UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
FUNDAMENTOS PARA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
RECUPERAÇÃO DO RIO GRANDE:
VALORIZAÇÃO ECO-SOCIAL DA CIDADE DE DEUS
Paulo Leonardo Cancio Pereira Soares
Rio de Janeiro
2010
RECUPERAÇÃO DO RIO GRANDE:
VALORIZAÇÃO ECO-SOCIAL DA CIDADE DE DEUS
.
Rio de Janeiro 2010
SUMÁRIO
1_ Introdução
2_Relação do homem com o rio ao longo da história
2.1_As cidades e os rios
2.2_Referências projetuais e programáticas
3_Quadro atual do Rio Grande
3.1_Critérios para a escolha
3.2_O entorno
3.3_Mapa da região
3.4_fotos do local
3.5_Legislação da área
3.6_Histórico do bairro
4_O programa
4.1_Os usos
4.2_Quadro de áreas
5_Diretrizes do projeto
5.1_Estudo de ocupação da área
6_Bibliografia
AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente pelo dom da vida.
Meus pais, pelo incentivo, patrocínio e por acreditarem em mim.
Minha esposa Mariana, pela paciência, companheirismo e amor.
Ao meu amado avô Nelson Telles, pelas longas conversa sobre tudo o que havia
vivido, por sua história e por seu apreço e admiração pela grande arte, a Arquitetura.
Ao meu primo Arquiteto Luiz Madeira pelo incentivo.
Ao amigo e irmão Arquiteto André Monteiro pelo apoio e pelas conversas que sempre
motivaram e me encheram de esperança.
Por todos os Arquitetos com quem estagiei, em especial à LAP Arquitetura, por
investirem em mim.
Aos amigos de curso, professores e funcionários da Universidade Estácio de Sá.
Cada hora de sono dispensada, cada centavo investido, cada banca enfrentada, cada
uma das “estruturas” que com muito suor e até lagrimas venci, cada dia de aprendizado me
fizeram crescer, amadurecer para este grande desafio final.
É maravilhoso estar cercado de pessoas que me fazem tão feliz.
Muito obrigado.
INTRODUÇÃO
Poluição, pobreza e lixo. Todos estes elementos compõem o perfil dos rios e cursos de
água de nossas cidades que, abandonados e esquecidos, degradam-se diariamente. Os rios que
cortam a cidade do Rio de Janeiro hoje são a imagem do opróbrio de uma sociedade que
insiste em dar às costas à mola propulsora do desenvolvimento das grandes cidades da
antiguidade. GORSKI (2010) comenta:
“Na história das civilizações, de modo geral, os cursos d’água, rios, córregos, riachos integravam sítios atraentes para assentamentos de curta ou longa permanência, indistintamente e eram tidos como marcos ou referenciais territoriais.”
Nesse contexto, pode-se dizer que o desenvolvimento das sociedades, a descoberta de
novas fontes de energia e o crescimento desordenado contribuíram para a completa
desqualificação deste recurso natural. O que antes era sinônimo de prosperidade se tornou um
problema da sociedade moderna que hoje enxerga nos cursos d’água ameaças de inundações,
fontes de doenças e desvalorização imobiliária.
Esta realidade está retratada no foco deste estudo, pois, por ser um bairro
predominantemente pobre, a Cidade de Deus sofre com o descaso do Governo, tornando ainda
mais crítica a situação do Rio Grande que recebe diretamente os dejetos de grande parte das
habitações locais, que na maioria está situada em áreas não permitidas ao longo das margens
do Rio.
Mas a Cidade de Deus vem passando por um novo tempo, novas políticas sociais
envolvendo os três níveis de governo estão sendo implantadas nesta comunidade. Hoje, o
poder paralelo já não domina a região, e de pouco em pouco por meio de medidas duras o
Estado volta a ter contato com a população deste bairro. Um grande projeto, pioneiro na
Cidade do Rio de Janeiro denominado “UPP” (Unidade de Polícia Pacificadora), que consiste
na expulsão de traficantes e perigosos bandidos destas comunidades estabelecendo um
domínio primeiramente territorial e posteriormente uma gama de serviços são oferecidos pelas
autoridades melhorando a qualidade de vida e proporcionando acesso aos serviços públicos.
Ações que visam à despoluição do sistema lagunar de Jacarepaguá colaborado para uma
melhor qualidade do eco-sistema que proporcionará um maior cuidado com todos os rios que
convergem para este importante sistema hidrográfico da região.
Estas ações de governo despertaram interesse pela área, pois a região tem recebido
muitos investimentos e projetos que visão qualificar ainda mais o bairro e trazer, por
conseguinte uma sensível melhora na qualidade de vida.
É necessário fazer com que esta população possa ter uma nova relação com o rio, não
mais uma relação de medo ou de repulsa por seu alto estágio de degradação.
Esta relação pode ser muito benéfica para a comunidade, gerando empregos, áreas
destinadas ao lazer e a criação de um equipamento urbano capaz de agregar valor na formação
crianças e jovens, ser um elemento que qualifique adultos e seja uma opção de lazer para
idosos, assim beneficiando os 45.000 habitantes da Cidade de Deus.
Todo o processo para a elaboração deste projeto deve revelar um horizonte ainda não
vislumbrado, uma vidraça que acumulou muita sujeira e que precisa ser limpa pra revelar a
verdadeira paisagem que certamente trará uma nova realidade para o benefício de quem mais
necessita a comunidade.
2. Relação homem x rio
Água é vida. Esta máxima é conhecida por todos, mas hoje quando referida aos cursos
de águas urbanos, remetem a uma realidade totalmente oposta. Poluição, descaso, verdadeiros
lixões. Mau cheiro e desvalorização do entorno além do medo que causam devido às
enchentes.
Mas será que foi sempre assim?
Na formação das civilizações as áreas próximas aos rios eram identificadas como áreas
de grande valor para a o crescimento de uma cidade. Fartura de alimentos e até mesmo como
demarcação de territórios, os rios e cursos de água eram utilizados.
Serviu também no processo de industrialização para mover as máquinas por meio de
rodas d’água ou sendo utilizado nas máquinas movidas a vapor.
Mas esse grande impulso para o crescimento das cidades, de maneira geral
proporcionado pelos rios, acabou tornando contra a sua integridade, pois o crescimento das
cidades foi muito rápido e desordenado, às suas margens surgiam grandes fábricas e
comunidades que descartavam seus resíduos e dejetos nas águas tão úteis.
Este processo degenerativo acumulou-se por décadas até surgirem às primeiras vozes
que chamassem atenção para a causa dos rios.
A situação é crítica, mas ainda é possível a reversão deste quadro. Políticas de
massificação de saneamento, estações de tratamento de esgoto, eco barreiras, conscientização
da população e de comunidades ribeirinhas sobre a importância da qualidade dos rios e cursos
de água podem em médio e longo prazo tornar possível o processo re vivificação de nossos
rios urbanos.
O homem que vive nas grandes cidades na maior parte dos casos, não depende mais do
rio para se alimentar ou se locomover, certamente seus interesses e necessidades passam
muito distantes dos cursos de água urbanos, suas preocupações e anseios não o permitem nem
se quer perceber a existência ou situação dos rios, estes só recebem atenção na época das
grandes chuvas, pois trazem muitos problemas com inundações, doenças e destruição.
Mas tudo isso é culpa da sociedade e governo.
Exemplos ao redor do mundo provam que uma nova relação entre as cidades e os
cursos d’água pode criar espaços aproveitáveis, produtivos e valorizar áreas que antes não
apresentavam nenhum atrativo. A sociedade precisa perceber o quanto está sendo prejudicada
com o a degradação destas áreas, eco-sistema, fauna e flora que já não existem, mas podem
voltar a habitar estas áreas que se encontram em sua maioria no meio das grandes cidades,
recriando o que se perdeu.
2.1 As cidades e os rios
Os rios cortam nas cidades, pois como observado anteriormente, as mesmas se
desenvolveram às suas margens. Hoje são como feias cicatrizes, a cidade tenta afastar-se,
ignorar estas regiões. Muitos são canalizados, e assim colocados para “debaixo do tapete”,
causando assim uma frágil impressão de solução. Mas será esta a melhor opção?
Muitas regiões das grandes cidades do Brasil sofrem com a presença de rios que hoje
são cursos de esgoto, que sem nenhum tipo de tratamento são despejados nas águas acabando
com a vida, fauna e flora não resistem na maior parte dos casos.
As matas ciliares tão importantes para a preservação da qualidade dos cursos d’água
não existem mais, moradias, grandes comunidades carentes povoam as margens degradando
ainda mais o eco-sistema.
2.2 Referências projetuais e programáticas
Rio Cheonggyecheon – Seoul – Coreia do Sul
O Rio era coberto por um importante sistema viário.
Recuperação da vegetação, valorização do entorno e criação de áreas de lazer
O programa
-Criação de áreas de lazer
-Espaço para exposições
-Espaços para banho
-Criação rebaixamento de vias e viadutos
-Flora e fauna recebem atenção especial
-Valorização do entorno
-Integração do rio com a cidade
Rio Los Angeles – Los Angeles - EUA
O programa
-Criação de áreas de lazer
-Ciclovia
-Flora e fauna recebem atenção especial
-Valorização do entorno
-Integração do rio com a cidade
3. O quadro atual do Rio Grande
Sua situação não difere em nada do quadro dos rios, córregos e cursos d’água que
cortam as grandes cidades do mundo. O cheiro é forte, percebe-se de longe que o rio está
próximo, a cor da água é muito escura, lama, móveis, muitas ligações ilegais que despejam
esgoto sem nenhum tipo de tratamento, animais como cavalos, porcos, cabras e cães circulam
dentro da calha do rio, que neste trecho tem a maior parte de suas margens e seu leito
concretados, o que aumenta a velocidade do fluxo de água, solução encontrada para diminuir
o risco de enchentes.
Nas margens vias asfaltadas ou parcialmente asfaltadas, com moradias de dois
pavimentos em sua maioria, e no trecho que se aproxima da Linha Amarela, algumas
moradias precariamente construídas em madeira ocupam a margem do rio.
Muito lixo acumulado nas margens, carcaças de carros enferrujadas e pode-se perceber
que os serviços básicos ainda não estão muito presentes nesta região.
Duas conexões entre as margens ainda que precárias, permitem que moradores e por
uma delas veículos possam transitar.
Mas a vida insiste em desafiar tudo este quadro de degradação, graças e outras
espécies de aves aquáticas são encontradas espalhadas em bando pelas águas buscando
alimento.
3.1 Critérios para a escolha
Conceitos mudam, o meio ambiente tem sido evidenciado como parte fundamental e
inerente a melhoria da qualidade de vida nas cidades, a valorização de questões que abordam
e especificam a requalificação, preservação, ou recriação de ambientes naturais degradados,
recebendo grande atenção da mídia e da população em geral.
É um assunto atual, e que vem sendo ensinado nas escolas, tema abordado em
telejornais, mídia impressa, filmes, internet e todos os meios de comunicação.
Aliada e esta tendência, a vivencia próximo da região foco deste trabalho, a
pacificação da Cidade de Deus por meio de projetos governamentais que erradicaram a
violência e possibilitaram inclusive a coleta de material para esta pesquisa no local.
Uma comunidade carente e discriminada e que possui um dos mais baixos índices de
desenvolvimento humano da Cidade do Rio de Janeiro, mesmo estando localizada entre
bairros dominados por classes de alto poder aquisitivo, como Freguesia e Barra da Tijuca.
O Bairro
Área de Atuação
Localização
Sistema viário
Rios e cursos de água
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