Apresentação do Curso
A dissertação de provas de concursos públicos e vestibulares é subdividida da seguinte
forma:
- parágrafo de introdução,
- parágrafos de desenvolvimento e
- parágrafo de conclusão.
A introdução serve para apresentar a idéia central da estrutura textual; o desenvolvimento,
para desdobrar o texto por meio de exposições e argumentos, de linguagens subjetivas e
objetivas, utilizando métodos de raciocínio; a conclusão, para fechar o texto, indicando, de
maneira argumentativa, o arredondamento das linhas de pensamento utilizadas.
Dissertação é a discussão organizada de um problema.
Ninguém tem condições de discutir, muito menos de discutir organizadamente, sem
conhecer realmente o assunto abordado, sem ter analisado, com aprofundamento, os fatos.
A forma de criação dissertativa é, em parte, dependente do escritor (das idéias, do
conhecimento, da inspiração, etc.); em parte, das possibilidades ou caminhos que o próprio
assunto ora discorrido possibilita.
É muito comum encontrarmos alunos perguntando qual seria a maneira ideal para se fazer
uma determinada introdução, um tipo qualquer de desenvolvimento ou ainda uma conclusão.
Fato é que, neste curso, aprenderemos uma série de métodos e técnicas de escrita, mas lembre-
se: o escritor tem o livre arbítrio sempre. É ele quem escolhe os caminhos, dita o ritmo de texto
e, conseqüentemente, quebra os paradigmas tradicionais rumo à nota máxima.
Se alguém me perguntasse hoje quantos tipos de técnicas existem para um bom
treinamento dissertativo, eu responderia, sem dúvida alguma, que as possibilidades são infinitas
e nenhum professor poderia falar o contrário.
O objetivo maior deste curso é exatamente treinar o aluno de maneira firme e direcionada.
Vamos trabalhar, portanto, passo a passo.
Para que o aluno entenda efetivamente a tríade introdução, desenvolvimento e conclusão,
é necessário que estude cada estrutura de maneira detalhada. Portanto vamos!
Prof. Marcelo Portela
AULA 1
A Introdução Dissertativa - Técnica I
Estudaremos a introdução dissertativa de maneira exemplificativa, mas também com
propostas de treinamento. Vamos oferecer um número de técnicas que nos ajudará, de maneira
decisiva, a desfazermos o trauma do papel em branco.
Observe bem cada técnica, assimilando a sua composição e seus objetivos. Não é
necessário decorar. Importante é entender que as propostas abaixo são um número ínfimo dentro
de uma relação infinita voltada à criação.
Para se desenvolver uma introdução dissertativa, faremos uso
de algumas estratégias de construção.
Enumeremos algumas:
- Definição
- Oposição
- Seqüência interrogativa
- Transição temporal
- Comparação
- Enumeração
- Metaforização
Para facilitar a sua vida, vamos exemplificar cada uma dessas construções.
Definição
Tema: “A tolerância constrói.”
“Tolerância é a possibilidade de entendimento de si e do outro, levada à máxima
capacidade. É o caminho mais curto rumo à estabilidade na relação interpessoal, a
possibilidade de construção agregada ao ouvir o próximo, ou ainda a proposta de se viver
com entendimento pleno do que é ser uma criatura social.”
Nota-se que um mecanismo facilitador na produção de um
parágrafo com essa construção é a pergunta “O que é o
tema?”. Então, podemos dizer que construir um parágrafo
introdutório com a técnica da definição é o mesmo que
responder o que é o tema, o que ele significa. Esse recurso
simples permite que o aluno construa uma introdução segura e
com pouco risco de fugir ao tema proposto.
AULA 2
A Introdução Dissertativa - Técnica II
Oposição
Tema: “Corrupção na esfera pública”
“É difícil entender que, em um país com 30 milhões de miseráveis, ainda haja espaço
para que um número representativo de políticos, de todas as esferas públicas, continue
desviando do erário verdadeiras fortunas, enquanto a população de baixa renda não
recebe qualidade mínima nos serviços de saúde, segurança, transporte, habitação e
educação.”
Ora! Imagine que um tema qualquer apresente duas faces que
se oponham naturalmente. No caso do texto acima, políticos
ricos e trabalhadores pobres. Se encontramos essa forma de
argumento, por que não a utilizamos com propriedade? Temas
como “Violência e segurança”, “sociedade de homens e
mulheres”, “Vida profissional e qualidade de vida” já partem
da noção de oposição. Explorar esse recurso auxilia-nos e
muito na construção do parágrafo introdutório.
EXERCÍCIO
Tente você!
Técnica: Definição - Temas para dissertação
“ Ciência versus religião”
“Corrupção na esfera pública”
“ Trabalho escravo”
AULA 3
A Introdução Dissertativa - Técnica III
Seqüência interrogativa
Tema: “Poluição urbana”
“Até quando vamos envenenar nossos pulmões com o gás carbônico produzido por
inúmeros automóveis e fábricas não fiscalizados? Que posição deveríamos tomar em meio a
uma necessidade descontrolada de tecnologia, que promete facilidades na vida urbana sem
levar em consideração os danos sofridos pelo meio ambiente e, conseqüentemente, pelo
homem? Vale a pena ver a vida de modo imediatista sem imaginar como será difícil a vida
dos nossos filhos e netos em um planeta degradado?”
O folclore do vestibular e do concurso público elimina, de
maneira sumária, a estrutura textual com base interrogativa.
Engano. A interrogação é um recurso poderoso na produção de
argumentos. É importante, porém, que as perguntas sejam
argumento para o leitor e retórica para você. Quer dizer, as
perguntas que você formulará devem circundar os assuntos que
você já definiu como utilizáveis. Uma redação não é um
questionário com perguntas e respostas; o encadeamento de
idéias deve ser feito de forma natural, de maneira que não se
configurem como resposta direta, mas, ao mesmo tempo, não
fiquem interrogações em aberto como se o examinador fosse o
avaliado.
EXERCÍCIO
Tente você!
Técnica; Seqüência interrogativa - Temas para dissertação
“ A importância do Estado para o bem-estar do indivíduo”
“ Poluição urbana”
“Perseguição religiosa”
“ Democracia no Brasil”
A Introdução Dissertativa - Técnica IV
Transição temporal
Tema: “Política no século XX”
“Remexendo o histórico brasileiro desde a ‘Era Vargas’ até a revolução de 1964,
percebemos que a nossa vida política é, antes de tudo, um oceano de violência. Acreditar que
a natureza do brasileiro é sobremaneira pacífica é apagar a história, é idealizar de modo
humanista uma nação nada pacífica.”
Eis um recurso excelente para concursandos que gostam da
leitura. Todos os conhecimentos que você adquiriu na vida
podem e devem ser utilizados como recurso de construção
expositiva. O seu conhecimento de mundo corrobora para um
texto mais preciso e digerível aos olhos de um examinador que
também avalia o mínimo conhecimento de mundo que o
estudante deve possuir para produzir um texto razoável.
A história, em alguns temas, funciona como fundamento para os argumentos que
escolhemos, para a tese que desejamos defender. Não estamos falando de se criar um texto
puramente histórico, mas utilizar o recurso do conhecimento geral para dar sustentação às
enunciações que definimos como ideais.
EXERCÍCIO
Tente você!
Técnica: Transição Temporal – Temas para dissertação
“Democracia no Brasil”
“ Política no séc. XX”
AULA 5
A Introdução Dissertativa - Técnica V
Comparação
Tema: “Desemprego”
“O desemprego no Brasil, com índices em torno de 10% da força de trabalho, não pode ser
comparado aos 17% encontrados na Espanha, por exemplo. Em geral, nos países europeus, a
proteção dada aos desempregados pelo governo garante salários de 500 dólares por mais de um
ano. No Brasil, o desempregado, em pouco tempo, por omissão do Estado, periga cair na
indigência.”
A comparação facilita bastante a criação de um parágrafo
introdutório. Essa fórmula pode ser desenvolvida por uma
técnica já aprendida, “oposição”, mas também por
similaridade. Podemos buscar oposições sistemáticas, oposições
contextuais, diferenças ou aproximações significativas. Todos
esses caminhos passam pela noção de comparação.
Comparar, portanto é trabalhar mais de uma referência e interligá-las de diferentes
maneiras, para alcançarmos diferentes objetivos enunciativos.
EXERCÍCIO
Tente você!
Técnica: Comparação – Temas para dissertação
“ Capitalismo e Socialismo”
“ Desemprego”
“ Igualdade entre os sexos”
Aula anterior
Próxima Aula
AULA 6
A Introdução Dissertativa - Técnica VI
Metaforização
Tema: “Educação e progresso”
“Desenvolver a qualidade educativa de um país é lubrificar o motor que impulsiona a
grande máquina Brasil a um desenvolvimento poderoso e sustentável. É alicerçar o futuro dos
nossos filhos com o pilar da evolução – o conhecimento.”
Nota-se que “educação” assumiu o papel de lubrificante de uma
grande engrenagem.
Na hora de fazer uso da linguagem metafórica, procure tomar cuidado com a evasão. Um
texto metafórico bem feito tem grandes possibilidades, pela riqueza e criatividade, de alcançar
nota máxima. O aluno, porém, precisa atentar para a noção de conteúdo ou contextualidade. Um
texto metafórico mal construído aproxima-se do absurdo. É possível, sim, construir um texto
metafórico de alto nível, mas não arrisque a sua nota alta se o controle que você tem sobre esse
tipo de conclusão não está amadurecido.
EXERCÍCIO
Tente você!
Técnica: Linguagem Metafórica – Temas para redação
“ O trabalho como forma de liberdade”
“ Educação e progresso”
AULA 7
A Introdução Dissertativa - Técnica VII
Causa e efeito na introdução
A relação causa/efeitos é instrumento rico na criação do parágrafo
argumentativo/expositivo.
Imagine um determinado tema. Agora, lembre-se de que qualquer assunto abordado apresenta
fatores que o constroem (causas). Pense também que esse mesmo item (tema) gera
acontecimentos, traz coisas ou fatos à existência (efeitos). Assim temos recursos suficientes
para a construção do parágrafo.
Veremos, agora, uma estratégia bastante interessante na montagem do parágrafo fundamentado
em causas e efeitos.
Tema: Violência urbana.
Causas: O crescimento do crime organizado, o estresse urbano e a ineficiência policial.
Efeitos: O temor social, alto índice de homicídios e superlotação dos presídios.
Vamos agora utilizar a matemática para criar uma fórmula de montagem do parágrafo.
Relacionaremos causa, tema e conseqüência para construir o parágrafo de conclusão.
Causas + Tema + Efeito = Parágrafo
Montando o parágrafo com base nas informações delimitadas acima:
“O crescimento do crime organizado, o estresse urbano e a ineficiência policial são
fatores fundamentais para o surgimento e a proliferação da violência urbana, e as
conseqüências são imediatas, como o temor social, alto índice de homicídios e superlotação
de presídios.”
Aí está uma técnica realmente simples na montagem de um parágrafo introdutório
dissertativo.
Já que montar uma introdução em causa e efeito é somente fazer ligação, vamos ao que
interessa.
EXERCÍCIO
Tente você!
Técnica: Causa e Efeito – Temas para dissertação
“ A violência urbana”
“ O esvaziamento dos campos”
“Maioridade penal”
“Porte de armas”
AULA 8
A Introdução Dissertativa - Técnica VIII
Enumeração
Tema: “Violência contra a mulher”
“Discutir a violência contra a mulher é aprofundar questões comportamentais como a
intolerância, o consumo de bebida alcoólica e a noção de impunidade, cujas causas
encontram-se no estresse, na instabilidade financeira e em outras formas de deterioração do
comportamento humano.”
Facilidade na construção do desenvolvimento
A técnica enumerativa provavelmente seja a mais simples na construção de um parágrafo
dissertativo. Os assuntos secundários a serem enumerados são normalmente escolhidos pela
facilidade ou conhecimento mais profundo que temos a respeito deles. Assim, fica mais fácil
para o aluno relacionar alguns itens ao tema e, no meio do texto, utilizá-los como ponto de
partida na construção dos parágrafos de desenvolvimento. Se fizermos uma enumeração com
três itens (exemplo utilizado abaixo), já estaremos garantido, no mínimo, três parágrafos de
desenvolvimento.
Observe que, dos três itens enumerados abaixo, o último servirá como fundamento semântico na
elaboração de um parágrafo de desenvolvimento.
1. A intolerância
2. O consumo de bebidas alcoólicas
3. A noção de impunidade
Recupere o que foi dito anteriormente. O item “A noção de impunidade” passa a ser
desdobrado como parágrafo de desenvolvimento. Essa construção é bastante segura, visto que,
na construção da introdução, o item foi relacionado ao tema e depois desdobrado em forma de
parágrafo. Nesse sentido, a possibilidade de o aluno fugir ao tema proposto se reduz muito.
Parágrafo de desenvolvimento
”Rotineiramente vêem-se mulheres espancadas entrando e saindo de delegacias para dar
queixa de maridos ou companheiros. Quando isso ocorre mais de uma vez com a mesma
mulher, fica evidente a incapacidade de o Estado evitar, por meio do poder de polícia, as
agressões sofridas. Nesse sentido, além do problema da violência não ser resolvido, as
mulheres perdem a confiança nas instituições e não mais denunciam. Sem denúncia, os
índices tendem a aumentar ainda mais.”
Perceba que foram relacionadas ao tema três enumerações
(passagens destacadas). Estas poderão ainda servir como ponto
de partida para a criação dos parágrafos de desenvolvimento da
sua redação.
EXERCÍCIO
Tente você!
Técnica: Enumeração – Temas para dissertação
“Violência contra a mulher”
“Educação brasileira”
“ Temor social no Brasil”
AULA 9
Desenvolvimento Dissertativo – Caminhos para Defesa de Idéias
As metodologias de raciocínio estudadas na parte de desenvolvimento dissertativo serão
agora um pouco mais aprofundadas. Estudaremos as estruturas predefinidas para encontrarmos
atalhos na organização do pensamento.
Silogismo
O método de raciocínio fundamentado em uma particularização (dedução) contribui para a
formação de argumentos sólidos. Vamos entender melhor o que vem a ser silogismo.
O silogismo é uma forma de raciocínio dedutiva. Na
sua forma mais comum, é constituído por três
proposições: as duas primeiras denominam-se
premissas e a terceira conclusão.
As premissas são apresentadas de forma absoluta e incondicional. A relação entre essas e a
conclusão é necessária. Essa é a forma padrão do silogismo.
Todos os macacos são mamíferos.
Alguns animais são macacos.
Logo, alguns animais são mamíferos.
Construção de fragmento dissertativo
Todos os professores lutam por um salário mais digno no estado do Rio de Janeiro. Celso,
por ser professor de português do colégio Elena Nunes, vem há muito lutando para que os seus
salários sejam suficiente, pelo menos para o pagamento das suas contas mais básicas.
Note que, no texto acima, o silogismo ficou com formato de
parágrafo tradicional. Quer dizer, o silogismo me proporcionou
a elaboração de um parágrafo dissertativo.
Epiquerema - Silogismo no qual uma ou duas premissas são acompanhadas das suas
provas.
Todo o B é C porque é D.
Todo o A é B porque é H.
Logo, todo A é C.
Polissilogismo - Trata-se de um argumento constituído por dois ou mais silogismos,
dispostos de modo que a conclusão do primeiro seja uma premissa do segundo, e assim
sucessivamente.
B é C.
A é B.
Logo, A é C.
D não é C.
Logo, D não é A.
A construção desse último silogismo se fez de maneira a juntarmos dois silogismos. A
conclusão do primeiro (logo, A é C) transformou-se em premissa do segundo.
AULA 10
Construção do Parágrafo de Desenvolvimento – Exposição/ Argumento
Quando desenvolvemos um texto dissertativo, normalmente fazemos uso de duas estruturas
fundamentais: o argumento e a exposição.
A exposição é o exemplo, a cifra, a tabela, a informação precisa a respeito do assunto ora
abordado. A estrutura expositiva, no texto, ressalta o conhecimento a respeito de um
determinado assunto, dando ao escritor ares de autoridade, aumentando, assim, a credibilidade
do leitor ao analisar a redação.
A comprovação do argumento depende, em sua totalidade, do grau de conhecimento do
escritor a respeito de determinado assunto. O que vamos fazer nesta parte do estudo é
exatamente aprofundar a importância da capacidade crítica do autor e as possibilidades técnicas
para o aperfeiçoamento na criação da estrutura argumentativa.
ARGUMENTAR é discutir, ponderar, questionar, etc.
EXPOR é colocar em evidência, mostrar, comprovar,
etc.
Vamos, agora, estudar com mais profundidade a estrutura argumentativa.
Para defendermos uma idéia, tentando informar e, se possível, convencer nosso interlocutor;
precisamos comprová-la e justificá-la. Técnicas diferentes se destacam como essenciais ao
processo de argumentação.
Comprovando uma declaração: Uma declaração que apresente uma opinião pessoal ou
pretenda estabelecer a verdade só terá validade se devidamente demonstrada, isto é, se apoiada
ou fundamentada na evidência dos fatos, quer dizer, acompanhada de prova.
Declarações alternadas: São aquelas com as quais o interlocutor tem maior ou menor
familiaridade, com graus distintos de exigência de comprovação. Existem premissas que são
conhecidas por todo mundo, são pressupostas, não exigindo muita comprovação. A alternância
entre assuntos com graus distintos de produtividade argumentativa ajuda a distrair a atenção do
ouvinte para possíveis pontos polêmicos que vêm misturados. As estratégias utilizadas pelo
locutor são escolhidas, portanto, em função do grau de aceitação ou de contestação que as
premissas defendidas possam desencadear.
Detalhismo e repetição
Insistindo sobre um tema, apresentando-o por uma mesma idéia ou por idéias
contraditórias, podemos torná-lo mais familiar ao ouvinte, facilitando a compreensão e a
aceitação de nossas teses.
Busca do real
Pela apresentação de fatos ou descrição de lugares, pessoas ou coisas, para criar a emoção,
a especificação é indispensável, já que esquemas abstratos e noções gerais não agem sobre a
imaginação do examinador de forma plena.
Observe, agora, a apresentação de dois textos: um de base expositiva, outro, argumentativa. Não
leve em consideração a rigidez na tipologia textual, tendo em vista que os textos abaixo servem
apenas como exemplo.
Texto 1 (base expositiva)
A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas no Brasil deve chegar a 132,2 milhões
de toneladas em 2004. Esse volume é 7,31% superior à safra de 2003, que ficou em 123,2
milhões de toneladas, segundo os resultados definitivos. A área plantada ou a plantar deve
crescer 6,66% em 2004, chegando a 46,2 milhões de hectares. Tais resultados apontam para
uma decolagem no suporte de combate à fome.
A construção desse texto é fundamentalmente expositiva, visto que trabalha com dados,
números, comprovações para prováveis argumentos.
Texto 2 (base argumentativa)
Expectativa
Então, parece que a expectativa é o que nos faz levantar todas as manhãs, que nos impede
de fraquejar, que nos anima na hora de dormir, porque, afinal, amanhã é sempre um novo dia.
Expectativa é tão bom quanto bala de menta, vai abrindo espaço no paladar, mas a sensação é
de que está abrindo a respiração que vem lá do fundo do peito. Expectativa é assim, gelada. Às
vezes, naquele frio na boca do estômago, outras, em um suor frio e juvenil. Quem não tem
expectativa acha que a vida não lhe deve coisa alguma. Quem a tem, sabe que se está vivo, aqui
e agora, algum significado há de ter e, por favor, que seja de felicidade.
A expectativa é aquilo que você acha que vai acontecer enquanto finge que lê a revista na
sala de espera. Ela é irmã da esperança e amiga íntima dos nossos mais escondidos desejos.
Ela é responsável pela continuidade daquela caminhada, pela possibilidade de ouvir um sim,
pela idéia de que tudo vai mudar através daquela palavra que você acha que vai ouvir e
daquele desfecho que você pensa que pode acontecer. Não porque você foi a escolhida para
receber sinais, ou porque um anjo sussurrou no seu ouvido, mas porque a gente só espera
verdadeiramente por aquilo que quer, nem sempre por aquilo que é.
Mas então, um dia, como uma puxada de tapete, como a queda de um véu – nem sempre com
pesar, é verdade, às vezes até com um certo alívio –, você acorda e percebe que precisa de
mais. Precisa colocar ponto e vírgula no lugar das entrelinhas, frases inteiras onde só havia
palavras soltas, letras grandes no lugar das miúdas, números exatos ao invés de meras
estatísticas. Você precisa de clareza.
Você percebe, então, que a expectativa sem perspectiva é nada. Não que o sonho esteja
morto ou que o desejo esteja adormecido, nada disso. Mas você precisa de uma espécie de
planilha, de esboço, de croqui – como aqueles projetos tão bem desenhados pelos arquitetos – a
mostrar que o desejo tem dimensão e o sonho é largo. É concreto mesmo que seja de madeira –
a sustentação de um sonho ou de um desejo não está no material, mas na maneira como é
construído. E é imprescindível que tenha paredes, sim. Porque um dia a gente precisa saber
que a perspectiva, diferente da expectativa, tem um jeito de começar. E há de ter um limite para
não se sofrer de imensidão.
A intenção desse texto é o posicionamento, a opinião. Enquanto
o texto 1 trabalha com os dados, esse faz uso da idéia, da defesa
de uma tese.
EXERCÍCIO
Tente você!
Exposição / Argumentação – Tema para dissertação
“A produção de alimentos”
AULA 11
Construção do Parágrafo de Desenvolvimento – Objetividade/ Subjetividade
Objetividade
Quando construímos um texto de maneira referencial, desprovido de sentimentalismos,
com uma linguagem predominantemente denotativa, estamos fazendo uso da linguagem
objetiva.
Observe, abaixo, um exemplo de texto com predominância na objetividade.
“No Brasil, trinta milhões de pessoas passam fome. Destas, 5 milhões têm fome absoluta,
e o restante dos miseráveis, o que chamamos de fome marginal; ou seja, brasileiros que estão
comendo, mas não tudo o que necessitam para viverem com dignidade.”
Para aquele estudante que gosta de tratar os assuntos de maneira direta, menos
emocional ou até passional, a estrutura objetiva é a mais indicada.
Subjetividade
Quando, no texto, predomina a metaforização, adjetivações, reproduções inflamadas,
temos, então, a predominância da linguagem subjetiva.
Observe, abaixo, um exemplo de texto com predominância na subjetividade.
“Não há como aceitar que, em um país que, segundo Caminha, a terra é boa e tudo dá,
grande parte do nosso famigerado povo continue à míngua. A população com fome devora
qualquer coisa, inclusive aqueles que se denominam líderes.”
EXERCÍCIO
Tente você!
Objetividade / Subjetividade – Temas para dissertação
“Saúde pública”
“ Televisão – um mal necessário” – Objetividade
“ Solução ou submissão” – Objetividade
“O país do futebol” - Subjetividade
AULA 12
Construção do Parágrafo de Desenvolvimento - Método Indutivo/Dedutivo
Dedução
É uma proposição de raciocínio que parte de informações universais ou gerais para chegar
a informações mais particulares. É o processo que parte de uma generalização para uma
particularização. A forma perfeita da estrutura dedutiva é o silogismo.
Esse método é utilizado pelo aluno de maneira intuitiva. Toda vez que utilizamos um
comportamento geral (exemplo: toda a sociedade brasileira) e relacionamos esse a um
comportamento local ou individualizado (exemplo: uma pessoa da sociedade) estamos fazendo
uso do método dedutivo. Abaixo veremos um exemplo dessa metodologia.
“O mundo está menos humano. Enquanto a população européia está sujeita ao
inaceitável – a xenofobia, grupos consideráveis de americanos tentam resgatar a já
combalida hegemonia branca. No Brasil, as coisas não são muito diferentes. Em Brasília, um
grupo de jovens e adolescentes de classe média atearam fogo a um índio que dormia em um
ponto de ônibus.”
É importante entender que o texto partiu de um comportamento geral – o comportamento
encontrado em todo o mundo. A finalidade, porém, foi o comportamento em um país específico,
no caso, o Brasil. O raciocínio, portanto, partiu da visão de um ponto geral, universal, para um
particular, localizado.
Indução
É o método de raciocínio que, partindo de casos particulares ou exemplificativos
suficientemente documentados e enumerados, chega a uma conclusão ou lei universal. É o
processo que parte de uma particularização para uma generalização.
“A violência identificada nos atropelos dos policiais militares do Rio de Janeiro na
tentativa de socorrer os seqüestrados dentro do ônibus 174 apenas ratifica a falta de preparo
técnico-psicológico a que os profissionais da segurança pública no Brasil estão expostos. Sem
verba e treinamento, dificilmente, teremos uma polícia capaz de resolver problemas de
extrema complexidade como este.”
Pelos termos em destaque, nota-se, facilmente, que a intenção do texto é, antes de tudo,
apresentar um problema geral – o despreparo de todos os profissionais da segurança. A partida,
porém, surgiu de um acontecimento pontual – o policial que falhou no episódio do ônibus 174,
no estado do Rio de Janeiro. O raciocínio, portanto, construiu-se do particular para o geral.
EXERCÍCIO
Tente você!
Método Indutivo / Método Dedutivo – Temas para dissertação
“Segurança pública no Brasil”
“Violência urbana”
“ Os conflitos religiosos espalham-se pelo mundo”
“Ser pobre em um país subdesenvolvido”
AULA 13
Construção do Parágrafo de Desenvolvimento – Dialética
Não entendeu?
EXERCÍCIO
Texto Dialético – Tema para dissertação
“Pena de morte”
AULA 14
Desenvolvimento Dissertativo – Resumo
Analise os conceitos e, em seguida, assista ao vídeo com o professor.
Argumento: É o ponto de vista.
Exposição: É a comprovação, a exemplificação.
Objetividade: É a linguagem referencial e informativa.
Subjetividade: É a linguagem conotativa e sentimental.
Indução: É o método de raciocínio que parte do particular para geral.
Dedução: É o método de raciocínio que parte do geral para o particular.
Dialética: Oposição entre tese, antítese e síntese.
EXERCÍCIO
Texto Dialético – Tema para dissertação
“ A crise aérea brasileira”
“Falta de leitura dos jovens brasileiros”
AULA 15
Conclusão Dissertativa – A Retomada da Tese, Resumo Textual, Parágrafo em
Perspectiva
Chegamos à parte final da macroestrutura dissertativa. Navegamos pelas técnicas de
construção dos parágrafos de introdução e desenvolvimento. O nosso texto já está quase pronto.
Só falta um pequeno detalhe. Peque mesmo, pois a introdução não é necessariamente uma nova
construção, mas uma resenha ou retomada do que você já desdobrou nos parágrafos anteriores.
Nesse sentido, a construção do último parágrafo é simples, visto que a intenção dele não é
desdobrar outras idéias, mas apenas finalizar tudo o que já foi falado.
Vamos, agora, para a última parte do estudo técnico da dissertação – a conclusão
dissertativa. Neste parágrafo, trabalharemos com três técnicas básicas. Escolha aquela com a
qual você melhor se identifica. Caso sinta facilidade em todas, divirta-se à vontade.
A retomada de tese
Busca as informações contidas na introdução de maneira a finalizar o texto. Simplificando
um pouco mais, é dizer a mesma coisa presente na introdução com outras palavras. Essa
fórmula é bastante segura, visto que tudo o que você colocou no desenvolvimento deve estar
presente na introdução. Sua introdução, portanto, pode receber uma maquiagem especial e virar
conclusão.
Resumo textual
Na leitura completa do texto, poderemos retirar nuances fundamentais que sirvam de
conclusão para o próprio texto. Observe bem essa modalidade de conclusão no que diz respeito
às escolhas das nuances. Se o resumo não conseguir identificar o texto como um todo, haverá
falha na coerência e concisão textual. Em um texto há normalmente fragmentos secundários,
menos importantes. Esses, de regra, não representam a idéia central. Assim sendo, identifique as
partes do texto que realmente podem ser recuperadas na finalização.
Parágrafo em perspectiva
Preferido pelos estudantes, este modelo possibilita o
trabalho com o seguinte macete (se essa palavra te
assusta, mude de opinião pelo menos na construção da
conclusão. Esse mecanismo é extremamente
facilitador):
“Assim sendo, é necessário que isto seja feito para que
aquilo ocorra, ou não ocorra.”
Sem dúvida, aí está uma técnica bastante simples.
Observe esta conclusão formulada com base em uma perspectiva ou hipótese.
Tema: “Falta de leitura por parte dos jovens brasileiros”
Introdução:
“Não há como negar a falta de interesse do jovem brasileiro para com a leitura. Fato é
que, na Europa, jovens com idades entre 13 e 18 anos lêem, em média, 6 livros por ano. No
Brasil, a média nacional de leitura, nesta mesma faixa etária, é de apenas 1 livro. Um
problema que compromete o desenvolvimento e a estabilidade de todo um país.”
Conclusão:
“Assim sendo, é fundamental que os nossos representantes públicos, juntamente à mídia,
criem processos de estímulo à leitura, antes que tenhamos, em pleno século XXI, um exército de
desinformados e perdidos social e profissionalmente.”
EXERCÍCIO
Tente você!
Tema para dissertação
AULA 16
A Dissertação – Tema e Título
Introdução
Tema e título são confundidos por demasia nas provas de concursos e vestibulares. Apesar
de comumente serem tratados como sinônimos, são elementos diferentes na estrutura de
composição. Quando se fala de tema, aborda-se o assunto apresentado; a idéia que será por você
defendida e que deverá aparecer logo no primeiro parágrafo. O título é, antes de tudo, o nome
da redação que você escreveu. É um resumo frasal de todo o texto escrito por você, portanto a
regra diz que:
O tema inspira o texto que inspira o título.
Nesse sentido, a relação que se estabelece entre tema e título é muito vaga.
- Evite que o título seja muito extenso.
- Procure fazer um título nominativo em vez da utilização de
orações correlacionadas.
- Esqueça o tema e leia o texto todo antes de criar o título.
- Procure fazer um título objetivo, que apresente entendimento
imediato.
- Não produza o título com linguagem coloquial.
Um outro ponto muito importante é ficar atento aos enunciados
das provas, em muitas delas o título já vem definido.
“Raios X” do texto dissertativo
Agora que já passamos por todas as técnicas necessárias a construção do texto, vamos
visualizar um texto completo. Essa validação aponta para a segurança na construção do texto
dissertativo com base em técnicas discursivas. Daqui para frente, o desafio não será mais a
construção de um texto básico, mas a melhora gradativa e sistemática.
Depois desse último exercício, estudaremos os vícios dissertativos comuns, os níveis de
linguagem, os estilos e a organização do raciocínio. Se você chegou até aqui, seu sucesso
depende de muito pouco.
Sustentabilidade (tema)
[fundamento 1] Nos últimos cinqüenta anos, a população mundial mais do que dobrou, indo de
2,5 bilhões (1950) para 6 bilhões (2000). Durante esse mesmo período, a industrialização
permitiu que o consumo aumentasse exponencialmente; como conseqüência, [fundamento 2] a
poluição, o que usamos e jogamos fora e o lixo também aumentaram sem um mínimo de
preocupação. [fundamento 3]É, portanto, fundamental que entendamos os sinais que o planeta
vem nos dando do seu esgotamento.
[fundamento 1] Com a explosão demográfica mundial, o consumo chegou a um nível muito
alto. A produção, desde os milhões de automóveis até os trilhões de embalagens plásticas,
contribuiu para o descongelamento das calotas polares, desmatamento em função dos
manufaturados e muitos outros danos graves. A industrialização usada sem o valor de
consciência fez da sociedade um verdadeiro algoz para a natureza.
[fundamento 2] Em adição a isso, há uma dificuldade grande em relacionar os problemas
ambientais aos nossos hábitos de consumo cotidianos. Quando compramos uma roupa, não
pensamos nos agrotóxicos usados na plantação de algodão ou no trabalho escravo encontrado
nas fazendas. Utilizamos a água potável como se fosse um recurso que não acaba,
empanturramos a atmosfera de gás carbônico e ainda acreditamos que o que fazemos individual
ou coletivamente são resíduos em um planeta gigante.
[fundamento 3] Mesmo fingindo-nos de desatentos ou desconhecedores dos fatos, já faz algum
tempo que o planeta vem dando sinais de que não pode suportar o nosso modo de vida, e
estudos indicam que hoje, mesmo com grande parte da população mundial excluída, já
consumimos 20% por ano a mais de recursos naturais renováveis do que a Terra é capaz de
regenerar. O planeta já está começando a mostrar seus resfriados. São enchentes em números
inimagináveis, terremotos em lugares não comuns ou ainda furacões com ciclo de ocorrência
mais estreito e ainda mais fortes.
[conclusão] Assim, se queremos a preservação da natureza, vamos ter de mudar nossos hábitos
de consumo e a nossa consciência de que temos lesado o globo. Nossa sociedade é chamada de
“sociedade de consumo” porque consumir se tornou uma atividade cotidiana que foi além da
idéia inicial de satisfazer necessidades para se tornar até uma doença. Se, na história próxima, a
noção de consumo serviu de impulso para um crescimento descontrolado a ponto de ferir
duramente o nosso planeta, escrever um novo período histórico é obrigação de todos nós –
governo e sociedade civil –, pois a nossa grande demanda agora deve ser a sobrevivência da
Terra, já que sem o planeta nós também não existimos.
EXERCÍCIO
Tente você!
Tema para dissertação
“Corruptores e corrompidos” - sugestão
AULA 17
Para um Texto de Sucesso
O que é necessário?
1. Aprender a corrigir e evitar os principais erros de português, como colocação de crase
inadequada, acentuação incorreta, troca de letras na ortografia de uma palavra, etc.
2. Antes de começar a escrever, meditar sobre o tema, ordenando o que pretende
apresentar para o leitor.
3. Escolher o tipo de linguagem apropriada ao tema proposto, usando palavras e idéias
adequadamente ao tipo de texto escolhido.
4. Ser sempre específico nas descrições, evitando generalidades e divagações de idéias ou
pensamentos.
5. Atentar para os princípios de uma boa composição, observando a clareza das idéias
apresentadas e o envolvimento do assunto, para que o leitor não desanime ao lê-lo.
6. Evitar o uso de chavões e clichês da língua que nada acrescentam ao texto.
7. Fazer-se objetivo no que pretende transmitir, sem rodeios ou frases vazias.
8. Usar palavras que expressem denotação (sentido real) e conotação (sentido figurado ou
implicações de idéias) úteis à idéia central do assunto que está sendo apresentado.
9. Abrir um parágrafo toda vez que tiver uma idéia principal, mas sempre observando que
essa idéia deve estar relacionada ao tema central do texto.
EXERCÍCIO
Tente você!
Tema para dissertação
Aquecimento global” - sugestão
AULA 18
Erros mais Graves na Redação – Classificatórios / Eliminatórios
Os erros abaixo foram indicados pelas principais bancas do país como os mais encontrados
em provas de redação de concursos públicos e vestibulares.
1 – Idéias em ordem
A apresentação das idéias, assim como a ordem dada à colocação destas, é fundamental
para mostrar, no texto, uma logicidade. As bancas argumentam que este tipo de erro é comum
pela falta de costume do aluno em escrever.
2 - Inadequação
Muitas vezes, o candidato, por não conhecer bem o assunto delimitado no tema, tende a
procurar argumentos dos quais ele tem maior domínio. Este fato faz com que o texto fuja
completamente do parâmetro preestabelecido. Cuidado com a inadequação, pois a fuga do tema
é fator de eliminação nas provas.
3 – O parágrafo
A construção dos parágrafos é outro problema para os candidatos. Às vezes, o que deveria
ser um parágrafo é transformado em dois; em outras, fundem-se parágrafos, estabelecendo um
texto de construções caóticas.
4 – A frase
Já dissemos que conhecer a estrutura gramatical é fundamental para que o aluno produza
um bom texto. Erros de colocação, concordância, regência, pontuação, ortografia e acentuação,
acompanhados de erros de linguagem como ambigüidades e repetições desnecessárias, são
extremamente lesivos à redação de concurso e vestibular.
Avaliação por competências
Grande parte das bancas examinadoras do país concentra a avaliação das provas de redação
nas chamadas competências. Esse domínio corresponde certamente a uma excelente nota na
redação.
Abaixo, descrevem-se as características de uma avaliação fundamentada nas competências.
Utilize-as como parâmetro de construção do seu texto dissertativo, pois representam formas
analíticas de avaliação.
1. Fundamentos gramaticais e conhecimento da língua.
Espera-se, nesse critério, que o aluno tenha o mínimo controle sobre os padrões da norma
culta. São considerados, nessa competência, os conhecimentos de texto escrito, representados
pela utilização da norma culta como: sintaxe da concordância, regência e colocação; pontuação;
flexão; ortografia; e adequação de registro, isto é, compreensão e colocação lingüística, de
acordo com a situação de produção formal exigida.
2. Espera-se, nesse critério, que o concursando saiba identificar o tema proposto,
desenvolvendo-o dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
Essa competência tem o eixo na compreensão do tema, que instaura uma problemática a
respeito da qual se pede uma reflexão escrita, ou seja, um projeto de texto escrito que demonstre
a compreensão do tema solicitado. Entender a proposta é dar a resposta que o examinador
deseja. A não-compreensão do tema zera essa competência e anula a correção das demais, o que
já é normalmente informado pela banca que avalia o aluno.
Em situações formais de interlocução, é importante a nossa compreensão do ato instaurado
na fala/escrita, para não “fugir do assunto”, como diz o senso comum.
Para participar do ato de interlocução devemos saber: o que dizer, o como dizer, o quando
dizer e para quem dizer, para não assumirmos uma posição inadequada, naquele momento, com
aquele(s) interlocutor(es) que espera(m) que estejamos compreendendo o que está em discussão.
O como dizer, engloba a competência 2. Assim, é solicitado um texto dissertativo-
argumentativo em prosa. A dissertação é um tipo de texto que analisa, interpreta e relaciona
dados, informações e conceitos amplos, tendo em vista a construção de uma argumentação, em
defesa de um ponto de vista.
Na dissertação, o enunciador do texto apresenta explicitamente sua opinião, valendo-se do
recurso dos argumentos de apoio para comprovar suas hipóteses e tese, tendo em vista assegurar
a manutenção de um ponto de vista. É atribuída nota zero à competência 2 e anulada a correção
das demais competências, quando o participante constrói outro tipo de texto que não o
dissertativo-argumentativo em prosa. Essa falha é chamada de inadequação quanto à tipologia.
3. Selecionar, organizar e relacionar dos argumentos, fatos e opiniões apresentados.
Nessa competência, procura-se avaliar como o participante, em uma situação formal de
interlocução, seleciona, organiza, relaciona e interpreta os dados, informações e conceitos
pertinentes para defender sua perspectiva sobre o tema proposto.
Aqui, verificam-se, nos textos escritos, algumas posições do participante como: a
reprodução de dados, informações e opiniões que estão presentes nos textos-coletâneas
normalmente propostos em uma prova de redação; a seleção de dados, informações, opiniões
sem relação com o projeto de texto; e uma seleção organizada e relacionada ao ponto de vista
defendido pelo projeto de texto em relação ao tema proposto.
4. Argumentos substantivos, coerentes e fortes.
Nessa competência, procura-se avaliar a utilização de recursos coesivos da modalidade
escrita, com vistas à adequada articulação dos argumentos, fatos e opiniões selecionados para a
defesa de um ponto de vista sobre o tema proposto.
São os mecanismos coesivos, em última análise, os responsáveis pela construção da
argumentação na superfície textual. Assim, são considerados os seguintes mecanismos: coesão
referencial; coesão lexical (sinônimos, hiperônimos, repetição, reiteração); e coesão gramatical
(uso de conectivos, tempos verbais, pontuação, seqüência temporal, relações anafóricas,
conectores intersentenciais, interparágrafos, intervocabulares).
5. Respeito às diferenças. Textualidade desprovida de visão local. Articulação
partindo de uma visão universalizada.
Nessa última competência, procura-se avaliar como o concursando indica as possíveis
variáveis para solucionar a problemática desenvolvida, quais propostas de intervenção
apresenta, qual a relação delas com o projeto desenvolvido sobre o tema proposto e a qualidade
dessas propostas, mais genéricas ou específicas, tendo por base o respeito à diversidade de
pontos de vista e a solidariedade humana, eixos de uma sociedade democrática.
Construções caóticas
Fazer uma boa redação não é para qualquer um. É fundamental ter um mínimo de
conhecimento de mundo, do assunto, de noções gramaticais. Escrever, sem esses atributos,
passa a ser uma verdadeira tortura tanto para o autor quanto para o leitor. Quando não, uma
piada para esse último.
Identificar o assunto, poder discutir um mínimo é atributo fundamental. Nesse sentido, entende-
se que uma parte da redação pode ser treinada à exaustão por meio de técnicas precisas,
conhecimentos gramaticais e outros. Mas, sem sombra de dúvidas, o aluno também tem que
fazer a parte dele. Trazer um mínimo para alcançar a máxima avaliação.
Encerramento
Correspondência entre Estruturas
A linguagem empregada na montagem de um texto é dinâmica, depende da criatividade e
do caminho escolhido pelo escritor. O texto, portanto, dificilmente irá apresentar apenas uma
estrutura de criação. Além disso, quem é o professor para limitar a capacidade de criação e
organização de um aluno?
Outro ponto importante é o entendimento de que os sete exemplos apresentados
anteriormente são apenas algumas propostas, inseridas em um universo infinito de
possibilidades. Isso quer dizer que você, estudante, pode criar sua própria estrutura.
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