Universidade dos Açores
Departamento de Biologia
RELATÓRIO de Genética Humana
Marta Silva
| Ciências Biológicas da Saúde |
2015
TESTE ÀS RELAÇÕES
FAMILIARES
UTILIZANDO SANGUE SIMULADO
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ÍNDICE
SUMÁRIO ...................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 6
RESULTADOS ................................................................................................................. 7
DISCUSSÃO ................................................................................................................... 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................10
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 11
ANEXOS ....................................................................................................................... 12
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SUMÁRIO
Os grupos sanguíneos são caracterizados pela presença ou ausência de antigénios na
membrana dos eritrócitos, com características funcionais e polimórficas definidas.
Actualmente, já foram descritos 30 sistemas de grupos sanguíneos, de acordo com a ISBT
(International Society for Blood Transfusion) 1. O conhecimento dos grupos sanguíneos pode
ter vários usos, incluindo verificar os cruzamentos em caso de paternidade duvidosa.
Nesta atividade laboratorial, teve-se como objetivo realizar uma tipagem do Sistema ABO
de dois casais e de duas crianças, para se determinar o grupo sanguíneo dos indivíduos e,
examinar as possíveis relações entre as crianças e os adultos.
Para cada uma das amostras de sangue, após a sua homogeneização com cada um dos soros
(anti - A e anti -B) verificou-se a ocorrência, ou não, de aglutinação. E assim concluiu-se que a
Criança 1 é filha do Casal X e a Criança 2 é filha do Casal Y.
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INTRODUÇÃO
Até ao final do século XIX, assumia-se que todo o sangue era igual, e consequências
trágicas de transfusões não eram compreendidas, bem como os casos menos claros de
paternidade persistiam.
As leis da Hereditariedade de Mendel, descritas em 1865-66, serviram de base para que o
médico Karl Landsteiner percebesse de que modo ocorria a transmissão das proteínas na
superfície dos eritrócitos quando classificou o sistema ABO, em 19012, 3, e assim explicou as
incompatibilidades sanguíneas4.
O locus ABO esta localizado no braço longo do cromossoma 94. A ligação dos antigénios A ou
B à superfície das hemácias depende da presença de uma glicoproteína específica. A adição do
açúcar depende da acção enzimática de uma molécula codificada pelo alelo H. Se o indivíduo
for homozigótico (HH) ou heterozigótico (Hh) a glicoproteína de superfície é produzida e
estabelecem-se os grupos sanguíneos4.
Estes antigénios não são restritos à membrana dos eritrócitos, podendo ser encontrados numa
grande quantidade de células como linfócitos, plaquetas, endotélio capilar venular e arterial,
medula óssea, além de secreções e outros fluidos como a saliva, urina e leite5.
A determinação do fenótipo ABO é apurado fazendo reagir as hemácias do paciente com soros
de aglutininas ou anticorpos (A e B). Como demonstra figura abaixo.
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Se o antigénio estiver presente, irá reagir com anticorpo correspondente, causando
aglutinação. Sendo assim, indivíduos IAIA ou IA i possuem antigénio A, IBIB ou IB i possuem
antigénio B, IAIB possuem antigénio A e B e ii não possuem antigénios.6
O grupo 0 é homozigótico recessivo, ou seja, só se manifesta quando os dois alelos são i. No
caso de IA e IB ocorre codominância, pois o individuo apresenta o alelo AB.
As incompatibilidades sanguíneas ocorrem quando o sistema imunitário da pessoa produz
anticorpos que, atacam os antigénios que esta não possui.7
Tabela 1 – Compatibilidade dos Tipos Sanguíneos (sem aglutinação), adaptado de Lewis, 2008
DADOR RECEPTOR
O O, A, B, AB
A A, AB
B B, AB
AB AB
Para além do sistema ABO, o Rh e o MN também são importantes. O sistema Rh, tem 3 pares
de genes envolvidos na herança do factor, no entanto para simplificar considera-se um caso de
herança mendeliana. O gene R, dominante, determina a presença do factor Rh, enquanto que
o gene r, recessivo, condiciona a sua ausência. Obtém-se dois fenótipos Rh+ e Rh- com três
genótipos RR e Rr para a presença do factor e rr a ausência8.
O grupo sanguíneo MN é determinado por dois genes, LMLM, condiciona a produção do
antígeno M, e LNLN, a do antígeno N. Entre LM e LN há codominância, de modo que pessoas
com genótipo LMLN produzem os dois tipos de antígenos9.
Em ambos os casos, não ocorre produção dos anticorpos naturalmente, assim os problemas das
transfusões de sangue não são tão graves, a não ser que sejam feitas transfusões repetidas vezes,
assim já há formação de anticorpos, aglutinação e problemas adversos, como no caso da
eritroblastose fetal provocada pelo factor Rh9.
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O conhecimento sobre os tipos sanguíneos tem diversas aplicações, sendo a mais importante
o teste de compatibilidade sanguínea nas transfusões de sangue. Outra aplicação envolve casos
de disputa parental6.
O objetivo desta experiencia foi realizar uma tipagem do Sistema ABO de dois casais e de duas
crianças, para se determinar o grupo sanguíneo dos indivíduos e, examinar as possíveis relações
entre as crianças e os adultos.
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MATERIAL E MÉTODOS
Para realizar-se a tipagem do Sistema ABO seguiu-se os passos do protocolo que se
encontra em anexo.
1. Identificou-se cada lâmina de tipagem, colocou-se o sangue e o soro, como descrito no
protocolo;
2. Misturou-se o conteúdo de cada um dos poços durante 30s, não utilizando o mesmo
palito em cada homogeneização, para que não houvesse contaminações cruzadas;
3. De seguida, verificou-se a ocorrência, ou não, de aglutinação em cada poço. Seguindo
como exemplo a figura 1 do protocolo. Em casos de dúvida na leitura assumiu-se que
havia aglutinação;
4. Registou-se as observações e determinou-se os genótipos possíveis de cada indivíduo
em causa.
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RESULTADOS
Tabela 2 – Registo das reações de aglutinação
Nº da Lâmina Nome do
individuo Soro Anti - A Soro Anti - B
Grupo
Sanguíneo
1 Sr.X + + AB
2 Sra. X + - A
3 Sr.Y + - A
4 Sra. Y - - O
5 Criança 1 - + B
6 Criança 2 - - O
Na Tabela 2 registou-se as reações de aglutinação, se havia ou não aglutinação depois da
homogeneização de cada lâmina.
No sr. X, lâmina 1, observou-se a aglutinação quer na junção de soro anti-A, quer na junção de
soro anti-B.
No caso da sra. X e do sr. Y, lâmina 2 e 3 respetivamente, ocorreu reação de aglutinação para o
soro anti – A, mas nada se verificou com o soro anti- B, não acorreu aglutinação.
A sra. Y, lâmina 4, e a criança 2, lâmina 6, não apresentaram aglutinação com nenhum dos
soros.
A criança 1, lâmina 5, teve reação de aglutinação com soro anti-B, mas não com o soro anti-A
Com a análise das reações de aglutinação, é possível deduzir-se os grupos sanguíneos, e os
possíveis genótipos dos indivíduos, tal se observa na tabela 3.
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Tabela 3 – Registo dos possíveis genótipos
GRUPO SANGUÍNEO GENÓTIPOS POSSÍVEIS
Sr. X AB IAIB
Sra. X A IAIA ou IAi
Sr .Y A IAIA ou IAi
Sra. Y O ii
Criança 1 B IBIB ou IBi
Criança 2 O ii
O sr. X como teve aglutinação com ambos os soros, tem os antigénios A e B, ou seja, é do grupo
sanguíneo AB, e só tem um genótipo possível IAIB.
A sra. X e o Sr. Y, são do grupo sanguíneo A, só tem o antigénio A, e podem ter como genótipos
IAIA ou IAi,
A Sra. Y e para a Criança 2, cujo grupo sanguíneo é o 0, não tem antigénios e só existe um genótipo
possível ii.
Finalmente, a Criança 1, cujo grupo sanguíneo é o B, tem o antigénio B, pode ter dois genótipos,
IBIB ou IBi.
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DISCUSSÃO
Analisando os resultados obtidos pode-se inferir algumas questões em relação as
relações familiares entre as crianças e os adultos.
Pode-se, então, verificar que a criança 1 pode ser filha do casal X, caso a sra. X transmita o alelo
i e o sr. X o alelo IB, e a criança teria de ser heterozigótica com o genótipo IBi. Já a criança 2 não
podia ter este casal como pais, uma vez o sr. X não tem o alelo recessivo i, para transmitir a
criança. No entanto, poderia ser filha do casal Y, caso o Sr. Y, seja heterozigótico e lhe transmita
o alelo i.
A criança 1 não poderia ser filha do casal Y, porque nenhum progenitor possui o alelo IB.
Assim, podia-se concluir que a Criança 1 é filha do Casal X e a Criança 2 é filha do Casal Y.
Contudo, a tipagem dos grupos sanguíneos é um método de exclusão de uma possível
paternidade e não permitem uma certeza de superior a 40% 10.
Então, outros métodos foram adicionados para se obter uma maior taxa de exclusão, como o
sistema CMH em conjunto com o sistema ABO e testes serológicos que aumenta a taxa para
80%10. Mas continuava a não ser resposta para o problema, que para além de dar certezas
absolutas, não possibilitava a inclusão, e actualmente só é utilizado em casos pontuais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se inferir que a tipagem por grupos sanguíneos não é o teste mais apropriado para as
questões de paternidade, já que em 1985, Alec Jeffreys descobriu como usar o DNA para esses
fins, ao estudar as regiões fingerprint.
Para que seja possível o uso do DNA para técnicas de identificação e atribuição de paternidade
é necessário amplificar em laboratório as regiões fringerprint. Isto é feito através da técnica
PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) que é um processo rápido para a amplificação
enzimática in vitro de um segmento específico de ADN.11
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BIBLIOGRAFIA
1. Ibgrl.blood.co.uk, (2015). Table of blood group antigens within systems. [online] Available at:
http://ibgrl.blood.co.uk/ISBT Pages/ISBT Terminology Pages/Table of blood group antigens
within systems.htm [Accessed 29 May 2015].
2. Silva A., Gramaxo F., Santos M., Mesquita A., Baldaia L.; (2000); Terra Universo de Vida;
Capítulo II; Porto; Porto Editora.
3. Lewin B.; (2001); Genes VII; Capítulos 1, 4 e 5; Porto Alegre; Artmed.
4. Bennett EP, Steffensen R, Clausen H, Weghuis DO, Van Kessel AG (1995). Genomic cloning of
the human histo-blood group ABO locus. Biochem Biophys Res Commun; 206:318-325
5. Schenbel-Brunner H. Human Blood Groups. Chemical and Biochemical Basis of Antigen
Specificity. 2th ed. Springer Wien New York, 2000.
6. Klug, W. et al, 2009. Concepts of Genetics (9ª ed), Pearson- Benjamin Cummings, US, pp.;
7. Lewis, R., 2008. Human Genetics- Concepts and Applications (6ª ed), Mc-Graw Hill, New York,
pp.
8. Regateiro, F. (2007). Manual de Genética Humana. Imprensa da Universidade de Coimbra; 134
9. Sobiologia.com.br, (2015). Sistema Mn e RH - Só Biologia. [online] Available at:
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel12.php [Accessed 20 May 2015].
10. Paternity-answers.com, (2015). Paternity Testing Resources. [online] Available at:
http://www.paternity-answers.com/history-paternity-test.html [Accessed 30 May 2015].
11. Terasaki P.; (janeiro 1978); HLA in paternity testing; The western Journal of Medicine.
12. Ncbi.nlm.nih.gov, (2015). Polymerase Chain Reaction (PCR). [online] Available at:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/probe/docs/techpcr/ [Accessed 30 May 2015].
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ANEXO 1
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