebeu
o nome de Goiânia.
História da Art. déco
O Art. déco é o termo atual para definir o estilo for-
malizado na Exposição Internacional de Artes Decorati-
vas e Industriais Modernas realizada em Paris em 1925,
a partir de quando se expande por cidades de todos os
continentes urbanizados.
O estilo Art déco, vertente decorativa do Modernis-
mo, busca inspiração na arte mesopotâmica e egípcia de
antes de Cristo, na arte cretense, etrusca e greco-romana,
na arte dos índios americanos (maias, astecas e marajoa-
ras), no gótico medieval.
Posteriormente, expressões estéticas do século XX
foram incorporadas ao estilo, como Cubismo, Construti-
vismo, Futurismo, Neo-plasticismo, Streamline.
A principal característica do estilo Art. déco é a ex-
plícita geometrização dos volumes e dos temas decorati-
vos, sejam figurativos ou abstratos.
Etapas da Construção de Goiânia
A mudança da capital não era apenas um problema na
vida de Goiás. Era também a chave, o começo de solu-
ção de todos os demais problemas. Mudando a sede do
governo para um local que reunia todos os requisitos de
cuja ausência absoluta se ressente a cidade de Goiás, te-
remos andado meio caminho na direção da grandeza des-
ta maravilhosa unidade central.
“O governo não considerava a construção de uma
nova capital um gasto, mas um investimento necessário
para o desenvolvimento.”
Nenhum obstáculo foi capaz de impedir a construção:
nem a forte oposição política, nem a dificuldade de cons-
truir uma cidade num lugar tão afastado, com pouco di-
nheiro, e sem contar com uma infraestrutura industrial. A
24 de outubro – como homenagem à revolução – teve
lugar o lançamento da primeira pedra. A partir deste
momento, a construção progrediu rapidamente. A 7 de
novembro de 1935, realizou-se a “mudança provisória”:
o governador Pedro Ludovico deixou Goiás para fixar
sua residência em Goiânia. Em Goiás, ficaram ainda a
Câmara e o Judiciário. A mudança definitiva, ocorreu em
1937, quando os principais edifícios públicos já estavam
concluídos. Cinco anos depois, em julho de 1942, foi re-
alizado o “batismo cultural” de Goiânia, com grandes
festas e a celebração de vários congressos de ordem na-
cional. A cidade contava com mais de 15.000 habitantes,
o dobro que a cidade de Goiás com seus 200 anos.
Goiânia e Desenvolvimento de Goiás
O problema do desenvolvimento é muito mais com-
plexo e de muito mais lenta solução do que supunham os
homens da Revolução de 30. Em 1942, com efeito, Goi-
ânia, “chave do desenvolvimento geral de todo o Esta-
do”, era uma cidade perfeitamente estabelecida, e o or-
çamento estadual subia já a 26.000 contos (mais de cinco
vezes o orçamento de 1930), mas o desenvolvimento do
Estado estava longe de ser satisfatório. Para tomar um
único índice: o censo de 1940 constatou que entre
563.262 pessoas de mais de 10 anos, só 148.937 sabiam
ler e escrever. As comunicações, a saúde, a instrução, a
carência de indústria, a baixa produtividade na agricultu-
ra e na pecuária, a descapitalização da economia, a estru-
tura da propriedade etc., etc., eram problemas ainda in-
tactos, trabalho para várias gerações. A Revolução de 30,
e sua obra principal em Goiás, a construção de Goiânia,
podem considerar-se começo de uma nova etapa pelos
rumos que marcaram mais que pelas realizações imedia-
11
Realidade Étnica do Estado de Goiás
tas. A construção de Goiânia, uma das grandes obras do
Brasil na época, devolveu aos goianos a confiança em si
mesmos. Em vez de pensar-se na grandeza do passado,
começou a pensar-se na grandeza do futuro. Ao mesmo
tempo, a construção de Goiânia significava um primeiro
grande impulso para a transformação da economia e da
política econômica. O governo, até então preocupado
quase unicamente em manter a ordem, promoveu, pela
primeira vez em Goiás, uma obra de grande envergadu-
ra, que mobilizou as energias latentes.
A partir de 1940, Goiás passa a crescer em ritmo ace-
lerado também em virtude do desbravamento do Mato
Grosso Goiano, da campanha nacional de “Marcha para
o Oeste” e da construção de Brasília. A população do Es-
tado se multiplicou, estimulada pela forte imigração, ori-
unda principalmente dos Estados do Maranhão, Bahia e
Minas Gerais.
A Construção de Goiânia, promoveu a abertura de
novas estradas, tornando-se centro de ligação dentro do
Estado e com outros Estados: favoreceu a imigração, e
consequentemente o povoamento, acelerando a coloniza-
ção do Mato Grosso goiano, zona de grande riqueza
agrícola; criou o primeiro centro-urbano, que se não che-
gou a constituir-se em centro industrial – como esperava
os construtores. Por isso, a Revolução de 30 e a constru-
ção de Goiânia, podem ser tomados como marco de uma
nova etapa histórica para Goiás.
4. MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E
URBANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO GOIANO.
Introdução
A partir da política de Estado de interiorização do de-
senvolvimento com a implantação de uma infraestrutura
de transporte nas primeiras décadas do século XX, das
mudanças político-institucionais após 1930 e da constru-
ção de Goiânia e Brasília, ocorreu a expansão da frontei-
ra agrícola de Goiás. Sua integração ao circuito do mer-
cado brasileiro apoiou-se no sistema ferroviário. Esses
eventos estimularam o crescimento e a especialização da
agropecuária em Goiás e o incremento da urbanização.
Já a integração regional foi favorecida pela construção
das rodovias que permitiram a circulação interna da pro-
dução.
Como resultado da política de modernização agrope-
cuária, viabilizada pela política de integração do territó-
rio nacional, a agricultura goiana passou por transforma-
ções significativas, tendo como principal objetivo estrei-
tar as relações entre o setor agrícola e o setor urbano-
industrial. Entretanto, tal objetivo começou a ser alcan-
çado no final da década de 1970 e início da década de
1980. Vários setores foram sendo absorvidos por esse
processo, tais como as relações sociais de trabalho, o pa-
drão tecnológico, a distribuição espacial da produção, as
relações intersetoriais, com a formação do complexo
agroindustrial e a inserção estatal.
Modernização da agricultura goiana
O Cerrado vai conhecer a modernização agrícola a
partir da década de 1970. A região passa a ser um atrati-
vo para a produção de soja, uma vez que se amplia a de-
manda pelo produto nos mercados internacionais. Assim,
esse período representa um marco histórico para a agri-
cultura brasileira, através da aliança entre o Estado e a
classe dominante rural, em que o Estado passa a interfe-
rir diretamente nas suas formas de organizações e na po-
lítica agrícola. Assim, o Estado fez investimentos em in-
fraestruturas, pesquisas agronômicas e programas de
crédito especiais. Todas as áreas do Cerrado foram con-
sideradas aptas à produção agrícola, consequentemente,
50,6 milhões de hectares de terras foram incorporadas no
processo produtivo, com as mais avançadas técnicas de
cultivo (LABAIG, 1995).
O projeto de colonização se tornou possível através
da infraestrutura viária que permitiu a penetração de uma
população rural migrante para o Centro-Oeste e a efetiva
integração da região ao comércio nacional, promovendo
a valorização das áreas ocupadas. As empresas coloniza-
doras, representantes do setor privado, promoveram sig-
nificativas transformações socioeconômicas e espaciais,
a partir de uma política desenvolvimentista definida pelo
poder público (ESTEVAM, 2004).
A mudança da capital do país para o Planalto Central,
com a construção de Brasília, a partir de 1956, no Go-
verno de Juscelino Kubsticheck, o projeto de integração
nacional promovido pela construção de rodovias, interli-
gando Brasília a todas as capitais estaduais, entre 1968 e
1980, integraram a região de Goiás ao tráfego rodoviá-
rio, criando condições para a expansão do sistema capita-
lista. Esses fatores foram responsáveis pela expansão
agrícola mais recente no Cerrado, resultando, a partir da
década de 1970, na expansão da agricultura comercial.
O governo federal e os estaduais elaboraram progra-
mas e projetos de intervenção, de investimentos em in-
fraestrutura e/ou financiamento através de crédito oficial
à produção. A partir de 1975, com o II Plano Nacional de
Desenvolvimento (PND), os programas federais apresen-
taram propostas mais objetivas e específicas de planeja-
mento regional. Dessa maneira, a expansão da fronteira
agrícola em Goiás dá-se a partir da incorporação de ex-
tensas áreas de Cerrado ao processo produtivo. As políti-
cas e os programas governamentais de ação direta sobre
a região foram o Programa de Desenvolvimento dos Cer-
rados (POLOCENTRO) e o Programa de Cooperação
Nipo-brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados
(PRODECER).
Para a expansão da fronteira agrícola no Estado fo-
ram necessários investimentos em pesquisas e atividades
agropecuárias, que oferecessem informações sobre a via-
bilidade técnica para a exploração dos solos do Cerrado,
a partir da aplicação de várias técnicas de cultivo e crédi-
tos rurais destinados à aquisição de tecnologias agrárias,
tanto para investimentos em maquinários, desmatamen-
tos, correção da acidez dos solos de Cerrado (adequação
do pH voltada às práticas de cultivos), como para custeio
na compra de insumos modernos. Essas políticas agríco-
las genéricas induzidas pelo Estado, tanto em nível naci-
12
Realidade Étnica do Estado de Goiás
onal como no próprio Estado de Goiás, criaram as condi-
ções necessárias para a expansão da agricultura através
da abertura e ocupação da região do Cerrado, “[...] pois
tudo estava por ser feito, ainda era uma fronteira agrícola
em implantação. [...].” (ARANTES ; BASTOS, 2004, p.
672).
A fronteira agrícola abriu-se, definitivamente, para o
Centro-Oeste, a partir da década de 1980. Com a implan-
tação do POLOCENTRO, houve a drenagem de recursos
para o aproveitamento intensivo de extensas faixas de
terras, destinadas, anteriormente, à criação extensiva. O
POLOCENTRO foi criado através do Decreto Federal nº
75.370, janeiro de 1975 com vigência até 1982. Conside-
ra-se o programa de maior impacto sobre o crescimento
da fronteira agropecuária do Centro-Oeste, abrangendo
70% das áreas territoriais dos estados de Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul e 30% das áreas de Goiás e Minas
Gerais. Baseado na concepção de polos de crescimento
foram selecionadas doze áreas de Cerrado que apresen-
tavam certa infraestrutura e bom potencial agrícola.
As áreas selecionadas receberam recursos para inves-
timentos em melhoria da infraestrutura, totalizando
3.373 projetos aprovados, contabilizando um investi-
mento de US$ 577 milhões. Foi oferecido um generoso
sistema de crédito subsidiado para os proprietários que
desejassem investir na agricultura. O programa oferecia
linhas de crédito fundiário, de investimentos e de cus-
teio. As taxas de juros eram fixadas em níveis reduzidos,
sem correção monetária e oferecia, também, longos perí-
odos de carência. Como nesse período a taxa inflacioná-
ria do mercado financeiro era alta, o crédito foi compa-
rado a uma doação para seus usuários. (ARANTES;
BASTOS, 2004).
Segundo Labaig (1995, p. 54, grifo do autor), “o PO-
LOCENTRO foi a grande mãe do processo de desen-
volvimento capitalista da agricultura” na região dos Cer-
rados. Os potenciais beneficiários do programa foram os
produtores rurais tradicionais (proprietários de médios a
grandes estabelecimentos), pessoas físicas ou jurídicas e,
ainda, as cooperativas, os órgãos públicos e os empresá-
rios que se dedicaram à atividade agropecuária, assegu-
rando a expansão da agricultura comercial no Cerrado.
Entre os projetos aprovados, estão as fazendas com mais
de 200ha (41,32alq) e, principalmente, as fazendas com
mais de 1000ha (206,61alq).
O programa fixou como meta que 60% da área explo-
rada pelas fazendas fossem cultivadas com lavouras,
sendo o restante destinado a pastagens plantadas. No iní-
cio, o objetivo era incentivar a produção de alimentos.
Mas, posteriormente, foram contempladas, também, as
lavouras comerciais e o ‘brachiaria’ nas pastagens plan-
tadas.
Esse programa tornou-se referência na pesquisa e na
geração de novas tecnologias através de alocação de re-
cursos à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA). As tecnologias e as pesquisas desenvolvi-
das pela EMBRAPA estavam voltadas às necessidades
dos médios e grandes produtores, às pessoas de certo ní-
vel educacional e que gozassem de um espírito empreen-
dedor. É sob esse perfil, e através do crédito subsidiado,
que se dá a expansão do plantio de culturas de maior ren-
tabilidade.
O PRODECER foi sustentado de 1975 a 1979, depois
desse período houve constantes cortes orçamentários.
Em 1981, o crédito rural foi suspenso. Parte desses re-
cursos foi destinada para investimentos de infraestrutura
e como crédito em projetos agropecuários. O PRODE-
CER expandiu-se para Goiás em 1985, oferecendo o cré-
dito supervisionado. (PEREIRA, 2004). Foi através des-
se programa que os agricultores experientes do Sul e Su-
deste do país migraram para a região do Brasil Central.
Os empréstimos fundiários foram concedidos para cobrir
as despesas operacionais (aquisição de equipamentos,
tecnologias e de subsistência da propriedade), sendo que
o crédito era concedido a taxas de juros reais. Esse pro-
grama teve sua maior concentração em Minas Gerais.
Em Goiás ficou mais restrito ao entorno de Brasília, ge-
rando um grande impacto na implantação de irrigação
por “Pivô Central”.
O programa Cooperativo Nipo-brasileiro
para o Desenvolvimento do Cerrado
(PRODECER) promove o assentamento de
agricultores experientes do Sudeste e Sul do
país na região do Cerrado. Para tanto, o
programa é financiado com empréstimos da
Agência Japonesa de Cooperação e Desen-
volvimento Internacional (JICA), com con-
trapartida do governo brasileiro. (WWF,
1995, p. 21).
Tanto o PRODECER quanto o POLOCENTRO pro-
moveram a expansão da atividade agrícola para além de
suas áreas de abrangência, principalmente, nas áreas cir-
cunvizinhas. A partir de 1980, houve uma certa conten-
ção do crédito rural e eliminação gradativa do subsídio,
em função das pressões do Banco Mundial e do Fundo
Monetário Internacional (FMI). Diante disso, o governo
procurou adotar medidas internas que sustentassem as
áreas incorporadas na produção agropecuária, como pre-
ços mínimos diferenciados para cada região (diferencial
de preços criado pelos custos de transporte) e demanda
dos produtos cultivados com ajuda do PRODECER.
Segundo o WWF (1995), com base nos programas
governamentais, a agricultura comercial constitui uma
atividade econômica artificialmente rentável, uma vez
que é contemplada por incentivos creditícios.
As formas de intervenção com resultado mais signifi-
cativo no Cerrado foram a formação de pastagens plan-
tadas e a lavoura comercial. As lavouras que se destacam
na região são soja, milho, arroz, café, feijão e mandioca.
A soja foi a cultura que mais se expandiu. A produção de
soja era desprezível até a década de 1960, hoje ela repre-
senta cerca de um quarto da produção nacional de grãos
(WWF, 1995), com expressiva representação na produ-
ção do município de Catalão. O Brasil, na década de
1970, passa a ser o segundo produtor mundial de soja.
Até 1972, o país foi importador de óleo de soja, após
esse período passa a ser exportador, alterando os hábitos
alimentares da população. A soja, a partir de 1960, ad-
quire cada vez mais importância para a agricultura brasi-
13
Realidade Étnica do Estado de Goiás
leira em seu processo de internacionalização. A soja em
Goiás começa a ser produzida a partir de 1969.
Contudo, sua expressão comercial ocorreu a partir de
1975, com a venda ‘in natura’ desse produto para o mer-
cado do Sul e Sudeste do país. Essa cultura se adaptou
perfeitamente aos Cerrados do Sudoeste e Sul de Goiás.
O eixo Sul/Sudoeste do
Estado representou o início da produção e se sustenta
como o mais importante polo de cultivo.
Atualmente, a ênfase da economia goiana é a produ-
ção de grãos, principalmente, soja e milho e, a produção
de leite e carne. O Estado de Goiás ocupa lugar de desta-
que nessas atividades no contexto nacional. O Brasil dis-
põe de 15 milhões de hectares de Cerrado agricultável,
dos quais 5 milhões estão em Goiás.
Segundo dados da SEPLAN-GO (2003), a produção
goiana de grão tem crescido acima da média brasileira,
que nas duas últimas safras foi de 2.570kg/ha, enquanto
a produtividade do Estado foi de 3.072kg/ha, ou seja,
19,53% acima da média nacional.
Goiás saltou do 6º lugar no ranking nacional em 1995
para o 4º em 2002, perdendo somente para Paraná, Rio
Grande do Sul e Mato Grosso. Os produtos que mais se
destacaram na agricultura foram soja, cana, milho e café.
O Estado vem apresentando avanços importantes na
atividade pecuária, opondo-se à realidade das grandes
fazendas de criação extensiva de gado com baixa produ-
tividade, que dominou o Estado até a década de 1980. A
formação de pastagens plantadas e melhoradas permitiu
o crescimento da bovinocultura na região. A pecuária
goiana conquistou avanços importantes, posicionando o
Estado entre os maiores produtores brasileiros. O reba-
nho bovino representa 10,8% do rebanho nacional, le-
vando o Estado a ocupar o 4º lugar no ranking nacional.
O rebanho goiano permanece estável desde 1990. A
perspectiva, quanto a esse setor, é o aumento de produti-
vidade mediante a profissionalização e modernização
tecnológica da atividade, sem o aumento da área de pas-
tagens (SEPLAN-GO, 2003).
A produção de leite no Estado, a criação de suínos e
aves também se encontram em plena expansão no Estado
desde 1998. O crescimento da suinocultura é atribuído à
melhoria de investimentos realizados, à ampliação das
instalações e ao aumento da produtividade. Todo esse
aporte de crescimento decorre da instalação de empresas
voltadas ao setor em Goiás, como Perdigão (aves e suí-
nos), Nutrisa (aves), Laticínios (leite e derivados), entre
outras.
Diante do caráter da modernização agropecuária em
Goiás e no Brasil, ressaltam-se as mudanças estruturais
desse processo sobre a organização do trabalho. Geral-
mente, quando se fala em modernização da agricultura,
prevalece a tendência em reduzir esse processo apenas
aos aspectos relacionados às modificações ocorridas na
base técnica da produção, na substituição das técnicas
agrícolas, tradicionalmente usadas por técnicas ‘moder-
nas’ e/ou a partir do aumento dos índices de utilização
das máquinas e dos vários insumos agropecuários. Dessa
forma, torna-se importante a compreensão dos conceitos
sobre a questão agrária e a questão agrícola para a análi-
se do processo de modernização da agricultura brasileira
e seus reflexos sobre as relações sociais de trabalho.
Dessa maneira, pondera-se que os novos conheci-
mentos técnico-científicos, destinados ao setor agrícola,
refletiram na produtividade do trabalho e, também, nas
relações sociais de trabalho. Os proprietários das fazen-
das foram substituindo, gradualmente, as relações de tra-
balho como a parceria, o arrendamento (expulsando os
agregados) e incorporando a utilização do trabalhador
temporário (o boia-fria). A forma de pagamento se torna
cada vez mais assalariada e a organização da produção
segue os modelos empresariais. O meio urbano, o mer-
cado consumidor e de insumos agrícolas, as inovações
tecnológicas orientam as condições da produção agrope-
cuária.
Todavia, as políticas agrícolas e agrárias sustentaram
as distorções relativas ao regime de propriedade, posse e
uso da terra, através da manutenção da concentração
fundiária e a consequente exclusão de trabalhadores dos
meios de produção.
Com a integração da agricultura ao setor urba-
no/industrial ocorreu uma dinamização em todos os seto-
res da economia, o que refletiu sobre a dinâmica popula-
cional, através dos movimentos migratórios, contribuin-
do para o crescimento da população do Estado.
Considerações finais
A ocupação de Goiás caracterizou uma disputa por
espaço e poder entre São Vicente e Rio de Janeiro, de-
pois com Minas Gerais e, posteriormente, entre as de-
mais regiões. A incorporação de novas regiões ao eixo
mercantil em curso revela um contexto ineficiente da au-
tonomia político-administrativa dos Capitães-Generais
de São
Vicente e dos bandeirantes nos territórios ocupados e
anexados ao sistema colonial em vigência nesse período.
Através dessa incorporação/anexação territorial, os colo-
nos da vertente paulista promoveram a ocupação de todo
o Centro-Oeste. Os novos espaços representaram pers-
pectivas sociais, culturais e econômicas.
Verifica-se que a ocupação histórica de Goiás se deu
pela expansão de grandes fazendas para a criação exten-
siva de gado bovino, com baixo aproveitamento econô-
mico das terras, que foram sendo esfaceladas pela cadeia
vintenária.
Recentemente, com a implantação de inovações na
base técnica da agricultura, ocorreu novamente a concen-
tração das terras, agora nas mãos de grupos empresariais
que cultivam a terra para a produção de grãos, visando a
exportação, em um processo crescente de exploração dos
recursos naturais e humanos e, ainda, contribuindo para a
expulsão do homem da terra e, assim, eliminando as
condições de desenvolvimento socioeconômico e socio-
cultural da agricultura familiar.
A partir da implantação de novos padrões tecnológi-
cos de produção no estado goiano, assegurou-se a inser-
14
Realidade Étnica do Estado de Goiás
ção dos solos ácidos e topografia plana dos Cerrados no
circuito da produção nacional e internacional de produtos
agropecuários. A ‘abundância’ de terra tornava-a um
meio de produção relativamente barato, mas a ‘constru-
ção’ do solo, como ‘limpeza’ das propriedades, correção
e fertilização para cultivos exigiam um investimento de
capital considerável. Os financiamentos eram concedidos
a investimentos agropecuários de maior porte, como as
lavouras comerciais de arroz, milho e soja. Essa política
não interferiu de modo homogêneo nas unidades de pro-
dução no Estado de Goiás, assim, não houve as mudan-
ças necessárias que viabilizassem a modernização das
pequenas e médias propriedades.
As mudanças na base técnica da agricultura assegu-
ram o aumento da produtividade do trabalho e a substi-
tuição gradual das relações de trabalho, como a parceria,
o arrendamento pela utilização do trabalhador temporá-
rio, promovendo o agravamento dos problemas sociais
que essa região enfrenta através do aumento da concen-
tração das propriedades rurais. Em razão dos aspectos
apresentados, destaca-se o caráter conservador, exclu-
dente e concentrador da modernização agrícola goiana,
reproduzindo os aspectos gerais da política nacional. A
tendência geral é a incorporação cada vez maior dos re-
cursos técnico-científicos na agricultura. O meio urbano,
o mercado consumidor e de insumos agrícolas, as inova-
ções tecnológicas orientam as condições da produção
agropecuária, sugerindo uma crescente transferência se-
torial da renda agrícola para os setores urbanos.
***********************************************
5. POPULAÇÃO GOIANA: POVOAMENTO,
MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E DENSIDADE
DEMOGRÁFICA.
Durante o século XIX a população de Goiás aumen-
tou continuamente, não só pelo crescimento vegetativo,
como pelas migrações dos Estados vizinhos. Os índios
diminuíram quantitativamente e a contribuição estrangei-
ra foi inexistente. A pecuária tornou-se o setor mais di-
nâmico da economia.
a) Correntes Migratórias
A maioria dos mineiros que aqui permaneceu, após o
desaparecimento do ouro como empresa pré-capitalista,
vai dedicar-se a uma agricultura de subsistência e criação
de gado. A pecuária trouxe como consequência o desen-
volvimento da população. Correntes migratórias chega-
vam a Goiás oriundas do Pará, do Maranhão, da Bahia,
de Minas, povoando os inóspitos sertões. No sudoeste
novos centros urbanos surgiram, sob o impulso da pecuá-
ria: Rio Verde, Jataí, Mineiros, Caiapônia, Quirinópolis.
No norte a pecuária trouxe intensa mestiçagem com o
índio, que foi aproveitado como mão-de-obra na criação
de gado. Em menor escala, também ocorreu a mestiça-
gem com o negro. Os habitantes desta região dedicaram-
se não só a criação de gado, mas também a exploração
do babaçu, de pequenos roçados, do comércio do sal
(muito rendoso) e a faiscarão. Nasceram novas cidades e
outras já existentes tomaram novos impulsos sob o fluxo
da pecuária: Imperatriz, Palmas, São José do Duro, São
Domingos, Carolina, Arraias.
b) Cronologia do povoamento
Pelo exposto, viu se que a economia mineradora deu
início ao processo de colonização de Goiás. Coube à pe-
cuária desenvolver e aumentar sua população. A partir
dos anos 30 do século XIX foi a população aumentando,
sob os auspícios da pecuária:
1849 – 79.000 habitantes;
1856 – 122.000 habitantes;
1861 – 133.000 habitantes;
1872 – 149.000 habitantes;
1890 – 227.000 habitantes;
1900 – 255.000 habitantes.
c) População Indígena
Necessário se faz mencionar os aborígines, que con-
tribuíram sobremaneira para a formação do grupo goia-
no, principalmente no Norte do Estado.
Saint-Hilaire afirma que por ocasião de sua viagem,
Goiás era a Província que mais índios possuía “... a po-
pulação portuguesa derramada nesta capitania não fora
nunca suficientemente intensa para aniquilá-los todos.
Com muito custo conseguira-se reunir certo número em
aldeias; os outros viviam inteiramente selvagens nas ma-
tas e nos lugares mais desertos”. Infelizmente, nunca foi
possível precisar o número exato dos silvícolas goianos,
como de todo o Brasil. Com o passar dos anos a coloni-
zação trouxe o desaparecimento parcial dos naturais e a
extinção total de várias tribos.
d) Imigração estrangeira
Não podemos deixar de mostrar a problemática da
imigração europeia. Após a liberação do negro, grupos
locais, identificados com interesse agrário, lutaram pela
vida do imigrante europeu. O governo Montandom
(1886) adquiriu do Vice- Presidente da Província, José
Antônio Caiado, uma fazenda destinada a iniciar este ti-
po de colonização. Mas as terras eram muito ruins, e os
imigrantes italianos não chegaram nem a vir para o terri-
tório goiano. Em 1896, o governo republicano de Goiás
tentou mais uma vez impulsionar a imigração. Também
sem êxito. Somente nas primeiras décadas do século XX
se iniciou a imigração europeia em Goiás, em moldes
muito modestos.
Em 1920, três núcleos coloniais mais importantes de-
senvolveram-se em Goiás: um de italianos em Inhumas;
outro também de italianos no município de Anápolis
(Nova Veneza); o terceiro, de portugueses, na fazenda
Capim Puba no atual município de Goiânia. Em 1924,
organizou-se a colônia de Uvá. 300 famílias, num total
de 299 pessoas, instalaram-se no referido núcleo, as de-
mais se dispersaram. Em Anápolis, no ano de 1929 for-
mou-se um núcleo de 7 famílias japonesas. Nos anos se-
guintes juntaram-se outras famílias; estes pequenos gru-
pos prosperaram pelo seu trabalho sistemático e pelas
semelhanças de clima e solo. Foram estas as primeiras
levas de colonos europeus que vieram para Goiás.
As condições socioeconômicas do Brasil não possibi-
litaram uma ação administrativa satisfatória em Goiás,
durante o século XIX. A política goiana, por outra parte,
15
Realidade Étnica do Estado de Goiás
era dirigida por Presidentes impostos pelo poder central.
Somente no fim do período em referência, começou a
adquirir feições próprias. Coexistiu no aspecto cultural
um verdadeiro vazio.
6. ECONOMIA GOIANA: INDUSTRIALIZA-
ÇÃO E INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES E
COMUNICAÇÃO.
Atualmente, a composição da economia do estado de
Goiás está baseada na produção agrícola, na pecuária, no
comércio e nas indústrias de mineração, alimentícia, de
confecções, mobiliária, metalúrgia e madeireira. Agrope-
cuária é a atividade mais explorada no estado.
Em 2008, a contribuição de Goiás para o Produto In-
terno Bruto (PIB) brasileiro foi de 2,5% e, no âmbito re-
gional, sua participação foi de 27,6%.
A composição do PIB goiano é a seguinte:
Agropecuária: 11%
Indústria: 27%
Serviços: 62
Agricultura e pecuária
O setor agropecuário tem sido tradicionalmente a ba-
se da economia goiana. Nas três últimas décadas do sé-
culo XX, Goiás foi uma das regiões de fronteira agrícola
mais expressivas do país. Em muitas culturas, como soja,
milho, arroz, feijão, tornou-se, naquele período, um dos
maiores produtores do país. A principal área agrícola e
pastoril do estado é a região do Mato Grosso de Goiás,
onde se pratica uma agricultura diversificada, com arroz,
milho, soja, feijão, algodão e mandioca.
Apesar de possuir o segundo rebanho do país, Goiás
observa uma tradição de baixa produtividade, tanto em
nível de fertilidade quanto de idade de abate dos animais,
idade de primeira parição e produção leiteira. A bovino-
cultura de corte representa um segmento de importância
fundamental para a economia do estado, tanto como fon-
te de divisas, pelos excedentes exportáveis, quanto pelo
expressivo contingente de mão-de-obra ocupado nessa
atividade. Nos pastos plantados em antigos terrenos flo-
restais (invernadas) engordam-se bovinos, criados nas
áreas de cerrado, e mantém-se um rebanho de gado lei-
teiro. O vale do Paranaíba é a segunda região econômica
de Goiás e maior produtora de arroz e abacaxi. Culti-
vam-se também milho, soja, feijão e mandioca. É grande
o rebanho de leite e corte.
A soja é o principal produto agrícola do estado
Introduzida em 1980, a cultura foi aperfeiçoada pela
obtenção de sementes adaptadas ao cerrado e aplicação
de calcário e outros elementos para combater a acidez do
solo. Com o lançamento de novas variedades de grãos
mais resistentes à armazenagem e às pragas, registrou-se
forte aumento de produtividade. A cultura do milho é ge-
ralmente associada à criação de suínos e ao plantio de
feijão. A cana-de-açúcar e a mandioca têm caráter de la-
vouras de subsistência e servem ao fabrico de farinha,
aguardente e rapadura. O extrativismo vegetal inclui ba-
baçu, casca de angico, pequi e exploração de madeira,
principalmente mogno.
Energia e mineração
A produção e distribuição de energia elétrica no esta-
do está a cargo das Centrais Elétricas de Goiás (Celg).
As principais usinas hidrelétricas do estado são Cachoei-
ra Dourada, São Domingos, ambas da Celg, Serra da
Mesa e Corumbá I, ambas de Furnas. Parte da energia
produzida por Furnas supere o Distrito Federal e a região
Sudeste.
No subsolo de todo o estado existem importantes ja-
zidas de calcário, já medidas e em condições de abaste-
cer todos os municípios goianos, seja qual for o ritmo de
crescimento do mercado de corretivos do solo. Há ainda
jazidas consideráveis de ardósia, amianto, níquel, cobre,
pirocloro, rutilo e argila, além de quantidades menores
de manganês, dolomita, estanho, talco e cromita. Encon-
tram-se ainda ouro, cristal-de-rocha, pedras preciosas
(esmeraldas) e pedras semipreciosas. O estado possui
excelente infraestrutura para extração de minerais não
ferrosos, principalmente ouro, gemas, fosfato e calcário,
além de minérios estratégicos, como titânio e terras ra-
ras.
Indústria
Para tirar partido de sua vocação agrícola e de seus
recursos minerais, a indústria goiana concentrou suas
atividades inicialmente em bens de consumo não durá-
veis e, a partir da década de 1970, nos bens intermediá-
rios e na indústria extrativa. Em meados da década de
1990, o desenvolvimento industrial goiano era ainda in-
cipiente, vulnerável aos constantes impactos negativos
da conjuntura econômica nacional. Tal fragilidade redu-
zia significativamente o dinamismo do setor secundário,
incapaz de beneficiar-se devidamente das vantagens pro-
porcionadas pela agropecuária e pelas imensas reservas
minerais. Observava-se, porém, uma tendência à diversi-
ficação, principalmente em setores da siderurgia.
Aumentaram consideravelmente os setores da indús-
tria extrativa e da produção de minerais não-metálicos,
bens de capital e bens de consumo duráveis. Um dos
principais ramos industriais do estado, que, no entanto,
não acompanhou a tendência ascendente dos outros seto-
res nas três últimas décadas do século XX, foi o da pro-
dução de alimentos -- fabricação de laticínios, benefici-
amento de produtos agrícolas e abate de animais -- con-
centrado nas cidades de Goiânia, Anápolis e Itumbiara.
Setores novos dinamizaram-se nesse mesmo período,
como as indústrias metalúrgica, química, têxtil, de bebi-
das, de vestuário, de madeira, editorial e gráfica. Um
elemento coadjuvante de grande importância ao cresci-
mento econômico foi a implantação dos distritos indus-
triais, nos municípios de Anápolis, Itumbiara, Catalão,
São Simão, Aparecida de Goiânia, Mineiros, Luziânia,
Ipameri, Goianira, Posse, Porangatu, Iporá e Santo An-
tônio do Descoberto.
Transporte e comunicações
Na década de 1970, em consonância com as diretri-
zes federais, o estado de Goiás iniciou a implantação dos
primeiros corredores de exportação, conceito que definiu
rotas de transporte destinadas a ligar as áreas produtivas
16
Realidade Étnica do Estado de Goiás
a algum porto, com prioridade para os excedentes agríco-
las. Posteriormente, essas diretrizes foram aplicadas ao
abastecimento, visando a articular os sistemas de arma-
zenagem e escoamento de uma determinada área geográ-
fica, de forma a adequar os fluxos das fontes de produ-
ção até os centros de consumo ou terminais de embar-
que, com destino ao mercado externo ou a outras regiões
do país. No estado de Goiás estabeleceu-se uma rede ro-
doviária capaz de dar sustentação ao transporte das regi-
ões produtoras de grãos e minerais para os pontos de
captação de cargas ferroviárias de Goiânia, Anápolis,
Brasília, Pires do Rio e Catalão.
Tal como ocorreu no restante do país, o transporte
ferroviário e fluvial em Goiás foi relegado a segundo
plano, devido à opção pelo transporte rodoviário. Na
área de influência do corredor de exportação goiano, os
principais troncos utilizados para atingir os pontos de
transbordo ferroviário, sobretudo para a soja e o farelo,
são: a BR-153, principal eixo de escoamento do norte de
Goiás e de Tocantins, interligado ao ponto de transbordo
rodo-ferroviário de Anápolis; a GO-060, que liga Ara-
garças a Goiânia, numa distância de 388km; a BR-020,
que liga o nordeste de Goiás à região oeste da Bahia e a
Brasília, onde está instalado outro ponto de transbordo; a
BR-060, que liga Santa Rita do Araguaia/Rio Verde a
Goiânia; a BR-452, que liga Rio Verde a Itumbiara, im-
portante centro produtor e beneficiador de grãos, e segue
até Uberlândia MG, onde está instalada uma rede de ar-
mazenagem de grande capacidade; e a BR-364-365, que
liga Jataí a Uberlândia e atravessa a cidade de São Si-
mão, outra opção para o escoamento da produção do su-
doeste goiano.
Os jornais de maior circulação são O Popular, a Tri-
buna de Goiás, o Diário Oficial do Estado e o Diário do
Município, em Goiânia. Em Anápolis, circulam A Im-
prensa e Tribuna de Anápolis; na antiga capital, Goiás,
circula o Cidade de Goiás. Há várias emissoras de rádio
em AM e FM. A principal emissora de televisão é a TV
Anhanguera, pertencente à Organização Jaime Câmara.
7. AS REGIÕES GOIANAS E AS DESIGUAL-
DADES REGIONAIS.
O Brasil é um país de grandes diferenças regionais,
isso em todos os aspectos, não somente no econômico,
mas também no político, social e ambiental. Essas dife-
renças a nível nacional por vezes se reproduzem dentro
de uma região ou estado, como no caso do Goiás.
O estado do Goiás não tem uma configuração igual
em todas a suas regiões e algumas diferenças podem ser
apontadas como: grau de desenvolvimento econômico,
densidade demográfica e atividade e econômica.
Diversos estudos realizados sobre Goiás demonstram
a existência de dois modelos predominantes no uso da
terra; o patronal, identificado com as fazendas e empre-
sas-comerciais com a produção de mercadorias voltadas
para a exportação, altamente competitivas e tecnificadas;
e o familiar, voltado para atender as necessidades do
mercado local/regional e absorvedor de trabalhadores
(mão-de-obra intensiva).
Assim as mutações do trabalho assumiram formas di-
ferenciadas na agropecuária goiana. A primeira região do
Estado a sofrer esse processo foi o Sudoeste Goiano, que
apresentava condições locacionais favoráveis, tais como:
proximidade geográfica com o Centro-Sul;
tradição na atividade agropecuária com a presença
de latifúndios e de uma elite agrária voltada para a ab-
sorção das inovações;
pouco adensamento populacional no campo, o que
facilitou o processo de incorporação de terras, quase sem
resistência por parte de pequenos e médios produtores
rurais.
Esse fatores associados a vantagens de crédito e fis-
cais, faz dessa região o portal de entrada da moderniza-
ção agropecuária em Goiás e faz dela também a região
onde até hoje se pratica a agricultura de exportação.
A distribuição espacial da população do Estado de
Goiás mostra contrastes entre grandes adensamentos e
áreas pouco ocupadas. Essa desigualdade é reflexo da
dinâmica econômica, que produz economias na concen-
tração geográfica de atividades, privilegia tipos de ocu-
pação e de uso de fatores naturais, e predispõe certas
porções do território a determinadas atividades produti-
vas. Então o Sudoeste goiano e menos densamente po-
voado, assim como o norte do Estado; e as áreas mais
densamente povoadas são o sul do Estado para onde fo-
ram os fluxos migratórios atrás da fronteira agrícola e
mais recentemente a predominância de um fluxo migra-
tório com destino urbano, catalisado pelos municípios
próximos à capital do estado e o entorno de Brasília.
A concentração populacional no eixo Goiânia-
Anápolis-Brasília tem crescimento continuado, alto po-
der aquisitivo e educacional e vem atraindo grandes in-
vestimentos, porque se tornou um grande mercado con-
sumidor. Por exemplo, em Anápolis temos o maior polo
farmacêutico de medicamentos genéricos do Centro-
Oeste.
Os municípios onde predominam a população rural
estão no Norte e Nordeste do estado, nas áreas de menor
dinamismo econômico, onde se pratica a agricultura tra-
dicional, situando as mais baixas rendas do estado.
Um crescimento acelerado também se verifica nas
áreas dedicadas ao turismo, Goiás é um estado com ex-
celentes dotações naturais para a exploração do turismo
da natureza (Pirenópolis, São Jorge e Alto Paraíso, Cal-
das Novas, etc.) têm recursos hídricos (abriga 3 bacias
hidrográficas: Tocantins, Paraná e São Francisco), geo-
lógicos, de fauna e flora. Os projetos do governo procu-
ram integrar e elevar o morador das cidades em empresá-
rios do setor.
E no Norte do Estado temos jazidas de ouro (Crixás)
e Níquel (Niquelândia – onde estão 70% das nossas re-
servas)
17
Realidade Étnica do Estado de Goiás
8. ASPECTOS DA HISTÓRIA POLÍTICA DE
GOIÁS: A INDEPENDÊNCIA EM GOIÁS, O CO-
RONELISMO NA REPÚBLICA VELHA, AS OLI-
GARQUIAS, A REVOLUÇÃO DE 1930, A ADMI-
NISTRAÇÃO POLÍTICA DE 1930 ATÉ OS DIAS
ATUAIS.
8.1. A INDEPENDÊNCIA EM GOIÁS
Assim como no Brasil, o processo de independência
em Goiás se deu gradativamente. A formação das juntas
administrativas, que representam um dos primeiros pas-
sos neste sentido, deram oportunidade às disputas pelo
poder entre os grupos locais. Especialmente sensível em
Goiás foi a reação do Norte que, se julgando injustiçado
pela falta de assistência governamental, proclamou sua
separação do sul.
a) O processo da independência do Brasil e seus
reflexos em Goiás
Após a volta de D. João VI para Portugal, o Brasil
viveu um período de profunda crise política, pois suas
conquistas econômicas e administrativas estavam sendo
ameaçadas pelas Cortes Portuguesas. Em Goiás a popu-
lação rural permaneceu alheia a essas crises. Mas, ele-
mentos ligados à administração, ao exército, ao clero e a
algumas famílias ricas e poderosas, insatisfeitos com a
administração, fizeram germinar no rincão goiano o re-
flexo das crises nacionais. A atuação dos capitães gene-
rais, às vezes prepotentes e arbitrários, fez nascer na ca-
pitania ojeriza pelos administradores.
A causa maior dos descontentamentos encontrava-se
na Estrutura da administração colonial. Os empregados
públicos eram os mais descontentes: a receita não salda-
va as despesas e os seus vencimentos estavam sempre
em atraso. Encontravam-se também entre estes elemen-
tos do clero, os mais intelectualizados da Capitania.
b) Primeiras manifestações contra a administra-
ção colonial
As insatisfações administrativas existiam, mas rara-
mente se manifestavam. Foram as Câmaras que se mani-
festavam em primeira linha contra os Capitães Generais,
representantes diretos da metrópole. Em 1770 por ocasi-
ão da morte do Capitão General João Manoel de Melo, a
Câmara elegeu uma junta governativa para substituí-lo.
Em 1803 desentendeu-se com o Capitão General e pre-
tendeu destituí-lo do poder. Nos dois casos, o Governo
Metropolitano repreendeu severamente estas atitudes,
sob a justificativa de que, “para se fazer eleições seme-
lhantes, são sempre necessárias ordens terminantes, e po-
sitivas de Sua Majestade”. Tempos depois (1820) por
ocasião da escolha dos representantes goianos à Consti-
tuinte Portuguesa, apareceram nas esquinas da cidade de
Goiás proclamações insubordinativas contra a ordem
constituída, sob a liderança do Padre Luiz Bartolomeu
Márquez.
c) Constituição das Juntas Governativas e a Pro-
clamação da Independência
Apesar da ação repressora do governador Sampaio,
que se colocou contra a idéia de criação de uma junta
Governativa, foi esse mesmo Governador obrigado pelas
pressões de grupos políticos locais a ordenar à Câmara a
eleição de uma junta Governativa, em cumprimento ao
decreto de 18 de abril de 1820. Nesta primeira eleição,
Sampaio trabalhou para ser eleito presidente da junta, o
que de fato conseguiu: grupos políticos locais, insatisfei-
tos com a sua administração, desejavam, afastá-lo, Surgi-
ram desentendimentos, brigas, que culminaram com sua
renúncia e retirada da Província. Elegeu-se nova junta
Governativa. Foram seus integrantes: Álvaro José Xavier
– Presidente, José Rodrigues Jardim, – Secretário, e os
membros, Joaquim Alves de Oliveira, João José do Cou-
to Guimarães e Raimundo Nonato Hyacinto, pe Luiz
Gonzaga de Camargo Fleury e Inácio Soares de Bulhões.
Processada a Independência do Brasil – 1822, esta não
trouxe transformações, quer sociais, quer econômicas pa-
ra Goiás. Operou-se teoricamente a descolonização. No
dia 16 de dezembro, fez-se juramento solene à aclama-
ção do Imperador Constitucional do Brasil – D. Pedro I.
O primeiro Presidente de Goiás, nomeado por D. Pedro,
foi Dr. Caetano Maria Lopes Gama, que assumiu o cargo
a 14 de setembro de 1824.
d) Movimento Separatista do Norte de Goiás
O movimento separatista do Norte representou uma
continuação do movimento revolucionário da capitania
de Goiás sob a liderança do mesmo Padre Luis Bartolo-
meu Márquez, cognominado “O Apóstolo da Liberdade”.
Os grandes proprietários afirmavam que apesar de pagar
os impostos, os benefícios do governo lá não chegavam.
O povo vivia em completa miséria.
e) Um movimento nacionalista
Após a independência política do Brasil, processou-
se uma luta surda entre brasileiros e portugueses pelo
poder político e econômico do Brasil; D. Pedro I, como
era português de nascimento, começou a ser favorável
aos portugueses, inclusive colocando-os nos melhores
cargos públicos e postos de confiança de seu governo.
Em Goiás como vimos, não houve mudanças marcantes
de Colônia para o Império. No aspecto econômico conti-
nuou o mesmo marasmo já registrado com a decadência
da mineração, somente mais tarde vai a pecuária oferecer
ligeiras modificações. No aspecto político, as transfor-
mações foram pequenas. Os goianos os identificavam
com os detestáveis Capitães Generais de um passado
próximo, que não se apagara. O segundo presidente de
Goiás, foi o português Miguel Lino de Moraes (1827-
1831), homem inteligente e que provocou fazer uma boa
administração. Impulsionou o ensino, lutou pelo renas-
cimento da mineração, criou uma empresa de exploração
de minérios (Companhia dos Seis Amigos) na cidade de
Goiás, fundou, também na mesma cidade uma fábrica de
tecelagem (1828), incentivou a agricultura e a pecuária.
De seu governo datam “as primeiras grandes exportações
de rebanhos, sobretudo de gado vacum e cavalar”. Com a
abdicação de D. Pedro I, rebentou em Goiás um movi-
mento de caráter nitidamente nacionalista, que alcançou
vitória pelas condições da política geral do Brasil. Os lí-
deres deste movimento foram o Bispo cego, D. Fernando
Ferreira, pe Luís Bartolomeu Marquez e Coronel Felipe
Antônio Cardoso. Recebendo adesão e apoio das tropas,
18
Realidade Étnica do Estado de Goiás
o movimento de 13 de agosto de 1831 alcançou seu obje-
tivo, que era depor todos os portugueses que ocupavam
cargos públicos em Goiás. A conseqüência deste movi-
mento de rebeldia foi a nomeação de três goianos para a
presidência de Goiás, embora a Regência de início ofici-
almente o desaprovasse. Foram estes os seguintes presi-
dentes Goianos: José Rodrigues Jardim, (1831-1837), pe
Luiz Gonzaga de Camargo Fleury (1837-1839) e José de
Assis Mascarenhas (1839-1845).
8.2. O CORONELISMO NA REPÚBLICA VE-
LHA, AS OLIGARQUIAS.
Os clãs que se formaram ao longo do império, já en-
tão depositários do poder econômico, dominam a política
e ascendem junto com a república. Os vícios eleitorais e
o coronelismo somados à "política dos governadores",
implantada por Campos Salles, dão origem às oligarqui-
as que se sucedem até 1930. Dentre eles podemos citar:
José Leopoldo de Bulhões Jardim, José Xavier de Al-
meida, Eugênio Rodrigues Jardim e Antônio Ramos Cai-
ado. O personalismo desses chefes, que se sobrepunham
aos poderes legislativo e judiciário, e as relações de vas-
salagem pelo voto caracterizam a política da época.
O poder da primeira república brasileira se apoiou
em grandes proprietários de terra, culpa da própria estru-
tura fundiária do Brasil desde o período colonial (lati-
fúndios). Esses proprietários apoiaram os militares no
advento da proclamação e depois foi no seu poder que se
assentou o Estado Brasileiro.
O presidente era escolhido de forma indireta pelos
deputados e senadores. Assim para perpetuar determina-
dos grupos no poder faziam-se acordos de apoio a de-
terminados candidatos. As oligarquias estaduais em troca
de favorecimentos do poder central apoiavam esse can-
didato e manipulavam as eleições através do voto de ca-
bresto (voto aberto).
Os coronéis eram os chefes políticos locais, normal-
mente grandes proprietários, que através dos seus jagun-
ços, "convenciam" a população a votar nos candidatos
dessas alianças políticas e escusas. Esse jogo politiqueiro
era chamado “política dos governadores”.
A oligarquia dos Bulhões mantinha vínculos estreitos
com os chefes políticos locais, feitos geralmente através
de seu líder principal, Leopoldo Bulhões, políticos então
já de projeção nacional. A representação se fortalecia
com a presença de coronéis, como Antônio José Caiado,
antigo tropeiro e então poderoso fazendeiro, membro do
“Centro Republicano”. Também ligado aos Bulhões es-
tava o coronel Hermenegildo Lopes de Moraes, próspero
fazendeiro e comerciante no sudeste do Estado. Tão
grande era sua influência que nenhuma decisão política
importante se tomava em Goiás sem que ele se pronunci-
asse antes.
A existência desta articulação da oligarquia dos Bu-
lhões com o governo federal e com os chefes políticos do
interior parece confirmar em Goiás a “teoria piramidal”
discutida por vários autores: no topo desta pirâmide, en-
contrava-se o governo federal; na base, os coronéis, do-
minando os municípios e fornecendo sustentação eleito-
ral às oligarquias. Estas, funcionavam como um elo de
ligação entre os dois polos – federal e municipal – con-
trolando os cargos políticos e moldando a situação esta-
dual à federal.
Em Goiás parece não ter existido o chamado “siste-
ma coronelístico não institucionalizado”. Goiás, na rea-
lidade embora fosse um estado atrasado economicamente
e com pouca expressão política a nível nacional, apresen-
tava internamente partidos políticos relativamente nume-
rosos e solidamente estruturados, através dos quais se
canalizavam e realizavam as articulações e movimentos
da sua vida pública. Nenhum político em Goiás, na épo-
ca, tinha condições de projetar-se fora do sistema parti-
dário, tão importante e envolvente era este; o partido
dominante representava o único canal possível de defesa
e manutenção dos interesses de classe.
Consequentemente, nenhum coronel goiano estabele-
cia comunicação direta com o poder central, passando
por cima dos partidos políticos estaduais. O caso do co-
ronelismo em Goiás, portanto, não parece se enquadrar
em muitas classificações. Trata-se de um estado econô-
mico e politicamente frágil, mas solidamente estrutura-
do, dentro de suas fronteiras, em termos políticos parti-
dários.
A organização e manutenção de um sistema político
sólido, ao invés de representar necessariamente uma rea-
lidade socioeconômica heterogênea, rica e multifacetada,
pode ser, ao contrário, expressão de uma sociedade sim-
ples em sua composição interna, com poder econômico,
social e político altamente concentrado. Este poder polí-
tico concentrado em Goiás, entretanto, apesar de ainda
muito forte, começará, a partir de 1901, a ter dificulda-
des em juntar os diversos setores emergentes da socieda-
de goiana, especialmente, os representantes das novas
áreas economicamente importantes do estado.
A partir de 1901 o sistema político em Goiás começa-
rá a sofrer mudanças. O lento declínio da oligarquia do-
minante aliado à política dos governadores, praticada a
nível nacional, abrirão uma brecha à maior articulação
das forças políticas de Goiás.
A oposição se estruturou em função das contradições
interpartidárias, da reação no plano nacional, pelos mo-
vimentos de 1922 e 1924 e do contato com o tenentismo
do sudoeste goiano. Sua liderança foi assumida por inte-
lectuais e liberais aliados aos políticos dissidentes. Coli-
garam-se os movimentos aliancistas, e, com a vitória da
revolução de 1930, a máquina eleitoral e administrativa
cheia de falhas, que dominava o estado havia mais de
trinta anos, começou a ser desarticulada. A intensificação
da interiorização e a dinamização econômica caracteriza-
ram o período posterior a 1930.
8.3. A REVOLUÇÃO DE 30
A revolução de 30, não se operou, imediatamente, no
campo social, mas no campo político. O governo passou
a propor como objetivo primordial o desenvolvimento do
Estado. A construção de Goiânia, pelas energias que mo-
bilizou, pela abertura de vias de comunicação que a
acompanhavam e pela divulgação do estado no país, foi
o ponto de partida desta nova etapa histórica.
19
Realidade Étnica do Estado de Goiás
a) Revolução de 30 em Goiás
A revolução de 30 foi uma revolução importada em
Goiás. Nem poderia ser outra maneira. Ela não foi uma
revolução popular, nem sequer uma revolução de mino-
rias com objetivos sociais. Foi, portanto, uma revolução
feita por grupos heterogêneos da classe dominante des-
contente (Minas e Rio Grande do Sul), de militares
(Grupos tenentista) e das classes médias, sem uma ideo-
logia determinada. Em Goiás, a revolução teve como
ponto de apoio parte da classe dominante descontente. A
falta de comunicações acentuava a impossibilidade do
surgimento de uma oposição organizada. Os pequenos
núcleos de oposição, que se tinham formado durante a
última década (em Rio Verde, em Inhumas e em Anápo-
lis), eram mais expressão de personalidades descontente
que uma verdadeira oposição. As eleições eram total-
mente controladas pelo Governo (o que tirava toda espe-
rança de derrubar o governo por meios legais). E a ação
da policia militar, tornando a vida difícil para os oposi-
cionistas mais recalcitrantes, completam a explicação da
inexistência de uma oposição consistente em Goiás. A
crise do 29, que foi o catalisador de todos os desconten-
tamentos para fazer eclodir a revolução, não fez sentir
efeitos aqui por falta de uma economia organizada e de-
pendente de um ativo comércio. Por todas estas razões, a
participação efetiva de Goiás na revolução limitou-se à
ação pessoal do Dr. Pedro Ludovico. Ao explodir a revo-
lução, a 4 de outubro de 1930, reuniu um grupo de 120
Voluntários no triângulo Mineiro, com que intentou in-
vadir a região do Sudoeste de Goiás. Pedro Ludovico foi
preso. Logo depois a revolução triunfava no resto do Pa-
ís. Uma coluna procedente de Paracatu, comandada pelo
coronel Quintino Vargas chegou até a cidade de Goiás e
o médico mineiro Carlos Pinheiro Chagas tomou o po-
der.
b) Governo revolucionário
A revolução colocou em Goiás um governo provisó-
rio composto de três membros: entre eles estava, o Dr.
Pedro Ludovico. Três semanas depois, foi nomeado in-
terventor. A revolução não provocou nenhuma mudança
social, no campo político um movimento moralizador: a
comissão. A comissão de sindicância devia apurar os
crimes contra o patrimônio do Estado, a coação contra os
“elementos Liberais”, a violência e abuso de autoridade e
fraude nas eleições. Com respeito a este objetivo, a revo-
lução trouxe para Goiás uma revolução política. Muitos
jovens, politicamente novos, mais desinteressados e an-
siosos em trabalhar pelo progresso do Estado, passaram
a ocupar os cargos de governo. Mas os longos anos de
ditadura, haveria de seguir-se. Há um aspecto, contudo,
em que as transformações foram profundas e decisivas: o
estilo de governo. O governo passou a propor-se como
objetivo primeiro de sua gestão: a solução dos problemas
do Estado em todas as ordens, dando especial ênfase ao
problema do desenvolvimento, exemplos: transporte,
educação, saúde pública, exportação. O grande empreen-
dimento do Estado, foi a construção de Goiânia.
8.4. A ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA DE 1930
ATÉ OS DIAS ATUAIS.
a) A População
A alta taxa de natalidade da população do Estado e o
aumento da imigração determinaram, neste período, que
o crescimento da população se processasse num ritmo
acelerado. A imigração, durante a década de 1940-1950,
também alcançou um elevado índice, que determinou,
somado ao aumento vegetativo, um crescimento global
da população de 3,9 % anual. Mais rápido ainda foi o
crescimento da população na década seguinte, alcançan-
do a taxa de 4,9 %. Os fatores que influíram fortemente
foram: a construção de Brasília e a diminuição do índice
de natalidade.
Em 1970 a população de Goiás se aproximava já dos
três milhões. Estes dados indicam que a população de
Goiás se multiplicou por seis nos últimos cinquenta
anos. Este crescimento rápido da população, estimulado
pela forte migração, embora a longo prazo se traduza em
maior desenvolvimento; a curto prazo pode conduzir a
variados impasses. Segundo Otávio Lage: “As emigra-
ções trazem consigo boas e más consequências. Para a
economia da região, melhoram os índices de mão-de-
obra, ampliam as fontes de riquezas, etc., entretanto,
contribuem para o aumento da demanda insatisfeita de
serviços sociais, escolas, energia, estradas, saneamento e
habitação, sobrecarregando os governos”.
b) Distribuição da População
Na realidade, a distribuição da população é muito de-
sigual, quase a metade do Estado tem uma densidade en-
tre 1 e 2 hab./Km². As regiões homogêneas formadas de
Norte e Sul. Pois bem, as oito primeiras micro- regiões
com 61 % do território tem apenas 27 % da população,
enquanto o Mato Grosso Goiano, décima região, concen-
tra mais de um terço da população do Estado com 28,69
hab./Km². Também apresentam uma forte concentração
populacional as três regiões do extremo sul: Meia Ponte
(7,8 hab/Km²), Sudoeste Goiano (6,4) e Paranaíba (8,79).
As vias de comunicação e a proximidade maior ou me-
nor dos grandes centros econômicos tem determinado
uma distribuição da população totalmente diferente à
causada pela mineração no século XVIII e pela pecuária
no século XIX.
c) Urbanização
O processo de urbanização foi acelerado com a revo-
lução industrial. A concentração de mão-de-obra para as
indústrias determina o crescimento rápido das cidades.
Em Goiás, o censo de 1940, que foi o primeiro em fazer
a distinção entre população urbana e rural, dava para o
Estado 14,6% de população urbana 85,4% rural. Deve-
mos notar, contudo, que o índice de ruralidade era ainda
bastante mais elevado, pois o critério adotado pelo IBGE
de considerar população urbana a residente na sede dos
municípios computa como urbana a população de peque-
nas cidades e vilas. Apesar disto, havia municípios, co-
mo Goiatuba, onde o índice de ruralidade subia até
97,12%. Só quatro cidades passavam dos 7 mil habitan-
tes (Goiânia, 15 mil, Anápolis, 9.500, Goiás, 8 mil e
20
Realidade Étnica do Estado de Goiás
Ipameri 7 mil) e outros quatro (Rio Verde, Silvânia, Ca-
talão e Piracanjuba) excediam em poucos os três mil.
d) Economia: Predomínio do Setor Rural
Da população economicamente ativa, 83,69% esta-
vam ocupados em 1950 no “setor primário”, em sistema
de trabalho rudimentar: 4,17% no “setor secundário”, e
ainda incipiente: e 12,14% no “setor terciário”. A indús-
tria continua sendo de pouca expressão em Goiás para a
formação de riqueza e oferecimento de empregos: sua
participação na renda estadual é quatro vezes menor que
a média nacional. A agricultura e a pecuária, represen-
tam, 57% e 40% respectivamente do setor primário.
A agropecuária concentra 69% da mão-de-obra total.
A agricultura do Estado se baseia em três produtos prin-
cipais: arroz, milho e feijão.
e) Governo: Administração
A falta de capital e de uma tradição empresarial tor-
nava a ação do governo insubstituível para por em mar-
cha e ativar os mais variados aspectos do desenvolvi-
mento. O envolvimento do governo do Estado foi dando-
se gradualmente, a partir da construção de Goiânia; mais
intensamente na década de 50, com a criação do Banco
do Estado e a CELG. O governo Mauro Borges foi o
primeiro a propor-se como diretriz de ação um “Plano
de Desenvolvimento Econômico de Goiás” abrangen-
do todas as áreas: agricultura e pecuária, transportes e
comunicações, energia elétrica, educação e cultura, saú-
de e assistência social, levantamento de recursos natu-
rais, turismo, aperfeiçoamento e atualização das ativida-
des do Estado. Em Goiás a tributação per capita multi-
plicou-se por mais de seis, durante os quatro últimos
anos. Governo Mauro Borges levou a cabo a Reforma
Administrativa. Essa reforma criava, paralelamente ao
corpo administrativo do Estado, propriamente dito, os
serviços estatais autônomos e paraestatais. As autarquias
permanecem unidas ao governo através, das secretarias e
participam do orçamento estatal. As mais importantes
são: CERNE, OSEGO, EFORMAGO, CAIXEGO,
IPASGO, SUPLAN, ESEFEGO, CEPAIGO, IDAGO,
DERGO, DETELGO... Os serviços paraestatais são
constituídos pelas empresas públicas e sociedades de
economia mista, nas quais o governo é acionista majori-
tário. Entre elas encontram-se a METAGO, CASEGO,
IQUEGO, etc. Outro empreendimento importante que
nasceu do governo de Mauro Borges foi a tentativa de
reforma agrária.
f) Governo da Revolução.
Em primeiro lugar uma das razões da queda do go-
vernador foi porque ele tocou o ponto crucial, ele criou a
Metago. A Metago foi entregue ao Capitão Marcus
Fleury, antigo chefe do SNI em Goiás e braço direito da
Repressão no Estado.
O que fizeram os Governos da Revolução em Goiás?
Visando eleger o sucessor, Ribas Júnior fez um governo
visando o empreguismo e aumento do funcionalismo.
Nomeou praticamente todo mundo em Goiás. Foi a últi-
ma vez que o magistério recebeu verdadeiramente no Es-
tado. Talvez reconhecendo as suas limitações, não inter-
feriu na estrutura deixada pelos governos anteriores.
Otávio Lage de Siqueira, construiu postos de saúde e es-
colas no interior. Na capital ele foi ofuscado pela bri-
lhante Administração do então prefeito da capital o Sr.
Íris Resende Machado, que remodelou Goiânia. Como o
presidente gostava de estádios foi a época em que quase
todos os governadores construíram seus estádios. Aqui
foi construído o ESTÁDIO SERRA DOURADA e o
AUTÓDROMO, dinheiro desviado da Educação e obras
assistenciais. O professor passa a ganhar salários, os
mais capazes vão se evadindo da profissão. Era secretá-
rio de Educação neste período o Sr. Hélio Mouro.
Duas medidas importantes do governo Otávio Lage:
o Goiás rural e a Lei de Incentivos Fiscal, para as indús-
trias pioneiras em Goiás; a construção do CEASA, que
com seu sistema de intermediários, contribuiu para ele-
var o custo de vida em Goiás. Irapuan Costa Júnior
(1975 – 1979). Obras: Ginásio Rio Vermelho, Incentivo
à ginástica e competições esportivas; ponte sobre o Rio
Tocantins, devendo também ser mencionada a restaura-
ção do Teatro Goiânia.
Ary Ribeiro Valadão (1979 – 1983). Foi o último dos
governos escolhidos indiretamente pelo planalto. Eco-
nomicamente o governo procurou fazer obras de incenti-
vo no setor primário através dos projetos Rio Formoso,
Rio do Sono, Rio dos Bois e Alto Paraíso. No projeto
Rio Formoso o capital monopolista atuou em detrimento
do pequeno proprietário. Era um projeto ousado, objeti-
vando fazer de Goiás um celeiro do Brasil. No setor edu-
cacional, A única obra foi a construção do faraônico
“Colégio de Líderes” ou Colégio Hugo de Carvalho Ra-
mos. Dado o seu caráter elitista e irreal no contexto goi-
ano, o novo governo modificou a orientação do colégio e
o inseriu na realidade educacional do Estado.
Governo Íris Resende Machado (1982). Eleito majo-
ritariamente pelo voto direto, popular e universal, con-
tando com o apoio de uma “frente” de aposição ao ofici-
alismo. É um governo de conciliação entre o capital e o
trabalho. Socialmente, tem se caracterizando pelo apoio
às reivindicações populares, Destacam neste sentindo a
instituição do comodato, a integração do sudeste goiano
através da Rodovia JK e de outras vias, desejo antigo dos
produtores etc. Projeto de peso no governo Íris é a tenta-
tiva de resolver o problema dos marginalizados sociais,
frutos do êxodo rural. Contado com o apoio das prefeitu-
ras e dos proprietários. Inicialmente, o governo baixa o
chamado “Decretão” uma medida extrema. Com maior
critério, o Estado volta a absorver os funcionários, refor-
çando a função do “Estado de Obras”. O Estado torna-se
responsável pelo emprego, ainda que com altos e baixos
salários. No setor da Educação, está sendo providenciada
a aprovação do Estatuto do Magistério, reconsiderou sua
situação salarial e criou cursos complementares para alu-
nos carentes. De maneira geral é um governo de caráter
reformista que tenta recolocar o Estado nas vias de cres-
cimento econômico. Melhorou a arrecadação fiscal e
propiciou a regulamentação da folha de pagamento do
Estado. No campo social, Goiânia hoje é uma metrópole
com mais de 1.000.000 de habitantes, observa-se o fe-
nômeno do êxodo Rural, que criado uma população mar-
ginalizada do contexto socioeconômico. O menor aban-
21
Realidade Étnica do Estado de Goiás
donado tem feito proliferar as casas de “Caridade”, gran-
des construtoras, na construção de apartamentos luxuo-
sos com o dinheiro do FGTS, no entanto é o fundo de
garantia deste trabalhador que está garantindo uma parte
da construção civil. A fórmula que o governo descobriu
para absorver a mão-de-obra que emigra do campo para
as cidades. Este é rapidamente o quadro de Goiás hoje, o
que não é diferente do restante do Brasil.
Últimos 10 governadores do estado de Goiás.
Nome Período
Íris Rezende Machado 15 de março de 1983 a 13 de fevereiro de 1986
Onofre Quinan 13 de fevereiro de 1986 a 15 de março de 1987
Henrique Santillo 15 de março de 1987 a 15 de março de 1991
Iris Rezende Machado 15 de março de 1991 a 2 de abril de 1994
Agenor Rodrigues de Rezende 2 de abril de 1994 a 1 de janeiro de 1995
Maguito Vilela 1 de janeiro de 1995 a 4 de maio de 1998
Naphtali Alves de Sousa 4 de maio de 1998 a 3 de novembro de 1998
Helenês Cândido 3 de novembro de 1998 a 1 de janeiro de 1999
Marconi Perillo 1 de janeiro de 1999 a 31 de dezembro de 2002
Marconi Perillo 1 de janeiro de 2003 a 31 de março de 2006
Alcides Rodrigues 31 de março de 2006 a 31 de dezembro de 2006
Alcides Rodrigues 1 de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2010
Marconi Perillo 1 de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2014
Marconi Perillo 1 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2018
8.5. ASPECTOS DA HISTÓRIA SOCIAL DE
GOIÁS: O POVOAMENTO BRANCO, OS GRU-
POS INDÍGENAS, A ESCRAVIDÃO E CULTURA
NEGRA, OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAM-
PO E A CULTURA POPULAR.
A população de Goiás
A primeira informação sobre a população de Goiás
são os dados da capitação de 1736, havia mais de 10.000
escravos adultos. O total da população? Menos de
20.000, pois os escravos deviam constituir mais da me-
tade da população.
Entre 1750 e 1804, parece que a decadência da mine-
ração se traduziu numa diminuição da população. Não se
importavam mais escravos para suprir as mortes, bastan-
tes brancos e livres emigravam para outros territórios. O
censo de 1804 deu 50.000 habitantes para Goiás. Uma
diminuição de quase 20%.
No censo de 1940, só quatro cidades passavam dos 7
mil habitantes: Goiânia, 15 mil, Anápolis, 9.500, Goiás,
8 mil e Ipameri, 7 mil.
A sociedade mestiça
Ao mesmo tempo que diminuía o número de escra-
vos, aumentava, como é lógico, o número de pretos li-
vres ou “forros”. Na capitação de 1745, os negros “for-
ros”, que pagaram capitação, foram 120, e o número de
escravos chegava quase a 11.000. No recenseamento de
1804, os negros livres eram em número de 7.936, 28%
do total de pretos.
Maior era, ainda, a progressão dos mulatos. A ausên-
cia de mulheres brancas nas minas foi a determinante de
uma mestiçagem, em grande escala, entre branco e preto,
até então desconhecida no Brasil.
Depois de algum tempo, havia mulatos em todos os
níveis da sociedade: no exército, no sacerdócio, entre os
grandes proprietários. Mas nem o negro livre, nem o mu-
lato eram socialmente bem aceitos. Escravos, negros e
mulatos apareciam muitas vezes equipados nas expres-
sões correntes e mesmo nos documentos oficiais, como
formando a ralé da sociedade.
Classes Dirigentes - O povoamento branco
Os brancos foram sempre uma minoria, mas com a
decadência da mineração, esta minoria foi-se tornando
cada vez mais exígua. Ao acentuar-se a decadência, mui-
tas famílias brancas migraram para outras regiões. Em
1804, os brancos constituíam pouco menos de 14% da
população.
Os dias de apogeu da mineração foram breves. Então,
ser rico, “mineiro poderoso” era possuir 250 escravos ou
mais. Não faltaram mineiros que em Goiás possuíam es-
te número de escravos. Com a decadência, tornaram-se
raros os que tinham 12 escravos.
Mesmo entre os brancos a pobreza era geral, mas ser
branco continuava sendo uma honra e um privilégio,
contam os historiadores.
Os índios
Ao tempo da descoberta, eram numerosas as tribos de
índios em Goiás, cobrindo todo o seu território. Podemos
citar entre as mais importantes: Caiapó, Xavante, Goiá,
Crixá, Araés, Xerente, Carajá, Acroa...
Durante a época da mineração as relações entre ín-
dios e mineiros foram exclusivamente guerreiras e de
mútuo extermínio.
22
Realidade Étnica do Estado de Goiás
Os movimentos sociais no campo e a cultura po-
pular
O desenrolar da história de Goiás propiciou o apare-
cimento de diversas atividades culturais no Estado, das
quais originaram legítimas manifestações do folclore
goiano. Apesar de boa parte delas estar relacionada ao
legado religioso introduzido pelos portugueses, o movi-
mento cultural que floresceu no Estado agregou tradições
indígenas, africanas e europeias de maneira a abrigar um
sincretismo não apenas religioso, mas de tradições, rit-
mos e manifestações que tornaram a cultura goiana um
mix de sensações que vão da batida do tambor da Con-
gada e dos mantras entoados nas orações ao Divino, até a
cadência da viola sertaneja ou o samba e o rock que por
aqui também fizeram morada.
As Cavalhadas talvez sejam uma das manifestações
populares mais dinâmicas e expressivas do Estado de
Goiás. A encenação épica da luta entre mouros e cristãos
na Península Ibérica é apresentada tradicionalmente por
diversas cidades goianas, tendo seu ápice no município
de Pirenópolis, quinze dias após a realização da Festa do
Divino. Toda a cidade se prepara para a apresentação,
travestida no esforço popular em carregar o estandarte
que representa sua milícia. O azul cristão trava a batalha
contra o rubro mouro, ornados ambos de luxuosos man-
tos, plumas, pedras incrustadas e elmos metálicos, dese-
nhando, por conseguinte, símbolos da cristandade como
o peixe ou a pomba branca – símbolo do Divino – e do
lado muçulmano o dragão e a lua crescente. Paralela-
mente, os mascarados quebram a solenidade junto ao
público, introduzindo o sarcástico e profano, em meio a
um dos maiores espetáculos do Centro-Oeste.
As Congadas dão outro show à parte. Realizadas tra-
dicionalmente no município de Catalão, reúnem milhares
de pessoas no desenrolar do desfile dos ternos de Congo
que homenageiam o escravo Chico Rei e sua luta pela li-
bertação de seus companheiros, com o bônus da devoção
à Nossa Senhora do Rosário. Ao toque de três apitos, os
generais dão início às batidas de percussão dos mais de
20 ternos que se revezam entre Catupés-Cacunda, Vilão,
Moçambiques, Penacho e Congos, cada qual com suas
cores em cerca de dez dias de muita festa.
A raiz e o sertanejo
Nem só de manifestações religiosas vive a tradicional
cultura goiana. Uma dança bastante antiga e muito repre-
sentativa do Estado também faz as vezes em apresentar
Goiás aos olhos dos visitantes. A Catira que tem seus
primeiros registros desde o tempo colonial não tem ori-
gem certeira. Há relatos de caráter europeu, africano e
até mesmo indígena, com resquícios do processo cate-
quizador como forma de introduzir cantos cristãos na
possível dança indígena. No entanto, seu modo de repro-
dução compassado entre batidas de mãos e pés, permea-
dos por cantigas de violeiros perfaz a beleza cadenciada
pela dança.
A viola, aliás, está presente em boa parte do cancio-
neiro popular goiano, especialmente nos gêneros caipira
e sertanejo, que em conjunto com sanfonas e gaitas têm
sido bastante divulgados, geralmente por duplas de can-
tores. Diferenças, no entanto, podem ser notadas quanto
à temática, uma vez que o sertanejo tem se apresentado
majoritariamente enquanto produto da indústria cultural
e a música de raiz ou caipira se inspirado nas belezas do
campo e do cotidiano do sertanejo.
Pluralidade de ritmos
Nem só de sertanejo vive o Estado de Goiás. Na ver-
dade, ritmos antes considerados característicos de eixos
do Sudeste do país têm demarcado cada vez mais seu es-
paço dentro do território goiano. Bons exemplos são a
cena alternativa e do rock, divulgados em peso por festi-
vais de renome como o Bananada e o Vaca Amarela, en-
quanto que, por outro lado, rodas de samba e apresenta-
ções de chorinho também têm angariado novos adeptos,
dentre outros tantos ritmos encontrados na cultura goia-
na.
9. ATUALIDADES ECONÔMICAS, POLÍTI-
CAS E SOCIAIS DO BRASIL, ESPECIALMENTE
DO ESTADO DE GOIÁS.
Prezado(a) candidato(a)!
A maioria das instituições responsáveis pela elabo-
ração e pela organização de concursos públicos, através
de suas bancas examinadoras, já adotou, como conteúdo
programático, o tópico “CONHECIMENTOS GERAIS
/ ATUALIDADES” com abordagem sobre domínio de
tópicos atuais e relevantes de diversas áreas, tais como:
política, economia, sociedade, educação, tecnologia,
energia, ralações internacionais, desenvolvimento sus-
tentável, ecologia, responsabilidade socioambiental, se-
gurança, artes, literatura com suas vinculações históricas
e geográficas. Esses conhecimentos podem estar ligados
a qualquer área do saber humano, seja em nível nacional,
como internacional.
É preciso atenção nesta área, por parte do candida-
to, uma vez que ele envolve um conteúdo muito amplo.
Aqui, o examinador tentará tirar do candidato conheci-
mentos em que abordará os temas atuais, relevantes e,
amplamente, divulgados nos últimos anos, conforme
consta no edital do concurso, não se esquecendo da rela-
ção do assunto com o seu passado histórico e geográfico.
Por se tratar de uma área ampla, o que torna impos-
sível a catalogação de tais acontecimentos numa apostila,
aconselhamos você a rever jornais e revistas que versem
sobre os assuntos-tema solicitados no programa. Acom-
panhe todo o noticiário que houver até o dia da prova e
faça uma sinopse de tudo o que chamar a sua atenção.
Professores de cursinhos, ouvidos pelo portal
<www.G1.globo.com>, são unânimes em dizer: “para
ter bom desempenho nas provas de atualidades dos con-
cursos públicos, o candidato precisa de estar sintonizado
com os assuntos mais importantes e recentes do Brasil e
do mundo. A solução é criar o hábito de acompanhar o
noticiário, seja por meio do rádio, da TV, da Internet,
dos jornais, das revistas ou dos livros”.
23
Realidade Étnica do Estado de Goiás
Durante a preparação para a prova, o candidato de-
ve observar, atentamente, os fatos acontecidos até os úl-
timos dias. Recentemente, uma organizadora de concur-
so colocou uma questão que abordava um fato que tinha
acontecido na quarta-feira anterior à prova. Por isso, é
importante acompanhar o noticiário.
Outra observação é quanto ao alcance sobre o que
pode ser cobrado na prova ou não. Não basta ter a preo-
cupação sobre fatos ligados somente à política, econo-
mia, à relações internacionais, à saúde, à educação, etc.
Atualidade é um termo abrangente, o que dá direito à
banca organizadora do concurso de colocar uma questão,
abordando um fato, amplamente, divulgado na mídia,
bem como um fato que não tenha sido tão divulgado,
embora tenha sido noticiado. Temos, como exemplo,
uma prova aplicada que cobrava conhecimento do candi-
dato sobre o “reality show Big Brother”. Outra prova,
aplicada em 2007, perguntava o nome do livro da ex-
garota de programa Bruna Surfistinha, “O Doce Veneno
do Escorpião”. Em outra prova, considerada fácil, uma
questão perguntava o nome do atual técnico da seleção
brasileira de futebol, Dunga.
Outro fato importante é observar o edital, para ver
se o concurso abordará fatos de âmbito, apenas, nacional
ou, também, internacional. Há, também, concursos que
cobram fatos regionais.
Feito isso, procure memorizar os fatos, não descui-
dando você dos detalhes da notícia, tais como: época, lo-
cal, personagens envolvidos e, principalmente, a palavra-
chave do evento. Ex.: CPI do “Apagão Aéreo” – relaci-
onado com a crise e com os acontecimentos no setor aé-
reo dos últimos anos; “Infidelidade Partidária” – rela-
cionado ao troca-troca de partidos entre os políticos;
“Biodiesel” – relacionado com a proposta brasileira so-
bre um novo combustível, totalmente, ecológico; “Efeito
Estufa” – relacionado com a preocupação mundial com
os problemas do meio-ambiente e do aquecimento solar;
“Crise Econômica Mundial” e “Gripe Suína” – ou fa-
tos recorrentes e que estão na mídia nos últimos dias, ou
seja, procure uma palavra ou uma frase que o faça você
lembrar de determinado conjunto de acontecimentos re-
lacionados com um tema específico.
É importante, também, saber que toda atualidade
tem suas raízes históricas e geográficas; razões geopolí-
ticas e econômicas. Por isso, recomendamos um pouco
de leitura em livros de história e de geografia recentes,
para saber situar um determinado fato a um contexto do
assunto, para que o candidato consiga responder, com
mais segurança, a questão.
Lembre bem: “O hábito da leitura é fundamental.
Quanto mais a pessoa lê, mais ela assimila. Use todas as
fontes de informações, porque o mundo é da informação.
Existem formas de se atualiza:, é preciso achar o pró-
prio meio. O que não pode é prestar a prova alienado.”
Para ajudar você, relacionaremos alguns fatos que
foram destaques no noticiário, para servir de base, na sua
pesquisa. A seguir, arrolaremos algumas questões extraí-
das de provas de concursos em que são abordados temas
do assunto ATUALIDADES / CONHECIMENTOS
GERAIS.
*********************************************
PRINCIPAIS FATOS E ACONTECIMENTOS
NACIONAIS
O Governo Dilma;
A “Chuva” de Escândalos no Governo Federal;
As Crises no Senado Federal e na Câmara dos De-
putados;
As Eleições para as Mesas Diretoras do Senado Fe-
deral e da Câmara dos Deputados;
O Julgamento dos envolvidos no Escândalo do
“Mensalão”;
Os Acordos Políticos pela Governabilidade;
O Congresso Nacional e as Comissões Parlamenta-
res de Inquéritos (CPIs);
A atuação do Ministério Público e da Polícia Fede-
ral nos vários escândalos “estourados”;
O Supremo Tribunal Federal e suas decisões;
A questão da Liberdade de Imprensa no Brasil;
A questão dos Grampos Telefônicos nas Investiga-
ções Policiais;
Os processos de Cassação dos Parlamentares envol-
vidos em Esquemas de Corrupção;
As Renúncias de Parlamentares envolvidos em De-
núncias de Corrupção;
Os problemas partidários no Sistema Político Brasi-
leiro;
A prisão de membros da Alta Magistratura;
As reformas Previdenciária, Judiciária e Tributária;
Em debate, a Reforma Política;
A resposta do “NÃO” no Referendo sobre o Desar-
mamento;
O Brasil na frente dos Biocombustíveis;
As Novas Descobertas Petrolíferas no Brasil;
A polêmica dos Arquivos Secretos do Regime Mili-
tar;
A Crise Econômica Mundial e seus efeitos no Bra-
sil;
O Brasil no Grupo dos Credores do FMI;
As Projeções para a Retomada do Crescimento da
Economia;
O Dólar e seus Reflexos na Economia;
O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC;
Risco-Brasil Frente à Crise Econômica;
A Crescente Demanda das Exportações;
A Febre aftosa e seus Reflexos na Economia;
A Criminalidade nos principais centros;
A Violência Policial Brasileira;
Os Crimes que chocaram o país;
Os Problemas Ambientais e Ecológicos;
O Desmatamento na Amazônia;
O Problema da Água no Brasil;
A Transposição do rio São Francisco;
O Efeito Estufa e suas consequências para o Brasil;
A Guerra dos Transgênicos;
A Globalização Econômica e seus efeitos no Brasil;
A Queda nos Lucros das Principais Empresas Brasi-
leiras;
As Fusões no Mercado Econômico (a mais recente:
Perdigão e Sadia);
24
Realidade Étnica do Estado de Goiás
As Fusões no Mercado Financeiro
As Tragédias com Aviões (GOL: voo 1907 e da
TAM: Voo 3054) e outros acidentes de grandes pro-
porções;
O Acidente nas Obras do Metrô de São Paulo;
As Tragédias Naturais Ocorridas nos Últimos Anos
(como as decorrentes das enchentes provocadas pe-
las chuvas);
As Principais Doenças de Massa como Aids, Den-
gue, Febre Amarela, Gripe Suína e Zica;
A Propagação da Gripe H1N1(Suína) e suas Varian-
tes;
O Novo Código Civil e suas Implicações na Socie-
dade Brasileira;
A Questão da Menoridade Penal;
A Questão do “Aborto”;
A Questão do Uso da “Célula-Tronco”
As Relações Diplomáticas entre o Brasil e Países da
América Latina;
A Disputa Comercial entre Brasil e Argentina;
A Questão Migratória entre o Brasil e os Países da
Europa;
O Comércio Informal;
O Comércio Externo do Brasil.
O Esporte e suas Influências;
A Máfia Envolvendo o Futebol Brasileiro;
A Música, a Arte, a Literatura e o Cinema Nacional;
O Roubo no Museu de Arte de São Paulo (MASP);
O Roubo na Petrobrás (caso de espionagem???);
As Revoluções Tecnológicas;
O Brasil na Era da TV digital;
O Brasil e seu Primeiro Astronauta;
A Violência no Trânsito;
A Polêmica da Lei-Seca nas Estradas Federais
O Trabalho Infantil e do Maior Escravo;
A Situação Carcerária e seus Efeitos;
A Reforma Agrária e os Sem-Terra;
Os Conflitos pelas Demarcações das Terras Indíge-
nas (caso da reserva Raposa Serra do Sol, em Ro-
raima);
A Miséria nas Favelas;
A Proposta de Unificação das Polícias Civil e Mili-
tar;
A União Civil entre Pessoas do mesmo Sexo;
O Turismo Sexual e a Prostituição Infantil;
A Luta Brasileira por uma Vaga no Conselho de Se-
gurança da ONU;
A Visita do Papa ao Brasil;
O Nordeste Brasileiro e seus problemas (antes seca;
hoje, chuva em excesso);
Os 200 anos da Vinda da Coroa Real Portuguesa pa-
ra o Brasil;
A Crise Diplomática entre Brasil e Itália, envolven-
do o refugiado Cesare Battisti;
O Caso da Brasileira que forja Ataque Neonazista
na Suíça;
Os Principais Fatos Ocorridos no Distrito Federal e
entorno;
Escândalo no Senado Federal (os 500 atos secretos);
Escândalo no DF;
A Violência no Rio de Janeiro;
As Mudanças Climáticas: aumento da temperatura,
chuvas e destruição em diversos estados brasileiros;
O Julgamento do Casal Nordonni;
Os Casos de Pedofilia no Brasil;
A Morte do Pedófilo de Luziânia-GO;
O Caso Bruno;
O calor intenso e o problema das queimadas;
Dilma é eleita a Primeira Mulher Presidente da Re-
pública;
A lei Ficha Limpa;
A Onda de arrastões no Rio leva pânico a popula-
ção;
Onda de ataques a Caixas Eletrônicos em todo país;
Tragédia na Escola Tasso da Silveira – Realengo;
Óxi – A nova droga mais legal que o Krack;
Operação Alquimia da Receita Federal e PF;
O Rock In Rio;
O Plano Nacional de Banda Larga;
A nova Lei do aviso prévio;
A descoberta de petróleo na Bacia de Campo;
As Olimpíadas de 2016;
O câncer do ex-presidente Lula;
O vazamento de óleo na Bacia de Campo (RJ);
A Queda de Ministros no Governo Dilma;
O Julgamento do Lindemberg;
Corrupção em Hospitais Federais no Rio;
O novo Código Florestal;
Os Apagões Afeta Norte e Nordeste do país;
A morte de Oscar Niemeyer;
A divisão dos royalties do petróleo;
O Assassinato do Executivo Yoki;
Tragédia em Santa Maria/RS, 242 pessoas são mor-
tas na Boate Kiss;
O programa Ciências sem Fronteiras
Onda de protestos em todo o país;
O Programa mais Médicos do Governo Federal;
A PEC 37;
A falta de água em São Paulo;
Eleições Municipais de 2016;
Preso suspeito de ser o assassino de mulheres em
Goiânia;
Homem anuncia ataque terrorista e faz refém dentro
de hotel em Brasília;
Corrução na Petrobrás;
A CPI da Petrobrás;
A Crise Econômica Brasileira;
O Ajuste Fiscal;
A PEC das Domésticas;
TCU rejeita contas da Dilma;
Processo de impeachment de Dilma Rousseff e o
seu afastamento;
Dengue, Chikungunya e Zica-vírus;
A preocupação com a Segurança nas Olimpíadas no
Brasil.
As prisões dos supostos envolvidos em terrorismo
no Brasil
25
Realidade Étnica do Estado de Goiás
EXERCÍCIOS
Nas questões de 01 a 78, marque uma única alterna-
tiva correta conforme pede seu comando.
01. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judiciá-
rio III/UEG/2008). As divergências térmicas que ocor-
rem entre o norte e o sul do estado de Goiás são determi-
nadas pelo seguinte fator:
A) Cobertura vegetal
B) Pluviosidade
C) Latitude
D) Maritimidade
02. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judiciá-
rio III/UEG/2008). Segundo dados do Instituto Brasilei-
ro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1940 e 2000 a
população brasileira deixou de ser predominantemente
rural passando a ser predominantemente urbana. No caso
do estado de Goiás, a população urbana que era de 18%,
na década de 1940, alcançou 88% no ano 2000. Esse rá-
pido processo de urbanização do estado de Goiás teve
como uma de suas consequências:
A) A concentração fundiária e a formação de latifún-
dios.
B) A mudança na estrutura econômica do estado, que
passou de agrícola a industrial.
C) A concentração da população em pequenas cidades.
D) O surgimento da região metropolitana de Goiânia.
03. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-
ário III/UEG/2008). A partir da década de 1970, o perfil
da economia goiana sofreu fortes alterações. De uma
economia agrícola com significativa produção de arroz e
milho destinada ao mercado interno, passou-se para uma
agricultura destinada à exportação, na qual a soja e os
derivados da cana-de-açúcar despontam como os princi-
pais produtos. Dentre as consequências dessa transfor-
mação destaca-se:
A) O aumento da biodiversidade
B) O aumento da arrecadação tributária estadual
C) A ampliação da utilização de mão-de-obra em vir-
tude da mecanização agrícola
D) A permanência da população no campo
04. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-
ário III/UEG/2008). Tradicionalmente, a economia bra-
sileira é vislumbrada historicamente por meio do concei-
to de “ciclos econômicos”, que indica a preponderância
de uma determinada atividade econômica em um dado
período. Sobre esse fenômeno, é CORRETO afirmar:
A) A extração do pau-brasil, iniciada com as capitanias
hereditárias, possibilitou o povoamento efetivo do
território brasileiro pelos portugueses.
B) A produção de ouro no século XVIII possibilitou
que Portugal desenvolvesse suas manufaturas, tor-
nando uma das principais potências econômicas da
época.
C) O processo de industrialização iniciado durante o
Estado Novo foi decorrência de uma conjuntura in-
ternacional favorável e de altos investimentos do
Estado.
D) Os lucros advindos da produção cafeeira foram res-
ponsáveis pela estabilidade social, econômica e po-
lítica do país durante a chamada República Velha.
05. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-
ário III/UEG/2008). Durante o início da implantação da
colonização portuguesa em Goiás, foi proibida a navega-
ção dos rios Araguaia e Tocantins. Pode-se afirmar
CORRETAMENTE que esta medida
A) visava impedir o contrabando de ouro produzido em
Goiás.
B) visava proteger os aldeamentos indígenas localiza-
dos às margens desses rios das incursões dos ban-
deirantes paulistas.
C) visava impedir o acesso dos emboabas às minas au-
ríferas de Goiás.
D) foi responsável direto pela estagnação econômica
de Goiás no século XIX.
06. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-
ário III/UEG/2008). Dentre as principais personalidades
religiosas de Goiás, destacam-se as figuras de Santa Dica
e Padre Pelágio.
Sobre elas, é INCORRETO afirmar:
A) O prestígio de Padre Pelágio contribuiu para a con-
solidação da Romaria de Trindade como a principal
festa católica de Goiás.
B) Apesar de seu prestígio entre a população, Santa
Dica enfrentou a resistência das elites goianas, che-
gando a ser combatida pelas forças armadas.
C) A veneração de ambas as personalidades demonstra
o quanto a religião é um fator de peso nos movi-
mentos sociais camponeses de Goiás das primeiras
décadas do século XX.
D) Santa Dica, em reconhecimento do seu esforço na
divulgação da fé católica, foi a primeira mulher ca-
nonizada no Brasil.
07. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe
– Prova A /UEG/2008). Leia o quadro a seguir.
Produção de ouro anual em Goiás em 1753 e
2005
PALACIN, L.; MORAES, M. A. História de Goiás. Goiânia:
Editora da UCG, 1994. <www.seplan.go.gov.br/s ep-
in/pub/serieEB/Port/Rev27/04-tab01.htm>. Acesso em: 13 out.
2008.
Os dados do quadro permitem comparar a produção
aurífera goiana do século XVIII e a produção contempo-
rânea. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar:
A) apesar da produção menor, o ouro goiano possuía
um peso maior na economia portuguesa, no século
XVIII, do que possui atualmente na economia brasi-
leira, em virtude da política mercantilista de acumu-
lação de ouro e prata, naquela época.
B) a maior produção aurífera de 2005 pode ser expli-
cada pela utilização de recursos tecnológicos que
permitem a exploração de jazidas profundas, en-
26
Realidade Étnica do Estado de Goiás
quanto, em 1753, explorava basicamente o chamado
ouro de aluvião.
C) a disparidade entre a produção aurífera de 2005 e a
de 1753 precisa ser relativizada, pois a evasão fiscal
do minério era muito maior no século XVIII do que
no século XXI.
D) o peso proporcional da produção aurífera do ano de
2005 na arrecadação tributária total de Goiás é três
vezes maior do que o da produção aurífera do ano
de 1753.
08. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe
– Prova A /UEG/2008). Nas eleições municipais de
2008, o Superior Tribunal Eleitoral proibiu que os eleito-
res portassem celulares nas cabines de votação a fim de
evitar que tais aparelhos, por meio da filmagem ou foto-
grafia, servissem de instrumentos de coação sobre a li-
berdade de escolha do eleitor. Na história política de
Goiás, a privacidade do voto não era garantida pelo Es-
tado em qual situação?
A) Durante a ditadura militar, quando os militares im-
pediram a livre expressão dos eleitores.
B) Durante o Estado Novo, quando a privacidade do
voto foi cerceada pelo interventor Pedro Ludovico.
C) Durante a República Velha, quando o voto desco-
berto servia para perpetuação do poder dos grupos
oligárquicos.
D) Durante o período escravista, quando os escravos
eram obrigados a votar sob orientação política de
seus senhores.
09. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe
– Prova A /UEG/2008). A historiografia goiana consi-
dera que na década de 1970 houve uma modernização
das atividades agrícolas em Goiás. Como decorrência
dessa modernização, constata-se uma crescente mecani-
zação e utilização de insumos agrícolas, significando a
expansão e consolidação do capitalismo no meio rural. É
CORRETO identificar como consequência desse proces-
so:
A) o aumento da repressão autoritária por parte do Es-
tado aos movimentos sociais que lutavam por terra.
B) modificações na estrutura fundiária de Goiás, com a
consolidação da pequena propriedade rural, no esta-
do.
C) a implantação de um programa de reforma agrária,
como a Colônia Agrícola de Ceres, para atender aos
trabalhadores imigrantes.
D) o desenvolvimento do populismo nos anos 70 como
forma de conciliação de interesses contraditórios no
quadro político e econômico de Goiás.
10. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe
– Prova A /UEG/2008). Entre os séculos IV e VI, os
povos germanos, pressionados militarmente pelos hunos,
invadiram gradativamente porções de terras do Império
Romano. Em relação aos deslocamentos populacionais
para onde atualmente se localiza o estado de Goiás, apre-
senta causa similar à migração dos germanos:
A) a vinda de africanos para trabalhar como escravos
nas minas do século XVIII.
B) a migração dos Tupi do litoral para o interior, en-
trando em conflito com os Jê.
C) as bandeiras paulistas que adentraram o interior pa-
ra escravizar indígenas.
D) a vinda de nordestinos para trabalhar na construção
de Goiânia.
11. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª
Classe – Prova A / UEG/2008). Sobre a atual regionali-
zação estabelecida pelo IBGE, para o estado de Goiás, é
CORRETO afirmar:
A) baseia-se na área de abrangência dos elementos (na-
turais, econômicos, demográficos) utilizados como
referência para seu estabelecimento, desconsideran-
do, portanto, os limites das unidades administrati-
vas.
B) corresponde a recortes espaciais definidos a partir
de critérios (naturais, econômicos, sociais, entre ou-
tros) que permitem agrupar, numa região, locais
com características semelhantes, separando-os dos
demais.
C) representa as particularidades do estado de Goiás
em relação ao contexto nacional, uma vez que utili-
za critérios diferentes daqueles utilizados em outras
regiões brasileiras.
D) apresenta especificidade quanto à organização do
espaço, uniformidade de atributos, auto-suficiência
e unicidade em relação umas às outras.
12. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª
Classe – Prova A / UEG/2008). O povoamento branco
de Goiás, no século XVIII, foi caracterizado pela prodi-
galidade na construção de igrejas. Só em Vila Boa, capi-
tal da capitania, foram construídas, no espaço de 50
anos, oito igrejas. Esse grande número de igrejas, no iní-
cio do povoamento branco de Goiás, explica-se pelo fato
de os templos servirem
A) aos propósitos fiscais do Estado português, sendo
que os clérigos, encarregados de recolher os dízi-
mos e o quinto real, reservavam partes substanciais
desses rendimentos para a construção e o embele-
zamento das igrejas.
B) de principal instrumento da política indigenista
pombalina, sendo que elas visavam impressionar os
silvícolas, estimulando-os a abandonarem suas prá-
ticas religiosas e suas aldeias e virem trabalhar e
congregar em Vila Boa.
C) de locais de culto e de sepultamento de membros da
população que estivessem integrados nas inúmeras
irmandades existentes na época, sendo que os es-
cravos não-cristianizados eram sepultados num ce-
mitério rudimentar.
D) no contexto histórico da Contrarreforma, de símbo-
los da supremacia da fé católica sobre a fé dos pro-
testantes, sobretudo dos ingleses anglicanos, que
trabalhavam na exploração das minas de ouro em
Goiás.
13. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª
Classe – Prova A / UEG/2008). A característica funda-
mental do Estado para o sociólogo alemão Max Weber é
a monopolização da violência, implicando que apenas o
27
Realidade Étnica do Estado de Goiás
aparelho estatal tem legitimidade na utilização dos meios
de violência e coerção. Na história de Goiás, um aconte-
cimento coerente com essa tese weberiana foi:
A) a repressão da polícia goiana aos seguidores de San-
ta Dica, culminando, em 1925, no chamado “Dia do
Fogo”, quando o grupo foi dispersado e alguns reli-
giosos morreram na ação policial.
B) a Revolução de 1909, quando um exército de mais
de mil homens, organizado por fazendeiros, depôs o
presidente do Estado, demonstrando a força e o
prestígio da aristocracia agrária goiana.
C) as sucessivas entradas da Coluna Prestes em Goiás,
na década de 1920, e a consequente organização da
Coluna Caiado, uma milícia destinada a proteger a
capital do estado da invasão dos revolucionários.
D) a criação, no período regencial, da Guarda Nacio-
nal, um instrumento fundamental para o fortaleci-
mento dos meios coercitivos do Estado goiano, já
que ampliou o número de homens armados à dispo-
sição do presidente da Província.
14. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª
Classe – Prova A / UEG/2008). A implementação do
regime militar em 1964 trouxe substanciais mudanças na
política goiana. A elite econômica e política local que,
desde o fim do Império controlava o poder político do
estado, teve que submeter as diretrizes centralizadoras do
governo federal. Um acontecimento da política goiana
durante o regime militar foi:
A) a nomeação, por meio de decreto presidencial, do
engenheiro Otávio Lage de Siqueira como governa-
dor de Goiás.
B) a nomeação de governadores desvinculados das fa-
mílias tradicionais que controlaram o poder político
em Goiás, tais como os Caiado e os Bulhões.
C) a cassação do governador Mauro Borges Teixeira,
em represália a sua atitude firme, em março de
1964, na defesa da permanência de João Goulart no
poder.
D) a eleição indireta de Ary Valadão para governador
de Goiás em 1978, o último governador do período
da Ditadura militar.
15. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª
Classe – Prova A / UEG/2008). O relevo goiano é ca-
racterizado por:
A) planícies aluviais localizadas nas regiões leste e
nordeste do estado em áreas próximas aos cursos
d´água mais importantes, como o Tocantins e o
Araguaia.
B) chapadas formadas em períodos geológicos recentes
(pré-cambriano) e sob condições climáticas simila-
res às atuais.
C) planaltos antigos intensamente erodidos em decor-
rência do processo de intemperismo físico-químico.
D) bacias sedimentares localizadas especialmente nas
regiões central e norte do estado.
16. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-
se – Prova A / UEG/2008). No dia 13 de maio de 1888,
o Governo Imperial assinou a Lei Áurea, acabando ofici-
almente com a escravidão no Brasil. Para Goiás, o fim da
escravidão negra gerou
A) o descontentamento entre a elite política, uma vez
que, por ser um local bastante afastado do litoral,
inexistia um movimento abolicionista em Goiás.
B) novos regimes de trabalho no campo, mas que man-
tiveram a violência e a desproporcionalidade de di-
reitos entre o empregado e o patrão.
C) a substituição da mão-de-obra negra pela indígena,
utilizada tanto nas minas como na agricultura e na
pecuária.
D) uma estagnação econômica, já que os escravos eram
a principal mão-de-obra utilizada na exploração au-
rífera.
17. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-
se – Prova A / UEG/2008). Durante praticamente todo o
século XIX, a navegação dos rios Araguaia e Tocantins
foi vista pelos administradores públicos como uma das
mais eficazes medidas para propiciar a integração socio-
econômica de Goiás com as demais regiões brasileiras.
Viabilizada por Couto de Magalhães na década de 1870,
a navegação desses rios representou para Goiás:
A) a integração efetiva entre as partes sul e norte da
Província, equalizando as disparidades econômicas
e demográficas entre as duas regiões.
B) uma via de transporte de baixo custo, já que a ele-
vada profundidade e a ausência de cachoeiras per-
mitem a navegabilidade constante o ano inteiro.
C) um modesto desenvolvimento comercial, já que as
trocas comerciais de Goiás eram maiores com a re-
gião Sudeste do país.
D) trocas comerciais intensas com o Pará, tornando es-
ta região o principal parceiro comercial de Goiás.
18. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-
se – Prova A / UEG/2008). Uma das funções primordi-
ais do Estado moderno é dispor de uma força policial
eficiente para garantir a paz interna entre os cidadãos.
No entanto, em grande parte da história de Goiás, pre-
dominou a privatização das funções de polícia, EXCETO
no caso dos:
A) coronéis da Guarda Nacional, responsáveis, dentre
outras coisas, pela preservação da ordem e pela
guarda dos prédios públicos.
B) sertanistas, responsáveis por combater as tribos in-
dígenas que faziam guerra contínua aos colonizado-
res.
C) capitães-do-mato, responsáveis pela apreensão de
escravos fugitivos e pela destruição de quilombos.
D) Dragões, responsáveis principalmente por vigiar as
minas de diamante e impedir o contrabando de ou-
ro.
28
Realidade Étnica do Estado de Goiás
19. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-
se – Prova A / UEG/2008). A Revolução de 1930 pode
ser analisada pela visão modernizadora que apresentava,
em termos da Administração Pública no Brasil, críticas
ao modelo oligárquico, até então vigente. Em Goiás, a
revolução teve seus representantes, que assumiram o
comando do Estado em nome de tal modernização. Des-
de então, vários acontecimentos promoveram mudanças
na administração política de Goiás, de 1930 até os dias
atuais. Pode-se assim identificar, respectivamente, os se-
guintes grupos políticos, no comando do governo do Es-
tado nesse período:
A) ludoviquismo, irismo, governos militares e marco-
nismo.
B) ludoviquismo, governos militares, irismo e marco-
nismo.
C) governos militares, ludoviquismo, irismo e marco-
nismo.
D) governos militares, ludoviquismo, marconismo e
irismo.
20. (SANEAGO/GO – Advogado – UEG/2008).
Ao longo da história do estado de Goiás foram utilizados
vários critérios para dividi-lo em regiões. Inicialmente, a
organização das regiões obedecia a critérios principal-
mente naturais (vegetação, hidrografia e relevo, entre ou-
tros). A regionalização utilizada atualmente pelo IBGE
foi estabelecida em 1991 e tem como referência, princi-
palmente, as características econômicas dos diferentes
municípios. Por sua vez, o governo do estado de Goiás,
por meio da Secretaria de Planejamento, também criou
sua própria regionalização para o estado. A existência de
diferentes regionalizações para o estado de Goiás NÃO
pode ser explicada
A) pela escassez de informações científicas e estatísti-
cas, produzidas por universidades e órgãos de pes-
quisa, disponíveis sobre o estado de Goiás.
B) pelo fato de existirem diversas possibilidades de
agrupar os locais do estado, segundo objetivos defi-
nidos por cada órgão.
C) pela existência de uma grande diversidade cultural,
econômica e natural, que não poderia ser abarcada
utilizando-se um único critério de regionalização.
D) pela dificuldade de haver concordância entre os di-
ferentes órgãos, dada a multiplicidade de interesses
das diversas instituições que estabelecem regionali-
zações para fins de planejamento.
21. (SANEAGO/GO – Advogado – UEG/2008).
Os tropeiros
registram o nascimento
da já desaparecida
Roncador de Goiás.
Ali se registrava
o grosso comércio
da feira de burros
e das muladas
vindas das Minas Gerais.
VAZ, Coelho. Diário de tropeiro: poemas.
Goiânia: Kelps, 2002. p. 45.
O poema é sobre os tropeiros, os principais respon-
sáveis pelo transporte de mercadorias no século XIX e
parte do século XX em Goiás. Sobre a relação dos meios
de transportes com a economia goiana desse período, é
INCORRETO afirmar:
A) O principal produto de exportação era o gado vivo,
que, por se autotransportar, supria as carências de
meios de transporte da época.
B) Os principais produtos importados por Goiás, no
século XIX, eram o sal, o ferro e a pólvora, trans-
portados basicamente pelos tropeiros.
C) O papel decisivo dos tropeiros na economia durou
até a construção da estrada de ferro, no século XX,
quando se dinamizou a economia agropecuária goi-
ana.
D) As principais trocas comerciais de Goiás eram feitas
com o Pará, através dos rios Araguaia e Tocantins,
rios amplamente navegáveis.
22. (IQUEGO/ Assistente Administrativo/UEG
/2005). Os enunciados abaixo tratam da modernização
no campo em Goiás. Leia-os atentamente e marque a
CORRETA:
A) A modernização da agricultura em Goiás é resulta-
do da expansão do capitalismo no campo. Essa mo-
dernização aumentou o deslocamento migratório de
produtores rurais para o Estado, especialmente os
grandes fazendeiros das regiões Nordeste e Norte
do país.
B) A soja, tida como um dos principais produtos agrí-
colas goianos, foi introduzida junto com a moderni-
zação da agricultura e é cultivada em todo o estado,
especialmente, nas regiões norte e nordeste de Goi-
ás.
C) A modernização da agricultura goiana proporcio-
nou, no final do século XX, o reaparecimento das
antigas fazendas de engenho que dinamizaram o
comércio da terra e melhoram as condições salariais
do trabalhador no campo.
D) Nas atividades produtivas intensivas, a tecnologia
avançada, a ocupação de toda área de propriedade e
a utilização de mão-de-obra especializada são fato-
res que caracterizam a modernização no campo.
23. (IQUEGO/ Assistente Administrativo/UEG
/2005). Assinale a proposição que justifique o cresci-
mento da industrialização no Estado de Goiás:
A) A descentralização econômica e industrial brasileira
e a implantação em Goiás de infraestrutura (por
exemplo: ampliação e pavimentação de rede viária e
expansão de rede de energia elétrica) são os princi-
pais fatores que proporcionaram o desenvolvimento
da indústria em Goiás.
B) Os projetos do governo federal que incentivaram a
implantação industrial e a transformação das indús-
trias de extrativismo mineral e vegetal em indústria
de produtos alimentícios, especialmente aquelas lo-
calizadas no norte do Estado, são os fatores que
promoveram o aumento da industrialização em
Goiás.
29
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) O alto índice de desemprego e a criminalidade im-
pulsionaram o governo do Estado de Goiás a criar,
nos anos de 1990, programas de incentivos para ins-
talação de indústrias nacionais e internacionais, com
a finalidade de geração de novos empregos.
D) A mão-de-obra especializada, o desenvolvimento
do setor econômico terciário e a criação de cidades
tecnopólos proporcionaram a implantação de indús-
trias em Goiás, especialmente aquelas ligadas ao tu-
rismo e ao lazer.
24. (IQUEGO/Assistente Administrativo/UEG
/2005). Sobre o fluxo migratório no Estado de Goiás é
INCORRETO afirmar:
A) Nos últimos anos, destacou-se em Goiás um consi-
derável fluxo migratório de sulistas, especialmente
os gaúchos, em busca de terras para produção de
grãos nobres, provocando mudança tecnológica e de
relação de trabalho no campo.
B) O fluxo migratório para Goiás dá-se também por
parte da população mais carente que se instala em
Goiânia, nas cidades circunvizinhas e no Entorno de
Brasília. Esse fenômeno migratório é impulsionado,
em grande medida, pela condição socioeconômica
do migrante.
C) Os fluxos migratórios para Goiás têm duas direções:
uma para as regiões pouco povoadas, como o vale
do Araguaia; e outra para regiões metropolitanas,
como o Entorno de Brasília e o Aglomerado Urbano
de Goiânia.
D) O processo migratório em Goiás foi anterior ao sé-
culo XX. Ainda nos séculos XV e XVI, havia mi-
gração de paulistas e, especialmente, paranaenses
para as regiões sul e sudeste do Estado de Goiás,
com a finalidade de produção de grãos.
25. (IQUEGO/Assistente Administrativo/UEG
/2005).
Meu Goiás, meu Goiás
Terra do Anhanguera
E dos Carajás
És um tesouro encantado
No coração do Brasil
És privilegiado
Por riquezas mil
Toda Pátria te bendiz, Goiás.
(Nini Araújo. Meu Goiás)
Sobre o povoamento branco de Goiás no século
XVIII, é CORRETO afirmar:
A) Bartolomeu Bueno da Silva, sertanista protetor dos
índios, foi o primeiro branco a chegar a Goiás.
B) Goiás ainda pode ser chamado de “Terra dos Cara-
jás”, tendo em vista a alta representatividade dos
indígenas na demografia goiana.
C) A busca de riquezas minerais estimulou os bandei-
rantes paulistas a ocuparem o Centro-Oeste brasilei-
ro.
D) Pode-se afirmar que a Igreja Católica e a Coroa Por-
tuguesa apoiaram as “guerras de extermínio” movi-
das contra os indígenas em Goiás.
26. (IQUEGO/ Assistente Administrativo/UEG
/2005). Entre 1920-1929, o gado vivo significou quase a
metade de todas as exportações e 27,69% da arrecada-
ção total do Estado.
MORAES, Maria Augusta de Sant´Anna; PALACIN, Luís. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG. p.
92.
Sobre a economia goiana, marque a alternativa
CORRETA.
A) A grande importância da pecuária em Goiás, na dé-
cada de 1920, deve-se principalmente à adoção da
pecuária intensiva por parte dos criadores, aumen-
tando, com isso, a produtividade.
B) O predomínio da pecuária na economia goiana no
século XIX e parte do XX foi acompanhado de re-
lações de trabalho arcaicas no campo, com predo-
mínio do clientelismo.
C) A pavimentação das rodovias na década de 1920
contribuiu para incrementar as exportações goianas
de carne bovina.
D) Ainda hoje, o gado vivo, principalmente do sudoes-
te, é o principal produto de exportação de Goiás.
27. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superi-
or/UEG/2005). Sobre os aspectos físicos do Estado de
Goiás, assinale a alternativa CORRETA:
A) O Araguaia é um dos principais rios goianos que
deságua no rio Tocantins, na região do Bico do Pa-
pagaio.
B) A bacia hidrográfica Paranaíba, localizada na região
nordeste de Goiás, é responsável pelo abastecimen-
to de água potável do estado.
C) O Sistema biogeográfico do Cerrado caracteriza-se
como mosaico e ocupa uma grande extensão de
Goiás.
D) Alguns dos relevos do Estado de Goiás têm forma-
ções exóticas que proporcionam o turismo ecológi-
co, como os da Serra dos Pirineus e os da muralha
de Paraúna.
28. (IQUEGO/Técnico de Nível Superi-
or/UEG/2005). Leia atentamente as questões abaixo e
marque a proposição INCORRETA:
A) A regionalização do Estado deu-se pelas mesorregi-
ões e microrregiões que englobam vários municí-
pios goianos e foram criadas para facilitar a implan-
tação e o desenvolvimento de políticas públicas em
Goiás.
B) Para regionalizar o Estado de Goiás, o Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) criou cinco
mesorregiões e 18 microrregiões geográficas.
C) A Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás
(Seplan) regionalizou o estado em 10 áreas. Como
exemplo, podem-se citar: região metropolitana, sul,
noroeste e sudoeste goianos.
D) A regionalização de Goiás ocorrida nos anos de
1970 proporcionou o aparecimento de políticas pú-
blicas que solucionaram problemas socioeconômi-
cos, especialmente os das microrregiões do nordeste
do Estado.
30
Realidade Étnica do Estado de Goiás
29. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superi-
or/UEG/2005). “[...] a mudança da capital não é ape-
nas um problema na vida de Goiás. É também a chave, o
começo da solução de todos os demais problemas. Mu-
dando a sede de Governo para um local que reúna os
requisitos de cuja ausência absoluta se [ressente] a ci-
dade de Goiás, teremos andado meio caminho na dire-
ção da grandeza desta maravilhosa unidade Central.”
(Relatório apresentado por Pedro Ludovico Teixeira
ao presidente Getúlio Vargas em 1934. In: PALACÍN, Luis. Fundação de Goiânia e desenvolvimento de Goi-
ás. Goiânia: Oriente, 1976. p. 44)
Com relação à mudança da capital de Goiás na dé-
cada de 1930, marque a alternativa INCORRETA:
A) De acordo com o texto citado, para Pedro Ludovico
o objetivo explícito da mudança da Capital era
promover o desenvolvimento de Goiás. No entanto,
implicitamente, visava criar um novo centro de po-
der, afastando-se de seus adversários políticos.
B) Em termos econômicos, a construção de Goiânia foi
uma estratégia utilizada por Pedro Ludovido Teixei-
ra para promover o desenvolvimento socioeconômi-
co do Estado de Goiás.
C) Ao afirmar que a cidade de Goiás não reunia condi-
ções para propiciar o desenvolvimento econômico
de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira equivocou-se.
No século XIX, graças à exploração aurífera, Goiás
era um dos estados mais desenvolvidos do Brasil.
D) A construção de Goiânia expressou o desejo reno-
vador advindo com a Revolução de 1930. Os revo-
lucionários aspiravam romper com o passado, com
as tradições e com o atraso representado pela cidade
de Goiás.
30. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superior/UEG/
2005).
PALACIN, GARCIA, AMADO. História de Goiás em documentos. (I. Colônia). Goiânia: Editora da UFG,
1995. p. 62.
A assertiva que interpreta CORRETAMENTE o
gráfico é:
A) O declínio demográfico, a partir de 1790, foi conse-
quência direta da redução da atividade aurífera em
Goiás, o que provocou a migração da população en-
volvida na atividade mineradora para outras regiões.
B) A diminuição da população em Goiás, a partir da
década de 1790, foi decorrente da participação de
Goiás na Guerra do Paraguai.
C) Na última década do século XVIII, Goiás foi afeta-
do pela epidemia de varíola, que provocou grande
mortandade em Meia Ponte e Jaraguá, explicando
assim a redução da população.
D) A redução da população no início do século XIX
explica-se pelo fato de Goiás ter perdido a populosa
região do Triângulo Mineiro para Minas Gerais.
31. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superior/UEG/
2005). Líder de um movimento messiânico que muitos
pesquisadores comparam a Canudos de Antônio Conse-
lheiro, Benedicta Cipriano, a Santa Dica, tem seu cente-
nário de nascimento comemorado nesta semana. Tida
como santa pelos moradores de Lagolândia, Dica reuniu
em torno de si, nos primeiros anos da década de 1920,
uma legião de seguidores e logo passou a ser vista como
uma ameaça pelo governo e pela Igreja. Ela já inspirou
filmes e livros e sua memória é lembrada no decorrer
desta semana em vários eventos.
O POPULAR, Goiânia, 10 abr. 2005.
Sobre esse importante movimento social ocorrido
em Goiás é CORRETO afirmar:
A) A Igreja Católica não apoiou o movimento político
em torno de Santa Dica, mas reconheceu seus mila-
gres, conseguindo sua canonização junto ao Vatica-
no.
B) O Movimento de Santa Dica foi consequência do
intenso processo de urbanização ocorrido em Goiás
na década de 1920.
C) Movimentos messiânicos expressam a religiosidade
do homem rural, entrando, assim, em contradição
com as práticas ortodoxas pregadas pela Igreja Ca-
tólica.
D) Santa Dica e seus adeptos auxiliaram a Coluna
Prestes na sua passagem por Goiás. Por isso, o mo-
vimento foi combatido pela Força Pública do Esta-
do.
32. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial
PM/UEG/ 2005). O coronelismo foi a expressão do po-
der local na Primeira República. Sobre a estrutura de po-
der nesse período analise as assertivas abaixo e escolha a
alternativa CORRETA:
I. O coronelismo apresentava-se como uma resposta à
ausência do Estado. O poder familiar e pessoal as-
segurava a dominação tradicional, uma vez que ine-
xistia uma ordem, propriamente, republicana.
II. A partir de 1912, o poder em Goiás esteve concen-
trado nas mãos do domínio familiar (Caiados), que
gerava, além de deputados e senadores, leis que
atendiam, sobretudo, aos interesses particulares.
III. A partir de 1937, iniciou-se uma renovação política
que afirmou a primazia do Estado diante dos inte-
resses particulares, mas sob um regime político di-
tatorial, incapaz, portanto, de afirmar o sentido de-
mocrático do ideário republicano.
A) São corretas apenas as assertivas I e II.
B) São corretas apenas as assertivas II e III.
C) São corretas apenas as assertivas I e III.
D) Todas as assertivas são corretas.
31
Realidade Étnica do Estado de Goiás
33. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial
PM/UEG/ 2005). Hugo de Carvalho Ramos abriu cami-
nho para uma geração de escritores que pensaram Goiás
como região.
Nessa direção, a literatura elabora os elementos da
cultura e da identidade goiana. Analise as assertivas
abaixo e responda:
I. Hugo de Carvalho Ramos, em seus contos, apresen-
ta como elemento fundamental de sua obra as trans-
formações sociais ocorridas em Goiás com o avanço
da urbanização decorrente da presença dos tropei-
ros.
II. Bernardo Elis enfatiza a presença da violência e
da exploração sobre o trabalhador rural no romance
O tronco.
III. Cora Coralina, em sua poesia, evoca o passado co-
mo libertação, focalizando a vida que se desenvol-
via livre dos preconceitos e do moralismo próprios
da cidade grande.
A) São corretas apenas as assertivas I e II.
B) São corretas apenas as assertivas II e III.
C) São corretas apenas as assertivas I e III.
D) Apenas a assertiva II está correta.
34. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial
PM/UEG/ 2005). A cidade de Pirenópolis tem na Festa
do Divino uma das suas principais atrações. Na relação
entre festa e cultura pirenopolina, destaca-se
A) a preservação de uma tradição cultural recriada nos
festejos que atraem turistas de todas as partes do
Brasil.
B) o culto de tradições culturais seculares imunes às
influências do comércio e do turismo.
C) a ruptura com a tradição cultural marcada pela con-
tínua invenção de novos rituais voltados para o
mercado turístico.
D) a espontaneidade dos festejos que são recriados li-
vremente pela população sem apelo ao seu suposto
sentido original.
35. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial
PM/UEG/ 2005). Na década de 1960, o intenso clima de
disputa ideológica resultou no golpe que derrubou o go-
verno de João
Goulart, impondo um novo modelo político ao país.
Analise as assertivas abaixo e responda.
I. O compromisso do governo Goulart com as refor-
mas de base, principalmente a agrária, motivou a
mobilização militar para a derrubada do governo.
II. O movimento que derrubou o presidente Goulart
pode ser caracterizado como golpe militar, uma vez
que não contava com apoio algum da sociedade ci-
vil.
III. O governador Mauro Borges foi cassado por exi-
gência dos setores conservadores que identificavam
no planejamento econômico e no projeto de reforma
agrária (combinado agrourbano de Arraias) influên-
cias “esquerdistas”.
A) São corretas as assertivas I e II.
B) São corretas as assertivas II e III.
C) São corretas as assertivas I e III.
D) Todas as assertivas são corretas.
36. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial
PM/UEG/ 2005). Na década de 1980, a campanha das
Diretas Já empolgou o país. Acerca desse período é IN-
CORRETO afirmar que:
A) A campanha foi planejada como uma etapa do pro-
cesso de abertura, que propunha a progressiva reti-
rada dos militares do poder, conservando, por outro
lado, a integridade e o papel das forças armadas no
novo regime.
B) A campanha foi o resultado de forças heterogêneas
que buscavam, pelo voto, impulsionar o lento ritmo
do processo de abertura política.
C) A empolgação popular foi incapaz de garantir a
aprovação da emenda Dante de Oliveira, mas abriu
espaço para a negociação política em torno da elei-
ção do presidente Tancredo Neves.
D) Em Goiás, o retorno de antigas lideranças mobili-
zou o eleitorado, abrindo uma nova etapa de conso-
lidação do Partido do Movimento Democrático Bra-
sileiro (PMDB) em torno da figura de Íris Rezende.
37. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). Sobre
o povoamento do território goiano no século XX, é IN-
CORRETO afirmar:
A) O processo de ocupação do Mato Grosso Goiano foi
estimulado pela descoberta de veios auríferos na ci-
dade de Bela Vista de Goiás.
B) A estrada de ferro exerceu significativa influência
nas primeiras décadas do século XX, especialmente
no sul de Goiás.
C) A edificação de Brasília, durante a década de 1950,
provocou um intenso fluxo migratório para as regi-
ões que circundavam a Capital Federal.
D) A construção da Belém–Brasília favoreceu o surgi-
mento de inúmeras cidades no norte de Goiás.
38. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). De
acordo com os dados do quadro sobre as microrregiões
goianas selecionadas, assinale a alternativa INCORRE-
TA:
32
Realidade Étnica do Estado de Goiás
A) A microrregião de Goiânia, entre as citadas, é a
mais povoada.
B) A microrregião da Chapada dos Veadeiros, entre as
citadas, é a menos povoada.
C) A microrregião de Porangatu, entre as citadas, é a
menos povoada.
D) A microrregião de Anápolis, entre as citadas, é a
segunda mais povoada.
39. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). As
microrregiões goianas têm importância econômica dife-
renciada no cenário regional do Estado de Goiás.
Sobre a importância das microrregiões, é INCOR-
RETO afirmar:
A) A microrregião do sudoeste Goiano destaca-se, en-
tre outros motivos, pela produção de grãos.
B) A microrregião de Goiânia destaca-se, entre outros
motivos, pela elevada produção de grãos.
C) A microrregião do Entorno de Brasília destaca-se,
entre outros motivos, pela concentração populacio-
nal.
D) A microrregião de Catalão destaca-se, entre outros
motivos, pela produção agrícola e pelo setor mine-
ral.
40. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). No
início dos anos 1930, a comissão organizada para anali-
sar um local adequado para ser construída a nova capital
de Goiás, escolheu o município de Campinas. Todos os
fatores a seguir foram relevantes para a escolha, EXCE-
TO:
A) Abundância de recursos hídricos
B) Topografia pouco acidentada
C) Proximidade do traçado previsto da estrada de ferro
D) Concentração demográfica elevada
41. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-
cólogo/UEG/2006). De acordo com a interpretação do
mapa sobre a oferta de produtos na Central de Abasteci-
mento de Goiás S.A. (Ceasa) e o conhecimento sobre a
agricultura goiana, assinale a alternativa INCORRETA:
A) A elevada participação da microrregião do sudoeste
goiano na oferta da Ceasa confirma o seu forte peso
na produção de hortifrutigranjeiros do Estado de
Goiás.
B) Entre os produtos ofertados pela microrregião de
Goiânia, podem ser destacados: folhas, quiabo,
abobrinha, ovos de Bela Vista de Goiás, Guapó e
Inhumas, além de outros produtos.
C) O consumo de hortifrutigranjeiros é maior nos am-
bientes metropolitanos, fato que justifica a destaca-
da participação da microrregião de Goiânia na ofer-
ta da Ceasa.
D) A significativa participação da microrregião de
Anápolis na oferta da Ceasa está relacionada com a
produção de tomate, pepino, quiabo, entre outras
culturas.
42. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-
cólogo/UEG/2006). A Região Metropolitana de Goiânia
foi criada pela Lei Complementar n. 27, de 30 de de-
zembro de 1999. Entre seus objetivos estão aqueles de
pensar políticas governamentais para os municípios que
se encontram integrados social e economicamente a Goi-
ânia. Sobre a Região Metropolitana de Goiânia, é IN-
CORRETO afirmar:
A) O município de Aparecida de Goiânia é aquele que
se encontra mais integrado ao município de Goiâ-
nia, uma vez que as fronteiras dos dois municípios
chegam a se confundir, especialmente no limite sul
de Goiânia.
B) Os municípios de Senador Canedo e Trindade en-
contram-se integrados ao sistema de transporte co-
letivo da Região Metropolitana de Goiânia, o que
facilita o deslocamento de pessoas que moram nes-
33
Realidade Étnica do Estado de Goiás
ses municípios e trabalham e/ou estudam em Goiâ-
nia.
C) O terminal Padre Pelágio, no extremo oeste da ave-
nida Anhanguera, integra Goiânia ao município de
Trindade, via transporte coletivo.
D) As políticas de uso e regulação do solo urbano na
Região Metropolitana de Goiânia são definidas e
executas em comum acordo com todos os municí-
pios.
43. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-
cólogo/UEG/2006). A partir dos anos 1980, incorpora-se
cada vez mais na sociedade goiana a consciência da im-
portância da proteção ambiental e do resgate das tradi-
ções históricas. Qual das alternativas abaixo NÃO está
relacionada a essa mudança de mentalidade?
A) A proliferação de hotéis-fazenda no entorno de
Goiânia, uma mistura do moderno (hotel) com o
tradicional (fazenda).
B) A proliferação dos shoping centers, uma forma de
aliar comércio, lazer e conforto, desvinculada do
consumismo capitalista.
C) O surgimento do Festival de Cinema e Vídeo Am-
biental na Cidade de Goiás (Fica), aliando tradição
histórica com ecologia.
D) A expansão dos condomínios horizontais fechados
em Goiânia, demonstrando a preocupação das clas-
ses altas em aliar segurança com qualidade de vida.
44. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-
cólogo/UEG/2006). No ano de 2001, a Cidade de Goiás
foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Huma-
nidade. Todas as alternativas a seguir foram importantes
para escolha do título, EXCETO:
A) O fato de o centro histórico ser um dos poucos
exemplos conservados da arquitetura colonial brasi-
leira no centro do país.
B) A mobilização da população da cidade em prol do
reconhecimento de suas tradições, destacando-se o
Movimento Pró-Cidade de Goiás.
C) A imponência e o luxo de sua arquitetura colonial,
idêntica à das cidades históricas mineiras, como
Ouro Preto e Vila Rica.
D) Os altos investimentos do poder público federal e
estadual na recuperação e manutenção dos monu-
mentos do centro histórico.
45. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-
balho/UEG/2006). Durante a República Velha, a políti-
ca goiana foi marcada pelo controle do poder político por
algumas famílias, destacando-se a família Bulhões e a
família Caiado. A sustentabilidade do poder dessas famí-
lias baseava-se
A) nas classes médias urbanas das principais cidades
goianas, como Catalão, Anápolis e a capital.
B) no regime do voto censitário, o que restringia o voto
de 90% da população goiana.
C) no equilíbrio entre os poderes Legislativo, Judiciá-
rio e Executivo, garantido pela Constituição Fede-
ral.
D) em uma aliança política com os fazendeiros do inte-
rior, os quais, em troca, indicavam os ocupantes dos
cargos de nível local (juiz-de-paz, juiz-de-direito,
promotor, delegado etc.).
46. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-
balho/UEG/2006). O acidente com o césio-137 (1987)
traumatizou a cidade de Goiânia. O governador de Goiás
na época era
A) Henrique Santillo.
B) Joaquim Roriz.
C) Íris Rezende Machado.
D) Maguito Vilela.
47. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-
balho/UEG/2006). O desenvolvimento econômico foi
um sonho sempre presente naqueles que administraram
Goiás nos últimos três séculos. No entanto, o desenvol-
vimento econômico feito à revelia dos cuidados com o
meio ambiente pode trazer riscos e custos sociais incal-
culáveis. Sobre esse assunto, é CORRETO afirmar:
A) O fato de a economia pecuária do século XIX não
ter provocado danos ambientais em Goiás explica-
se pelo fato de o gado ser criado confinado, não
desgastando as pastagens naturais do Cerrado.
B) A cidade de Minaçu é destaque na produção inter-
nacional do amianto crisotila, mineral utilizado na
produção de telhas e caixas d´água, cujo uso é de-
fendido por ambientalistas por possibilitar a eco-
nomia do minério de ferro.
C) A atividade mineradora que se desenvolveu em
Goiás no século XVIII, além de utilizar o perigoso
mercúrio na purificação do ouro, ocasionou erosões
e assoreamento dos córregos auríferos.
D) A soja, produto largamente produzido em Goiás nos
últimos anos, é benéfica para o ambiente do cerra-
do, pois, além de oxigenar o solo, seu cultivo, dife-
rentemente do arroz, quase não necessita de fertili-
zantes e agrotóxicos.
48. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-
balho/UEG/2006). O povoamento do território goiano,
ao longo dos quatro últimos séculos, ocorreu de forma
esparsa e irregular, respondendo, de maneira geral, ao
impulso das atividades econômicas, com destaque para o
ouro, as atividades agropastoris e as políticas de inter-
venção territorial do Estado. Sobre o surgimento das ci-
dades goianas, é INCORRETO afirmar:
A) A cidade de Pirenópolis e a cidade de Anápolis ori-
ginaram-se da atividade mineradora, no período co-
lonial.
B) O surgimento da cidade de Goiás, antiga capital do
Estado, foi resultado direto da mineração do ouro
no período colonial.
C) A cidade de Piracanjuba, localizada na microrregião
do Meia Ponte, teve sua origem relacionada ao pou-
so de tropas, daí seu nome original “Pouso Alto”.
D) A cidade de Ceres, localizada no vale do São Patrí-
cio, teve sua origem relacionada à colonização agrí-
cola.
34
Realidade Étnica do Estado de Goiás
49. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-
balho/UEG/2006). Sobre o bioma Cerrado, é INCOR-
RETO afirmar:
A) Os estratos inferiores do cerrado, constituídos por
gramíneas, são mais utilizados e adequados para a
pecuária.
B) A cobertura vegetal do Cerrado é heterogênea do
ponto de vista dos estratos arbóreos.
C) Em razão de sua fertilidade natural, os solos do Cer-
rado foram bastante utilizados para a agricultura in-
tensiva.
D) A gabiroba, o araticum, o gravatá, o pau-terra, a ca-
gaiteira são espécies típicas do Cerrado.
50. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006).
PREÇO MÉDIO DOS PRODUTOS PRATICADOS NO
ATACADO NA PROVÍNCIA DE GOIÁS – 1860-1865
BRETAS, Genesco Ferreira. História da instrução pública em Goiás. Goiânia: UFG, 1991. p. 242.
Levando em consideração o conhecimento da eco-
nomia goiana nos dois últimos quartéis do século XIX e
a tabela citada, assinale a alternativa CORRETA:
A) É possível afirmar que a produção pecuária goiana,
por causa das dificuldades de escoamento, era des-
tinada exclusivamente ao mercado interno.
B) O alto custo do sal derivava das dificuldades de im-
portação, visto que Goiás era uma província isolada
na época.
C) O baixo preço do arroz relacionava-se com a sua al-
ta produção, estimulada pela exportação desse pro-
duto pela ferrovia em Goiás.
D) O baixo preço dos subprodutos da mandioca de-
monstrava a sua pouca influência na dieta das ca-
madas mais pobres da população.
51. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006). O
Araguaia, o Berocan dos índios Carajá, ou Rio Grande
da época dos primeiros bandeirantes que o percorreram e
o exploraram, nasce no interior da grande depressão peri-
férica que constitui um dos contrafortes da Serra do Cai-
apó, na fronteira com Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul a uma altitude de 800 metros, cerca de 200 metros
abaixo da linha de cumeada da superfície de Pratinha a
que se refere o geólogo Fernando de Almeida. Percorre
pouco mais de 1.800 quilômetros, em sentido Norte-Sul
até desaguar no Rio Tocantins, no Bico do Papagaio, em
frente às cidades de Esperantina, no Tocantins, e de São
João do Araguaia, no Pará.
Gomes, H.; Teixeira Neto, A. Geografia: Goiás – To-
cantins. 2.ed., Goiânia: Editora da UFG, 2004. p. 158.
O texto citado faz referências a dois dos principais
rios goianos. Com base no conhecimento da hidrografia
goiana, assinale a alternativa CORRETA:
A) O rio Araguaia sofre graves agressões ambientais
no território goiano, destacando-se o processo de
erosão e a poluição de suas nascentes, localizadas
no sudoeste goiano.
B) As feições do rio Araguaia mudam completamente
com as chuvas tropicais de verão, surgindo, nesse
período, inúmeras praias que impulsionam a ativi-
dade turística.
C) Um grande número de atividades econômicas são
desenvolvidas ao longo do rio Araguaia, entre as
quais podem ser citadas a produção de energia elé-
trica, com destaque para a hidroelétrica de Cana
Brava e Lajeado.
D) O Araguaia é caracterizado como um rio de planal-
to, ao contrário do Tocantins, que é um rio de planí-
cie.
52. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006).
A Igreja da Boa Morte, construída no final do sécu-
lo XVIII, funciona, atualmente, como Museu da Arte-
Sacra, sendo um dos importantes monumentos integran-
tes do centro histórico da Cidade de Goiás.
Disponível em : <www.eco.tur.br/.../ goi-
as/historia/default.htm>. Acesso em: 22 nov. 2005. [Adaptado].
Sobre essa construção é CORRETO afirmar que
A) a altura de sua fachada demonstra a influência exerci-
da pelo estilo goticomedieval em Goiás.
B) a sua dimensão horizontal demonstra o papel secundá-
rio que a população goiana relegava aos assuntos reli-
giosos.
35
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) o seu nome, “Boa Morte”, indica o propósito de sua
construção: servir exclusivamente para o sepultamento
de membros da elite de Goiás.
D) os detalhes de sua fachada demonstram a influência
que o barroco exerceu em Goiás, embora sem o mes-
mo esplendor das igrejas barrocas mineiras.
53. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006). “Um
escravo de Francisco Manoel Vieira, negociante desta praça
[Cidade de Goiás], recolhido à Cadeia por ordem de seu
Senhor, em virtude de mau comportamento, na manhã de 7
de janeiro, vendo encaminhar-se para a mesma Cadeia um
neto daquele negociante, lança mão da faca de um preso sa-
pateiro que ali trabalhava, arroja-se a outro preso, que ainda
dormia, embebe-a no coração do infeliz, e o mata; dizem
que com vistas de ficar criminoso, permanecer na prisão, e
subtrair-se assim ao castigo que temia.”
Relatório apresentado à Assembleia Legislativa de
Goiás pelo presidente da província, dr. Antônio Joaquim da
Silva Gomes em 1851. In: TELES, José Mendonça. (Org.).
Memórias goianas 5. Goiânia: Editora da UCG, 1997.
Sobre a convivência entre negros e brancos em Goiás
por volta da metade do século XIX, o trecho supracitado re-
vela que
A) a legislação proibia os senhores de castigarem fisica-
mente os escravos, por isso os escravos eram recolhi-
dos às cadeias como forma de proteção.
B) a escravidão em Goiás incidiu exclusivamente na zona
rural: nas minas de ouro ou nas fazendas de gado.
C) a escravidão requeria um forte aparato coercitivo, pú-
blico e privado, reduzindo as possibilidades de resis-
tência dos escravos.
D) devido à pobreza, a criminalidade dos negros escravos
era infinitamente superior à dos brancos.
54. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/
2012) Iris Rezende recebeu uma formação política e uma
educação familiar que o diferencia dos políticos em ativida-
de no final da década de 1960. Com a disposição para co-
nhecer o novo, ele abriu-se à liderança inovadora de Mauro
Borges no comando do Estado, no início dos anos 60. Mau-
ro foi seu grande inspirador. Paralelamente, buscou em Pe-
dro Ludovico um mestre hábil, profundo conhecedor da arte
de fazer política, o que faltava em
CUNHA, Cileide Alves. A inserção de Iris Rezende na política
– entre o estilo político de Pedro Ludovico e a gestão inovado-
ra de Mauro Borges. In: FERREIRA, D. P; BEZERRA, H. D.
(Orgs). Panorama da política em Goiás. Goiânia: Ed. Da
UCG, 2008. p. 11 – 12.
relação política do ex-governador Iris Rezende Machado
com a família Ludovico foi marcada por aproximações e
distanciamentos. Dentre os episódios mais controversos,
destaca-se
A) o apoio de Iris Rezende, então Ministro da Agricultu-
ra, ao candidato Henrique Santillo, que disputou o go-
verno estadual contra Mauro Borges nas eleições de
1986.
B) o conflito interno no PMDB, motivado pela recusa de
Mauro Borges em aceitar a candidatura de Iris Rezen-
de ao governo estadual nas eleições majoritárias de
1982.
C) a aceitação de Iris Rezende ao convite de Dante Un-
garelli, presidente da UDN, partido de oposição a Pe-
dro Ludovico, para disputar um mandato de vereador
em 1953.
D) a cassação de Iris Rezende do cargo de prefeito de
Goiânia, realizada pelos militares em 1968, em repre-
sália à resistência de Mauro Borges ao Golpe Militar
de 1964.
55. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/ 2012)
Tentaremos mostrar a seguir porque foi preciso buscar fora
do estado a mão de obra para a construção civil, e a vida
dos operários na edificação de uma nova Capital que viria a
trazer o “progresso” para os proprietários de terra, para os
grupos oligárquicos e para os capitalistas em geral.
CHAUL, Nasr N. Fayad. A construção de Goiânia e a transfe-
rência da capital. Goiânia: CEGRAF, 1988. p. 111.
O fato de que parte considerável dos operários e técni-
cos que trabalharam na construção de Goiânia foi trazida de
fora do estado se explica porque
A) o projeto de construção de uma nova capital era im-
popular para os muitos entusiastas das tradições da an-
tiga Vila Boa de Goyaz.
B) o governo dos Caiado investia pouco na qualificação
de mão de obra, inexistindo instituições de Ensino Su-
perior em Goiás nos anos 1920.
C) o conflito gerado pela passagem da Coluna Prestes em
Goiás provocou a desarticulação das escolas de nível
técnico existentes no estado.
D) o maior contingente da população de Goiás era de tra-
balhadores rurais, sem a experiência e o conhecimento
técnico necessários para obras de maior vulto.
56. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/ 2012)
As minas eram, assim, uma espécie de colônia dentro da co-
lônia [...] isso nos explica o pouco desenvolvimento da la-
voura e da pecuária em Goiás, durante os cinquenta primei-
ros anos; todos os esforços de capital e de mão de obra de-
veriam concentrar-se na mineração. Tal sistema não se de-
via exclusivamente aos desejos e à política dos dirigentes;
era também decorrente da mentalidade do povo.
PALACÍN, Luís; MORAES, Maria Augusta de Sant’anna. His-
tória de Goiás (1722-1972). Goiânia: Ed. da UCG,1994. p. 16.
A sociedade goiana desenvolveu códigos sociais bas-
tante peculiares durante o Ciclo do Ouro. A profissão de um
indivíduo determinava seu prestígio, a partir das necessida-
des e prioridades específicas da época. De acordo com a
mentalidade popular do século XVIII
A) o vaqueiro era desprezado, pois tratava-se
apenas de um transportador das riquezas produzidas.
B) o roceiro era considerado importante, pois era o
único que produzia alimento na região das minas.
C) a profissão de mineiro era considerada a mais hon-
rosa, tendo o mais alto status social na capitania.
D) a atividade de coletor de impostos gozava de gran-
de popularidade, uma vez que representava a Coroa.
57. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/
2012) A partir da década de 1970, Goiás passou por um
intenso processo de urbanização, em decorrência da mo-
dernização da agricultura. A consequência foi uma con-
figuração territorial atualmente caracterizada por
A) existirem menos de dez cidades no estado que pos-
suem uma população superior a 100 mil habitantes.
B) concentrar nos 5 maiores núcleos urbanos de Goiás
mais de 70% da sua população total.
36
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) concentrar na região metropolitana de Goiânia mais
de 70% da população total do estado.
D) existir ainda um alto índice de população rural, que
atinge cerca de 50% da população do estado.
58. (PM-GO/ Soldado Policial Militar/UEG/
2012) Goiás apresentou, a partir da década de 1970, um
acelerado aumento na produção agrícola, o que contribu-
iu para que o estado se tornasse um grande exportador de
grãos para o mercado exterior. Um fator que contribuiu
para isso foi
A) a criação de colônias agrícolas e assentamentos po-
pulares no estado, que passou a cultivar grãos em
larga escala.
B) a existência de grandes bacias hidrográficas que
permitiram a expansão das lavouras irrigadas no su-
doeste goiano.
C) a expansão do cultivo nas grandes extensões de so-
los sobre chapadões planos e o clima favorável aos
cultivos de verão.
D) a implantação de políticas públicas de incentivo à
produção agrícola voltadas principalmente para o
pequeno e médio produtor.
59. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). A in-
tensificação [modernização] é um processo que consiste
em se buscar ganhos via aumento de insumos, por uni-
dade de área cultivada, por meio do emprego maciço de
inovações técnicas. FARIA, M. E. Agricultura Moderna, Cerrados e Meio Ambiente. In: DU-
ARTE, L. M. G. e BRAGA, M. L. S. (Org). Tristes Cerrados: sociedade e
biodiversidade. Brasília: Paralelo 15, 1998. p.157.
O texto faz referência à modernização da agricultu-
ra, em que o uso das inovações técnicas constitui a base
da produção. Sobre a modernização da agricultura goia-
na, implementada a partir da “Revolução verde”, até o
ano de 1990, percebe-se que
A) o pouco avanço nas pesquisas que comprovassem a
eficácia dos insumos impediu seu uso imediato pe-
los pequenos proprietários.
B) o financiamento para compra de insumos agrícolas
concentrou-se entre os grandes proprietários, pro-
movendo aumento na produção.
C) a mecanização agrícola promoveu o aumento do
emprego e da renda dos trabalhadores, permitindo
sua fixação no campo.
D) a política governamental incentivou a mecanização
da pequena propriedade rural de trabalhadores as-
sentados.
60. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). Vários
são os motivos que determinaram o crescimento de Goi-
ânia e das cidades do entorno na década de 1990 [....],
dentre os quais se podem citar as políticas públicas que
serviram de atrativo para essa população migrante. O
crescimento da Região Metropolitana como um todo está
diretamente relacionado com a expansão de Goiânia,
principalmente entre o início da década de 1970 e final
da década de 1980.
FREITAS, C. A. L. L. Goiânia: as perspectivas do pla-
nejamento urbano e contradição com os espaços se-gregados. Revista Plurais. Anápolis-GO, v.1, n.2.
2005, p.85-86 (Adaptado).
O texto faz referência à expansão urbana da região
metropolitana de Goiânia a partir da década de 1990.
Sobre esse tema, o fator que contribuiu para a expansão
dessa região foi
A) a criação de políticas públicas pelo governo de Goi-
ás com o intuito de atrair mão de obra para a indús-
tria goianiense que se instalava na capital.
B) o grande fluxo populacional derivado do êxodo ru-
ral, com migração do homem do campo para a capi-
tal em busca de trabalho e moradia.
C) a existência de movimentos organizados de ocupa-
ção de áreas urbanas que conseguiram garantir a
posse das terras públicas devolutas.
D) o maior rigor da legislação goianiense sobre o par-
celamento do solo em Goiânia, promovendo o des-
locamento do capital imobiliário para os municípios
circunvizinhos.
61. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). O PT
goiano começou sua estruturação em um contexto bas-
tante adverso, pois havia uma polarização entre forças já
enraizadas na política estadual, de um lado o PMDB –
cuja vitória era tida como certa – e de outro, o PDS em
declínio. MIRANDA, Paulo Roberto. As bases do PT em Goiás: estrutura e recru-
tamento político. In: FERREIRA, D. P; BEZERRA, H. D. (Org.). Pano-
rama da política em Goiás. Goiânia: Ed. da UCG, 2008. p. 84
Com a redemocratização brasileira e o retorno do
voto direto, o PT (Partido dos Trabalhadores) quase
sempre foi o 3º colocado nas eleições para governador
em Goiás, durante as décadas de 1980 e 1990. Isso só
não ocorreu nas eleições de
A) 1982, quando Athos Magno assumiu a 2ª posição,
suplantando Otávio Laje.
B) 1986, quando Darcy Acorsi assumiu a 2ª colocação,
suplantando Mauro Borges.
C) 1994, quando Luiz Antônio perdeu a 3ª colocação
para Ronaldo Caiado.
D) 1990, quando Valdi Camarcio perdeu a 3ª coloca-
ção para Iran Saraiva.
62. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). A de-
fesa da construção de Goiânia feita por um de seus prin-
cipais responsáveis – Dr.Armando de Godói – evidencia
com clareza o que se pensava naquele período sobre o
planejamento, especialmente no que tange à obediência
do espaço à razão.
CHAVEIRO, E. F. A urbanização do sertão goiano e a criação de Goiâ-
nia. In. NETO, A. T.; et al. (Org.). O espaço goiano: abordagens geográ-
ficas. Goiânia, Associação dos Geógrafos Brasileiros, 2004. p.113.
O modelo de planejamento urbano proposto por
Armando de Godói para a construção da cidade de Goiâ-
nia foi fortemente influenciado
A) pela Carta de Atenas, manifesto proposto pelos ur-
banistas modernos em 1933, que entendia a cidade
como um organismo funcional, dividida em setores
e privilegiando a presença de áreas verdes.
B) pelo projeto varguista da Marcha para o Oeste,
apoiado por Pedro Ludovico, que considerava Goi-
ânia a capital do cerrado, construindo-a livremente
inspirada no traçado do Rio de Janeiro, então capital
federal.
37
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) pelo Darwinismo Social que dominava o cenário in-
telectual no início do século XX, segundo o qual a
ocupação urbana era entendida como racionalista,
sendo o espaço mais importante que o indivíduo.
D) pela forte presença da Igreja Católica na adminis-
tração pública da época, o que justifica o fato de o
traçado urbano de Goiânia ser inspirado nos traços
visualizados no manto de Nossa Senhora Aparecida.
63. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). No pe-
ríodo republicano, a causa separatista do norte de Goiás
voltou a se manifestar. O crescimento econômico das re-
giões sul e sudoeste, intensificado a partir da chegada
dos trilhos no estado, refletiu-se no aumento das diferen-
ças regionais.
ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás. Goiânia: Vieira, 2005. p. 139.
O texto refere-se aos esforços que culminaram na
criação do estado de Tocantins, em 1988. O novo estado
foi efetivado politicamente
A) pela aprovação de um projeto de lei na Assembleia
Legislativa Estadual, no momento em que a banca-
da de deputados do norte era numericamente supe-
rior à do sul.
B) pela realização de um plebiscito, sob a iniciativa do
governador Henrique Santillo, no qual a população
de Goiás votou favoravelmente à separação territo-
rial.
C) por intermédio de uma campanha suprapartidária,
liderada por Siqueira Campos, que conseguiu a
aprovação da emancipação na constituinte de 1988.
D) por meio de um acordo político-partidário entre os
principais partidos atuantes na época, pelo qual
Goiás ficou sob a hegemonia do PMDB e o Tocan-
tins sob a do PDS.
64. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). “Na
noite do terceiro dia avistamos as rancharias do gentio e
seus fogos: emboscamo-nos no mato para lhe darmos na
madrugada; mas sendo sentidos dos cachorros, que ti-
nham muitos e bons, quando avançamos, nos receberam
com seus arcos e flechas. Não demos um só tiro por or-
dem do cabo, do que resultou fugir-nos quase todo o
gentio, o investir um deles ao sobrinho do cabo com tal
ânimo, que lançando-lhe a mão à rédea do cavalo, to-
mou-lhe a espingarda da mão e da cinta o traçado, e dan-
do-lhe com ela um famoso golpe em um dos ombros e
outro no braço esquerdo fugiu levando-lhe consigo as
armas. [...] É para admirar que em todo este conflito não
fizesse mais ação o nosso cabo que o andar sempre ao
longe e gritando e requerendo-nos que atirássemos só ao
vento para não atemorizar o gentio. Foi Deus servido le-
varmos os ranchos, chovendo sobre nós as flechas e os
porretes”.
A bandeira do Anhanguera a Goyaz em 1722, segundo José Peixoto da Silva Braga. In. Memórias Goianas I.
Goiânia: Editora da UCG, 1982. p. 15.
O texto é um relato do alferes Silva e Braga, que
acompanhou a Bandeira do Anhanguera, no ano de 1722.
Como uma fonte histórica sobre o conflito entre bandei-
rantes e indígenas no século XVIII, a interpretação do re-
lato indica que
A) o uso dos cães domesticados por parte dos indíge-
nas avistados pelos bandeirantes era uma prática
exótica à sua cultura nativa.
B) os indígenas foram derrotados pelos bandeirantes
porque ficaram aterrorizados pelo cavalo e pelas
armas de fogo.
C) os bandeirantes desconheciam os costumes indíge-
nas e procuravam utilizar apenas a força militar pa-
ra subjugá-los.
D) o termo “gentio” denominava os indígenas que per-
tenciam a um aldeamento construído pelos jesuítas
em Goiás.
65. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). Em 15
de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca
proclamou a república, colocando fim ao regime monár-
quico no Brasil. No que se refere a Goiás, o advento da
República significou
A) a instituição de eleições diretas para a escolha do
administrador público, sendo que Guimarães Natal
foi eleito o primeiro presidente do estado.
B) o acirramento do conflito entre liberais e conserva-
dores, sendo que a família dos Bulhões manteve a
hegemonia política nos primeiros anos do novo re-
gime.
C) a manutenção do oficialismo político, sendo que o
Governo Federal continuaria a indicar políticos de
outras regiões para administrar o estado de Goiás.
D) o predomínio de políticos conservadores, ligados à
Igreja Católica, sendo que grande parte dos presi-
dentes de estado pertenceria ao clero.
66. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). O es-
tado de Goiás possui uma rede hidrográfica constituída
por um conjunto de rios que drenam o território goiano
formando suas bacias hidrográficas. Esses rios, além de
constituírem fontes de recursos hídricos para o abasteci-
mento doméstico e industrial, muitas vezes servem ao
papel político. Nesse aspecto, observa-se que
A) o rio Araguaia, com suas nascentes no sudoeste goi-
ano, constitui o principal divisor geográfico entre
Goiás e Mato Grosso.
B) o rio Meia Ponte, formado pela junção dos rios dos
Bois e Corumbá, foi o divisor entre a antiga provín-
cia de Goiás e a província de Minas Gerais.
C) o rio Paranaíba, cujas nascentes localizam-se no en-
torno de Brasília, constitui-se divisor geográfico en-
tre Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
D) o rio Tocantins, formado pela junção dos rios das
Almas e Paranã, serve como principal divisor geo-
gráfico entre Goiás e Bahia.
67. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). Embo-
ra Goiás esteja situado no core do domínio dos cerrados,
este não é o seu único tipo de vegetação. Sobre seu terri-
tório projeta-se também outro tipo específico de vegeta-
ção, que ocupa a segunda maior área em extensão. Esse
tipo fitofisionômico é denominado
38
Realidade Étnica do Estado de Goiás
A) Mato Grosso Goiano, situado na região central do
estado.
B) Floresta Amazônica, no norte e oeste goiano, na di-
visa com Mato Grosso.
C) Mata de cocais, nas proximidades de Minaçu até o
estado de Tocantins.
D) Mata Atlântica, no sul goiano próximo à divisa com
Minas Gerais.
68. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). Ob-
serve o gráfico a seguir.
O gráfico mostra a atividade industrial de transfor-
mação no Brasil e em Goiás. Enquanto no Brasil, entre
os anos de 1995 e 2011, ocorreu uma desaceleração sig-
nificativa dessa atividade em relação ao PIB, em Goiás
houve uma ligeira elevação na participação desse setor
no PIB. Esse crescimento se deve principalmente
A) ao fraco desenvolvimento do setor primário, sobre-
tudo da pecuária e da agricultura, que, em virtude
da legislação ambiental, forçou a criação de novos
empreendimentos industriais ligados ao setor da
mineração.
B) ao declínio da atividade econômica internacional,
decorrente da queda da atividade industrial na Eu-
ropa, Ásia e América do Norte, que, em virtude da
transferência do capital produtivo para o setor fi-
nanceiro, descapitalizou o setor industrial.
C) aos incentivos fiscais proporcionados pelo estado
via programas de apoio industrial, possibilitando
importantes avanços em termos de estímulo a este
setor, promovendo a emergência de novas ativida-
des além de atrair novas indústrias.
D) aos acordos comerciais entre o governo de Goiás e
as empresas montadoras multinacionais, responsá-
veis pela criação de uma rede de empreendimentos
de apoio e consequente aumento na criação de no-
vos empregos.
69. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). O
governo Mauro Borges se firmou em diretrizes planeja-
das – foi o primeiro, em Goiás, a adotar critérios científi-
cos de planejamento, com base no diagnóstico do poten-
cial do Estado e de suas carências, e com respaldo de es-
tudos encomendados à Fundação Getúlio Vargas.
ROCHA, Hélio. Os inquilinos da Casa Verde. Goiânia:
Asa, 2004. p. 99.
O projeto de modernização administrativa de Mauro
Borges fomentou a criação
A) do Plano Mauro Borges, que estabelecia a necessi-
dade de o estado fomentar a iniciativa privada, evi-
tando a criação de estatais que fossem onerosas para
os cofres públicos.
B) de vultosos investimentos em obras de infraestrutu-
ra, como a construção do Autódromo Internacional
de Goiânia e do Estádio Serra Dourada.
C) de parcerias entre os governos federal e estadual,
facilitadas pelo fato de Mauro Borges ter apoiado a
candidatura de Jânio Quadros à presidência nas
eleições de 1961.
D) do Plano de Desenvolvimento, conhecido como
Plano MB, que previa a interferência do Estado em
atividades econômicas onde se sentia a ausência da
iniciativa privada.
70. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). A
guerra ofensiva perpetrada contra os Avá-Canoeiro du-
rou até a década de 1860 (praticamente 100 anos de con-
flitos contínuos entre colonos e indígenas), tendo como
consequência a redução da população.
PEDROSO, Dulce Madalena. Avá-Canoeiro. In. MOURA, Marlene de Castro Ossami de (Org.). Índios
de Goiás: uma perspectiva histórico-cultural. Goiânia:
UCG/Kelps/Vieira, 2006. p. 96.
O texto citado refere-se a um importante grupo in-
dígena de Goiás, os Avá-Canoeiro, praticamente dizima-
dos em decorrência da guerra com os colonizadores. O
motivo desse conflito é decorrente
A) da especificidade da língua macro-jê falada pelos
Avá-Canoeiro, que inviabilizava a sua catequização,
pois destoava da língua geral utilizada pelos jesuítas
para evangelização indígena.
B) do desejo dos colonizadores de apossar-se das terras
habitadas pelos Avá-Canoeiro, já que elas, situadas
na bacia do Rio Vermelho, eram ricas em ouro.
C) do deslocamento da exploração agropecuária para o
norte da Capitania, quando fazendas de gado foram
estabelecidas em território habitado pelos Avá-
Canoeiro.
D) da miscigenação étnica entre os Avá-Canoeiro e os
quilombolas, o que lhes possibilitou condições de
atacar engenhos, colocando em risco o sistema es-
cravista.
39
Realidade Étnica do Estado de Goiás
71. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). Os
120 alforriados e mulatos registrados na capitação de
1741 tinham crescido em 1804 até 23.577, deles 7.992
negros livres e 15.582 mulatos.
PALACIN, Luís. O século do ouro em Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 2001, p. 89.
O texto citado aborda o crescimento do número de
escravos libertos na Capitania de Goiás. O motivo para a
elevação do número de escravos alforriados decorreu da
A) incorporação dos escravos ao aparelho repressor do
sistema escravista, uma vez que os capitães do mato
e os feitores eram escravos libertos.
B) participação dos escravos nas guerras contra os in-
dígenas, o que permitiu que alguns fossem alforria-
dos por ato de bravura.
C) emancipação dos escravos batizados no catolicismo,
uma vez que a tradição religiosa não permitia um
cristão escravizar outro cristão.
D) brecha do sistema escravista, que possibilitava o
trabalho extra de alguns escravos para acumular re-
cursos e comprar a sua liberdade.
72. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). O
regime fluvial do Rio Araguaia [...] está condicionado às
chuvas tropicais de verão, época em que sua feição se
modifica completamente, porque ele transborda e inunda
muitas léguas de praias, reabastecendo lagos que secam
no inverno, alimenta canais, cria ilhas e muda constan-
temente de leito, numa procura constante para firmar-se
em um canal definitivo.
BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H.
Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da UFG, 2004. p. 158.
O texto refere-se ao Rio Araguaia, que é caracteri-
zado por
A) apresentar difícil navegabilidade em decorrência da
redução no volume de água em períodos de estia-
gem, fato que compromete a viabilidade da hidrovia
Araguaia-Tocantins.
B) apresentar nascentes localizadas na fronteira entre
Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e per-
correr cerca de 1.800 quilômetros no sentido Leste-
Norte, tendo como exultório o Rio Tocantins.
C) ser denominado de “Rio Grande” pelos indígenas
Caiapó e ter sido explorado no tempo das bandeiras
para pesca e navegação.
D) ser um rio de planície que não apresenta nenhum ti-
po de barreira natural, como por exemplo cachoei-
ras, corredeiras ou bancos de areia.
73. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012).
Clima e vegetação são componentes da natureza associa-
dos entre si. Por isso, devem ser analisados juntos para
que se possa ter uma visão mais real da totalidade e, as-
sim, mais verdadeira do espaço geográfico estudado.
BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H.
Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da UFG, 2004, 2. ed. p. 137.
Ao tratar da relação entre clima e vegetação, o texto
indica que
A) as diferenciações existentes na estrutura e na com-
posição da vegetação são decorrentes de alterações
no tipo de solo, relevo, no volume de precipitação e
nas formas de uso da terra.
B) a vegetação do Cerrado é composta de paisagens
uniformes, semelhantes àquelas encontradas na ve-
getação savânica.
C) as unidades fitogeográficas do Cerrado goiano são
resultantes de fatores e elementos ecológicos, tais
como: clima, solos e relevo.
D) a ideia de que a “vegetação é o espelho do clima”
remete à impossibilidade de associação da mesma
com os demais elementos ecológicos.
74. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). Ou-
tro empreendimento importante que nasceu do governo
de Mauro Borges foi a tentativa de reforma agrária atra-
vés de uma experiência-piloto: o Combinado Agrourba-
no de Arraias [...]. Nesse caso, talvez as intenções ultra-
passassem, de muito, os meios disponíveis humanos e
materiais.
PALACÍN, Luís; MORAES, Maria Augusta de
Sant‟anna. História de Goiás (1722-1972). Goiânia:
Ed. da UCG,1994. p. 121.
O governador Mauro Borges, procurando amenizar
os problemas do homem do campo, encampou em Goiás
uma experiência não muito bem-sucedida de socialismo
cooperativista com forte influência
A) do modelo de autogestão encontrado no socialismo
iugoslavo.
B) do estilo urbanístico dos bairros semirrurais france-
ses.
C) da estrutura administrativa dos campos de trabalho
poloneses.
D) da organização comunitária dos Kibutz israelenses.
75. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). As
intervenções [federais nos estados] estavam previstas no
artigo 6º da Constituição Federal. O pacto político naci-
onal conferia às situações (oligarquias) o direito de con-
trole estadual – não foi outra senão esta a diretriz política
de Campos Sales com a sua “política dos Estados”. [...]
Sendo uma forma de proceder a mudanças nos quadros
políticos estaduais, elas iam de encontro à autonomia es-
tadual, tida como um dos elementos caracterizadores do
período.
CAMPOS, F. Itami. O coronelismo em Goiás. Goiânia: Ed. Vieira, 2003. p. 49-50.
No tocante a Goiás, no período da República Velha,
o recurso da intervenção federal
A) foi utilizado pela família Bulhões para manter-se no
poder, já que Leopoldo de Bulhões, usando o seu
prestígio como Ministro da Fazenda, conseguiu des-
tituir o grupo de Xavier de Almeida, em 1905.
B) não foi utilizado, apesar de várias solicitações, uma
vez que Goiás era um estado periférico, com baixa
densidade demográfica e fraca economia, tornando-
o pouco significante para o Governo Federal.
40
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) não foi utilizado, já que, por conta da precariedade
dos meios de transportes, não havia tropas federais
estacionadas no estado para promover a destituição
do governo local.
D) foi utilizado apenas em 1927, quando o Governo
Federal destituiu o presidente do estado Brasil Ra-
mos Caiado, por causa do conflito entre o poder
executivo e o Superior Tribunal de Justiça de Goiás.
76. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). Se
aqueles feitos extraordinários da santa foram o bastante
para renovar a fé dos sertanejos, criando para eles a espe-
rança de um mundo novo, despertaram também a preo-
cupação e o ressentimento dos coronéis e fazendeiros,
classe dominante, com as possíveis consequências que
poderiam advir daquele ajuntamento.
VASCONCELOS, Lauro de. Santa Dica: encantamento do povo. Goiânia: UFG, 1991. p. 91.
Apesar das desconfianças da elite política goiana,
em alguns momentos, Santa Dica e seus seguidores fo-
ram convocados para participar das disputas políticas
que afetaram Goiás. Nesse sentido, Santa Dica
A) auxiliou o governo de Brasil Ramos Caiado ao im-
pedir que a tropa dos revolucionários da Coluna
Prestes adentrasse o território goiano.
B) incorporou-se à Coluna Artur Bernardes, contribu-
indo para a destituição dos representantes da Repú-
blica Velha em Goiás, na chamada Revolução de
1930.
C) recrutou voluntários para participar, junto com os
legalistas da Revolução Constitucionalista de 1932,
enfrentando inclusive vários combates armados.
D) usou o seu prestígio para se tornar uma protagonista
política na região de Pirenópolis, sendo eleita pre-
feita do município por duas vezes, na década de
1970.
77. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). O
bioma do cerrado distribuído pelo território nacional (1/3
da biota brasileira), no contexto da globalização da eco-
nomia, está sofrendo violento processo de impactos am-
bientais em termos de degradação e destruição de signi-
ficativos ecossistemas do território do país.
BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H. Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da
UFG, 2004, 2. ed. p. 144.
Os impactos ambientais nas áreas de vegetação na-
tural dos cerrados goianos são causados pela
A) ampliação das áreas de produção agrícola, o que
promoveu o desmatamento e a degradação ambien-
tal, decorrente das práticas da agricultura intensiva.
B) redução nos índices de precipitação pluviométrica e
pelo aumento da temperatura do ar, decorrentes do
aquecimento global.
C) expansão urbana, responsável pelos maiores índices
de desmatamento e de extinção de espécies da fauna
e da flora do cerrado.
D) inexistência de legislação estadual e federal que re-
gulamente as políticas de preservação ambiental em
áreas de cerrado.
78. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). A
geomorfologia do território goiano resulta de três pro-
cessos naturais, sendo eles: o aplainamento do relevo
primitivo por meio de sucessivos ciclos erosivos, a in-
tensa deposição de sedimentos que formou as nossas ba-
cias sedimentares e o entalhamento dos diferentes níveis
de relevo mediante a rede de drenagem instalada no mo-
delado.
BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H.
Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da UFG, 2004. 2. ed. p. 151.
Nesse sentido observa-se que o relevo goiano é ca-
racterizado por
A) apresentar diferenciações altimétricas bruscas, com
cotas que variam entre 400 e 2000 metros.
B) constituir-se por cristas de estrutura inclinada rela-
tivas a escarpas suaves de um lado e encostas ab-
ruptas do outro.
C) apresentar como área mais extensa a Planície do
Araguaia, onde se encontra a Ilha do Bananal.
D) constituir-se das seguintes unidades geomorfológi-
cas: o Planalto Central Goiano, a Depressão do
Araguaia e o Chapadão de Rio Verde.
GABARITO OFICIAL
01-C
02-D
03-B
04-C
05-A
06-D
07-D
08-C
09-A
10-B
11-B
12-C
13-A
14-D
15-C
16-B
17-C
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19-B
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28-D
29-C
30-A
31-C
32-D
33-D
34-A
35-C
36-A
37-A
38-C
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41-A
42-D
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44-C
45-D
46-A
47-C
48-A
49-C
50-B
51-A
52-D
53-C
54-A
55-D
56-C
57-A
58-C
59-B
60-D
61-C
62-A
63-C
64-A
65-B
66-A
67-A
68-C
69-D
70-C
71-D
72-A
73-C
74-D
75-B
76-C
77-A
78-C
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