7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
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rraClssica
orialnos passaarreando,ramente aortugal,eiossibilida
ralmente,ntem maido o desero. Paraposiestaguitarra
ossos agreeNunooprximooRodrigue
evistacomvaldeGuitvistacomlemasdeascomMsGrava
a:NunoCa
saspropos
dos desda primei
assuntossestenovesdomunesperamo
s colaborfio aos letal, bastar
egmail.co
deciment
uedesdenmeroes
CarloMararradeLeiOscarFlecepertrio
sica..s
pos,Joo
taspublicit
o aparera revistaguitarrstic
projectodovirtual. que a esdores, ficitores des o enviosugeste
.s especiaiCampospe
Abril!
hione
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riasdever
imento d dedicados a surgiueusufru
e projectndo assie primeirde artigos par
a Matanlasuaprec
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GuitarraClssica 3
EntrevistacomCarloMarchionePorJooPauloHenriques
Joo Paulo Henriques: Em primeiro lugargostavadeagradeceremnomedaRevistada
GuitarraClssicaporaceitaronossopedidode
entrevista.umgrandeprazerparans.Como
correramosconcertosnaRssia?
CarloMarchione:ObrigadoporestaentrevistaJoo! Os meus concertos em Moscovo e S.
Petersburgocorrerammuitobem.Infelizmente
odiadoconcertoemMoscovocoincidiucomo
jogode
futebol
Eslovnia
Rssia
para
a
qualificao para o prximo campeonato do
mundo...como podes imaginar, no havia as
habituais 900 pessoas no concerto, o que
normal naquele pas! J agora, foi uma
experincia pessoal/profissional incrvel e
enriquecedora,comosempreonaRssia.
J.P.H:
A
minha
prxima
pergunta
sobre
repertrio. Como escolhe o programa a
interpretarnumconcerto?
C.M:Boaquesto!Digamosqueapesardetudo
o que te dizem durante as chamadas master
classeseworkshopssobrecomoescolherum
programanohumamaneiradeescolherum
programa mas sim uma situao (novamente
pessoal e/ou profissional) em que tu tens de
optar.Eurefirome,porexemplo,quandotens
20 anos e ests no incio da tua carreira tu
tentas tocarpeasquemostremo teumelhor
nvel por assim dizer. Se considerarmos que
nestafasedavidamusical,ummsicoparticipa
tambm em vrios concursos internacionais,
com vrias peas obrigatrias e programa
especificamenterequisitado
(por
exemplo
msicadosculoXXoumsicaespanholaetc.)
tu consegues perceber facilmente quemuitos
programas so muito frequentemente um
resultado de necessidades prticas e de
objectivos. Em todas estas situaes cada
msicoescolhepeasquefalemaoseucorao
e crebro de uma maneira especial. Posso
dizerte que,nomeu caso, com o chegar dos
anosmaduroseutentonostocarpeasque
mostram o meu melhor lado mas acima de
tudoomelhor ladodamsicaemsi.Portanto,
tambm as vrias transcries e os vrios
compositores desconhecidos e peas que um
indivduo pode ouvir nos meus concertos (eu
pensoemcompositoresbarrocoscomoRoman,
que sepodeouvirno Youtube, vonWesthoff,
Vilsmayer e Paradisi, compositor este que
toquei um ano atrs em Portugal e
compositores modernos como Casarini,
Iannarelli, Vassiliev e por a em diante).
Digamos que como passardos anos eu sinto
maisemaisumtipodesentimentodejustia
para com todos estes compositores que por
razes alheias qualidade musical tm sido
deixados de fora (no s no mundo
guitarrstico) da programao de concertos
durante tantosanos.Ao fazer istoeu tenhoo
apoio e inspirao de todos os meus alunos.
90% do meu repertrio dos ltimos 10 anos
tem vindo a ser (re)descoberto e estudado
juntamente com e, muitas vezes, por eles. O
meu obrigado, vocs so muito importantes
paraaminhavidamusicalepessoal!Maspor
favornoseesqueamqueahistriadamsica
est repleta de compositores incrivelmente
esquecidos,grandes
compositores.
Toda
gente
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GuitarraClssica 4
conhece Bach, mas quantos conhecem
Pisendel, ou Zelenka ou Monn? Toda gente
conhece Mozart, mas quantos conhecem
Rosetti, Kraus, Beck ou obras de W.F. Bach?
Paramim
no
s
uma
questo
acadmica,
eles escreveram msica realmente
inesquecvel!Bastacomprartudodeleseouvir!
J.P.H:Achoquedoconhecimentogeralentre
osguitarristasquefazmuitastranscriespara
guitarra.Queprocessousaparaarranjaralgo
para guitarra? Como passa de escolher uma
pea
a
transcrev
la?
C.M: Para mim uma transcrio sempre e
absolutamente uma declarao de amor.
Muitasvezes,nsaprendemosistonavidareal,
por causa do amor uma pessoa diz e/ou faz
coisas estranhas. No mesmo sentido eu
transcrevovriaspeasspeloamorquetenho
porelas,semtercuidadocom(aboa)execuo
ouaracionalidadedaspeas.Eutoqueidurante
12anoscomumquartetoeduodeguitarras,4
anoscomumdosmelhorestriosdeguitarrado
meu pas e tu no consegues imaginar o que
ns tocamos durante esses anos! (Voltarei a
este assunto mais tarde). Mas se eu decidir
acrescentar uma nova transcrio ao meu
programaaprimeiracoisaqueeu fao fazer
umflirt
pea.
Ao
decidir,
por
exemplo,
tocar
o Adagio KV 540 de Mozart (sem dvida a
transcrio mais difcil de sempre) eu passei
muitotemposatocaremalgunsbaresaquie
acol,em vrias tonalidadesdiferentes e com
afinaes diferentes. Finalmente encontrei a
essncia da transcrio, ou seja uma
passagemqueeusomenteconsigotocarnuma
tonalidadeeafinao
especfica
para
que
resultedamaneiraqueeuachoquedeverser
executada.Euchamo istode essnciaporque
a transcrio feita em sua volta. Esta foi o,
no isolado, mas um caso muito extremo de
transcrio.tambm
muito
importante
encontrar um gnero de dicionrio musical
paraquesepossa traduzirconvincentemente
paraa linguagemdaguitarra,figurastpicasde
um outro instrumento. Invertendo adireco:
comosetocaosRecuerdosde laAlhambrano
piano?Ouum casode sorte:Astrias (muitos
guitarristascontinuamaacharqueestapeafoi
compostapara
guitarra!
Mas
eu
consigo
entendlos, apenas perfeitamente
idiomtico).Ou:comoacrescentarbaixosnuma
Ciaconnaparaviolinosolo(conseguesimaginar
a qual me refiro?) Ou: como transcrever o
basso albertino com linha meldica na parte
superior? Neste caso, muito interessante
consultar transcries histricas (Giuliani ou
Carullipor
exemplo).
J agora, eu ouo com muita frequncia de
colegasmuito estimadosque transcriesno
devem ser feitas e, se um indivduo no
consegue na verdade manterse distante
destas, no devem ser tocadas em concerto
massomenteemcasaparafinsdeestudo.Eles
comcertezatmrazoemalgunscasos,maseu
pensoquesempreumaquestodequalidade
datranscrio,credibilidadeeoseucontedo.
Eu no consigo imaginar que algum pudesse
dizer:Joo,no leiasShakespeareporqueeste
noescreveuemportugus.Mesmoquealguns
refinamentos do gnio sejam inevitavelmente
perdidos, o contedo e a beleza da sua obra
justifica de certa maneira uma traduo em
qualquer lngua desta Terra. Por outro lado,
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GuitarraClssica 5
ningum no teu pas ir sentir falta de uma
traduo de uma telenovelajaponesa para a
linda lnguaqueoportugus.Oquetambm
esquecido que grande parte do nosso
repertriooriginal
nada
mais
nada
menos
que uma transcrio (caso extremo: Sonata
Omaggio a Boccherini do Castelnuovo). J
agora,todagentetemdedecidirporsiprprio
o que fazer, claro est. Eu considero a
transcrio, apesar de todos os aspectos
prticos, um incrvel e til exerccio,
especialmenteparansguitarristas, enoum
passono
omissivo
na
nossa
educao
musical
(afimdeseconhecernosacademicamente
repertrio que no existe para o instrumento
moderno);ouentosdeveramostocarpeas
compostas por guitarristascompositores mais
ou menos do perodo de Trrega (i.e. para a
guitarramoderna).
J.P.H:NoquedizrespeitoaosculoXXIeaoseu
repertrio para guitarra, eu gostaria de lhe
perguntar quais so as suas preferncias e
sugestes?
C.M: Tal como tinha dito anteriormente, eu
toquei durante 12 anos com um quarteto de
guitarras.O nosso repertrio era 90%msica
contempornea e 90% desse repertrio foi
escritopara
ns
(isto
para
algumas
pessoas
que
pensam que eu somente gosto e tocomsica
barroca...).Comopodes imaginarns tocmos
muitasboaspeas,mastambmpeasqueme
deixaram perplexo, para pr de umamaneira
suave. Eu no me importo em que estilo ou
linguagem musical a pea escrita, se tem
rudos ou aspiradores na orquestra. Eu adoro
Stravinskyem
todos
os
seus
perodos
(russo,
neoclssico,dodecafnicoetc.);istoporqueele
tem uma mensagem forte que eu consigo
entender e sentir por detrs de todas as
diferenas tcnicas das peas e do dialecto
musical.Depois
disso,
uma
pessoa
pode
talvez
entender melhor as minhas preferncias no
quedizrespeitoaorepertriodosculoXX/XXI.
Umapeaquegostariadetocarantesdeparar
semdvidaChoreiquesdeFrancisMiroglio.
Uma suite dodecafnica em quatro partes
incrivelmente fortes. No certamente uma
boapeaparaumafestadecasamentoouum
concertonuma
aldeia
pequena
nos
Pirenus,
masnostiocerto,naocasiocertaecomduas
palavras de introduo ir tornarse num
enriquecimentofantsticodonossorepertrio.
J.P.H: Quais foram as suas principais
refernciasmusicais durante e depois da sua
juventude?
C.M: Tanto quanto me lembra, na minha
juventude a minha fonte de inspirao era
Nikolaus Harnoncourt, no tanto pela
qualidadeestonteantedassuasgravaesmas
ainda mais pela inextinguvel sede de
(re)descobrirnovo repertrioeobservandoos
comolhos, almae crebromuitoabertos (ele
acabade gravar PorgyandBessaos 80!). Eu
nuncatentei
imitar
asua
maneira
de
tocar/dirigir(nofariasentido)masseeutenho
hoje em dia a capacidade de oferecer bons
programas com desempenho compreensvel
(emrelaoatempos,articulaes,fraseadoe
umbombalanoentretextoeafectospessoais)
no somente por causa dos meus grandes
professores de guitarra mas tambm deste
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GuitarraClssica 6
gigantedamsicacom80anos.Muitoobrigado
Maestro!
J.P.H:Vamosfalarumpouco sobreaguitarra
emPortugal,
j
que
visitou
onosso
pas
dois
anos seguidos se no estou enganado. Visto
seres um dos guitarristas que mais vezes
convidadoparafestivaisdeguitarraemtodoo
mundo,gostariadesaberasuaopiniosobreo
nveldosguitarristasemPortugal.Temalgum
conselho a dar aos estudantes de guitarra
clssicaemPortugal?
C.M:Portugalumdosmeuspasesfavoritos.
Ocarcterdaspessoas,o tempo,abelezadas
cidades e natureza, fado, comida...eu adoro
tudo do fundo do corao. Foi portanto uma
enorme alegria ser convidado pelo grande
Maestro Dejan Ivanovic para tocar em Lisboa
em2008.Desdeessaalturaeuestive tambm
em Sernancelhe e uma vez mais na cidade
capital. Grande pblico! As masterclasses
tambm foram muito boas, o nvel geral da
guitarra na Europa est a aumentar
incrivelmente nos ltimos 15 anos e Portugal
nopoderiaficarparatrsnestamodatambm
devido presena de grandes professores
estrangeiros, cujo os quais formaram uma
gerao fantstica de msicos. Caro Joo,
perguntasteme
se
podia
dar
um
conselho.
umapergunta traioeira...Portantoeugostaria
decitarumafrasedePaulDegas,quecombina
perfeitamente comaminha filosofiacomoser
humanoemsico:Tertalentotendo25anos
fantstico. Mas continuar a tlo quando se
tem50anos,overdadeirodesafiodavida.
J.P.H: Uma pergunta diferente: Se no fosse
guitarrista, o que gostaria de ter sido
profissionalmente?
C.M:Aos
20
anos
de
idade
eu
pensei
seriamente em parar de tocar guitarra. Eu
escrevi tocar porque na verdade naquele
tempoemItlianohaviaconcertosparatocar.
Euestavamuitodesmotivado(umamigosalvou
aminha vidadandome coragem e forapara
continuarechegarondeestouhoje).Portanto
eu tinhaum trabalhonuma lojade LP/CD em
Roma
e
tenho
que
te
dizer
que
a
ideia
de
trabalhar l no era desagradvel para
mim...Hoje isso nem seria possvel, a no ser
que eu abrisse uma loja de CD online...Mas
neste ltimo caso eu iria sentir a falta do
contacto com as pessoas, que para mim o
elemento mais importante do meu trabalho
(como professor e executante). O sonho
secreto era de qualquer maneira tornarme
numjogadordefutebol.Eunoeramau,eaos
16anostivedeescolherentreoConservatrio
e os treinos de futebol. Tu sabes o que
aconteceu...
J.P.H:Aprximaperguntacomplicada.Como
aborda uma pea nova que est prestes a
estudar?Qualoseumtododeestudo?
C.M: uma pergunta impossvel de
responder...oprocessomuitofluenteevago,
algumasvezesmuitolongo,outrasvezesmuito
curto.Articulao,digitao,fraseado,lealdade
ao texto e expresso pessoal, estabelecer
ligaes msica escrita no mesmo perodo,
circunstnciasda vidado compositor...tudo se
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Guit
mistu
dura
J.P.H:
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GuitarraClssica 8
IIFestivalInternacionaldeGuitarradeLeiria(2009)porJosMesquitaLopes
Este Festival teve a sua segunda edio em
Julhode
2009,
no
entanto
um
evento
que
vem sendo realizadodesde2004 integradono
ento Estgio Internacional de Orquestra da
Regio de Leiria/Ftima. A partir de 2008
tornouse autnomo, e desde a comeou a
incluir maisvalias, diversificando a oferta de
acontecimentos. Isto tornousepossvelgraas
Direco do OLCA (Orfeo de Leiria
Conservatriode
Artes),
s
Cmaras
Municipais
desta regio, aos seus directores artsticos e
executivos,osprofessoresJosMesquitaLopes
e Ilda Coelho, para alm de vrios outros
colaboradores Direco Pedaggica,
Associao de Estudantes, secretrios/as,
jornais, rdios,diversosoutros patrocinadores
comolojasdemsica,editoras,etc.
Esteano,oFestivalcomeoucomoIIEncontro
Nacional de Ensembles de Guitarra (9 e 10),tendo participado em concerto os seguintes
ensembles: Ens. de Guitarras da Sociedade
Filarmnica Gualdim Pais (Tomar), com a
direcodeSrgioMarques;Ens.deGuitarras
da Guarda, com a direco de Hugo Simes;
Ens. de Guitarras da Academia de Msica de
Monte Abrao, com a direco de Ricardo
Martins;Ens.deGuitarrasdoConservatriode
Msica D. Dinis (Odivelas) e o Ensemble
Concertante deGuitarrasdoOrfeode Leiria,
com a direco de J. Mesquita Lopes. O seu
repertriovariouentreoperodorenascentista
eosc.XXI,tendoalgunsdestesgrupostocado
comalgunsmsicosconvidados,intrpretesde
outros instrumentoscomoaflauta,ooboeo
violino.
Nos dias 11 e 12, seguiuse o II Concurso
NacionaldeGuitarradeLeiriaquecontoucom
diversosconcorrentesdevriospontosdopas,
osquaisforamintegradosem5escales(desde
oPreparatrio(A)atao7/8graus(E)).
Ojri incluiuosprofessoresJ.MesquitaLopes,
IldaCoelho,
Mrio
Teixeira,
Neuza
Bettencourt,
PedroRodrigueseRobertoBatista.
Ospremiados,que tocaramdia12deJulhona
CasaMunicipaldaCulturadeAlvaizere,foram:
EscaloA:
1prmioDiogoAndrMesquitaTeixeira
2prmioMarceloSantosOliveira
EscaloB:
1prmioPauloRenatoGonalvesVieira
2 prmio (exaequo) Fbio SantosGavina eHugoMiguelLourenoLopes
3prmioHenriquedeCarvalhoMoreira
EscaloC:
1prmioInsSofiaSimesPereira
2prmioRafaelBatistadosSantos
3prmioJooPauloSantosLopes
EscaloD:
1prmioAndrAlmeidaFerreira
2prmioTiagoFilipeAntunesMorin
3prmioBrunoAlmeidaFerreira
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GuitarraClssica 9
EscaloE:
1prmioRicardoNunoAlvesPereira
3prmioJooLusRodriguesRamos
De
13
a
17
decorreram
(com
um
n
elevado
de
alunos) as VIMaster Classes orientadas pelos
professores lvaro Pierri (Uruguay), Toms
Camacho (Espanha) e Jos Mesquita Lopes
(Portugal). Ainda dentro destas datas
decorreram o II Estgio de
Ensembles/OrquestradeGuitarras,cujosalunos
tocaram em concertonaGaleriaMunicipalda
Marinha Grande (Concerto Final de Alunos e
Ensembles Jnior) e no Concerto Final do
Curso, no Teatro Cine do Pombal, onde
interpretaram um arranjo para Orquestra de
GuitarrasdaCsangSonatinadeFerencFarkas.
Os professores deste Estgio foram Snia
Leito (direco), Ilda Coelho (direco) e J.
MesquitaLopes(direcoearranjos).
Nodia
15
teve
lugar
oextraordinrio
emuito
aclamado recital do guitarrista lvaro Pierri.
Este interpretou obras de Jakub Reyes, N.
Paganini(GranSonata),I.Albniz,LeoBrouwer,
Heitor VillaLobos (Estudos 4 e 12), Manuel
Ponce (Sonata n3), e Alberto Ginastera
(Sonataop.47).O concertoobteve tal sucesso
que os discos trazidos por este guitarrista
desapareceramem
poucos
minutos.
No
final
do
concerto j estavam esgotados.O Concerto
FinaldeAlunostevelugardia17noCineTeatro
do Pombal, tendo finalizado com uma obra
para orquestra de guitarras que incluiu a
maioriadosalunosdoCurso,tendoenchidopor
completoograndepalco.
Nodia18tevelugarnoCineTeatrodePortode
Ms, oVI Concurso Internacional deGuitarra,
fazendopartedojriDejan Ivanovic (Crocia),
Toms Camacho (Espanha) e Jos Mesquita
Lopes (Portugal). Foram premiados os
seguintesalunosdoCurso:
1prmioJooPauloHenriques.Interpretou:
FandangodeJ.Rodrigo,ElegydeA.Rawsthorne
e Duas Vises Breves (pea obrigatria) de J.
MesquitaLopes.
2 prmio (exaequo) Andr Ferreira.
InterpretouIntroduo,TemaeVariaesop.9
deF.Sor,Preldion3deHeitorVillaLobosea
peaobrigatria.
TiagoVicente. Interpretouo1andamentoda
Sonata n1 de Dusan Bogdanovic, a pea
obrigatria e Introduo e Capricho de J.
Regondi.
MenoHonrosa:RicardoPereira. Interpretou
Duas Vises Breves de J. Mesquita Lopes,
Leyenda(Astrias)
de
I.Albniz
eFantasia
da
TraviatadeF.Trrega.
Durante todo o Festival decorreu uma
exposio de partituras pela AVA MUSICAL
EDITIONS e uma mostra de guitarras pelo
luthierBenitoCasaisAquinoqueofereceuuma
guitarradeconcertonovalorde3000eurosao
1premiadodoconcursointernacional.
Para finalizar, este Festival juntouse ao VI
EstgiodeDirecodeOrquestra,dirigidopor
JeanSebastienBreau,tendosidointerpretado
em trsapresentaesoConciertoAndaluzde
J. Rodrigo para quatro guitarras e orquestra.
ForamsolistasTomsCamacho(Espanha),Jos
Mesquita Lopes (Portugal), Srgio Pereira
(Portugal)eRaphael
Breau
(Frana).
Dia
24
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GuitarraClssica 10
emLeiria,naIgrejadaPortelaadirecocoube aLaurenceMaufroyeGabrielBourgoin,nodia
25dirigiramAlexandreBrancoWefforteGabrielBourgoin,nodia26dirigiuomaestroJeanSebastien
Breau.
Para2010
esperam
se
algumas
novidades
com
interesse
neste
festival
que
se
tem
tornado,
cada
vez
mais,umpontodereferncianacional(einternacional)paramuitosmsicos/guitarristas.
emcima:ConcertoFinalEstgiodeOrquestra,dir.J.M.Lopes
esquerda: Concerto do VI Estgio Internacional deOrquestra,ConciertoAndaluz,dir.JeanSebastienBrau,sol.TomsCamacho,JosMesquitaLopes,SrgioPereira,RaphaelBrau
embaixo:EntregaPrmiosVIConcursoInternacionaldeGuitarra,da esq.para dir.: Neuza Bettencourt, Snia Leito, Ilda Coelho,RicardoPereira, TiagoVicente,Andr Ferreira, Toms Camacho,JosMesquitaLopes,DejanIvanovic,BenitoCasaisAquinoeJooPauloHenriques
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GuitarraClssica 11
EntrevistacomOscarFlechaporPedroRodrigues
RevistaGuitarra:AprimeiraediodoFestivalInternacionaldeSantoTirsotevelugarem1994
com um elenco de luxo: Leo Brouwer, Pedro
Caldeira Cabral, David Russell, Eduardo Isaac,
RobertoAussel,DuoAssadentreoutros.Como
surgiu a ideia e oportunidade de realizar um
eventocomestesnomes?
Oscar Flecha: A ideia de fazer um festival deguitarra surge aps ter trabalhado uns anos
como
professor
no
Conservatrio
Regional
de
MsicaCentrodeCulturaMusical(comsede
nasCaldasda Sade Santo Tirso).Na altura
no havia muita oferta de concertos ou de
cursos de guitarra, e queria dinamizar e
promover a guitarra. Assim surgiu a ideia de
fazer um festival temtico centrado neste
instrumento.
Paratestar
otipo
de
resposta
que
podia
ter
um
evento desta dimenso, houve algumas
experincias prvias com cursos e concertos;
nomeadamente o primeiro curso orientado
porDavidRussell foiumgrandesucesso.
J para 1994 tinha um projecto formalizado
para realizar o Festival em Santo Tirso, que
contou sempre comoapoioeopatrocnioda
CmaraMunicipallocal.
Assim nesse mesmo ano, um pouco como
forma de divulgao do Festival, lancei outra
iniciativa:osEncontrosdeguitarra(Porto),de
modo que em Fevereiro desse ano foi
apresentada a informao sobre o Festival de
SantoTirsonosEncontrosdeGuitarra(nessa
edio actuouManuel Barrueco pela primeira
vezemPortugal).
A escolha dos artistas convidados foi uma
escolha pessoal, dado que foram alguns dos
artistas que directamente ou indirectamente
metinhaminfluenciadomusicalmente.Aminha
inteno era reunir um grupo de artistas e
professores e que fossem um catalisador
cultural para todos os interessados na
guitarra,
mas
sempre
tendo
por
objectivo
chegaratodososmsicos.
RG:Os Festivais deGuitarra, tirando algumashonrosas excepes, esto normalmente
vaticinados a localidades afastadas das
capitais.Sersimblicodaposiodaguitarra
nomundomusicalouencontraoutrasrazes?
OF:A
guitarra
tem
um
grande
nmero
de
seguidores nos grandes centros urbanos que
justificaria a realizao destes eventos nesses
locais,por issonoencontro razesobjectivas
paraexplicarporquacontece isto,masassim
acontece.
RG: O Festival de Santo Tirso teve imensosmomentos marcantes, como por exemplo
Brouweradirigir
Yamashita
em
4concertos
para guitarra numa nica noite. Quais os
momentos mais marcantes para si e qual o
eventoquegostariadeorganizarnofuturo?
OF: complicado escolher esses momentos
paramim,forammuitos!Semdvidaqueesse
concertofoimarcante,aOrquestradeCrdoba
dirigidaporLeoBrouwereKazuhitoYamashita
como solista dos Concertos de Rodrigo,
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12/35
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7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
13/35
GuitarraClssica 13
Contudoosparticipantesdos cursosdeixaram
de ser assduos, tal vez porque seria preciso
deixar renovar as camadasdeguitarristasque
necessitassemdeparticipar,eisto,somadoa
assuntosdo
foro
econmico
levou
auma
nova
estrutura.
Desde 2000 o festival organizase atravs do
ConservatrioRegionaldeMsica,eadireco
artstica partilhada com a direco dessa
escola.Nessaaltura reestruturmosos cursos.
Mas, por questes logsticas e tambm
econmicas, a partir de 2003 os cursos
passaramasermaiscurtoseadistribuiodos
concertos passou a ser durante os finsde
semana.
Do ponto de vista dos concertos, a nova
calendarizao beneficiou o festival porque
fidelizou um pblico de maneira mais eficaz.
Actualmente o festival tem um pblico de
guitarristaede
melmanos
em
geral.
RG: A componente pedaggica do Festivalsemprefoimuitoimportanteenasequnciade
festivais como Estoril eAveiro, Santo Tirsofoi
umamaisvaliaparaaevoluodaguitarraem
Portugal. Que retrato faz destes 16 anos de
SantoTirsonaeducaomusicalportuguesa?
OF:Talvez
no
deva
ser
eu
afalar
sobre
isto,
masachoqueoFestivalteveuma importncia
substancialnodesenvolvimentodaguitarraem
Portugal, porque foi (e continua a ser) uma
fonte de formao e de informao sobre a
guitarra, sempre pela mo de professores de
nvel internacional, oque um facto invulgar
nopanoramamusicalnacional.Muitosartistas
e
professores
vieram
pela
primeira
vez
a
Portugal atravs do Festival. Um nmero
importantssimo de guitarristas nacionais
assistiu ao longo destes anos aos cursos e
concertos do Festival. E hoje, fruto deste
trabalho,um
nmero
significativo
de
talentosos
jovenscontinuaaencontraremSantoTirsoum
pontodeencontrocomamsicacomguitarra.
RG:Hque salientar,neste casoagradecer,a
constantepresenademsicosportuguesesno
grupodeartistasparticipantenofestival,algo
que muitas vezes esquecido por outros
eventos. Como gostaria de encontrar o pas
musicaldaquiaoutros16anos?
OF:Estareimuitovelhonaaltura,masgostava
deencontraristoquehojeemdiacomeaaser
mais vulgar, mas ainda insuficiente: a
integraodamsicadeguitarranoroteirodos
festivais e das temporadas de msica. E
particularmente penso que ficaria grato com
mais
ofertas
culturais
onde
os
actuais
estudantes pudessem encontrar no pas mais
oportunidades de trabalho, especialmente na
vertenteartstica.
RG:Falandoagoradeoutroprojecto,quaisos
objectivos da Legato Associao de Arte e
GuitarradePortugalpara2010?
OF:Em
princpio,
vamos
continuar
com
a
terceira edio do ciclo Seis Cordas Seis
Momentos. Este ciclo tem sido inteiramente
preenchido com instrumentistas portugueses
ouresidentesemPortugalenestembitoest
previstaarealizaodo IVConcursoLegatode
guitarraclssica.
RG:AsassociaesdeguitarraemPortugaltmum raiodeacoumpouco insular.Noacha
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
14/35
GuitarraClssica 14
necessria a criao de uma associao com
dimensonacional?
OF:Achoque sim.A Legatodesenvolveo seu
trabalhoprincipalmentenoNortedopas,mas
seria interessante poder criar uma rede com
outrasassociaesdeguitarra,parasensibilizar
mais eficazmente algumas entidades
patrocinadoras.
Umavezquearealidadeeconmicanoajuda,
ejsabemosqueemtemposdecriseacultura
sempre penalizada, o associativismo pode
seruma
boa
alternativa
para
conseguir
organizarerealizarprojectosculturais.
Por exemplo, em 2001 a Legato lanou um
projecto interessante, que foi incluir nos
Encontros de guitarra concertos com alunos
finalistas das Universidades e Escolas
Superiores. Chegmos a realizar um concerto
com alguns finalistas de Lisboa e do Porto, e
quando tencionvamos continuar com outras
instituies, mais uma vez os cortes nas
despesas da cultura inviabilizaram a
continuidadedoprojecto.Umaassociaocom
delegaes em diversas localidades do pas,
estrategicamente escolhidas, poderia
impulsionar esta ideia e organizar digresses
paraosjovensfinalistasdasuniversidades.
RG:Queprojectos temdefuturoparaos seus
concertos e concertos com PortoTango
Ensemble?
OF: Continuo a desenvolver algum trabalho
com formaes invulgares. Acho que a
msica de cmara frequentemente
esquecida,porvezesporquedifciloconvvio
da guitarra com os outros instrumentos e
tambmporqueanossaliteraturacamerstica
ainda pequena, no tem crescido ao mesmo
ritmo que o repertrio solista. Assim, depois
dosduoscomviolonceloecomfagote,estoua
explorar a msica em trio com violino e
violoncelo.
Nas apresentaes a solo estou a incluir
algumas improvisaes e com PortoTango
interpretamos, com uma formao mais
alargada, msica de Buenos Aires, no s
Piazzolla tambm outros compositores,
nomeadamenteTroilo
eBlzquez.
O
ano
passado gravmoso CD Sin esquinas e este
ano continuaremos apresentando este
trabalho,nofimdestemsactuaremosnaCasa
dasArtesdeVilaNovadeFamalico.
RG: EstimadoOscar,muito obrigadopela sua
disponibilidade e votos de constante sucesso
para sie claroparao Festivalde SantoTirso!
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
15/35
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7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
16/35
GuitarraClssica 16
ProblemasdeRepertrioporMatanyaOphee
Como um empresrio americano, gostaria de
comear por venderlhe algo. O produto que
desejo vender, chamase Segurana Laboral
para Guitarristas. Na minha vida profissional
comoeditor,vendoigualmenteasferramentas
do negcio, mas, principalmente, gostaria de
lhe vender uma ideia. Como de costume,
prometodarlhealgosobrepensar,algosobre
oqualestarloucoefalareisobremsica,sobre
trabalho,ecomasuatolerncia,tambmsobre
sexo.
Gostariadepoderescrevere,nesteimportante
momento,darlheboasnotcias.Infelizmente,o
que tenho no pode ser descrito como
optimismo. A guitarra, como disciplina
intelectualdevotadaprticadaartemusical,
est em srios problemas. A situao da
guitarrano
estrangeiro,
pode
lhe
parecer
melhordoquenestepas.Podeconsiderarque
a disponibilidade de cordas, partituras, livros,
discos,instrumentoseoutrosacessrios,no
suficiente perante as necessidades imediatas
de algum e tal servir de justificativo como
indicador para a sade geral da guitarra.
Mesmo se possuir o melhor instrumento
possvel,ter
apossibilidade
de
colocar
cordas
novas trs vezes ao dia, ainda necessita do
elemento crucial para o sucesso de qualquer
empreendimento musical precisa de um
pblico.
Sem um pblico srio e esclarecido, no tem
futuro comomsicoprofissional.Poder sero
maiorvirtuoso
que
jamais
pisou
aTerra,
mas,
semumpblico,serobrigadoaexercerasua
arte inteiramente fora do mainstream da
actividademusicalnasociedadehumana.
Poder ainda fazer concertos ao almoo, em
fbricasehospitais,tocarocasionalmenteuma
noiteparaoclube localoufestivaldeguitarra,
e entreter os seus amigos e familiares em
reunies sociais em casa. Mas as portas das
grandes salasdeconcertodomundo,ondeos
grandes violinistas, pianistas e cantores
aparecem
com
sucesso
repetido,
permanecero fechadas para si, enquanto a
msicaqueproportocar,forde interessezero
paraopblico.
Poroutraspalavras,oseufuturocomomsico
depende de dois factores importantes: a sua
escolha de repertrio e a sua capacidade de
fornecer
uma
interpretao
convincente.
Neste artigo, gostaria de lhe dar uma breve
descriododesenvolvimentodorepertrioda
guitarra,etentardemonstrarquetemosidona
direco errada. Talvez esta discusso possa
tambmsugerirnosalgumasideiassobrecomo
proceder para atingirmos o nosso legtimo
lugar,garantindo
assim
avida
artstica,
esim,
tambm a sobrevivncia econmica dos
msicosquetocamguitarra.
A guitarra hoje no conhece nenhumas
fronteirasgeogrficasoupolticas.Ela floresce
onde a beleza e a paixo pela msica so
permitidas. No entanto, a guitarra nunca
conseguiuum
lugar
de
honra
na
sociedade
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
17/35
GuitarraClssica 17
comum da msica. Contrariamente aos
equvocoscomuns,aguitarranuncaesteveem
p de igualdade com os instrumentos da
orquestra e do piano. Qualquer que seja a
"Idadede
Ouro",
que
tenha
supostamente
existido para a guitarra, o seu esplendor foi
sobretudooprodutododesejopor partedos
guitarristas,umsentimentoquenopartilham
comopblicoemgeral.Nopassado comono
presente, os guitarristas procurarammaneiras
de alcanar um pblico mais amplo do que
aquelegarantidopelassociedadesdeguitarrae
clubes.
Opreconceitocontraaguitarrasempreexistiu
eexisteaindahoje,mesmoempasescomoos
EstadosUnidos,ondeaguitarraensinadaem
mais de 800 conservatrios e universidades.
Deixeme citar uma breve passagem de uma
crtica de concerto de guitarra que ilustra
claramenteapercepo
comum
de
guitarra
pelamaioriadosmsicosprofissionais:
()Masaquiestuminstrumentoque
pormuito temponsnoouvimosnosnossos
concertos,um instrumentoquevoaapartirdo
ardente sulparaonossodistanteefrionorte,
um instrumento de Don Giovanni, o Conde
Almaviva,
um
companheiro
inseparvel
de
qualquer espanhol () numa palavra, a
guitarra,tambm,uminstrumento inadequado
paraqualquerpalcodeconcertos()Teramos
gostado de ouvilo sob a janela de uma
raparigabonitanumanoitetranquiladevero,
sob uma lua de prata, quando uma leve e
quente brisa bate na superfcie do rio,
sussurrando para si pelas rosas ao longo da
costa()masnoteatro,nomeiodamultido,
sob um tecto pintado, e com a luz dos
projectores depalco, a guitarraperde toda a
sua beleza, toda a sua melodia inerente
()(GazetaRepertuar,1839)
Se pensarmos que este absurdo desprezo de
incios de sculo XIX um exagero para os
padres de hoje, s temos que observar que
mesmo nos conservatrios e universidades
ondeaguitarraautorizadaaserensinada,
colocadaaum canto separado,compoucode
contactocomorestodosalunoseprofessores.
Achamosque
necessrio
aplicar
ao
nosso
instrumento o adjectivo "clssica", com a
esperanadeque,ao fazlo,dealgummodo
consigamos transmitir aos nossos colegas que
no devemos ser confundidos com roqueiros,
pimbas, ciganos e mariachi. Violinistas e
pianistas no tm necessidade de usar o
adjectivo"clssico",mesmoqueopianoainda
sejaoinstrumento
de
eleio
de
muitos
msicos de jazz e no meu pas, podemos
encontrloemcadabar,cadasaladejantarde
hotel.Novirardesculo,opianofoitambmo
instrumento favoritode locaispblicosdeSo
Francisco, Nova Orleans e St. Louis, e foi
justamente nesse ambiente que o ragtime
primeira vez se estabeleceu.O violino uma
parte
importante
do
Hillbilly,
msica
Country,
e
usado como um instrumento popular nas
Ilhas Britnicas, Escandinvia, Frana,Mxico,
nomundorabe,deMarrocosaoIraque,eem
muitos outros pases. Contudo, os violinistas
nuncasepreocuparamcomisso.
O prprio conceito de instrumento popular
algo que merece mais ateno. Um
instrumento, como um artifcio da habilidade
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
18/35
GuitarraClssica 18
humana,nopossui atributos intrnsecos a si,
atquealgumneletoca,adquirindoqualidade
societria normalmente a ele associada,
dependendodamsicatocada.Aharpajudaica
um
instrumento
popular
em
uso
por
todo
o
mundo,desdeasmontanhasdonortedaItlia
at tundra gelada da Sibria. Mas quando
GeorgAlbrechtsberger,professordeharmonia
de Beethoven, escreveu um concerto com
orquestraeste instrumento,no importouque
o instrumento fosse igualmente tocado por
pastoresnmadas.
Amsicapopularmuitasvezesdefinidacomo
a msica que existe numa tradio oral,
enquantoaexistnciadaartemusicaldepende
deumapginaescrita.Amsicapornstocada
echamadaeruditaparaguitarra,existenasua
maioria por escrito ou impresso. Alguma foi
composta por pessoas que no muito
conhecidasfora
dos
crculos
limitados
de
amantes da guitarra. Outra, composta por
compositores importantes comoPaganini, von
Weber, Schubert, Berlioz, Castelnuovo
Tedesco,Ponce,VillaLobos,Stravinsky,Mahler,
Schnberg, Asafiev, Webern, Hindemith e
Milhaud. Em temposmais recentes, amsica
para o nosso instrumento foi escrita por
Benjamin
Britten,
Michael
Tippett,
Hans
Werner Henze, Eliot Carter, Edison Denisov e
Sofia Gubaidulina. Considerando os
compositoreseassuasmsicas,aguitarrano
pode jamais, ser considerada como um
instrumento popular. No entanto, o
preconceitocontinua.
Consegui juntar um lxico considervel de
ideias antiguitarra de diferentes pases e
pocas. Faltamepoder explicarporqueque
detodososinstrumentosmusicais,aguitarra,o
instrumento que faz parte integrante do
renascimentomusicaleuropeudosculoXVI,
apontadapor
outros
msicos
para
oridculo
e
escrnio. Tenho algumas teorias sobre o
assunto, contudo no so apropriadas a uma
discussonanossasociedadeeducada.Ofacto
que temos um problema, e se queremos
continuar comanossavidamusical, temosde
tentareencontrarumasada.
Aguitarra,
como
aconhecemos
hoje,
alcanou
asua formaactualduranteaprimeirametade
dosculoXIX.Muitasvezesouvimosdiscusses
de que a tcnica e pedagogia da guitarra
actualmentemuito superiorna sua concepo
doqueeranosculoXIX.Porestarazo,somos
informados, de que os artistas de hoje so
muito melhores. Deve no entanto ser
observado,de
que
no
temos
maneira
possvel
de comparar a actual gerao de intrpretes
com aqueles que faleceram antes do advento
dos meios gravao de som. Eliot Fisk
"melhor guitarrista" do que Giulio Regondi?
Wolfgang Lendle mais musical do que
Fernando Sor? Oscar Ghiglia "melhor"
pedagogo que Ferdinando Carulli? Nunca
saberemos,
mesmo
que
pudssemos
chegar
a
acordo sobre o significado das palavras
"melhor" e "musical".O historiador cauteloso
deve tentar separar facto da fico ao
determinar o que realmente novo e
revolucionrio, e o que so velhos dogmas
envoltos no brilho pomposo de novas
terminologias.Aocontrriode lendascomuns,
a tcnicaeapedagogiado instrumento foram
muito bem definidas em 1843, altura emque
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19/35
GuitarraClssica 19
DionisioAguadopublicouoseultimomtodo
conhecido, e muito pouco de facto mudou
desdeento.
Poroutro
lado,
aforma
econtedo
dos
programasdeconcertoforaobjectodediversas
metamorfoses desde o incio do sculo XIX.
Duranteessetempo,aideiadoconcertoasolo
noqualumartista,ouensembledemsicade
camra ocupar todo o programa, no era
aceitvel. Com excepo, naturalmente, das
produesteatrais,taiscomopera.Oformato
tpicode
um
concerto
dado
para
aprojeco
de
um determinado artista, comearia com uma
sinfonia de Haydn para orquestra, algumas
rias de peras populares de ento, cantado
por uma soprano conhecida, alguns nmeros
instrumentaisdeoutrosartistas,edeseguida,
le coupdersistance, interpretado pelo
artista principal do concerto, muito
provavelmentetocando
uma
composio
de
sua autoriaparao seu instrumento.Nove em
cadadezvezes,a composioemquestoera
um conjunto de variaes virtuossticas sobre
um tema de uma pera popular. A segunda
metadedoconcertoseriaconstrudadamesma
forma, encerrando talvez a noite com uma
sinfonia de Beethoven. Esse foi o formato
institudo
pela
maioria
dos
concertos
pblicos
por violinistas, pianistas, violoncelistas,
cantoresetambmguitarristas.
Umconcertodesteformatoeraumeventocaro
de se organizar, desde a participao de um
grande nmero de intrpretes, o que reduzia
drasticamente o rendimento lquido do
empresrio.Almdisso,omsicoviajante,teria
derecorreraostalentosdisponveisemcidades
distantes,nemsempredonvelartsticoporele
preferido.
O recital dado exclusivamente por um
intrprete,geralmente
associado
com
as
tournesdeconcertosdeFranzLisztnosfinais
da dcada de 30 do sculo XIX. O termo
"recital" foiusadoprimeiramentepor Lisztno
seuconcertodeLondresem1840.Oprograma
interpretado foimsica composta e arranjada
pelo intrprete. Poucos eram os guitarristas
que viajavam em meados do sculo XIX, e
informaesprecisas
sobre
os
seus
programas
de concerto no esto sempre disponveis.
Podemos supor, porm, que a escolha do
material estaria conforme o gosto popular. A
msica popular comeou a ser considerada
comouma entidade separadada artemusical
durante a ltima parte do sculo XIX. Por
excluso, o que no era "popular" ficou
conhecidocomo
"clssica",
que
no
um
termoprecisoosuficientedemodoapoderser
aplicado indistintamentea todasas formasde
artemusicaldetodasaseras.Otermo"guitarra
clssica", tambm remonta aproximadamente
aomesmoperodo,embora tenhaentradono
vocabulriocorrenteapenasduranteadcada
de1930.
Qual a estrutura dos recitais de guitarra
naquelesdias?
UmprogramatpicodadoporFranciscoTrrega
em 1888, dividido em trs partes. No
primeiro,ouvimosarranjosdemsicadeVerdi,
Arrieta,eGottschalk,comumacomposiodo
prprio artista.Na segunda parte, um arranjo
deumagavotteporArditi,umapolonaisepor
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
20/35
GuitarraClssica 20
Arcas e variaes sobre o "Carnaval de
Veneza", o que em si, uma adaptao de
outrapeadeArcas.Naterceiraparte,Trrega
tocou dois arranjos de msica para piano de
PrudenteeThalberg,
edois
pot
pourris
de
melodiaspopularesespanholasqueeleprprio
arranjou.
Oquenotvelnesteprograma,o factode
no conter nenhuma msica de Sor, Giuliani,
Aguado, Carulli, Carcassi ou outros da Europa
Ocidental e, em particular, os guitarristas
espanhisda
gerao
anterior.
Nos
anos
seguintes, Trrega comeou a adicionar a
msica de Bach,Albeniz eGranados aos seus
programas,mas,naessncia,asuaescolhado
materialfoifeitoparasatisfazerogostodeum
pblico bastante pouco sofisticado algumas
composies prprias, sucessos de ento
pertencentes ao repertriode piano e umou
doisarranjos
com
origem
na
pera.
No
sabemos se este tipo de programao foi o
factor que contribuiu para incapacidade de
Trrega, durante a sua vida, atingir novos
pblicosparaalmdas fronteirasdaEspanha.
Nonosesqueamosdeque,senofossemos
esforosdosseusalunosMiguelLlobet,Pascual
Roch,EmilioPujol, JosefinaRobledo,Domingo
Prat
e
outros,
ns
nunca
saberamos
quem
foi
Trrega.
Os ltimos anos do sculo XIX revelaram o
surgir de uma grande onda de actividade
guitarrstica por todo o mundo, com
importantes centros na Alemanha, Rssia,
Estados Unidos, Inglaterra, Frana, Itlia e,
claro, na Amrica Latina, normalmente sob a
formade sociedadesdeguitarra e clubes, em
prxima ligao com os clubes de banjo e
bandolim. Tal como nos dias de hoje, estes
clubes providenciavam maioria dos
guitarristas um palco disponvel para
apresentao,e,
omaterial
por
seleccionado,
estava intimamente relacionado com os
desarticulados gostos dedoutores,militares e
pequenoburgueses que formavam a espinha
dorsal destes clubes. Apenas com o surgir de
artistas do calibre de Llobet e Segovia,
comeamos a ver algum interesse srio em
ultrapassar os limites estreitos impostos pelo
clubede
guitarra
eum
esforo
para
atingir
um
pblicomaisvasto.
A influncia de Llobet foi, tal como a sua
prpriavida,decurtadurao.Paramelhorou
para pior, a fora principal que determinou a
sortedaguitarra,nosculoXX,foioguitarrista
espanholAndrsSegovia.Atrecentemente,a
nossaimagem
deste
homem
era
formada
por
uma crena ceganopoderoso simbolismodas
suasalegaesdetercriadoaguitarra,sozinho,
na suaprpria imagem,edea ter finalmente
colocadoemprimeiroplano,comooviolinoe
opiano.As falsidadespropagandsticasdessas
alegaes tinham o efeito de criar uma sub
cultura Segovianica entre os guitarristas, e,
com
frequncia,
com
uma
conotao
quase
religiosa.Amaioriadasinformaesdisponveis
no Ocidente sobre a carreira de Segovia, foi
material cuidadosamente planeado para
projectar uma imagem como a que acabo de
descrever,eparaesconderalgunsfactosmuito
desagradveisaseurespeito.
Algunsanosatrs,publiqueiotextointegralde
129 cartas escritas por Segovia para o
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
21/35
GuitarraClssica 21
compositormexicano Manuel Ponce, desde o
seuprimeiroencontroem1923,atmortede
Ponce em1948. Essas cartas,um testemunho
pessoal, retratam uma imagem totalmente
diferentede
Segvia
daquela
que
conhecamos
anteriormente. Segvia pertenceu direita
reaccionria e apoiou activamente o lado de
Franco na guerra civil espanhola. A verdade
sobre a expulso de Segvia de Barcelona a
meio da guerra, como o prprio Segovia
descreve,deveseperseguioporpartidrios
da ala esquerda, eno pelos fascistas,jque
elemesmo
era
um
simpatizante
confesso
da
fora fascista. Segvia foi um autodeclarado
antisemita, e isso, juntamente com suas
conexes polticas com Franco, garantiu que
fossebanidodospalcosnosEstadosUnidos,de
1937 at depois da Segunda GuerraMundial,
quando as antigas queixas da opinio pblica
americanaforamesquecidas.
Colocando tudo isto de lado, no podemos
negarque a influnciade Segovia foio factor
dominante para a estrutura e teor dos
contedosdosrecitaisdeguitarradurantesua
vida,ehojeaindapodemosverosseus traos
emmuitosprogramasdeconcerto.Aquiesto
programadeumconcertodadoporSegoviaem
Barcelona,
em
Dezembro
de
1916,
aquando
do
inciodasuacarreiraconcertstica:
Primeiraparte:1.FranciscoTrrega CaprichoArab
ScherzoGavotta
2.FernandoSor MinuettoinE
EstudioinBflat
3.NapolonCoste AllegroinA
4.MiguelLlobet ElMestre
SegundaParte:1.J.S.Bach Gavotta
2.Haydn Minuetto
3.Mendelssohn Romanza
Canzonetta
4.Chopin MazurkaOp.33N4
Nocturno
Terceiraparte:1.IsaacAlbniz Granada
Sevillanas
2.EnriqueGranados LaMajadeGoya
DanzainE
DanzainG
3.PiotrTchaikowski Mazurca
Comopodemos ver,o formatodeste recital
muito prximo do modelo de Trrega. A
principal diferena, o reconhecimento por
Segoviada
existncia
de
guitarristas
como
Sor
e
Coste e ramificou a sua escolha para fora do
campo limitado da msica popular espanhola
em que Trrega estivera refm. Os ltimos
concertos de Segovia geralmente comeavam
com uma pea ou duas por Gaspar Sanz,
algumas transcries da literatura de alade,
alguns dos pastiches em nome de Sylvius
LeopoldWeiss
eAlessandro
Scarlatti
que
Manuel Ponce escreveu para ele, e,
naturalmente, as obras por Ponce, Torroba,
Turina e outros compositores de segundo
escalo,queescreverammsicaparaele.
Um factor importantenodesenvolvimentodo
repertrio de Segvia, foi a sua adopo
gradualda
msica
de
Johann
Sebastian
Bach.
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
22/35
GuitarraClssica 22
Comovimosnoprogramade1916,o interesse
de Segvia na msica de Bach foi,
provavelmente, baseada na preocupao
limitadadeTrregacomela.Duranteadcada
de1920,
aps
ter
descoberto
arecente
publicaoporHansDagobertBrugerdaobra
completadeBachparaalade, Segovia revela
um grande interesse por esta msica,
comeandoimediatamente, ainclulanosseus
programas republicando algumas partes em
seu nome. Mesmo o prprio arranjo da
Chaconne por Segvia no foi uma ideia
original.Um
arranjo
da
Chaconne
pelo
ArgentinoAntonio Sinopoli fora publicado em
BuenosAiresem1922(n.t.AediodeSegovia
foi publicada em 1934 e apresentada em
concertoduranteoanode1935emParis).
A utilizao por parte de Segovia da conexo
com Bach em geral e da Chaconne em
particular,fazia
parte
da
sua
campanha
de
relaes pblicas e dos seus esforos
constantes para arranjar concertos. Com
frequncia, resultoumuitobem epromotores
deconcertosficavamfelizescomosresultados.
Crticosdemsica,poroutrolado,muitasvezes
eram corteses com Segovia, no sendo no
entanto, completamente capazes de esconder
seus
verdadeiros
sentimentos
sobre
a
guitarra.
LeiaseoartigodeAnatoliiLunacharsky,escrito
em1926no"Izvestia",Algumaspalavrassobre
nosso convidadoSegovia,durante aprimeira
visitadomsicoUnioSovitica:
() quando se fala de um concerto de
guitarra, vem imediatamente menteque tal
evento ter que ver com alguns truques de
carcterdecididamentemenor.Aguitarraum
instrumentoformoso,masgeralmenteaceite
que pobre em recursos e sobretudo
adequadoparaacompanhamento()
A
linguagem
diferente,
mas
a
condescendncia semelhante que foi
expressa em 1839 na Gazetta de Moscovo
"Repertuar." O programa interpretado por
Segovia, emMoscovo, em 1926 foi publicado
por Miron Vaisbord. A ltima vez que ouvi
Segoviaaovivo,foiem1982,emBoston.Com
umaouduasexcepes, tocouexactamenteo
mesmoprograma.
AtomomentoemqueSegoviacomeouater
uma segunda gerao de seguidores e
discpulos,oseulugarcomoorbitroabsoluto
do gosto de programao para guitarristas
tornaraseinquestionvel.Asraraspessoasque
desafiaramapreeminnciadeSegvia,pessoas
comoEmilio
Pujol,
Regino
Sainz
de
la
Maza,
Luise Walker, Maria Luisa Anido, Benvenuto
Terzi, JulioMartinezOyanguren,Karl Scheit,e
alguns outros, tentaram construir programas
baseados em algo que no o repertrio de
Segovia. Em alguns momentos, conseguiram
lograr os seus esforos de forma totalmente
inesperadaporSegovia.Mas,emgeral,apesar
de
uma
tremenda
exploso
na
actividade
guitarrsticadosltimos trintaanos,aguitarra
ainda encarado como um parente pobre,
raramentebemvindomesadejantar.
Gostaria de sugerir que a razo para que tal
acontea ainda hoje, apesar de no mundo
ocidental o repertrio de Segovia ser
escassamentetocado,deleaprendemosalguns
maushbitos.Aquiestoalguns:
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23/35
GuitarraClssica 23
Primeiro: Tocar sempre o mesmo repertrio.
No h necessidade de aprender
constantemente novas obras, se as antigas
funcionambem.
NotempodeSegovia,osmsicosqueviajavam
com frequncia no tinhamque se preocupar
tanto como actualmente com a repetio de
programa. A probabilidade do pblico ouvir a
mesma obra duas vezes era extremamente
remota. Hoje em dia, com o advento da
tecnologia,este
facto
torna
se
um
problema,
particularmente para aqueles de ns que
viajam constantemente entre os centros de
actividadesguitarrsticas.cansativoouvirum
msicoquerepeteconstantementeasmesmas
obras.Istopoderesultarbemparaosfanticos
da guitarra, mas o pblico srio s poder
aguentar obras de segunda categoria
repetidasad
nauseam
at
certo
ponto.
Eventualmente, o pblico trocar o concerto
pelapera.
Segundo: se todavia deseja aprender novas
obras,nopresteatenoaqualquerquesto
relacionada com a qualidade musical. O
essencial para os guitarristas tocar peas
popularizadas
pelas
vedetas
da
guitarra.
No
interessa que a msica em si seja de m
qualidade.Os guitarristas, que so tambm a
maior parte do pblico, nunca notaro a
diferena. Se suficientemente bom
paraSegovia,suficientementebomparamim.
Oproblemaaquiapresentadoqueaesttica
eaintelignciatemmuitopoucoquevercoma
escolha de repertrio feito por muitos
guitarristas. O culto da personalidade e o
instintoderebanhocomandamestasaces.
o suficiente para algum como JohnWilliams
tocaralgo
de
Tsutskin,
elogo
toda
gente
de
Londres a Nova Iorque aLos Angeles e at
Hong Kong e Austrlia comea a tocar o
mesmo.
Terceiro: Tocar sempre sozinho. A guitarra
uma orquestra pequena e no tem a
necessidade de colaborar com outros
instrumentos.No
interessa
que
no
tenhamos
anoodecomodirigirumaorquestra.
Quarto: Existe a crena contnua de que a
guitarra de seis cordas um instrumento de
origem espanhola, e que toda a boa msica
escrita para esta a composta por
compositoresespanhis.
Istoum
enorme
equvoco,
do
qual
ainda
sofremoshojeemdia.Aprovaqueaguitarra
talcomoaconhecemosnoum instrumento
de origem hispnica no pertence
propriamente a este artigo. O que aqui
pertence o exame da presuno auxiliar
recorrentemente expressa que a msica
espanholaparaguitarra,nosafontecomo
a
verdadeira
raison
detre
do
repertrio
guitarrstico.
A razoprincipalparaestepontodevistao
simples factodequeosguitarristasespanhis
dominaramomundodaguitarraentreasduas
grandes guerras mundiais. Foi a predileco
pessoal deLlobet, Segovia, Pujol, Fortea,
SainzdelaMaza,eanosmaistarde, Yepes,que
estabeleceram a noo do que de facto a
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GuitarraClssica 24
msica espanhola. A msica espanhola, salvo
rarasexcepes, tantoasobrasoriginaiscomo
as transcries, pertencem ao tipo demsica
cuja funo a de causar entusiasmo e
estimulo.Obras
essas
que
contm
ritmos
acoplados, melodias exuberantes, sonoridade
domodofrgio,oszapateados,osfandangos,as
leyendas.
O fascnio causado por esta msica dentro e
fora da pennsula ibrica, claro est, data da
era das Guerras Napolenicas. Grupos dos
exrcitosbritnicos
efrancs
desceram
por
este miservel pais dentro em apoio militar
activodestaoudaquelapotnciaespanhola.E
enquantoosanguecorria,osrapazesinglesese
amoagrcolafrancesaqueformaramoncleo
deste exrcito, tiveram tambm a
oportunidadedevereouvirasdanasemsica
espanhola.
Onome
Octave
Levavaseur
provavelmente
no
vos diz nada. Para pr este soldado francs
numa perspectiva guitarrstica, deixeme
apenas dizer que ele foi o pai de Charlotte
Beslay,nomedenascimentoLevavaseur,aluna
de piano de Fernando Sor, cujo guitarrista
catalo dedicou a sua famosa Fantaisie
ElegiaqueOp.59.OctaveLevavaseurparticipou
nas
Guerras
Peninsulares
como
ajudante
de
campodoMarechalNey,umdosmaisilustrese
tambmumadasfigurasmaiscontroversasda
altura.Nasuamemria,Levavaseurdescrevea
reaco dos Franceses em relao natureza
tentadora da msica e dana espanhola. As
tropasestavamestacionadasemSantiago.Nas
suas actividades de lazer incluemse idas
pera trs vezes por semana. Durante o
intervalo, eram apresentadas danas
espanholas com o acompanhamento de
castanholas.Levavaseurcontanos:
...Ns estvamos particularmente
impressionadoscom
oFandango
ecom
a
extremaliberdadedosseusmovimentos.Talvez
pelo facto de as danarinas exagerarem os
gestos.Umdiativemosoconhecimentodeque
existia um outro tipo de dana, ainda mais
ousado, chamado oZorongo, e pedimolo.
Todosnoauditrioapoiaramonossopedidoe
comearam a aplaudir sonoramente. Com o
observardos
passos
egestos
das
danarinas,
ficamos surpreendidos que tais danas
pudessem ser executadas em pblico. Na
apresentaoseguinteoauditrioencontrava
secheioeosjovensoficiaispediramoutravez
oZorongo. O oficial em comando, o
GeneralMarcognet, estava tambm presente.
Este achou que era necessrio transmitir as
suasideias
eproibir
as
danarinas
de
executar
oZorongo.
Aclara impressodestahistriaadequeas
insinuaes sexualmente pecaminosas
doZorongono poderiam ser ignoradas. Era
moralmentepermissvelomassacreaosvilos
e asmais horrveis e indignas provocaes s
suas
mulheres
e
crianas,
contudo
no
poderia
ser permitido que os corpos voluptuosos das
suasmulherespolussemosprincpios cristos
das tropas. A natureza lasciva deste tipo de
msica espanhola, no foi descontinuada por
compositoresestrangeirosqueanosmaistarde
entraramemcontactocomestegnero.
MikhailGlinkafoioprimeiro aempregarestas
Espanholadas com grande sucesso. De
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GuitarraClssica 25
seguida outros compositores comoRimski
Korsakov, Georges Bizet, Franz Liszt,
LouisMorreauGottschalk, EmanuelChabrier,
entre outros, seguiram os seus passos. Estes
msicoscriaram
uma
certa
ideia
da
msica
espanhola que se tornou amplamente aceite.
Quandoosinstrumentistasvirtuososespanhis
se aventuraram fora da Pennsula Ibrica nos
ltimosanosdosculodezanove,erefiromea
figuras como RicardoVies, PabloSarasate,
EnriqueGranadose IsaacAlbniz, o pblico
europeu e americano estava j condicionado
numadireco
especfica,
ade
ltima
seduo,
o torso msculo com calas apertadas at
caixa torcica, as castanholas, e os
espampanantesrasgueadosdaguitarra.
Os Espanhis sabendo que isto venderia,
fizeramno. Os guitarristas que se seguiram
tiveram de imitar este modelo de msica se
quisessemter
sucesso.
Etiveram
no.
As
implicaessubconscientesdasensualidadeda
msica espanhola persistem ainda emmuitos
crculos da guitarra.Acho extraordinrio ouvir
guitarristaspolacostocandoarranjosdemsica
popularcatal.Comaminhavastaexperincia
neste domnio, no me recordo de ouvir
guitarristas catales tocando arranjos de
msica
popular
polaca.
Pela
mesma
razo,
no
meutempoeucostumavaserumaficionadode
msica flamenco. Nos ltimos anos, o meu
interessemudou.Contudo,euseiquemuito
difcil um guitarrista no espanhol chegar
misteriosa aliana potica com o bater do
coraoqueamsicarequer.
Tentar fazlo fora da tradio em que foi
criado, uma m imitao anacrnica.
Infelizmente,arealidadedomercadotalque
ainda se consegue vender esta msica aos
aficionados da guitarra. No espere ser
convidadoparaparticiparnum grande festival
demsica,
se
tudo
oque
consegue
fazer
so
trivialidades irrelevantes tais como estas,e se
notiveracapacidadebsicadesesentarcom
outrosmsicosefazermsicajuntos.
H vrios aspectos do legado deSegoviaque
possodiscutir,maseuachoquealturapara
fazer um ponto de situao: O sucesso ou a
falha
de
qualquer
performance
musical
depende principalmente da habilidade que o
msicotemdeestabelecerumcontactodirecto
com as necessidades que o pblico tem em
termos de gratificao musical. Se o pblico
querumdoce,e seos seuspadresestticos
noforemdeencontrocomodopblico,ento
adevedarlhesumdoce.
Segoviaprovounos que de facto possvel
fazer um largo nmero de pessoas felizes ao
ouvir msica bonita mas no muito
significativa.Masseavossa ideiademsica
algo mais que o doce mel escorrendo sob a
janela de uma rapariga bonita numa noite
tranquila de vero, sob uma lua de prata,
quando
uma
leve
e
quente
brisa
bate
na
superfcie do rio, sussurrando para si mesma
pelas rosasao longodacosta,entomelhor
comearemaprocuraroutropblico.Quando?
Ecomo?
Estas so questes difceis de responder de
uma maneira global. As condies variam
consoante o local, o temperamento pessoal,
energia, e o que pode ser possvel para uma
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GuitarraClssica 26
pessoa num determinado local, pode no ser
possvelporoutronumoutrolocal.
Contudo, gostaria de dar algumas ideias para
pensar nisso. Voltemos s intenes de
Segoviaem
elevar
aguitarra
ao
mesmo
nvel
do violino, piano e violoncelo.Esta uma
tarefa importanteparans,emparticularpara
aquelesentrensquecontemplamem levara
vida como concertistasde guitarra.
importante no s por ser uma questo de
orgulhononossoprprioinstrumentoedoseu
patrimnio. tambm uma questo de
sobrevivncia.Sobrevivncia
econmica
Os
pianistaseviolinistasqueganharemoprimeiro
prmionumconcursointernacionalimportante
comooConcursoTchaikovskyemMoscovotm
praticamente assegurado um caminho fcil
paraacena internacionaldeconcertos,ecom
grande exposio. Tournesem pases
estrangeiros,contratosdegravaoeassimpor
diante.Existem
muitos
guitarristas
jovens
hoje
emdiaemmuitaspartesdomundo,etambm
no Mxico, que esto certamente ao mesmo
nvel de desenvolvimento artstico, como
algunsvencedoresrecentesdoTchaikovsky.
Seriabomseumguitarrista fosseautorizadoa
participar. Mas este apenas um sonho,
enquanto
o
preconceito
contra
a
guitarra
por
msicos de primeira linha continua. Assim, a
tarefaprincipaldeumguitarristainteligentea
escolha do seu repertrio, e fazlo de uma
forma que s possa trazer respeito e
apreciao.Nodopblico,oquequerqueisto
signifique,masde outros colegasmsicos.Os
vossos colegas na escola, os professores, os
crticos de msica, os funcionrios das
organizaesartsticaseassimpordiante.Esta
no uma questo de contribuir de forma
altrusta para o bemestar geral desta rea.
uma questo de sobrevivncia pessoal do
guitarristaindividual.Sepudesseseroprimeiro
aser
levado
asrio
como
msico
pela
comunidade em geral de msica, a sua vida
como msico profissional seria muito mais
gratificante.
Mas temos um problema. A maioria dos
msicosque tocamosprincipais instrumentos
da arte musicalso aqueles que tocam os
instrumentosda
orquestra.
A
guitarra
no
faz
parte da orquestra e nunca far. O mesmo
pode ser dito sobre o piano. Ento porque
queopianoumdosprincipaispilaresdaarte
musical,pelomenosnosdoiscltimossculose
meio,eaguitarrano?
Arespostahistricaaestaperguntabastante
longa,mas,
em
resumo,
penso
que
esta
tem
poucoquevercomofactodeopianotersido
sempremaispoderosoqueaguitarraaonvel
dadinmica.Apopularidadedopianonoincio
dosculoXIX,operodoemqueoseudomnio
foiestabelecidoparaalmdequalquerdvida,
para todos os tempos, foi gerada, em grande
medidapelosempreendimentoscomerciaisdos
fabricantes
de
piano.
Eram
eles
que
financiavam astournes dos
grandesconcertistasdaaltura.Financiavamat
violinistas e guitarristas. Foi bom para o
negcio.Opianotambmtinhaavantagemde
ser uma pea decorativa demobilirio, o que
permitiuaclassemdiateracessoacoisasque
no sculo anterior eram estritamente
reservadosnobreza.
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
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GuitarraClssica 27
A guitarra era mais barata, mas o piano era
mais fcildeaprendera tocar,pelomenosno
incio.Anvelprofissional,oquedeterminouo
domniodopiano,foiosimplesfactodemuitos
dosgrandes
compositores
comearam
asua
educao musical ao piano, com a possvel
excepo de Berlioz. Eles no s escreveram
msica para pianosolo, como tambm o
incorporaram em conjuntos de cmara, com
outrosinstrumentos,paraosprazeresprivados
de amadores iluminados que estivessem
dispostos a pagar dinheiro por este prazer.
Claro,na
mesma
poca,
havia
tambm
uma
tradio paralela de msica de cmara com
guitarra, e temos hojemuitos bons exemplos
dogneroAquantidadedemsicadecmara
com guitarra, nunca esteve perto da
quantidadedemsicadecmaracompiano,e
os catlogos dos editores da altura so um
testemunhovivodisso.
Eventualmente, o piano tornouse uma parte
importantedorepertriodemsicadecmara,
um facto que contribuiu para o seu
estabelecimento como ponto central da vida
musical.Aguitarra,apesardeumnmerono
negligencivel de boas obras de msica de
cmara, foi deixada para trs. Msica de
cmara
o
dispositivo
pelo
qual
os
msicos
forjam as alianas pessoais que permanecem
comelesatrestodassuasvidas.Tornasefcil
demitirummsicoquenopertenceaocrculo
ntimodeamigosquecomeouadesenvolver
senaescolaecomosquaisteveoprazernico
derespiraremconjuntona leituradealgumas
pginasdeliciosasdeBrahmsouTchaikovsky.
Recentemente alguns guitarristas descobriram
osimplesfactodeque,sevocquiseremprego
estvel, melhor entrar na carruagem da
msicadecmara.DavidStarobin,claro,tem
nofeito
com
sucesso
por
mais
de
vinte
ecinco
anos. Como que deve fazlo?O lugar para
comear, pareceme, na escola. Em ltima
anlise,no importamuitoseasuapedagogia
se baseia emCarlevaro, Pujol, Manuel Lopez
RamosouJoeBlow.Noimportasevocusao
ladoesquerdooudoladodireitodaunhaouse
vocsabecomofazercorrectamenteapoiando.
Noimporta
se
estreou
amais
recente
obra
musical do seu heri favorito da msica
contempornea, e quem que se importa se
voc numera os seusScarlattiscom um L ou
umKouumF?
Se voc quiser fazer uma vida nesta rea, se
querensinaraosseusalunosdequefeitoem
grandeescala
omundo
da
msica,
se
voc
quer
queeucompreumbilheteparaoseuconcerto,
eueasvastasmultidesamantesdemsicade
cmara l fora, melhor aprender como
violinistas, pianistas e violoncelistas esto
fazendo isso.Olhe em seu redor. Sem dvida
queasatitudesmudaramnosltimosdezanos.
Hmaisespectculosdemsicadecmaracom
guitarra
hoje.
Ouso
dizer,
porm,
que
esta
actividade,aindano resultounumamudana
deperspectivadopblicoemgeral.
Eu li muitas opinies pessoais em relao
msica de cmara com guitarra em muitas
entrevistas com guitarristas. Estes so,na sua
maior parte, irrelevantes. No reconheo
nenhumguitarristadetopodehojequeesteja
disposto e que seja capaz de sustentar uma
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GuitarraClssica 28
carreiraquesededicamsicadecmara.No
h conjuntos activos de msica de cmara
profissional, que consistam em mais de dois
cnjugesequeincluamguitarra.
No meu pas, existem cerca de 800 festivais
cada verodedicados msicade cmara. L
voc pode ver nomes como ItzhakPerlman,
YoYoMa, MstislavRostropovich,
PinchasZukerman, SerkinRudolf,
MurrayPerahia, e dezenas de outros
instrumentistasecantoresdetopo.Eununcavi
lonome
de
Andrs
Segovia,
Julian
Bream,
John Williams ou Alexander Lagoya. Este
lamentvelfactonodeveimpedirosprincipais
guitarristasdelaparecercomregularidade.
Apergunta inevitvel:oquequeosnossos
virtuosos tm para oferecer aos msicos e a
umaaudinciaquetmsidohabituadadurante
vriasgeraes
auma
dieta
constante
dos
quartetosde cordasdeBeethoven,oquinteto
para clarinete de Brahms, Mendelssohn e os
trios para piano, para no falar demsica de
cmaradeMozart,Haydn,SchuberteDvorak?
Antes de tentar responder a isso, temos que
esquecerqualquercomplexodeinferioridadea
respeito
do
nosso
repertrio
e
perceber
que,
embora os grandes mestres da msica de
cmaranoteremescritoparaaguitarra,ainda
temos um grande e valioso contributo para
fazer.Naavaliaodamsicade cmarapara
guitarra,temosdeevitarjulglasomentepela
refernciadapartedaguitarra.Oque importa
na msica de cmara o valor artstico da
composio como um todo, e NO o mrito
relativo da parte da guitarra. So poucos os
guitarristas capazes de ler uma partitura de
msicadecmara,esopoucasaspublicaes
de msica de cmara com guitarra,
particularmente aquelas que datam da poca
deHeinrich
Albert,
para
no
mencionar
asrie
maisrecentedachamada"facsmiles,"quena
verdade possuem a todas as vozes impressas
emsimultneo.
Um guitarrista que pretenda enveredar por
uma carreira de fazer msica em pblico, e
pretendaobteralgocoisacomoaseguranado
empregooferecido
por
profissionais
como
arquitectos, engenheiros, mdicos, pilotos de
avio ou professores universitrios, seria
melhoraprenderos truquesdocomrcio.No
amemorizao,mas leituraprimeiravista,
anlisedapontuao,bemcomoacapacidade
de respirao em conjunto, por vezes com
desconhecidos.
Procure as obras que iriam oferecer aos seus
futuros colegas e a si mesmo algo novo e
excitante.Mesmoqueissosignifiquequetenha
de fazer tunchacha durante algum tempo.
Issotambmpoderserumcontributovalioso
e rentvel para a sua prpria sobrevivncia
econmica e para o futuro da guitarra como
uma
disciplina
musical
vivel.
Sequeremosrealmentefuncionar"noprimeiro
nvel, como o violino, piano e violoncelo,"
temos que romper com omolde restritivo do
recital a solo, a masterclasse de guitarra, o
concursonofestivaldeguitarraeimpulsionaro
nossocaminhoparaasociedadedemsicaem
geral.
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
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GuitarraClssica 29
No posso deixar esta discusso sem antes
proferiralgumaspalavrassobreaprogramao
utilizadapormuitosguitarristasdehojequando
tocam recitais solo. O velho tipo de
programaoTrrega
/Segovia
foi
substitudo,
paramelhorouparapior,comumnovotipode
programao que emprega principalmente a
msicabaseadanofenmenodecrossover,ou
seja,composiesnovascombasenosgneros
populares do jazz, ragtime, tango, countrye
msicaocidental.Assim,almdeleyendaseas
peas deVillaLobos, tambm ter
osKoyunbabas,
os
Sunbursts,
as
UsherWalses
e
aspeasdePiazzolla.Emprincpio,todasessas
peassorealmentemuitoboas.
Mas o nmero de vezes que voc comea a
ouvilosnodecorrerdeumfestivaldeguitarra,
flas banal, pirolitos sem imaginao que
podercausarumaboareacodeumaplateia
deguitarra,
epode
mesmo
agradar
geralmente
a audincias pblicas mais vastas. Muitos
msicos de primeira linha fazem o mesmo.
Assim, voc tem um violoncelista comoYo
YoMa tocando Piazzolla. Mas devemos
observar que os msicos de primeira linha
fazemcrossover, alm do seu repertrio
normal. Os guitarristas fazemno em vez do
repertrio
srio.
Tenhoobservadoque,nasltimasdcadas,os
guitarristasquechegaramaotopodaprofisso
rapidamente, foramaquelesqueentraramem
cena com um repertrio totalmente novo,
evitando totalmente as obrasmais tocadas, o
velhoeonovo.Huma lioa seraprendida
aqui, e esta: a questo principal que o
guitarristadevecolocardiantedesinooque
tocar.na
realidade,
oque
no
tocar.
Pense
nisso.
Vou encerrar este artigo com as palavras do
meu amigo, o conhecido compositor
italianoAngeloGilardino:
Aquitemosamaisclaraefieldescriodirecta
doactual
estado
da
arte
da
guitarra
clssica,
de
umrepertrionotvel sobretudonosculo20
e, entre a legio super populosa de
guitarristas, so poucas as pessoas que esto
conscientes disso e que esto seriamente
empenhadasemfazeropblicocientedanica
riqueza de qualquer instrumento, o seu
repertrio.Esteumproblemamuitogravee
tambmaprincipal
causa
do
facto
de
concertos
deguitarraserem toraramenteprogramados
pelas instituies de msica acima de tudo
muitos msicos no conhecem bem o
repertriodoinstrumentoeagemcomtimidez,
porque os concertos de guitarra, geralmente
oferecem obras compostaspor amadoresque
acreditamsercompositores,obrasincrveisso
tocadas
sem
vergonha
e
de
uma
maneira
pomposacomosedemsicasetratasse.Estas
nosomsica,massimaimagemdaguitarra
oferecidaaomundoporguitarristas.
Fimdecitao.Fimdeartigo.Muitoobrigado.
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
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GuitarraClssica 30
PginascomMsicaIntroductionparaguitarrasoloNunoGuedesdeCampos
Sobreaobra:
umapeaserenaedistendida,comcarctermeditativo,evocandoumcaminhar
silenciosoecontemplativopelanossaintimidademaisprofunda.
Sobreocompositor:
NunoGuedesdeCamposnasceuemLisboa,em1971,emudousecomasuafamliaparaoBrasilem
1975,donderegressouem1991.
Em 1985, no Rio de Janeiro, iniciou os estudos de msica no Conservatrio Brasileiro de Msica,
prosseguidos em Braslia em 1987, na Academia Franz Schubert e na Escola deMsica de Braslia.
DuranteasuaestadianoBrasilestudouguitarraclssicaepopularbrasileira,tendocomoprofessores
CzarVillarinho,PauloAndrTavareseEustquioGrilo,alemdoprestigiadoguitarristaLulaGalvo.Em
Braslia,formou
um
duo
de
guitarra
com
Marcel
Carvalho,
que
se
apresentou
em
vrios
concertos,
designadamente na Grande Loja Manica de Braslia, na Escola de Msica de Braslia e na UnB
(UniversidadedeBraslia).Paralelamente, participouemvrias formaesduranteopercursomusical
noBrasilpassandoporvariadosestilostaiscomoorock,ofunk,aMPBeoflamenco.
formadoemComposiopelaEscolaSuperiordeMsicadeLisboa(ESML)desde1996efez,nosanos
de 1999 a 2002, o curso integrado de aperfeioamento em composio, arranjo e orquestrao do
InstitutdeFormationInternationaleMusiqueetMultimdiaCentredInformationsMusicales(INFIM
CIM),emParis,tendoobtidoodiplomadeArrangementetOrchestrationetendotidoDenisBioteaue
FrdricFavarelcomoprofessoresprincipais.Jem2008,concluiaLicenciaturatendoLusTinococomo
professor.
FrequentouSeminriosdeComposiodeEmanuelNunes,GilbertAmi,RobertSharlawJohnson,Henry
Martineoutros.
Comoguitarristaingressounabanda"SoulMusic",fazendoapresentaesmltiplasemLisboaevrios
pontos do pas. Em 1998, acompanhou o pianista Bernardo Sassetti no Teatro Rivoli no Porto e na
Culturgestem
Lisboa.
Em
2001,
j
em
Paris,
formou
um
duo
de
guitarra
com
Pierre
Perchaud.
7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0
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