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Outro problema grave que

encontramos quando chegamos à

Prefeitura de Bagé, em janeiro de 2001,

era o da iluminação pública.

Uma das maiores e mais justas

reclamações dos moradores era quanto à

falta de reposição de lâmpadas e

luminárias, o que deixava grande parte da

cidade quase às escuras. Este quadro

também trazia problemas para a

segurança pública. O absurdo era tão

grande, que algumas associações de

moradores faziam promoções para

arrecadar recursos que seriam

empregados na aquisição dos materiais

necessários para manter as ruas

iluminadas. O cúmulo foi quando uma

liderança do bairro Camilo Gomes, o Pelé,

ao trocar lâmpadas de uma rua daquela

comunidade, caiu ao solo e veio a falecer.Tínhamos pouco mais de 12 mil

pontos de luz instalados, mas apenas sete

mil funcionando, já que outros cinco mil

estavam estragados. Fizemos o inventário

de todo o sistema, identificando ponto por

ponto, luminária por luminária, lâmpada

por lâmpada, o que nos permitiu ter um

Memórias de um tempo

Bagé, uma cidade que reluz

diagnóstico completo sobre o serviço, que

serviu de base para a montagem do

projeto de reformulação de todo o sistema.

Apostávamos que, com base na

eficientização da iluminação pública, o

município reduziria os custos e nossas

ruas e avenidas teriam mais luminosidade.

E, realmente, foi assim. A troca das

lâmpadas mistas por lâmpadas de vapor

de sódio, com luminárias que protegiam as

lâmpadas até de tiros de revólver calibre

32, aumentaram a luminosidade de Bagé

em oitos vezes e a conta da iluminação

reduziu 25%.O investimento total foi de R$ 2,4

milhões, financiados pela Eletrobrás e

CEEE. Por esta verdadeira revolução que

executamos na iluminação pública, sob o

comando do nosso amigo, engenheiro Ivan

Pinheiro, e com a importante participação

de outro amigo, o Gleniocir Sebajes

Soares, mais conhecido por Pacote, à

época coordenador do Setor de

Iluminação, recebemos reconhecimento

nacional. A Eletrobrás e o Instituto

Brasileiro de Administração Municipal nos

concederam o título de cidade que melhor

executou o Programa Reluz em todo o

país.

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Uma das decisões que tomamos foi a

de dividir a licitação em duas. Em uma,

contratamos o fornecimento dos materiais

que seriam utilizados e, em outra, os

serviços de execução. O que se comprovou

altamente benéfico para o município pela

economia que esse procedimento

proporcionou.O primeiro bairro que contemplamos

foi o Floresta. Depois que entregamos o

serviço dava prazer de ver as pessoas,

especialmente os idosos e crianças,

sentados ou brincando nas calçadas e

ruas, desfrutando de um direito que,

felizmente, conseguimos devolver a toda a

comunidade de Bagé, inclusive levando

iluminação a muitos locais que antes não

contavam com esse serviço, que também

foi implantado nas praças públicas do

município. No final do projeto, o município

já tinha mais de 13 mil pontos de luz

instalados. Briga de foice no escuroTodas aquelas melhorias foram

precedidas de uma grande "briga" que

tivemos com a CEEE. A companhia

Memórias de um tempo

fornecedora de energia elétrica estava há

pelos menos quatro anos sem receber da

Prefeitura de Bagé pelas contas de

iluminação públicas e dos prédios

públicos. Tão logo assumimos, a

presidência da CEEE, na época presidida

pelo meu amigo Vicente Rauber, me

apresentou a "fatura", na ordem de R$ 5,5

milhões. Informei que tínhamos, a exemplo

de outras pendências que herdamos, toda

a disposição de acertar. A proposta da

CEEE era impagável. Propus, então, o

parcelamento em 15 anos, com

eliminação dos juros e atualização pelo

INPC. E autorizaria o desconto direto do

retorno do ICMS. Foi o que fizemos e

pagamos, até o último dia de nosso

governo, religiosamente em dia essa

conta. Isso nos permitiu contrair o

empréstimo que viabilizou o Reluz em

Bagé.Mas tinha uma outra questão que me

preocupava. A CEEE cobrava do município

pelo fornecimento de energia a 12 mil

pontos de luz, mas tínhamos apenas sete

mil e poucos funcionando. Cobrava pela

carga potencialmente instalada e à

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disposição e não pelo que fornecia. E, sem

segundo, cobrava pelo abastecimento

durante 12 horas diárias, com base num

dispositivo da Aneel que assim

determinava para quando não houvesse

acordo entre município e o fornecedor.Propusemos à estatal que realizasse,

junto com técnicos da prefeitura, a

medição do que o nosso sistema

realmente consumia. Diante da recusa da

companhia, notificamos judicialmente a

mesma e determinamos que quatro

funcionários da prefeitura, no amanhecer

e no entardecer, durante 365 dias, nos

quatro pontos cardeais do município,

anotassem o horário em que as luzes

acendiam e a hora em que apagavam.

Memórias de um tempo

*Esse texto faz parte de Memórias de Um Tempo, uma série publicada no Jornal Minuano de Bagé, em que procurei resgatar fatos de nossa gestão de oito anos na Prefeitura Municipal.

Queríamos provar que a CEEE nos cobrava

mais do que fornecia.Com base no estudo, que comprovava

o fornecimento médio diário durante

11h30min, passamos a pagar pelo que

realmente consumíamos. Compreensão da comunidadePara sustentar o pagamento daquele

investimento, recorremos à instituição da

Taxa de Iluminação Pública. Aprovada pela

Câmara, sofreu alguns questionamentos

na Justiça, mas que não prosperaram.

Toda a população de Bagé paga, até hoje,

regularmente, junto com a conta da luz

esta taxa que, atualmente, deve servir

para a manutenção do serviço.

TARSO Governador 13 • OLÍVIO Senador 131 • DILMA Presidenta 13