UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL
ROSIMARI BONISSONI
RESÍDUOS MADEIREIROS EM SERRRARIAS DE DOIS
MUNICÍPIOS DO MÉDIO NORTE DE MATO GROSSO
CUIABÁ – MT
2017
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ROSIMARI BONISSONI
RESÍDUOS MADEIREIROS EM SERRARIAS DE DOIS
MUNICÍPIOS DO MÉDIO NORTE DE MATO GROSSO
Orientadora: Profª. Zaíra Morais dos Santos
Hurtado de Mendoza
Monografia apresentada à Disciplina de Trabalho de Curso do Departamento de Engenharia Florestal, Faculdade de Engenharia Florestal – Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Florestal.
CUIABÁ-MT
2017
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AGRADECIMENTOS
À Deus por ter-me dado saúde, coragem e sabedoria para enfrentar
os obstáculos, permitindo-me seguir sempre em frente e jamais desistir.
À Universidade Federal de Mato Grosso, todo corpo docente, em
especial os docentes da Faculdade de Engenharia Florestal, direção e
técnicos, pela oportunidade de realizar este trabalho e pelo aprendizado e
conhecimento adquirido.
À professora Zaíra, pela amizade, pela orientação, dedicação,
paciência e por todo aprendizado durante a graduação.
À Dani, pela amizade, pela paciência, pelo apoio e suporte, por ter
aceitado compor a banca.
Ao Tiago, pela ajuda, paciência e suporte no desenvolvimento
deste estudo.
Ao professor Pedro, por todo aprendizado, por aceitar a participar
da banca examinadora.
À professora Daniele, pela ajuda, pelo suporte e por ceder espaço
para a realização desse trabalho.
Aos meus pais, que sempre me apoiaram e torceram muito pelo
meu sucesso.
Aos meus irmãos Raquel, Richard e Gabriel, por todo amor,
incentivo e suporte nessa caminhada, eu os amo muito.
Ao Mario, por ser tão companheiro, por todo amor, por sempre me
ajudar, me incentivar e por ser paciente, por apoiar cada decisão minha, a
quem eu tenho um imenso amor.
À toda minha família, minha base, que sempre esteve ao meu lado
em cada passo dado.
Às minhas primas, Kelyn e Ellyn, bem como meus tios Elso e Rose,
por toda ajuda durante esses anos, pelo apoio, pelo companheirismo e amor
dedicado.
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Aos meus tios, Ricardo e Rita pela ajuda na coleta dos dados, todo
suporte e apoio.
Aos meus amigos, por compartilharem comigo momentos de
alegria, de tristeza, por estarem sempre comigo nessa caminhada, me
incentivando e me apoiando, vocês foram essenciais, obrigada!
E a todos, que, de alguma forma contribuíram para a conclusão de
mais uma etapa na minha vida, agradeço!
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................... 7
RESUMO ....................................................................................................... 8
ABSTRACT ................................................................................................... 9
1.INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10
2.REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 12
2.1.RESÍDUOS FLORESTAIS .................................................................. 12
2.2.DESDOBRO DA MADEIRA E OS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ... 15
2.3. MATÉRIA – PRIMA ............................................................................ 19
3.MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 22
4.1. ORIGEM DAS TORAS ....................................................................... 25
4.2. ESPÉCIES UTILIZADAS ................................................................... 26
4.3. DIÂMETRO MÉDIO DAS TORAS ...................................................... 27
4.4. – MAQUINÁRIO UTILIZADO ............................................................. 27
4.5. – VOLUME DE RESÍDUO GERADO ................................................. 30
4.6. – TIPO DE RESÍDUO GERADO ........................................................ 32
4.7.- DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS ..................................................... 33
5.CONCLUSÕES ......................................................................................... 36
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 37
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA LEVANTAMENTO DOS
DADOS ........................................................................................................ 23
FIGURA 2 - ORIGEM DAS TORAS UTILIZADAS ........................................ 25
FIGURA 3 - PRINCIPAIS ESPÉCIES UTILIZADAS ..................................... 26
FIGURA 4 - DIÂMETRO MÉDIO DAS TORAS UTILIZADAS ....................... 27
FIGURA 5 - MAQUINÁRIO UTILIZADO PELAS SERRARIAS ..................... 28
FIGURA 6 - EQUIPAMENTO QUE MAIS GERA RESÍDUO ........................ 29
FIGURA 7 - PORCENTAGEM MÉDIO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS ...... 31
FIGURA 8 - TIPOS DE RESÍDUOS GERADOS PELAS SERRARIAS ........ 32
FIGURA 9 - DESTINAÇÃO DADA AOS RESÍDUOS DAS SERRARIAS ..... 34
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RESUMO
BONISSONI, Rosimari. Resíduos Madeireiros em serrarias de dois municípios do Médio Norte de Mato Grosso. 2017. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT. Orientadora: Profª. Zaíra Morais dos Santos Hurtado de Mendoza.
Este trabalho teve como objetivo realizar o levantamento da geração de
resíduos em serrarias da região médio norte de Mato Grosso, através da
aplicação de questionários. O presente estudo foi realizado nos municípios de
Tapurah e Itanhangá, na Região Médio Norte do Estado de Mato Grosso. Para
a realização da pesquisa foi aplicado um questionário “in loco” na forma de
entrevista individual com os representantes de cada empresa. Foram colhidas
informações de 10 serrarias, contendo a produção, o tipo e a destinação dos
resíduos madeireiros, equipamentos utilizados no desdobro, e a quantidade
de resíduos gerado por cada uma destas. Foi possível levantar o percentual
médio de resíduos gerados, equipamentos utilizados, a destinação dada para
cada tipo de resíduos nas empresas, bem como a matéria prima utilizada. Os
resultados obtidos foram satisfatórios, pois todos os objetivos foram
alcançados. Através do estudo realizado, verificou-se que os proprietários
apresentavam dificuldades para realizar a destinação de seus resíduos.
Diante disso, recomenda-se a elaboração de planos informativos sobre o
descarte e aproveitamento de resíduos, contribuindo para a melhoria dessa
região.
Palavras-chaves: madeira, indústria madeireira, desdobro, destinação.
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ABSTRACT
BONISSONI, Rosimari. Resíduos Madeireiros em serrarias de dois municípios do Médio Norte de Mato Grosso. 2017. Monografia (Degree in Forestry Enginnering) – Federal University of Mato Grosso, Cuiabá-MT. Advisor: Professora Zaíra Morais dos Santos Hurtado de Mendoza.
This work had as objective realize the generation waste survey, in
sawmills at the medium north region of Mato Grosso, through of questionnaire
application. The present study was realized at Tapurah and Itanhangá
counties, at the north medium of Mato Grosso state. For conducting the
research was applied a questionnaire in loco at the format of individual
interview with the representatives of each company. The evaluated objectives
were: the production of wood residues, destination of residues, kinds of
generated residues, the equipment used at the breakdown and which one
generated more waste. Altogether were interviewed 10 sawmills. Through the
application of questionnaires was possible to collect the average percentage
of the generated waste, the machinery and the equipment used, the
destination given for each type of residues at the companies, as well the raw
material used. It is concluded that the results obtained through the application
of questionnaires were satisfied because all the objectives were reached.
However, as the data were not quantified, the results are not accurate, but only
an estimate reported by the owners of the timber industries. Through the study
realized, it was verified that the owners presented difficulties to carry out the
destination of their waste, knowing that, it is possible to prepare informative
plans on the disposal and use of waste, contributing to the improvement of this
region.
Key words: Wood, timber industry, unfolding, destination.
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1.INTRODUÇÃO
Um volume significativo de resíduos é gerado anualmente pelas
indústrias de base florestal durante suas fases operacionais, uma
consequência direta do processamento primário ou secundário de toras de
madeira, independentemente do tipo de indústria madeireira. O baixo
rendimento no processamento da madeira nas empresas do setor madeireiro
no Estado do Mato Grosso, tem ocasionado o desperdício de uma enorme
quantidade de madeira, mesmo em pequenas serrarias ou marcenarias.
Grande parte dessas empresas, que utilizam madeira de florestas
nativas como matéria prima, se encontram em regiões próximas às florestas,
onde o acesso é precário, o que torna deficiente a fiscalização da destinação
correta dos resíduos produzidos. Devido à ausência de conhecimento dos
proprietários em relação as possíveis formas de aproveitamento e sobre como
descartar corretamente esses resíduos, algumas empresas acumulam
toneladas de resíduos madeireiros em seus pátios, ocasionando grandes
impactos ambientais.
Em razão da fiscalização deficiente, alguns proprietários acabam
limpando seus pátios de maneira irregular, transferindo para os arredores ou
incinerando, sem o devido controle ambiental, trazendo sérios problemas ao
meio ambiente.
A questão do aproveitamento de resíduos é muito discutida no meio
científico, principalmente devido a grande preocupação mundial com consumo
de recursos naturais, produção de resíduos e sua contribuição na emissão de
poluentes relacionada com aquecimento global, ocasionando pressões do
mercado para adequação ambiental. E existem diversas alternativas para a
destinação correta desses resíduos, seu uso pode ser aproveitado para fins
energéticos ou ser incorporados na fabricação de outros produtos, tais como
pelletes, painéis e chapas de madeira.
11
O aproveitamento, é visto como uma alternativa muito eficiente e
tem contribuído para a racionalização dos recursos florestais. A destinação
desses resíduos de forma racional reúne vantagens ambientais e econômicas,
pois representa uma opção para diversificar e aumentar a renda do
empreendedor, além de contribuir para adequação ambiental do
gerenciamento de resíduos.
Algumas empresas, tem adotado tecnologias para aproveitar seus
descartes industriais, dessa forma conseguem aumentar o lucro da empresa,
garantindo-lhes diferenças econômicas, ao mesmo tempo que preservam sua
imagem junto à sociedade, contribuindo para a conservação e preservação do
meio ambiente.
O uso de questionários para realização de pesquisas no setor
madeireiro é visto como uma ferramenta útil na obtenção de dados. Após sua
aplicação, é possível criar um banco de dados da região em estudo para as
futuras tomadas de decisões, portanto de fundamental importância para
melhorias na gestão desse do setor madeireiro. Diante disso, o presente
estudo objetivou estudar a atual situação dos resíduos gerados pelas
serrarias, localizadas em dois municípios da Região Médio Norte do Estado
de Mato Grosso, através da aplicação de questionários.
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2.REVISÃO DE LITERATURA
2.1.RESÍDUOS FLORESTAIS
De acordo com o SEBRAE (2017), resíduos são as partes que
sobram de processos derivados das atividades humanas e animal e de
processos produtivos como a matéria orgânica, o lixo doméstico, os efluentes
industriais e os gases liberados em processos industriais ou por motores.
Resíduo florestal é definido como todo e qualquer material
resultante da colheita ou do processamento da madeira e/ou de outros
recursos florestais que permanece sem utilização definida ao longo do
processo, por limitações tecnológicas ou de mercados, sendo descartado
durante a produção (ULIANA, 2005).
Resíduos industriais florestais são definidos como os subprodutos
decorrentes do desdobro primário e secundário como também da utilização
da madeira (ARAUJO, 2003). Quirino (2004) define como resíduo das
indústrias de base madeireira as sobras que ocorrem no processamento
mecânico, físico ou químico, os quais não são incorporados ao produto final.
Tais resíduos apresentam diversas classificações. Os resíduos da
colheita florestal podem ser compostos por galhos, copa, casca, raiz, árvores
mortas, árvores abatidas acidentalmente, cepas, cipós, outras espécies não
arbóreas danificadas e/ou abandonadas. Os resíduos do processamento
mecânico da madeira podem conter costaneira, pó, serragem, maravalha,
cavaco, tocos, pontas e aparas; contaminados ou não por produtos químicos
do tratamento da madeira, cola, tinta e verniz. (ULIANA, 2005).
De acordo com Quirino (2004), os resíduos das madeireiras são
genericamente classificados como: cascas, aparas, cepilhos, serragem,
cavacos e cinzas produzidos ao longo do processo de produção.
Segundo Fontes (1994), com base nas suas características
morfológicas, os resíduos dessas indústrias são classificados como: cavacos
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- partículas com dimensões máximas de 50 × 20 mm, em geral provenientes
do uso de picadores; maravalhas - resíduo com menos de 2,5 mm; serragem
- partículas de madeira com dimensões entre 0,5 e 2,5 mm, provenientes do
uso de serras; pó - resíduos menores que 0,5 mm; lenha - resíduos de
maiores dimensões, composto.
Dutra; Nascimento; Numazawa (2005), classificaram os resíduos
da indústria madeireira como:
a) Serragem – resíduos originados da operação de serras, encontrados
em todos os tipos de indústrias madeireiras e moveleiras, com exceção
das laminadoras de toras;
b) Cepilho – também muito conhecido por maravalha, resíduos gerados
pelas plainas nos processos de serrarias ou marcenarias. Após certos
processos que também serão aplainados, a madeira será utilizada na
fabricação de móveis, portas, janelas, pisos, forros, e estruturas para
telhados;
c) Lenha – típico dos resíduos de maiores volumes e com uma tendência
em gerar novos produtos de menores dimensões. São gerados em
todas as madeireiras, e compostos da lenha: costaneiras, aparas,
refilos, topos de toras e restos de laminados.
Os resíduos são gerados ao longo de toda a cadeia produtiva. A
quantidade e os tipos gerados variam com as características da floresta,
da espécie, da natureza da matéria prima, do produto, do grau de
processamento, da eficiência do processo de transformação (ULIANA,
2005).
A quantidade e os tipos gerados, também podem variar de acordo
com os tipos de máquinas empregadas pela indústria, número de operações
do processamento, qualificação da mão-de-obra (ULIANA, 2005).
A maior quantidade de resíduos gerados é uma consequência do
desdobro primário e secundário das toras. O volume de resíduos gerados
pode-se expressar como a diferença entre o volume de madeira em toras que
entra na serraria e o volume de madeira serrada produzida. Considerando-se
os resíduos gerados pelo processo produtivo, como cascas, costaneiras,
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refilos, aparas e serragem, seria irracional não promover o aproveitamento
máximo desses subprodutos do beneficiamento primário da madeira. Tais
resíduos, em um primeiro momento, são tidos como rejeitos no processo, mas
seguramente podem sair da serraria como matéria-prima para produção de
pasta e celulose e chapas de composição, bem como promover a
autossuficiência energética da própria indústria (FONTES, 1994).
Segundo Machado (2014), com a sanção da Política Nacional de
Resíduos Sólidos, todos que trabalham no setor das indústrias de madeiras
precisam dar uma destinação final ambientalmente adequada para seus
resíduos. Seja qual for a solução técnica adotada por essas empresas, ela
deve obedecer a ordem de prioridade no gerenciamento de resíduos
estabelecida pela Lei 12.305/2010 Art. 9°, que diz:
“Art.9º Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos,
deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração,
redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos
e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
§ 1º Poderão ser utilizadas tecnologias visando à
recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que
tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com
a implantação de programa de monitoramento de emissão de
gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental.
§ 2º A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as
Políticas de Resíduos Sólidos dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios serão compatíveis com o disposto no caput e no §
1o deste artigo e com as demais diretrizes estabelecidas nesta
Lei.’’
A reciclagem ou o reaproveitamento é uma oportunidade de
transformar em novos produtos, os resíduos normalmente considerados como
lixo. Como exemplo, a fabricação de móveis e objetos de madeira, fabricação
de briquetes e pellets, dentre outros. Esse processo é uma importante fonte
de faturamento para a indústria, uma vez que reduz os gastos com deposição
e armazenagem (ZOLDAN e LIMA, 2012).
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A indústria madeireira, utiliza os resíduos (serragem, maravalha e
cascas) para gerar energia térmica ou elétrica através da queima, com a
finalidade de se obter uma fonte renovável de energia, capaz de substituir os
combustíveis fósseis tradicionalmente usados. A biomassa, nesse contexto
energético se estabelece como fonte de energia limpa e renovável
(VASCONCELLOS, 2002).
Um resíduo ligno-celulósico pode ser reutilizado como matéria-
prima em processos diferentes aos de origem, sendo transformados em
partículas e tornando-se materiais aglomerados, constituindo desse modo
placas a base de madeira. (ZOLDAN e LIMA, 2012).
Outra forma de aproveitamento dos resíduos é como combustível
sólido. O aproveitamento é realizado diretamente no processo ou beneficiado
com briquetagem, isto é, a compactação das partículas formando um briquete,
podendo tomar várias formas e medidas. Pode-se obter outras fontes de
reaproveitamento da biomassa, que são os resíduos ligno-celulósico que
podem ser retirados das cascas de árvores e de todos os seus derivados
(ZOLDAN e LIMA, 2012).
2.2.DESDOBRO DA MADEIRA E OS EQUIPAMENTOS
UTILIZADOS
Pode-se definir o desdobro como o primeiro estágio efetivo de
industrialização da madeira, na qual se obtém diversos produtos em seções
típicas para cada aplicação. É uma operação que permite um melhor
aproveitamento da madeira, além de lhe conferir maior versatilidade para
inúmeros usos (REMADE, 2013).
Segundo Ponce (1993), o desdobro é o processo onde as toras são
convertidas em produtos úteis de madeira, através da aplicação de um ou
mais processos mecânicos, que as transformam em peças menores, dando-
lhes forma, tamanho e superfície requeridos para cada um de seus usos.
De acordo com Menezes (1998), o desdobro é um processo
eficiente e proveitoso que permite obter maior volume de material útil e valioso
16
da tora através de processos mecânicos, de forma a satisfazer especificações
de qualidade, dimensões e acabamento.
Rocha (2002), afirma que o desdobro principal é realizado com
equipamentos pesados e necessitam de uma grande quantidade de energia,
onde sua principal função é reduzir o tamanho das toras em peças de fácil
trabalhabilidade as quais serão serradas novamente em operações
secundárias. Segundo o autor, no desdobro principal, as toras podem ser
transformadas em blocos, semi-blocos, pranchões, pranchas, tábuas ou
quando realizado o destopo ainda no pátio de toras, toras de comprimento
menor. Normalmente, neste desdobro as serras são classificadas como serras
alternativas ou de quadro, serras de fita, serras circulares e serras
destopadeiras.
O desdobro secundário é realizado logo após o desdobro principal.
É nessa etapa que as peças têm o seu tamanho reduzido ou até mesmo
adquirem seu tamanho final. As serras circulares são as mais utilizadas para
o desdobro secundário. Em algumas operações, é comum o uso de serras
fitas de pequeno porte (ROCHA, 2002).
As operações de desdobro secundário são divididas em:
resserragem, onde a espessura da peça que saiu do desdobro principal é
diminuída, geralmente feita por serras circulares duplas; refilo ou canteagem,
que é realizado para diminuir a largura das peças; destopo, onde as peças
ganham seu comprimento final com a retirada de defeitos das extremidades
das peças; e o reaproveitamento, que é a operação de desdobro de peças já
consideradas resíduos (ROCHA, 2002).
As máquinas e equipamentos utilizados no desdobro principal são
serras de quadro ou alternativas; serras circulares; serras de fita e carro porta
toras. A utilização desses equipamentos é capaz de gerar produtos e
subprodutos, tais como: semiblocos, blocos, pranchões, tábuas, costaneiras,
serragem e cavacos (ROCHA, 2002).
A máquina mais versátil e mais empregada para o desdobro de
toras é a serra de fita (VITAL, 2008), pois desdobra toras de diâmetros e
densidades diferentes, com espessura de corte reduzida. Essa máquina
17
exerce função imprescindível na serraria, pois é a primeira do fluxo produtivo
(ABREU et al, 2005).
Carmo (1999), afirma que dentre os diferentes modelos de serra de
fita, as mais utilizadas são a vertical simples, a dupla ou geminada e serra de
fita horizontal.
O carro porta toras é indispensável na operação de uma serraria.
Tal equipamento possui a função de conduzir as toras até a máquina de
desdobro (GARCIA, 2013).
Nas serrarias em geral, estão presentes as serras circulares. O uso
destas máquinas no desdobro principal é pertinente em toras de pequenos
diâmetros e matéria prima de baixo custo, devido à grande perda por
serragem e por sua baixa versatilidade (GARCIA, 2013).
As serras circulares permitem a utilização de dois eixos, permitindo
a redução das dimensões (diâmetro e espessura) dos discos, aumento da
altura de corte e maior qualidade da madeira serrada (ROCHA, 2002).
Dentre os equipamentos existentes, segundo dados do SEBRAE
(2017), os mais utilizados para o desdobro da madeira em serrarias de
pequeno e médio porte são:
a) Serra-circular: é perfeita para trabalhos médios e leves em madeira,
com ótimo desempenho e durabilidade. Equipamento de corte de
madeira a partir de um disco ou lâmina de metal e uma mesa de
sustentação.
b) Serra-fita: é uma serra que é instalada numa máquina cuja fita de serra
se movimenta continuamente, pela rotação de volantes e polias
acionadas por um motor elétrico. A serra de fita tem uma versatilidade
de trabalho muito grande, podendo realizar quaisquer tipos de cortes
retos ou irregulares, tais como círculos ou ondulações. Também pode
ser utilizada para o corte de materiais muito espessos, difíceis de serem
cortados na serra circular. Pode ser de dois tipos: horizontal e vertical.
c) Destopadeira: é o equipamento ideal para igualar a madeira, a máquina
possui uma serra com deslocamento horizontal posicionada dentro de
uma capota de proteção, o que proporciona total segurança para o
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operador.
Um sistema de desdobro convencional consiste em se desdobrar
toras sem classificação e sem uma definição exata de um modelo de corte
para cada classe diâmétrica. Tal condição, na maioria das vezes, induz a um
baixo aproveitamento da tora, propiciando uma maior geração de
subprodutos, muitas vezes considerados resíduos do processo (ROCHA,
2002).
O Brasil ainda possui um grande número de serrarias que utilizam
o sistema convencional de desdobro, em que as toras são desdobradas de
acordo com critérios escolhidos pelo operador da máquina principal, ou seja,
é ele quem define a melhor maneira de se desdobrar uma tora. Dessa
maneira, podem ocorrer elevadas perdas de matéria-prima, devido à ausência
de tecnologias apropriadas para o desdobro das toras, encarecendo o
processo, em função de que há a necessidade de se consumir maior volume
de matéria-prima para produzir a mesma quantidade de produto serrado,
(ROCHA et al., 2005).
No que diz respeito aos resíduos do processamento de madeira em
serrarias, existe a possibilidade de melhor utilização da matéria-prima
madeireira por meio da utilização de melhores técnicas, equipamentos e
processos. A utilização da madeira deve ser feita da forma mais racional
possível, buscando sempre o máximo rendimento e desenvolvendo novos
produtos como alternativa para os resíduos, pois, apesar de ser um recurso
natural renovável, a reposição florestal acarreta custos significativos
(VALÉRIO et al., 2007).
A eficiência técnica e econômica dos processos de transformação
do recurso florestal em produtos é fator básico para a sobrevivência da
indústria madeireira. A indústria de transformação da madeira que não estiver
preocupada em melhorar seus rendimentos e, consequentemente, viabilizar
seus custos de produção, dando uma utilização total aos resíduos gerados no
processo, assume um sério risco de perder em competitividade e paralisar as
suas atividades (BIASI, 2005).
Os métodos utilizados em serrarias, no desdobro da madeira,
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podem comprometer os lucros desejados e o baixo custo em outras etapas da
cadeia produtiva, que é resultado de sua melhor dinâmica e desempenho.
Devido a isso, o processo de desdobro deve ser cuidadosamente analisado,
sendo de grande importância que cada operário tenha sua função bem
definida, pois em processos não-otimizados, a produtividade e o rendimento
irão depender de seu nível de especialização. Estudos sobre o
aproveitamento em serraria demonstram que decisões sobre o ótimo
aproveitamento das toras e o processamento de madeira podem levar ao
aumento de 10% a 25% no rendimento da madeira processada (VALÉRIO et
al., 2007).
2.3. MATÉRIA – PRIMA
Dentre as principais atividades econômicas da região amazônica
destacam-se a exploração e o processamento industrial da madeira
juntamente com a mineração e a agropecuária (LOPES, 2010).
De acordo com Lopes (2010), construção das estradas permitindo
o acesso às áreas densas juntamente com a ausência de restrição ambiental
e o esgotamento da madeira na região sul do país possibilitaram o
crescimento do setor madeireiro na região Amazônica. O resultado disso foi a
formação de pólos madeireiros ao longo das rodovias decorrente de
aglomerações de empresas madeireiras em centros urbanos. Esses pólos
concentram-se em locais que dispõem de serviços tais como: energia, saúde,
comunicação e serviço bancário.
A atividade extrativista da madeira no Mato Grosso teve início nos
anos quarenta. Nessa época não havia qualquer noção de preservação e
conservação de espécies que posteriormente sofreram extinção devido à
demasiada atividade extrativista. Um fato que facilitou o transporte desses
produtos extraídos da floresta foi a construção de rodovias federais assim
como BR-364, BR-163 e anteriormente a BR-070 que permitiu a ligação dos
estados de São Paulo e Mato Grosso. Desse modo os extratores de toras
passaram a arrendar terras para que pudessem extrair espécies que viriam a
20
ser comercializadas com alto valor no mercado moveleiro tais como: mogno,
pau-ferro e posteriormente a cerejeira. O processo do arrendamento baseava-
se em escolher as espécies com as melhores características para depois
derrubá-las. Essas características eram: caule reto, cerne firme e sem defeitos
que pudessem ser usadas na indústria de laminação da madeira (MARTA,
2007).
A indústria madeireira é a quarta economia do estado com um PIB
de 57.294.192, ou seja, 15% do PIB industrial do Estado. (CIPEM, 2012).
Visando permanecer no mercado, o setor vem buscando a diversidade na
produção de produtos advindos da madeira, sendo os principais produtos
florestais comercializados pelo estado a madeira in natura (toras), madeira
serrada (bloco de filé, pranchas, tabuas, vigas, caibros, ripas, sarrafo, ripão,
réguas, pontaletes, barra de cama não beneficiada, aproveitamento pré-
cortado, balancis para cerca, lascas mourão palanque, poste e outros) e
madeira beneficiada (portas, janelas, casas pré-fabricadas, cabos de
vassoura, cabos para ferramentas torneados, assoalhos, deck, forro, parede,
lambril, barra de cama beneficiada, jogos de batentes e portais, cruzetas,
cantoneira, rodapé, molduras, taco liso, palets, pré-cortados, dormentes,
madeira laminada faqueada ou torneada, madeira compensada e laminada,
entre outros) (SEFAZ, 2015).
O Estado possui vantagem competitiva, em relação aos países
concorrentes, pela qualidade e diversidade de sua oferta florestal (REMADE,
2001).
No período de 2006 a 2010 a exploração madeireira em toras no
estado do Mato Grosso alcançou um total de 56,2 milhões de metros cúbicos
equivalentes a 2,6 bilhões de reais, valores estes distribuídos entre os 3
principais pólos madeireiros: Pólo madeireiro de Colniza agrupando os
municípios Juína, Colniza, Nova Bandeirantes, Cotriguaçu, Nova Monte
Verde, Tabaporã, Porto dos Gaúchos, Juruena, Aripuanã e Juara; Pólo
madeireiro de Sinop agrupando os municípios Marcelândia, Claudia, Sinop,
Feliz Natal, Vera, Santa Carmem, União do Sul, Sorriso e São José do Rio
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Claro e pólo madeireiro de Alta Floresta agrupando os municípios Apiacás,
Alta Floresta, Itaúba, Matupá, Pararaíta e Guarantã do Norte (LOPES, 2010).
Em relação aos principais problemas ambientais, os encontrados
na região são a exploração ilegal de madeira em tora ou comércio de madeira
serrada, proveniente de serrarias móveis instaladas dentro da floresta; prática
de desmatamentos para implantação de pastagens; pesca predatória e a
captura, transporte e tráfico de animais silvestres (REMADE, 2001).
No que se refere as espécies utilizadas, no período de 2004 a 2010
em termos de volume, as dez principais espécies comercializadas foram
Qualea sp, (Cambará), Goupia glabra (Cupiúba), Erisma uncinatum
(Cedrinho), Mezilaurus itauba (Itaúba), Hymenolobium sp (Angelim), Apuleia
sp (Garapeira), Manilkara sp (Maçaranduba), Cordia goeldiana (Freijó),
Dipteryx sp (Cumbarú), Trattinickia sp (Amescla), sendo que estas respondem
por 88% do total comercializado (RIBEIRO, 2013).
De acordo com Ribeiro (2013), as espécies com maior valor de
receita em Mato Grosso nos anos entre 2004 a 2010 foram a Qualea sp
(Cambará), Goupia glabra (Cupiúba), Mezilaurus itauba (Itaúba), e Erisma
uncinatum (Cedrinho), que são responsáveis por 63,04% da receita obtida
pelos produtores.
22
3.MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado nos municípios de Tapurah e
Itanhangá, na Região Médio Norte do Estado de Mato Grosso.
O município de Tapurah localiza-se a uma latitude 12º 43’ 41’’ Sul e
longitude 056º 30’ 10’’ Oeste, estando a uma altitude de 393 m. Possuí uma
precipitação média anual de 2.000 mm, com intensidade máxima entre janeiro
e março. A temperatura média anual é de 25ºC, com máxima de 40ºC e
mínima de 4ºC. Tapurah está aproximadamente 412 km distante da capital
Cuiabá, com acesso pelas rodovias BR-163/364 e MT-338, (IBGE, 2016).
Itanhangá situa-se a uma latitude 12º 14’ 7’’ Sul e longitude 56º 38’ 33’’
Oeste, em uma altitude de 345 m. O município é cortado pela BR-242, estando
a aproximadamente 475 km distante da capital, pode ser acessado pelas
rodovias BR-163/364 e MT-338. Apresenta uma precipitação média anual de
2.176 mm, com intensidade no mês de fevereiro e temperatura média anual
de 25,4ºC, (IBGE,2016).
Para a realização da pesquisa foi feito um levantamento junto ao
SINDINORTE (Sindicato das Indústrias Madeireiras do Médio Norte do Estado
de Mato Grosso) dos dois municípios escolhidos, para fins de verificação dos
endereços e telefones das empresas que foram convidadas para participarem
da pesquisa. Nas empresas que aceitaram o convite, foi aplicado “in loco” um
questionário (Figura 1), adaptado de Gorgonha (2015), na forma de entrevista
individual com os representantes de cada empresa.
Os tópicos avaliados foram: produção, o tipo e a destinação dos
resíduos madeireiros, equipamentos utilizados nos desdobros, e por fim, qual
o percentual de resíduos que está sendo gerado por cada empresa. Ao todo
foram entrevistadas 10 serrarias. Após o levantamento, os dados foram
analisados utilizando-se estatística descritiva.
23
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT
FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL – FENF
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Orientadora: Profª Zaíra Morais S. H. Mendoza
Discente: Rosimari Bonissoni
Questionário informativo para levantamento de pesquisa, com finalidade acadêmica,
sobre as características gerais das madeireiras de Tapurah – MT e Itanhangá – MT.
Tamanho da empresa:
( ) Pequena
( ) Média
( ) Grande
1) Há quanto tempo a empresa está operando?
_________________________________________________________.
2) Qual o número de funcionários?
_________________________________________________________.
3) A empresa possui algum tipo de registro: IBAMA ou SEMA?
( ) Sim.
( ) Não.
4) Quais os principais produtos produzidos pela empresa:
( ) Tábuas ( ) Pranchas
( ) Ripas ( ) Caibros
( ) Vigas ( ) Outros: __________________________.
5) Qual o volume de madeira processada por essa empresa mensalmente?
_________________________________________________________.
6) Qual a origem das toras de madeira?
( ) Mata própria
( ) Mata de terceiros
( ) Compra de diversos fornecedores
( ) Outra (s):_______________________________________________.
7) Quais são as espécies de madeira comercializadas?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
8) O diâmetro médio das toras processadas na empresa situa-se:
( ) entre 40 e 50 cm de diâmetro
( ) entre 50 e 60 cm de diâmetro
( ) acima de 60 cm de diâmetro
( ) outro diâmetro. Qual? _____________ cm.
9) O comprimento médio das toras que são processadas é de: _______m.
10) Qual (is) o (s) tipo (s) de serra (s) e equipamento (s) utilizado (s) pela serraria
para desdobro da madeira:
( ) serra fita principal ( ) plaina múltipla
( ) serra fita dupla ( ) serra refiladeira
Continua...
FIGURA 1 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA LEVANTAMENTO DOS DADOS
24
FIGURA 1 - Cont.
( ) serra principal circular ( ) serra destopadeira
( ) serra circular dupla ( ) serra circular múltipla
( ) plaina simples ( ) outros:________________.
11) É realizada a secagem da madeira verde ( ) Não realiza secagem. ( ) Sim, secagem ao ar livre. ( ) Sim, secagem com estufa. ( ) Sim, outro método:_____________________.
12) Qual o percentual de resíduo gerado no desdobro da madeira? ( ) Menos de 25%. ( ) Entre 25 a 50%. ( ) Entre 50 a 75%. ( ) Não tem noção do volume de resíduos.
13) Quais são os resíduos gerados? ( ) serapilheira ( ) maravalha ( ) costaneira ( ) cavacos e cascas ( ) outros:__________________.
14) Qual equipamento produz mais resíduos? _______________________. 15) Idade dos equipamentos:
( ) menos de 10 anos ( ) 10-30 anos ( ) mais que 30 anos
16) Que destino é dado aos resíduos? ( ) São vendidos para fins energéticos. ( ) São doados para terceiros. ( ) Permanecem depositados no pátio da empresa. ( ) São queimados na serraria. ( ) Outros:________________________________________________.
17) Qual a dificuldade encontrada para o não aproveitamento dos resíduos dentro da serraria? __________________________________________
_________________________________________________________. 18) Qual o destino do produto final?
( ) indústria moveleira ( ) construção civil ( ) outros: _____________________________________.
19) Mercado consumidor do produto final ( ) Interior de MT ( ) Região Norte ( ) Região Sul ( ) Região Nordeste ( ) Região Centro-Oeste ( ) Região Sudeste
20) Treinamentos e capacitação dos operários? ( ) Sim. Qual (is)? __________________________________________. ( ) Não.
21) Tem filial (is) em outras regiões? ( ) Sim. Onde? ____________________________________________. ( ) Não.
22) Interesse empresarial na realização de cursos, palestras e treinamentos de capacitação para seus funcionários:
( ) Processos de secagem. ( ) Rendimento do produto. ( ) Qualidade do produto. ( ) Destinação de resíduos. ( ) Segurança do trabalho. ( ) Outros.
25
4.1. ORIGEM DAS TORAS
Quanto a origem das toras de madeira, 58% das empresas
madeireiras utilizam toras provenientes da mata de terceiros, enquanto 25%
utilizam de diversos fornecedores e apenas 17% alegam que utilizam toras de
mata própria. Tais valores são expressados na Figura 2.
FIGURA 2 - ORIGEM DAS TORAS UTILIZADAS
Gorgonha (2015), utilizando a mesma metodologia do referido
trabalho no município de Nova Maringá-MT, constatou que 60% das indústrias
madeireiras consomem de floresta nativa manejada da propriedade de
terceiros, enquanto 40% das indústrias utilizam toras oriundas de mata
própria, valor este superior ao estudo em questão.
Em um estudo semelhante realizado no município de Alta Floresta-
MT, Santos et. al., (2012), verificaram que 87,5% das empresas utilizavam
toras provenientes de mata nativa de terceiros, e que apenas 12,5%
utilizavam toras de mata nativa própria. Os valores obtidos neste trabalho são
inferiores aos trabalhos citados anteriormente. Observa-se que em todos os
trabalhos grande parte das toras são oriundas de floresta nativa manejada da
propriedade de terceiros.
17%
58%
25%
Mata Própria Mata de Terceiros Diversos Fornecedores
26
4.2. ESPÉCIES UTILIZADAS
As espécies levadas em consideração foram somente as citadas
durante a entrevista. A maioria das serrarias entrevistadas trabalham com as
mesmas espécies. As espécies citadas são típicas da região e apresentam
características muito apreciadas pelo setor (Figura 3).
FIGURA 3 - PRINCIPAIS ESPÉCIES UTILIZADAS
Verificou-se que as espécies florestais mais utilizadas como fonte
de matéria prima pelas serrarias foram Cambará, Cedrinho e Champanhe. Os
resultados obtidos são semelhantes aos encontrados por Gorgonha (2015),
que em seu trabalho constatou que as espécies mais utilizadas pelas serrarias
no município de Nova Maringá-MT, foram Amescla, Cambará e Cedrinho, e
também semelhante aos resultados obtidos por Melo et. al., (2016), realizado
no município de Sorriso-MT, onde constataram que a espécie mais utilizada
nessa região foi o Cambará.
Além das espécies já mencionadas, algumas serrarias utilizam
toras de outras espécies, como Peroba, Guanandi, Sucupira, Morcegueira,
angelim, todas são consideradas típicas da região. Apenas uma empresa não
informou quais são as espécies utilizadas como fonte de matéria prima.
Cambará Cedrinho Champanhe Angelim
Peroba Cedro Garapeira Sucupira
Morcegueira Guanandi Angelim-Pedra
27
4.3. DIÂMETRO MÉDIO DAS TORAS
No que se refere aos diâmetros médios das toras utilizadas, 56%
das serrarias utilizam toras com diâmetro entre 50 a 60 cm, 31% das
serrarias utilizam entre 40 a 50 cm, e somente 13% utilizam toras com
diâmetros superiores a 60 cm (Figura 4).
FIGURA 4 - DIÂMETRO MÉDIO DAS TORAS UTILIZADAS
Os valores médios obtidos no referido trabalho se diferem dos
encontrados por Gorgonha (2015), que em um estudo similar verificou que
67% das serrarias exploravam toras com um diâmetro entre 40 a 50 cm, 22%
consumiam entre 50 a 60 cm e apenas 11% exploravam espécies com
diâmetros acima de 60 cm.
4.4. – MAQUINÁRIO UTILIZADO
A Figura 5 apresenta os principais maquinários e equipamentos
utilizados pelas empresas
31%
56%
13%
40 a 50 cm 50 a 60 cm ≥ 60 cm
28
FIGURA 5 - MAQUINÁRIO UTILIZADO PELAS SERRARIAS
Das 10 serrarias em estudo, 31% utilizavam a serra fita, 24%
utilizavam serra destopadeira, o mesmo percentual utilizava serra circular,
18% utilizavam serra refiladeira, apenas 3% das serrais utilizava
desempenadeira, e em nenhuma serraria utilizava-se plaina. As máquinas e
equipamentos utilizados pelas serrarias em estudo, são semelhantes as
levantadas por Biasi (2005), que em um estudo avaliou a eficiência no
desdobro de toras de três espécies tropicais em tábuas. A serraria examinada
era equipada com serra de fita vertical combinada com carro portatoras
mecânico, serra circular, refiladeira e serra destopadeira.
Os resultados obtidos por Batista et al., (2015), também são
semelhantes ao do estudo em questão, os autores ao avaliaram o
desempenho de uma serraria de pequeno porte na região sul do Espírito
Santo, observaram que a serraria avaliada era composta por uma serra de fita
vertical combinada com um carro porta-toras mecânico e três serras circulares
nas operações de desdobro.
No que diz respeito aos equipamentos, notou-se que em massa, as
serrarias possuíam equipamentos desgastados pelo tempo de uso e que
esses eram controlados por operadores sem nenhum tipo capacitação
específica. Sabe-se que a porcentagem de resíduos está diretamente
31%
24%
18%
24%
0% 3%
Serra Fita Serra Circular Serra Refiladeira
Serra Destopadeira Plaina Desempenadeira
29
relacionada com a situação em que se encontra os equipamentos,
equipamentos desgastados tendem a gerar mais resíduos.
Na visita realizada para o levantamento dos dados, observou-se
que maiores quantidades de resíduos eram geradas através do
desdobramento primário das toras e que em tal operação, na maioria das
serrarias, se utilizava a serra fita.
De todos os maquinários utilizados em uma serraria, há aqueles
que geram maior volume de resíduos. Na Figura 6 são demonstrados os
maquinários que mais geram resíduo em cada empresa, segundo os
proprietários.
FIGURA 6 - EQUIPAMENTO QUE MAIS GERA RESÍDUO
Através da avaliação da Figura 6, pode-se perceber que 90% das
serrarias consideraram a serra fita como o equipamento que mais gera
resíduo e penas 10% consideraram a serra circular.
A manutenção é um dos fatores que influencia no rendimento e na
qualidade da madeira. Equipamentos bem cuidados pela manutenção
preventiva, tendem a aumentar o rendimento e consequentemente diminuir a
geração de resíduos. Observou-se que nas serrarias em estudo, algumas
realizavam o processo de afiação constantemente na serra fita, todavia em
90%
10%
Serra Fita Serra Circular
30
outras serrarias não se notou nenhum tipo de operação de afiação. A falta
desse processo, pode afetar diretamente no rendimento da madeira, que
ocasiona o aumento de resíduos gerados por esse equipamento.
Batista et al., (2013), avaliando o desempenho de uma serraria, no
distrito de Mundo Novo, município de Dores do Rio Preto, no Estado do
Espírito Santo, notaram que parte da redução da eficiência da empresa se
dava devido ao sistema de desdobro tangencial, com sucessivos cortes
longitudinais em serra fita, onde nesse equipamento, o carro porta toras faz
muitos movimentos de avanço e retorno e, na menor parte do tempo, esse
avanço corresponde à produção de madeira gerada, e como consequência
acaba gerando mais resíduos.
Nas serrarias em estudo, as toras foram serradas em uma máquina
de serra de fita; no início do processo de serragem (desdobro primário), a tora
foi acomodada sobre o carro porta-toras e eram serradas as primeiras tábuas.
Após essa etapa, a tora era rolada e repetindo-se o procedimento até que a
tora ficasse em uma forma de semibloco, após isto, a tora era serrada até o
fim. Foi observado que a serra fita por ser utilizada no processo de desdobro
primário, onde se realiza os primeiros cortes, gerava mais resíduos que os
demais equipamentos, daí a classificação como o equipamento que gera mais
resíduo, exceto uma serraria, onde o proprietário alegou que a serra circular
era o equipamento que mais gerava resíduo.
4.5. – VOLUME DE RESÍDUO GERADO
Na Figura 7 são apresentadas as porcentagens médias que cada
empresa gera de resíduos oriundos do desdobro da madeira, segundo os
respectivos proprietários.
31
FIGURA 7 - PORCENTAGEM MÉDIO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS
Verifica-se na Figura 7, que em 7 das 10 empresas analisadas, os
valores de resíduo estão entre 25% e 50%; outras 2 produzem menos que
25% de resíduos; e apenas uma desconhece a quantidade gerada. Nenhuma
serraria apresentou valores superiores a 50% de resíduos. Os valores
encontrados são semelhantes ao de Melo et al. (2016), que quantificaram o
rendimento em madeira serrada de uma serraria no município de Sorriso-MT,
e concluíram que as perdas de madeira em resíduos foram em média de 48%,
porém se diferem do valor encontrado por Dutra et al., (2006), que objetivando
quantificar os resíduos de uma serraria no município de Moju-PA, observaram
que são produzidos em média 63,50% de resíduos pela empresa.
Sabe-se que as quantidades de resíduos produzidos variam de
acordo com muitos fatores, tais como o operador e a forma como realiza a
operação do desdobro, a situação em que se encontra o maquinário, a
espécie utilizada, o produto que se deseja obter, dentre outros. Por exemplo,
a obtenção de tábuas mais finas requer maior quantidade de cortes, o que
aumenta o desperdício em forma de serragem (BRAND, et al, 2002).
O uso de toras de madeira nativa faz com que não tenha padrão
quanto às características do tronco bem como as espécies que serão
processadas, com isso nem sempre as indústrias madeireiras estarão
2,00
7,00
1,00
≤25% 25%>X≤50% NÃO SABE
32
equipadas o suficiente para que haja maior aproveitamento da madeira (BIASI
e ROCHA, 2007).
O conhecimento dos resíduos gerados por uma empresa tem
importância tanto econômica quanto ambiental, pois se espera maior retorno
econômico durante todo o processo produtivo e menor impacto ambiental
(CERQUEIRA et al, 2012).
4.6. – TIPO DE RESÍDUO GERADO
Os resíduos provenientes do desdobro da madeira são
classificados, segundo Fontes (1994), como: a) serragem (pó de serra); b)
Maravalha e c) lenha (costaneiras, refilos). Além dos resíduos citados pelo
autor, as serrais apresentavam outros tipos de resíduos, como serapilheira,
cavacos e cascas.
Na Figura 8, estão aresentados os tipos de resíduos produzidos
pelas serrarias.
FIGURA 8 - TIPOS DE RESÍDUOS GERADOS PELAS SERRARIAS
Constatou-se que 35% das serrarias geram pó de serra, 31%
geram costaneiras, 17% geram cavacos e cascas, 10% geram serapilheira e
apenas 7 % geram maravalha (Figura 8). Os valores obtidos no estudo são
10%
7%
31%
17%
35%
Serapilheira Maravalha Costaneira
Cavacos e Cascas Pó de Serra
33
semelhantes aos encontrados por Cerqueira et al. (2012), em um estudo
realizado em Eunápolis-BA, onde constataram que os principais resíduos
gerados pelas serrarias foram serragem (36,17%), lenha (25,53%),
maravalhas (23,40%) e cavacos (12,77%). Tais valores se diferem dos
encontrado por Dutra et al., (2006), que objetivando quantificar os resíduos de
uma serraria no município de Moju-PA, constataram que o maior percentual
de resíduos formados naquela região se constituiu de aparas com 50,4%,
seguidos por costaneiras com 33,9% e serragem com 15,7%.
Melo et al (2012), em um estudo em Belém-PA, verificaram que o
maior percentual de resíduos formados se constituiu de aparas, seguidas por
costaneiras e serragem, se diferenciando dos resultados encontrados no
estudo, onde o maior percentual se constituiu por pó de serra.
O tipo de produto (tábuas, pontaletes, ripas e outros) gerado varia
de acordo com o diâmetro das toras e com a demanda. A geração de um
determinado produto é feita a partir da tomada de decisões do operador da
máquina principal (BATISTA et al., 2013). Tais variações acabam
influenciando os tipos de produtos gerados bem como os tipos de subprodutos
gerados (resíduos). Os tipos de resíduos gerados estão ligados diretamente
ao tipo de processamento empregado na indústria (PAIXÃO et al., 2014).
4.7.- DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS
Os resíduos madeireiros gerados nas serrarias, podem apresentar
diversas destinações. Na Figura 9, estão presentes os principais destinos
dado aos resíduos por cada empresa.
34
FIGURA 9 - DESTINAÇÃO DADA AOS RESÍDUOS DAS SERRARIAS
Constatou-se que a maioria das empresas (37%) realiza a venda
dos resíduos e que esses são para fins energéticos, 32% doam seus resíduos
para terceiros, 26% depositam os resíduos no pátio da empresa e somente
5% realiza a queima dos resíduos. Os destinos dados aos resíduos neste
trabalho, se assemelham aos destinos encontrados por Cerqueira et al.,
(2012), onde constataram que 55% das empresas vendiam seus resíduos
para a geração de energia em cerâmicas próximas ao município, 17%
realizavam a venda dos resíduos para utilização em baias de animal, 16%
doavam a interessados, 8% descartavam nos lixões e 2% utilizavam para
confecção de pequenos artefatos de madeira.
Brand et al., (2002), objetivando a caracterização dos resíduos de uma
serraria, analisaram que todos os resíduos produzidos pela empresa são
destinados para geração de energia. Melo et al., (2012), analisando uma
serraria no município de Belém-PA, verificaram que os resíduos originados no
processo produtivo têm sua destinação relacionada ao respectivo valor agora,
onde lenha e serragem eram vendidas para fábricas de cerâmicas de tijolos,
as costaneiras e aparas eram vendidas para pequenas movelarias próxima à
serraria.
Na visita às empresas, verificou-se que algumas delas estavam
37%
32%
26%
5%
Vendidos (Fins Energéticos) Doados (Terceiros)
Depositados no Pátio Queimados na Serraria
35
com seus pátios limpos, sem acúmulo de resíduos, outras acumulavam parte
de resíduos, alguns prontos para venda (como é o caso da lenha quando é
enfardada) e, grande parte, acumulava em seus pátios toneladas de resíduos,
onde os mesmos estavam geravam desconforto aos funcionários e até
mesmo aos proprietários.
Apenas dois proprietários, afirmaram estar dando conta de fazer a
destinação completa de seus resíduos. Das diversas destinações, um
proprietário afirmou que fabricam pellets e que esses são vendidos para
armazéns próximos, gerando um incremento em caixa. Outra empresa
possuía um secador para a serragem, onde após seca, era vendida para fins
energéticos, a lenha também era vendida e os demais resíduos eram
queimados para secar o pó de serra.
Das empresas que estavam com toneladas de resíduos
acumulados nos pátios, todas informaram uma mesma justificativa, que
possuíam dificuldades para destinar seus resíduos, pois não havia comércio,
e que até mesmo quando ofereciam doações para as indústrias que utilizavam
os resíduos com fins energéticos, eram recusados pois ainda assim teriam
despesas com o transporte. Um proprietário afirma que a única forma de
manter seu pátio limpo era doando os resíduos para indústrias próximas ou
para terceiros e arcando com todas as despesas para retirada e transporte
dos mesmos.
Verificou-se que maioria dos proprietários, principalmente os das
empresas com grande acúmulo de resíduo, desconheciam ou sabiam muito
pouco sobre as diversas formas de aproveitamento dos resíduos. Zoldan e
Lima (2012), afirmaram que a reciclagem ou o reaproveitamento é uma
oportunidade de transformar em novos produtos, matérias-primas
normalmente consideradas como lixo. Esse processo é uma importante fonte
de faturamento para a indústria, uma vez que reduz os gastos com deposição
e armazenagem. Para tais empresas em estudo se faz necessária uma
melhora da gestão dos resíduos gerados, pois a destinação dos resíduos não
está sendo feita de forma mais lucrativa e sustentável.
36
5.CONCLUSÕES
Conclui-se que foi possível levantar o percentual médio de resíduos
gerados, os equipamentos utilizados e a destinação dada para cada tipo de
resíduos nas empresas, bem como a matéria prima utilizada, através da
aplicação de questionários.
Os resultados obtidos não são precisos, podendo evidenciar
alguma distorção dos dados reais, pois a resposta informada no questionário
foi de forma subjetiva.
Através do estudo realizado, verificou-se que os proprietários
apresentavam dificuldades para realizar a destinação de seus resíduos.
Essa pesquisa servirá de subsídio para incrementar futuramente, o
descarte e aproveitamento dos resíduos desses dois municípios.
37
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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