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UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO – UNIFENAS

REOLOGIA DOS FLUIDOS FARMACOTÉCNICA II

MARINE BITTENCOURT SIMONE SONARA OLIVEIRA

SUZANA SAMARA OLIVEIRA HENRY L. PIRES

MARCUS HENRIQUE LILIANA OLIVEIRA

PROF. MSC. WANDER ARAÚJO MESQUITA

DIVINÓPOLIS

2007

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INTRODUÇÃO As formas farmacêuticas fluidas são tidas como sistemas que têm a capacidade de

escoamento, sem que retenham a sua forma quando não se encontram confinadas a um recipiente.As

formas semi-sólidas têm um comportamento mais difícil de definir.Apesar de reterem a sua forma

quando não estão confinadas a um recipiente, escoam com uma certa facilidade quando lhes aplica

uma força externa, apresentando assim, um comportamento fluido.(LACHMAN, et. Al.2001).

Exemplos de formas farmacêuticas deste tipo são as pomadas ou pastas que retêm sua

forma quando não extrusadas a partir de um tubo, sendo, pois, consideradas materiais semi-sólidos.As

propriedades deste dois tipos extremos de materiais não são descontínuas. (LACHMAN, et.al.2001).

A reologia ( do grego RHEOS que significa escoamento e LOGOS que significa

conhecimento) consiste no estudo do escoamento ou deformação do material em estudo, quando

submetido a uma tensão.( LACHMAN, et. al.2001).

Numa fase de investigação e desenvolvimento de formulações, as medições reológicas

são usadas para caracterizar a facilidade com que o material pode ser despejado de um frasco, ser

apertado num tubo ou outro recipiente deformável, manter a forma do produto num frasco, ou, após a

extrusão, esfregar o produto sobre a pele ou bombear o produto do equipamento onde se procedeu a

mistura ou enchimento.( LACHMAN, et. Al.2001).

Em geral, a reologia tem por finalidade manter as propriedades intrínsecas de

escoamento de um produto, durante o tempo em que ele permanece na prateleira. (ANSEL et.

al.2000).

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Os produtos são divididos de acordo com sua composição.Alguns produtos possuem

uma única viscosidade a uma dada temperatura, independente de uma temperatura e uma força

chamada CISALHAMENTO, que é uma força aplicada em uma determinada área do fluido.Estes

produtos são denominados de FLUIDOS NEWTONIANOS. Outros produtos (outros fluidos que são a

maioria) apresentam um comportamento reológico mais complexo e a determinação da viscosidade

não é um tópico simples ( ANSEL, et. Al.2000).

Outros produtos ainda apresentam um comportamento reológico bastante variado,

dependentes do tempo e da viscoelasticidade. ( ANSEL, et. al.2000).

A reologia é muito importante para:

• Determinar a funcionalidade de ingredientes no desenvolvimento de produtos;

• Controle de qualidade do produto final ou intermediário;

• Determinação da vida de prateleira de um produto;

• Avaliação da textura para correlação com dados sensoriais;

• Cálculo de engenharia de processos englobando uma grande quantidade de equipamentos como

agitadores, extrusoras, bombas e trocadores de calor.

Existem vários instrumentos disponíveis para a realização das medidas de viscosidade e

reologia, com princípio de funcionamento rotacional ou tubular.Os instrumentos rotacionais posem

operar em cisalhamento estacionário ( velocidade angular constante), ou dinâmico ( oscilatório).(

ANSEL, et. Al.2000).

Os equipamentos comerciais mais simples fornecem curvas de escoamento (viscosidade),

enquanto que instrumentos mais sofisticados fornecem comportamento reológico e também dão

informações de visco - elasticidade do material.Todos os parâmetros como curva de escoamento,

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tendência reológica e visco-elasticidade são importantespara a completa caracterização.( LACHMAN

et. al.2001).

É importante observar também que os comportamentos não são exclusivos, ou seja, um

material pode apresentar pseudoplasticidade, tixotropia e visco-elasticidade. (ANSEL, et. al.2000)

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CONCEITOS BÁSICOS E TERMINOLOGIAS

A aplicação de força tangencial a um corpo, e a sua deformação subseqüente, constituem a

base de observação numa análise reológica. Se esta força for aplica por um período de tempo, após o

qual é retirada, diz-se que a deformação é elástica se o material readquire a sua forma inicial, ou

plástica se a deformação permanece. Nesta perspectiva um fluido ou um líquido, constituem materiais

que fluem sobre a ação de uma força chamada gravidade que leva ao deslocamento de um líquido.

Existem alguns conceitos básicos e terminologias específicas que são usados em se

tratando de medidas reológicas como:

• Fluxo – quando se aplica uma força de cisalhamento em um líquido e este origina uma

deformação.

• Tensão de cisalhamento ou tensão de corte – quantidade de força ( tensão ) aplicada em

uma determinada área do fluido. A força cisalhante aplicada em uma determinada área de um

fluido em contato com um plano estacionado é a tensão de cisalhamento. Quando maior a

viscosidade de um líquido maior é a tensão de cisalhamento necessária para produzir certa

velocidade de cisalhamento.

• Taxa de cisalhamento ou gradiente de corte ( y ) – é o gradiente de velocidade de

cisalhamento por uma determinada distância. Exemplo: espalhar margarina com uma espátula

em um pão. Ao espalhar com uma espátula aplica um força com a mão ( tensão ) e uma

velocidade de espalhamento ( dv ) . a altura da camada de margarina formada entre o pão e a

espátula é a distância ( dx ) .

Y= dv velocidade ( cm/s ) = s-1

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dx distância ( cm )

• Tensão de deformação inicial – é a tensão mínima exigida para um material comece a fluir.

Essa tensão é benéfica para evitar sedimentação ou sinerese ou para estabelecer a

característica de um produto em cima de uma faca ou colher sem escorrer. Esse parâmetro

será desfavorável se um produto tem que preencher cavidades através do escoamento do

material.

Comportamento de escoamento

• Newtoniano – é aquele fluido cuja viscosidade é igual, independente da taxa de cisalhamento,

na qual é medida numa dada temperatura. Ao medir a viscosidade de um material em

diferentes velocidades num viscosímetro rotacional, ou sob várias condições de pressão num

viscosímetro capilar e as viscosidades resultantes forem equivalentes, então o material é

Newtoniano, sobre as condições de cisalhamento em que foi medido. Exemplo: água,

solventes, soluções muito diluídas, óleos minerais e fluidos de silicone.

• Não-Newtoniano – são as substâncias que não seguem o fluxo de Newton. Os materiais não-

newtonianos podem ser classificado sem dois subgrupos:

1. Não-Newtoniano – independente de tempo.

2. Não-Newtoniano – dependente do tempo.

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Independente do tempo

• Fluidos pseudoplásticos – ( com ou sem tensão de deformação inicial ). A viscosidade

decresce com o aumento da taxa de cisalhamento. Isto é chamado de “cisalhamento fino”. Ao

efetuar a leitura em um viscosímetro, rotacionando de baixa para alta velocidade e voltar a

baixa e as leituras nas mesmas velocidades coincidem, o material é considerado

pseudoplástico independente de tempo e de cisalhamento fino.

• Fluidos dilatantes – a viscosidade aumenta com o aumento de taxa de cisalhamento. Se o

material é medido de baixa para alta velocidade e a viscosidade aumenta com o aumento da

velocidade ( gradiente de cisalhamento ), o material é classificado como dilatante. Este tipo de

comportamento é mais raro que a pseudoplasticidade, e observado em fluidos contendo altos

níveis de defloculantes como argilas, lama, amido de milho em água, etc.

• Plásticos – este tipo de fluido comporta-se como sólido em condições estáticas ou de repouso

e após aplicação de uma certa força começa a fluir. Esta força aplicada denomina-se tensão de

deformação. Após começar a fluir o comportamento pode ser newtoniano, pseudoplástico ou

dilatante. Ex.: catchup.

• Plástico Bingham – se o material apresenta forças intensas que o impeçam de fluir até atingir

a tensão de deformação inicial e em seguida começa a fluir apresentando em comportamento

newtoniano, ele é classificado como plástico Bingham.

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Dependente de tempo

Alguns fluidos apresentam mudança na viscosidade em função do tempo sob

condições constantes de taxa de cisalhamento, sendo classificados em duas categorias:

• Tixotropia – quando o fluido decresce a viscosidade com o tempo enquanto são

submetidos a um constante cisalhamento. É muito usado em algumas formulações

farmacêuticas com grande utilidade, trata-se de uma transformação gel-sol

reversível. Com a secagem o gel forma uma retícula que serve de matriz rígida

para a estabilização de suspensões e géis: submetido a tensão ( por agitação ), essa

matriz amolece e forma um sol, com as características de uma forma farmacêutica

líquida, para facilidade de uso.

• Reopexia – quando os fluidos aumentam a viscosidade com o tempo a um

cisalhamento constante.

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PROPRIEDADES DE VISCOELASTICIDADE

Reologia inclui o estudo da deformação e recuperação de um material, que exibe

características de sólido elástico e de líquido viscoso, ou seja, considerando viscoelástico.Podemos

definir que as amostras viscoelásticas apresentam inicialmente comportamento sólido e

posteriormente líquido.Inicia-se a descrição desta propriedade diferenciando o comportamento de um

sólido e de um líquido quando submetidos a tensão de cisalhamento.

Um sólido ideal denominando o sólido de Hooke, submetido a uma tensão constante (força),

sofrerá distensões em todas as direções e a quantidade de distensão é controlada pela quantidade de

distensão. A distensão é mantida até que a tensão seja removida, o qual terá uma completa e

instantânea recuperação quando a tensão é removida. O processo ocorre instantaneamente, portanto o

tempo não é uma variável..

Em oposição a este comportamento, um líquido ao ser submetido a uma tensão, deforma

iniciando imediatamente o fluxo, não recuperando a forma inicial. Um fluido ideal Newtoniano, que

não apresenta característica elástica inerente ou estrutura de gel, nem possui alta viscosidade, como a

água ou óleo ao ser submetido a uma tensão constante escoará enquanto a tensão for

mantida.Portanto, o estiramento do líquido é função de 2 variáveis:tensão e tempo.

As dispersões de polímeros, os sistemas multifásicos, materiais com tecidos estruturais e

semi-sólidos tais como pastas e géis são viscoelásticos por apresentarem comportamento híbrido

elástico e viscoso.Ao aplicar uma tensão em um material viscoelástico, ou seu componente sólido

elástico distende instantaneamente na proporção da magnitude da tensão aplicada.A extensão da

distensão é referenciada como deformação angular (usualmente em frações de radiano) ou distensão

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angular (strain) ou distensão em razão da tensão aplicada.Devido à imposição da tensão constante a

amostra sofre distensão crescente (semelhante ao estiramento elástico).

Na fase inicial entre períodos de poucos segundos ou de muitos minutos, a amostra pode

continuar a distender primeiramente a alta velocidade, mas vagarosamente ao longo do tempo.Esse

período de tempo constitui a combinação entre a distensão elástica e deformação viscosa uma vez que

os componentes com estrutura elástica da amostra alcançam a sua distensão de esfriamento máximo,

toda a subseqüente deformação é verdadeiramente viscosa e, portanto não recuperável, da mesma

forma que ocorre com o fluxo.

Os dados de viscoelasticidade podem ser úteis no entendimento de alguns processos como

estabilidade de emulsões e extrusão.Também é uma ferramenta valiosa no desenvolvimento de

produtos, pois fornece parâmetros que podem ser relacionados a estrutura do material.

Na industria de alimentos o desenvolvimento de novos produtos demonstra a necessidade

de ingredientes funcionais, em particular de macromoléculas formadoras de estruturas nos alimentos

de baixas calorias, que apresentam função de espessante, geleificante, emulsificante ou ainda evitar a

sinerese (exsudação espontânea).

A medida da viscoelasticidade pode ser feita por métodos estáticos e dinâmicos, porém

somente através de ensaios oscilatórios (dinâmicos), as propriedades podem ser medidas

simultaneamente.

A resposta dinâmica de materiais viscoelásticos pode ser usada para dar informação sobre

o aspecto estrutural de um sistema a nível molecular ou predizer o comportamento em escala

macroscópica, desde que o ensaio seja feito dentro do intervalo de viscoelasticidade linear.

Os líquidos viscoelásticos freqüentemente contêm uma rede de moléculas tridimensional

que se deformam elasticamente devido as grandes moléculas. Na deformação oscilatória de líquidos

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viscoelásticos, somente parte da energia aplicada é recuperada, porque uma parte da rede

tridimensional tende a escoar sob tensão.Redes mais resistentes a ruptura possuem maior componente

elástico.

O armazenamento e perda de energia associada a elasticidade e a viscosidade do material,

respectivamente, podem ser ilustrados quando uma bola é batida no chão.Quando menos elástico for

o material da bola, mais baixa será a altura alcançada pela mesma.Um material viscoelastica responde

como: Um sólido em intervalos de curtos (alta freqüência) e um líquido em intervalos de tempos

longos (baixa freqüência).

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MEDIDA DE VISCOELASTICIDADE: teste de deformação é uma técnica disponível

apenas em reômetros com tensão de cisalhamento controlado, este parâmetro revela características

sobre a natureza viscoelastica do material, informando não simplesmente com medida de viscosidade

ou tensão de deformação inicial.

Para realizar o teste de deformação aplica-se uma tensão baixa e constante sobre a amostra

por um determinado período de tempo. A resposta da amostra a tensão aplicada, quando a distância e

a velocidade que se moveu em função do tempo é a propriedade de deformação do material.Quando a

deformação é pequena, ou é aplicada de forma muito lenta, os arranjos moleculares estão próximos ao

equilíbrio.Este é o domínio da viscoelasticidade linear. As magnitudes de tensão e deformação estão

linearmente relacionadas e o comportamento de qualquer líquido é completamente descrito com uma

simples função do tempo.

GEOMETRIA VANES (ALETAS): A consideração sobre equipamentos apropriados para

medir materiais com tensão de deformação inicial deve-se levar em conta os fatores necessários para

evitar depleção de parede ou artefatos falsos que freqüentemente aparecem em medidas com baixa

taxa de cisalhamento em líquidos altamente estruturados.

A geometria mais largamente usada e adequada para medir a tensão de deformação com o

propósito de eliminar o efeito de parede e a geometria de aletas (as aletas são utilizadas ao invés de

um cilindro de uma polegada), com sua diversidade no numero de aletas finas dentro de amostras de

repouso ou armazenadas com o mínimo de distúrbio.

O uso de aletas em velocidade de rotação muito alta deve ser excluído devido à formação

de fluxo secundário que se desenvolve atrás de aletas.

Análises teóricas desta geometria têm sido disseminadas por vários pesquisadores que

concluíram que para tensão de deformação / líquidos muito finos, a geometria de aleta atua como um

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cilindro circunscrito definido pela ponta das pás das aletas, com o material inserido no cilindro

virtual, agindo essencialmente como um corpo sólido e o material fora sendo cisalhado no caminho

normal. Isto assegura que o artefato falso é completamente sobreposto pela rotação.

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Tipos de dispositivos para determinação reológicas. Viscosímetros capilares ou de tubo. Quando um líquido se escoa através de um tubo capilar, ou de tubo, verifica-se uma

resistência ao escoamento devido à viscosidade deste. O líquido em contato com as paredes do tubo

está estacionário enquanto que, o líquido que se encontra no centro do capilar apresenta uma

velocidade de escoamento máximo. Entre estes extremos existe um gradiente de corte para um

líquido newtoniano, uma tensão de corte sobre a parede do capilar e uma viscosidade aparente que

podem ser calculados por varias equações.

A forma do capilar mais divulgada, é o sistema em vidro que pode ser encontrado no viscosímetro de

Ostwald.

Existe no mercado capilares com vários comprimentos e diâmetros permitindo a analise de vários

líquidos. Esses dispositivos podem, em caso de necessidade, ser usados só para materiais que escoam

facilmente para 0, e, do dispositivo, sem que o seu comportamento reológico seja afetado. Assim,

estes líquidos devem apresentar comportamento newtoniano.

Os viscosímetros de Ostwald são adquiridos de acordo com a necessidade em se manter constante o

número de centiStokes por segundo, esperando-se um tempo de escoamento normal para um

dispositivo entre 200 e 800 segundos. Escoamentos mais rápido do que 200 segundos requerem

normalmente uma forma qualquer de medição externa ao dispositivo para quantificar o tempo de

escoamento. Por exemplo a Cannon Instrument Co. tem à disposição dos interessados viscosímetros

de Ostwald cujas gamas variam entre 0,002 e 20 centiStokes por segundo.

Como as necessidades dos utilizadores são variadas, existem viscosímetros de Ostwald modificados

que permitem medir o tempo de escoamento entre as duas marcações com precisão elevada,

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recorendo a um temporizador fotoelétrico. Normalmente estes viscosímetros de Ostwald limitam-se a

medições com uma única gama de corte devendo o instrumento ser selecionado para uma amostra

individual do sistema em analise. Alternativamente, tem-se um instrumento base que permite a

adaptação de vários tubos capilares e uma força motriz variável permitindo uma utilização bastante

flexível do conjunto.

Viscosímetros Couette. Dividem-se em dois tipos: um com pendulo ou um cilindro central e outro com um copo

coaxial ou concêntrico. Um, ou ambos encontram-se livre para rodar em relação ao outro, colocando-

se o material em analise no espaço deixado entre ambas as peças. Estes dois tipos existem em três

configurações. A primeira consiste em medir o deslocamento do pendulo central do copo rotativo. A

segunda consiste em ter um pendulo central com medição de deslocamento do copo e pó ultimo, um

copo fixo medindo-se deslocamento e a rotação do pêndulo.

Na primeira configuração a rotação do copo era conseguida à custa da forca de pesos suspensos num

suporte ligado por um fio enrolado ao eixo do copo. O deslocamento do pendulo central fica

controlado por uma mola de elasticidade conhecida e, consequentemente, o deslocamento angular

pode ser equacionado como torque angular exercido sobre o pêndulo. Nas versões mais modernas, ao

copo estão ligados motores de velocidade sincronizada e controlada. O segundo tipo de viscosímetro

Couette constitui uma inversão quanto à mecânica em relação ao primeiro tipo. No terceiro tipo de

viscosímetro encontra-se a maioria dos dispositivos atuais. A peça interior é obrigada a rodar devido

à ação de um motor elétrico sincronizado, normalmente com varias velocidades discretas,

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encontrando-se a parte exterior do equipamento estática. O motor pode apresentar uma variação

continua da velocidade através de um controlo de transmissão adequado ou, por variação da

velocidade do motor. O deslocamento angular do pêndulo em relação ao suporte motriz é medido

através de uma ligação mecânica sobre o eixo. Existe o viscosímetro de Brookfield constituído pelos

componentes ( motor sincronizado, suporte do motor, transmissão, tampa do viscosímetro, mostrador,

mola calibrada, veio, extremidade do veio, suporte do pivot, ponteiro não magnético, apio do veio).

As versões mais modernas substituíram a medição do deslocamento angular e a sua apresentação por

um ponteiro num disco, por ligações com células elétricas de deformação que fazem o registro

eletrônico direto, permitindo uma leitura digital.

Viscosímetro de cone e prato. Neste tipo de viscosímetro, o cone é constituído por um prato biselado formando um

ângulo____, entre o cone e o prato, seja unicamente de alguns graus. Mesmo para os sistemas mais

grosseiros o ângulo não ultrapassa os 10º.

Geometricamente o cone e o prato podem rodar e o toque pode ser medido numa das duas peças,

através de um dispositivo ajustado, tal como nos viscosímetros Couette.

O viscosímetro de ferranti-shirley (Ferranti Electric, USA) é o exemplo clássico deste tipo de

viscosímetro podendo ser usados para uma grande gama de produtos farmacêuticos devido á sua

versatilidade. Aos viscosímetros de Brookfield, Contraves e Rotovisko também é possível adaptar um

cone e um prato.

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Viscosímetro que se baseiam na determinação da densidade.

Este tipo contem uma esfera de dimensão conhecida que atravessa um líquido por ação da

forca da gravidade.

O viscosímetro de Hoeppler é um exemplo de um viscosímetro comercial que tem um tubo de 200

mm com um raio de 8 mm e uma inclinação de 10º com a vertical.usando uma esfera adequada

podem-se determinar viscosidades entre 0,01 cP e 10000 poise. Mas este tipo só permite uma única

determinação e o rigor dos resultados da tensão de corte e do gradiente de corte não é o melhor.

O viscosímetro de bolha se baseia no principio da anterior, constituído por tubos padronizados

contendo óleos que cobrem uma gama de viscosidades bem definida cada qual contendo óleos que

cobrem uma gama de viscosidades bem definida cada qual contendo uma bolha de ar com uma

geometria exata. A amostra de viscosidade desconhecida é colocada num tubo vazio que se rolha por

forma a reter uma bolha de ar tamanho idêntico àquela contida nos padrões. O tubo com a amostra,

juntamente com os tubos-padrao são invertidos, comparando-se o tempo de ascensão da bolha de ar

contida no tubo da amostra com os tempos de ascensão das bolhas contidas nos outros tubos. A

viscosidade da amostra será aquela que mais se parece com a viscosidade de um dos óleos-padrão.

Esta técnica ainda é usada actualmente para a medição da viscosidade de óleos pesados.

Penetrómetros

Desenvolvidos para medir a consistência, ou rigidez, de materiais semisólidos

relativamente duros. Os instrumentos apresentam-se na forma de um cone ou de uma agulha. A forma

do cone é aquela descrita pela ASTM, isto é, um cone com um ângulo sólido de 30º que sai de um

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cone maior com 90º, embora tenham sido utilizados outros ângulos sólidos. Quando é usado, o cone é

montado num instrumento que mede o seu movimento descendente em função do tempo. Posiciona-

se a ponta do cone menor sobre a superfície do material em analise enquanto a outra ponta do cone

está ligada a uma mola que quantifica a torsão. No tempo zero o cone é liberado, determinando-se a

penetração que ocorre ao longo de um certo intervalo. A distancia do deslocamento é apresentada

normalmente em decímetros, (0,0001 metro).

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OUTROS MODELOS:

MODELO DE PRANDTL-EYRING

Este modelo baseia-se na Teoria Cinética de Eyring de líquidos e descreve o comportamento

pseudoplástico para valores finitos e tensão de cisalhamento,

representado pela Equação:

Os parâmetros A e B são característicos de cada tipo de fluido .E quando a tensão de cisalhamento tende a zero, o comportamento do fluido obedece à Lei da Viscosidade de Newton e

µ =A/B.

MODELO DE ELLIS

Este modelo é dado pela Equação:

Na qual , e são parâmetros positivos, ajustáveis e são característicos para

cada fluido. Para um muito maior que a unidade e baixos valores de o modelo se aproxima do Modelo de Newton. Já para um muito menor que a unidade e altos valores de , se aproxima do Modelo Power Law.Este comportamento torna este modelo bastante flexível.

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MODELO DE REINER-PHILIPPOFF É representado pela Equação: Na qual os parâmetros , e são característicos para cada tipo de fluido.

Esta equação se reduz ao Modelo de Newton para valores muito baixos ou muito altos de quando µ=µ =µ Curvas de escoamento de fluídos não newtonianos representados por outros modelos.

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ENVELHECIMENTO

Para sistemas não-newtonianos é preciso caracterizar as alterações que ocorrem sobre

as propriedades reológicas ao longo do tempo.Uma representação adequada dos resultados consiste

em desenvolver uma função própria a propriedade em questão, ao longo do tempo, em escala de

duplo logaritmo.

A logaritmização dos valores do tempo permite a representação no mesmo eixo do

tempo em horas, dias, meses, e mesmo anos. Os gráficos a seguir permitem mostrar uma mudança de

propriedade que possa vir a ocorrer com o tempo ou, uma descontinuidade que surja com o

envelhecimento da preparação. A maior vantagem deste gráfico está na possibilidade de permitir a

detecção do envelhecimento do sistema, particularmente se recolherem resultados em amostras

recém-preparadas.Verifica-se que os fenômenos de difusão também tendem a seguir um padrão

logarítmico, evidenciados se o tempo for representado numa forma logarítmica decimal.

Considerem-se os resultados apresentados na figura 1.Os reogramas de uma suspensão

foram obtidos 3, 24 e 48 horas após a produção. Os valores obtidos após 48 horas podiam ser

previstos de acordo com os valores obtidos nos outros reogramas.Os resultados obtidos durante 60

dias mostram um aumento linear, enquanto que,os resultados obtidos durante o primeiro dia permitem

prever a primeira semana, e, os da primeira semana permitem prever os do primeiro mês e, estes por

extrapolação o primeiro ano.

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No desenvolvimento da formulação e do processamento de uma loção obtiveram-se os

resultados da figura 2, tendo-se verificado que a formulação tendia a endurecer com o

envelhecimento.O afastamento dos resultados da recta inicial , constitui indício de quando o processo

se inicia seja empírico, estes gráficos logarítmicos proporcionam, com um certo nível de confiança,

informação sobre a forma como envelhecimento ocorre.

Fig.1-Mudança da viscosidade aparente, Fig.2-Gráficos representando as para diferentes gradientes de corte, devido alterações de processamento e de ao envelhecimento do sistema. formulações de uma loção sujeita a envelhecimento.

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CONCLUSÃO

Na determinação da estabilidade de formas farmacêuticas, os parâmetros reológicos

podem proporcionar um método de documentação das mudanças dependente do tempo, encontrando-

se disponível no mercado equipamentos adequados para determinações reológicas em cosmética e

farmácias provenientes de vários fabricantes.As medições reológicas proporcionam critérios para a

aceitação do produto, pois podem correlacionar-se com fatores que influenciam, tanto a tensão de

corte, quanto o gradiente de corte a qual o material foi submetido.

Estudo recentes de metodologia para a caracterização reológica da visco – elasticidade dos

materiais estão ocorrendo na indústria, o que vai levar a um aumento do número de aplicações no

controle do produto e na sua avaliação

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ANSEL, Howard C.et. al. Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos.

69ª edição.editora Premier. São Paulo 2000. 548p. LACHMAN, Leon et. Al. Teoria e Prática na Indústria Farmacêutica. Vol.1 editora

Fundação Calouste Gulibenkian. Lisboa 2001. 505p. Internet pág. WWW.BRASIQ.COM.BR/BROAKFIELD.PDF data de acesso: 15/05/07 às

14:30h. LACHMAN, Leon et. al. Teoria e Prática na Tndústria Farmacêutica. Vol.II. editora

Fundação Calouste Gulibenkian. Lisboa 2001.1517p. PRISTA, L. Nogueira et. al. Terminologia Farmacêutica. 6ª edição. Editora Fundação

Calouste Guliberkian. Lisboa 2002.786p.