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Escola secundria de Barcelinhos
a n o s 25 a formar identidades
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Antnio Gonalves de Carvalho (Diretor da ESB)
Apresentao
Esta uma recolha de memrias, de vivncias e de testemunhos da existncia deste espao e desta
comunidade educativa, alicerada numa cidadania empenhada e solidria, na qual esto sempre presentes
o humanismo, o saber e a educao.
De 1986 a 2011, foram:
- 25 anos a criar identidades,
- 25 anos a moldar personalidades,
- 25 anos a contribuir para o desenvolvimento e o progresso,
- 25 anos a projetar o futuro,
- 25 anos a formar conscincias:
- de jovens e adolescentes,
- de homens e mulheres,
- de ontem, de hoje e de amanh
Esta publicao uma ovao pelos 25 anos de existncia do Liceu de Barcelinhos ou de S. Brs, e por
todos os bons momentos aqui vividos:
- pela educao e formao transmitida a muitos jovens,
- pela amizade fraterna, dos encontros e reencontros,
- pelos homens e mulheres que aqui receberam uma boa formao e por todos aqueles que transportam
consigo a ligao e a identidade desta escola!
Foi, e ser um recanto onde o trabalho encarado como uma misso e uma vocao de cada um e
de todos; onde as tarefas de ensinar e de aprender so uma profcua interao constante entre docentes e
discentes; onde a vivncia impregna marcas indelveis, naqueles que por aqui passam; onde o presente
uma certeza, o futuro uma esperana e o passado, uma eterna recordao!
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Jos Ramires Cruz (Professor da ESB e ex-Presidente do Conselho Diretivo)
A Escola que vi nascer e durante 23 anos vi crescer
Tive o prazer de ver nascer a escola at porque, por altura do incio da sua construo, passei a ser seu
vizinho, uma vez que a minha casa no fica a mais de 300 metros de distncia. Pouco depois de entrada em
funcionamento, passei a fazer parte dos quadros onde permaneo h quase 23 anos.
O incio foi bastante atribulado, em parte porque j tinha existido uma escola em Barcelinhos com o
mesmo nome, sediada no edifcio do S Carneiro, escola que eu frequentei. A extino desta escola deu
origem a duas novas escolas: a Secundria de Barcelos (Escola do Rio) e a atual Secundria de Barcelinhos,
sediada no lugar de S. Brs. Porm, houve um desfasamento na construo destas novas escolas e a nova
Secundria de Barcelinhos foi construda depois da de Barcelos. Havia material da escola antiga que deveria
ser distribudo pelas duas novas escolas mas, como a de Barcelos nasceu primeiro, foi ela que arrecadou todo
o material herdado. Quando a Secundria de Barcelinhos entrou em funes, j pouco restava: recebemos
pouco mais do que um armrio de laboratrio que se encontra na sala 5 e algum material de museu de Fsica
e Qumica.
Os problemas desta sucesso no ficaram por a: com a entrada em funes da nova Escola
Secundria de Barcelinhos, havia material e equipamentos que eram enviados pelo Ministrio da Educao e
dirigidos Escola Secundria de Barcelinhos, mas que continuavam a ser encaminhados para a Escola
Secundria de Barcelos que era a sucessora conhecida da antiga escola.
S mais tarde, se detetaram estes extravios e, s vezes, era tarde de mais porque a Escola Secundria de
Barcelos tambm estava carenciada, embora no tanto como a primeira.
Quando comecei a trabalhar na Escola Secundria de Barcelinhos, a coisa que mais estranheza me
causou foi ver alguns funcionrios que tinha conhecido na antiga Escola Secundria de Barcelinhos, quando
era aluno.
Dos que vou citar, s dois se encontram ao servio, estando os restantes aposentados.
Ao v-los, recordava-me logo do tempo em que tinha sido estudante e por isso, com essa viso na
mente, ainda no me revia como professor.
Por tradio, a Escola Secundria de Barcelinhos era caraterizada essencialmente por dois aspetos:
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a) Carncias:
Fruto da sua localizao, construda num terreno de lavradio, confrontada a norte por uma boua, com
fracos acessos, servida por um caminho onde no se cruzavam dois carros, sem parque de estacionamento e
abandonada pelo poder local.
b) Bom ambiente em termos de relaes humanas:
Era frequente ouvir testemunhos abonatrios acerca da Escola Secundria de Barcelinhos. Todos os que
por ela tinham passado, a recordavam como uma escola de bom ambiente e de boas relaes humanas
entre todos os membros da comunidade educativa.
Invariavelmente, era recordada a pessoa do Senhor Domingos como funcionrio exemplar, sempre
disponvel e com gosto de ajudar. Era uma espcie de bombeiro de servio, sempre pronto a apagar qualquer
fogo. Este fogo traduzia-se no carro que no pegava, no pneu que estava vazio ou furado, na bateria que se
tinha descarregado . e sempre se recorria ao Senhor Domingos que acabava por arranjar uma soluo.
c) O papel de Presidente do Conselho Diretivo:
Para se sentir os verdadeiros problemas e carncias de uma escola, nada melhor do que fazer parte de
um rgo de direo e gesto.
Coube-me a tarefa de presidir ao Conselho Diretivo, durante dois mandatos, no perodo de 1990 a 1994.
Nessa qualidade, foram definidas como prioritrias trs metas a alcanar:
1. Construo do parque de estacionamento e o melhoramento dos acessos
A escola no dispunha de parque de estacionamento. O local onde existe o atual parque de
estacionamento era constitudo por um terreno muito irregular com sulcos cavados pela chuva que atingiam a
profundidade de meio metro nalguns stios. Com alguma frequncia, ficavam encalhados os carros dos mais
aventureiros que l os tentavam estacionar, sem esquecer pelo menos duas situaes em que um carro partiu
a caixa de direo e outro rebentou a suspenso. O espao que nesse local se encontrava livre e em
condies de circular era estreito, destinado passagem de carros para o lugar de S. Brs, no dando
praticamente para dois carros se cruzarem.
Os acessos eram maus e nem uma placa identificadora da escola existia, junto estrada. Era frequente
as pessoas, que se dirigiam pela primeira vez escola, queixarem-se de que tinham andado perdidas.
Estes melhoramentos eram da responsabilidade da Cmara Municipal de Barcelos, a qual aps a
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construo da escola que era da responsabilidade do poder central, no tinha tido nenhuma interveno. O
pior era que tambm no mostrava grande sensibilidade para estes problemas.
Tudo se inverteu quando se soube que o Presidente da Cmara de ento teria afirmado que aquilo
estava tudo bem e que as reclamaes que se ouviam se destinavam apenas a satisfazer o interesse de meia
dzia de professores.
evidente que a comunidade escolar estava descontente com esta situao e ainda mais pela
resposta que tinha sido dada. Foi ento que a Associao de Estudantes presidida pelo Joel S, atualmente
professor da escola, se tornou inteiramente solidria com o Conselho Diretivo e partiu para a luta. Foi
organizada uma manifestao pblica de estudantes que se dirigiu para a Cmara e, para reforar a sua luta,
resolveu cortar o trnsito na ponte. Foi com este grande contributo que a situao se comeou a inverter e
comeou a ser planeado o parque que hoje existe e foram melhorados, dentro do possvel, os acessos. Os
problemas de acesso sempre foram de difcil resoluo e ainda hoje existem, merc da localizao da escola.
2) Construo de uma cantina escolar
A falta de cantina escolar era um problema muito srio que urgia resolver. Apesar da distncia, da
perigosidade e da falta de segurana rodoviria do trajeto (na altura a via no tinha passeio) e das sucessivas
molhas que os alunos tinham de apanhar quando chovia, os alunos tinham de se deslocar atualmente
designada por Escola EB 2,3 Rosa Ramalho,
Alm das vrias e bem fundamentadas exposies, dirigidas DREN, a situao parecia no ter
soluo. Para a desbloquear, foram fundamentais duas intervenes que tive em reunies com rgos do
Ministrio da Educao. A primeira foi em Barcelos, numa reunio com todos os presidentes de conselho
diretivo, presidida pelo responsvel da DREN pelos equipamentos e pela rede escolar. Embora o assunto no
viesse totalmente a propsito daquela reunio, achava que no deveria perder aquela oportunidade de o
abordar. A resposta que tive foi de que as obras na escola tinham terminado e o projeto tinha sido concludo
na ntegra.
No podia ter ficado mais estupefacto e respondi que ento o projeto tinha sido muito mal elaborado,
pois no era concebvel que uma escola daquela dimenso e naquele local, no tivesse cantina.
No dia seguinte, numa reunio em Braga, presidida pelo Diretor Regional de Educao do Norte,
embora este tivesse avisado que a reunio no se destinaria a assuntos privados, no pude perder a
oportunidade de voltar a falar publicamente naquele assunto.
Para meu espanto e regozijo, comeava ali a surgir uma luz ao fundo do tnel: o Diretor respondeu-me
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que tinha lido tudo quanto lhe tnhamos exposto, que estava sensibilizado para o problema e que de imediato
iria desenvolver diligncias. Senti-me feliz pela resposta dada, a qual se concretizou tal como anunciou.
3) Construo de um pavilho para as aulas de Educao Fsica e Desporto
Achvamos que esta era uma necessidade e que havia condies para a construo de um pavilho
na escola. Das reunies em que participamos, conclumos que no seria possvel construir-se um pavilho para
uso exclusivo da escola. A soluo passaria pelo estabelecimento de um protocolo que permitisse abrir o
pavilho a outras atividades desportivas da iniciativa de clubes e outras entidades locais. Achamos a ideia
muito boa e foram iniciadas diligncias para a construo do atual pavilho. A assinatura do protocolo e incio
das obras j tiveram lugar na vigncia do conselho diretivo seguinte ao que presidi.
4) Pretensa construo de uma central elevatria de gua na escola
Queria ainda referir uma situao inslita que vivi e que consistiu no seguinte: em determinado dia,
recebemos dos Servios Tcnicos da Cmara Municipal de Barcelos um ofcio a informar-nos que iriam iniciar
as obras de construo de uma estao elevatria de gua na escola. Alegavam que o assunto j havia sido
tratado com os responsveis do Ministrio da Educao e restava apenas dar-nos conhecimento desse facto.
Junto ao ofcio vinha uma planta topogrfica com a localizao da dita estao. Para grande espanto,
verifiquei que a estao iria ser construda junto ao porto de acesso de carros escola, exatamente sobre a
passagem. A situao era to inslita que entrei de imediato em contacto com o responsvel pelo ofcio.
Verificada a situao, concluiu-se que o projeto da estao elevatria de guas tinha sido feito com base
numa planta topogrfica desatualizada que no correspondia minimamente com a que tinha sido utilizada na
construo da escola.
5) Revista Schola
No poderia acabar este depoimento sem falar da Revista Schola. Desculpem a pouca modstia mas
justo referir que este foi um projeto cujo arranque dependeu muito do meu empenho e da minha iniciativa
como Presidente do Conselho Diretivo de ento. Para arrancar, foi necessrio dar-lhe um grande impulso
porque havia alguma falta de inrcia, tendo mesmo sido aconselhado a no defender essa ideia porque iria
dar muito trabalho.
O impulso foi dado, escolheu-se um ttulo, tendo merecido mais simpatia o que foi proposto pelo Grupo
de Portugus - Schola. A proposta fazia sentido at porque na Escola existia a disciplina de Latim, que vinha da
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tradio dos antigos liceus. O ttulo agradou e
mereceu a aprovao do Conselho Pedaggico
de ento.
Nasceu assim o nmero 0 da revista Schola,
no ano letivo de 1991/92, que teve como diretor o
Professor Antnio Carvalho. O entusiasmo, na altura,
foi grande sobretudo porque a divulgao deste
nmero mereceu a ateno da RTP que nos
concedeu a honra de fazer deslocar escola uma
equipa de reportagem.
Para terminar, queria referir que sempre gostei
de trabalhar nesta escola. Fico menos satisfeito, se
ouo comentrios menos favorveis, pois considero
que, embora tendo defeitos como todas as
organizaes, ainda uma das melhores escolas
pblicas da regio.
Que venham mais 25 anos e que todos os que
nela trabalham, sobretudo os mais velhos, nessa
altura, estejam de boa sade e, se possvel, a
viverem dos rendimentos, o meu desejo.
Revista Schola, n. 0, 1992
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Liceu de Barcelos seo do Liceu S de Miranda
Antnio Gonalves de Carvalho (Diretor da ESB)
25 anos a criar identidades
A nossa escola entrou em funcionamento no dia 1 de
Outubro de 1986, de acordo com a portaria n790/86, na
freguesia de Barcelinhos, onde antes funcionava o Liceu
de Barcelos, ou Liceu S Carneiro, que era apenas uma
dependncia do Liceu S de Miranda, de Braga. Desta
escola surgiram duas novas escolas, a Escola Secundria
de Barcelos e a Escola Secundria de Barcelinhos, sendo
que todo o esplio material e humano se transferiu para a
atual Secundria de Barcelos. Por isso, a Escola Secundria
de Barcelinhos teve de comear praticamente do zero e
com muitas dificuldades de toda a ordem.
Nessa poca a escola no tinha cantina, pavilho
gimnodesportivo, laboratrios de Cincias e no tinha
acessos, minimamente condignos, alm de outros
equipamentos bsicos.
A atual configurao deste espao escolar, no
obedeceu a um projeto de raiz, pois foi construdo por
fases, depois de muitas lutas encetadas por alunos, pais e
direes da escola.
No primeiro ano, funcionou apenas com dois blocos
A e B um administrativo e o outro para aulas. Depois
nasceu o Bloco C e o Polivalente, com um miniginsio,
onde se praticavam as aulas de Educao Fsica. Para
almoar, os alunos tinham de se dirigir Escola EB2/3 de
Barcelinhos atual Rosa Ramalho.
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Em 1992, foi finalmente inaugurada a cantina e em 1995 construiu-se o Pavilho Gimnodesportivo. Os
arranjos exteriores e os acessos circundantes, que ainda hoje so muito insatisfatrios, foram tambm
melhorados, muito lentamente, e depois de muitas lutas.
A nossa escola uma das trs escolas secundrias da rea da cidade de Barcelos, contendo algumas
especificidades prprias, pois a nica que se situa na margem sul do rio Cvado, na freguesia de
Barcelinhos. A maioria da comunidade discente proveniente das 47 freguesias e aldeias desta margem sul
do Cvado. Esta comunidade fortemente marcada ainda pela sua ruralidade com tudo o que esse facto
tem de positivo e de negativo.
Apesar de tudo, das trs escolas secundrias, a mais pequena no que respeita dimenso das suas
instalaes escolares, encontrando-se por isso superlotada com as suas 42 turmas no regime diurno e no
proporcionando a alunos e professores boas condies de trabalho.
Nos ltimos anos, h cerca de sete anos a esta parte, a escola sofreu mudanas radicais, sobretudo ao
nvel da diversificao da oferta formativa com a adeso poltica das Novas Oportunidades, tendo
desenvolvido formao a vrios nveis:
1 - Ensino Regular Bsico e Secundrio;
2 Oferta desenvolvida no mbito das Novas Oportunidades;
2.1. Cursos CEF do Ensino Bsico T2 e T3 (9ano);
2.2. Cursos Profissionais de nvel Secundrio Tcnico de Animador Sociocultural, Tcnico de Turismo
Rural e Ambiental, Tcnico de Secretariado, Tcnico de Comrcio, Tcnico de Contabilidade e Tcnico de
Gesto Desportiva;
2.3. Curso Tecnolgico de Desporto;
2.4. Cursos EFA Bsico e Secundrio;
por este caminho que queremos caminhar rumo ao futuro, tornando a escola e a formao que
proporciona cada vez mais inserida no meio envolvente e no seu tecido social, dando resposta e solues s
exigncias atuais.
Neste sentido, desde h muitos anos que esta escola se tem aberto ao meio social envolvente e por isso
tem celebrado protocolos de cooperao a vrios nveis com vrias Universidades e a Cmara Municipal.
Mas, neste momento, e sobretudo devido ao Ensino Profissional e Tecnolgico, a escola tem celebrado
tambm inmeros protocolos com empresas, instituies e associaes por toda a rea envolvente da escola,
da cidade e at concelhos limtrofes, tornando-a cada vez mais conhecida e apreciada pela qualidade dos
seus formandos.
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Mas, como j se referiu, apesar dos nossos alunos serem provenientes de um apelidado mundo rural, e
partida parecerem em desvantagem, conseguem ultrapassar alguma carga negativa e at algumas
dificuldades inerentes a essas origens, sobrevalorizando-se e atingindo nveis to elevados como os melhores.
No por acaso que esta escola j atingiu, em vrios anos, lugares cimeiros a nvel nacional e regional nos
resultados dos exames nacionais.
Tambm ao nvel da sua atividade cultural e literria, a escola tem-se destacado na nossa cidade com
as suas publicaes, concursos, intervenes e outros eventos de reconhecida importncia.
Assim, verificamos com muito orgulho e satisfao, que muitos dos antigos alunos desta escola atingiram
e desempenham funes de destaque e obtiveram sucesso nas mais variadas reas, empresas, universidades,
a nvel nacional e internacional.
para isto que a escola existe para os alunos, para formar pessoas a nvel humano e cientfico,
desenvolvendo as suas capacidades, preparando-as para o futuro e embates da vida.
Apesar da necessidade premente de requalificao da escola a nvel de instalaes, requalificao
essa j prometida, mas adiada sine die, esta escola continua a contar com o empenho do corpo docente e
no docente, dos alunos, dos pais e tambm, porque no, daqueles que por aqui passaram e demais agentes
envolvidos com a escola, como a Autarquia e o prprio Ministrio. O objetivo ajudar a tornar a nossa escola,
cada vez mais uma escola de sucesso, permitindo a continuao da prestao de um bom servio pblico de
educao. nosso ensejo que, de uma vez por todas, lhe seja dado o destaque que ela merece pelo
contributo prestado sociedade.
Pretendemos que todas as atividades desenvolvidas neste momento de celebrao, relancem a escola
para novos desafios e que a comemorao desta data no sirva apenas para relembrar o passado, mas
sobretudo para retirar dele tudo aquilo com que se foi construindo a identidade desta escola e alicerar novos
ensinamentos e caminhos para o futuro.
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Secretrio de Estado da Educao e Desporto, Dr. Castro de
Almeida e Presidente do Conselho Diretivo, Eng. Carlos Neto
Assinatura do protocolo de construo do Pavilho
Gimnodesportivo da ESB, 27 de janeiro de 1995
Filipe da Fonte (Aluno do 11F, in revista Schola, 1995)
O pavilho gimnodesportivo
No dia 27 de Janeiro de 1995 deslocou-se
nossa escola o Senhor Secretrio de Estado da
Educao e Desporto, Dr. Castro de Almeida,
acompanhado de outras individualidades, como os
Senhores Governador Civil de Braga, Presidente da
Cmara Municipal de Barcelos e Diretor Regional
da Educao do Norte, a fim de ser assinado o
contrato-programa para a construo do pavilho
Gimnodesportivo no nosso recinto escolar.
O Senhor Secretrio de Estado foi muito bem
recebido pelos alunos, professores e funcionrios,
tendo sido acompanhado pelo Presidente do
Conselho Diretivo, Eng. Carlos Neto, que o guiou
numa visita aos espaos e instalaes escolares.
Seguidamente, a comitiva dirigiu-se para a
Biblioteca, onde depois de breves palavras de
apresentao a cargo da aluna Lcia Marta do
11F, se fizeram os discursos da praxe.
Aps os discursos, os representantes do
Governo e da Autarquia, assinaram o contrato-
programa que dar nossa escola o ambicionado
pavilho, que segundo a previso do prprio
Secretrio de Estado, dever estar concludo at
finais de 1995.
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O Barcelense, 1 de novembro de 1986
Domingos Sousa (Assistente Operacional da ESB)
Quando, em Fevereiro de 1986, se comeava a pr de p esta escola, com escavaes e
terraplanagens, logo dei conta das dificuldades que iam surgir, uma vez que era uma zona rural e no ficava
junto a uma rede viria. No me enganei!
Os nossos governantes da altura pensavam que ter edifcio, direo da escola, professores, alunos e
funcionrios era suficiente para dar incio ao ano letivo de 86/87. No havia oramento para esta escola, logo
no existia dinheiro para comprar os materiais, por mais bsicos que o fossem: giz, apagadores, artigos de
higiene e limpeza, secretaria, entre outras necessidades. Para dar incio ao ano lectivo de 86/87, foi necessrio
a persistncia da Comisso Instaladora junto do Ministrio da Educao e a soluo encontrada foi enviar um
reforo de verba para a Escola Secundria de Barcelos, para nos colocar aqui esses bens, uma vez que a
portaria que criava a escola s
saiu em 31 de Dezembro de 1986,
trs meses depois de ter iniciado.
Muitas pessoas sabem que a
nossa escola no nasceu como
hoje, foram necessrias algumas
manifestaes de rua, junto dos
responsveis polticos, organizadas
pelos representantes dos alunos
das Associaes de Estudantes e
apoiadas pelas sucessivas direes
da Escola, que foram, em vrias
pocas, os seus pilares para se
conseguir alguns equipamentos
equipamentos que vieram dar
melhor qualidade ao ensino e
bem-estar comunidade
educativa - acessos pedonais,
cantina, e gimnodesportivo. Ainda
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assim os transportes dos alunos, at escola, uma reivindicao que ainda no est resolvida e era bom
que o fosse.
Para finalizar queria deixar o meu penhorado agradecimento a todas as direes desta escola, pelo
carinho que sempre me dispensaram, por aquilo que com elas aprendi e pela confiana que depositaram em
mim ao longo destes anos:
Prof. Maria da Conceio Loureiro Machado (Mariazinha);
Prof. Rosa Gonalves;
ao Prof. Ramires Cruz;
ao Eng. Carlos Neto;
ao Prof. Antnio Carvalho.
Por tudo isto temos fortes motivos para comemorar, com alegria, os 25 anos da Escola Secundria de
Barcelinhos.
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Correio do Minho, 22 de maro de 1992
O Comrcio do Porto, 23 de maro de 1992
Barcelos Popular, 8 de outubro de 1992
Dirio do Minho, 19 de maro de 1992
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1986 - Contexto sociopoltico e cultural em Portugal e
no Mundo
1. Poltica:
. 01/janeiro: Portugal adere formalmente, juntamente com Espanha, ento Comunidade Econmica
Europeia (CEE).
. 17, 28/fevereiro: assinatura no Luxemburgo e em Haia do Ato nico Europeu (que entrar em vigor em 1 de
Julho de 1987), com vista a relanar a integrao europeia e a realizar o mercado nico europeu at 1993.
2. Cincia:
. 19/fevereiro: so transportadas para o espao as primeiras estruturas da
estao espacial russa MIR.
3. Desporto:
Portugal apurou-se para o Mundial do Mxico, em 1986, quebrando o
hiato de vinte anos. Tinha como adversrios a Repblica Federal Alem, a
Checoslovquia, a Sucia e Malta. Depois de uma derrota em Praga,
ante a seleo checoslovaca, as esperanas portuguesas esfumaram-se.
S uma vitria em Estugarda, ante o papo alemo, daria o apuramento.
Mrio Soares
Presidente da
Repblica
Cavaco Silva
Primeiro Ministro
Joo de Deus Pinheiro
Ministro da Educao
e Cultura
Joo Baptista Machado
Presidente da Cmara
Municipal de Barcelos
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4. Acidentes e Catstrofes:
. 26/abril: acidente nuclear de Chernobil na Central Nuclear de
Chernobil na Ucrnia (ento parte da Unio Sovitica). considerado o
pior acidente nuclear de sempre, produzindo uma nuvem de
radioatividade que atingiu a Unio Sovitica, Europa Oriental,
Escandinvia e Reino Unido. Calcula-se que tenham morrido cerca de 4
mil pessoas.
. 19/outubro: morre Samora Machel, militar moambicano, lder
revolucionrio de inspirao socialista, que liderou a Guerra da
Independncia de Moambique e se tornou o seu primeiro presidente aps a
sua independncia, de 1975 a 1986, quando o avio em que regressava ao
Maputo se despenhou em territrio sul-africano.
5. Educao:
a partir de 1986 que o ensino bsico - universal e gratuito - passa a ter a durao de nove anos,
compreendendo 3 ciclos sequenciais. O 7, 8 e 9 anos passam a constituir o 3 ciclo.
publicada a lei de bases o sistema educativo (1986-97). So consignados neste diploma o direito
educao e cultura de todas as crianas e adultos (ensino recorrente). A mesma Lei criou uma nova
organizao do sistema educativo, que compreende a educao pr-escolar, a educao escolar e a
educao extraescolar.
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3 de Novembro: abertura da Escola Secundria de Barcelinhos.
Barcelos Popular, 6 de novembro de 1986
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25 anos de gesto da escola
Comisso Instaladora 1986/1987
Presidente: Maria da Conceio Machado
Vice-Presidente: Aurora Arajo
Secretrio: Humberto Portela
Comisso Instaladora 1987/1988
Presidente: Maria da Conceio Machado
Vice-Presidente: Aurora Arajo
Secretrio: Helena Trigueiros
Conselho Diretivo 1988/1989
Presidente: Rosa Gonalves
Vice-Presidente: Ftima Carvalho
Secretrio: Helena Trigueiros
Conselho Diretivo 1989/1990
Presidente: Rosa Gonalves
Vice-Presidente: Ftima Carvalho
Secretrio: Carlos Neto da Silva
Conselho Diretivo 1990/1991/1992/1993/1994
Presidente: Jos Ramires Cruz
Vice-Presidente: Jos Barbosa
Secretrio: Paula Cunha
Conselho Diretivo 1994/1995/1996
Presidente: Carlos Neto
Vice-Presidente: Antnio Carvalho
Secretrio: Idalina Pereira
Conselho Diretivo 1996/1997
Presidente: Carlos Neto
Vice-Presidente: Antnio Carvalho
Secretrio: Idalina Pereira
Vogais: Teresa Paula Alves e Joo Paulo e Vieira
Conselho Diretivo 1997/1998
Presidente: Carlos Neto
Vice-Presidente: Antnio Carvalho
Secretrio: Idalina Pereira
Vogais: Teresa Paula Alves
Comisso Executiva Instaladora 1998/1999
Presidente: Carlos Neto
Vice-Presidente: Antnio Carvalho
Vice-Presidente: Teresa Paula Alves
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Conselho Executivo 1999/2000/2001
Presidente: Carlos Neto
Vice-Presidente: Antnio Carvalho
Vice-Presidente: Teresa Paula Alves
Assessora: Paula Arajo
Conselho Executivo 2001/2002
Presidente C. E.: Antnio Carvalho
Vice-Presidente: Teresa Paula Alves
Vice-Presidente: Paula Arajo
Conselho Executivo 2002/2003
Presidente C. E.: Antnio Carvalho
Vice-Presidente: Jos Cerqueira
Vice-Presidente: J. Jorge Oliveira
Assessora: Lurdes Rodrigues
Conselho Executivo 2003/2004
Presidente C. E.: Antnio Carvalho
Vice-Presidente: Jos Cerqueira
Vice-Presidente: J. Jorge Oliveira
Assessora: Graa Teles
Conselho Executivo 2004/2005
Presidente C. E.: Antnio Carvalho
Vice-Presidente: Jos Cerqueira
Vice-Presidente: J. Jorge Oliveira
Assessora: Cludia Santos
Conselho Executivo 2005/2006/2007/2008
Presidente C. E.: Antnio Carvalho
Vice-Presidente: Jos Cerqueira
Vice-Presidente: J. Jorge Oliveira
Assessora: Paula Arajo
Conselho Executivo 2008/2009
Presidente C. E.: Antnio Carvalho
Vice-Presidente: Joaquim Jorge Oliveira
Vice-Presidente: Jos Cerqueira/Paula Arajo
Assessora: Paula Arajo, Jorge Dias
Direo Executiva 2009/2010/2011/2012
Diretor: Antnio Carvalho
Subdiretor: Joaquim Jorge Oliveira
Adjuntas: Paula Arajo e Palmira Oliveira
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1986 Docentes e no docentes
Docentes
lvaro Marques
Aurora Mogas
Aurora Arajo
Maria da Conceio Machado
Maria Judite Almeida
Rosa Costa
Manuel Oliveira
Humberto Portela
Fernando de Sousa
Agostinho Ribeiro
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Maria do Cu Frutuoso
Arminda Fernandes
Maria Jos Soares
Maria Clara Marecos
Maria Jlia Carvalho
Manuel Lima
Ceclia Arajo
Maria da Conceio Antunes
Margarida Delgado
Anabela Cunha
Anabela Pereira
Maria Alice Igreja
Maria Natrcia Magalhes
Ana Paula Carvalho
30
Paula Viana
Helena Santos
Antnio Rodrigues
Maria Alexandrina Gonalves
Mrio Ferreira
Amrico Gomes
Maria Judite Almeida
Maria Teresa Monteiro
Eduardo Carvalho
Alberto Bermudes
Carminda Gomes
Manuel S
Ana Maria Fraga
Elisa Vasconcelos
Maria Avelina Pereira
Floripes Correia
31
No docentes
Manuela Castilho Maria Celeste Lopes
Maria Manuela Belino Ana Angelina Arajo
Laura Costa Maria Beatriz Maia Antnio Rocha Jos Mendes
Joaquim Dantas Jos Figueiredo
Jos Antunes Rosa Viana Adelino Campos
Fernando de Sousa Ana Cristina Vilaa Jos Lopes
32
Maria do Cu Cunha Rosa Queirs Ana Maria Nunes
Maria do Sameiro Ferreira Domingos Sousa
Conceio Sousa Manuel Nascimento
Armindo Nascimento Maria Margarida Estorninho
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A Associao de Estudantes
1987/1988 Pedro Miguel da Cunha Correia de
Oliveira
1988/1989 Conceio Brito Silva
1989/1990 Paulo Peixoto
1990/1991; 1991/1992; 1992/1993 Joel Miranda
Fernandes de S
1993/1994 Joaquim Amndio Vilas Boas
1994/1995 Carlos Sousa
1995/1996; 1996/1997 Joo Miguel Miranda
Fernandes de S
1997/1998 Marco Serra
1999/2000; 2000/2001 Jos Nuno Senra
2001/2002 Leandro Antnio Rodrigues Miranda
2002/2003 Carina Conceio Ferreira Arantes
2003/2004 Pedro Xavier Pedrosa Oliveira
2004/2005 Flvio Jos Faria Costa
2005/2006 Carlos Filipe Faria Laranjeira
2006/2007 Cristiana Manuela Martins Dures
2007/2008 Silvana Alexandra Alves Pereira
2008/2009 Cludio Filipe Ribeiro Costa
2009/2010 Lus Miguel da Silva Carvalho
2010-2011 Carlos Daniel Barreto Carvalho Brito
2011-2012 Jorge Miguel Miranda Rodrigues
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A Associao de Pais e Encarregados de Educao
1991 a 1997 - Ana Maria Soares Nogueira Dias
1998 Fernando Rodrigues Ferreira
1999 a 2000 Teresa Maria Campos Costa Reis
2001 Jos Marinho Gomes Silva
2002 a 2007 - Joo Simes Ferreira
2008 a 2012 - Fernando da Silva Pereira
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Testemunhos
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Abel Carvalho (Ex-aluno e ex-professor de Portugus da ESB)
A Escola de S. Brs
Apenas a frequentei durante dois anos, mas parece que ali que guardo toda a minha vida de
estudante do ensino bsico e secundrio. Digo-o com sinceridade porque, ainda hoje, guardo na memria
aquela magnfica vivncia escolar. Posso afirm-lo at porque tive a experincia de passar por vrias escolas
enquanto aluno e, por isso, comparar.
Como qualquer adolescente, entrei aos dezasseis anos para frequentar o dcimo ano e, depois, o
dcimo primeiro na rea de letras. Guardo o ambiente sadio e rstico que envolvia a escola, distante da
agitao e rumor da cidade. Um edifcio novo, arrumado, organizado e com jardim que um dia a neve cobriu
de branco. Era um fascnio entrar neste espao para aprender, no por obrigao, mas por querer. No me
preocupava a mdia, antes aproveitar cada instante como se cumpria no momento e, assim, me tornei um
jovem.
Porm, aquilo que mais gravado permanece desses dois eternos anos a camaradagem que
gozvamos, o ambiente que se respirava, a liberdade que sentamos Alunos, auxiliares e professores
formavam um todo to completo digno do mais puro Humanismo. To poucas eram as coisas que me podiam
fazer estar menos feliz! Ali, havia humildade, trabalho, estudo, responsabilidade, passatempo, diverso
Os professores tinham tempo para ser nossos professores.
Volvidos alguns anos, regressei vrias vezes a esta escola como docente. O que posso dizer que a
sensao idntica e mantm-se semelhante que experimentei como aluno. Tantos anos passaram, todavia
h um legado humano que permanece enraizado na existncia desta escola. Tambm, aqui, posso afirm-lo
com segurana uma vez que esta, entre onze onde exerci a docncia, surge incomparavelmente como a
Escola da Minha Vida.
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Alberto da Silva Torres (Ex-aluno da ESB)
curioso, mas comecei este texto pelo ltimo pargrafo.
Sabia exactamente o que dizer no final, mas foi complicado pr
a cabea no stio para falar dos anos maravilhosos passados na
E.S. de Barcelinhos. Fica um mero resumo.
certo que foram anos conturbados, bons e maus, com
altos e baixos, com felicidades e infelicidades, mas
absolutamente memorveis para toda a vida.
Hei-de, para sempre, recordar os intervalos das dez e
quinze para o lanche em que todos se amontoavam para comer
um pozinho com manteiga (sempre delicioso porque era feito
sempre com carinho), os professores, no seu canto, a tomar os
seus cafs (talvez para aguentar mais umas valentes horas de
aulas), recordar o pessoal espalhado pelo polivalente, ora a
falar, ora a jogar, ora a estudar...
E o Sr. Domingos? Algum discorda que o Sr. Domingos
uma espcie de alma desta escola? Incrivelmente, ele recorda-se sempre do meu nome e de muitos outros
colegas, mais novos e mais velhos. Sempre igual, sempre o conheci assim.
Do que recordo, com mais entusiasmo, das eleies para a Associao de Estudantes. As
espectaculares campanhas eleitorais e as eleies que nos faziam sentir adultos, necessrios vida escolar,
fazendo parte de algo maior que ns e que todos os alunos juntos - a escola - a sua vida prpria, a ALMA DE
ESCOLA que para sempre l estar.
Os estudantes do passado recordo com saudade, os do presente digo que aproveitem o momento e
aos do futuro que venham com garra e de corao aberto para receber o que a escola tem para oferecer. E
a escola tem muitssimo para oferecer.
Um abrao.
ESB Campanha eleitoral para
a associao de estudantes
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Alda Joo Andrade (Aluna do 10 A da ESB)
Somos um
precisamente isso que somos, UM! Uma unidade mesclada por esta grande escola que completa
agora uns quantos anos de existncia.
Ensinaram-me que, num qualquer lugar e num qualquer tempo, existiam escolas que eram gaiolas para
que os pssaros desaprendessem a arte do voo. Escolas que encarceram o pensamento de todos os seus
educandos, para que assim, os consigam levar para onde bem entenderem. Escolas que vm com os seus
dedos pesados de ferrugem, desgastando as asas de todos aqueles que por l pairam. Todavia, a essncia
dos pssaros o voo, e se at isso lhes exturquem, deixaram de ser pssaros!
No reconheci essa realidade a experincia prpria falava mais alto, impedindo-me de observar com
bons olhos essa atroz realidade. Invariavelmente, a nica verdade que eu conhecia era a de uma escola que,
ao invs de carcomer as asas dos seus Homens, cultiva-as, fomenta o seu bom uso! Uma escola que no
sobreveio para adestrar aos pssaros a arte do voo, at porque isso j nasce com eles; brotou sim para
encoraj-lo e aperfeio-lo! Para que os pssaros se tornem bons pssaros, capazes de singrar por entre a
monotonia da sua vida.
Vai-se o tempo, vo-se os
lugares, vo-se ou no se vo os
semelhantes. O cenrio mantm-
se, at porque a escola
permanece no mesmo local -
talvez apenas um pouco mais
degradada pelo decorrer natural
do tempo. Mas, no obstante
esse desgaste fsico, o esprito
mantm-se intacto: a unio de
todos aqueles personagens que
vo pisando este palco que
Missa de Ao de Graas pela comunidade educativa da ESB
Igreja Paroquial de Barcelinhos, Maio-2012
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renovado a cada ano sojorna no auge! E por isso, por todos os personagens, quer os que ainda c esto, quer
os que j no c habitam, que j integraram e/ou integram o elenco desta pea que a histria desta escola
que nos une, uma certeza eu posso dar: no obstante tudo passar, o tempo correr e as vidas mudarem, h
algo que fica as memrias. As memrias de um outrora passado nesta escola. E essas permanecem bem
vincadas!
E tudo isto se resume numa nica palavra: OBRIGADA!
Um obrigada sincero, por estes 25 anos a fazer crescer as asas de todos aqueles que jamais se
imaginariam capazes de voar!
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Visita de estudo a Vilarinho das Furnas, 2004
Ana Beatriz Figueiredo (Professora de Ingls da ESB)
Uma aventura radical
Corria o ano da graa de 2004. Era ento Diretora de Turma do 11. F Curso Tecnolgico de
Administrao.
Faamos um esforo e recordemos a famigerada rea-Escola. Para tal, a turma escolheu um tema que
acabou por se tornar recorrente: Desportos Radicais. Para a realizao do projeto, as turmas B e F do 11.
ano escolheram um destino paradisaco: Vilarinho das Furnas, no Parque Nacional da Peneda-Gers. Data de
realizao: 26 e 27 de Fevereiro.
As turmas foram acompanhadas pelas professoras Teresa Raquel Carvalho, Jlia Carvalho e por mim
prpria um trio bastante animado.
Equipados a rigor, comemos uma caminhada alucinante, subindo e descendo, por montes e vales, a
um ritmo considervel, at pousada da juventude onde ficaramos alojados. Seguimos pela Via Romana,
fazendo uma dupla visita: ao tesouro paisagstico do local e ao passado remoto da colonizao romana.
Memorvel!
Igualmente memorveis, os desportos que nos esperavam: paintball, escalada, slide...
Enquanto as minhas colegas de aventura, trajadas a
preceito, cumpriam a misso de supervisionar o decorrer das
atividades, resolvi aliar-me aos outros radicais e experimentar
a sensao do slide. Espetacular! Claro que as minhas
colegas de aventura no se deixaram ficar e seguiram o
exemplo.
O sero foi preenchido, entre outros, com um karaoke
muito participado, quer pelos alunos quer pelas professoras.
No dia seguinte fomos obrigados a abandonar a
pousada e esperar o autocarro ao ar livre. Uma descida
acentuada da temperatura e um ligeiro manto de neve para
terminar a nossa visita? Claro que sim! Bu, bu de fixe!
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Ana Furtado (Ex-aluna da ESB)
A Escola Secundria de Barcelinhos, sempre lhe chamei a MINHA ESCOLA, porque foi, para mim, uma
segunda e chegou a ser uma das minhas primeiras casas. Foi l que passei muitos e bons momentos e que
cresci em todos os aspectos.
Uma das minhas primeiras e antigas histrias muito marcante era a chegada do autocarro a Barcelinhos.
A correria que fazamos todos para ser os primeiros a chegar ao baro Sr. Domingos j sabia! Olhava, ria-se
todos queramos as famosas torradinhas de po to boas e baratas (j nem me lembro do preo, h tantos
anos, no meu 7 ano), que nos deliciavam e que, por vezes, nos faziam atrasar para a aula.
Outro acontecimento que destaco foi num fim de semana, que me magoei a andar de mota com uma
amiga e fiquei de muletas. Ento, quando fui para escola, disse a todos os professores do primeiro tempo que,
enquanto no estivesse melhor, algumas vezes teria que faltar pois no conseguia vir de autocarro. Todos os
professores concordaram, muitos colegas riam-se pois era mentira durou um ms e soube to bem dormir
mais uma hora
As famosas aulas da professora Helena Trigueiros, de Filosofia: sempre que no estvamos para a ouvir
havia troca de bilhetinhos. Eu conseguia ter mrito nas aulas com a professora porque nunca estava calada e
filosofava, filosofava
No podia deixar de realar o comeo do cigarro na minha vida e de algumas amigas. Fugir nos
intervalos para fumar e ver os mais velhos a namorar.para os Stores no darem contamas, claro que
sabiam
Uma marca inesquecvel foi a nossa viagem rdio, a Lisboa, com Professora Idalina Pereira e outros
professores de Portugus. Ficamos no Inatel em Oeiras. Acho que ningum conseguiu dormir nessa noite.
Desde o barulho nos quartos, s passagens de quartos para quartos e batidas a todas as portas, enfim Os
professores a fazerem rusgas, a passar sermes a toda a gente e a procurarem se havia gente fora dos
quartos. Diga-se que no adiantou nada, estava tudo trocado, todos em festa e assim continuou. De manh,
ningum queria olhar para ningum para no se rir da tamanha brincadeira toda a noite. Os hspedes
olhavam para ns, de lado, os da receo pensavam, ainda bem que se vo, embora; os professores cheios
de vergonha e ns todos (10A e B) na boa.
Por ltimo, deixo o evento que me marcar para sempre: o baile de finalistas, o primeiro baile da Escola,
nunca antes assim, todos vestidos todos rigor entrada, o par tirava fotos depois seguamos para o bar
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onde foi servido um jantar buffet, muito chique Estvamos todos deliciados, sem a carga dos professores a
controlar-nos (eles tambm estavam, mas para se divertirem). Depois foi entrega do diploma, com direito a
foto. Tudo muito bem organizado pela professora Idalina Pereira, com autorizao da direco executiva
uma noite inesquecvel com msica, bebida e muita alegriae ainda fomos para o Pach.
Acho que me perdi, mas no poderia deixar de dizer que a turma 10/11/12 A, foi a melhor de todos
tempos. Era muito diversificada quanto ao tipo de alunos. Destaco alguns exemplos:
Tanta coisa! Fico-me por aqui. Que bom recordar coisas de bem! Costumo dizer desta escola: aprendi l,
cresci l, eduquei-me l, sonhei l e realizei-me l e tudo isto custa de ter ptimos formadores e de ser um
stio e uma poca de muita pureza, delicadeza e educao. Foi e ser sempre, acima de tudo, a MINHA
ESCOLA
Baile de finalistas, 1997
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Ana Isabel Lopes (Ex-aluna da ESB)
J comea a ser difcil recordar o dia-a-dia
dos meus tempos na escola. No que pertenam a
um passado distante, mas porque muitas coisas se
passaram e a minha fraca memria foi apagando
certos pormenores. Contudo, h dias muito
especiais que recordo com carinho, como aqueles
em que recebamos escritores na escola e eu, como
membro activo e empenhado do Clube da Lngua
Portuguesa, no podia deixar de me envolver de
forma especial. Foi num destes encontros que
conheci a Ana Salom, uma jovem escritora de
quem os poemas me fazem voltar aos meus tempos
na Secundria de Barcelinhos. E, como este, outros
momentos me deixam enternecida, como o dia do
Sarau, onde se fez uma humilde, mas
verdadeiramente sentida, ode cultura e arte,
mesmo por parte daqueles que tiveram, nessa
altura, a primeira oportunidade de conviver com
um mundo to abstracto. Como gostava de ver as
pessoas espantadas com aquilo que sabiam fazer!
Como no podia deixar de ser, a escola foi,
para mim, um rasgar de horizontes, um crescendo
de oportunidades, um agregador de motivaes.
Daquilo que tenho visto, poucas escolas do aos
seus alunos um ambiente propcio ao
desenvolvimento e aprendizagem. Eu tive a sorte
Sarau, 2011
Plano Nacional de Leitura, 2011
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de ter estado nesta escola fantstica que me
motivava constantemente e me lanava desafios
que no me deixavam ficar parada, sempre por
meio de professores exemplares pelos quais tenho
ainda admirao de menina (e acho que sempre
terei).
Hoje, como finalista do Curso de Cincias da
Comunicao, -me exigido um enorme dinamismo
e capacidade de iniciativa que, creio, no me
eram coisas inatas. Assim, fui aprendendo por meio
de problemas, perguntas e respostas, que, para que
as coisas acontecessem, era necessrio, primeiro,
que partisse para elas. E com este esprito tive o
prazer de participar na criao do Clube da Lngua
Portuguesa, da Rdio Escola ( qual demos o nome
de Rdio Grafonola), no programa da Rdio
Barcelos O Som das Palavras e at da improvvel
crnica Lnguas de Perguntador no Jornal de
Barcelos.
Grandes aventuras vivi nestes projetos. Foram,
sem dvida, tempos importantssimos para a
definio de quem hoje sou uma vez que as
memrias destes momentos fazem, ainda, renascer
em mim a vontade de criar, inovar, empreender e
descobrir, coisas to amorosamente tpicas da
adolescncia. Sei que, para que ela nunca morra
em mim, tenho que viver docemente estas
memrias que hoje escrevo e outras que guardo
pois sero sempre parte de mim.
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Ana Lusa Machado (Psicloga da ESB)
Ficam as saudades, as recordaes, a amizade, o carinho e principalmente ficam as
experincias e os conhecimentos partilhados por todos.
Nesta Escola conheci excelentes pessoas que me acolheram sempre com grande simpatia,
respeito, educao e profissionalismo, fatores que representam uma marca fundamental, e acima
de tudo, de continuidade no meu percurso pessoal e profissional.
Desejo a todos os alunos e antigos alunos da Escola Secundria de Barcelinhos as maiores
felicidades, e que consigam aquilo pelo que sempre lutaram. Aos professores e funcionrios , dou os
Parabns por conseguirem cativar os alunos e tentarem fazer deles sempre os melhores. E tudo isto
no seria possvel, se no tivesse como suporte uma
Direo que tem um grande esprito de trabalho, organizao, colaborao e dedicao.
Continuem a fazer da Escola Secundria de Barcelinhos uma grande famlia.
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Ana Paula Ferreira (Ex-aluna da ESB)
A memria uma mquina curiosa pelo menos a minha funciona quando quer, e como quer.
Pediram-me que escrevesse sobre memrias de uma escola que fez (faz) parte da minha histria. Um espao
de aprendizagem e experincia que de alguma forma me moldou.
Mas no foi o espao fsico da Escola Secundria de Barcelinhos vulgo Liceu de Barcelinhos - que me
moldou, que alterou a minha rota (feita de caminhos ora ngremes, ora sinuosos, ora em linha recta num
perfeito planalto; caminhos esses que fui percorrendo: ora p ante p como que a pisar cascas de ovos
ora, a correr que nem uma desalmada).
Foram as pessoas que deram vida a esse espao, sem elas no passaria de quatro paredes (no fundo
so bem mais que quatro) erigidas numa colina em Barcelinhos.
So as pessoas que do alma a um lugar, que o enchem de vida. Escusado ser dizer que nem todas as
pessoas tm o dom de nos insuflar de vida, de esperana, de f no Homem. Esse o dom de poucos. uma
faculdade que no assiste a todos e - que me perdoem se o que digo no politicamente correcto - mas
quem me conhece sabe que nunca fui politicamente correcta.
Estas so as minhas (sublinho, as minhas) memrias da experincia enquanto aluna da Escola
Secundria de Barcelinhos. Na primeira vez que atravessei os portes tinha 12 anos. Levava no bolso os meus
sonhos de menina e a inocncia de uma criana.
No me lembro de muita coisa dos 6 anos que passei a (da a memria ser curiosa e a minha ter a
mania de que selectiva).
Tenho alguns flashes: lembro-me dos rostos dos colegas de turma; lembro-me do cheiro a croissants
com manteiga no bufete; lembro-me do burburinho dos intervalos, e do silncio ensurdecedor das aulas de
matemtica; lembro-me das gargalhadas cmplices por cada baboseira feita; lembro-me do corao pular
do peito quando dava o toque e tinha um teste; lembro-me da adrenalina de ir ver as notas nas frias.
Lembro-me no geral do liceu, mas lembro-me, em particular, de alguns professores, daqueles que deveriam ser
considerados mestres, os meus mestres. Aqueles que so no fundo orientadores de seres humanos.
Tudo comeou no 8 ano, quando a mente apesar da loucura hormonal que vai nos nossos corpos se
desenvolve e consegue ver mais alm do que parece ser uma simples tarefa.
Histria: uma disciplina que apela memria e ao debitar de matria. Errado! Uma disciplina que me foi
ensinada com rigor, com perseverana, com brio. Sabia exactamente quando devia exigir mais de um aluno,
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para que ele pudesse derrubar os seus pressupostos limites e ir mais alm! Quem me fez sentir assim (pssaro na
gaiola que v a porta entreaberta e decide voar) foi a Professora Ftima Carvalho. Uma mulher briosa,
exigente, rigorosa e atenta.
[Ainda hoje gosto destas caractersticas num ser humano. Gosto de saber com que linhas me cozo, e aprendi a dar sempre
o meu melhor, mesmo que isso implicasse trabalhar a dobrar.]
Voltou a acontecer no 11 ano. Apaixonei-me perdidamente por Almeida Garrett, Ea de Queiroz e por
tantos outros autores portugueses, que me mostravam verdadeira a alma lusa que era muito mais do que Os
Lusadas ( no desfazendo essa obra pica).
Fiz-me poeta e detective de emoes entre as vontades de homens que no cabiam nos livros. Viajei
vezes sem conta por entre letras, palavras e sintaxe sempre sentada com um livro ou uma caneta nas mos.
Ler deixou de ser uma imposio e passou a ser um prazer. E quem estuda por prazer descobre o mundo
nas entrelinhas [Meu Deus, como eu gostava de ler nas entrelinhas!].
Culpado ou culpada? Professora Idalina Pereira , essa mulher de olhos grandes, caracis largos e sorriso
rasgado (como que sada de um dos poemas de Almeida Garrett), que sabia levar-nos descoberta do
mundo dos grandes poetas e escritores, pelos nossos olhos, atravs das suas palavras.
Foi um ano de inmeras descobertas. Provavelmente um dos anos que mais marcou a minha forma de
pensar e me fez apaixonar pelo processo da aprendizagem. Fiz imensas viagens mentais: ora pela minha
mente, ora pela mente de outros. Descobri mundos sem fim, mundos imateriais, mundos etreos, mundos de
uma leveza insustentvel, mundos de uma profunda mgoa. Fez-me pensar. Ensinou-me a pensar. Calculo que
seja esse o objectivo de quem dedica a sua vida ao ensino: levar algum a pensar por si mesmo.
Meu Deus, como a minha memria se refresca quando acedo s recordaes das aulas de Filosofia.
Lembro-me do entusiasmo, da paixo desvairada, da fora de vida, da fora de pensamento, de uma mente
brilhante.
[Muitas vezes me senti a viver o Clube dos Poetas Mortos, no pelas histrias dramticas, mas pela
partilha de conhecimentos e por sentir que este ser humano to especial era, no fundo, o nosso professor
Keating.]
As suas aulas eram diferentes de todas as outras, havia no ar uma paixo, uma tempestade de
pensamento, a alma flor da pele. O professor despenteava-se violentamente no decorrer das aulas, tal era o
entusiasmo. E eu sentada, a admirar todo o processo, tentava entrar dentro do seu mundo: e voil, de
repente era sugada para o mundo do pensamento.
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O nome desse feiticeiro da filosofia o Professor Francisco Campinho . Para mim, um homem brilhante,
frente do seu tempo, que no cabia nos 45 minutos das aulas (nem 90, nem 120 minutos o tempo era uma
conveno que desaparecia nas suas aulas). Um homem que derrubava paredes, abria as janelas do
pensamento e nos levava a voar para outros pensamentos distantes. caso para dizer: Oh Captain! my
Captain! Rise up and hear the bells (Walt Whitman)!
Doces memrias estas, que apesar de guardadas num precioso ba so-me intrnsecas; fizeram de uma
simples aluna, que percorria os corredores da histria da Escola Secundria de Barcelinhos, uma pessoa
diferente.
Fui para os bosques para viver livremente,
para sugar o tutano da vida,
para aniquilar tudo o que no era vida,
e para, quando morrer, no descobrir que no vivi.
( Henry David Thoreau)
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Os cursos EFA visam elevar os
nveis de habilitao escolar e
profissional da populao
portuguesa adulta, atravs de
uma oferta integrada de
educao e formao que
potencie as suas condies de
empregabilidade e certifique as
competncias adquiridas ao
longo da vida. Os cursos EFA visam
elevar os nveis de habilitao
escolar e profissional da
Ana Paula Domingues Fernandes (Professora de Histria da ESB)
EFAS
A Escola Secundria/3 de Barcelinhos apresentou, dentro de uma vasta oferta formativa, os EFAS, tive o
privilgio de fazer parte deste projecto.
Muito havia para relatar, mas prefiro no entrar em pormenores da formao, teria que escrever um livro
e no um testemunho. difcil descrever preciso sentir.
Os EFAS no foram simplesmente uma experincia profissional, foi o aprender todos os dias, formandos e
formadores formavam um grupo coeso, que partilhava um projecto comum, chegando ao ponto de no
haver distines entre formandos e formadores.
Atividades integradoras, aulas eram a partilha de vivncias, a procura da saber, o aperfeioar
competncias, um caminho a percorrer com esforo, mas acima de tudo com muito carinho e alegria. A
amizade era aprofundada todos os dias, a partilha de experincias, ainda hoje sentimos saudades desses
momentos, que nem o cansao ao fim do dia conseguia estragar. O grupo de formadores 2009/2010 e
2010/2011, Pedro Carneiro, Afonso Novais, Patrcia Castro, Carina Oliveira, Maria Dias e eu mesma, orientados
pelo Coordenador lvaro Carvalho, e, sempre apoiados pela Direo desta escola, em especial pelo Diretor
professor Antnio Carvalho e professora Paula Arajo. Em conjunto com as trs turmas de EFAS partilharam o
que de melhor o ensino nos pode trazer, a partilha, a amizade e a certeza de misso cumprida. Se me
disserem que nos EFAS nada se aprende e digo-vos nos EFAS eu aprendi muito e partilho com os meus colegas
e formandos a saudade de um caminho percorrido, uma orientao nunca esquecida.
Aprendi, Ensinei e Partilhei.
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Ana Sousa (Assistente Operacional da ESB)
A Folha
Ao comear o dia, por volta das 8h15min, comeavam a chegar os primeiros professores escola. Dirigiam-se
sala dos professores, olhavam o placard das convocatrias e, invariavelmente, diziam: Ainda no est aqui
a Folhaser que hoje ir haver substituies?!. Ficava a
dvida no ar por breve instantes. A seguir, apareo eu com
a famosa folhaa das substituies.
De repente oio: Oh! Nani! Algo est mal?! Ainda
ontem fui substituir o colega e hoje vou novamente?! No
percebo?!. Com muita calma l explico: Sr. professor (a),
apenas esto nesta hora dois professores para a substituio.
E como o professor Y est em reunio, lamento muito mas
ter de ir o Sr. professor (a). O professor, conformado, l vai
para a sala ter com os alunos que o aguardam, ansiosos,
para saberem quem vai substituir o professor em falta.
Quando, em 2006/07, me entregaram este servio de
comunicar quem so os professores a fazer as substituies,
no foi muito fcil, porque tive de estar atenta a quem
estava a faltar ou a quem j foi substituir, para no atribuir
sempre aos mesmos esta tarefa de substituir os colegas.
Levou algum tempo a habituarem-se a esta norma e eu
recordo esse tempo um pouco complicado para ambas as
partes.
Hoje, as coisas esto mais calmas e tudo se recomps.
Foi um dos muitos momentos difceis passados na
nossa escola que, embora me tenha dado algumas dores
de cabea por no querer ser injusta, partilho com muito
prazer convosco!
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Andr Aguiar (Ex-aluno da ESB, 10A 2000-01, 11A 2001-02, 12A 2002-03)
Memrias da Escola Secundria de Barcelinhos
Memrias. No fcil colocar em palavras algumas das melhores memrias da passagem pela Escola
Secundria de Barcelinhos. Numa s palavra descrevo o que me vem mente quando relembro esses
momentos: saudades! Fez tudo parte de um processo, de um caminho, que em apenas trs anos colecionei
alguns bons momentos e boas experincias da minha vida. Esses trs anos ajudaram a definir o que seria o
meu futuro, fizeram parte de uma das fases mais decisivas da minha vida. So recordaes de momentos
irrepetveis e que, por essa razo, tm o valor que tm e deixam saudades.
Recordo os amigos, com alguns deles vou mantendo contacto, outros, com muita pena minha, nem
tanto. Recordo quase todos os professores, mesmo sem lembrar o nome de muitos deles. Recordo os
funcionrios, os espaos, a cantina, o polivalente, o bar e os bancos. Lembro-me do entusiasmo que eram as
eleies para a Associao de Estudantes, os torneios, os concursos de msica e de modelos e o teatro, entre
outras atividades.
A viagem de estudo a Corunha e o intercmbio com a escola de Nisa. A viagem de finalistas ao
Algarve, o baile de finalistas e os exames nacionais. Os momentos que mais apreciava (e no, no eram as
aulas, embora gostasse efetivamente de algumas) eram os intervalos, a hora de almoo e todo o convvio
com os colegas e amigos. Confesso que para mim o dia comeava quando chegava escola e
praticamente terminava quando saa. Talvez por essa razo, vrias foram as tardes que fiquei na escola sem
ter aulas Enfim, estes trs anos foram completos, a escola e o bom ambiente da mesma, os colegas, amigos,
professores e funcionrios tiveram todos um papel nesta histria. No desejo voltar atrs - no porque no
queira - mas porque o lugar certo para estes trs anos a memria. Mesmo assim, deixam saudades estes
tempos!
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Antnio Gonalves de Carvalho (Diretor da ESB)
Desde o ano letivo de 1988/89 que perteno a esta escola. Quando aqui fui colocado, o meu primeiro
pensamento foi sair para outra escola desta cidade, uma vez que j tinha lecionado l e tinha alguns
conhecimentos e amigos. No entanto, rapidamente mudei de opinio e decidi no sair mais desta escola.
Nessa poca ainda no conhecia bem algumas pessoas que j faziam parte desta escola e que ainda
c continuam, contribuindo muito para este ambiente especial, porque muitos que c foram chegando
reencontraram antigos funcionrios, docentes e colegas do antigo Liceu de Barcelos ou da Escola Comercial,
mas eu no fiz os meus estudos bsicos e secundrios nesta cidade.
No entanto, rapidamente me apercebi que esta escola era uma escola diferente das outras, aqui
criamos razes, criamos laos, respira-se em todos os sentidos, fruto de toda esta comunidade que parece ficar
imune a muitas perturbaes que a escola e o prprio sistema educativo vem a sofrer ao longo dos anos.
Todas as equipas diretivas, professores, funcionrios e alunos emanam para este espao educativo uma
convivncia s, um espirito de tolerncia, compreenso e respeito mtuo, que facilmente se transmite a todos
aqueles que passam por esta escola. Talvez fruto do isolamento do rebolio da cidade e pela influncia da
natureza que nos rodeia e nos permite sentir quotidianamente a mudana das estaes do ano.
E depois os que daqui saem levam consigo este esprito que lhes provoca a saudade e por vezes a
vontade de regressar
Esta escola apelidada pelos antigos alunos de Liceu de Barcelinhos ou Liceu de S. Brs ainda hoje
continua presente na memria de muitos alunos que hoje so pais e para c encaminham os seus filhos,
lembrando-se do ambiente saudvel e de boa camaradagem que ainda hoje a escola conserva.
No ano letivo de 1994/95, com o Engenheiro Carlos Neto (agora Diretor do Centro de Formao),
comecei a minha caminhada pela gesto desta escola at ao momento presente.
Hoje, como diretor desta escola, sinto o peso da responsabilidade e, ao mesmo tempo, a obrigao e o
dever de tudo fazer para que esta escola mantenha este esprito e seja sempre cada vez melhor.
H vinte e cinco anos a criar identidades, este de certeza o melhor slogan criado para retratar o
esprito desta escola muito simples e ao mesmo tempo pleno de significado, na abrangncia do sentido da
formao e da educao hodierna.
53
Antnio Vargas (Professor de Matemtica da ESB)
Retalhos da vida de um professor da ESB
As escolas grandes e impessoais so cada vez mais uma constante. As pequenas e familiares caminham
para a extino. Esperemos que a ESB dure pelo menos mais vinte e cinco anos, mas no nos podemos
esquecer que, no fossem as mudanas dos ventos polticos e econmicos, j estaria em vias de ser substituda
por uma superstrutura, outra coisa que ocuparia o mesmo espao num tempo diferente. O nome at poderia
ser o mesmo mas no era a mesma coisa. O verde das relvas e das rvores, os espaos entre os pavilhes, os
sons, as aragens e os convvios seriam diferentes e mais claustrofbicos. certa a necessidade de
remodelao dado o peso da idade destas estruturas, principalmente nos interiores onde alguns aspetos de
construo, canalizao e conforto nem sempre so os melhores. No entanto, h algo que no pode ser
perdido. No pequeno trajeto que vai do bloco A at uma sala de aula dos restantes, o professor tem a
oportunidade de observar, num relance, uma parte substancial do ambiente escolar, sentir-lhe o pulso, medir-
lhe a tenso sentindo-se imerso e clarividente da vida diria da comunidade.
No entanto, a verdadeira identidade de um coletivo, mais do que a componente fsica dos espaos e
objetos, consiste no rasto que o instantneo do presente, movendo-se no tempo, vai deixando, construindo o
que designamos por passado. No ser humano este passado fica registado na memria em fragmentos uns
com sentido profundo outros mais triviais mas sempre associados a uma emoo. O retalho mais remoto de
que me lembro, desde que comecei a respirar os ares minhotos, ocorreu nos primeiros dias de aulas. curioso
que basta uma pequena diferena no vocabulrio de uso corrente de regio para regio para que se gere
uma situao mais turbulenta desviante dos trabalhos em curso. Algum pergunta: ... posso safar o quadro?
o que isso? Pergunto eu, logo seguido de uma gargalhada geral. Quando me explicam o significado, teimo
que o correto seria apagar o quadro. Desnecessrio ser dizer que no dia seguinte tive que dar mo
palmatria dado que o veredicto do dicionrio confirmava que safar tambm era sinnimo de apagar o
que no favoreceu muito a minha credibilidade como bastio infalvel de conhecimentos. Passei a ter mais
cuidado, mas no demorou muito a surgir nova confuso quando utilizei, num dado contexto, a palavra
algibeira, tive que substitui-la definitivamente por bolso. Ainda tentei explicar a derivao rabe e do seu
uso tambm para os lados do Algarve, mas no valeu a pena, aqui no se usa. Para eles era coisa de
aoriano. Se queres estar em Roma faz-te Romano e depressa.
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Sempre me intrigou o facto de cada turma ter uma personalidade prpria. Tiramos o indivduo do
coletivo e ele tem um comportamento diferente, falta-lhe o ecossistema da turma onde nuns casos se sente
como peixe na gua e noutros como cordeiro entre lees. Com determinadas turmas no me atreveria a
afastar cinco metros do ambiente protegido da escola. Com outras foi possvel subir ao alto da Serra da Estrela
sob um frio cortante, ou acampar no Gers, debaixo de uma chuva torrencial, de braos esticados junto com
meia turma a segurar uma grande lona enquanto a outra metade tentava desesperadamente montar as
tendas antes que nos faltassem as foras. Com outras fomos a Lisboa, ao Porto, a Santarm e outros locais
onde ocorreram mil e uma peripcias visitando monumento, palcios, castelos e templos. Noutros casos no
abandonamos as quatro paredes da sala mas teria subido o Everest com eles caso fosse possvel.
Tanto dentro como fora do recinto escolar foram vividas muitas memrias e medida que as turmas e
alunos se escondem no horizonte ficam as vivncias que so intemporais.
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Beatriz Bach (ex-professora da ESB)
O que recordo eu, distncia, de Barcelinhos e de Barcelos, no que foi para mim o ano letivo 1988/89?
A cortina do tempo cobre os momentos vividos com intensidade e torna os seus contornos difusos, sendo
agora, por isso, difcil recordar com nitidez acontecimentos do dia-a-dia. Tentarei, no entanto, falar, ou melhor,
escrever algumas palavras sobre a minha experincia nos poucos meses que a passei.
Comeo pela janela do meu quarto de onde se me deparava um quadro buclico bem digno de ser
descrito por Bernardino Ribeiro ou at Alberto Caeiro
O Cvado, depois da queda rpida e brusca junto ponte e ao lado da azenha, l seguia
pachorrentamente, irrigando as terras frteis e verdes, onde as ovelhas, que se assemelhavam a flocos de
algodo quando vistas de longe, pastavam as ervinhas tenras at que o sol se punha para l da linha do
horizonte. Seguiam depois perto dos muros de pedra guiadas pelas pessoas que as iam recolher. Tambm
passavam pelos caminhos trilhados durante dcadas e dcadas, as mulheres que iam lavar a roupa ao rio,
indiferentes a toda a poluio que ele agora arrasta. O gesto de sculos tornou-se tradio inaltervel
Verde e castanho contrastavam com o azul do cu, por vezes bem cinzento, quando a tempestade
ameaava rebentar. E noite, na hora do sono, era o som surdo da gua que rebentava contra o fundo
marcando o compasso do tempo. Era bom porque era a sensao de tranquilidade e segurana depois de
um dia atarefado de trabalho. No dia seguinte l comeava a labuta levantar cedo, andar a correr e subir a
custo a ladeira que dava acesso escola. No havia um minuto a perder porque o tempo j era escasso e o
toque da campainha era implacvel.
L estavam os alunos espera. Simpticos e com boa vontade para comear a aula de Ingls. Bem,
nem sempre Recordo os seus rostos muitas vezes cansados porque se tinham levantado bem cedo e j
estavam na escola muito antes de as portas serem abertas. Vinham de longe e quando regressavam a casa j
era tarde. Muitos iam ainda trabalhar nos campos para ajudar a famlia numerosa, com muitos irmos. Como
podia o rendimento escolar ser elevado? Simpticos? Sim, sempre. Mesmo aqueles que, carentes de
pacincia e de ateno, se mostravam por vezes mais irreverentes.
Uma palavrinha tambm para os funcionrios da escola, sempre amveis e solcitos em auxiliar na tarefa
difcil da Educao.
Recordo tambm com igual prazer o facto de o edifcio estar rodeado de rvores e de campos,
realidade to distante das escolas citadinas, e de ser bem pequeno, o que dava a oportunidade salutar de
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conviver com todos os colegas, sobretudo durante o intervalo das aulas, que eram passados na amena (e por
vezes bem animada) cavaqueira Rir prprio do ser humano e nada mais necessrio para desanuviar
tenses, to frequentes na nossa profisso. Preparar aulas e ensinar pode ser muito agradvel, mas no fcil,
tantos so os problemas e preocupaes com que nos deparamos!
Depois havia tambm as quintas-feiras e a bem conhecida e famosa feira de Barcelos. Que bom era
poder passear pelo meio das tendas e apreciar a multido apressada que ia parando aqui e ali para
perguntar os preos! Achavam caro, marralhavam e ora compravam, ora partiam contrariados para outro
ponto prximo. Era um bulcio constante at o dia findar ou a chuva persistente impedir que as pessoas ali se
deslocassem, se fosse Inverno.
Cheiros e cores misturavam-se numa alegre festa em que o artesanato estava sempre presente, claro!
No Vero l estava o espao invadido pelos turistas que procuravam o que de tpico havia e, quem sabe,
compravam alguma lembrana para si e para os familiares e amigos das suas relaes. Espao grande e
agradvel, o da feira, que o plstico ainda no invadiu de uma forma avassaladora. Pena se vier a ser
alterado em nome do progresso e da e da corrida ao lucro desmedido que tudo arrasta.
Fotografia de Barcelinhos
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Bruno Pereira (Ex-aluno da ESB)
Uma escola para a Vida
Experincias novas, grandes amizades e essencialmente ensinamentos para a vida foram o que aprendi
na Escola Secundria de Barcelinhos. Falar que uma escola boa ou m s pode ser possvel quando nos
inserimos nas atividades que esta faz e, da minha, s coisas boas posso dizer. Aquando a minha entrada nesta
escola (8 ano), iniciei um novo trajeto na minha vida. Foi aqui que comecei a aprender a estar na vida, a
pensar, a continuar a ser humilde e a constatar que s trabalhando conseguimos obter o que desejamos. Com
o tempo, fui criando grandes amizades com a comunidade docente, com a qual me orgulho de ainda
manter contato, mas o que mais gosto de recordar so os tempos do teatro. Ensaios e mais ensaios,
preparaes cnicas, ao pormenor, o stress da estreia e o momento da verdade (dia de estreia). Os
professores lvaro Carvalho e Idalina Pereira controlavam, no faltava nada e, quando se aproximava o dia
da apresentao, era altura de preparar o som, a luz e o cenrio. Foi muito bom trabalhar com o professor
Joo Paulo Vieira e Jorge Salgueiro dos quais guardo bons episdios.
Nunca me esquecerei do dia de estreia da pea de teatro Lixo, quando, a meio da pea, o meu
camarada Toz (Bouas, para os amigos) estava com a bexiga cheia e me pedia para tomar conta do som
e da luz. Na altura, eu era responsvel pela luz e no tinha preparao para o servio do Toz. Ele, aflitinho da
vida, implorava-me para assegurar o lugar dele, ao qual eu respondia sempre: p, eu no sei como que
o som est organizado, ele est nas tuas mos!. E l se ouviam uns gemidos baixinhos Quando a pea
entrava num momento em que o som no era preciso disse eu ao Toz: Vai pelo cantinho e num instante vai
casa de banho mas rpido!!!. Para meu espanto ele responde: J no preciso, j estou aliviado. A
minha reao foi olhar de imediato para as calas dele e simverificar uma quantidade razovel de lquido
pelas pernas abaixo. S me apeteceu rir mas o momento pedia conteno e l me fui aguentando
Bons momentos aqueles em que eu pegava na cmara de filmar da escola e procedia gravao de
atividades. O que me dava mais gozo era fazer as montagens. A escola foi um local onde aprendi muito.
Quero agradecer a todos aqueles que contriburam para o meu crescimento pessoal. A todos aqueles
que frequentam ou frequentaram a escola o meu muito obrigado. Estaro sempre presentes no meu corao
pois ensinaram-me o que a vida e como enfrent-la. No poderia finalizar este artigo sem mencionar e,
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porventura homenagear, aqueles que fizeram com que eu crescesse pessoal e profissionalmente. Um abrao
especial para os professores Idalina Pereira, lvaro Carvalho, Jorge Salgueiro, Lurdes Silva, Joaquim Jorge
Oliveira, o presidente Antnio Carvalho, Ftima Fontes, Jorge Rodrigues, Pedro Gonalves e Helena
Trigueiros.
importante, tambm, salientar o excelente trabalho que os funcionrios da escola tem com os quais
ganhei muitos amigos tambm. Um abrao especial para o Sr. Domingos (que um grande amigo), Cludia
e ao Sr. Armando. So excelentes funcionrios! Caso me tenha esquecido de alguns nomes, e porque esta
tarefa ingrata, vos garanto que toda a comunidade escolar dos anos que por aqui passei, estar sempre no
meu corao.
A todos aqueles que ainda frequentam ou vo frequentar o ensino nesta escola apenas posso garantir
que esto no bom caminho para o sucesso. E o sucesso ganha-se trabalhando arduamente para um dia
atingir os nossos objetivos. E, lembrem-se, no uma pedra no sapato que vai fazer com que vocs no
tenham sucesso nas vossas vidas.
Despeo-me com uma frase de uma personalidade bem conhecida do nosso pas: Faam o favor de
ser felizes.
Capelinha de S. Brs, aguarela de autor desconhecido
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Daniel Lopes (Ex-aluno da ESB)
O meu percurso pela Secundria /3 de Barcelinhos foi muito feliz devido a ser uma boa escola, ter bons
funcionrios/professores e sobretudo por ter feito grandes amizades. O que mais me marcou em termos
profissionais e extra-aula foi um projeto comeado no ano lectivo 2008/2009 (meu 11 ano), por um grupo de
amigos e pelo professor de informtica, Pedro Gonalves - a ESB Lan Party (evento que tem como objetivo
reunir grupos de jogadores para criar torneios). A ideia de criar uma Lan Party para a escola surgiu devido ao
nosso gosto pelas novas tecnologias (computao, jogos e internet). Partilhamos a ideia com a comunidade
escolar e comeamos a trabalhar no projeto facultativamente.
Este projeto permitiu-nos contactar vrias empresas e aumentar a nossa capacidade comunicativa, o
que consequentemente nos tornou mais responsveis e nos ajudou a lidar com assuntos a nvel profissional.
No ano lectivo seguinte, voltamos a realizar a ESB
Lan Party, mas desta vez estvamos muito mais
maduros e conseguimos aumentar o nmero de
jogadores para 150. Comeava desta forma um
evento anual mais srio e com alguma fama.
Deixo aqui esta alegre recordao do meu
caminho pela ESB lembrando que, no passado ms de
Dezembro de 2011, decorreu a 4 edio do projeto do
qual fomos pioneiros.
3 ESB Lan Party, 2011
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Daniela Sofia Oliveira Cardoso (Ex-aluna da ESB)
A minha experincia no liceu de Barcelinhos comeou bem cedo, os meus padrinhos o Sr. Domingos e a
D. Conceio foram os primeiros funcionrios da escola e foi l que eu cresci.
Iniciei os meus estudos na Escola Primria de Barcelinhos, situada mesmo ao lado, e, no intervalo do
almoo, ia sempre comer com os meus padrinhos ao liceu. Lembro-me que subia a entrada principal at ao
bar a fazer cambalhotas. Naquela altura a escola ainda no tinha cantina e no bar serviam algumas coisas,
mas a maioria dos alunos ia comer ao ciclo de Barcelinhos.
Depois, chegou a minha vez de estudar no liceu. Por esta altura, j no fazia cambalhotas para chegar
ao bar, mas conhecia todos os recantos da escola como a palma da minha mo. Adorei estudar no liceu, os
meus colegas de turma eram um espetculo e eramos todos amigos.
Lembro-me especialmente de um Dia da rvore em que todos participamos para plantar rvores nos
jardins do liceu. Terminei esse dia muito orgulhosa porque cada turma plantou uma rvore e sabia que elas
iam crescer e seguir na escola e que eu um dia teria de abandonar para seguir com os meus estudos. E era
verdade, as rvores ali ficaram e eu aqui sigo com os meus estudos (por esta altura o doutoramento).
Nos dias que correm ainda vou algumas vezes escola visitar os meus padrinhos e o cheiro e o calor que
sinto quando entro no porto levam-me de volta aos meus 7 anos. Ainda conheo alguns dos recantos do
stio, mas confesso que algumas coisas mudaram, mas ainda assim, para mim, ser sempre como uma
segunda casa.
Este o meu testemunho. Obrigada por me deixarem participar nas memrias do Liceu de
Barcelinhos.
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Domingos Fernandes (Ex-professor estagirio da ESB)
Escola Secundria de Barcelinhos!
Nem sei por onde comear... Talvez por dizer que foi a o princpio de tudo para mim, no ano letivo de
1998/1999. Fiz parte dum grupo de estgio fabuloso, sob a orientao do prof. lvaro Carvalho. Lecionei a
disciplina de Portugus em duas turmas - uma do 7 e outra do 9. Pontualmente, dei aulas numa turma do 10
ano.
O incio da minha aventura no ensino no poderia ter sido melhor: a escola acolheu-me de forma
exemplar, o orientador foi excecional, os colegas de estgio (Denise, Dino e Catarina) foram uma ncora, os
restantes professores olharam-me como um igual, os funcionrios mostraram-se sempre disponveis e os
alunos... foram, sem dvida, a melhor parte! Fui um estagirio afortunado!!! Deu um prazer imenso participar na
pea de teatro! Valeu por tudo: pelo papel do D. Anrique, pelo convvio entre professores e alunos, pelo
nervoso mido... Enfim, foi uma experincia inesquecvel!
O tempo passou (muito depressa!) e,
como natural, no me recordo de toda a
gente, de todos os rostos, de todos os nomes...
Por isso, este grupo ser um excelente lugar
para rever alguns de vocs. Pelo menos, assim
espero!!
Fico-me por aqui, porque a mensagem j
vai longa. At breve! Abraos!
D. Anrique - Domingos Fernandes Auto da Barca do Inferno
1999
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Domingos Silva (Professor de Educao Fsica da ESB)
Intercmbio
Escola Secundria de Barcelinhos Escola
Bsica e Secundria Prof. Dr. Francisco Freitas -
Porto Santo (Madeira)
Numa organizao levada a efeito pelos docentes Domingos Silva, Joo Paulo Vieira e Jorge Salgueiro,
foi realizado um intercmbio Intercultural entre as Escolas Secundria de Barcelinhos e Escola Bsica e
Secundria Prof. Dr. Francisco Freitas, em
Porto Santo Madeira, entre os dias 21 e
27 de Fevereiro de 2000 (1 fase) e entre
os dias 28 de Maro e 1 de Abril de 2000
(2 fase), na Escola Secundria/3 de
Barcelinhos. Para alm dos referidos
professores, participaram 17 alunos, do 9
ao 12 ano de escolaridade. Em Porto
Santo, foram visitados: Zona Histrica da
Vila e da Ilha, Dessalinizadora, Central Elctrica, Cmara Municipal, Pico do Castelo, Clube Naval. Na Madeira,
foi visitada a cidade do Funchal e outros locais e monumentos de interesse: Pousada de Juventude, Pico Ruivo,
Pico Jorge, Pico Grande, Encumeadas, Ribeira Brava.
Na segunda fase, os alunos da escola do Porto Santo visitaram algumas cidades e locais do Minho, como:
Braga, Barcelos, Viana do Castelo, Bom Jesus, Parque nacional do Gers, etc.
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Domingos Silva (Professor de Educao Fsica da ESB)
Joo Garcia na Escola Secundria/3 de Barcelinhos
No dia 6 de Fevereiro de 2004, esteve na Escola Secundria de Barcelinhos, inserido nas Jornadas
Encontros em Altitude, Joo Garcia, o primeiro portugus (e nico at ao momento) a atingir o cume do
Evereste, a montanha mais alta (8850m) e mais perigosa do mundo, onde j pereceram mais de duas
centenas de alpinistas, incluindo o seu amigo, Pascal Debrower.
Foi a primeira vez que Joo Garcia visitou uma escola do concelho de Barcelos; antes, em 2002, j lhe
havia sido feita uma entrevista, inserida na rubrica conversa com um campeo que foi publicada na
Revista Schola.
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Se Joo Garcia no se considera um Super-Homem, , pelo menos, mais forte luz da vivncia
humana. Esta iniciativa contou com a presena de mais de 250 pessoas, incluindo professores, alunos,
encarregados de educao e elementos de toda a comunicao social barcelense. Foram 2 horas e meia de
pura adrenalina, tais foram as impressionantes imagens observadas da expedio de 1999 ao Evereste. A
rarefaco de oxignio, o frio, a permanncia prolongada em altitude extrema, a fortssima determinao
(embora inglria!) de querer resgatar o amigo, quase lhe custaram a vida, mas deixaram-no com mazelas
fsicas (e qui psicolgicas!) profundas e irreversveis. De facto, a sobrevivncia de Joo Garcia s mais duras
condies humanas, fez dele um exemplo de abnegao, de altrusmo, dotado de um desmedido esprito de
sacrifcio e de uma enorme vontade de viver. Como o prprio afirmou a montanha no se vence, ela deixa-
se vencer, frase paradigmtica de quem nutre um profundo respeito e estima pela montanha,
independentemente da sua localizao ou altitude a montanha imprevisvel.
A plateia repleta e sempre atenta, no perdeu uma pitada de emoo trazida quer pelo documentrio
apresentado, quer das palavras que se soltavam da boca de Joo Garcia. Muitos alunos aproveitaram para
reforar os seus trabalhos de rea-escola, pois tantas eram as turmas que tinham projetos relacionados com os
desportos radicais e de aventura.
No final, Joo Garcia procedeu a uma srie de autgrafos/dedicatrias no livro que o mesmo escreveu:
a mais alta solido o primeiro portugus no cume do Evereste.
Joo Garcia uma referncia nacional, condecorado pelo governo portugus com o ttulo de
Embaixador Nacional para o Desporto.
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Elsa Lopes (Professora de Matemtica da ESB)
A Escola Secundria/3 de Barcelinhos fez parte da minha vida durante cinco anos. Desde o 7 at o 12
ano vivi aqui anos durante os quais aprendi a ser livre, aprendi a escolher o que vale mais a pena para uma
vida em cheio, onde tive tempo de escutar os meus amigos, os meus professores e toda a comunidade
educativa.
Curiosamente, lembro-me da escola no ano em que se fundou. Frequentava o 7ano. Recordo o bar,
um bar improvisado em que o po era servido a partir de caixotes no cho, e o que me ficou na memria foi o
cheirinho a po fresco e s torradas, dadas com muito carinho e alegria pelo Sr. Domingos e pela D.
Conceio. Bons tempos essesO pavilho desportivo ainda no existia, mas havia um pavilho improvisado,
onde hoje est o atual auditrio.
Lembro-me dos professores de Matemtica que tive. No ensino secundrio, tive o privilgio de ser aluna
da Professora Alice Igreja. Posso referir que foi o meu quartel de base, onde senti segurana, onde dispus da
experincia e do calor de quem me rodeou nestas aulas. No posso deixar de lembrar a minha colega de
carteira, durante os cincos anos que frequentei esta escola, e, atualmente, minha grande amiga, Idalina Brito.
Quando encontro as pessoas que comigo conviveram naquele tempo sinto uma alegria muito grande.
Foram tempos mgicos! A Escola Secundria/3 de Barcelinhos foi um lugar muito importante para mim. A
partilha de conhecimentos, de momentos carinhosos, o viver emoes mudou a minha vidapara sempre.
Houve sempre uma troca. Fui uma aluna amvel e valorizei muito as amizades que tive. Recordo alguns
colegas de ento, a Carla Barbosa, as tardes que passamos juntas a estudar roda das disciplinas de Histria
e Matemtica, numa partilha de saberes em que cada uma ajudava a outra naquilo em que era mais forte.
Relembro, ainda, a minha prima Irene Lopes e a minha grande amiga Darlene Ribeiro, o tempo que passamos
juntas no estudo da Matemtica e na partilha de experincias. Escutei e dei ateno aos professores, segui as
suas opinies e orientaes e assim, cada um deles ajudou a trilhar o meu caminho.
Neste balano de vida, apercebo-me que ganhei mais do que aquilo que recebi!
Eis-me aqui, agora, professora de Matemtica na escola onde fui aluna. Estimo e respeito muito todos os
meus alunos, tal como estimo os restantes alunos da escola pelo seu esforo e pela sua vontade.
Prezo muito a oportunidade de poder trabalhar com toda a comunidade educativa.
Parabns a todos!
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Idalina Magalhes (Assistente Operacional da ESB)
Em novembro de 1998 iniciou-se uma nova etapa na minha vida profissional, fui admitida como
assistente operacional na Escola Secundria/3 de Barcelinhos. Fiquei muito feliz!
Fui bem recebida e acolhida nesta famlia, onde aprendi imensas coisas, amadureci e ainda hoje me
sinto confiante. com um sorriso aberto que todos os anos recebemos as pessoas que por aqui passam, sem
exceo. Sim, porque na ESCOLA h uma constante mudana onde novos rostos aparecem ou outros
reaparecem.
Ajudamos e acolhemos sempre muito bem! Esse o nosso lema! Somos assistentes operacionais, sim,
mas tambm, educadores, enfermeiros, socorristas, psiclogos. Estamos sempre com um manual destas
profisses nas nossas mos. Obrigada a todos os que, assim, nos conseguem ver.
Parabns escola secundria/3 de Barcelinhos pelos seus 25 anos!!!
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Jaime Dantas (Professor de Biologia da ESB)
25 Aniversrio da Escola Secundria/3 de Barcelinhos
Escrever sobre os 25 anos da Escola Secundria/3 de Barcelinhos contar um pouco da histria da minha
prpria vida. Apenas no posso testemunhar o segundo ano de funcionamento porque efetivei na Escola
EB2,3 de Vimioso, tendo regressado no ano letivo seguinte e permanecendo por c at hoje.
Vivi todos estes anos como se fosse o primeiro, com a mesma motivao e entusiasmo, dando o melhor
de mim ao servio da educao.
Vejo a nobre arte de ensinar no apenas como uma profisso mas mais como a misso de instruir, formar
e educar. Um professor um modelo que educa mais pelo que do que propriamente pelo que transmite. Os
alunos so muito permeveis a todo o tipo de influncias, assimilando tudo o que os envolve. Importa pois que
o professor seja, tal como os pais, uma excelente referncia a seguir. Deve ser um exemplo pelos gestos que
empreende e pelos valores e princpios que veicula. Foi precisamente isso que procurei ter sido.
Durante todo este tempo vrios foram os episdios que poderia aqui relatar e, certamente, todos dignos
de serem partilhados com os leitores. Feita uma triagem, escolhi alguns da altura em que exerci o cargo de
professor do Ens