UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA E ECOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO lato sensu EM GESTÃO E PERICIA AMBIENTAL
SABRINA EMMELLY PECINI DA SILVA
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DOS MAPAS DE RISCO DOS LABORATÓRIOS DO
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DA UFMT – CAMPUS CUIABÁ
Cuiabá - Mato Grosso
2018
SABRINA EMMELLY PECINI DA SILVA
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DOS MAPAS DE RISCO DOS LABORATÓRIOS DO
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DA UFMT – CAMPUS CUIABÁ
Monografia apresentada ao Departamento de
Botânica e Ecologia do Instituto de Biociências
da Universidade Federal de Mato Grosso, como
requisito final para obtenção do Grau de
Especialista em Gestão e Perícia Ambiental.
Orientador: Edna Lopes Hardoim
Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
Cuiabá - Mato Grosso
2018
SABRINA EMMELLY PECINI DA SILVA
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DOS MAPAS DE RISCO DOS LABORATÓRIOS DO
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DA UFMT – CAMPUS CUIABÁ
Monografia apresentada ao Departamento de
Botânica e Ecologia do Instituto de Biociências
da Universidade Federal de Mato Grosso, como
requisito final para obtenção do Grau de
Especialista em Gestão e Perícia Ambiental.
Banca Examinadora
_____________________________________________
Profa. Dra. Edna Lopes Hardoim (UFMT)
_____________________________________________
Prof. Ms. Rogério Pinto de Moura Moreira (UFMT)
_____________________________________________
Profa. Dra. Rosina Djunko Miyazak (UFMT)
Local: Cuiabá - MT
Data de aprovação: .............................
RESUMO
A saúde e segurança como forma de proteção essencial aos trabalhadores caracteriza-se como
regulamentação inerente a qualquer ambiente que apresente riscos aos mesmos. Assim, a
pesquisa apresentada desenvolveu-se como forma de contribuição à discussão sobre a
importância de meios que garantam a saúde e segurança dos colaboradores que estão dentro
dos laboratórios do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso. Nestes
ambientes foram considerados, para construção da pesquisa, os riscos ambientais inerentes a
tais sujeitos. Primeiro, o campo da produção bibliográfica baseou as normas, leis e
regulamentos aplicáveis à saúde e segurança com relação a estes riscos. É importante destacar
que a principal norma regulamentadora data da década de 1990, e ainda são necessários ajustes
e construções de ferramentas para monitorar a saúde e segurança dos colaboradores no local de
estudo. Ao longo do trabalho, foram apresentados, conforme os regulamentos aplicáveis, como
é caracterizado cada risco ambiental e, ao final, de que forma eles apresentam-se em cada
ambiente laboratorial estudado, juntamente com a construção de um modelo de mapa de risco
possível de ser implementado, visto que nenhum dos laboratórios apresenta o mapa constituído.
Palavras-chave: Segurança. Saúde. Laboratórios. Mapa de risco.
ABSTRACT
Health and safety as a form of essential protection for workers is characterized as regulation
inherent to any environment that presents risks to them. Thus, the research presented was
developed as a contribution to the discussion about the importance of means to ensure the health
and safety of employees who are inside the laboratories of the Institute of Biosciences of the
Federal University of Mato Grosso. In these environments, the environmental risks inherent to
such subjects were considered for the construction of the research. First, the field of
bibliographic production has based the norms, laws and regulations applicable to health and
safety with respect to these risks. It is important to note that the main regulatory standard dates
back to the 1990s, and adjustments and constructions of tools are still needed to monitor the
health and safety of employees at the study site. During the course of the study, each
environmental risk was characterized, according to applicable regulations, and in the end, how
they present themselves in each laboratory environment studied, together with the construction
of a possible risk map of be implemented, since none of the laboratories presents the map
constituted.
Keywords: Security. Health. Laboratories. Risk map.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Identificação do grau do risco ambiental ........................................................18
Figura 02 – Risco Químico afetando todo o setor...............................................................19
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua
natureza e a padronização das cores correspondentes ........................................................15
Tabela 02 – Identificação dos tipos de riscos segundo as cores elencadas.........................19
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Riscos ambientais dos laboratórios por categoria...........................................21
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................08
2. PERGUNTA DA PESQUISA ............................................................................................09
3. OBJETIVO GERAL ..........................................................................................................09
3.1. Objetivos Específicos ........................................................................................................09
4. JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................10
5. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................10
5.1. Gestão de Riscos ...............................................................................................................10
5.2. Riscos Ambientais .............................................................................................................12
5.2.1. Classificação dos Riscos Ambientais .............................................................................14
5.3. Mapa de Risco ...................................................................................................................16
5.3.1. Processo de Elaboração do Mapa de Riscos ...................................................................17
5.3.2 Representação Gráfica dos Riscos ...................................................................................18
6. PERCURSO METODOLÓGICO .....................................................................................19
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................21
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................30
9. REFERÊNCIAS .................................................................................................................30
10. APÊNDICES......................................................................................................................35
10.1 APÊNDICE A - Questionário...........................................................................................35
10.2. APÊNDICE B - Mapa de Risco Laboratório de Biotecnologia e Ecologia
Microbiana................................................................................................................................38
10.3. APÊNDICE C - Mapa de Risco Laboratório de Citogenética – LABGEN.....................39
10.4. APÊNDICE D - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia da
Vegetação..................................................................................................................................40
10.5. APÊNDICE E - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia de Aves.................................41
10.6. APÊNDICE F - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia de Bivalves e Insetos
Aquáticos..................................................................................................................................42
10.7. APÊNDICE G - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia de Comunidades...................43
10.8. APÊNDICE H - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia e Ecologia Aquática.............44
10.9. APÊNDICE I - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos
Pesqueiros – LEMARPE...........................................................................................................45
10.10. APÊNDICE J - Mapa de Risco Laboratório de Ensino de Microbiologia e Biologia
Molecular..................................................................................................................................46
10.11. APÊNDICE K - Mapa de Risco Laboratório de Ensino de Microscopia......................47
10.12. APÊNDICE L - Mapa de Risco Laboratório de Fisiologia Vegetal..............................48
10.13. APÊNDICE M - Mapa de Risco Laboratório de Ictiologia e Coleção de Peixes..........49
10.14. APÊNDICE N - Mapa de Risco Laboratório de Mastozoologia (Sala de Triagem e
Coleção de Mamíferos) ............................................................................................................50
10.15. APÊNDICE O - Mapa de Risco Laboratório de Morfologia e Morfometria................51
10.16. APÊNDICE P - Mapa de Risco Laboratório de Scarabaeoidologia..............................52
10.17. APÊNDICE Q - Mapa de Risco Laboratório de Sistemática e Taxonomia de
Artrópodes Terrestres...............................................................................................................53
10.18. APÊNDICE R - Mapa de Risco Laboratório de Taxonomia e Ecologia de
Microrganismos Aquáticos - LATEMAS................................................................................54
10.19 APÊNDICE S - Mapa de Risco Laboratório de Vetores de Interesse Médico..............55
8
INTRODUÇÃO
Desenvolver instrumentos que garantam a proteção e segurança do trabalhador deve ser
uma das principais prioridades ao se empregar pessoas em qualquer tipo de organização. Assim,
Normas Regulamentadoras aplicáveis à saúde e segurança foram desenvolvidas para que
acidentes fossem evitados com o objetivo de que fossem garantidos ambientes que
possibilitassem a segurança ao trabalhador em todos os aspectos possíveis.
Conforme afirma Vasconcellos (2007), a expressão Saúde do Trabalhador, como área
vinculada à saúde, é recente, tendo em vista que seu surgimento se dá no final dos anos 1970,
quando ela é introduzida ao discurso de saúde coletiva, após os debates da reforma sanitária
brasileira.
Contido no rol das principais regulamentações aplicáveis à saúde e segurança do
trabalhador estão a Portaria n° 25, de 29.12.1994 do Ministério do Trabalho e Emprego, que
aprovou o texto da Norma Regulamentadora n.º 9 acerca dos Riscos Ambientais, e a Norma
Regulamentadora nº 05, acerca da institucionalização da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes nas empresas, regulamentada pela Portaria nº 08, de 23/02/1999.
As Universidades se sustentam em três pilares: o ensino, a pesquisa e a extensão,
funções por meio das quais a missão institucional se realiza. Entre as atividades de ensino,
pesquisa e, em menor proporção, a extensão, são desenvolvidas práticas dentro de estruturas
laboratoriais, que se caracterizam pela realização de atividades que envolvem pessoas, corpo
discente e docente, reagentes, equipamentos, resíduos gerados das atividades, agentes e
amostras biológicas.
Assim, em razão das atividades desenvolvidas dentro destes ambientes, usuários dessas
áreas (alunos de graduação, pós-graduação, docentes e técnicos) convivem com a exposição a
agentes considerados como riscos ambientais, sendo necessária a implementação das normas
regulamentadoras acerca da saúde e da segurança do trabalhador também nestes locais.
Como uma das principais atividades desenvolvidas pela Universidade Federal de Mato
Grosso, o funcionamento dos laboratórios no meio acadêmico se faz presente. O Instituto de
Biociências, localizado no Campus de Cuiabá, ambiente de estudo desta pesquisa, possui
atualmente em sua estrutura 22 laboratórios, os quais atendem aos professores pesquisadores
entre dos departamentos de Botânica e Ecologia e de Biologia e Zoologia, além dos laboratórios
didáticos, os quais atendem às aulas práticas da graduação e pós-graduação.
A Portaria n° 25 de 29.12.1994, citada anteriormente, considerou a obrigatoriedade da
elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA,
9
assim como, em seu anexo, foram definidas as orientações quanto à elaboração do Mapa de
Riscos.
Considerando que as avaliações de risco constituem um conjunto de procedimentos com
o objetivo de estimar o potencial de danos à saúde ocasionados pela exposição de indivíduos a
agentes ambientais (HÖKERBERG, Y. H. M. et al, 2006), a identificação de perigos é o
primeiro passo para a prevenção de acidentes e suas consequências (XIN, KHAN, & AHMED,
2017).
Posto isso, a iniciativa de desenvolver o levantamento e análise dos Mapas de Risco dos
laboratórios integrantes do Instituto de Biociências da Universidade foi desencadeada após a
verificação da necessidade de adequação às Normas Regulamentadoras de saúde e segurança,
considerando-se que agentes trabalhadores e usuários da área convivem com os denominados
riscos ambientais, sendo imprescindível a existência dos Mapas, a fim de preservar ou
minimizar os riscos nas atividades desenvolvidas.
O objetivo deste estudo fundamenta-se na necessidade de reunir as informações
necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho dos
agentes inseridos nestas dependências, visto que o conhecimento acerca dos riscos ambientais
aos quais acadêmicos, servidores e docentes podem estar submetidos dentro dos laboratórios
proporciona melhores condições de saúde e segurança ao ambiente, reduzindo-se a
probabilidade de ocorrência de acidentes, além do resguardo que terá a Universidade Federal
de Mato Grosso com a implantação dos modelos de Mapas de Risco construídos por este estudo.
PERGUNTA DA PESQUISA
Os laboratórios do Instituto de Biociências da UFMT apresentam as condições básicas
de saúde e segurança no trabalho, como a implementação dos Mapas de Risco nas instalações,
conforme previsto na NR 05 e regulamentado pela Portaria n.º 25, de 29 de dezembro de 1994?
OBJETIVO GERAL
Analisar as condições básicas em relação à saúde e segurança no trabalho nos
laboratórios inseridos nas dependências do Instituto de Biociências da UFMT – Campus
Cuiabá.
Objetivos Específicos
1 - Identificar quais são os laboratórios do Instituto de Biociências da UFMT – Campus de
Cuiabá que não possuem Mapa de Risco;
10
2 - Levantar os riscos químicos, biológicos, de acidentes, físicos e ergonômicos dos laboratórios
objetos de estudo a partir da legislação;
3 - Propor modelos de mapas de riscos ambientais para os laboratórios do Instituto de
Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso no campus de Cuiabá.
JUSTIFICATIVA
O desenvolvimento das atividades dos laboratórios presentes na UFMT é de suma
importância para grau de conhecimento a ser obtido por todos os sujeitos envolvidos nas
pesquisas e projetos realizados. Assim, a estrutura dos espaços físicos destinados ao
funcionamento dos laboratórios impacta diretamente na avaliação dos cursos da Universidade,
visto que, o Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior – SINAES, aplicado à UFMT, apresenta como um dos seus
indicadores as condições de utilização, segurança e respectivas normas de funcionamento
destes ambientes. Assim, o impacto pode ser muito maior se pensarmos na quantidade de
usuários e uma possível exposição.
O Instituto de Biociências possui intrinsecamente em sua estrutura curricular a
realização de pesquisas e projetos dentro dos laboratórios, sendo parte essencial do
desenvolvimento do curso como um todo.
Assim sendo, por ter sido observada a ausência dos Mapas de Risco dentro de alguns
laboratórios do referido Instituto, e, tratando-se do critério de saúde e segurança do trabalhador,
considerando-se ser essencial aderir aos padrões estabelecidos pelas Normas
Regulamentadoras, a pesquisa irá englobar os riscos envolvidos nas atividades laboratoriais.
O conhecimento acerca dos riscos ambientais aos quais acadêmicos, servidores e
docentes podem estar submetidos dentro dos laboratórios, proporciona melhores condições de
saúde e segurança ao ambiente, reduzindo-se a probabilidade de ocorrência de acidentes, além
do resguardo que terá a Universidade Federal de Mato Grosso com a implantação dos modelos
de Mapas de Risco construídos por este estudo.
REFERENCIAL TEÓRICO
Gestão de Riscos
Com a expansão do ambiente organizacional e a maior interação entre os atores
envolvidos, os riscos associados a este meio tornaram-se maiores, com a probabilidade de
ocorrência de impactos em proporções de maior gravidade. A partir desse ponto, realizar uma
11
análise crítica do ambiente tornou-se ponto chave para evitar ou mitigar que riscos afetem a
consecução dos objetivos traçados no planejamento estratégico.
De acordo com a NBR 31000:
Organizações de todos os tipos e tamanhos enfrentam influências e fatores
internos e externos que tornam incerto se e quando elas atingirão seus
objetivos. Assim, o efeito que essa incerteza tem sobre os objetivos da
organização é chamado de "risco".
A mesma norma define que “a gestão de riscos pode ser aplicada a toda uma
organização, em suas várias áreas e níveis, a qualquer momento, bem como a funções,
atividades e projetos específicos”.
Conforme define Salles Júnior (2006, p. 28), gerenciar os riscos caracteriza-se como um
processo de identificar, analisar, desenvolver as respostas e monitorar os riscos dentro de um
projeto, visando a diminuição da probabilidade do impacto de eventos negativos e de aumentar
a probabilidade de eventos positivos.
A prática da gestão de riscos está relacionada diretamente à governança corporativa,
visando buscar sempre o desenvolvimento de processos claros e transparentes, com o objetivo
de minimizar riscos de impactos indesejáveis que possam afetar a cadeia produtiva, sendo uma
ferramenta de utilidade ao gestor quanto ao conhecimento sobre as diversas situações em que a
organização está exposta.
Dessa forma, as organizações, utilizam modelos de controle interno e de gerenciamento
de riscos, com a finalidade de assegurar que os princípios da governança sejam efetivos.
(FERNANDES E ABREU, 2012).
Para Cocurullo (2002, p. 71), uma das particularidades aplicável ao risco está na
presença de situações que tenham a probabilidade de impedir o alcance dos objetivos
corporativos ou a não-existência de situações consideradas necessárias para chegar a tais
objetivos.
Segundo a NBR 31000, a gestão de riscos cria e protege valor, pois ela:
contribui para a realização demonstrável dos objetivos e para a melhoria do
desempenho referente, por exemplo, à segurança e saúde das pessoas, à
segurança, à conformidade legal e regulatória, à aceitação pública, à
proteção do meio ambiente, à qualidade do produto, ao gerenciamento de
projetos, à eficiência nas operações, à governança e à reputação.
A norma da ISO 31000 citada anteriormente, também define que:
A gestão de riscos não é uma atividade autônoma separada das principais
atividades e processos da organização. A gestão de riscos faz parte das
responsabilidades da administração e é parte integrante de todos os
12
processos organizacionais, incluindo o planejamento estratégico e todos os
processos de gestão de projetos e gestão de mudanças.
O conceito de biossegurança apresenta-se como norteador no assunto tratado. Assim,
biossegurança refere-se à aplicação do conhecimento, técnicas e equipamentos, com a
finalidade de prevenir a exposição do trabalhador, laboratório e ambiente a agentes
potencialmente infecciosos ou biorriscos. Biossegurança define as condições sobre as quais os
agentes infecciosos podem ser seguramente manipulados e contidos de forma segura
(MASTROENI. 2006, p. 2).
Quanto a este conceito, existem duas vertentes principais relativas à biossegurança. A
segunda delas está relacionada diretamente ao exposto no estudo, correspondente aos riscos
químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes encontrados nos ambientes laborais.
O principal aspecto do princípio da Biossegurança é sua utilidade quanto ao emprego
da prevenção na ocorrência de acidentes. Da mesma maneira, Mastroeni (2006) define que esta
atitude demanda principalmente dos EPIs e EPCs adequados, treinamentos dos recursos
humanos, adoção das normas e procedimentos de biossegurança, pois, conforme definido por
Carvalho (1999), a manipulação de materiais sem cumprimento das normas de segurança é uma
das principais causas que contribui para a ocorrência de acidentes.
Riscos Ambientais
Conforme já definido anteriormente, riscos relacionam-se ao fato de que caso ocorra,
podem comprometer ou impedir a criação de um produto, atividade, serviço ou resultado
exclusivo, ou seja, a realização de um projeto (OLIVEIRA, 2010).
A Portaria nº 25, datada de 29.12.1994 norteou o que se classifica como Riscos
Ambientais, visto que a normativa aprovou o texto da Norma Regulamentadora n.º 9, a qual
define aspectos sobre os Riscos Ambientais.
Dessa maneira, o artigo 1º da Portaria considera os riscos ambientais como “os agentes
físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à
saúde do trabalhador" (BRASIL, 1994).
Destarte, inserido na Normativa citada anteriormente, a qual prevê a criação do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais em todos os ambientes organizacionais,
definindo que o programa deverá delimitar a:
a) antecipação e reconhecimento dos riscos;
13
b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
e) monitoramento da exposição aos riscos;
f) registro e divulgação dos dados (BRASIL, 1994).
Ainda segundo a Norma, o reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os
seguintes itens, quando aplicáveis:
“a) a sua identificação;
b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras;
c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos
agentes no ambiente de trabalho;
d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores
expostos; e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição;
f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível
comprometimento da saúde decorrente do trabalho;
g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados,
disponíveis na literatura técnica;
h) a descrição das medidas de controle já existentes.”
Para Hökerberg, Y. A. M. et al (2006) realizar avaliações ambientais no local relaciona-
se diretamente com adotar princípios de biossegurança, o qual abrange recomendações para
riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentários.
Relacionado ao objetivo central do trabalho apresentado, a investigação quanto aos
riscos ambientais envolvidos nos ambientes dos laboratórios inseridos nas universidades
encontra sustentação ao ser caracterizado como ramo de atividade no qual necessita-se de
grande atenção quanto à Segurança do Trabalho, sendo os mesmos partes fundamentais de uma
empresa ou instituição, sendo este químico, físico ou microbiológico (OLIVEIRA, 1987).
Assim, devido à natureza das atividades desenvolvidas nestes locais, tais como o
manuseio de ferramentas propícia a acidentes, materiais letais, tóxicos, corrosivos, inflamáveis,
o ambiente citado é caracterizado como um local de alto potencial de ocorrência de acidentes
(CIENFUEGOS, 2001; OLIVEIRA, 1987).
Entretanto, os profissionais os quais estão inseridos dentro deste ambiente raramente
recebem instruções anteriores a respeito de normas sobre a segurança no trabalho, uma vez que,
na maior parte das vezes, são priorizados apenas seus conhecimentos técnicos
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2016).
Consequentemente, conforme remete Bernstein (1996), muitos acidentes ocorrem
devido a subestimação do perigo e do risco envolvido a ele, em uma situação ou curso de ação
pelos indivíduos, gerando uma percepção equivocada de menosprezo ao risco real.
14
A importância do cuidado com a saúde e segurança dos trabalhadores possibilita a
garantia à qualidade de vida no trabalho, proporcionando a preservação do patrimônio
produtivo, evitando penalidades legais impostas às empresas pelo descumprimento desta
obrigação (FANTAZZINI, 2009).
Classificação dos Riscos Ambientais
Conforme a publicação da Norma Regulamentadora - NR 9 acerca do PROGRAMA
DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS, tornou-se parte essencial do mapeamento de
riscos a classificação dos mesmos, conforme os 05 (cinco) grupos característicos.
Dentre elas, três são contempladas pela NR 9, abrangendo os riscos físicos, químicos e
biológicos. Atualmente, para a elaboração do mapa de riscos, são usados além dos descritos, os
riscos ergonômicos e os riscos de acidentes ou mecânicos.
A Tabela I do Anexo IV, da Portaria n° 25 de 29.12.1994, trouxe a classificação dos
principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua natureza e a padronização das
cores correspondentes. Assim, de acordo com a tabela, os Riscos Físicos, são identificados pela
cor verde; os Riscos Químicos pela cor vermelha; os Biológicos pela coloração marrom; em
amarelo são identificados os riscos Ergonômicos; e em azul os Riscos de Acidentes.
O Item 9.1.5.1 da NR 9 classifica o primeiro grupo, chamado de Riscos Físicos, como
aqueles considerados formas de energia a que os trabalhadores possam estar expostos. Na
tabela, eles são definidos como os ruídos, as vibrações, radiações ionizantes, frio, calor,
umidade, etc.
Segundo Brevigliero (2011), o ruído excessivo pode ser um problema ao ser causador
de distúrbios que vão além da surdez, ocasionando também nervosismo, irritação e insônia, os
quais podem acarretar dificuldades de comunicação e socialização.
O segundo grupo classificado como dos agentes químicos, de acordo com o Item 9.1.5.2
da NR 9, são aquelas substâncias, as quais podem penetrar no organismo pela via respiratória,
ou possam ser absorvidos através da pele ou da ingestão. Como exemplos de riscos químicos
tem-se as poeiras, fumos, névoas, etc.
Para Cienfuegos (2001), dentre os riscos associados aos agentes químicos, destacam-se
a flamabilidade, substâncias corrosivas e irritantes, tóxicas ou nocivas e ainda substâncias
altamente reativas.
Segundo Concepción (2001), os riscos dos produtos químicos para o ser humano estão
ligados ao fato de serem irritantes, asfixiantes, alérgicos, inflamáveis, tóxicos, cáusticos,
carcinogênicos ou mutagênicos.
15
Os Riscos Biológicos são aqueles derivados do contato entre microrganismos ou
animais peçonhentos dentro do ambiente de trabalho. Assim, o Item 9.1.5.3 da NR 9 considera
agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.
A NR 32 define em seu Anexo I a Classificação dos Agentes Biológicos, os quais são
classificados em:
Classe de risco 1: baixo risco individual para o trabalhador e para a
coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano.
Classe de risco 2: risco individual moderado para o trabalhador e com baixa
probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças
ao ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou
tratamento.
Classe de risco 3: risco individual elevado para o trabalhador e com
probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças e
infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios
eficazes de profilaxia ou tratamento.
Classe de risco 4: risco individual elevado para o trabalhador e com
probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta
grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar
doenças graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de
profilaxia ou tratamento.
O grupo dos Riscos Ergonômicos caracteriza-se por aqueles relacionados à falta de
adaptabilidade das condições de trabalho às características psicofisiológicas do trabalhador.
Assim, conforme a NR-33: Segurança e saúde em espaço confinado (SENAI – SP, 2015) entre
os agentes ergonômicos mais comuns encontram-se: trabalho físico pesado; posturas incorretas;
posições incômodas; repetitividade; monotonia; ritmo excessivo; trabalho em turnos e trabalho
noturno; jornada prolongada. Para Lanza (2010), os Riscos ergonômicos são os fatores que
podem afetar a integridade física do trabalhador proporcionando desconforto e insegurança.
Os Riscos de Acidentes, conforme a Portaria nº 25 do Ministério Do Trabalho e
Emprego, são aqueles os quais constituem os arranjos físicos inadequados ou deficientes, como
máquinas e equipamentos, ferramentas defeituosas, inadequadas ou inexistentes, eletricidade,
sinalização, perigo de incêndio ou explosão, transporte de materiais, edificações,
armazenamento inadequado, etc.
Materiais inflamáveis, explosivos, tóxicos e equipamentos que geram calor são
considerados como as causas de acidentes mais graves, e seu manuseio, armazenamento e
transporte deve ser criterioso (CARVALHO, 2009).
Tabela 01 – Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua
natureza e a padronização das cores correspondentes
16
Fonte: Anexo IV, da Portaria n° 25 de 29.12.1994
Mapa de Risco
Incluído na Portaria n° 25 de 29.12.1994, especificamente o Anexo IV, o documento
regulamentou a utilização do mapa de riscos, definindo seus objetivos, bem como as etapas de
sua elaboração e uma classificação dos riscos ocupacionais que os trabalhadores podem estar
expostos, além de especificar a necessidade de inclusão da metodologia do uso do Mapa na
Norma Regulamentadora nº 05.
Desta forma, esta NR trouxe a instituição da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes. Conforme o item 5.16 da Norma, a elaboração do Mapa de Riscos ficará a cargo da
Comissão instituída, conforme segue:
“5.16 A CIPA terá por atribuição: a) identificar os riscos do processo de
trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número
de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver.” (MINISTÉRIO
DO TRABALHO E EMPREGO, 2011).
Assim, conforme definido por Jakobi (2008, p.20), Mapa de Riscos é uma ferramenta
utilizada para identificação dos riscos e fatores prejudiciais à saúde e à segurança do
trabalhador, o qual será feito por meio de uma representação gráfica. Para o autor, as variáveis
17
dos riscos são as originadas no ambiente de trabalho, no processo de trabalho, na forma de
organização e nos demais fatores implicados na relação entre o trabalho e o processo saúde-
doença do trabalhador.
A utilização do mapa de riscos pode ser feita a partir da utilização de algumas técnicas,
cuja complexidade pode ser gradativamente crescente nas etapas sequenciais do trabalho de
vigilância. (Ayres, 2002).
Mattos & Freitas (1994) relatam que o mapeamento dos riscos surgiu na Itália nos anos
70, devido principalmente ao movimento sindical, o qual na época desenvolveu um modelo
próprio de atuação na investigação e controle das condições de trabalho pelos trabalhadores, o
conhecido “Modelo Operário Italiano”.
Os autores também descrevem que a ferramenta denominada Mapa de Risco surgiu no
Brasil na década de 80, havendo divergência com relação à sua introdução no país: se devido
aos movimentos sindicais e acadêmicos, ou devido à Fundação Jorge Duplat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) (MATTOS & FREITAS, 1994).
Dessa maneira, caracterizados como uma ferramenta importante para a comunicação de
maneira simples e organizada, os mapas de risco expõem o resultado de avaliações de risco
complexas aos stakeholders, tais como trabalhadores, a comunidade local e restantes partes
interessadas (LAHR & KOOISTR, 2010), visto que o mapa de riscos pronto deve ser fixado
em cada local avaliado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os trabalhadores
(MIRANDA, 1998), com o objetivo de prevenir os trabalhadores e as pessoas que ali transitem
sobre os riscos presentes no local (BITENCOUT; QUELHAS; LIMA, 1999).
Processo de Elaboração do Mapa de Riscos
O Anexo IV da Portaria n° 25 de 29.12.1994, especifica os objetivos da construção do
Mapa de Riscos, definindo os mesmos como de suma importância para reunir as informações
necessárias afim de se estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho,
além de possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os
trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.
Para Mattos, U. O.; Queiroz, A. R (1996) o mapa de risco constitui metodologia
essencial para o reconhecimento dos riscos existentes em um local de trabalho. Assim, as etapas
para a elaboração do mapa foram estabelecidas no mesmo anexo, item 2, sendo elas:
“2. Etapas de elaboração:
a) conhecer o processo de trabalho no local analisado: os trabalhadores:
número, sexo, idade, treinamento profissionais e de segurança e saúde; os
instrumentos e materiais de trabalho; as atividades exercidas; o ambiente.
18
b) identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificação
da tabela.
c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia: medidas de
proteção coletiva; - medidas de organização do trabalho; medidas de
proteção individual; medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios,
vestiários, armários, bebedouro, refeitório.
d) Identificar os Indicadores de saúde: queixas mais frequentes e comuns
entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos; acidentes de trabalho
ocorridos; doenças profissionais diagnosticadas; causas mais frequentes de
ausência ao trabalho.
e) conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;
f) elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa, indicando através
de círculo: o grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada
na Tabela I; o número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser
anotado dentro do círculo; a especialização do agente (por exemplo:
químico-silica, hexano, ácido clorídrico, ou argonômicorepetividade, ritmo
excessivo) que deve ser anotada também dentro do círculo; - a Intensidade do
risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser
representada por tamanhos diferentes de círculos; causas mais frequentes de
ausência ao trabalho.” (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO,
1994).
Representação Gráfica dos Riscos
Conforme descrito no item 2, letra “f “da Portaria estudada, o mapa de riscos deve ser
construído a partir de um layout formado do ambiente. Dessa forma, o mapa será criado com a
identificação de círculos, os quais irão variar de tamanho, representando o risco como pequeno,
médio ou grande, preenchido com as cores correspondentes já definidas pela normativa.
Assim, o tamanho do círculo representa proporcionalmente o seu grau envolvido, e a
cor preenchida representa sua categoria. Para Neves et al. (2006), as cores são fundamentais,
pois tem como finalidade chamar a atenção de quem está visualizando, dividindo-se entre os
grupos I, II, III, IV e V, pelas cores vermelha, verde, marrom, amarelo e azul, respectivamente.
Figura 01 – Identificação do grau do risco ambiental
Fonte: Autor, 2018.
19
Tabela 02 – Identificação dos tipos de riscos segundo as cores elencadas
Fonte: Autor, 2018.
Caso haja vários riscos em um mesmo ponto no local analisado, os quais tenham a
mesma intensidade, porém apresentem classificações diferentes, não é necessário que seja
ilustrado mais de um círculo. Um círculo poderá ser dividido em até cinco partes iguais,
representando os riscos daquele ponto. Existindo um risco apenas para todo o local, basta que
seja desenhado o círculo ao centro e acrescentado setas em suas bordas, indicando que o
problema se espalha (PRESTES, 2009, p. 53).
Figura 02 – Risco Químico afetando todo o setor
Fonte: Autor, 2018.
PERCURSO METODOLÓGICO
Para a realização da pesquisa, primeiramente foram levantados os dados dos
laboratórios presentes no Instituto de Biociências, unidade acadêmica que oferta o curso de
especialização em Gestão e Perícia Ambiental e, portanto, escolhida para desenvolvimento do
presente estudo, acerca da presença ou não dos Mapas de Risco nestes ambientes.
Assim, a pesquisa caracteriza-se como exploratória quanto aos seus objetivos, visto que
foi realizado um levantamento bibliográfico acerca das resoluções aplicáveis para melhor
20
desenvolvimento da base do tema, juntamente a aplicações de um roteiro pré-programado de
entrevistas com os responsáveis por cada um dos laboratórios.
Foram observados os ambientes de 22 laboratórios integrantes do Instituto de
Biociências, os quais estão vinculados aos departamentos de Biologia e Zoologia e de Botânica
e Ecologia, e atendem aos cursos de graduação e de pós-graduação (mestrandos e doutorandos)
ofertados pela Unidade Acadêmica, localizada dentro do campus de Cuiabá, da UFMT, unidade
escolhida para aplicação deste estudo.
A partir dos estudos realizados e dos levantamentos feitos sobre as necessidades de
adequações dos laboratórios com relação à saúde e segurança dos trabalhadores envolvidos,
foram realizadas visitas periódicas aos laboratórios para acompanhamento das atividades
desenvolvidas e apuração dos riscos químicos, biológicos, de acidentes, físicos e ergonômicos
dos ambientes, para construção de modelos de Mapas de Riscos. A verificação dos riscos
envolvidos para posterior elaboração dos mapas foi feita com suporte de um técnico
especializado na área de segurança e saúde do trabalho da própria Universidade Federal.
A pesquisa enquadra-se como estudo de caso, ao propor a análise e coleta de
informações relacionadas a um grupo específico, de forma aprofundada. Yin (2001) afirma que
podemos utilizar o procedimento técnico estudo de caso quando deliberadamente quisermos
trabalhar com condições contextuais – acreditando que elas seriam significativas e pertinentes
ao fenômeno estudado.
Boaventura (2004) destaca que o estudo de caso possui uma metodologia de pesquisa
classificada como aplicada, na qual se busca a aplicação prática de conhecimentos para a
solução de problemas sociais.
A partir das visitas agendadas dentro dos laboratórios, os dados foram coletados por
meio de observações no ambiente, aplicação de entrevistas pré-estruturadas com os
responsáveis técnicos pelos espaços pesquisados, objetivando-se analisar o processo de
trabalho, a identificação dos riscos ambientais elencados, a frequência de acidentes ocorridos,
queixas relatadas pelos trabalhadores, as medidas preventivas e protetivas utilizadas, bem
como a comparação a instrumentos técnicos para elaboração dos modelos de Mapa de Risco
dos laboratórios analisados.
A Portaria n.º 25, de 29 de dezembro de 1994 e as Normas Regulamentadoras nº 05 e
nº 09 do Ministério do Trabalho e Emprego foram utilizadas como base e referencial para
elaboração dos Mapas de Riscos e verificação das diretrizes empregadas nas atividades dos
laboratórios.
21
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A questão da segurança e saúde nos ambientes laboratoriais, assim como em todos
aqueles os quais proporcionam algum tipo de risco ambiental aos seus ocupantes, é
acompanhada por diversas resoluções e normativas, as quais baseiam principalmente questões
de prevenção aos riscos. Assim, conforme citado na parte teórica deste estudo, as principais
normativas a respeito da segurança e saúde estão descritas pela Norma Regulamentadora 05,
NR nº 09, NR nº 32 e pela Portaria nº 25 de 29/12/1994.
Para a coleta dos dados, as entrevistas realizadas foram feitas com os professores ou
técnicos responsáveis pelos laboratórios, e com os alunos (mestrandos e doutorandos) que
desenvolvem suas pesquisas dentro desses ambientes. Nelas, foram abordadas questões como
quais são as principais atividades desenvolvidas, o recebimento de treinamentos na área de
segurança e saúde, o uso de equipamentos de proteção, bem como a ocorrência de acidentes e
queixas relacionadas ao trabalho desenvolvido.
Posteriormente, foi realizada uma observação no ambiente laboratorial, visando
averiguar as condições de trabalho do ambiente. Ao final, os modelos dos mapas de risco dos
laboratórios foram desenvolvidos a partir das respostas obtidas quanto aos riscos ambientais e
da análise e observação do ambiente.
Abaixo, o quadro 01 foi desenvolvido a partir das entrevistas aplicadas, com o objetivo
de indicar, por categorias, os riscos ambientais característicos de cada laboratório do Instituto.
Quadro 01 – Riscos ambientais dos laboratórios por categoria
Laboratório Classificação
do Risco Risco Origem
Estudos da
Reprodução e
Histologia –
EcoBiv
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas /
Riscos de contaminações
Formol, Álcool 96,
Resina, Corantes.
Uso dos produtos
sem máscara de
filtro.
Ergonômico
Levantamento e
transporte manual de
pesos / Postura
Inadequada / Jornada
Excessiva
Transporte dos
materiais coletados
para estudo /
Análises ao
microscópio /
Trabalho
prolongado para
turnos noturnos.
22
Acidentes
Arranjo Físico
inadequado / Produtos
Químicos armazenados
incorretamente /
Iluminação inadequada /
Ferramentas defeituosas
Passagens
impedidas, com
obstáculos / Não
há almoxarifado
específico / Luzes
queimadas /
Máquinas sem
conserto.
Laboratório de
Citogenética -
LABGEN
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas /
Riscos de contaminações
/ Emanação de Gases
Metanol, Fenol,
Formol, Corantes
fluorescentes.
Gases do Fenol,
Formol e Metanol.
Ergonômico Postura Inadequada Bancadas altas
Acidentes
Produtos Químicos
armazenados
incorretamente /
Iluminação inadequada /
fios soltos, sem proteção
Não há
almoxarifado
específico.
Presença de fios
desencapados.
Laboratório de
Genética Animal -
LABGEN
Químico Produtos Químicos /
Riscos de contaminações
Metanol, Ácido
Acético, Fenol,
Clorofórmio
Biológico Bactérias Trabalho com
organismos vivos
Ergonômico
Postura inadequada /
Monotonia e
repetitividade
Bancada alta /
Pipetagem
Acidentes
Arranjo Físico
Inadequado / Produtos
Químicos armazenados
incorretamente /
Máquinas defeituosas
Não há
almoxarifado
específico.
Estufa com
problema,
surgindo o risco de
explosão.
Laboratório de
Mastozoologia
(Sala de Triagem
e Coleção de
Mamíferos)
Físico Ruído Freezer /
Refrigerador
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas /
Riscos de
contaminações/Gases
Formol, éter,
bórax, Álcool 100
Biológico Vírus / Bactérias / Fungos
Presença de
animais para
estudo
Ergonômico Postura inadequada
Bancadas altas e
cadeiras
impróprias
Acidentes
Arranjo Físico
Inadequado / Produtos
Químicos armazenados
Espaço pequeno /
Produtos químicos
expostos
23
incorretamente /
Iluminação inadequada
Laboratório de
Ecologia de Aves
Físico Frio Excessivo (Coleção de Aves)
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas /
Riscos de contaminações
Formol, Bórax,
Álcool Metílico,
Ácido Clorídrico
Biológico Vírus, Fungos
Aves estudadas
(sangue e tecido
dos animais)
Ergonômico Postura inadequada Cadeiras
impróprias
Acidentes Arranjo Físico
Inadequado Espaços
Laboratório de
Sistemática e
Taxonomia de
Artrópodes
Terrestres
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas
Acetato de etila,
naftalina e uso de
formol
Biológico Vírus, bactérias, fungos
Contato com
sangue dos
artrópodes
Ergonômico
Postura inadequada /
Monotonia e
repetitividade
Bancada alta com
cadeiras
impróprias /
Análise de
microscópio
Acidentes
Arranjo Físico
Inadequado / Produtos
Químicos armazenados
incorretamente / Animais
Peçonhentos
Espaço pequeno
próximo a pia
principal / Risco
de mordida ou
picada dos animais
peçonhentos
mantidos no
laboratório / Risco
com ferramentas
perfurocortantes
Laboratório de
Ecologia e
Manejo de
Recursos
Pesqueiros -
LEMARPE
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações
Formol e Álcool
Biológico Fungos
Armazenamento
dos animais
(peixes)
Ergonômico
Levantamento e
transporte manual de peso
/ Jornadas excessivas de
trabalho
Carregamento de
material e jornadas
noturnas.
Acidentes
Arranjo Físico
Inadequado / Produtos
Químicos armazenados
Sem espaço para
saída de
emergência /
Produtos químicos
24
incorretamente / Fios
soltos, sem proteção
expostos nas
bancadas / Fio
solto perto da
mesa
Laboratório de
Scarabaeoidologia
Físico Ruído / Frio excessivo Estufa / Coleção
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações / Poeiras
Paraformol,
acetato de etila,
xilol, hidróxido de
potássio, glicerina
Biológico Bactérias / Protozoários/
fungos
Manipulação de
espécimes vindos
do campo
Ergonômico
Postura inadequada /
Jornadas excessivas
Monotonia e
repetitividade
Horas em análise
de microscópio /
jornadas aos finais
de semana /
Digitação
Acidentes
Arranjo Físico
Inadequado / Produtos
Químicos armazenados
incorretamente
Falta de espaço /
Inexistência de
Almoxarifado
Laboratório de
Ecologia e
Ecologia
Aquática
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações
Formol, ácido
sulfúrico,
carbonato de
cálcio
Ergonômico
Postura inadequada /
Monotonia e
repetitividade
Bancadas altas /
análise
microscópica
Coleção Didática
de Zoologia
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações
Formol, acetato de
etila, álcool etílico.
Biológico Fungos Da coleção
Ergonômico
Esforço físico intenso/
levantamento manual de
peso/ postura inadequada.
Transporte de
materiais /
Bancadas elevadas
Laboratório de
Ensino de
Microbiologia e
Biologia
Molecular
Físico Calor excessivo /
radiação ultravioleta
Autoclave, estufa /
germicida
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações
Álcool metílico,
formol, Tris Base
Molecular,
Fosfato, corante
Biológico Fungos e bactérias Filamentosos.
Laboratório de
Morfologia e
Morfometria
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações / Vapores
Formol, resina
histológica, álcool
70, 95 e 97
Ergonômico
Postura inadequada,
incômoda / Monotonia e
repetitividade
Cansaço
relacionado a
microscopia
25
Laboratório de
Ecologia de
Comunidades
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações
Álcool
Ergonômico Postura inadequada Cansaço pela
jornada de estudos
Acidentes
Produtos Químicos
expostos / trabalho com
objetos cortantes
Produtos químicos
nas bancadas
Laboratório de
Taxonomia e
Ecologia de
Microrganismos
Aquáticos –
LATEMAS
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações
Formol, lugol,
ácido clorídrico,
peróxido de
hidrogênio
Ergonômico
Postura inadequada,
incômoda / Monotonia e
repetitividade
Microscopia
Biológico Bactérias, fungos,
protozoários
Manipulação de
amostras
ambientais in vivo
Laboratório de
Vetores de
Interesse Médico
Químico Produtos Químicos
Berleze, formol,
naftalina,
armazenamento de
álcool 70%
Ergonômico Postura
inadequada/incômoda
Microscopia e
Análises,
contagem de ovos
e adultos com
contador manual
mecânico
Biológico Presença de mofo na
parede
Fungos
filamentosos
Laboratório de
Ecologia da
Vegetação
Químico Produtos Químicos
Álcool, sal de
tetrazólio,
corantes.
Biológico Fungos e bactérias Análise da
Microbiota do solo
Ergonômico Postura
inadequada/incômoda
Cadeiras
impróprias
Acidentes
Arranjo Físico
Inadequado / Produtos
Químicos armazenados
incorretamente /
Ferramentas defeituosas /
fios soltos
Passagens
impedidas /
produtos químicos
que não pertencem
ao laboratório /
fios soltos de
construção
Laboratório de
Ecologia de
Bivalves e Insetos
Aquáticos
Físico Ruído Compressor de
Oxigênio
Químico Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Formol, Mentol,
Etanol, Resina
26
Substâncias Químicas e
Contaminações
Biológico Bactérias e Protozoários Bivalves
Ergonômico
Postura
inadequada/incômoda /
Esforço físico /
levantamento e transporte
manual de peso / jornadas
excessivas/monotonia e
repetitividade
Cadeiras e
bancadas
incompatíveis /
transporte manual
de produtos
Acidentes
Produtos Químicos
armazenados
incorretamente / fios
soltos sem proteção
Produtos químicos
expostos nas
bancadas
Laboratório de
Biotecnologia e
Ecologia
Microbiana
Físico Ruído / Radiação Banho ultrassônico
/ Germicida
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações
Mercúrio,
Brometo, Metanol
Biológico Bactérias e Fungos Amostra do solo,
insetos, plantas
Ergonômico
Postura
inadequada/incômoda /
levantamento e transporte
manual de peso/
monotonia e
repetitividade
Cadeiras e
bancadas
incompatíveis /
transporte manual
de produtos
Acidentes Máquinas sem proteção Autoclave
Laboratório de
Ictiologia e
Coleção de Peixes
Físico Umidade excessiva
Local da
preservação da
Coleção de Peixes
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações / Gases /
Fumos
Álcool e Formol
/Químicos voláteis
Laboratório de
Fisiologia Vegetal
Físico Calor excessivo
Condutor metal /
Destilador /
Aparelho para
banho-maria
Químico Produtos Químicos
Sais minerais /
Acetona / Álcool /
Ácido Clorídrico e
Sulfúrico
Ergonômico Postura
inadequada/incômoda
Cadeiras e
bancadas
incompatíveis
27
Laboratório de
Ensino de
Microscopia
Químico
Produtos Químicos /
Riscos de Respingos de
Substâncias Químicas e
Contaminações
Éter, Ácido
Clorídrico, Ácido
acético.
Biológico Bactérias/vírus Manipulação de
sangue
Ergonômico
Postura inadequada /
Monotonia e
repetitividade
Bancadas altas /
análise
microscópica
RISCOS FÍSICOS
Quanto ao primeiro grupo analisado, os principais riscos físicos descritos a partir dos
questionários aplicados foram observados na Sala de Triagem, ligada ao Laboratório de
Mastozoologia, no Laboratório de Ecologia de Aves, no Laboratório de Scarabaeoidologia, no
Laboratório de Ensino de Microbiologia e Biologia Molecular, Laboratório de Ecologia de
Bivalves e Insetos Aquáticos, no Laboratório de Biotecnologia e Ecologia Microbiana, no
Laboratório de Ictiologia e Coleção de Peixes e no Laboratório de Fisiologia Vegetal, conforme
o quadro 01, sendo que em quatro deles foi relatado o ruído como risco físico.
RISCOS QUÍMICOS
Pode-se observar que dos 22 laboratórios analisados, o risco químico está presente em
todos os laboratórios participantes, e o mesmo deve-se principalmente ao uso de substâncias
químicas, sendo os mais relevantes o Formol (68% dos laboratórios), Ácidos - diversos (27%
dos laboratórios) e Álcool (54% dos laboratórios) em diversas concentrações. O risco de
contaminação relatado acontece pela falta de uso da máscara de filtro, fato ocorrido devido à
Instituição não disponibilizar o EPI, já que os professores e discentes dos laboratórios utilizam
apenas a máscara cirúrgica, e também pelo fato de alguns discentes não utilizarem luvas ao
manusearem esses produtos.
Quanto ao período médio de manipulação dessas substâncias, o mesmo apresentou-se
variável, visto que os entrevistados relataram que o uso se altera conforme a atividade
desenvolvida no laboratório.
RISCOS ERGONÔMICOS
Em 18 laboratórios foi descrito que o risco ergonômico mais acentuado se deve ao uso
das bancadas nos laboratórios apresentarem-se, em sua maioria, em elevada altura, com bancos
baixos ou cadeiras impróprias e incompatíveis, fato que contribuí para uma postura inadequada,
principalmente quando há jornadas excessiva ou atividades de microscopia intensa, fato que se
28
agrava ao apresentar também como um problema ergonômico a Monotonia e repetitividade (9
laboratórios).
RISCOS BIOLÓGICOS
No tocante aos riscos biológicos, os mais relatados e observados foram os riscos de
contaminação por vírus, fungos e bactérias, ocasionados pelo contato e manipulação de animais,
principalmente com risco de contato no sangue do material ou animal in vivo analisado.
RISCOS DE ACIDENTES
Tendo em consideração os riscos de acidentes, muitos laboratórios não apresentam local
adequado para acondicionar os produtos químicos. Assim, quanto aos riscos identificados, a
maioria deve-se aos produtos químicos armazenados incorretamente, 9 (nove) laboratórios
relataram, muitos deles sendo inflamáveis, e aos espaços pequenos, associados aos riscos de
incêndios, juntamente a um arranjo físico inadequado, relatados em 8 (oito) laboratórios.
De acordo com as Normas de Armazenamento de Produtos Químicos (UNESP, 2010),
essas substâncias, quando utilizadas em laboratórios, não devem ser estocados por ordem
alfabética, pois os mesmos devem ser armazenados de acordo com sua compatibilidade. Ao
realizar a separação, esta deve ser feita por uma barreira física.
Dessa maneira, a mesma norma orienta que os grupos incompatíveis devem ser
mantidos com a maior distância possível, separando-se os líquidos dos sólidos, e utilizando-se
bandejas para acomodar os recipientes (UNESP, 2010).
A NBR 14725, especifica que deverá haver uma Ficha de informações de segurança de
produtos químicos (FISPQ) em cada local em que houver o manuseio, e nela deverá conter as
medidas técnicas de armazenagem apropriadas e inapropriadas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).
Algumas atividades desenvolvidas também necessitam da utilização de ferramentas
cortantes, como bisturis e estiletes, expondo seus usuários ao risco de perfuração e/ou corte
inerente ao tipo de manipulação.
Dentro do questionário respondido, houve o relato de ocorrência de vistorias de pessoal
vinculado a segurança do trabalho, com relação aos aspectos de insalubridade, ambiência,
iluminação e outros atributos associados a qualidade de trabalho, porém, não houve retorno ou
ações posteriores.
Um dos problemas observados em alguns laboratórios como o LABGEN e na Sala de
triagem do Laboratório de Mastozoologia, é a falta de local específico para descarte dos
29
produtos químicos. Alguns são descartados nas pias dos laboratórios e as embalagens são
descartadas em lixo comum ou incineradas. Produtos químicos como o formol ficam
acondicionados em galões dentro do Bloco do Instituto devido à falta de local para o descarte
correto.
Embora tenha sido informado pela direção do Instituto de Biociências que foi ofertado
treinamento para os docentes, realizado juntamente ao corpo de bombeiros, os entrevistados
atuantes nos laboratórios informaram que não houve a realização de treinamentos específicos
na área de saúde e segurança disponibilizada pela instituição. Como medida de segurança, são
utilizados os próprios conhecimentos vindos da formação adquirida.
Apesar de todos os entrevistados afirmarem que consideram que os docentes, técnicos
e discentes os quais desenvolvem atividades nos laboratórios estão vulneráveis a acidentes no
ambiente, alguns entrevistados relataram acidentes com cortes, considerados de pouca
gravidade, sendo mencionado apenas um acidente grave, o qual ocorreu no Laboratório de
Ensino de Microscopia com ácido clorídrico, ocasionando uma grande fumaça e esvaziamento
do local pelos bombeiros.
A maioria dos alunos e professores desenvolvem atividades em período integral.
Quando questionados sobre o conhecimento acerca do Mapa de Risco, afirmaram conhecer: os
responsáveis pelos laboratórios de Estudos da Reprodução e Histologia, da Sala de Triagem da
Coleção Zoológica integrante do Laboratório de Mastozoologia, Laboratório Vetores de
Interesse Médico, Laboratório de Taxonomia e Ecologia de Microrganismos Aquáticos,
Laboratório de Ecologia de Comunidades, de Microbiologia e Biologia Molecular, Laboratório
de Scarabaeoidologia, Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros, Laboratório
de Biotecnologia e Ecologia Microbiana e o Laboratório de Ensino de Microbiologia e Biologia
Molecular.
Quanto à existência de Equipamentos de Proteção Coletiva, apenas dois laboratórios do
Instituto de Biociências possuem chuveiro lava olhos, os demais, possuem apenas pias comuns.
Quanto às medidas de combate a incêndio, apenas a sala de triagem da Coleção Zoológica e o
Laboratório de Ecologia de Comunidades possuem extintor no lado de dentro, enquanto todos
os outros laboratórios utilizam apenas os que ficam no corredor ao lado externo, fato que se
torna um agravante aos riscos, visto que a maior parte dos laboratórios analisados utilizam
materiais ou produtos inflamáveis.
Há Capela disponível para uso apenas nos Laboratórios de Citogenética e Genética
Animal, Estudos da Reprodução e Histologia – EcoBiv, Laboratório de Ensino de
30
Microbiologia e Biologia Molecular e no Laboratório de Biotecnologia e Ecologia Microbiana
mesmo que seja recomendado o uso destes aparelhos para o manuseio de produtos químicos.
Não obstante nenhum entrevistado tenha descrito o diagnóstico de doença derivada da
atividade laboratorial, foi informado pela diretoria do Instituto que ocorreu um óbito de uma
técnica devido à manipulação de material químico no laboratório de genética.
Por se tratar de ambientes laboratoriais com uso de produtos químicos como Formol e
Naftalina, uma das queixas mais recorrentes foi o incômodo com o cheiro forte exalado destes
produtos. Também houve relato quanto à falta de iluminação, falta de espaço adequado ao
trabalho, falta de banheiros que atendam a demanda de tantos funcionários.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos fundamentados a partir dos questionários aplicados com os
responsáveis pelos laboratórios do Instituto de Biociências da UMT e a análise do ambiente
demonstram que os riscos ambientais se encontram em todos os ambientes estudados, em maior
ou menor grau. Ainda, constata-se que há consciência por parte dos docentes, técnicos e
discentes atuantes nos laboratórios acerca dos riscos ambientais contidos nestes locais.
Objetivamente, os indivíduos que atuam nos laboratórios conhecem das rotinas e
algumas normas de segurança a partir das atividades desenvolvidas cotidianamente, visto não
utilizarem de nenhum mapa de risco ou manual para reduzirem os acidentes e riscos.
Assim sendo, a partir das análises e do disposto no quadro apresentado nos resultados e
dos fatos apontados, os laboratórios têm necessidade de adequações estruturais como forma de
resguardo da segurança e saúde dos sujeitos atuantes nos seus ambientes. Tal necessidade pode
ser observada em adequações que se fazem necessárias no ambiente público universitário em
si.
Por conseguinte, depreendeu-se que os ambientes analisados têm necessidade imediata
da disposição dos mapas de risco de forma visível, com o propósito de seguir as normas e
regulamentos vigentes, visto que, apesar de inerente às atividades desenvolvidas nos
laboratórios e de ser notável que pelo menos dois riscos ambientais se fazem presentes no
ambiente laboratorial, não há políticas instituídas atualmente no sentido de proteção aos atores
envolvidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
31
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 31000: Gestão de riscos:
Princípios e diretrizes. 2009. ISBN 978-85-07-01838-4.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14725: Produtos químicos
— Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente Parte 4: Ficha de informações de
segurança de produtos químicos (FISPQ): Referências. Rio de Janeiro, 2009.
AYRES, I.B.S.J.; NOBRE, S.C.C. (Org.). Secretaria da Saúde do Estado da Bahia.
Departamento de Vigilância da Saúde. Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador. Manual de
Normas e Procedimentos Técnicos para a Vigilância da Saúde do Trabalhador. 2ª ed. 2002.
Salvador: EGBA, 1996.
BERNSTEIN, P. L. 1996, Against the Gods: The Remarkable Story of Risk. New York, John
Wiley and Sons, 383 pp.
BITENCOUT, C. L.; QUELHAS, O. L. G.; LIMA, G. B. A. Mapa de riscos e sua importância:
como aplica-lo a uma gráfica. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO, 1999. Anais. 1999. Disponível em:
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep1999_a0258.pdf>. Acesso em: 25 de julho de
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BOAVENTURA, E. M. Metodologia da Pesquisa: monografia, dissertação e tese. São Paulo:
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BRASIL. Portaria n° 25, de 29.12.1994. Norma Regulamentadora – NR 9. Departamento
Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. Disponível em: <
http://www.audiologiabrasil.org.br/legislacao/legislacao_3.pdf>. Acesso em: 10 de agosto de
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APÊNDICES
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
QUESTIONÁRIO PARA ELABORAÇÃO DO MAPA DE RISCO
DEPARTAMENTO/SETOR:
LABORATÓRIO:
CARGO DO RESPONSÁVEL:
Objetivos:
A - Reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança
e saúde dos trabalhadores, como elemento essencial para elaboração dos modelos de mapa de
risco aplicáveis;
B – Possibilitar durante a sua elaboração, a troca e divulgação das informações entre os
empregados, bem como, estimular sua participação nas atividades de prevenção.
01 - Detalhes do processo de trabalho do local:
a) Jornada de trabalho:
b) Atividades exercidas:
c) Houve treinamentos profissionais de segurança e saúde (para os técnicos, alunos e
professores)?
d) Há a disposição no laboratório equipamentos de proteção individuais e coletivos?
Quais? Estão aptos a utilizá-los? Fazem o uso?
e) Conhece a ferramenta do Mapa de Riscos?
03 - Identificar as medidas preventivas ou de proteção existentes e sua eficácia:
( ) medidas de combate a incêndio (extintor)
36
( ) medidas de higiene e conforto (banheiros, lavatórios, chuveiros, armários):
04- Identificar os indicadores de saúde:
a) Já houve acidentes de trabalho? Se sim, qual a frequência de ocorrência? Por qual
motivo acha que ocorreu?
b) Queixas frequentes dos servidores expostos aos mesmos riscos:
c) Considera que os técnicos, alunos e professores que atuam no laboratório estão sujeitos
a acidentes?
d) Doenças profissionais diagnosticadas:
02 - Identificação dos riscos:
Grupo 1 – Riscos Físicos
Ruído ( )
Origem:
Utilização de protetor de ouvido ( )
Calor excessivo ( )
Origem:
Frio excessivo ( )
Origem:
Radiação ( )
Origem:
Vibrações ( )
Origem:
Umidade excessiva ( )
Origem:
37
Grupo 2 – Riscos Químicos
Produtos Químicos ( )
Quais os mais utilizados:
Perídio médio de manipulação (diário, semanal, mensal):
Riscos de respingos de substâncias químicas ( )
Riscos de contaminações pelas substâncias químicas ( )
Emanações de gases ( )
Origem:
Vapores ( )
Origem:
Poeiras ( )
Origem:.
Fumos ( )
Origem:
Grupo 3 – Riscos Biológicos
Contaminação por vírus ( ) Bactérias ( )
Fungos ( ) Protozoários ( )
Proliferação de insetos ( )
Grupo 4 – Riscos Ergonômicos
Esforço físico intenso ( )
Levantamento e transporte manual de peso ( )
Postura inadequada/incômoda ( )
Jornadas excessivas de trabalho ( )
Monotonia e repetitividade ( )
Situações de estresse relatadas
Grupo 5 – Riscos de Acidentes
Arranjo físico inadequado (passagens impedidas, com obstáculos) ( )
Máquina e equipamentos sem proteção ( )
Produtos Químicos armazenados de forma incorreta ( )
Iluminação inadequada ( )
Ferramentas inadequadas/defeituosas ( )
Fios soltos, sem proteção ou isolamento
Animais peçonhentos ( )
38
APÊNDICE B - Mapa de Risco Laboratório de Biotecnologia e Ecologia Microbiana
39
APÊNDICE C - Mapa de Risco Laboratório de Citogenética – LABGEN
40
APÊNDICE D - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia da Vegetação
41
APÊNDICE E - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia de Aves
42
APÊNDICE F - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia de Bivalves e Insetos Aquáticos
43
APÊNDICE G - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia de Comunidades
44
APÊNDICE H - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia e Ecologia Aquática
45
APÊNDICE I - Mapa de Risco Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros –
LEMARPE
46
APÊNDICE J - Mapa de Risco Laboratório de Ensino de Microbiologia e Biologia Molecular
47
APÊNDICE K - Mapa de Risco Laboratório de Ensino de Microscopia
48
APÊNDICE L - Mapa de Risco Laboratório de Fisiologia Vegetal
49
APÊNDICE M - Mapa de Risco Laboratório de Ictiologia e Coleção de Peixes
50
APÊNDICE N - Mapa de Risco Laboratório de Mastozoologia (Sala de Triagem e Coleção de
Mamíferos)
51
APÊNDICE O - Mapa de Risco Laboratório de Morfologia e Morfometria
52
APÊNDICE P - Mapa de Risco Laboratório de Scarabaeoidologia
53
APÊNDICE Q - Mapa de Risco Laboratório de Sistemática e Taxonomia de Artrópodes
Terrestres
54
APÊNDICE R - Mapa de Risco Laboratório de Taxonomia e Ecologia de Microrganismos
Aquáticos – LATEMAS
55
APÊNDICE S - Mapa de Risco Laboratório de Vetores de Interesse Médico
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