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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
ESCOLA DE ARTES, ARQUITETURA, DESIGN E MODA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
RESTAURO E REABILITAO DA ANTIGA INDSTRIA HERVY PARA A IMPLANTAO DE UM CENTRO CVICO EM OSASCO
EVERTON DE MATOS
SO PAULO
2013
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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
ESCOLA DE ARTES, ARQUITETURA, DESIGN E MODA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
RESTAURO E REABILITAO DE ESPAO INDSTRIAL PARA A IMPLANTAO DE UM CENTRO CVICO NO MUNICPIO DE OSASCO
EVERTON DE MATOS
Trabalho de Concluso de Curso apresentado
Banca Examinadora do Curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi,
sob orientao da professora Dra. Melissa
Ramos da Silva Oliveira.
SO PAULO
2013
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Fisicamente, habitamos um espao, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memria.
Jos Saramago
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus por ter me dado pacincia e determinao durante esses
cinco anos de faculdade e no ter me deixado influenciar pelas comodidades,
sempre me apoiando a seguir pelo caminho da rduo, porm com maiores
vantagens ao final. Agradeo a todos os meus formadores (pais, professores
desde os do colgio at os universitrios, equipe de trabalho e amigos) que
influenciaram direta ou inidretamente na formao de quem eu sou hoje.
O agradecimento em especial para Jos Luis A. de Oliveira, historiador
local que me apoiou com diversos contedos e me auxilou a encontrar
informaes que no teria se no fosse pela ajuda dele e pelo intermdio do
Andr, amigo em comum.
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SUMRIO
INTRODUO ................................................................................................... 9
METODOLOGIA ............................................................................................... 10
CAPTULO 1 - OSASCO ................................................................................ 11
1.1 O Nascimento de Osasco ....................................................... 11
1.1.1 O progresso atravs do trem .................................................. 14
1.1.2 A Vila Osasco ......................................................................... 16
1.2 Panorama da cidade atual ...................................................... 19
1.3 A Sede Administrativa de Osasco ........................................... 20
1.3.1 Cmara dos Vereadores ......................................................... 20
1.3.2 Prefeitura e Secretarias .......................................................... 23
CAPTULO 2 - O ENTORNO ......................................................................... 25
CAPTULO 3 - A PRIMEIRA INDSTRIA DE OSASCO ................................ 33
3.1 A Indstria Cermica Sensaud de Lavaud & Cia. ................... 33
3.2 Levantamento Atual ................................................................ 37
CAPTULO 4 - REFERNCIAS PROJETUAIS .............................................. 42
4.1 Sesc Pompeia ......................................................................... 42
4.2 O Uso Como Referncia ......................................................... 44
4.3 Pao Municipal de Bilbao ........................................................ 45
4.4 Uso como Referncia.............................................................. 47
CAPTULO 5 - PROJETO .............................................................................. 48
5.1 Programa de necessidades .................................................... 49
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 50
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NDICE DE FIGURAS
Figura 1.1 - Vila Operria em Osasco ........................................................... 13
Figura 1.2 - Estao de Osasco no inicio de suas operaes. ...................... 15
Figura 1.3 - Fazendas em Osasco no final do sculo XIX ............................. 16
Figura 1.4 - Incio da Produo na Indstria ABB .......................................... 17
Figura 1.5 - Meios de Transporte de Osasco no inicio da dcada de 40 ....... 18
Figura 1.6 - Primeira Sede da Prefeitura, em 1962. ...................................... 20
Figura 1.7 - Cmara Municipal de Osasco .................................................... 21
Figura 1.8 - Localizao da Prefeitura e Camara dos Vereadores ................ 21
Figura 1.9 - Organograma de Funcionamento do Legislativo Municipal ........ 22
Figura 1.10 - Prefeitura Municipal - Vista Avenida Bussocaba ...................... 24
Figura 1.11 - Secretarias Separadas da Prefeitura ........................................ 24
Figura 2.1 - Mapa de Uso Atual do Solo ....................................................... 25
Figura 2.2 Pred. Residencial - Rua Reverendo Euclides Pereira ............... 26
Figura 2.3 - Uso Misto - Comrcios e Servios.............................................. 26
Figura 2.4 - Garagem da CPTM - Rua Zuma de S Fernandes ................... 27
Figura 2.5 - Pred. Indstrial - Avenida Marechal Rondon ............................. 27
Figura 2.6 Pred. Servios - Avenida Presidente Kennedy .......................... 28
Figura 2.7 Principais Vias ............................................................................. 28
Figura 2.8 - Complexo virio Fuad Auada ..................................................... 29
Figura 2.9 - Rodovia Castelo Branco ............................................................. 29
Figura 2.10 - Via Adjacente a Indstria - Baixo Fluxo de Veculos ................ 30
Figura 2.11 Meios Pblicos de Transporte para Acesso ao Local ................ 30
Figura 2.12 - Rodoviaria de Osasco ............................................................. 31
Figura 2.13 - Estao de Trem de Osasco - Recm Re-inaugurada ............ 31
Figura 2.14 - Terminal de nibus - Largo de Osasco .................................... 32
Figura 3.1 - A Indstria Cermica Sensaud de Lavaud ................................. 34
Figura 3.2 - Escritorio da Cermica Indstrial Osasco em Nankin................. 35
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Figura 3.3 - Panoramica da Indstria (1906) ................................................ 36
Figura 3.4 - Vila Operria em 1922 ................................................................ 37
Figura 3.5 - Planta de Localizao das Imagens ........................................... 38
Figura 3.6 - Fachada Sudoeste ..................................................................... 38
Figura 3.7 - Fachada Noroeste - Fundos ....................................................... 39
Figura 3.8 - Fachada Noroeste Frente ........................................................... 40
Figura 4.1 - Imagem do SESC Pompia ........................................................ 42
Figura 4.2 - rea ocupada pelo SESC .......................................................... 43
Figura 4.3 - Anlise do espao ...................................................................... 43
Figura 4.4 - Rua Interna ................................................................................. 44
Figura 4.5 - Fachada do Pao Municipal de Bilbao ....................................... 45
Figura 4.6 - Implantao ............................................................................... 46
Figura 4.7 - Planta Tipo ................................................................................. 46
Figura 4.8 Corte indicativo de uso ................................................................ 47
Figura 4.9 - Varanda Jardim .......................................................................... 47
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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
ESCOLA DE ARTES, ARQUITETURA, DESIGN E MODA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
RESUMO
RESTAURO E REABILITAO DE ESPAO INDSTRIAL PARA A IMPLANTAO DE UM CENTRO CVICO NO MUNICPIO DE OSASCO
Everton de Matos
Esse trabalho prope o restauro e a reabilitao antiga Cermica Indstrial
Osasco Ltda., posteriormente conhecida como Indstria Hervy.
O projeto sugere a interveno no espao interno dessa Indstria (hoje
abandonada) para a insero de um Centro Cvico Municipal, motivado pela
relao de identidade com Indstria Cermica e o desenvolvimento do municpio
(bairro da capital paulistana ao longo do sculo XX) e a necessidade de um
espao que unifique os poderes municipais de Osasco.
Palavras chave: centro cvico Hervy - indstria cermica - patrimnio indstrial -
Osasco
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INTRODUO
No inicio do sculo XX, os senhores do caf inspirados na indstrializao
que estava se consolidando na Europa decidem investir no desenvolvimento
indstrial em terras brasileiras. So Paulo por fator logstico, recebeu grande parte
desses investimentos, pois assim como no caso do trfego do caf, os bens
indstrializados poderiam ser escoados atravs das diversas vias frreas
existentes, na poca, do interior para o porto.
Osasco, vila na regio oeste da capital passa a se desenvolver tambm aos
moldes do que ocorria na Capital do estado. Seu centro passa por uma
transformao impulsionada pelo idealizador italiano Antonio Ag, que busca
realizar seu sonho de consolidar um bairro na fazenda adquirida no fim do sculo
XIX.
Impulsionado pelo desenvolvimento da regio e descontentes com a
administrao pblica da prefeitura da capital, a emancipao no tardaria a vir, e
no ano de 1961 a vila passa a ser reconhecida como cidade.
O caminho pelo desenvolvimento desviou-se da conservao da sua
histria edificada. Diversas fbricas, comrcios e casas com arquiteturas
correspondentes a seu passado cederam lugar a grandes redes de varejo, ou se
descaracterizaram com o passar do tempo.
Com o propsito de preservar parte dessa histria sobrevivente do
municpio, desenvolve-se esse projeto de restaurao e reabilitao dos espaos
da Indstria Hervy (hoje abandonada) com a atual necessidade de se estabelecer
um centro cvico para a cidade.
O projeto consiste em uma proposta de intervir no espao sem
descaracterizar a marca da indstria no centro da cidade. O intuito maior
entender que preservar no parar no tempo, mas sim dar novas utilidades a
espaos mantendo suas caractersticas ao mesmo tempo em que se conserva a
memria e a identidade do municpio.
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METODOLOGIA
Para a realizao desse trabalho foi realizado um levantamento no Centro de
Documentao Histrica de Osasco, onde pode-se encontar muito contedo
atravs de livros para o desenvolvimento do contedo histrico da cidade. Sitios
da internet e uma edio especial do jornal local em comemorao ao aniverrio
da cidade foram outra fontes de consultas para que pudesse concluir este.
Parte das imagens foram coletadas desse mesmo Centro de Documentao
Histrica e outras foram oriundas da colaborao Jos Luis de Oliveira,
pesquisador local, durante uma entrevista realizada no dia 07/04/2013 que
contribuiu para o enriquecimento de infromaes nesse trabalho.
As visitas feitas in loco e o relatrio fotogrfico gerado atravs dele foram
necessrias para que fosse identificado os pontos de degradao da edificao.
No foi possvel ultrapassar os limites da indstria, pois a visitao no foi
autorizada, o que prejudicou em parte maior detalhamento das condies atuais
da Indstria Cermica Hervy.
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CAPTULO 1 - OSASCO
A cidade de Osasco, assim como a Capital, tiveram as questes logsticas
influenciando diretamente seu crescimento. A migrao europeia, principalmente
italiana para a regio, em especial de Antonio Ag, aos poucos transformou o
ncleo rural em loteamentos que ganhou suas primeiras casas e indstrias.
Ainda distrito da cidade, Osasco se v abandonada pela adminstrao
pblica da Capital, e recorre a emancipao para tornar-se municpio e assim
poder atentar-se para as carncias da nova cidade que estava surgindo.
1.1 O Nascimento de Osasco
Em linha de tempo, conseguimos atravs de escrituras lavradas em
Cartrios de Notas datar apenas a partir de 1880, as posses das terras
osasquences, que girava em torno do Km 16 da antiga Estrada de Ferro
Sorocabana. De acordo com tal referncia, pode-se dizer ainda que a compra e
venda, partilha e outros instrumentos jurdicos comearam aparecer um ano
depois e com base nesses documentos que se afirma que nesse local criava-se
e engodava-se gado, em 1880, e esses animais eram vendidos para So Paulo ou
Santana de Parnaba. Alm de gado, nos stios, normamente de 80 a 120
alqueires eram plantados milho, mandioca e cana-de-acar (DANUSA, 2008).
Entretanto, segundo Danusa (2008), com o solo rico em argila, o interesse
de compra, venda ou permuta em qualquer lugar prximo ao rio Tiet, estimularam
a ocupao da regio por olarias que usava a matria prima abundante no local
para a fabricao de seus produtos. O fator logstico impulsionou muito essa
questo, sendo que a produo poderia ser escoada atravs de trs meios: por
barcas, que navegavam no rio Tiet; por meio carroas atravs da estrada
provincial So Paulo-It (atual Avenida dos Autonomistas); ou ainda uma
plataforma para carregar a produo em trens que, na poca, era mais rpido e
seguro.
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Antonio Ag tomou como referncia o desenvolvimento dessa cidade e ao
mudar-se para So Paulo aplicou o progresso em suas terras no entorno do KM
16 da estrada de Ferro Sorocabana, em So Paulo, local escolhido para realizar o
sonho de construir um bairro (OLIVEIRA, 2003).
No Km 16 da Ferrovia Sorocabana o desenvolvimento das olarias tambm
caminhava em ritmo de So Paulo. J existiam as olarias de Delfino Cerqueira,
Joo Pinto Ferreira e Joo Brito. interessante observar o comentrio de Alice
Canabrava em seus estudos sobre as chcaras paulistanas:
(...) encontra-se tambm a atividade agrcola ligada a uma produo indstrial
baseada no solo, a fabricao de telhas e tijolos. Nessas chcaras, a olaria
encontra-se associada ao pomar de rvores frutferas em geral, e at h videira,
para a fabricao de vinho (...) (CANABRAVA, 1953).
Conforme explicado por Danusa (2008), as terras adquiridas por Antnio
Ag tinham exatamente o perfil de chcara paulistana definida por Alice
Canabrava. A raridade se encontra no fato de o sitio Ilha de So Joo ter sido a
primeira propriedade da regio do Km 16 vendida a um italiano. Alis, por um bom
tempo, at 1902, esse foi o nico stio que passou de mos brasileira para
estrangeiros
Ao que tudo indica, o ncleo central de Osasco iniciou-se em torno da
Estrada de Ferro Sorocabana, abrangendo o Largo de Osasco, as ruas da
Estao e outra do entorno. Quando comprou essas terras, Ag j tinha em mente
fazer de Osasco um grande ncleo de desenvolvimento. Um de seus objetivos era
atrair capitais de So Paulo para Osasco. E, por isso, procurou dar a cidade
condies de moradia, vendendo parte de suas terras, prximas estrada de
ferro, a diversas famlias de origem italiana (OLIVEIRA e NEGRELLI, 1992)
A primeira caracterstica da formao urbana da Vila foi atravs das vilas
operrias, de acordo com Danusa (2008). A grande maioria dos pequenos
proprietrios dos lotes comprados de Ag o fazia para ter um espao de terra para
moradia e outros investiam na instalao de pequenas fbricas.
13
Uma caracterstica marcante desse perodo, segundo Danusa (2008), que
99% dos proprietrios dos lotes da estao de Osasco eram italianos.
O perodo de maior nmero de escrituras de compra e venda foi entre 1898
e 1899. No havia projeto de loteamento 1antes da venda ou da construo da
moradia. Primeiro se fazia a casa, depois que se media e demarcava o lote. O
nico mapa de uma proposta de loteamento foi feito pelo arquiteto Jlio Saltini,
entre 1907 ou 1908. Mas isso nunca chegou a ser colocado em prtica, confome
relatado por Danusa (2008).
Tal falta de planejamento atrapalhou apenas a simetria dos lotes, mas no
a preocupao de ter caladas, de definir e nomear ruas, avenidas e largos. As
caladas tinham dois metros de largura. As ruas Primitiva Vianco, Antnio Ag e
Joo Batista j existiam e iam do Largo da Estao at a estrada Provincial So
Paulo-It, o que ainda hoje empresta cidade a idia de que no largo da Estao,
est o Arco do Triunfo, como em Paris, s que em Osasco o triunfo ficou com os
imigrantes que conseguiram se estabelecer, progredir, criar razes (DANUSA,
2008).
Figura 1.1 - Vila Operria em Osasco
Fonte: Cmara dos Vereadores do Municipio de Osasco
1 Esse mapa se encontra no Anexo I
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Em 1892, devido a febre amarela que assolou So Paulo, as vilas operrias
passaram a ter normas tcnicas para sua construo. Tal condio se estendia
tambm para a ento Vila Osasco, que integrava na poca o distrito paulistano da
Consolao (DANUSA, 2008).
De acordo com Danusa (2008), diferente do que acontecia na Capital, em
Osasco, as habitaes operrias estavam ligadas a determinada indstria. As do
Frigorfico Continental eram as mais organizadas e tambm com melhores
condies de higiene. Diferente dessa, as habitaes dos operrios da Cermica
Indstrial Osasco ou Sensaud de Levaud & Cia eram precrias.
1.1.1 O progresso atravs do trem
Tal como So Paulo, o centro da Villa Osasco, no perodo de Ag,
progrediu a grandes passos. Enquanto os seus vizinhos ainda trabalhavam com
foco na plantao e na pecuria, Ag tinha o foco de, alm disso, conseguir
desenvolver um bairro em seu stio. Dessa forma empenhou todos os esforos
para viabilizar o desenvolvimento de sua rea contendo um armazm para carga e
descarga, comrcios diversos, fbricas, cooperativas de abastecimento e as
diversas casas recm-loteadas (DANUSA, 2008).
O progresso econmico obtido atravs das vias frreas inquestionvel.
So Paulo se tornou a locomotiva brasileira, atravs da associao entre
cafezais e vias frreas. Trens eram o meio de transporte mais rpido, barato e
eficiente para escoar a produo agrcola ou indstrial dos lugares mais distantes
para o Porto de Santos.
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Figura 1.2 - Estao de Osasco no inicio de suas operaes.
Fonte: Estaes Ferrovirias
Como dito no incio do texto, no Km 16 da Ferrovia Sorocabana, havia um
prtico e esse era usado como ponto para transportar a produo desse local e
pessoas. Essa singela forma de parada de trem no chegava a ser uma estao
que determinava um ponto constante de carga e descarga e tornava parava
obrigatria dos trens. Devido a essa condio precria, o departamento de
trfego da Companhia Sorocabana passou a exigir uma estao intermediria
entre So Paulo e Barueri, em 1894.
Em agosto de 1895, o superintendncia declarou aberta uma estao no
km 16. Nesse mesmo ano, em setembro, o relatrio apresentado aos acionistas
da Cia. Unio Sorocabana e Ituana continha os servios realizados: foram
estabelecidos dois desvios: um no km 3 da linha Porto Martins-So Manuel, de
100m, e outro, no km 16, de 250m, na estao Osasco, para os trens de carga.
Nesse mesmo ano, a estao de Osasco j era uma realidade. No ano
seguinte ela foi ampliada por Antonio Ag, passando a fazer parte do projeto
original uma sala de visitantes.
16
1.1.2 A Vila Osasco
No incio do sculo XX, Osasco j se consolidava com um bairro operrio.
Nele, habitavam mais de 300 famlias, ligadas a atividades indstriais e comerciais
desenvolvidas por Antnio Ag e os demais empresrios.
O bairro operrio contava com um restaurante, de propriedade de Emlio
Barbiani; comrcio de gneros alimentcios de Jos Lisboa; loja de fazendas de
Guiseppe Miguel; fbrica de cerveja de Gioni & Miguel; louas e produtos
alimentcios dos Irmos Gianetti, que era uma fbrica de massas e padaria,
localizada no Largo da Estao, onde hoje est a loja Marisa; a Cooperativa de
Produtos Alimentcios da Cermica Sensaud de Lavaud, que ficava na rua da
Estao, e as olarias dos Irmos Rovay, onde anteriormente era a olaria de Jos
Manuel Rodrigues ou Olaria So Joo.
Figura 1.3 - Fazendas em Osasco no final do sculo XIX
Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira
Havia ainda os seguintes comrcios: Jos Carletto, com gneros
alimentcios; Csar Mischer, tambm com gneros alimentcios; o sapateiro Joo
Tonto, o funileiro Cheso Baptiste e a quitanda de Aliere Giovanni.
As primeiras ruas j estavam ocupadas com moradias. Primitiva Vianco,
Enrico Dellcqua (atual Antonio Ag), Giovanni Brcola (atual rua Joo Batista), o
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largo dos Operrios (onde hoje est a praa Marques de Herval), a rua da
Estao, entre tantas outras que tiveram seus nomes mudados com o passar dos
anos.
Nada muda da noite para o dia e o distrito de Osasco vivia as mesmas
dificuldades do Brasil. Porm, algumas mudanas comeam a acontecer. o caso
do nmero de habitantes no distrito, que comea a dcada com 15.258 e termina
com 41.328. Em uma dcada a populao quase que triplica (DANUSA, 2008).
Figura 1.4 - Incio da Produo na Indstria ABB
Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira
Trs grandes indstrias se instalam praticamente no centro da cidade.
Indstria Eltrica Brown Boveri S/A. Ao lado desta, a Eternit do Brasil Cimento
Amianto S/A e a mais distante das duas anteriores, porm mais prxima do centro
e que ainda hoje est na cidade, a Indstria de Artefatos de Ferro - CIMAF. Estas
se somam as que j estavam nas dcadas anteriores como a Frigorfico Wilson do
Brasil S/A, que passa a ocupar as instalaes do antigo Frigorfico Continental. A
Hervy S/A que passa a ocupar as instalaes da Cermica Indstrial Osasco. O
Cotonifcio Beltramo, que ocupa as instalaes da antiga Fbrica de Tecidos
Hernique Dell cqua. E ainda a Cia. Sorocabana de Material Ferrovirio - SOMA,
onde hoje est a oficina da CPTM (DANUSA, 2008).
18
Alm das grandes indstrias, o comrcio se mantinha estvel no distrito,
pois as grandes indstrias mantinham suas cooperativas de abastecimento. Nos
bairros em formao, no entanto, este comrcio era de comerciantes. o caso da
Casa Rosa, que ficava no loteamento da Vila Yolanda na Av. Delfino Cerqueira.
Com esse crescimento, em 1944, Osasco passou de zona distrital para
subdistrito da cidade de So Paulo. Mas os problemas se acumulavam: faltavam
servios bsicos, como transporte, hospitais e escolas para a populao que
crescia (COTIDIANO WEB DIRIO, 2010).
Figura 1.5 - Meios de Transporte de Osasco no inicio da dcada de 40
Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira
Segundo Sanazar (2013), devido a insatisfao dos moradores da regio
com a administrao pblica da Capital, surgiu a Sado (Sociedade Amigos do
Distrito de Osasco) cujo primeiro diretor era o dentista Reynaldo de Oliveira. O
grupo tinha como objetivo reivindicar da Capital melhores condies para o bairro.
Nessa luta, iniciava-se tambm o movimento emancipacionista, que em
1952, tornou-se mais atuante, inclusive com a vinda de deputados ao ento distrito
para falar da questo da emancipao.
No ano seguinte, foi marcada uma consulta popular sobre o tema na qual a
populao deveria marcar sim ou no para a emancipao. Nessa vez o no
venceu (SANAZAR, 2013).
19
Dado a isso, o movimento comeou a estudar o motivo dessa derrota e
percebeu que a influncia de falsas promessas do ento prefeito de So Paulo,
Jnio Quadros, que prometia um mercado municipal e uma linha de nibus para
So Paulo foi o que impulsionou esse resultado (SANAZAR, 2013).
Cinco anos mais tarde fora retomada a luta. Pelas leis da poca, para haver
plebiscitos era necessrio que pelo menos um tero dos eleitores de Osasco se
inscrevessem at o dia 30 de abril. A meta foi alcanada e a votao foi marcada
para 21 de dezembro desse mesmo ano. Dessa vez, com a maioria dos votos a
favor da emancipao, escndalos de fraude nas eleies vieram a tona e
entraves judiciais impediram as primeira seleies municipais (SANAZAR, 2013).
As eleies finalmente ocorreram e Hirant Sanazar foi eleito o primeiro
prefeito de Osasco, em 4 de fevereiro de 1963. Em 7 de fevereiro ocorreu sua
diplomao, junto com os vereadores eleitos, e no dia 19 de fevereiro aconteceu
sua posse fato que tornou Osasco oficialmente uma cidade (PIRES, 1991).
1.2 Panorama da cidade atual
Cinquenta e um anos aps sua emancipao, a cidade vive uma nova
realidade. Sendo uma das principais cidades do Brasil, Osasco, viu-se
transformar-se aos poucos em uma cidade de servios e comrcio afastando-se
aos poucos da caracterstica indstrial.
Hoje a cidade sede de grandes empresas e possui uma boa infraestrutura
no que diz respeito a comrcio e servios. Segundo nmeros do PIB, Osasco a
12 maior cidade do Brasil e a 4 maior do estado de So Paulo (IBGE, 2009), com
renda per capita de R$ 47 342,34 (IBGE, 2009) e IDH de 0,818 (PNDU, 2010).
Possui uma boa malha viria, sendo o fator logstico um atrativo para a
instalao de diversas empresas, geralmente na proximidade das rodovias que
cortam o municpio (Rod. Castelo branco, Rod. Anhanguera, Rod. Raposo
Tavares e Rodoanel Mrio Covas). Possui diversas linhas intermunicipais que
conectam Osasco diversas cidades da Regio Metropolitana de So Paulo.
A cidade possui cinco estaes ferrovirias e duas linhas de trem.
20
1.3 A Sede Administrativa de Osasco
Figura 1.6 - Primeira Sede da Prefeitura, em 1962.
Fonte: Osasco Contando Histria
Aps a emancipao do municpio, a cidade se organiza para a criao de
uma sede, em que se edifica o centro do poder da nova cidade. De 1961 at a
hoje, essa sede se mudou de endereo, de espao, mas at hoje ainda existe a
necessidade de uma mudana para adaptao ao grande crescimento que a
cidade vem tendo nas ltimas dcadas.
Hoje encontra-se segregado as sedes dos poderes legislativo e executivo.
As secretarias esto em grande parte no mesmo prdio que ficam a prefeitura da
cidade, geralmente em locais improvisados e sem condies de atender a
demanda de pblico que a frequenta diariamente.
1.3.1 Cmara dos Vereadores
Situada na regio central da cidade de Osasco, na Avenida dos
Autonomistas, a Cmara dos Vereadores de Osasco uma espao totalmente
independente da sede administativa do municpio, considerando os aspectos
fsicos.
21
Figura 1.7 - Cmara Municipal de Osasco
Fonte: Google Street View
Figura 1.8 - Localizao da Prefeitura e Camara dos Vereadores
Fonte: Google Earth
Organizao: Matos, 2013
Possui 21 vereadores e uma rea estimada 2700m (Google Earth). A
Cmara de Vereadores de Osasco tem a seguinte estrutura para possibilitar o
funcionamento do Poder Legislativo
Prefeitura
Cmara dos Vereadores
Terreno da Interveno
22
Figura 1.9 - Organograma de Funcionamento do Legislativo Municipal
Fonte: Camara dos Vereadores de Osasco
O site da Cmara dos Vereadores do Municpio descreve o funcionamento de
cada uma dessas reas, possibilitando assim a estimativa de espaos necessrios
para a concepo do projeto.
Secretaria Administrativa da Cmara - rgo que responde pela
prestao dos servios administrativos de natureza burocrtica, incumbindo-se do
expediente, da correspondncia, das publicaes e demais atribuies
administrativas da Cmara, como os Anais, que reproduzem os acontecimentos
ocorridos durante as sesses da Cmara, traduzidos pelas notas taquigrficas.
Assessoria Tcnica Legislativa - Atua na elaborao de pareceres
tcnico-legislativos a fim de elucidar proposies a serem deliberadas pelo
Plenrio e no assessoramento Mesa da Cmara quanto aos assuntos
legislativos e jurdicos. Assessora tambm os Vereadores na orientao dos
trabalhos legislativos e na elaborao das proposies, limitando-se a colaborar
no aprimoramento formal e tcnico das leis e resolues.
Assessoria Jurdica - Cuida dos aspectos legais dos atos da Cmara,
emite pareceres sobre a constitucionalidade, legalidade dos projetos
encaminhados pelos Vereadores, quando solicitados. D assistncia a todos os
23
processos licitatrios, funcionais, judiciais e assiste tambm ao Presidente e aos
Vereadores durante as sesses.
Diretor-Secretrio da Administrao Legislativa da Cmara - o
funcionrio que supervisiona as tarefas administrativas em apoio Presidncia e
aos Vereadores no desenvolvimento dos trabalhos legislativos.
Diviso de Servios Parlamentares - Cuida de toda a correspondncia,
da montagem dos processos e dos projetos, controlando o andamento destes; das
sesses solenes; do expediente de toda forma de contato da Casa; do arquivo das
leis; dos processos de denominao de ruas: do protocolo; da elaborao de
estatsticas; relatrio anual; dos autgrafos; do atendimento ao pblico e do
fornecimento de cpias de leis.
Gabinete dos Vereadores - Local dentro da edificao da Cmara onde o
Vereador recebe seus correligionrios, seus conhecidos, os moradores que
buscam contato para os mais diferentes objetivos, quer para sugestes de leis,
quer para reivindicaes de melhorias em suas comunidades. como se fosse um
escritrio onde ele exerce suas atividades de contato, de preparao de suas
matrias.
1.3.2 Prefeitura e Secretarias A sede administativa do municpio possui uma instalao precria e
aparentemente improvisada para abrigar no apenas a prefeitura e suas
respectivas repartise, mas tambm grande parte das secretarias municipais.
Possui aproximadamente 8.550 m de rea construda e uma grande
movimentao de pessoas em seu interior, tanto funcionrios quanto muncipes,
principalmente nas secretarias de finanas e no Departamento de Uso e Controle
do Solo (ligado a Secretaria de Habitao e Desenvolvimento Urbano)
24
Figura 1.10 - Prefeitura Municipal - Vista Avenida Bussocaba
Fonte: Encontra Osasco
Atualmente, o municpio possui 18 secretarias, sendo 11 delas no mesmo
edifcio da prefeitura e as demais espalhadas pela cidade conforme mapa abaixo:
Figura 1.11 - Secretarias Separadas da Prefeitura
Fonte: Google Earth
Organizao: Matos 2013
Prefeitura
Cmara dos Vereadores
Secretarias
Terreno da Interveno
25
CAPTULO 2 - O ENTORNO
A regio da antiga indstria cermica possui uma relao de proximidade
entre o centro e a zona norte da cidade. Fica entre o Rio Tiet, Rodovia Castelo
Branco e a Linha Frrea possuindo bom acesso tanto para que usa transporte
privado quanto coletivo.
A quadra em que est situada, provavelmente por no ter hoje nenhum
grande atrativo, possui um fluxo de veculos fraco, diferente da via paralela de
acesso que leva ao centro, cujo fluxo intenso principalmente em horrios de pico
de veculos oriundos da zona norte da cidade ou do interior sentido capital pela
Rodovia Castelo Branco.
O fluxo de pessoas intenso em horrio comercial, principalmente dado a
proximidade com a Estao Osasco. Devido a linha frrea, essa estao o nico
vnculo direto entre o centro da cidade e a regio da antiga indstria cermica.
Figura 2.1 - Mapa de Uso Atual do Solo
Fonte: Google Earth
Organizao: Matos, 2013
Predominante - Residencial
Misto - Comrcio e Servios
Garagem CPTM
Terreno da Interveno
Predominante - Indstrial
Predominante - Servios
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Figura 2.2 Pred. Residencial - Rua Reverendo Euclides Pereira
Fonte: Google Street View
Figura 2.3 - Uso Misto - Comrcios e Servios
Fonte: Google Street View
27
Figura 2.4 - Garagem da CPTM - Rua Zuma de S Fernandes
Fonte: Google Street View
Figura 2.5 - Pred. Indstrial - Avenida Marechal Rondon
Fonte: Google Street View
28
Figura 2.6 Pred. Servios - Avenida Presidente Kennedy
Fonte: Google Street View
Figura 2.7 Principais Vias
Fonte: Google Street View
Organizao: Matos, 2013
Via de Trafego Fraco
Via de Trafego Moderado
Via de Trafego Intenso
Terreno da Interveno
29
Figura 2.8 - Complexo virio Fuad Auada
Fonte: Construbase
Figura 2.9 - Rodovia Castelo Branco
Fonte: Alex Falco/ Futura Press/ Terra Noticias
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Figura 2.10 - Via Adjacente a Indstria - Baixo Fluxo de Veculos
Fonte: Matos, 2013
Figura 2.11 Meios Pblicos de Transporte para Acesso ao Local
Fonte: Google Earth
Organizao: Matos, 2013
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Figura 2.12 - Rodoviaria de Osasco
Fonte: Sempretops.com
Figura 2.13 - Estao de Trem de Osasco - Recm Re-inaugurada
Fonte: Falle Criativo
32
Figura 2.14 - Terminal de nibus - Largo de Osasco
Fonte: Jornal Pgina Zero
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CAPTULO 3 - A PRIMEIRA INDSTRIA DE OSASCO
A revoluo indstrial do Brasil foi tardia e financiada pelo sucesso
internacional das lavouras de caf. A inteno de muitos fazendeiros era
diversificar seus investimentos atravs do processo indstrial (OLIVEIRA, 2003).
As crises foram rotinas no Brasil e a sada foi sempre procurar novas ideias
e novos produtos. Assim, mesmo sendo dono de uma fbrica de tijolos e telhas
(que eram os produtos mais promissores no mercado consumidor da poca), o
Ag sofria, como todos os outros brasileiros, com a falta de capital de giro -
dinheiro. Isso o forou a buscar alternativas para expandir e diversificar sua
produo (DANUSA, 2008, OLIVEIRA, 2003)
Mesmo a construo de taipa sendo trocada pela de alvenaria, as dvidas e
custos do fundador de Osasco eram altos demais para que mantivesse seus
negcio funcionando. J havia vendido diversos lotes de terra. Com dificuldade,
pagava seus emprstimos a bancos e a credores, mas a sada para a crise s
surgiu quando o mesmo arrendou sua cermica para o engenheiro Evaristhe
Sensaud de Lavaud (DANUSA, 2008).
O ento engenheiro francs estava em busca de jazidas de cermicas ou
de algum que necessitasse de sua apurada tcnica e pesquisa. Possua patentes
para fazer um tipo especial de calamento de ruas. Para fabricar esse tipo de
calamento e aumentar a produo j existente, a olaria de Antnio Ag precisava
de um forno de fogo contnuo. Arrendar a cermica para Evaristhe foi a sada que
Antnio Ag encontrou para sua crise econmica particular (OLIVEIRA, 2003).
3.1 A Indstria Cermica Sensaud de Lavaud & Cia.
O arrendamento da indstria foi no ano de 1898. Nessa poca, a olaria
tinha duas fbricas: uma de telhas e outra de tijolos. O arrendamento compreendia
as duas fbricas, formas, galpes, mquinas, utenslios, animais e carros. A
construo destas duas fbricas ficava a 25m do eixo da linha frrea. Ligado a
34
esse arrendamento, estava tambm uma rea de 40 mil metros quadrados, onde
se encontrava a escavao para a retirada de argila (DANUSA, 2008).
Figura 3.1 - A Indstria Cermica Sensaud de Lavaud
Fonte: Camara dos Vereadores do Municipio de Osasco
O contrato de arrendamento duraria at 1908. Ao Baro Evaristhe ficava a
obrigao de pagar doze contos de ris por ano ao locador Antnio Ag. O
pagamento deveria ser feito atravs de prestaes trimestrais de trs contos de
ris. J o locatrio ficava com todo o produto existente na fbrica, tanto cru como
cozido, sendo que a importncia dos produtos seria paga ao arrendatrio em 90
dias (OLIVEIRA, 2003).
35
.
Figura 3.2 - Escritorio da Cermica Indstrial Osasco em Nankin
Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira
Para mudar os galpes j existentes, o Baro poderia mud-los de lugar
(como de fato o fez), mas no podia desfazer-se deles. Outro direito do locador
era deixar ou no o doutor Jos Feliciano de Almeida Rosa passar nos terrenos
arrendados junto a olaria, bem como permitir que o fabricante de vinho Pierre
Darriet continuasse com sua fbrica de vinho nos terrenos da olaria, conforme
descrito por Danusa (2008).
Todas as benfeitorias realizadas pelo arrendador nesses dez anos ficariam
pertencendo ao proprietrio, terminado o prazo do contrato. No entanto, o locatrio
poderia dispor de toda a argila e areias encontradas nos terrenos arrendados, no
s para fabricao dos produtos como para vender (DANUSA, 2008).
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Figura 3.3 - Panoramica da Indstria (1906)
Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira
De acordo com Danusa (2008), uma das clusulas deste contrato usada
pelo locador foi a do valor total da fbrica, bem como a forma de pagamento. 50
contos de ris, na ocasio de lavratura da escritura de compra e venda, 50 contos
de ris no fim de dois anos e mais 50 ao fim de trs anos, contados da data em
que esta escritura de compra e venda fosse assinada em cartrio. Os juros seriam
de 1% ao ms, tendo como garantia os imveis existentes. Caso o Baro fizesse
sociedade com outras pessoas, o locador, Antnio Ag, se comprometia em
aumentar o preo de compra para 150 contos de ris, sendo que 100 contos
ficariam para a formao do capital da sociedade. Desta forma, a indstria
custaria na verdade 50 contos de reis.
O baro construiu e manteve um forno de fogo contnuo por alguns anos. O
sistema do forno chamava-se Sensaud e tinha 22 compartimentos para queimar
tijolos e telhas; 47 metros de comprimento por 7m de largura e 3 de altura. As
dimenses do forno so fornecidas por Antnio Francisco Bandeira Jnior, em seu
livro A Indstria no Estado de So Paulo em 1901.
37
Figura 3.4 - Vila Operria em 1922
Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira
Em cinco anos, a tecnologia do fogo contnuo foi substituda por fornos
semi-contnuos e intermitentes. Para construir o seu primeiro forno de fogo
contnuo, o Baro teve de arrumar capital para investimento. na busca desse
capital adicional que surge a firma Sensaud de Lavaud & Cia que supostamente
mais tarde originaria a Cermica Indstrial Osasco Ltda. Que ainda existe, porm
com produo reduzida e com o nome fantasia "Hervy" (referente ao nome de seu
Diretor Comercial, Hermman Levy) (DANUSA, 2008).
3.2 Levantamento Atual
Atualmente, a indstria encontra-se desocupada. Suas atividades
terminaram oficialmente no ano de 1992, em Osasco, sendo sua planta indstrial
transferida para Taubat (OLIVEIRA, 2013).
De um modo geral, o edificil apresenta um bom estado de conservao,
com se observa nas imagens a seguir:
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Figura 3.5 - Planta de Localizao das Imagens
Fonte: Google Earth
Organizao: Matos, 2013
Figura 3.6 - Fachada Sudoeste
1 2
39
Legenda Fato Leso Primria Leso Secundria
1 Umidade de Infiltrao Umidade Desprendimento
2 Presena de Mofo Organismos Eroso Quimica
Figura 3.7 - Fachada Noroeste - Fundos
Legenda Fato Leso Primria Leso Secundria
1 Vidros quebrados/
Faltantes
Desprendimento Eroso Fsica
2 Alvenaria Danificada Desprendimento Eroso Fsica
3 Plantas na Alvenaria Organismos Eroso Quimica
1
2
3
40
Figura 3.8 - Fachada Noroeste Frente
Legenda Fato Leso Primria Leso Secundria
1 Vidros quebrados/
Faltantes
Desprendimento Eroso Fsica
2 Alvenaria Danificada Desprendimento Eroso Fsica
1
2
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Pagina em A3 com o desenho feito no photoshop
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CAPTULO 4 - REFERNCIAS PROJETUAIS
Para o desenvolvimento do projeto torna-se necessrio enriquecer o
repertrio, tanto para a concepo do espao como para o processo de
restaurao. As referncias abaixo so obras que possuem uma relao em
comum com o projeto a ser desenvolvido em aspecto histrico ou projetual.
4.1 Sesc Pompeia
O projeto realizado pela arquiteta Lina Bo bardi, em 1977, propunha a
preservao do espao fabril, ao mesmo tempo que revitalizava o espao a fim de
criar um espao em que as pessoas pudessem conviver.
Figura 4.1 - Imagem do SESC Pompia
Fonte: Debora Machado
43
Figura 4.2 - rea ocupada pelo SESC
Fonte: Google Earth
Figura 4.3 - Anlise do espao
Fonte: Debora Machado
44
Figura 4.4 - Rua Interna
Fonte: Debora Machado
4.2 O Uso Como Referncia
O projeto de Bo Bardi, apresenta o mesmo sentido que irei desenvolver
nesse aqui apresentado. A ideia Referncia-lo quanto a interveno do espao
antigo e o novo dentro de seu projeto e qual a relao das pessoas com ele.
45
4.3 Pao Municipal de Bilbao
Projeto desenvolvido pelo IMB Arquitetos tornou-se a nova matriz da
prefeitura de Bilbao. Est situado aos fundos da fachada do Palcio Neobarroco
que abriga a camara municipal da cidade, construda em 1892.
Figura 4.5 - Fachada do Pao Municipal de Bilbao Fonte: Archdaily
46
Figura 4.6 - Implantao Fonte: Archdaily
Organizao: Matos, 2012
Figura 4.7 - Planta Tipo Fonte: Archdaily
Organizao: Matos, 2012
rea de Atendimento
Acessos Verticais
rea Molhadas (WC)
rea de Acesso Restrito/Indicado
Acessos Verticais
rea Molhadas (WC)
Hall (circulao horizontal)
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Figura 4.8 Corte indicativo de uso Fonte: Archdaily
Organizao: Matos, 2012
Figura 4.9 - Varanda Jardim Fonte: Archdaily
4.4 Uso como Referncia
A organizao do espao e a implantao do mesmo dentro de um contexto
totalmente diferente do projetado foram as principais motivaes que me
influenciaram na escolha desse projeto para referencia ao meu.
rea de Acesso Restrito/Indicado
rea de Atendimento
Garagem
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CAPTULO 5 - PROJETO
A inteno atravs dessa linha lgica de raciocnio chegarmos a um
produto que atenda as necessidadadades pr-estipuladas, sem que fuja da
inteno primordial de preservao e do estabelecimento de um centro cvico
local. As informaes acima coletadas contribuem para a definio do projeto
quanto ao seu partido, necessidades, organizao e fluxo tornando-o mais coeso
ao seu propsito.
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5.1 Programa de necessidades
SETOR AMBIENTE QUANTIDADE ESTIMATIVA DE USO
Prefeitura Recepo / espera 01
Gabinete Prefeito com sanitrio 01 Gabinete Vice Prefeito com sanitrio 01 Sala de Reunio 03 40 pessoas (total) Chefe do Gabinete 02 Setor de produo 01 20 pessoas Assessorias 05 Almoxarifado 01 Sanitrios 02 05 bacias; 05 lavatrios Arquivos e Protocolos 01 Sala de eventos - Auditrio 01 350 pessoas Sanitrio pblico 02 10 bacias; 10 lavatrios Central da GCM Sala de Produo 01
Secretarias
Sala secretrio 18 Sala Vice Secretrio 18 Sala Reunio 09 Ala de Atendimento ao Pblico 02 Arquivo 01 Almoxarifado 01 Sanitrios 02 15 bacias; 15 lavatrios Copa 01 Refeitrio 01 Sanitrio Pblico 02
Pr-atendimento/ Espera 01
Servios Casa Loterica 01
Correios 01
Agncia Bancria 01
Copias e Papelaria 01
Oficina de Capacitao 01
Praa de Alimentaa 01
Ambulatrio 01
Procom 01
Centro de Amparo ao Trabalhador 01
Fundo Social 01
Incluso digital 01
Administrao 01 Cmara Plenrio
pblico 350 pessoas 01
Gabinetes Vereadores
Gabinete / Secretaria / sanitrio 20
Gabinetes Suplentes
Gabinete / Secretaria / sanitrio 21
Sala Reunio 05 Sala Comisses 08 Diretoria
Diretor Secretaria Setor de produo
01
Biblioteca Legislativa 01 Sala de Imprensa 01 Sanitrio pblico 02 05 bacias; 05 lavatrios Assessoria legislativa 01 02 pessoas
Praa Cvica
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
CANABRAVA, A. P. As chcaras paulistanas. ASSOCIAO DOS GEGRAFOS
BRASILEIROS, So Paulo, v. IV, 1953.
COTIDIANO WEB DIRIO. Osasco Completa 48 anos de Emancipao. Web
Dirio, 2010. Disponvel em:
. Acesso em: 17 mar.
2013.
DANUSA, M. A Histria de Osasco. Camara Osasco, 2008. Disponvel em:
. Acesso em: 02
mar. 2013.
DANUSA, M. Antnio Agu no Km 16 da Estrada de Ferro Sorocabana. Camara de
Osasco, 2008. Disponvel em:
. Acesso em: 02
mar. 2013.
JUNIOR, A. F. B. A industria no estado de So Paulo em 1901. So Paulo:
Diario Oficial, 1901.
OLIVEIRA, J. L. A. De olaria a Cia de Cermica Industrial de Osasco 1885-
1912. Centro Universitrio FIEO - UNIFIEO, Osasco, 2003.
51
OLIVEIRA, N. C. D.; NEGRELLI, A. L. M. R. Osasco e sua histria. So Paulo:
CG Editora, 1992.
PIRES, L. Primeira Hora - Rochdalle Piratininga. Camara Osasco, 1991.
Disponvel em:
. Acesso
em: 17 mar. 2013.
SANAZAR, H. Sua Histria, Sua Gente. Dirio da Regio, Osasco, p. 2-23, fev.
2013.
MACHADO, Dbora dos Santos Candido. Pblico e comunitrio : projeto
arquitetnico como promotor do espao de convivncia, So Paulo, 2009.
Entrevista
OLIVEIRA, J. L. A. Entrevista: Histria de Osasco. Osasco/So Paulo 07 abr.
2013
Sites
Cmara de Vereadores do Municpio de Osasco.
http .camaraosasco.sp.gov.br
Osasco Contando a Histria
http://osasco-contandohistoria-osasco.blogspot.com
Estaes Ferrovirias
http://www.estacoesferroviarias.com.br/o/fotos/osasco_robsonbatista.jpg
52
IBGE :
http:// .ibge.gov.br
PNDU
http://www.pnud.org.br
Imagens
Jornal Pagina Zero
https://paginazero.com.br/site/cidades/8315-prefeitura-entrega-obra-de-
revitalizacao-do-largo-de-osasco-.html
Archdaily.com
http://www.archdaily.com/166456
Falle Criativo
http://fallecriativo.files.wordpress.com/2013/01/dscn4910.jpg?w=216&h=162
Sempre Tops
http://www.sempretops.com
Alex Falco/Futura Press
http://www.noticias.terra.com.br
Construbase
http://www.construbase.com.br
Encontra Osasco
http://www.encontraosasco.com.br/osasco/prefeitura-de-osasco.shtml
53
ANEXO 1
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