o
Pemba, Caixa Postal, 260E-mail: [email protected]
M o ç a m b i q u e
Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia e Sofala
Líder da Renamo recua depois da intervenção de dois diplomatas
Venâncio Mondlane candidato do MDMMunicipais 2013 já mexem
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Centrais
A cambalhota de Dhlakama
TEMA DA SEMANA2 Savana 02-08-2013
Embora se mantenha a incógnita
em torno da materialização das elei-
ções autárquicas no próximo dia 20
de Novembro em virtude da tensão
político-militar que divide o Gover-
no e a Renamo, dois dos três par-
tidos com assento no parlamento já
se mexem.
Recorde-se que a Renamo, maior
partido da oposição, reitera a sua
posição de que enquanto não for re-
visto o pacote eleitoral não participa
nas eleições e na última reunião do
Conselho Nacional ameaçou invia-
bilizar as eleições.
Tal como se verificou em 2011,
aquando da eleições intercalares
em virtude da renúncia de três edis
(Quelimane, Pemba e Cuamba), o
MDM tomou a dianteira de apre-
sentar os seus rostos para escrutínio
do próximo dia 20 de Novembro.
Para a cidade de Maputo, o MDM
avança com Venâncio Mondlane.
Para a cidade da Beira, berço e bas-
tião do MDM, Daviz Simango vai
para o terceiro mandato enquanto
que para a cidade de Quelimane,
capital provincial da Zambézia, o
actual edil, Manuel de Araújo con-
corre à sua própria sucessão. Para a
cidade Nampula o MDM apresen-
tou o nome de Mahamudo Amura-
ne, gestor de empresas e agente eco-
nómico da província de Nampula.
Formado em engenharia Florestal
pela UEM, Venâncio Mondlane é
um funcionário bancário de 39 anos
de idade. Mondlane notabilizou-se
no espaço público pelos seus co-
mentários críticos ao regime.
O nome de Venâncio Mondlane
começou a ser ligado ao MDM em
2009, quando apareceu como um
dos elegíveis ao cargo de secretário-
-geral.
Nascido numa família com fortes
ligações ao partido Frelimo, onde o
pai ocupou cargos de direcção em
diversas empresas públicas, a ligação
de Venâncio Mondlane ao MDM
não foi pacífica ao nível familiar que
se identifica com o partido no poder.
O candidato ao município de Nam-
pula é um agente económico de 40
anos de idade, formado em gestão
de empresas em 1999 pela Pontifí-
cia Universidade Católica do Brasil.
Tal como Venâncio Mondlane, a
família de Mahamudo Amurane
também tem fortes ligações com o
partido no poder. O candidato do
MDM é irmão da actual ministra
na Presidência para os Assuntos
Parlamentares, Autárquicos e das
Assembleias, Adelaide Amurane.
Para o Município da Matola, o
MDM avança com o nome de Sil-
vério Ronguane, sociólogo e docen-
te universitário.
Ronguane concorre pelo município
depois de, em 2003 ter sido excluí-
do da corrida eleitoral ao município
de Maputo. Nessa altura, Silvério
Ronguane concorria como indepen-
dente.
Até ao fecho da nossa edição, o
MDM apenas tinha oficialmente
apresentado candidatos aos municí-
pios da província de Nampula.
Para além de Muhamudo Amurane,
o MDM apresentou Fátima Anifa
Reane Couto, de 59 anos de idade,
como sua candidata para o municí-
pio de Nacala - Porto.
Na Ilha de Moçambique, o MDM
tem como candidato Abdul Rahi-
mo Abdul Satar, antigo quadro da
Renamo que, entre outros cargos, já
assumiu as funções de vereador de
administração e finanças naquele
município, quando estava sob go-
vernação da Renamo no mandato
passado.
No município de Ribáuè, ainda na
província de Nampula, o MDM
aposta no professor Luís Constan-
tino Aonaquina.
Para o município de Angoche, o
candidato é Faruque Abdala, de 38
anos de idade, com nível médio em
ensino geral.
Enquanto isso, para o município de
Monapo, Zeferino João, que tem
nível médio geral, será o rosto do
MDM.
Já em Malema, nova autarquia da-
quela província, o candidato do
MDM é Francisco Jamal, de 56
anos, com terceiro ano de ensino
agrário do nível elementar.
Candidatos da Frelimo na forja Enquanto o MDM avança com no-
mes dos candidatos às autarquias, a
Frelimo adiou a realização da elei-
ções internas, inicialmente marca-
das este fim-de-semana.
A escolha dos candidatos que deve-
rão concorrer pela Frelimo será fei-
ta entre os dias 17 e 18 de Agosto.
Neste momento, várias listas prove-
nientes dos círculos do partido onde
vão decorrer as eleições chegam à
Comissão Política para a selecção
final.
Soube o SAVANA que a Comissão
Política vai carimbar três nomes
para cada município a fim de con-
correr para as internas.
Porém, informações em poder do
SAVANA indicam que David Si-
mango, actual edil de Maputo vai
concorrer à sua própria sucessão.
Do princípio, este será o único can-
didato que não enfrentará oposição
interna. Para o município da Beira,
o partido Frelimo avança com os
nomes de Zacarias Magibire, do-
cente da Universidade Pedagógica,
delegação da Beira e antigo membro
da Assembleia Municipal de Don-
do, Mateus Saize, actual presidente
da Assembleia Municipal da Beira
e Jaime Meto, deputado da As-
sembleia da República pelo círculo
eleitoral de Sofala. Dos três concor-
rentes, o candidato de preferência
da direcção do partido é Zacarias
Magibire.
Para o município de Nampula, a
Frelimo dispensou o actual edil,
Castro Namuaca e avançou nomes
de Absalão Sueia, antigo adminis-
trador de Malema e Primeiro se-
cretário da Frelimo ao nível da ci-
dade de Nampula, Kabir Ibrahimo,
vice-presidente da CTA-Norte; e
Amisse Cololo, director técnico da
Assembleia Provincial de Nampula.
O nome de Absalão Sueia é aponta-
do como favorito.
Os rostos das autárquicas
O arcebispo emérito da
Beira, Dom Jaime Pe-
dro Gonçalves, disse
em entrevista ao SAVA-
NA que a situação política que se
vive no país poderia ter sido evi-
tada no acto de implementação
do AGP (Acordo Geral da Paz),
assinado em Outubro de 1992, em
Roma, capital italiana.
Dom Jaime Gonçalves defende
que alguns protocolos não foram
cumpridos na íntegra pelas partes
envolvidas, nomeadamente o Go-
verno da Frelimo e a Renamo.
“Alguns pontos em discussão no
diálogo entre o Governo e a Re-
namo estão preconizados nos pro-
tocolos do AGP. Uma vez que este
não foi cumprido na íntegra, te-
mos esta confusão. Quando com-
bina-se uma coisa é para cumprir”,
disse o arcebispo emérito da Beira,
segunda maior cidade do país.
Tal como defendem muitos mo-
çambicanos, Dom Jaime Gon-
çalves também apela às duas de-
legações a assumirem um diálogo
permanente, afirmando ainda que o
PR (Presidente da República) e o
presidente da Renamo devem encon-
trar-se para dialogar.
“Os dois devem encontrar-se com
urgência para resolver os problemas
do país. Os dois conhecem os pontos
que não foram cumpridos no âmbito
da implementação do AGP. O Chefe
do Estado foi negociador chefe pela
Frelimo e Raul Domingos pode jo-
gar um papel importante, porque
também foi negociador chefe pela
Renamo. Todas as discussões eram
canalizadas ao líder da Renamo e
ao antigo Chefe do Estado, Joaquim
Chissano, que também pode ajudar a
explicar o que falta por cumprir no
AGP”, afirmou.
Quanto ao local ideal para o en-
contro, Dom Jaime diz que tanto
Gorongosa, como Maputo podem
acolher a sessão, pois, diz ele, o im-
portante é que haja paz duradoira e
livre circulação de pessoas e bens em
Moçambique.
O arcebispo emérito da Beira foi um
dos mediadores da paz, mas agora diz
que a sua saúde não ajuda muito para
reassumir protagonismo no diferen-
do que opõe o Governo da Renamo.
“A minha contribuição pode ser
através de opiniões e conselhos pu-
blicados na imprensa. Sentar-me à
mesa para ouvir a todos já não posso.
Desejo existe, mas a saúde não ajuda
muito e tenho recomendação médica
para não fazer muito esforço”, escla-
receu.
Desmilitarização da RenamoOs protocolos quatro e cinco do
AGP falam da criação de um exér-
cito único no país, pelo que não faz
sentido, diz Dom Jaime, que até hoje
a Renamo tenha homens armados
que ainda não foram integrados na
Polícia, tal como ficou acordado.
“O incumprimento dos protocolos
quatro e cinco é que está a pôr em
causa o AGP, e este assunto deve ser
resolvido com urgência. Não vamos
andar à procura do mal, quando sa-
bemos a sua origem”, disse.
Sobre o alegado cerco de Gorongosa,
onde se encontra Afonso Dhlakama,
Dom Jaime entende que as FDS
(Forças de Defesa e Segurança),
nomeadamente a FIR (Força de Intervenção Rápida) e as FADM (Forças Armadas de Defesa de Moçambique) devem abrir espaço para o diálogo, deixando a zona. “Como é que alguém que está cercado vai circular e negociar um problema. Neste país tem de haver circulação de pessoas e bens livre-mente, porque estamos em Estado de Direito e Democrático”, disse, condenando também os ataques da Renamo.Sobre o boicote anunciado pela Renamo às eleições autárquicas de 20 de Novembro, o arcebispo emé-rito da Beira julga que “não é ético” que haja eleições para uns enquan-to outros pedem a resolução de problemas que duram há 20 anos. “A não participação da RENA-MO pode ter outra interpretação
dentro e fora do país e suas conse-
quências. Tudo deve ser feito para
que todos participem, evitando as-
sim fragilizar a democracia”, notou
Dom Jaime.
- Venâncio Mondlane em Maputo, Daviz Simango na Beira, Araújo em Quelimane e Mahanudo Amurane em Nampula;
- Frelimo adia “eleições internas” para os próximos dias 17 e 18 de Agosto, mas informações na posse do SAVANA indicam que David Simango con-corre pela cidade de Maputo, Zacarias Magibire para Beira e Absalão Sueia para a cidade de Nampua
Por Raul Senda
“Ausência da Renamo pode fragilizar democracia”- comenta Dom Jaime Gonçalves sobre o boicote anunciado pelo maior partido na oposição às autárquicas de Novembro
Por Constantino André, na Beira
David Simango Zacarias Magibire Mateus Saize
Daviz Simango Manuel de Araújo Venâncio Mondlane
TEMA DA SEMANA 3Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE
TEMA DA SEMANA4 Savana 02-08-2013
Conferência de candidaturas eleitorais: um “exército” para manusear 30.000 folhas
TEMA DA SEMANA
Um “exército” de funcioná-
rios poderá ser mobilizado
pela Comissão Nacional
de Eleições (CNE) para
proceder à verificação dos documen-
tos de candidaturas para as eleições
autárquicas de 20 de Novembro pró-
ximo.
Os procedimentos de apresentação
de candidaturas anunciados pela
CNE em 22 de Julho referem que
“o processo recebido é conferido, ru-
bricado e carimbado folha-a-folha,
na presença do mandatário ou seu
substituto, conforme a ficha-resumo
de registo dos processos de inscrição
ou individual do candidato aprovado
pela CNE”.
“No momento do recebimento de
cada processo, é preenchida a ficha-
-resumo, sob conferência presencial
do mandatário ou representante
feita ao expediente que este apresen-
ta....”
Este é um procedimento novo, que
não consta da lei, e foi anunciado na
semana passada pela CNE, com ob-
jectivo de evitar a confusão ocorrida
em 2009, em que os processos fo-
ram aceites sem serem previamente
verificados, e só mais tarde se veio a
descobrir que faltavam documentos.
Esta situação resultou na exclusão de
vários partidos.
Segundo dados do STAE, este ano
haverá 1.216 assentos em todas as
53 Assembleias Municipais. Assim,
cada partido político, coligação ou
lista de cidadãos eleitores devem
apresentar candidatos correspon-
dentes ao tamanho da Assembleia
Municipal e pelo menos três su-
plentes (contudo, querendo, são au-
torizados a apresentar uma lista de
suplentes correspondente ao número
de assentos).
No acto da formalização, cada can-
didato deverá apresentar cinco do-
cumentos, nomeadamente: cópias
do bilhete de identidade e o cartão
de eleitor, um certificado de registo
criminal e duas declarações separa-
das: uma que manifesta a sua acei-
tação de se candidatar e outra que
declara a sua elegibilidade para ser
candidato.
Em 2008 houve, em média, quatro
partidos ou listas de cidadãos que
tiveram candidatos em cada muni-
cípio.
Assim, assumindo que a tendência
de 2008 se mantenha este ano nas
53 autarquias, significa que o CNE
deverá processar mais de 30.000 fo-
lhas e compilar duas cópias de uma
ficha-resumo (uma para CNE e ou-
tra para o partido) na qual atesta que
fez a conferência do documento.
A maioria dos documentos, certa-
mente, será apresentada no último
dia, 6 de Setembro. Será que o CNE
está pronta para processar 20 mil fo-
lhas em um dia?
A CNE reconhece que serão “mui-
tos” documentos por analisar, mas
garante que desta vez estará melhor
preparada para lidar com os mesmos,
evitando, deste modo, o que aconte-
ceu em 2009, em que alguns partidos
queixaram-se do desaparecimento
de algumas folhas.
Esta garantia foi dada por António
Chipanga, vogal da CNE e coorde-
nador da comissão jurídica, o mesmo
que numa reunião com os observa-
dores da comunidade diplomática,
a 23 de Outubro de 2009, admitiu
que a CNE não estava preparada
para os milhares de processos que
foram apresentados a 29 de Julho
do mesmo ano, e que as caixas com
processos foram deixadas espalhadas
por toda a CNE.
Na ocasião, Chipanga que também
ocupava o mesmo cargo, chegou
mesmo a fazer ironia acerca de um
“vento maligno” que aparentemente
espalhou alguns papéis.
A CNE acreditava que podia verifi-
car todas as candidaturas e que tinha
elaborado um recibo adequado para
entregar aos partidos políticos, como
comprovativo de que havia recebido
a documentação, sem no entanto
confirmar a sua conformidade.
De facto houve um caos total e não
foi feita nenhuma verificação antes
de entregar o recibo e o Conselho
Constitucional, na sua deliberação
(Acórdão nº 09/CC/2009 de 28 de
Setembro), disse que aceitar os pro-
cessos sem os verificar “viola mani-
festamente disposições imperativas
da lei”.
Chipanga disse que este ano, a CNE
estará preparada, devendo contar
com um “exército” de funcionários
do STAE e CNE, alguns dos quais
serão funcionários e membros das
comissões eleitorais da Cidade e
Província de Maputo. Este foi um
dos meios utilizados nas eleições
passadas para verificar, novamente,
os milhares de votos nulos.
Assembleias Municipais: assen-tos reduzidos em Maputo, Beira e CuambaOs Municípios de Maputo, Beira
(Sofala) e Cuamba (Cabo Delgado)
terão menos membros nas Assem-
bleias Municipais do que actual-
mente, devido a uma queda no nú-
mero de eleitores recenseados.
Os outros 40 municípios antigos
mantêm ou aumentam os números
de membros, de acordo com a lista
de mandatos aprovados na quarta-
-feira, pela CNE.
Assim, na cidade de Maputo o nú-
mero de assentos cai de 67 para 64
assentos, na Beira de 45 para 44 e
Cuamba, com a maior redução, de
31 para 21.
Os maiores aumentos, segundo da-
dos da CNE, registam-se em Moa-
tize (Tete), passando de 13 para 21 e
Angoche (Nampula), de 21 para 31.
Os resultados finais do recensea-
mento eleitoral realizado de 25 de
Maio a 23 de Julho, aprovados na
quarta-feira pela CNE, contêm al-
gumas mudanças relativas ao total
de pessoas inscritas. A lista contém
1.408 eleitores inscritos acima do
que fora tornado público pelo Secre-
tariado Técnico de Administração
Eleitoral (STAE), imediatamente à
seguir ao término do processo. As-
sim, o número total de eleitores ins-
critos elevou-se para 3.059.794.
O número de assentos na Assem-
bleia Municipal é baseado no núme-
ro de eleitores recenseados. De acor-
do com a lei eleitoral a Assembleia
terá:
— 13 membros, se estiverem inscri-
tos menos de 20.000 eleitores.
— 17, se registados entre 20.000-
30.000
— 21, se recenseados entre 30.000-
40.000
— 31, se inscritos entre 40.000-
60.000, e
— 39, no caso de registados mais de
60.000 eleitores.
Entretanto, nos municípios onde
o número de eleitores supera os
100.000, aumenta-se aos 39, um
assento para cada 20.000 eleitores
adicionais aos 100.000. Isto signifi-
ca que um município que registou
123.000 eleitores, terá 39+1.
Assim, a Cidade da Matola, por
exemplo, que registou 386.579 elei-
tores, tem 39 lugares mais 14 lugares
adicionais, pelos 280.000 eleitores
acima de 100.000 que registou, per-
fazendo um total de 53 lugares.
Autárquicas: apenas quatro manifes-
tações de interesse em concorrer
Apenas dois partidos políticos e
duas listas de cidadãos eleitores ma-
nifestaram interesse de participar
nas eleições autárquicas de 20 de
Novembro próximo, efectuando a
sua inscrição junto da CNE.
Trata-se dos Movimento Democrá-
tico de Moçambique (MDM), Par-
tido Humanitário de Moçambique
(PAHUMO), Juntos pela Cidade de
Maputo ( JPC) e ASSIMUNA, de
Nampula, estes dois últimos são gru-
pos de cidadãos eleitores que preten-
dem concorrer para ser membros das
Assembleias Municipais.
Até ao momento, a CNE aceitou a
inscrição do MDM e do JPC, fal-
tando decidir sobre a aceitação ou
não da manifestação de interesse dos
demais.
De salientar que os partidos e coli-
gações de partidos políticos devem
registar-se em Maputo, mas os gru-
pos de cidadãos locais podem sub-
meter seus documentos para a Co-
missão Provincial de Eleições.
O prazo para a realização das inscri-
ções é até terça-feira, 6 de Agosto,
ao que se seguirá a submissão dos
documentos de candidaturas para
aquele partidos, coligações e grupos
de cidadãos eleitores cujas inscrições
foram aceites.
(Boletim sobre o processo político em Moçambique)
TEMA DA SEMANA 5Savana 02-08-2013 SOCIEDADE
Depois de vários anos em que
o Instituto Nacional de Se-
gurança Social (INSS) te-
ria se tornado virtualmente
num saco azul para operações es-
tranhas ao seu mandato, surgiu, nos
últimos tempos, uma proposta que
pretende colocar aquela instituição
guardiã das pensões dos trabalha-
dores, sob alçada do Ministério das
Finanças.
A proposta está a levantar um gran-
de sururu no seio dos trabalhadores,
que consideram que a transferên-
cia da tutela da instituição para o
Ministério das Finanças tornará-a
efectivamente numa extensão do
Tesouro, colocando os seus recursos
directamente sob gestão do gover-
no.
Actualmente, o INSS é tutelado
pela Ministra do Trabalho, mas
gozando de autonomia adminis-
trativa, financeira e patrimonial. Os
principais contribuintes para a ins-
tituição, no âmbito da legislação so-
bre a Segurança Social Obrigatória,
são as empresas e os trabalhadores,
que mensalmente descontam uma
parte dos seus salários como contri-
Governo quer transferir tutela do INSS para MInistério das Finanças
buição para as suas futuras pensões.
Alguns especialistas em matéria de
segurança social, contactados pelo
SAVANA, consideram que para
além de violar as normas estabe-
lecidas pela Organização Interna-
cional do Trabalho (OIT) quanto a
esta matéria, a colocação da tutela
do INSS junto do Ministério das
Finanças poderá complicar ainda
mais o sistema nacional de segu-
rança social, uma vez que ao abri-
go da legislação sobre a segurança
social obrigatória, o Ministério das
Finanças já é responsável pela ges-
tão da segurança social de todos os
funcionários do Estado.
De acordo com o seu estatuto or-
gânico, aprovado pelo Decreto nº
17/88, de 27 de Dezembro, o INSS
“é uma entidade pública, dotada de
personalidade jurídica, de autono-
mia administrativa e financeira e de
património próprio”.
O estatuto atribui ainda a tutela do
INSS ao Ministro do Trabalho. As
suas actividades são supervisiona-
das por um Conselho de Adminis-
tração, composto obrigatoriamente
por representantes, em número
igual do Estado, das entidades em-
pregadoras e dos traqbalhadores.
A gestão corrente da instituição é
assegurada por um Director Geral,
nomeado pela entidade que a tute-
la, depois de ouvido o Conselho de
Administração.
Apesar de ter uma forte componen-
te do Estado na sua gestão, efecti-
vamente, o INSS é propriedade dos
seus contribuintes, que é a maioria
dos trabalhadores moçambicanos.
Por isso, receia-se que a transferên-
cia da sua tutela para o Ministé-
rio das Finanças poderá criar uma
situação em que os seus activos,
constituídos essencialmente pelas
contribuições dos trabalhadores,
possam ser confundidos com ou-
tros recursos residentes no Tesouro,
e daí serem utilizados para finan-
ciar actividades que recaiem sobre o
Orçamento Geral do Estado.
Em contacto com o SAVANA, o
Secretário Geral da OTM, Ale-
xandre Munguambe, disse que não
tinha conhecimento da proposta de
transferência do INSS para o Mi-
nistério das Finanças e sublinhou
que a acontecer, o assunto terá que
ser primeiro discutido ao nível da
Comissão Consultiva do Trabalho
(CTA), o órgão onde estão repre-
sentadas todas as partes interessa-
das no INSS.
“Esse assunto nunca foi levanta-
do ao nível da CTA, que é o local
onde ele poderia ser discutido”, dis-
se Munguambe. “Por isso, não me
posso pronunciar”.
Fontes competentes disseram ao
SAVANA que o Ministério das
Finanças tem a função de regula-
dor para o sector financeiro e ao
assumir a tutela do INSS estaria,
em simultâneo a desempenhar o
papel de regulador e de operador
do sector.
Aparentemente, a decisão de trans-
ferir o INSS para a alçada do Mi-
nistério das Finanças surge como
resposta aos sucessivos escândalos
em que a instituição tem estado
envolvida nos últimos anos, resul-
tando na mudança constante dos
seus órgãos de administração e de
gestão.
Mas as mesmas fontes disseram
que sendo esse o caso, a melhor
solução seja talvez encontrar uma
nova estrutura para a organização, e
não se tentar resolver um problema
criando-se outro.
Em contacto com uma fonte da
CTA, o SAVANA soube que o as-
sunto terá sido apresentado há cer-
ca de três meses, tendo nessa altura
sido constituida uma equipa inter-
-ministerial envolvendo os Minis-
térios do Trabalho, da Planificação
e Desenvolvimento e das Finanças.
A fonte disse que o objectivo do
trabalho da equipa era auscultar as
diferentes sensibilidades da socie-
dade moçambicana sobre o assunto,
tendo em vista a definição de novos
estatutos e desenho do rumo que o
INSS deveria tomar no futuro.
Mas a mesma fonte adiantou que
apesar da CTA ser parte interessa-
da, ainda não foi formalmente in-
formada quer do resultado quer das
conclusões do trabalho da equipa.
O SAVANA soube também de
fontes seguras que ao mesmo tem-
po que procura retirar o INSS da
tutela do Ministério do Trabalho,
há também outras movimentações
para a transferência da Delegação
do Ministério do Trabalho na Áfri-
ca do Sul para a alçada do Minis-
tério dos Negócios Estrangeiros e
Cooperação (MINEC).
As fontes que nos avançaram esta
informação disseram que está a pe-
sar para essa decisão o facto de que
as relações de Moçambique com
outros países do mundo devem ser
conduzidas através do MINEC.
Mas segundo soubemos, a Delega-
ção do Ministério do Trabalho na
África do Sul goza de um estatuto
especial, que consta de um acordo
assinado entre os dois países nesse
sentido em 1992, como uma aden-
da ao acordo original rubricado em
1964, quando Moçambique ainda
era colónia portuguesa. (Redacção)
Tal como o SAVANA
noticiou na última edi-
ção, Rogério Sitoe foi
“afastado” da direcção
do jornal notícias e em seu lu-
gar foi indicado Jaime Langa,
um economista sem credenciais
conhecidas no jornalismo.
Até à data da sua nomeação,
Jaime Langa era vereador para
área das actividades económi-
cas do município da Matola e
director do jornal de Negócios,
uma inexpressiva publicação via
electrónica.
O novo boss do jornal notícias
foi empossado nesta terça-
-feira pela PCA da Sociedade
do Notícias, Esselina Macome,
que justificou a indicação com
a necessidade de dinamizar o
funcionamento da publicação e
continuar a responder ao mer-
cado.
Sitoe, que “tecnicamente pediu
para sair”, foi director do jornal
por cerca de dez anos, quando
Jaime Langa, novo boss do notícias
substitiu Bernardo Mavanga,
em 2003.
“Rogério Sitoe foi afastado não
propriamente por ter ido a Sa-
tunjira, mas pelas convicções
pró Dhlakama que trouxe de
lá e compartilhou com colegas
bufos que relataram ao regime.
Mas aliado a isso, há outras
makas internas que foi acumu-
lando”, afiançou-nos uma fonte
bem colocada no jornal detido
maioritariamente pelo Banco
de Moçambique.
Anteriormente, havia sido co-
gitado os nomes de Delfina
Mugabe e Júlio Manjate para
substituir Sitoe, mas, à última
da hora, veio a baila Jaime Lan-
ga. Lutas internas, que culmi-
naram com cartas escritas para
os accionistas, Comissão Polí-
tica e Secretariado do Comité
Central da Frelimo, terão dita-
do para que seja indicado uma
pessoa de fora.
(Redacção)
6 Savana 02-08-2013INTERNACIONAL
O primeiro-ministro do
governo de unidade
nacional do Zimba-
bwe e candidato pre-
sidencial, Morgan Tsvangirai,
disse nesta quinta-feira que as
eleições da última quarta-feira
foram “uma grande farsa”.
“A nossa opinião é que estas
eleições são nulas”, disse em
conferência de imprensa Tsvan-
girai, que lidera o Movimento
para a Mudança Democrática
(MDC), e que enfrentou pela
terceira vez nas urnas o presi-
dente Robert Mugabe, há 33
anos no poder.
Acrescentou que foi “uma elei-
ção fictícia que não reflecte a
vontade do povo” por causa das
manipulações de Robert Muga-
be.
“O escrutínio não respeita as
normas da Comunidade de De-
senvolvimento da África Aus-
tral (SADC), da União Afri-
cana (UA) e da comunidade
internacional para eleições cre-
díveis, legítimas, livres e hones-
tas”, disse.
Adiantou que a credibilidade
do escrutínio ficou manchada
por “violações administrativas e
jurídicas que afectam a legitimi-
dade do resultado”.
Os resultados da votação, sobre
a qual recaem suspeitas de frau-
de, ainda não foram divulgados,
mas o campo do presidente
Mugabe já reivindicou a vitória,
posição que Tsvangirai se escu-
sou a comentar.
Contudo, antes das denúncias
de Tsvangirai um alto dirigente
do partido de Robert Mugabe
reclamou vitória.
“Ganhámos esta eleição. Quei-
mámos o MDC. Nunca tivemos
dúvidas de que íamos ganhar”,
revelou a fonte que preferiu não
ser identificada em declarações
à Reuters.
Os observadores já vieram esta
quinta-feira admitir “irregulari-
dades graves” que podem com-
prometer os resultados das elei-
ções”, noticia a Reuters. São 600
os observadores internacionais e
seis mil locais.
Observadores Os observadores da UA disse-
ram quarta-feira à noite que a
votação “foi livre e honesta” en-
quanto os elementos da SADC
ainda não se pronunciaram so-
bre a forma como decorreram as
eleições.
O MDC denunciou numerosas
irregularidades, nomeadamente
o facto do nome de muitos elei-
tores não constar dos cadernos
eleitorais, que foram tornados
públicos menos de 24 horas an-
tes da eleição, o que inviabilizou
a sua verificação independente.
Vários chefes de Estado no mundo estão actualmente no poder apesar da sua idade avançada,
como o Presidente Robert Mugabe, que luta aos 89 anos por um novo mandato à frente do
Zimbabwe.
No continente africano, Robert Mugabe é um dos chefes de Estado que se mantém no poder há mais
anos, governando o Zimbabwe desde Abril de 1980.
Já o Presidente Teodoro Obiang Nguema, de 71 anos, está à frente da Guiné Equatorial desde Agosto
de 1979.
Outro líder octogenário é o Presidente dos Camarões, Paul Biya, de 80 anos, que governa sem con-
testação desde 1982. Na Etiópia, o Presidente Girma Wolde-Giorgis, nascido em 1924, como Robert
Mugabe, está em funções desde 2001, mas ocupa um cargo sobretudo honorífico.
No Médio Oriente, o Presidente israelita Shimon Peres, de 89 anos, foi eleito para o cargo em 2007
(poderes protocolares) e está na cena política há meio século, tendo exercido praticamente todas as
funções ministeriais, estando à frente do governo por duas vezes.
Na Itália, o Presidente Giorgio Napolitano, de 88 anos, foi reeleito para um segundo mandato. O chefe
de Estado concordou com o pedido do Partido Democrático (PD, esquerda) e da direita de concorrer
pela segunda vez, apesar da sua idade, para retirar o país de um impasse político e pelo “senso de res-
ponsabilidade”.
Em Cuba, o Presidente Raul Castro, de 82 anos, foi reeleito em Fevereiro de 2013 para um segundo
mandato de cinco anos. O seu irmão, Fidel Castro, cinco anos mais velho, cedeu-lhe o poder por razões
de saúde, em Julho de 2006.
Raul Castro tornou-se oficialmente Presidente em 2008 e primeiro secretário do Partido Comunista
de Cuba (PCC) em 2011.
Actualmente, entre os monarcas no poder no mundo, está o rei Abdallah, nascido em 1923, que está à
frente da Arábia Saudita desde a morte, em 2005, do seu meio-irmão, Fahd, entretanto, dirige o reino
desde 1995.
No Reino Unido, a rainha Isabel, de 87 anos, reina há 61 anos e comemorou em 2012 o jubileu de
diamante.
A Rainha foi coroada em 1953, aos 27 anos, depois da morte do seu pai, Jorge VI, em Fevereiro de
1952. Elisabeth é o segundo monarca britânico em mil anos a passar os 60 anos de reinado.
O rei Bhumibol da Tailândia, de 85 anos, é actualmente o mais velho dos chefes de Estado em exercí-
cio com 67 anos de reinado. Tornou-se rei em Junho de 1946, aos 18 anos, depois do seu irmão morrer,
em circunstâncias nunca esclarecidas.
Entretanto, contrariamente a todos estes dirigentes no poder apesar da idade, o papa Bento XVI, de
85 anos, pediu sua resignação em Fevereiro, alegando que “não tinha mais forças” para dirigir a Igreja
católica em razão da sua idade avançada.
(Lusa)
A organização não-governa-
mental Zimbabwe Election
Support Network (ZESN), que
tinha sete mil observadores no
terreno, estima que cerca de um
milhão de eleitores tenha desa-
parecido das listas.
Cerca de 6,4 milhões de zim-
babweanos estavam inscritos
nos cadernos eleitorais, numa
população estimada de 12, 9
milhões de pessoas.
Os resultados oficiais da pri-
meira volta das presidenciais
não deverão ser conhecidos
antes de segunda-feira e uma
eventual segunda volta deverá
ocorrer a 11 de Setembro caso
nenhum dos candidatos obte-
nha 50 por cento dos votos na
primeira volta.
Nas últimas eleições presi-
denciais, em 2008, Morgan
Tsvangirai conquistou 47 por
cento dos votos na primeira
volta, contra 43 por cento de
Robert Mugabe.
Após a divulgação dos resulta-
dos, partidários dos dois lados
envolveram-se em confrontos
dos quais resultou a morte de
200 pessoas.
Para evitar uma guerra civil,
Tsvangirai retirou a sua candi-
datura, deixando Mugabe como
único candidato na segunda
volta.
Em 2009, sob pressão da co-
munidade internacional aceitou
participar num governo de uni-
dade nacional para acabar com
a violência.
Eleições foram “uma grande farsa”
Octogenários no poder
7Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE
8 Savana 02-08-2013SOCIEDADE
O Museu da História Natu-
ral completou no presente
mês de Julho 100 anos da
sua existência, um cente-
nário celebrado a meio de dificul-
dades que decorrem, sobretudo, da
falta de investigadores que apostam
na área da biodiversidade e conser-
vação do meio ambiente. Tutelado
pela UEM (Universidade Eduardo
Mondlane), o museu tem recebido
investigadores formados por aquela
universidade pública, mas muitos
abandonam a instituição em busca
de outras oportunidades de empre-
go que lhes garantam vantagens
económicas imediatas. Actualmen-
te, o museu conta com apenas dois
investigadores nacionais.
Para além da falta de capital huma-
no voltado à investigação, o Museu
da História Natural ressente-se
da falta de laboratórios adequados
para uma actividade científica con-
digna. Estes factos foram revelados
ao SAVANA por alguns quadros
que trabalham com o museu, por
ocasião da passagem dos 100 anos
da instituição, criada a 06 de Julho
de 1913, na vigência do sistema co-
lonial.
Nuno Negrões, da Universidade
de Aveiro, Portugal, trabalha na
área da educação às populações
em matéria da biodiversidade e
conservação do meio ambiente em
Moçambique. Em conversa com o
SAVANA, ele explicou que o mu-
seu tem basicamente duas missões,
nomeadamente uma ligada à inves-
tigação científica e outra que tem
a ver com a educação à sociedade
em matéria da importância da bio-
diversidade e conservação do meio
ambiente. Pela sua importância,
esta última, diz Negrões, tem me-
recido um lugar especial na agenda
da instituição, onde o principal de-
safio é promover palestras nas es-
colas. Outra preocupação do museu
é promover exposições tendo como
finalidade motivar as pessoas a visi-
tar a instituição. Nos últimos anos,
o museu regista pouca afluência de
visitantes nacionais.
“O que acontece é que as pessoas
já ouviram falar de uma zona cha-
mada Museu, mas pouco ou nada
sabem sobre a verdadeira origem
Centenário do Museu da História Natural
Investigadores abandonam instituição à procura de vantagens económicasPor Américo Pacule
do nome. Por isso a educação será
também direccionada ao público
em geral, sendo o objectivo central
estimular o gosto pelos museus”,
explicou o investigador da Univer-
sidade de Aveiro.
Neste momento, várias actividades
estão a ser desenvolvidas pela insti-
tuição no sentido de trazer mais in-
formações ao público relacionadas
com sistema natural das espécies,
para além das tradicionais expo-
sições e documentários que visam
motivar as pessoas para visitar o
museu.
São disso exemplo as exibições so-
bre os insectos e sobre a biodiversi-
dade, visando mostrar a sua impor-
tância não só para o equilíbrio do
ecossistema, mas também para o
ser humano. “Não serão aulas nor-
mais, porque o museu não substitui
a escola, mas complementa-a”, ob-
servou o nosso interlocutor.
Pouca gente interessa-se -
ca em MoçambiqueUm dos problemas colocados por
Nuno Negrões prende-se com a
falta de investigadores que se inte-
ressam pela área da biodiversidade
e conservação do meio ambiente.
“Não há muita gente a fazer in-
vestigação científica em Moçam-
bique”, constatou. Um dos motivos
por ele apontado tem a ver com o
facto de se tratar de uma área que
requer muitos recursos financeiros.
Mais ainda, o pouco dinheiro que
entra nos cofres da instituição ge-
ralmente pela mão do Estado não
chega para cobrir todas as despesas,
pois o mesmo tem de ser repartido
por diversas áreas do interesse da
instituição.
Museu é pouco visitado por moçambicanosO Museu da História Natural é
mais visitado por cidadãos estran-
geiros, pois muitos nacionais “têm
sempre a ideia de que visitar os mu-
seus é assunto para turistas”.
Para Negrões, o museu deve ser vis-
to como mais um lugar de aprendi-
zagem histórica que devia interes-
sar a qualquer cidadão. “O museu
tem feito esforço para trazer mais
moçambicanos ao museu”, indicou.
Poucas instituições apos-tam em investigação
Almeida Wissamulo é um dos dois
investigadores nacionais que traba-
lham no Museu da História Natu-
ral. Docente na UEM, Wissamulo
lamenta que há cada vez menos
instituições a apostar em projectos
de investigação científica no domí-
nio da biodiversidade e conservação
do meio ambiente. Aliás, segundo
este investigador, essa é a principal
causa que explica o pouco interesse
dos jovens pela área. “De facto isso
retira ao investigador o prazer de
ir ao mato, porque para lá chegar
é preciso ter uma viatura condigna
para poder escalar as matas”.
Em face desta situação, o Museu da
História Natural é obrigado a re-
correr a estudos financiados e reali-
zados por cidadãos estrangeiros que
aceitam não só partilhar os resulta-
dos obtidos, mas também trabalhar
com investigadores nacionais.
Entre 1999 e 2000, exemplifica,
houve um cidadão de nacionali-
dade sul-africana, Vincent Park,
de seu nome, que se prontificou a
realizar um estudo na área da fau-
na bravia que cobria as três regiões
do país. O estudo visava a produ-
ção de um atlas sobre as espécies
existentes. Porém, o estudo não foi
efectivado na sua globalidade devi-
do à crise económica que assolou o
mundo por essa altura.
Wissamulo entende que o sector
privado e os megaprojectos, por
exemplo, deviam ser sensíveis e
financiar projectos de investigação
científica na área da biodiversidade
e conservação do meio ambiente,
“porque de alguma forma os resul-
tados conseguidos são também do
seu interesse”.
Ficheiros perdidos
Em 1975, ano da Independência
de Moçambique, muitos ficheiros
contendo informações importantes
sobre as espécies registadas no pe-
ríodo colonial foram perdidos. Foi
uma perda da memória que obri-
gou os investigadores a recomeça-
rem tudo de novo. Neste momento,
o Museu da História Natural conta
com 600 espécies de aves já catalo-
gadas. Nas próximas actividades se-
rão catalogados insectos e espécies
marinhas.
“O que fizemos foi organizar os
frascos contendo amostras para
fazer catalogação, o que exige uma
sala especial para isso”, conta Wis-
samulo, lamentando que o museu
não tem neste momento uma sala
com equipamento adequado para
poder fazer este tipo de operação.
Muitas espécies da família dos
crustáceos encontram-se mistura-
dos em frascos, o que coloca um
desafio aos investigadores no sen-
tido de reorganizar as espécies em
frascos separados ao que se seguirá
um trabalho de catalogação. O nos-
so interlocutor disse que os frascos
são materiais muito escassos no
mercado nacional, o que requer um
investimento maior para que os
mesmos sejam trazidos de fora.
Outra dificuldade tem a ver com
o registo de algumas espécies ma-
rinhas, sobretudo golfinhos e du-
gongos, que se acham em lugares
remotos.
Neste momento, o museu tem re-
gistadas três espécies de animais
marinhos, sendo duas espécies de
golfinhos e uma espécie de dugon-
gos.
Desconhecido número de espécies
existentes em Moçambique
Segundo Wissamulo, o Museu da
História Natural não está em con-
dições de informar sobre a quanti-
dade de espécies existentes no país.
A razão deste desconhecimento
deve-se à saída massiva de investi-
gadores que trabalhavam no museu,
nos anos imediatamente a seguir à
independência.
Durante a guerra dos 16 anos en-
tre o Governo e antiga guerrilha da
Renamo, por exemplo, o país per-
deu algumas das espécies conside-
radas tipicamente africanas como
o rinoceronte, a girafa, o cão selva-
gem e a chita. Inúmeras espécies de
répteis também desapareceram de-
vido às queimadas descontroladas e
outras práticas de desflorestamento.
O Museu de História Natural
foi criado a 6 de Julho de 1913
pela portaria no 1095, tendo
sido baptizado como Museu
Provincial. Criado pelo Capi-
tão Alberto Graça, o Museu de
História Natural ocupou diver-
sos lugares até à sua instalação
definitiva no edifício que se
encontra em frente da Escola
Secundária Josina Machel. O
museu já funcionou nas actu-
ais instalações do Tribunal Su-
premo e no antigo Liceu 5 de
Outubro (depois Liceu Salazar
e hoje Escola Secundária Josina
Machel), tendo a direcção sido
exercida por professores que
lecionassem as disciplinas das
Ciências Biológicas ou Física
e Química. Seria em 1932 que
o museu conheceria a sua últi-
ma localização quando o então
Governador-geral de Moçam-
bique, Coronel José Cabral,
transferiu-o definitivamente
para a presente localização.
Refere-se que as actuais insta-
lações do Museu da História
Natural tinham sido concebidas
para uma escola primária, mas
que nunca funcionou como tal.
Breve historial
Vista frontal do Museu da História Natural
Nuno Negrões
9Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE
10 Savana 02-08-2013SOCIEDADE
Michel Rocard é um vulcão. Aos 82 anos continua lúcido e acutilante, falando
com paixão sobre a crise económica mundial e os problemas do meio ambiente. Ele foi Primeiro-min-istro de França entre 1988 e 1991, Ministro da Agricultura, candidato à presidência francesa em 1969 e é actualmente deputado do Partido Socialista no Parlamento Europeu. Esteve recentemente em Maputo onde participou num debate sobre a crise mundial na perspectiva da França e Moçambique. Pretextos mais que suficientes para uma en-trevista ao SAVANA. Abdul Sule-mane foi recolher as suas opiniões.
Qual é a pertinência do tema de-
batido recentemente sobre a crise
mundial para França e Moçambi-
que?
Nós estamos sofrendo várias revo-
luções perigosas. A primeira é nos
países desenvolvidos. Não é só em
África. O problema está na estag-
nação do crescimento. Em todos
os países envolvidos, América do
Norte, Japão e a Ásia tem um alto
nível de desemprego. Ao qual se
acrescenta um grande nível de pre-
cariedade de emprego. São empre-
gos que se encontram em quinze
dias até um mês. Os contratos não
são escolhidos, são impostos. Com
salários abaixo do nível legal.
O que está a acontecer realmente?
Isso quer dizer que os países de-
senvolvidos já não puxam pela
economia, travam-na. A economia
dos países desenvolvidos não puxa
a economia do mundo, está a tra-
var o mundo. O segundo elemento
completamente diferente, com ra-
zões diferentes também, é que há
uma desorganização completa no
sistema financeiro mundial. Vimos
isso com a crise da informática no
ano 2000. Vimos isso com a falên-
cia da Enron em 2002, de 2006 a
2007 grandes bancos faliram. Nessa
série, a mais famosa foi da Lehman
Brothers, um banco americano com
dezenas de milhões de clientes no
mundo. Era o segundo ou o terceiro
maior banco do mundo.
Existe alguma fragilidade nas eco-
nomias dos países desenvolvidos?
Essa fragilidade do sistema ban-
cário está ligada ao facto de cerca
de 85% da sua actividade estar no
mercado especulativo e não re-
presenta o mercado real. É o que
chamamos mercado de produtos
derivados. Especula-se através de
títulos, em que não há presença real
do produto, como alumínio, gás
ou outro produto. É simplesmente
uma transacção de títulos financei-
ros especulativos. Essa é a segunda
dificuldade.
O quê os países envolvidos na
crise fizeram para reverter a situ-
ação?
Desde a falência do Lehman Bro-
thers não se fez nada para se re-
cuperar a situação. Para recuperar
outro rombo dessa natureza. Ape-
nas melhorámos algumas peque-
nas precauções bancárias. Neste
momento temos cerca de 750 tri-
liões disponíveis para especulação a
qualquer momento. É uma amea-
ça maior que está aqui presente. A
termos uma explosão como tivemos
em 2008 com a falência do Leh-
man Brothers, o desastre será oito
vezes maior. E nessa altura a África
será atingida.
O que acha que se fará mesmo que
a África seja atingida?
Quando a pessoa deposita o seu sa-
lário no banco, os nossos depósitos,
muitos dos vossos bancos aqui são
filiais de bancos internacionais. Se
esses bancos de envergadura mun-
dial forem à falência não poderão
devolver o seu depósito, não há
fronteira hermética entre África e
o resto do mundo.
Como é que os estados africanos
se defenderiam de uma situação
dessas?
Tinham de obrigar o Conselho
de Segurança das Nações Unidas
a adoptar regras e regulamentos
bem mais estritos, porque também
não há regras a nível de Estados
suficientes para reverter a situação.
Por enquanto em todos os países
grandes potências, as entidades
bancárias não querem mais regu-
lamentação porque ganham com a
especulação. É muito importante
que os EUA e a Europa tomem
precauções em relação a isso. Mas
eles não estão a fazer isso. Mesmo a
China que está conectada com tudo
isso está neste momento em perigo.
Qual é o cenário actual dos países
desenvolvidos perante a crise?
Os 18 países da Europa criaram
uma moeda única que é o euro. Na
altura do Lehman Brothers quise-
ram salvar os seus bancos acrescen-
tando dinheiro público o que fez
aumentar a sua dívida. E daí temos
uma crise onde surgem os países
muito endividados da União Eu-
ropeia em relação aos outros países
da zona euro. Não há uma interde-
pendência muito grande entre uma
e outra, mas isso agrava-se porque
há diferença na origem das crises e
uma agrava a outra.
Temos ainda a questão do aqueci-
mento global?
Sem relação com tudo isso, outro
elemento terrível é o aquecimento
global. Nós ainda não começámos a
combater esse aquecimento global.
Isso está a agravar a desertificação
em África. Isso pode provocar a
seca no grande Médio Oriente, o
tão. E até agora os industriais na
área do petróleo dos Estados Uni-
dos é que impediram o seu governo
a adoptar uma posição firme. Eles é
que fizeram falhar a conferência de
Quioto e de Copenhaga. Portanto
tenho a esperança e a expectativa
de que dentro de dez anos a África
possa tomar uma posição única de
uma só vez quanto a esta questão. Pois é necessário produzir menos gás carbónico. É esse gás que quan-do estagna na camada atmosférica impede o calor de subir e causa o aquecimento global. É isso que é o efeito estufa. Temos que nos pôr de acordo para produzirmos menos carbono.
Não acha que a visão da Rússia é para desviar as atenções sobre a questão do aquecimento global? Não é desvio da questão, mas sim um bloqueio. Ela bloqueia, não adopta nenhuma posição. Não se desvia de nada. Simplesmente nega a existência do efeito estufa.
Então admite que alguns países desenvolvidos ignoram esta ques-tão do aquecimento global?Não é uma questão de admitir. Constata-se que é o que está a acontecer. Atenção a isso, é a po-sição de alguns governos. Não quer dizer que a comunidade científica desses países rejeite a existência do efeito de estufa. Só que na Rússia eles são obrigados a ficar calados.
Voltando para a África. Como vê as políticas sobre o ambiente nes-tes países?Para começar nunca se deve falar de África no singular. Seria idio-ta. Temos a África seca e húmida. Temos a África superpovoada, Ru-anda, Burundi e o Egipto. Não tem algo a ver com a África que é pouco povoada. E as políticas ambien-tais têm de ser diferenciadas e um pouco por todo o lado. Numa for-ma geral, a África necessitaria de melhorar a cooperação entre essas regiões para evitar a desertificação da terra. Vocês têm problemas ali-mentares em algumas regiões. Em segundo lugar, é preciso preservar a água. Evidentemente quando digo isso parece que não quero di-zer nada. Para certos países como Gabão, República Democrática do Congo são países muito húmidos. Para eles não se levanta a questão da água. A zona de savana ao sul do Equador necessita de uma polí-tica internacional da água. Há essa necessidade. E se calhar é também necessário intensificar todas as po-líticas de protecção da biodiver-sidade, tanto no aspecto vegetal e animal. A África apresenta uma
fraqueza de fazer isso na base na-
cional. Afinal esse assunto é a nível
continental e mundial. E por isso
deve ser abordado nessa escala.
Michel Rocard em entrevista
Iraque, Irão, Jordânia, Líbano, Isra-
el, Síria, Arábia Saudita. Portanto é
necessário que a Humanidade esteja
de acordo mas não estamos a con-
seguir isso porque os que produzem
electricidade, o gás carbónico não
querem parar. Eles ganham com
isso. E isso diz respeito a África
também.
Será que a África tem capacidades
de obrigar os países do CS das Na-
ções Unidas?
Não sei. Cada estado de forma iso-
lada não consegue. Não podem.
Mas já vai algum tempo desde que a
África se adoptou de uma organiza-
ção que é a União Africana. São 53
países e se pudessem em conjunto
dizer aos Estados Unidos, Europa,
China e Japão que têm de se tomar
decisões sérias, isso teria mais peso.
Mas não temos o hábito. O proble-
ma é que reflectimos que o único
poder é o das nossas nações. As na-
ções tornaram-se muito pequenas
para ter uma acção com muito peso.
A questão é que as nações têm de
estar de acordo entre elas. É preciso
apresentar propostas. É preciso ne-
gociar.
Todos os países desenvolvidos e os
emergentes ignoram a questão do
aquecimento global em privilégio
da economia? Qual seria o cená-
rio de África se não tem condições
para fazer frente?
Para começar, perante essa questão
do aquecimento global todo o mun-
do está ameaçado. Não há isolamen-
to possível para África. Toda a Ásia
e América Latina serão atingidas
por esta questão. A grande questão
é que a mensagem da comunidade
científica ainda está a ser discutida.
Na Rússia diz-se que esta questão
de aquecimento global é uma pia-
da. Isso não existe. E até se diz que
é um complô do Ocidente ameri-
cano e europeu para enfraquecer a
Rússia. Porque a força da Rússia é o
petróleo e o gás. É um pensamento
idiota e falso. Por enquanto a Rússia
rejeita qualquer posição internacio-
nal. A Arábia Saudita, que ganha
enormemente com a exportação do
petróleo e gás, quer continuar a sua
linha. E assim será necessário que
estes dois países sejam vencidos no
âmbito de uma Assembleia Geral
das Nações Unidas ou do Conselho
de Segurança.
Existem países que dão ouvidos
aos seus cientistas sobre a questão
do aquecimento global?
O caso interessante é dos Estados
Unidos onde a palavra dos cientistas
é escutada. O governo tem conheci-
mento e está informado da situação.
Mas os industriais da área do petró-
leo não querem perder nessa ques-
“Alguns acham o aquecimento global uma piada”
Michel Rocard
11Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE
12 Savana 02-08-2013SOCIEDADE
O Tribunal Judicial da Provín-
cia de Cabo Delgado con-
denou, há dias, a companhia
chinesa Mozambique Tien-
he Trading Devolopment, Lda por
se ter provado o seu envolvimento
no tráfico e contrabando de marfim,
pontas de rinoceronte, carapuças de
pangolins, excrementos de elefantes
e peças de arte fabricadas com base
no marfim.
Proferindo a sentença do caso que
remota desde Janeiro de 2011, Rai-
mundo Luís Khavinha, juiz do caso,
disse no veredicto pronunciado a 15
de Julho de 2013 que a companhia
chinesa Mozambique Tienhe Trad-
ing Devolopment, Lda é condenada
ao pagamento de uma indemnização
de 3.500.000,00 USD (três milhões
e quinhentos mil dólares america-
nos) o equivalente a cerca de 98 mil-
hões de meticais.
A condenação surge em virtude do
Tribunal ter provado em sede de
produção de provas que a companhia
chinesa acima referida teria ilicita-
mente e fraudulentamente empaco-
tado num contentor de madeira 126
pontas de marfim, o equivalente a 63
elefantes, uma ponta de rinoceronte,
carapuças de pangolins e excremen-
tos de elefantes.
Ao agir naquele sentido, a com-
Tribunal de Cabo Delgado condena chineses a pesadas multas
panhia tencionava retirar, de forma
ilegal, aqueles produtos do país,
lesando o Estado moçambicano e
particulares.
Para além do valor acima indicado, o
juiz Khavinha condenou a compan-
hia chinesa a arcar com as despesas
referentes às custas judiciais, no
máximo dos impostos.
Em Janeiro de 2011, um navio de
grande calado baptizado com o
nome de “Kota Mawar”, agenciado
pela SDV-AMI, da Antígua, uma
pequena ilha nas Caraíbas, foi retido
no Porto de Pemba, por se suspeitar
que a carga transportada era ilegal.
Tratava-se de 161 contentores de 20
pés cada de madeira em toro extraída
na província de Cabo Delgado e que
tinha como destino a China.
A madeira em causa era propriedade
de empresas de madeira pertencentes
a cidadãos chineses, nomeadamente
Mofid, com 89 contentores, Tienhe,
com 30, Pacif, com 20, Sinlian, com
15, e Alphaben, com 7.
O “Kota Mawar” já tinha o aval das
Alfândegas bem como da Agricultu-
ra para avançar quando entidades li-
gadas à Defesa e Segurança naquela
região do país frustraram a saída.
Por causa dessa desconfiança, as au-
toridades competentes ordenaram o
descarregamento da madeira para a
reverificação dos contentores.
Foi no processo de reverifi-
cação que no contentor número
PRS4215078/1, da empresa MITI,
Lda., foi encontrado o material aci-
ma referido cuja exportação e com-
ercialização é proibida pelas conven-
ções internacionais que o nosso país
ratificou.
Vendo-se a nora com as autoridades
judiciais, a MITI Lda apareceu pub-
licamente a se distanciar do crime e
disse que tinha sido traída pelos seus
parceiros chineses.
Sentindo-se traída pelo seu parceiro
económico, a MITI, Lda, repre-
sentado pelo seu respectivo sócio
gerente, Mohamed Faruk Ibraimo
Jamal, intentou uma acção contra a
Mozambique Tienhe Trading De-
volopment, Lda exigindo uma ind-
emnização no valor de cinco milhões
de dólares americanos (o equivalente
a cerca de 140 milhões de meticais)
por ter posto em causa o nome da
sua companhia onde nalguns círculos
chegou a ser conotado com o tráfico
e contrabando de bens acima men-
cionados enquanto na realidade essas
operações foram efectuadas sem o
conhecimento do lesado.
Diz o queixoso que por causa da
ligação da sua empresa com o trá-
fico dos produtos faunísticos proibi-dos viu parte dos seus parceiros a cancelarem negócios que mantinha com a sua companhia facto que cul-minou na perda de avultadas somas monetárias.Na sua argumentação, a MITI Lda diz que autorizou a compan-hia chinesa a empacotar, nos seus contentores, madeira e não as peças apreendidas.Foi perante os factos que o Tribunal de Cabo Delgado entendeu que a Mozambique Tienhe Trading De-volopment devia indemnizar a com-panhia MITI, Lda no valor de cerca de 98 milhões de meticais e não os cerca de 140 milhões que esta firma tinha anteriormente pedido. O SAVANA tentou sem sucesso ou-vir as partes do processo. Soubemos que o representante da Mozambique
Tienhe Devolopment Lda, Qiuhua
Yan, abandonou o país logo que a
sentença foi proferida fazendo desa-
parecer consigo parte do património
da empresa.
Porto de Pemba, o ponto onde os chineses tencionavam contrabandear produtos faunísticos proibidos
13Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE
Savana 26-07-2013Savana 26-07-2013
Depois do discurso inflamatório
proferido nesta segunda-feira
na abertura do II Conselho
Nacional (CN) do partido em
Satunjira, o líder da Renamo, Afonso
Dhlakama voltou atrás na tarde des-
ta quarta-feira e pediu calma aos seus
conselheiros. É que na abertura do
CN, órgão mais importante do par-
tido entre congressos, Dhlakama fez
notar que a 13ª ronda negocial com
o governo, adiada para 5 de Agosto,
deve demonstrar avanços no sentido
de ultrapassar a tensão político-militar,
caso contrário a Renamo abandona-
ria as conversações e dividiria o país.
A retórica belicista de Dhlakama, pas-
sada praticamente na íntegra na Stv e
no canal público de televisão, levantou
uma onda de preocupação em Maputo
e trouxe à memória os frescos episódios
de Muxúnguè.
“Vamos dar um ponto final. Se a Fre-
limo continuar a brincar como tem
feito, então a partir da próxima semana
deve demonstrar que quer negociar. Se
a Frelimo não quer negociar, também
não vamos ajoelhar, vamos resolver sem
que haja negociações”, ameaçou o líder
da Renamo, aplaudido efusivamente por
cerca de centenas de militantes da per-
diz, numa improvisada sala de conferên-
cias erguida na já apelidada Academia
Política do maior partido da oposição
em Moçambique.
Na ocasição, Afonso Dhlakama assegu-
rou que irá “resolver” o impasse político-
-militar e que não haverá disparos, nem
manifestações.
Ao que o SAVANA apurou, o recuo de
Dhlakama foi determinado pelas garan-
tias que terá recebido a partir de Mapu-
to de que na 13ª ronda negocial prevista
para próxima segunda-feira, as duas de-
legações iriam finalmente alcançar um
acordo político e submenter a proposta
para a revisão do pacote eleitoral no Par-
lamento.
Os pivot das mensagens para Dhlakama
foram o embaixador dos Estados Uni-
dos da América e da União Europeia,
diplomatas encarregues de compilarem
os posicionamentos da Comunidade
Internacional. Depois do incendiário
discurso, os diplomatas reiteraram a
Dhlakama que ele é um homem de paz
e que era importante abandonar a retó-
rica belicista.
A Dhlakama foram igualmente dadas
garantias que se vai encontrar uma “lin-
guagem de compromisso” para acomo-
dar as exigências da Renamo. Contudo,
seria complicado acomodar a questão
da paridade nos termos em que a perdiz
exige.
O SAVANA soube igualmente que Ar-
mando Guebuza reiterou em privado
nesta quarta-feira a sua disponibilidade
em se encontrar com o líder da Rena-
mo em Maputo ou em qualquer capital
provincial, mas colocou de lado a possi-
bilidade de se descolocar à Gorongosa.
A II sessão extraordinária da Assembleia
da República que arrancou nesta quinta-
-feira agendou um debate em torno da
controversa legislação eleitoral. Esta ses-
são acontece numa altura em que faltam
três meses para as eleições autárquicas, o
que levanta dúvidas sobre a viabilização
do processo caso as exigências da Rena-
mo sejam acolhidas pela lei eleitoral.
O maior partido da oposição exige uma
CNE designada em respeito ao prin-
cípio da paridade entre a Frelimo e a
Renamo, “sem prejuízo do consenso al-
cançado entre as bancadas da Frelimo e
do MDM”.
A Renamo defende igualmente que este
modelo de “paridade” seja também repli-
cado a “todos os seus órgãos de apoio”,
designadamente, Comissões Provinciais
de Eleições, Distritais e de Cidade, com
as necessárias adaptações.
Meia voltaO recuo do líder da Renamo surpreen-
deu também aos conselheiros no último
dia do II Conselho Nacional ao afirmar
que não devia ser da iniciativa da sua
formação política abandonar as nego-
ciações.
Dhlakama referiu que não vai desistir
do diálogo político governo/Renamo,
mesmo que o executivo “decida brincar”.
O maior político-militar do mundo,
como um dia se apelidou, fundamenta
seu posicionamento pelo facto de con-
siderar estar a viver num “mundo falso”
em que as pessoas começam a tirar con-
clusões precipitadas.
“A iniciativa não pode ser nossa, porque
este mundo é falso. Eles vão dizer muita
coisa, tais como nós (Renamo) convocá-
mos o Conselho Nacional para desistir
das negociações. Nós vamos ter paciên-
cia, pois quando a criança está a brincar,
temos que ter paciência e brincar com
ela também”, explicou.
Dhlakama pronunciou-se momentos
após os conselheiros terem literalmente
“explodido”, depois de ouvirem as expli-
cações do chefe da equipa negocial Sa-
moine Macuiana.
Macuiana disse aos participantes que as
negociações estão a ser uma farsa, o que
levou grande parte dos conselheiros a
proporem o abandono do diálogo polí-
tico com o governo.
“Temos que parar com isto. Basta”, ou-
via-se na sala que acolheu a sessão.
É que os conselheiros da Renamo fica-
ram furiosos quando ouviram de Ma-
cuiana que nestas negociações só se ouve
da parte governamental palavras como
o debate é “pertinente, urgente, clarivi-
dente e relevante”, mas que não se vis-
lumbram sinais de avanços.
Um dos membros provenientes de
Nampula disse: “nós sabemos que na
próxima ronda o governo poderá preten-
der nos fazer de bobos, a melhor forma é
avançarmos para o sacrifício. Aceitamos
derramar o nosso sangue para manter a
democracia”.
Com os ânimos exaltados, Afonso
Dhlakama teve que pedir calma. “Eu
não diria que devíamos parar tudo a par-
tir da segunda-feira. Vamos ter paciên-
cia. Não sou ditador, mas estou a aconse-
lhar. Queremos negociações sérias para
ter os resultados que não são apenas
para a Renamo, mas para a democracia.
Queremos a lei eleitoral boa para todos
os partidos políticos. Isto não pode ser
visto como um problema da Renamo ou
de Dhlakama. O Dhlakama não quer a
lei boa para se tornar presidente de Mo-
çambique, mas é pela democracia para
a qual lutámos”, precisou o líder da Re-
namo.
Futuro político do paísAfonso Dhlakama disse que o futuro
político do país dependerá da dinâmica
que se vai implementar nestas negocia-
ções. Referiu que o país está a entrar
numa nova ordem política nacional que
vem sendo adiada há 20 anos.
“O povo deve estar preparado para abra-
çar a nova era, pois o regime opressor
está no seu fim”, vaticinou Dhlakama,
que se encontra aquartelado em Satun-
jira desde 15 de Outubro passado, uma
forma encontrada para pressionar o Go-
verno de Armando Guebuza a negociar
uma nova ordem em Moçambique.
Segundo Dhlakama, a crueldade perpe-
trada pela Frelimo que se está a assistir
nestes momentos revela o fim de regime.
“Quando jornalistas são despedidos em
Maputo do seu cargo só porque estive-
ram em Satunjira a entrevistar Dhlaka-
ma, isto significa o fim de um regime
opressor”, frisou Dhlakama numa clara
alusão à recente exoneração de Rogério
Sitoe, director do jornal Notícias, o jor-
nal oficioso do regime.
Movimentação bélicaAfonso Dhlakama voltou a alertar as
autoridades governamentais sobre a ne-
cessidade de mobilizar as forças de se-
gurança longe do seu reduto sob pena de ser obrigado a responder a provocações.Elementos de algumas especialidades das FADM, com destaque para coman-dos e infantaria coadjuvados pela Força de Intervenção Rápida (FIR) fizeram um cerco ao Quartel General de Afon-so Dhlakama. Estes encontram-se a 20 quilómetros de Satunjira, o que deixa desconfortáveis os homens de ambos lados.Afonso Dhlakama, que reiterou segun-da-feira última na abertura do II Con-selho Nacional que não voltaria à guer-ra, disse que o seu posicionamento não quer dizer que se for provocado não se defenderia.“Se eles nos vierem provocar, faremos eles correr. Não há guerra, mas podere-mos dar lição a quem nos provoca”, disse Dhlakama reiterando a sua intenção de não voltar a promover à guerra.A desconfiança mútua no seio dos ele-mentos da Força de Defesa e Segurança e da Renamo transformou o povoado de Satunjira num dos mais vigiados do país. A desconfiança é de tal forma que nin-guém confia sequer um seu elemento.Para se ter acesso à Satunjira passa--se por várias posições controladas por forças dos dois lados. Da vila-sede para Satunjira, os transeuntes passam por vá-rias revistas.Do lado governamental, as revistas são feitas pela FIR e do lado da Renamo por
seus homens alguns dos quais trajados
com o fardamento das FADM.
Os deputados da Renamo e outras al-
tas figuras da Renamo não escapam à
revista.
“Nunca na minha vida tinha vis-
to tanta gente junta no meio da
mata e muito menos neste po-
voado onde nasci há 51 anos”,
dizia um residente de Satunjira, que do
lado de fora do recinto onde decorria a
magna reunião de conselheiros da Re-
namo, assistia a todos os movimentos.
Tal cidadão que reside nas imediações
da base referiu que a sua sensação é de
que o povoado está aos poucos se tor-
nando numa cidade.
Na verdade, o movimento desusado de
perto de 100 viaturas entre ligeiros e
pesados e perto de 600 pessoas entre
os conselheiros, convidados e pessoal
de apoio que se faziam àquele povoado,
talvez o mais vigiado do país, causou
certa estranheza a população e a força
de defesa e segurança que povoa o dis-
trito de Gorongosa.
A classe jornalística que cobria o even-
to questionou desde o princípio do
evento sobre o engenho pouco comum
utilizado na edificação da enorme sala
de conferências (construída com base
de material local, estacas e bambus e
com a cobertura de capim revestido
por plástico).
Mais do que apreciar a arquitectura das
Arrancaram na manhã
de ontem, quinta-fei-
ra, os trabalhos da II
sessão extraordinária
da AR (Assembleia da Repú-
blica), cujas principais matérias
de debate são a proposta de re-
visão do Orçamento do Estado
(Lei 01/2013, de 07 de Janeiro)
e os projectos de leis de revisão
pontual da legislação eleitoral.
Um dado extraordinariamente
ordinário é que o Parlamento
moçambicano ainda não re-
cebeu uma proposta sequer da
revisão pontual da legislação
eleitoral, uma vez que prevale-
ce um impasse nas negociações
entre as delegações do Governo
e da Reanamo, de onde se espe-
ra um consenso sobre os pontos
concretos a serem revistos. É
público que a Renamo, maior
partido na oposição, condicio-
na a sua participação nas elei-
ções autárquicas de Novembro
próximo à revisão da legislação
eleitoral aprovada pela AR em
2012, através do voto da banca-
da maioritária da Frelimo e da
minoritária do MDM.
No primeiro dia dos trabalhos
da presente sessão, a Renamo
suas funções.
Dos sete fundamentos apresentados
pelo proponente para a aprovação da
proposta de revisão da Lei 9\2009,
de 11 de Março, que fixa a organiza-
ção, composição e funcionamento do
Conselho Superior da Magistratura
Judicial Administrativa, destaca-se a
necessidade de eleger-se como mem-
bro do Conselho o oficial da justiça
que represente os tribunais adminis-
trativos de primeira instância; uni-
formizar o mandato dos membros
dos Conselhos Superiores das Ma-
gistraturas, alterando-se a duração
do mandato de três para cinco anos;
consagração da figura do Secretário-
-geral; inclusão da actividade de
inspecção dos juízes dos Tribunais
fiscais e aduaneiros; e alargamento
das competências do Conselho, no
âmbito da gestão e disciplina dos
magistrados sob sua jurisdição para
a prática de outros actos de idêntica
natureza.
Direito à Informação de novo adiadoO Parlamento moçambicano voltou
a adiar o debate em plenário do pro-
jecto de Lei do Direito à Informação,
justificando que a proposta ainda ca-
rece de maior aprofundamento. Na
verdade, o projecto submetido em
2005 pelo Misa-Moçambique
à aprovação da AR foi retirado
da agenda à última da hora, uma
vez que era dada como certa a
sua discussão nesta sessão extra-
ordinária. Em várias interven-
ções públicas, dirigentes das co-
missões de trabalho responsáveis
pelo estudo da proposta davam
garantias de que, finalmente, o
projecto de Lei de Direito à In-
formação seria agendado para o
debate em plenário. Mais ain-
da, as comissões especializadas
que trabalham com a proposta
fizeram várias deslocações às
províncias, supostamente para
colher mais contribuições para
enriquecer o projecto.
Uma fonte da AR disse ao SA-
VANA que o Governo ainda
não se pronunciou formalmente
sobre o projecto, situação que
configura como sendo uma das
principais razões para o adia-
mento.
Mas vozes autorizadas alegam
que o debate do projecto de
Lei do Direito à Informação foi
adiado devido à necessidade de
harmonizar as propostas com o
articulado de Lei de Segredo do
Estado e da Lei de Imprensa,
esta última carecendo de revisão.
Parlamento agenda revisão da legislação eleitoral sem proposta para debater
esteve representada por cerca de uma
dezena de deputados, de um total de
51 que perfazem a sua bancada.
Nova lei para Magistratura Administrativa A agenda aprovada pela Comissão
Permanente da AR para esta sessão
integra seis propostas de leis subme-
tidas pelo executivo à aprovação do
Parlamento. Para além das duas pro-
postas supramencionadas, destaque
vai para a proposta de Lei do Esta-
tuto do Médico na Administração
Pública, documento cujos sucessivos
adiamentos da aprovação foram tri-
butários à greve dos médicos promo-
vida pela AMM (Associação Médica
de Moçambique).
No primeiro dia de trabalhos, o Par-
lamento aprovou na generalidade, e
mais uma vez, com votos da Freli-
mo e do MDM, a proposta de Lei
de Revisão da Lei 9\2009, de 11 de
Março, Lei do Conselho Superior da
Magistratura Judicial Administrati-
va. A Renamo considerou oportuna
e pertinente a proposta de revisão
da citada lei, ainda assim, absteve-se
de votar alegando que os órgãos da
administração da justiça estão parti-
darizados pela Frelimo e isso inviabi-
liza o princípio da independência de
que gozam os juízes no exercício das
Satunjira tem duas academias, designadamente a mi-
litar e a política. A militar, segundo informações ob-
tidas no local, foi instalada por Afonso Dhlakama,
quando no ano passado se fez àquele povoado. A
política foi inaugurada aquando da abertura do II Conselho
Nacional da Renamo.
O grosso dos delegados daquele evento afirmou estar feliz por
estar pela primeira vez junto do seu líder, isto graças à abertura
da academia política.
“Eu sou civil, mas membro da Renamo. Se não tivesse sido
aberta esta Academia penso que nem nos sonhos estaria aqui.
Neste momento estamos prontos para receber as orientações
do partido. Estou determinado e posso morrer por meu par-
tido”, disse um jovem militante da Renamo que preferiu não
ser identificado.
Fernando Mazanga disse que a academia política vai se encar-
regar na formação dos quadros políticos.
II Conselho Nacional da Renamo em Satunjira
Dhlakama recua e pede paciência- O recuo supreendente de Dhlakama foi motivado pelas garantias que recebeu de Maputo, logo após o incendiário discurso, de que o acordo político está iminente- Parlamento agenda debate sobre a controversa legislação eleitoral para esta II Sessão Extraordiária que arrancou nesta quinta-feira
Por Domingos Bila, em SatunjiraFotos de André Catueira
- II Sessão Extraordinária arrancou ontem
Por Emídio Beúla
pequenas casas edificadas em redor da
sala que acolheu o evento, questionava-
-se de onde saiu o dinheiro para ali-
mentar centenas de pessoas incluindo
os guerrilheiros que estavam em todo o
lado com cara de poucos amigos.
É que na memória colectiva de muitos,
do jeito como a Renamo aparenta ser
poderá não ter suficientes fundos para
dar de comer a centenas de pessoas que
se fizeram àquele local.
O líder da Renamo, Afonso Dhlaka-
ma, que desde o princípio da reunião se
mostrou carinhoso para com jornalis-
tas, tinha a tendência de também não
responder às questões, mas para não
decepcioná-los acabou respondendo
que quase não se gastou muito dinhei-
ro para o evento.
Na insistência, Dhlakama avançou
“tudo que está aqui em vosso redor saiu
da natureza. Tivemos apoios em esta-
cas, bambus e construímos estas infra-
-estruturas que como vocês vêem foi
com base em material local”.
Sobre a alimentação que era abundan-
te, quase todo o tipo de carne, arroz,
farinha de milho que alimentou os
participantes durante os três dias da
realização do evento, Afonso Dhlaka-
ma respondeu que houve contribuições
dos membros e não revelou o montan-
te aplicado para acolher a reunião que
teve a dimensão de um congresso.
“Para além dos membros eu também
dei a minha contribuição, pois sou em-
presário”, concluiu sem, no entanto, re-
velar a área empresarial em que opera.
Tendas e palhotasNa área adjacente à sala de conferên-
cias, ou seja, do lado norte da colina,
tinham sido montadas tendas. Da
mesma forma foram construídas ca-
banas que abrigaram os participantes.
A empreitada foi preparada algumas
semanas antes da reunião.
Um grupo de apoio composto por ho-
mens e mulheres se encarregava dos
serviços da culinária. Tal exercício era
vigiado com rigor por elementos se-
niores do partido e alguns guerrilheiros
mobilizados para o efeito.
Um dos simpáticos guardas abordado
pelo SAVANA, sem desviar olhares do
lado da cozinha, disse que aquela parte
que vigiava se tratava de uma das im-
portantes áreas. “É muita responsabili-
dade. Cada um aqui tem a sua tarefa e
estamos proibidos de falhar”.
Logística impressionante
Academias em Satunjira
Afonso Dhlakama a sua chegada ao local da conferência.
16 Savana 02-08-2013PUBLICIDADE
1. O Ministério da Saúde (MISAU), convida as empre-sas interessadas para apresentarem propostas, fecha-das, para o fornecimento de Equipamento de Bancos de Sangue.
2. Os concorrentes interessados poderão obter mais informações, examinar os Documentos do Concur-so ou levantá-los no endereço indicado no número 5 deste anúncio pela importância não reembolsável de 1.500,00 MT (Mil e quinhentos meticais). O pa-gamento deverá ser em depósito directo no BCI Fo-mento (conta: MISAU-DAG-JUROS E CADERNOS DE ENCARGOS Nº 10.22.9427.10.001).
3. O período de validade das propostas deverá ser
de 120 (cento vinte dias).
4. As propostas deverão ser entregues no endereço abaixo até 10 horas de 21/08/2013 e serão abertas em sessão pública, no mesmo endereço, às 10 horas e 30 minutos do mesmo dia na presença dos Concor-rentes que desejarem comparecer.
5. As propostas deverão ser acompanhadas de uma garantia provisória segundo consta nos documentos de concurso.
Ministério da SaúdeUnidade Gestora Executora das AquisiçõesAv. Eduardo Mondlane no 1008, Rés de Chão.Cell n: 843894650e-mail.ugea @misau.gov.mzwww.misau.gov.mzMaputo – Moçambique 6. O Concurso será regido pelo Regulamento de Con-
tratação de Empreitadas de Obras Públicas, Forne-cimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º 15/2010, de 24 de Maio.
A autoridade competente
Ilegível
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUEMINISTÉRIO DA SAÚDE
UNIDADE GESTORA EXECUTORA DAS AQUISIÇÕES
Anúncio de Concurso
Concurso Público Nº 187/13/CDC/UGEA/MISAU
Fornecimento de Equipamento de Banco de Sangue
1. O Ministério da Saúde (MISAU) convida as empresas interes-sadas a apresentarem propostas fechadas para a Prestação de Serviços de Manutenção de Aparelhos de Frio
e Climatização dos Órgãos Centrais do MISAU e de Instituições Subordinadas.
2. Os concorrentes interessados poderão obter mais informações, examinar os Documentos de Concurso ou levantá-los no en-dereço indicado no número 5. deste anúncio pela importância não reembolsável de 1.500,00 MT (mil e quinhentos Meticais). O pagamento deverá ser em depósito directo no BCI FOMEN-TO (Conta: MISAU-DAG-JUROS E CADERNOS DE EN-CARGOS Nº 10.22.9427.10.001).
3. O período de validade das propostas deverá ser de 90 (no-venta) dias.
4. O concurso é restrito a pessoas singulares, micro, pequenas e médias empresas inscritas no Cadastro Único tal como referido no Artigo 58 do Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto nº 15/2010, de 24 de Maio.
5. As propostas devem ser entregues no endereço abaixo, até às 10:00 horas do dia 16 de Agosto de 2013, e serão abertas em sessão pública, no mesmo endereço às 10:45 horas do dia 16 de Agosto de 2013 na presença dos concorrentes que desejarem comparecer.
Ministério da SaúdeUnidade Gestora Executora das Aquisições
Av. Eduardo Mondlane nº. 1008 – Rés-do-chãoCell: 84 38 94 650
e-mail: [email protected]
Maputo - Moçambique
6. O Concurso será regido pelo Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto nº 15/2010, de 24 de Maio.
Maputo, aos 30 de Julho de 2013
A Autoridade Competente
Ilegível
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUEMINISTÉRIO DA SAÚDE
UNIDADE GESTORA EXECUTORA DAS AQUISIÇÕES
ANÚNCIO DO CONCURSO Concurso Limitado nº.: 203/OE/UGEA/MISAU/13
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE APARELHOS DE FRIO E CLIMATIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS CENTRAIS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE E DE INSTITUIÇÕES SUBORDINADAS
17Savana 02-08-2013 OPINIÃO
Num artigo recentemente publi-
cado no jornal Business Day, de
Joanesburgo, um proeminente
académico, Aubrey Matshiqi,
colocou a seguinte questão: Será que as
eleições zimbabweanas só se tornam li-
vres e justas se o Movimento para a Mu-
dança Democrática (MDC) ganhar?
Ele também quis saber o que fará o
MDC se perder eleições que os obser-
vadores internacionais tenham declarado
como administrativamente caóticas, mas
não tão anti-democráticas e politica-
mente viciadas como foram as de 2008.
As duas questões são pertinentes. O
Presidente Robert Mugabe goza de um
razoável apoio entre a população negra
sul-africana que não possui capacidade
para discernir os problemas do Zimba-
bwe. Muitos acreditam nas políticas de
“empoderamento” de que Mugabe sem-
pre fala e acreditam também que ele
ganha eleições com legitimidade. Eles
estão errados.
Mas deixem-me tornar claro que as con-
dições no terreno para estas eleições es-
tão melhores do que estavam em 2008.
Para testar as águas, à minha chegada esta
semana ao Zimbabwe para depositar o
meu voto, vesti-me com roupa de cam-
panha da oposição e, depois de participar
num dos comícios de Morgan Tsvangirai
em Chitungwiza, no Domingo, dirigi-
me à comunidade rural de Seke, não tão
distante de Harare, para um churrasco.
Para a minha surpresa, os apoiantes
da Zanu-PF, trajando os vestes da sua
própria campanha, aproximaram-se de
mim e num tom de brincadeira chamar-
am-me de um “traidor” que não deveria
estar na área. Trocámos gargalhadas e
cada um continuou na sua.
Tendo seguido atentamente os acon-
tecimentos no Zimbabwe durante quase
duas décadas como jornalista e activista,
e tendo testemunhado a brutalidade do
regime de Mugabe em várias eleições,
senti-me muito aliviado com esta nova
forma de civismo entre os meu compa-
triotas.
Contudo, esta ausência de violência
não pode significar que as eleições se-
jam livres, justas e credíveis, mesmo se
Morgan Tsvangirai e o seu MDC forem
declarados vencedores. Portanto, em res-
posta às questões apresentadas por Mat-
shiqi, um definitivo não.
A ausência de violência não torna as
eleições livres e justas. Certamente não as
zimbabweanas. Os problemas estruturais
inerentes à condução do processo eleito-
ral no Zimbabwe são profundos.
Se Tsvangirai e o seu MDC ganharem,
significa apenas que terá havido falhas
na máquina de manipulação dos resul-
tados. A essência de qualquer processo
eleitoral considerado livre e justo é a ex-
istência de um recenseamento eleitoral
minimamente limpo. Mugabe sempre
resistiu a todos os planos para um re-
censeamento novo e de raiz, preferindo a
manutenção do actual, que com todos os
seus defeitos tem lhe servido muito bem.
Mas desta vez, mesmo a actualização do
recenseamento eleitoral foi claramente
manipulada para impedir que muitos
eleitores jovens tivessem a oportunidade
de se registarem. Isto porque a maioria
dos jovens são vistos como apoiantes de
Tsvangirai.
A curta janela de oportunidade para o re-
censeamento foi tão dificultada que lev-
ou até oito horas para alguém se registar.
Estima-se agora que mais de 800 mil
potenciais eleitores jovens simplesmente
desistiram do recenseamento. Para além
disso, a existência nos cadernos eleitorais
de centenas de milhar de eleitores já fa-
lecidos ou outros com mais de 110 anos
de idade é um assunto que já foi muito
bem documentado por organizações da
sociedade civil.
O problema com o MDC é que não foi
capaz de insistir na necessidade de um
novo recenseamento de raiz como priori-
dade número um, desde que aceitou fazer
parte do precário Governo de Unidade
Nacional (GNU) em Fevereiro de 2009.
Todas as instituições de administração
eleitoral, nomeadamente a Comissão
Nacional de Eleições (ZEC) e o Serviço
Nacional de Registos e Notariado, que é
responsável pelo recenseamento eleito-
ral, estão cheios de funcionários leais a
Mugabe.
A parcialidade da rádio, televisão e jor-
nais controlados pelo Estado a favor da
Zanu-PF é simplesmente fenomenal.
Enquanto os comícios de Mugabe
mereceram cobertura em directo, o
MDC dificilmente teve acesso a es-
ses meios. Quando o MDC solicitou a
cobertura em directo para a cerimónia de
lançamento do seu manifesto eleitoral,
foi informado que deveria pagar 150 mil
dólares. Dos dois canais “independentes”
de rádio recentemente licenciados, um
tem como proprietário Supa Mandi-
wanzira, que é candidato da Zanu-PF
ao parlamento e o outro é propriedade
de imprensa Zimpapers, que publica o
jornal governamental Herald.
As memórias da violência de 2008, que
desalojou dos seus lares dezenas de mil-
har de zimbabweanos, continuam frescas
entre a população rural. Os homens de
Mugabe não precisam de repetir essa
orgia de violência. Os chefes tradicionais
que lhe devem obediência têm estado a
lembrar às pessoas que a violência poderá
Eleições no Zimbabwe
A ausência de violência não as torna livres nem justasPor Basildon Peta*
se repetir caso Mugabe não ganhe as
eleições na primeira volta.
O Zimbabwe não tinha dinheiro para
a realização destas eleições. De repente,
um dos homens fortes de Mugabe, o
Ministro da Justiça Patrick Chinamasa,
anunciou que havia encontrado dinhei-
ro, e que estava a alocar 85 milhões de
dólares à ZEC. O Ministro das Finanças,
Tendai Biti, ainda não sabe de onde é que
veio o dinheiro. Graças às receitas dos di-
amantes, não registadas junto do Tesouro
Nacional, Mugabe pode alimentar os
seus apoiantes durante os seus comícios,
o que Tsvangirai já não pode.
A simples ausência de violência não pode
conferir legitimidade a estas eleições, in-
dependentemente de quem vier a ganhar.
De facto as eleições, tendo sido marca-
das num espaço de 30 dias, são as piores,
com uma litania de defeitos estruturais.
Mas os observadores africanos, julgando
pelas declaracções de Nkosazana Dlami-
ni-Zuma, poderão considerar as eleições
livres, justas e transparentes. Essa é a
tragédia de África. Mugabe está habitu-
ado a sair-se bem em muitas coisas que
não são aceitáveis.
Ele não está em condições de ganhar
uma eleição livre, transparente e credível.
Somos seres humanos racionais e cer-
tamente que podemos fazer melhor do
que Mugabe. Os membros do MDC já
disseram que não irão aceitar qualquer
resultado que não seja a sua vitória.
Julgando pelo que vejo, eles terão razão
em rejeitar uma vitória de Mugabe. O
medo prevalece no Zimbabwe. Mugabe
não precisa de seviciar um povo já trau-
matizado para ganhar eleições. O sim-
ples medo da violência, caso ele perca,
será o suficiente para ele.
*Peta é um jornalista e jurista zimbabwe-
no residente na África do Sul.
18 Savana 02-08-2013OPINIÃO
CartoonEDITORIAL
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Maputo-República de Moçambique
*
*
Cada vez que grandes
eventos ocorrem em Mo-
çambique um pedaço da
história deste país se es-
creve. A título de exemplo, de 29
a 31 de Julho de 2013 em Satun-
jira, Gorongosa, esteve reunido,
na sua segunda sessão ordinária,
o Conselho Nacional da Renamo
alargado a outros quadros.
Foi um evento brilhante onde
pude testemunhar a maravilha
que é a democracia.
Quando viajo pelas províncias na
minha qualidade de mandatária
do povo, ou nas missões político-
-partidárias sou interpelada por
cidadãos preocupados com os
seus pequenos ou grandes em-
preendimentos que podem não
desenvolver caso ecluda uma
guerra fratricida. Sobre esse as-
sunto, as quase cinco centenas de
participantes a segunda sessão or-
dinária do Conselho Nacional da
Renamo exigiram a cessação das
negociações entre a Renamo e o
Governo da Frelimo depois da
próxima ronda negocial.
Ouviram-se vozes de vários
conselheiros representantes das
onze províncias do país exigindo
um basta a tolerância demons-
trada pelo Presidente da Rena-
mo, Afonso Macacho Marceta
Dhlakama.
A maioria é de opinião que se em
mais de uma dezena de rondas
negociais ainda se está a deba-
ter o primeiro ponto da agenda
não se vislumbrando até aqui o
alcance de consensos, então que
elas terminem. Porém, o Presi-
dente Dhlakama acredita numa
solução pacífica, encontrada por
via do diálogo e por isso não con-
cordou que o encontro Renamo-
Governo da Frelimo a ter lugar
no dia 5 de Agosto fosse o der-
radeiro. Ademais que a Assem-
bleia da República tem como um
dos pontos da sua agenda para a
sessão extraordinária que iniciou
a 1 de Agosto, a revisão Pacote
Eleitoral. É que, não obstante,
14 rondas negociais terem acon-
tecido, está na revisão do Pacote
Eleitoral o cerne do “impasse” das
negociações entre a Renamo e o
Governo da Frelimo.
Agora, se essa extraordinária do
Parlamento moçambicano não
buscar oferecer ao nosso país leis
eleitorais transparentes, que con-
firam aos pleitos eleitorais a cre-
dibilidade que eles merecem, cer-
tamente as negociações terão sido
um exercício governamental de
entreter o maior partido da opo-
sição em Moçambique, Renamo.
Naturalmente, ficou claro que a
Renamo tem um líder verdadei-
ramente visionário e amante da
paz. Daí que em nome de uma
real unidade nacional, da paz e da
democracia duramente conquis-
tada há que se trabalhar de mãos
dadas para que continuemos um
país uno e indivisível como reza
a Constituição da República. É
preciso que a Frelimo pare de
promover ataques às delegações
da Renamo e aos seus membros
e sobretudo parar de incitar a Re-
namo a reagir, com violência. De
nada adianta o discurso do senhor
auto-estima que come sozinho,
mas valia o do cabrito chefe que
permitia que os demais comes-
sem onde estivessem amarrados.
*Comunicóloga, Deputada da Assembleia da República pela Ban-
cada Parlamentar da Renamo
Satunjira escreve pedaço da história do paísPor Ivone Soares*
Parece estar alojada nas mentes de certos meios oficiais ligados ao par-
tido Frelimo, a ideia de que há órgãos de comunicação social e jorna-
listas do sector privado que são pagos por potências estrangeiras para
desestabilizar o governo.
Esta teoria conspirativa defende que os doadores estrangeiros que financia-
vam a oposição chegaram à conclusão de que esta era ineficaz para imple-
mentar a sua agenda, e encontraram, por isso, na imprensa independente a
sua alternativa. Nada poderia ser melhor produto da fertilidade da imagina-
ção de algumas mentes oucas.
Sem apresentar qualquer tipo de provas, essas acusações estão a ser repetidas
de forma sistemática, a tal ponto que já não nos podem deixar convencidos
de que se trate de meros equívocos.
São declarações que parecem fazer parte de uma campanha concertada nos
laboratórios do trabalho ideológico do partido no poder e que visam desa-
creditar a imprensa independente, tornando esta culpada dos lapsos de go-
vernação que têm sido alvo de um amplo movimento de contestação popular.
Não é que não estejamos habituados a este fenómeno. Não é a primeira vez,
e certamente que não será a última, que um governo tenta desculpar-se dos
seus insucessos procurando desenterrar imaginárias conspirações suposta-
mente orquestradas do exterior. E neste acto de desepero, a imprensa é sem-
pre o alvo de preferência.
E não é difícil de perceber porque é que a imprensa, e sobretudo a imprensa
livre, tem que ser um alvo a abater. A natureza do seu trabalho é manter a
população informada do que se passa à sua volta, pondo à sua disposição
instrumentos de análise que possam influenciar a sociedade e ajudá-la a com-
preender melhor as circunstâncias políticas, económicas e sociais em que se
encontre num determinado momento.
Por isso, para os estrategas da propaganda do partido, o primeiro passo para
a consolidação do seu poder hegemónico é desactivar a imprensa indepen-
dente, intimidando-a com acusações de traição. O objectivo é conseguir que a
imprensa livre se remeta à defensiva e comece a pôr limites nas suas próprias
palavras, recorrendo à auto-censura.
Atingido esse objectivo, tudo o que resta para a sociedade consumir são en-
latados de propaganda difundida por meios públicos que são subvertidos e
desviados da sua missão original, para servir os interesses de uma elite preda-
dora que usa o seu controlo do Estado para fins que são alheios aos do povo.
É um insulto grave tentar insinuar que profissionais testados, alguns com
mais de metade de século de vida e dezenas de anos nas trincheiras do jor-
nalismo, sejam tão ingénuos e baratos para se deixarem comprar por umas
moedas de prata somente com o único objectivo de desestabilizar o governo
do seu próprio país. É elevar o intriguismo ao seu expoente máximo tentar
sugerir que há jornalistas patriotas e não patriotas. Todos somos moçambica-
nos e devemos lealdade a esta Pátria.
Haverá, obviamente, jornalistas que por qualquer razão gostariam de ver um
outro governo no lugar do actual. Do mesmo modo que há jornalistas que
acreditam que este é o melhor governo que alguma vez existiu em Moçambi-
que. Mas a ambos estes grupos, assiste-lhes a lei que lhes dá o direito à livre
escolha. E escolher estar do lado oposto ao do governo do dia não pode ser
interpretado como significado de que alguém esteja ao serviço de interesses
estrangeiros.
Na verdade, se uma parte considerável do Orçamento Geral do Estado
(OGE) é financiada por recursos provenientes dos doadores, e tendo em
conta que os órgãos de comunicação social do sector público sobrevivem das
subvenções que recebem deste mesmo orçamento, não será difícil perceber
qual é a parte da nossa imprensa que vive à custa do dinheiro que vem do
estrangeiro.
Os que propalam a ideia de que a imprensa privada recebe subsídios do ex-
terior para desestabilizar o governo esquecem-se, por uma questão de con-
veniência, que a imprensa não tem o poder de inventar factos, e que muitas
vezes os pontos de vista veiculados pela imprensa são apenas a manifestação
escrita, falada ou de imagem daquilo que é o sentimento geral da sociedade
sobre o seu dia-a-dia.
Ao apontar a imprensa privada como o culpado da actual situação que se vive
no país, a máquina de propaganda do regime pretende desresponsabilizar os
governantes, apresentando-os como meras vítimas de campanhas orquestra-
das do exterior e veiculadas internamente por elementos anti-patriotas aloja-
dos no seio da imprensa privada.
Esta é uma falha de análise que não só serve para desinformar o público,
como também não contribui para que os mesmos dirigentes a quem se tenta
proteger, reflictam honestamente sobre a sua própria governação.
A imprensa independente peca muitas vezes por todos os dias nos trazer
verdades amargas. Mas o pior é sermos entretidos na boca com um rebuçado
revestido de uma camada grossa de chocolate, mas que no seu miolo contém
uma carga altamente explosiva de veneno.
A imprensa patriótica e o veneno de chocolate
19Savana 02-08-2013 OPINIÃO
http://www.oficinadesociologia.blogspot.com 335
João Mosca
Futuros ministros e depu-
tados estão a ser analisa-
dos a dois níveis: de cima
para baixo e de baixo para
cima. No primeiro caso, são os
blocos decisionais dos partidos
inspeccionando clinicamente os
candidatos em função de variá-
veis como fidelidade, idoneidade,
compostura e competência; no
segundo, são os candidatos (mui-
tos deles, não todos) que se des-
dobram por múltiplos caminhos,
com deslocações sistemáticas
às sedes partidárias, exibição de
virtudes e saberes, postura públi-
ca de crítica zelosa aos críticos,
sedução de membros influentes
dos blocos políticos decisionais,
etc.
Especialmente para os minis-
teriáveis, as universidades são
importantes centros de pesquisa
partidária ao nível de doutores
fiéis e ansiosos de ascensão so-
cial.
O futuro ministro e o futuro
deputado terão, enfim, de recon-
verter a sua forma de ser, terão
de deixar de fazer certas coisas
e de, fielmente, aprender a fazer
outras.
Ministeriáveis e deputáveis
Há muitos sinais que me
chegam do exterior a con-
firmar continuamente que
já estou para cima dos 60
anos de idade e que a maior parte
dos meus amigos, também está.
Um destes sinais que me chegam
continuamente e com cada vez
maior frequência é a insistência
com que os meus amigos, ou com-
panheiros de viagens nos bares
falam do seu passado com tom de
saudade tão profundo que até se
deixam embalar em nomes e locais
antigos, da pureza da sua infância
e dos bons tempos em que sonha-
vam durante a juventude.
Coisas muitas vezes sem nexo e
sem que correspondam totalmente
a verdade.
No fundo, o sonho em que eles vi-
veram não foi do passado. Agora é
que estão a viver um grande sonho.
A sua infância, a sua juventude e
a vida adulta desbaratada frequen-
temente em casamentos infelizes
mal entendidos e falta de capaci-
dade de educar correctamente os
seus filhos.
A minha terraSeja como for, eu também faço parte
dessa geração.
De tal forma que, frequentemente,
digo a mim próprio e a quem esteja
interessado, que eu e a felicidade te-
mos e sempre tivemos uma relação
conflituosa.
Há uns tempos, decido ir visitar a
minha terra natal num esforço de me
reencontrar 50 anos depois. O que eu
tinha na memória era uma vila verde-
jante, de coqueiros, cajueiros e mafu-
reiras, uma ponte, uma pousada, uma
estrada de terra batida que vinha do
sul e ia até ao norte sem limites. Um
bazar sempre cheio de poeira e natais
de meninas de saias engomadas sorri-
dentes, canja de galinha no estômago
e muita felicidade.
Aquela felicidade de gente pobre que
sabe sem saber, que não pode exigir
muito da vida.
Encontrei uma cidade fervilhante de
gente que vende tudo incluindo o cor-
po, uma ponte restabelecida, barcos
que vão e vêm, ao lado da pousada
bué de lojas de pomadas, perfumes,
electrodomésticos, a igreja, as escolas
e várias casas de alvenaria no lugar
das barracas de caniço e macute,
tascas que vendem de tudo e de
nada e onde a juventude queima
o seu desespero e botijas de plás-
tico de Gin, caravela ou tentação
ou sura misturada com diazepam
ou tardes mal passadas onde faz
amor só por necessidade de dizer
que fiz.
Não há amor, não há idade, não
há escola, não há emprego, não há
carinho paterno, materno muito
menos porque as mães levantam-
-se de manhã muito cedo vão ao
bazar vender e só voltam a casa à
noite cansadas, a sufocar o deses-
pero e só se dão tempo que toma-
ram banho quando espermam na
cama para um sono profundo no
mesmo quarto onde dormem dois
ou três netos que as filhas a cada
ano lhes vem deixar no regaço.
Estou mesmo à beira de me sen-
tir muito perto de ter revisitado a
minha terra, 50 anos depois.
Continua linda, com poucos co-
queiros, poucos cajueiros, nenhu-
ma laranjeira, nenhuma tangeri-
neira, mas ainda há jovens lindas.
O presente texto tem como ob-
jectivo reflectir como se estru-
turam as alianças de poder e
económicas nos últimos anos
em Moçambique. A intensificação
da entrada do investimento externo,
sobretudo nos recursos naturais (car-
vão, gás, pedras preciosas, ouro e pros-
pecção de petróleo) na agricultura de
exportação, florestas, turismo e nos
transportes associados às exportações
de recursos naturais, alterou/refor-
çou o sistema de alianças políticas e
económicas. Aprofundou a natureza
excludente do desenvolvimento com
consequências na pobreza, reconfigu-
rou os grupos de interesse internos, em
que o Congresso da Frelimo de Pemba
é o momento simbólico mais repre-
sentativo, acelerou a conflitualidade
política e militar entre o Governo e a
Renamo, despertou a sociedade e fez
surgir organizações da sociedade civil,
algumas com notável capacidade de
estudo, análise e intervenção.
Este artigo apenas se debruça sobre
as novas/reforçadas alianças políticas.
Existe a teoria/metodologia marxista
da segmentação da sociedade em clas-
ses. O autor já escreveu com este en-
quadramento em outros textos. As so-
ciedades, a partir de meados do século
XX, complexificaram-se e exigem no-
vas metodologias ou, no mínimo, im-
põem uma revisão à tradicional divisão
classista das sociedades. Os interesses
já não são mais estanques e estáticos,
e factores de natureza familiar, cultu-
ral, sociológica, “nacionalista”, entre
outras, são indispensáveis em análi-
ses sistémicas acerca das articulações
(alianças) múltiplas e interrelacionadas
Famílias, camaradas, agiotas e forâneos da sociedade.
Neste texto, consideram-se os elemen-
tos seguintes: (1) não apenas da família
nuclear mas o conceito de família am-
pliada; as famílias podem ser associa-
das a etnias, raças e regiões e, com isso,
o significado destes termos na socie-
dade moçambicana; (2) os camaradas
(membros/militantes, neste caso, dos
grupos que detêm o poder no partido
no poder); (3) os agiotas, como sendo
as pessoas/grupos que por algum mo-
tivo (formação técnica, ligações ante-
riores ou actuais posições satélites ao
poder, entre outras) têm acesso privi-
legiado à informação, oportunidades
de negócios ou de rendas, e recursos
de forma discriminatória e não poucas
vezes não transparente; e, (4) indiví-
duos e empresas/capitais que, com ou
sem cobertura dos respectivos gover-
nos, se integram, aos diferentes níveis,
no sistema de alianças internas ou por
elas são funcionalmente integradas/
capturadas. É esta uma parte do ema-
ranhado social que emerge nos últimos
anos como dominadores do poder po-
lítico e económico.
O núcleo central dessas alianças são as
famílias que são também entre si ca-
maradas (de uma determinada facção
no poder), que utilizam as instituições
públicas e os seus posicionamentos nas
burocracias partidária e governamental
(também estes arquitectados para uma
maior eficácia da aliança), para con-
cretizarem, em forma de renda (rent
seeking), benefícios jamais por eles
alcançáveis num sistema económico e
de mercado concorrencial, competiti-
vo cujos vencedores são os indivíduos/
empresas/grupos de maior mérito (sob
diferentes pontos de vista: formação,
competências, experiência, trabalho
árduo, etc.).
Os agiotas são os que, sendo também
camaradas satélites (de 3ª linha ou ac-
tualmente com militâncias desactiva-
das ou afastadas), possuem formação
e experiência, utilizam as influências
para desenvolverem os seus interesses
cobertos/apoiados/protegidos pelos
camaradas a quem prestam vários ti-
pos de favores, com o intuito de refor-
çarem os seus interesses. Estes, por sua
vez, podem ser utilizados nas estrutu-
ras societárias de empresas com com-
participações das famílias e camaradas,
como técnicos, executivos ou como fa-
zedores de engenharias financeiras. As
famílias e camaradas utilizam os agio-
tas enquanto estes lhes forem úteis
ou enquanto não aparecer outro de
maior utilidade. Os agiotas sabem que
a aliança é movediça e, por isso, procu-
ram, sempre que possível, possuir es-
paços alternativos menos dependentes
do sistema político ou têm subgrupos
de interesses com menor presença das
famílias e camaradas actualmente de-
tentoras do poder.
Finalmente, estão os forâneos, que
conhecem o bom (óptimo) ambiente
de negócios sempre e quando rela-
cionados com as famílias/camaradas
e agiotas. Destes procuram obter os
caminhos mais curtos e fáceis para a
concretização dos seus negócios. Es-
tas conexões são múltiplas e comple-
xas. Podem envolver altos dignitários
intergovernamentais e incluídos em
programas de cooperação com apro-
veitamento de linhas de crédito ou
mesmo donativos. No outro extremo,
existem os pequenos investidores que
buscam oportunidades de negócio,
sem relações com o poder real mas sim
com “peixe miúdo” das burocracias,
que procuram obter rendas com pe-
quenos favores cujas dinâmicas podem
conduzir à extorsão e inviabilização
dos investimentos. Entre os extremos,
existe uma grande variedade de situa-
ções, mas, quase sempre, com connec-
tions locais. Se de um lado se procu-
ram formas de viabilizar e concretizar
os negócios remetendo os custos das
comissões para o preço ao consumidor
(veremos se alguma cidade moçambi-
cana chegará “orgulhosamente” aos lu-
gares cimeiros no ranking das cidades
mais caras do mundo). Do outro lado,
procuram-se rendas e participações
nas sociedades como contrapartida das
facilidades e do perverso e desenvergo-
nhado “conhecimento local”.
Esta breve apresentação a que os limi-
tes de espaço deste artigo impõem, é
necessariamente simplificadora (mas
porventura não errónea) da realidade.
Quais as lições deste estado de coisas?
Referem-se apenas cinco: Primeiro,
estas formas de estruturar a sociedade,
conduzem certamente a uma econo-
mia ineficiente e não competitiva, com
os mercados distorcidos e um mau
ambiente de negócios. A competência,
o mérito, a concorrência dão lugar à
incúria, ao desenrasca, aos esquemas,
favoritismos, corrupção, a nomeações
que têm como principal (e eventual-
mente exclusivo) critérios, as famílias e
o cartão vermelho. Segundo, o desen-
volvimento fica comprometido. Eco-
nomia não eficiente e portanto não
competitiva, está condenada a crises
persistentes, à reprodução da estrutura
dependente, à configuração de um ca-
pitalismo subdesenvolvido que apenas
se reproduz na medida das funciona-
lidades que existirem com o capital
externo. Terceiro, desenvolve-se uma
sociedade injusta porque sem igualda-
de de oportunidades como elemento
essencial da democracia em liberdade
e instala-se o tráfego de influências, a
informação privilegiada para decisões
políticas e económicas vantajosas e re-
des de influência com lobbies subter-
râneos. Quarto, dificilmente a pobreza
se reduzirá, as desigualdades sociais
tendem a aumentar e a indignação
popular aumenta simultaneamente
que surge a opulência do luxo, muitas
vezes aboçalada. Quinto, a corrupção
institucionaliza-se e o cabrito não só
come onde o amarram mas come onde
se amarra (metaforicamente, confi-
gura-se uma sociedade de “cabritos”).
Finalmente, quinto, constrói-se uma
burocracia frágil, não competente para
o exercício das funções de Estado, mas
competente para suportar os interesses
das suas elites que incorre em sérios
riscos de conflitualidade social, revol-
tas e até confrontação militar.
E tudo isto porque, antes de servir o
povo, cada um se serve à custa dos im-
postos dos cidadãos, com o sacrifício
dos que trabalham, da pobreza e da
miséria da maioria do povo. E o mais
pornográfico de tudo isto, é que se ma-
nipula ou mal utiliza o conceito de acu-
mulação primitiva de há séculos para
se justificar estes comportamentos e
riquezas. Que importa o povo? Afinal,
e refiro-me ao sentido de algumas fra-
ses enunciadas por altos responsáveis,
lutou-se ou não para se ser rico? Este
país é nosso! Ou a voz do motorista do
chapista que após transgredir o código
de estrada diz para quem reclama, “isto
é Moçambique”. Ou ainda, para alguns
investidores e expatriados, “Moçambi-
que é maningue nice”.
As famílias, os camaradas, os agiotas
e os forâneos, sabem que é preciso
acumular muito e rápido. Muito, pela
própria avareza, e rápido por razões
biológicas, pelas oportunidades con-
junturais dos negócios e do poder.
O autor reconhece existirem pessoas
do sistema político e do tecido eco-
nómico que, sem se desmarcarem
completamente desta complexa rede
pantanosa de interesses (porque difícil
para a realização da suas actividades e,
por vezes, para a sobrevivência e com-
promissos diversos), mantêm valores
de dignidade e da ética nos seus com-
portamentos e actividades. Finalmente
este texto não cabe aos que mantêm
uma completa independência nas suas
relações com o pântano; infelizmente,
neste caso, não só é preciso querer, é
necessário poder. Uma espécie em ex-
tinção mas que há claros sinais de re-
cuperação.
20 Savana 02-08-2013OPINIÃO
A TALHE DE FOICE
SACO AZUL | Por Luís Guevane
Por Machado da Graça
Enquanto o Conselho de Estado,
reunido em Maputo, gerou meras
banalidades, na Gorongosa Afonso
Dhlakama assumia, novamente, o
protagonismo ao dar o prazo de uma sema-
na ao Governo para se chegar a consenso
nas negociações em curso.
Dhlakama acusou a delegação do Governo
de estar a usar tácticas dilatórias para evi-
tar que se chegue a acordo sobre os pontos
fundamentais da sua proposta de revisão da
legislação eleitoral e disse que, se até ao fim
da próxima semana, não houver consensos,
a Renamo vai retirar a sua delegação das
negociações e ele assumirá, pessoalmente,
a procura de uma solução para o problema.
As notícias que me vão chegando, de fontes
diversas, não são claras no que diz respeito
às medidas que o líder da Renamo pensa
tomar para conseguir os objectivos que a
sua delegação não está a conseguir no Cen-
tro Joaquim Chissano. Por um lado diz-
-se que, mais uma vez, recusou o recurso à
guerra mas, por outro, parece ter recorrido a
ameaças de dividir o país em dois, ou mes-
mo em três, países diferentes. Terá mesmo
afirmado que a Renamo poderia declarar a
independência de Sofala.
Como é que se divide o país, e se declara
a independência de uma parte dele, sem
recorrer à guerra é coisa que não terá sido
explicada.
De qualquer forma, tendo em conta os an-
tecedentes da Renamo, não podemos ficar
sossegados com mais esta subida de pressão
na já quente panela da política nacional. Já
correu sangue inocente, nos últimos tem-
pos, e nada nos garante que não voltará a
correr, em breve, se as coisas não se resol-
verem.
Estamos, obviamente, perante uma atitude
de chantagem da Renamo sobre o Gover-
no. E chantagem feita de armas na mão, o
que torna a situação muitíssimo mais grave.
A isto chegámos por falta de flexibilidade
política, por parte do Governo que, embora
tenha sido repetidamente avisado dos pe-
rigos, para o país, da política que seguia,
não teve um mínimo de capacidade de lidar
com os problemas para evitar que as coisas
evoluissem até este ponto.
A sabedoria demonstrada por Joaquim
Chissano, durante as conversações que le-
varam aos Acordos de Roma, foi totalmen-
te ignorada agora.
Chissano, em paralelo com as negociações,
foi procedendo a reformas internas de vul-
to que, gradualmente, foram esvaziando de
sentido as reivindicações da Renamo, colo-
cando este partido numa posição de prati-
camente, nada mais ter a exigir para acabar
com a guerra.
Pelo contrário, agora, o Governo agarra-se
com unhas e dentes a uma fórmula de cons-
tituição dos órgãos eleitorais que não é só à
Renamo que desagrada mas a uma grande
camada da sociedade moçambicana. Não
sei se a solução é a proposta de paridade
feita pela Renamo (a bem dizer nem sequer
sei exactamente em que é que ela consis-
te) mas também não creio que seja a actual
fórmula, com o seu enorme desiquilíbrio a
favor da Frelimo, permitindo-lhe fazer e
desfazer como bem lhe apeteça.
Por outro lado, a recusa do Governo em
subscrever a proposta a apresentar à Assem-
bleia da República, a par com a Renamo, dá
a entender uma atitude de esperteza per-
mitindo à Frelimo recusar no Parlamento
aquilo que aceitou na mesa de negociações.
Se o Governo está, constantemente, a en-
viar propostas de lei para a Assembleia da
República, porque será que só neste caso,
invocando a seperação de poderes, se recusa
a fazê-lo?
Esperemos que alguém consiga meter bom
senso nos dirigentes de ambos os lados
desta barricada política porque, se isso não
acontecer, as consequências podem ser ex-
tremamente graves.
Barricada política
Durante as últimas décadas ficamos
numa situação semelhante a do
criador que tem muitas cabeças
de gado mas que, entretanto, tem
graves problemas de alimentação, sobre-
tudo no que respeita ao consumo de pro-
teína animal. Os filhos, com o tempo, não
se “desabituaram” em andar esfarrapados,
desnutridos, com fraco aproveitamento
escolar, e nem revolucionaram o seu vício
no trabalho com o gado e com a enxada de
cabo curto; continuaram a trabalhar a terra
e a cuidar dos animais tal e qual a geração
dos seus trisavôs.
Foram décadas de conflito entre compa-
triotas que julgavam os seus objectivos
como os mais justos, os mais infalíveis e
perfeitamente nobres para desenvolver este
Moçambique de moçambicanos. Nessa
tentativa, cada um deles tentou situar-se
É possível mudar!no topo do protagonismo político e, paulatina-
mente, no comando económico. Muitos torna-
ram-se corruptos por força dos corruptores e
transformaram-se em tubarões na praça econó-
mica dispostos a fortalecer-se com a proteína
dos pequenos cardumes económico-financeiros
onde fluem os famosos sete milhões.
Semelhante ao comportamento do criador de
gado acima referido, estamos hoje a despertar
sem, no entanto, percebermos que é de toda a
importância que comecemos a abrir os olhos.
Podemos até, em primeiro lugar, esfregá-los.
Mas, é necessário abrimo-los. De nada vale
congratularmo-nos com o enorme poten-
cial em recursos naturais de que o país dispõe
quando, na realidade, não conseguimos usufruir
deles.
O problema não tem que ser a filosofia “coma
e deixe-os comer”. A terra, os recursos hídricos,
florestais e minerais, associados ao factor “inte-
ligência” não podem deixar o moçambicano a
morrer de fome ou a viver abaixo de um dólar/
dia. Um, dois ou três dólares… Essa química de
“inteligência” e “exploração dos recursos natu-
rais” não pode continuar a produzir uma educa-
ção “senta-baixo” e desqualificadora, não pode
continuar a ser produtora de fumo negro nas
relações entre moçambicanos, não pode conti-
nuar a ser o “diabo” dos nossos maus resultados
na agricultura, no desporto, etc.
Ainda é possível perceber que, provavelmente,
o nosso poderoso criador de gado não estivesse
interessado em dar nas vistas para não engordar
os olhos do vizinho. Queria, sozinho, engordar
os seus olhos com a riqueza que possuía sem
se preocupar com o sofrimento da sua própria
família. Esta podia até sofrer, mas que estivesse
ali ao seu lado.
As nossas areias pesadas (“nossas” é modo de
dizer), o nosso mármore, a grafite, os diaman-
tes, o ouro,… o nosso gás natural (abundante
em mais de centena e meia de triliões de pés
cúbicos), o carvão (abundante em duas deze-
nas de biliões de toneladas métricas), entre
outros, devem iluminar as nossas mentes de
modo a não produzirmos conflitos armados
nem avalanches sociais e, muito menos, ele-
fantes brancos.
Cá entre nós: há muitos “Moçambiques”, é
verdade, mas é possível fazer com ele seja
verdadeiramente uno e indivisível. Tudo de-
pende do moçambicano. É importante en-
volver o moçambicano no desenvolvimento
do seu próprio país. Dar oportunidade para,
por exemplo, também debruçar-se, sobre a
identificação de projectos prioritários, não
prioritários e os de baixo rendimento em
termos de direccionamento de investimen-
tos. É possível.
A primavera árabe tinha começado na Tunísia e se estendeu rapidamente ao Egipto, derrubando a duas ditaduras com que o “mundo livre” occidental con-
vivia alegremente, além de financiar substancial-mente. (O Egipto é o segundo na lista de “aju-das” militares dos EUA, apenas atrás de Israel e à frente da Colômbia.)Quando Madeleine Albright, então secretaria de Estado dos EUA, pediu eleições democráticas ao então “presidente” Hosni Mubarak, ele retrucou:– Você quer que a Irmandade Muçulmana ga-nhe?Foi suficiente para que ela mudasse de assunto.Derrubada a “ditadura” (os governos ocidentais e a mídia passam rapidamente a chamar ex--“presidentes” de ditadores, assim que eles são derrubados), depois de algum desconcerto, para ver no que ia dar, veio a saudação pela chegada da “democracia” e da “liberdade” naquele mundo selvagem, até ali habitado por apenas uma de-mocracia – Israel.Realizadas as eleições, como se poderia esperar, ganhou a Irmandade Muçulmana. Os países oci-dentais continuaram a ter acordos militares com o mesmo Exército que havia estado com Muba-rak e que agora se somava à “democratização”. Nenhum apoio económico, não era necessário. Segundo o receituário liberal, basta a instalação da democracia liberal para que todos os proble-mas de qualquer país fossem resolvidos. Porque ao lado da democracia liberal funcionaria o “livre mercado”, motor do desenvolvimentoeconômico, da modernização e do progresso.De outra coisa, chamando a atenção para um impasse similar ao que havia vivido a Argélia nos anos 1990. Um governo islâmico aprovou sua Constituição islâmica, que não deixa lugar aos opositores, à diversidade e aos direitos das minorias – ou das maiorias oprimidas, como as mulheres.Durou um ano o governo de Mursi, em meio à rejeição dos sectores laicos – em grande maioria jovens e sindicalistas –, com a situação económi-ca e social se agravando aceleradamente. A única alternativa que o Ocidente tinha era o FMI à es-preita, oferendo recursos em troca de um endu-recimento brutal dos gastos estatais, a começar pelos subsídios ao petróleo e ao trigo.Mursi sabia que seria um apertão impossível a dar em um país em acelerado processo de em-pobrecimento. A instabilidade política afugenta-va os turistas – fonte de recursos e de emprego fundamental para o país – somada à recessão europeia e à situação social degringolava, com aumento do desemprego, do desabastecimento e da inflação.A convergência desses factores levou às gigan-
tescas manifestações que terminaram com a in-tervenção militar e a derrubada do governo de Mursi, que não tardou por se enfrentar à mobi-lização da Irmandade Muçulmana, denunciando a nova ditadura.Os países ocidentais condenaram o derrube do governo eleito por processos considerados legíti-mos, mas logo se somaram ao Exército – seu fiel aliado – e deram diploma de “democrático” ao governo surgido do golpe.Na Argélia, em 1991 houve eleições abertas e triunfou uma Frente Islâmica, cuja vitória não foi reconhecida pelo Exército – lá também o ver-dadeiro poder – que promoveu uma das maiores chacinas que a região já conheceu, com centenas de milhares de mortos supostamente ligados aos islâmicos.Proscritos, seguiu-se o regime ditatorial de sem-pre, sem a forçamajoritária.No Egipto, nem bem o golpe se consumou, teve início a repressão aos dirigentes da Irmanda-de Muçulmana, fazendo prever o Exército que pediu para novas eleições seria suficiente para descabeçar a Irmandade. Caso contrário, a ile-galização – como na época de Mubarak – do movimento.Gente correu a saudar a vitória da “verdadeira” democracia, contra a farsa do ano de governo de Mursi. Tem razões para isso, e basta citar o caráter excludente da nova Constituição. Mas desta vez a intervenção popular, apesar do seu caráter massivo, não teve força para derrubar o governo de Mursi e apelou para o Exército. O mesmo Exército que havia estado com Muba-rak e com Mursi, agora impõe diretamente seu governo. Um Exército com enormes interesses econômicos próprios – conseguiu que o governo de Mursi lheperdoasse os crimes cometidos durante a ditadu-ra de Mubarak e preservou seu poder total sobre o orçamento da defesa, onde chegam os milioná-rios apoios dos EUA.Os que apoiaram a queda de Mursi tiveram di-ficuldade de chamar de ditadura um regime ins-taurado por um golpe militar. Que, como todos, fala em nome da “salvação nacional”, da “demo-cracia” e estipula prazos para novas eleições.É mais uma derrota do liberalismo. Politicamen-te, porque seus mecanismos não levaram a de-mocracia ao Egito – nem pelo governo de Mursi, nem pela mão dos militares que o derrubaram. Economicamente, porque o livre comércio só acentuou a crise e a miséria da população.O problema está colocado. Perpetuação de novo de um regime militar – aberto ou disfarçado – ou novas eleições, com grande possibilidade de nova vitória da Irmandade Muçulmana.
A crise do liberalismo no EgiptoPor Emir Sader
21Savana 02-08-2013 PUBLICIDADE
22 Savana 02-08-2013DESPORTO
Como era de esperar ter-
minou, num ambiente de
verdadeira festa, a XI edi-
ção dos Jogos Desporti-
vos Escolares, evento que durante
10 dias foi disputado nas cidades
de Tete e Moatize. E fazendo jus
ao seu estatuto de ganhador, Ma-
puto- Cidade voltou a não deixar
os seus créditos em mãos alheias,
o que lhe valeu a revalidação do
título em termos absolutos. Para
conseguir os seus intentos, as se-
lecções da capital do país somaram,
em femininos, 49 pontos contra 45
de Maputo-Província e em mascu-
linos totalizaram 53 pontos contra
51 de Maputo-província, segundo
classificado na pauta geral.
Mas independentemente dos re-
sultados obtidos pelas onze provín-
cais, há um dado a reter: o evento
marcou o virar da página porquan-
to não se registaram as habituais
falsificações de idade. E para trás
ficam as saudades, as amizades e
perspectivas de um breve encontro
na XII edição a realizar-se em 2015
na província de Cabo Delgado.
O evento, que decorreu sob o lema
“Façamos de Jogos Escolares base
do desporto nacional”, foi protago-
nizado por 1475 atletas dos 11 aos
16 anos, envolvendo as modalida-
des de futebol onze, andebol, atle-
tismo, basquetebol, ginástica, volei-
bol, xadrez e jogos tradicionais.
XI Festival dos Jogos Escolares: da hospitalidade dos nyungues à hegemonia dos rongasPor: Paulo Mubalo
O certame obedeceu duas fases: A
primeira decorreu de 20 a 26 de Ju-
lho e qualificou as equipas para as
meias-finais. A segunda, referente
às meias finais e finais decorreu nos
dias 27 e 28.
Maputo-Cidade foi o grande ven-
cedor do evento ao totalizar 102
pontos, seguido de Maputo-pro-
víncia, 96, Manica-72, Inhamba-
ne-69, Zambézia-66, Sofala-65,
Cabo Delgado-64, Gaza-55, Nam-
pula-55, Tete-49 e Niassa-44.
A província de Niassa sagrou-se
vencedora da Taça Disciplina, o fa-
moso “Fair-Play”.
Governo dá nota positiva ao eventoEnquanto isto, o Governo, através
do Ministro da Educação, Augusto
Jone, disse que os participantes do
evento tiveram a oportunidade de
reafirmar a Unidade Nacional e a
moçambicanidade ao demonstrar
na prática uma convivência sã, ao
longo dos 10 dias que durou o cer-
tame.
“Ficámos lisonjeados quando
soubemos que crianças macuas
aprenderam aqui algumas expres-
sões em Sena. Adolescentes ron-
gas aprenderam algumas expres-
sões em Nyanja. Jovens macondes
aprenderam expressões em Chan-
gana. Crianças ajauas aprenderam
palavras em Xitswa. Adolescentes
chopes aprenderam expressões em
Ndau e assim por diante. E todas
as crianças, adolescentes e jovens
oriundos das outras Províncias
aprenderam hábitos sócio-cultu-
rais da Província de Tete. E as de
Tete aprenderam obviamente das
outras Províncias”.
Explicou que O XI Festival Nacio-
nal dos Jogos Desportivos Escola-
res que hoje termina preconizava
os seguintes objectivos:
A promoção e consolidação da
Unidade Nacional; a promoção da
prática desportiva e da educação fí-
sica pela sua importância na saúde
individual e colectiva; a promoção
do convívio entre jovens oriundos
de todas as províncias do País; a
promoção e valorização de talen-
tos desportivos, como base para o
desenvolvimento do Desporto Na-
cional; a promoção e valorização
do conhecimento dos jovens sobre
a dimensão e diversidade Sócio-
-Cultural e Económica do País.
“Chegados a esta fase, podemos
dizer de viva voz que conseguimos
alcançar estes objectivos. Testemu-
nha isso o calor, o entusiasmo, a
alegria, a cor, o brilho, o dinamis-
mo, as emoções e o empenho com
que todos vós e as vossas equipas,
em todas as modalidades, demons-
traram e se entregaram pela con-
quista dos títulos e pela oportuni-
dade que deram a todos nós de vos
assistir a competir”, disse.
Na sua óptica, o certame foi uma
verdadeira festa partilhada entre
jovens oriundos de várias zonas de
todo o território nacional.
“Àqueles cidadãos que não pu-
deram acompanhar os desafios,
a Comunicação Social levou este
calor de Tete para todos os cantos
do País, fazendo com que todos
pudessem viver as emoções do XI
Festival Nacional de Jogos Des-
portivos Escolares”.
Diz ainda a dado passado que nos
desafios não poderiam ganhar to-
dos.
“Uns ganharam um jogo, outros
perderam aqui e ali. Mas todos jo-
gámos. Todos vós praticastes mas-
sivamente o desporto e a educação
física. Todos vós participastes no
movimento desportivo e cultural
que marcou estes dias na Província
de Tete e quiçá, em todo o País”,
anotou.
E ajuntou: “podemos assumir que
todos nós fomos vencedores, por-
que com os jogos soubemos com-
preender melhor que para vencer,
devemos unir as nossas forças e
trabalhar como equipa”.
Acrescentou que a XI Edição dos
Jogos Desportivos Escolares de-
monstrou a qualidade técnica das
competições realizadas. “Deu-nos
a oportunidade de observar, re-
novando assim a nossa convicção
e determinação, num futuro ri-
sonho que almejamos para a área
do desporto, neste País. Vimos os
potenciais talentos a emergirem
com a esperança de revitalizarem o
desporto nacional e internacional”.
Talentos terão acompanhamentoA aprovação ainda este ano pelo Governo de dois instrumentos no domínio do desenvolvimento Des-portivo Nacional, designadamente: a Estratégia de Implementação da Política Nacional do Desporto, que define o Desporto Escolar como principal vector na massificação das actividades físicas e desporti-vas a nível nacional e o Estatuto do Atleta de Alta Competição, visan-do a valorização, acompanhamento e apoio dos atletas de alto rendi-mento consagrados, bem como os talentos desportivos no percurso do desporto de alta competição, anima os fazedores do desporto.Neste sentido, segundo apurámos, durante a realização do XI Festi-val, foi levado a cabo um projecto de pesquisa de talentos envolvendo especialistas e técnicos dos Minis-térios da Educação, da Juventude e Desportos e das Federações Des-portivas Nacionais, o qual, pelo alto nível de competição protagonizado pelos estudantes, permitiu consta-tar no terreno a existência de imen-so potencial de atletas talentosos. Esses talentos merecerão acompa-nhamento, apoio e enquadramento devido em centros de treinamento
desportivo adequados.
Naíta Ussene, Fernando Lima, Fernando Manuel e Benedito Ngomane comunicam com profunda mágoa o falecimento do seu amigo Albano Naroromele, ocorrido em Maputo, no dia 29/7/2013, vítima de doença, cujo funeral se realizou no dia 1/8/2013 em Chuíre (terra natal), província de Cabo Delgado, À família enlutada endereçam as mais sentidas condolências.
ALBANO NAROROMELE
FALECEU
Agradecemos que contacte com urgência a nossa empresa para liquidação das dívidas pendentes.A empresa reserva-se ao direito de prosseguir outras vias para cobrar a dívida.
Suizane Rafael
23Savana 02-08-2013 DESPORTO
O Técnico adjunto da equi-
pa principal de futebol do
Ferroviário de Maputo,
Victor Magaia, disse ao
SAVANA que em Moçambique
as políticas desportivas são nulas
e, como resultado disso, o desporto
está à deriva.
Para Magaia, o actual cenário des-
portivo em Moçambique asseme-
lha-se ao de um filho órfão care-
cendo de acolhimento.
Não há políticas desportivas em MoçambiqueConta que, hoje, o desporto mo-
çambicano está a passar por um
conjunto de adversidades derivados
de problemas organizacionais.
Frisa que devido ao abandono ajuntado
à desorganização, o desporto, nos últi-
mos tempos, caracteriza-se pela falta
de infra-estruturas, profissionalismo da
parte dos seus gestores, falta de condi-
ções de trabalho e de consideração para
com pessoas que queiram contribuir no
seu desenvolvimento.
Diz Magaia que o desporto está
doente. As políticas aprovadas são
nulas ou quase que não existem na
medida em que não são materiali-
zadas.
Aponta o Governo como principal
culpado pela falta da execução das
políticas desportivas, pois sendo
um órgão com todos os poderes,
poderia obrigar o respeito e cum-
primento destes instrumentos.
“Veja que ao nível das federações
não existe nenhum plano para de-
senvolver as modalidades desporti-
vas. Ademais, as próprias direcções
dos clubes também não cumprem
com as suas obrigações, o que de
certa maneira põe em causa o des-
porto”, desabafou.
Falando concretamente de futebol,
sua área de domínio, Victor Magaia
queixou-se da qualidade de jogado-
res que hoje representam as equipas
principais de futebol.
Para Magaia, a falta de qualidade,
muitas vezes não é culpa do jogador
mas sim da falta de um plano con-
creto dos clubes para a formação de
jogadores.
“Hoje, a maioria dos nossos clu-
bes não estão preocupados com as
camadas de formação, limitam-se
apenas em contratar jogadores de
outros clubes. Isso não contribui no
desenvolvimento do futebol”, disse.
(Zaqueu Massala)
A Federação Moçambicana de Futebol (FMF),
órgão máximo do futebol moçambicano, prevê
organizar a primeira Conferência Nacional de
Futebol.
Segundo Filipe Johane, secretário-geral da FMF,
o encontro poderá realizar-se no próximo dia 15.
Johane referiu que o mesmo tem por objecti-
vo discutir problemas do futebol, estruturação e
profissionalização do futebol, recursos financeiros
para a modernização das infra-estruturas despor-
tivas, o papel do Governo na gestão de futebol
bem como a melhor fórmula na gestão dos clubes.
Para tal, prevê-se a participação de cerca de 200
pessoas dentre associações de futebol, provenien-
tes em todas as províncias do país, governantes,
gestores entre outras esferas da sociedade moçam-
bicana.
Falando a jornalistas na capital moçambicana, Fi-
lipe Johane referiu que já estão criadas todas as
condições logísticas para a realização da reunião. (Zaqueu Massala)
Conferência Nacional de Futebol à forja
A Federação Moçambicana de Judo vai introdu-
zir, a partir do próximo ano, a modalidade de judo
nas escolas públicas e privadas da capital do país,
segundo deu a conhecer, David Felisberto, direc-
tor técnico daquele organismo.
A introdução do judo em todas as escolas de Ma-
puto tem por objectivo massificar esta modalida-
de, que praticamente está esquecida.
“A introdução de judo nas escolas visa exacta-
mente a massificação da modalidade, que, como
se sabe, não só é pouco praticada, como não tem
muita adesão do público”, afirmou.
De acordo com o nosso entrevistado, numa pri-
meira fase, a federação vai introduzir a modalida-
de apenas nas escolas da cidade de Maputo e só
mais tarde é que poderá expandir para as outras
capitais provinciais.
Sem avançar a data do arranque do projecto, a
fonte explicou que para este ano tal não poderá
acontecer por ser já muito tarde, mas garantiu que
no próximo será uma realidade.
“A Federação Moçambicana de Judo preten-
de introduzir a modalidade de Judo nas escolas
públicas e privadas de Maputo. A nossa ideia é
massificar esta modalidade desportiva a todos os
níveis. Em princípio, queríamos implementar este
projecto nas escolas das capitais provinciais, mas
por falta de recursos financeiros e materiais deci-
dimos iniciar aqui em Maputo. Mas se tivermos
apoio material e adesão dos participantes podere-
mos expandir rapidamente a prática do judo para
outras províncias do país”, explicou.
Por: Zaqueu Massala
Escolas passam a praticar judo
24 Savana 02-08-2013CULTURA
O músico Xidiminguana re-
aliza concerto no dia 9 de
Agosto, no Centro Cul-
tural Universitário, para
comemorar 77 anos de vida, 37 de
carreira artística e lançar o seu vigé-
simo segundo disco. Neste concer-
to, o artista convidou Dilon Djindji,
Aniano Tamele, Félix Moya, Gene-
ral Música, Nelson Covane, Lizha
James e os humoristas Ringue-Rin-
gue e Tchacuatica Ndzero, “Estou a
juntar neste concerto para fazer a
festa no meu aniversário e lançar o
meu disco novo. Eu sou do dia 3 de
Agosto de 1936. O nome do disco é
Dlhawanine. Esse título surge por-
que houve um homem que traba-
lhava na África do Sul e sempre que
voltava encontrava a mulher grávi-
da e perdoava-a. Criou a criança e
voltou novamente a África do Sul.
Quando regressou encontrou que a
mulher estava grávida pela segunda
vez. Quando questionava à mulher
de onde vinha a gravidez, ela res-
pondia que quando dormia sonhava
com ele e a gravidez vinha daí. O
homem questionava que os filhos
que ela nascia não eram parecidos
com ele e ela defendia que tinham
alguma relação pela nuca e não pela
cara”, explica com risos Xidimin-
guana.
O músico pretende com este disco
sensibilizar as mulheres e a socie-
dade em geral pelos comportamen-
tos que não são aceites no seio da
mesma. “Não estou a gozar com
este homem que passou por esta
situação. Não menciono o nome da
pessoa. Aqui só a mulher vai sen-
tir a culpa por não ter conseguido
se segurar na ausência do marido”,
Xidiminguana comemora duplamente com concertoPor Abdul Sulemane
disse.
São várias as temáticas que o disco
aborda desde a criminalidade que
se vive actualmente no país aliada
à impunidade. “Temos ladrões que
matam pelo simples facto de en-
contrarem alguém bem vestido que
é conotado como tendo dinheiro.
Ultimamente diminuíram os la-
drões que assassinam as pessoas.
Ficaram ladrões de galinhas que o
fazem para consumir bebidas alco-
ólicas. Existem ladrões que roubam
gado para utilizar na actividade da
machamba e alimentar outras pes-
soas com fome. Outros roubam
gado para comer. O dono do gado
levou quanto tempo para criar esse
gado?”, questiona.
As pessoas que fazem esse tipo de
atrocidades tinham de ter um cas-
tigo à medida das suas maldades.
“As pessoas presas por roubo ficam
um curto tempo na cadeia. Aque-
les que matam gado tinham de ser
trancados numa cela e diariamen-
te tirar um pêlo do animal morto
para encher uma lata até os pêlos
acabarem. Esse seria o seu castigo”,
aponta.
Xidiminguana tem quase quatro décadas de carreira e considera que se encontra em boa forma e a gravar. “Ainda continuo a fazer es-pectáculos e a gravar. Ainda estou em forma. Os jovens músicos que ainda estão a singrar na carreira que se dediquem para a música desen-volver no nosso país”, apela.A dificuldade de gravar tem sido uma das preocupações do artis-ta que actualmente possui vinte e dois albuns. “Existem anos que não gravei e outros sim. Pelo meu esforço. Quando preparo o disco levo um tempo. Vou acrescentando outros elementos que dão beleza às músicas e que agradam o público. Se gravo rapidamente podem ficar elementos bons de fora e a música não agradar os que gostam da mi-nha música. Gravar precisa de seu tempo. É difícil gravar para quem não está habituado. É preciso um grande exercício de memorização. Não temos de ser precipitados em gravar para sermos conhecidos. O músico tem de estar bem prepara-do. Eu não tenho ajuda quando é para gravar. Faço esforço, dedico--me a trabalhar afincadamente na-quilo que me vai dar de comer. Os jovens artistas não se aproximam aos artistas de proa porque julgam que o nosso tempo passou. Esses
nós deixamos. Os que têm dificul-
dades têm de se aproximar aos que
sabem e aprender”, finaliza.
O músico Carlos Gove reali-
za no dia 2 de Agosto, às
20h30, no Centro Cultu-
ral Franco-Moçambicano,
um concerto de apresentação do
seu primeiro trabalho discográfico
a solo intitulado Massone. Neste
concerto, o artista tem como convi-
dados Moreira Chonguiça, Mingas,
Muzila, Sheila Jesuíta, RasHaitrm,
Tabasyle e ChenyWaGune. “Mas-
sone, título desta obra que comparo
a um diamante, promete “seduzir”
o público que estará presente dia
02 de Agosto às 20:30 no CCFM,
noite que presumo que seja memo-
rável”, disse Carlos Gove.
Neste disco de estreia de Gove, o
desenvolvimento da abordagem
concentrada na questão da luta pela
liberdade em vários níveis constitui
tema de fundo. Por exemplo, no
Carlos Gove apresenta Massone no CCFM
tema “MarrabentaGroove”, inter-
pretado por Tababasyle, Sheila Je-
suita, Rãs Haitrm e Yolanda Chica-
ne, “o assunto é o grito de liberdade
da nossa mulher. Interessante numa
altura em elas lutam pelos seus di-
reitos embora que
exageradas por
umas. Está mulher
que luta diaria-
mente por várias
crises de violên-
cia doméstica, nas
quais as suas filhas
são igualmente
envolvidas nesta
crise, poucos são
os homens que re-
conhecem os fei-
tos da nossa mu-
lher”, considera.
O espaço African Lounge
acolhe, nesta sexta-feira,
2 de Agosto, às 22h30, o
concerto musical do artista
Dino Miranda. O guitarrista será
acompanhado por Tony Chabuca
na viola baixo e coros, Tony Paco na
bateria, Pateta na percussão e Valy
no teclado.
Vencedor de dois prémios musicais,
nomeadamente Mozambique Mu-
sic Awards e Ngoma Moçambique
ambos em 2009 com o seu álbum
intitulado”Moya wa kaya’’, Dino
começou a sua carreira profissional
em Maputo no ano de 1997, to-
cando com bandas de música rock.
Em 1998, Dino Miranda engrena
African Lounge recebe Dino Miranda
no projecto Azaga com Chico An-
tónio banda da qual fez parte por
dois anos. Em 2000 estuda música
na escola de música e dança Fuba
School of Music em Johannesburg
onde também participa em vários
projectos musicais naquela cidade
sul-africana.
Em 2001, Dino Miranda é aceite
para estudar música na Universidade
de Cape Town onde fez a licenciatu-
ra em 2004.
A sua carreira a solo começa em
Cape Town em 2002, formando a
sua banda com músicos moçambica-
nos e estrangeiros fazendo parte de
grandes festivais na África do Sul e
O coreógrafo Virgílio Ananias
Sitole apresenta em estreia nos
próximos dias 1 e 2 de Agosto,
às 18:30H, no Cine Teatro Áfri-
ca, o espectáculo “UTOMIPIA
I”, composto por duas coreogra-
fias, nomeadamente “Corpus” e
“Tolerense”, cujos instrumentos,
usados no processo criativo, são
novos desafios coreográficos,
pois, ambas recorrem ao método
de teorização corporal e mental
do microcosmo humano e suas
tendências, no entanto, diferem
no objecto de trabalho usado e
na esfera estética, que cada uma
delas apresenta.
“UTOMIPIA I” cujo signi-
ficado, numa tradução literal
significa, UTOMI (vida) PIA
(devoto) com o casamento do
termo Utopia, é uma narrativa
conceptual que se debruça so-
bre o comportamento psíquico
e corporal do indivíduo, face a
diversos fenómenos sociais que
abalam a sociedade, tais como
o HIV/SIDA, a falta de tole-
rância entre os homens, o uso
constante do corpo como meio
de sobrevivência, o corpo como
objecto sexual e não espaço de
criação artística, da auto-estima
em constante questionamento,
e dos movimentos esforçados
da sociedade na abordagem das
suas existências no “corpo so-
cial”.
A obra “Corpus” é uma simbio-
se teórico-prática do corpo com
valor artístico imensurável, para
criar, recriar, reinventar, reviver,
recontar, reencarnar, rebelar, re-
generar, dar a volta aos corpos,
às almas, aos sentimentos, pen-
samentos, sensações e dançar
nossa história, nossos desejos,
anseios, vivências, sofrimentos,
aspirações, observando os nos-
sos movimentos, dos animais, de
tudo o que nos rodeia. Filosofar
a integração da mente com o
corpo, com o movimento ósseo,
o muscular, o gesticular, o olhar,
o sorriso, o caminhar, o sentir,
enfim, a UTOMIPIA de algo
diferente, de desejar algo em
constante mutação, de sonhar
no ontem, no hoje, e num futuro
não imaginado, mas presente.
Já “Tolerense” (Tolerância) é um
discurso coreográfico e artístico
para chamar atenção ao senti-
do do amor como arte, da arte
como vida, da vida como felici-
dade, da felicidade como sorriso,
do sorriso como movimento, do
movimento como a base para
uma saúde longa e duradoura,
sempre olhando para o HIV/
SIDA como um mal que pode
ser vencido através da tolerância
e das atitudes que cada um to-
mar nos seus movimentos core-
ográficos da vida. Numa multi-
plicidade de movimentos, sons,
sensações e sentimentos, na
extrema beleza, inexcedível sen-
sibilidade e aparente facilidade,
tudo o que os nossos sentidos
percebem e os nossos corações
sentem para conjugar o verbo
tolerar. A.S
Dança no Cine Teatro África
Moçambique para além de várias
participações com músicos nacio-
nais e estrangeiros como, Freshly
ground, Napalma, Loading zone
só para citar alguns exemplos.
Das músicas mais conhecidas po-
demos citar “Mãe África’’ seleccio-
nada para a compilação sul-africa-
na “Sa 2011 world music sample’’,
a música e vídeo “eu+tu=100%’’
que começou a fazer parte do play
list da RTP. A.S
Estes e outros temas enaltecem
variados assuntos da actualidade
cujas canções de Gove levam-nos
a uma reflexão mais aturada, séria,
obrigando-nos a pôr a mão na cons-
ciência. A.S
Xidiminguana
Carlos Gove apresenta disco a solo
Dino Miranda
Do
bra
po
r aq
ui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1021 02 DE AGOSTO DE 2013
SUPLEMENTO2 3Savana 02-08-2013Savana 02-08-2013
27Savana 02-08-2013 OPINIÃO
Fernando Manuel (texto)Naita Ussene (Fotos)e Naita Ussene (fotos)
Há coisas que por mais que queiramos, não podemos apagar da memória.
Nos tempos em que eu era jovem e muitos da minha geração também
eram, houve um guitarrista solo que era um génio. Pertenceu a vários gru-
pos um dos quais chamava-se Experiência.
Não sei se por analogia com o grupo Experience do Jimmy Hendrix.
O Experience de Jimmy Hendrix era de três músicos. Experiência do músico de
que estamos a falar era de três músicos. O líder era um viola solo de nome Jaimito.
Nunca soube qual é o nome completo dele. Também nunca me interessou saber.
Para mim e para toda a minha geração ele era o Jaimito.
O Jaimito foi virtuoso a tocar guitarra. Viajava e fazia-nos viajar.
Numa dessas dissidências de vida que eu nunca soube qual, ele foi parar aos Estados
Unidos da América na companhia da sua mulher que era americana.
Voltou de lá louco e sobre a sua loucura muito se disse e muito se especulou. Mas
que ele estava maluco estava mesmo.
Dos grandes palcos em que tocava antes, passou a tocar sozinho, em sons que só ele
ouvia, sentado ou numa cadeira da Associação Moçambicana dos Músicos ou em
frente da Rádio Moçambique.
As duas fotos desta série testemunham isso. É a nossa singela homenagem a um
músico grande que foi uma das almas da primeira série do álbum Amanhecer que
para quem conheceu música e conhece é um marco histórico na música moçam-
bicana.
Bom: O Jaimito morreu.
Ninguém está de luto porque as grandes obras não morrem.
…Tal como não morrem homens que tentaram lutar pelos seus ideais a custo de
tudo ou de nada.
Um desses homens também morreu a pouco.
É o Albano Naroromele.
Comecei a ler e a “curtir” as crónicos de Albano Mendes Naroromele muito antes
de entrar no jornalismo.
Depois conheci-o pessoalmente e posso ter o atrevimento de dizer que nos torna-
mos amigos.
De riso fácil e sempre bem disposto, continuamos assim mesmo quando deixou o
jornalismo e foi trabalhar para as alfândegas onde fez carreira e segundo se sabe
estava bem situado: Sem insinuações.
Como for, o Albano morreu ainda na flor da vida.
Sem dúvida que Deus se existe está a formar uma grande equipa.
Apesar de tudo o que se diz, a honestidade e franqueza ainda são palavras que
constam no nosso dicionário. Seja por isso ou não, há dias, as instalações da Media-
coop receberam a visita do embaixador dos Estados Unidos da América, Douglas
Griffiths, que aqui se vê com parte do staff sénior do jornal SAVANA, Fernando
Gonçalves e Francisco Carmona.
Há más línguas mas não respondemos a provocações de esfomeados e desesperados
de tal forma que da mesma maneira que recebemos a visita dos Estados Unidos da
América, também recebemos a visita do Primeiro-ministro, Alberto Vaquina.
Como diziam os romanos: os cães ladram e a caravana passa .
Morreu o homem, ficou a obra
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHOwww.savana.co.mz
Foto Urgel Matula
o 1021
Diz-se.
.. Diz-
se
O grupo privado tailandês Ital-
thai Engineering está em
boa posição para vir a ganhar
o concurso da construção da
linha férrea Moatize-Macuze (Zam-
bézia), afiançaram ao SAVANA fon-
tes envolvidas na classificação dos
concorrentes.
Esta semana esteve em Maputo a pri-
meira-ministra da Tailândia, Yinglu-
ck Shinawatra, numa operação vista
como uma “pressão política” sobre o
governo moçambicano, anunciando a
imprensa internacional que o seu go-
verno estava disposto a investir num
porto de águas profundas em Macu-
ze, o ponto final de um corredor de
525 quilómetros que serviria de alter-
nativa à problemática Linha de Sena
com 900 quilómetros de extensão.
Este concurso esteve envolvido
26.04.2013), depois de o Governo
ter decidido unilateralmente atribuir
a concessão do corredor ao consór-
cio formado pela holding do Partido
Frelimo, a SPI, a sul-africana Grin-
mediatismo dado à polémica obri-
gou o Governo a recuar, admitindo
a concurso uma “short list” (lista de
pré-selecção) de seis empresas e con-
sórcios. Segundo apurou o SAVANA,
a mineradora Rio Tinto endossou a
proposta da Italthai (já nessa altura
considerada a melhor proposta) e a
japonesa Sumitomo não se apresen-
tou à nova fase do concurso. Subme-
teram então propostas, para além das
Desenvolvimento do Corredor de Macuze
Tailandeses em vantagemduas entidades mencionadas, o con-
sórcio CLZ (Consórcio Logístico do
CLZ integra a Investe Logística li-
gada a Mossumbuluco Guebuza, os
chineses da CCCC, os especialistas
ferroviários da australiana Aurizon
e a Strong, outra empresa australiana
-
gra os portugueses da Mota-Engil,
a Manica Terminais e a Transzam-
bézia, uma sociedade comercial de
pequenos investidores da zona centro
de Moçambique.
Tailandeses ainda não estão apuradosAs fontes do SAVANA asseguram
que a Italthai tem seis pontos de van-
tagem sobre o segundo classificado,
o CLZ, tendo sido classificado em
terceiro lugar o consórcio da SPI/Pa-
tel Engineering/Grinrod. Este grupo
beneficiou inicialmente de 15 pontos
de vantagem pelo facto de ter apre-
sentado um estudo do projecto, tendo
aplicado várias pressões sobre o go-
verno (incluindo o músculo oficial de
Fontes moçambicanas ligadas à vi-
sita da primeira-ministra tailandesa,
disseram que aos oficiais de Bangue-
coque foi explicado que actualmente
a Italthai apenas leva vantagem sobre
os outros dois concorrentes, mas há
ainda mais duas fases a ultrapassar
no concurso, nomeadamente as re-
clamações das outras empresas em
competição e a discussão final do
-
ses, que concorreram isolados, decla-
raram formalmente na sua proposta
que estão dispostos a ceder até 40%
de participação a interesses moçam-
de encargos do projecto, avaliado em
o jornal, várias empresas sentiram
grandes dificuldades em apresentar
as garantias bancárias exigidas pelo
governo moçambicano.
Para além do interesse no carvão, a
Tailândia, através da empresa estatal
petrolífera PTT Exploration, tem in-
vestimentos avultados na prospecção
de hidrocarbonetos na bacia do Ro-
vuma, onde comprou uma participa-
ção de 8,5% no bloco explorado pela
americana Anadarko.
águas profundas de Macuze e da li-
-
bro de 2011 pelo grupo mineiro Rio
Tinto, que explora a mina de carvão
mineral em Benga, na província de
Tete.
-
de implantar uma ferrovia de raiz a
partir de Mutarara, na margem nor-
te do rio Zambeze, pode aliviar os
enormes embaraços do governo de
Moçambique no tocante à fragilida-
de de infra-estruturas para o escoa-
mento de carvão de Tete e a onda de
pessimismo que se apossou de parte
das mineradoras, face às deficiências
e incapacidades enfrentadas na Linha
de Sena, no terminal de carvão e no
porto da Beira.
da “preta que é nossa” mas “esqueceu” as mexidas dos bosses da
companhia, já que uma das últimas cabeças atingidas pela pro-
bidade, finalmente acabou por cair. A sra. Faztudo, incluindo as
pinturas da escola do partidão com os dinheiros dos aeropor-
das Finanças, António Laice. Tem a palavra o Igepe, para mandar
ocupar tão apetecida cadeira. Só em impostos, as cervejas deram
ao mano Chang, 625 milhões, qualquer coisa como 20 milhões
receber 7,20 meticais por acção.
mesmos aqueles comparados com as reformas e proventos com
os nossos governantes, que geraram uma grande onda de como-
dois moçambicanos, levaram para casa em 2012 a bonita quantia
de 38 milhões, uma média por cabeça e por mês de 452,3 mil
meticais (15 mil verdinhas). Antes dos impostos…
minerais, mas de tão calados que andam, até dá para desconfiar
que os chinocas que compraram 20% aos petroleiros de Milão
estabelecidos no Rovuma ainda não pagaram as mais-valias que a
Autoridade Tributária se apressou a publicitar quando foi o caso
dos irlandeses da Cove. Porque será?
-
nacional da conchinha, diz para quem quer ouvir que, uma das
hipóteses é fazer o trem para a liquefacção do gás num barco ao
de especulação imobiliária para Palma.
-
fantil, é a tsunami do ministério do Alto-Maé. Tal como fez um
governador de má memória, a nossa mana orera leu duas vezes o
número do seu telemóvel para os petizes. Como era só para eles,
nós não podemos dar, apesar do jornal ser lido pelo menos por
aqueles que fizeram a 7ª. Classe, a nova plataforma mínima do
saber ler em Moçambique.
-
chimbo sem cachimbo, lá mandou mais umas indirectas àqueles
que o incomodam, neste caso o Parlamento Juvenil do Salomão
-
lamento juvenil de verdade, de jovens verdadeiros. Será que os
outros não são … ou não são porque não são liderados por al-
guém com nome da cidade dos czares …
Espanha. Tal como fazem centenas de senhores e senhoras nas
cidades moçambicanas, o maquinista que causou a morte de 70
passageiros, estava ao telelé quando o comboio se despistou a 152
quilómetros à hora. Comentários para quê?
das matas da Gorongosa, lamentou a queda do editor do matu-
tino que o tinha visitado há algumas semanas. Pelos vistos, uma
visita com um preço muito caro …
Em voz baixa
rotundo abdómen, com um sorriso enigmático. Manter-se à frente
do jornal oficioso durante 10 anos e receber as simpatias dos seus
pares na imprensa independente na hora da despedida … é obra …
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS
EVENTOS
o 1021
Cinco acordos de cooperação
bilateral foram assinados,
nesta segunda-feira, pelos
primeiros-ministros da Tai-
lândia Yingluck Shinawatra e de
Moçambique, Alberto Vaquina, du-
rante uma visita de um dia efectuada
a capital do país pela chefe do exe-
cutivo daquele país asiático a convite
do Chefe de Estado moçambicano,
Armando Emílio Guebuza.
Esta iniciativa surge no âmbito da
missão empresarial do Reino da Tai-
lândia e cobre áreas técnicas, isenção
de vistos de passaportes diplomáticos
e de serviços, desenvolvimento de pe-
tróleo e gás e cooperação económica
e comercial. No domínio da coopera-
ção económica e comercial prevê-se
um aumento no volume de negócios
para cerca de USD 360 milhões nos
próximos cinco anos.
“Esta troca de experiências para uma
economia como a do nosso país que
tem registado crescimentos signifi-
cados e vai impulsionar ainda mais o
Moçambique e Tailândia fortalecem laçosPor Nélia Jamaldine
volume de negócios entre os dois paí-
ses como forma de fortificar o desen-
volvimento de Moçambique”, disse
Armando Emílio Guebuza, Chefe de
Estado moçambicano.
Por seu turno, Yingluck Shinawatra
referiu que a sua estadia em Moçam-
bique faz parte da iniciativa africano-
-tailandesa, com o propósito de ajuda
ao continente.
“Este intercâmbio económico pode-
rá futuramente dar crescimento neste
e num espaço de tempo de cinco anos
possibilitar ainda mais a expansão
dos investimentos com enfoque no
sector privado”, enfatizou a primeira-
-ministra daquele reino asiático.
Refira-se que a companhia estatal de
hidrocarbonetos da Tailândia PTT
tem investimentos avultados na pros-
pecção de hidrocarbonetos na bacia
do Rovuma, na província de Cabo
Delgado, norte de Moçambique.
Num outro desenvolvimento, o Pre-
sidente da Confederação das Asso-
ciações Económicas de Moçambique
(CTA), Rogério Manuel, notou que
esta iniciativa prova que Moçam-
bique é um destino apetecível para
o investimento estrangeiro, no caso
mais específico da Tailândia.
Manuel acrescentou ainda que a
CTA e o Governo trabalham em
estratégias para melhoria do am-
biente de negócios em Moçambique
(EMAN-II), de como simplificar
procedimentos comerciais e melho-
rar a competitividade da economia
nacional, tornando o país mais atrac-
tivo para negócios e investimentos
sustentáveis.
Esta visita, efectuada pela primeira
vez por Yingluck Shinawatra à Áfri-
ca desde a sua eleição em 2001, acon-
tece oito meses após a realização do
primeiro fórum económico de troca
de experiências nos diferentes ramos
de negócio.
Estiveram presentes membros dos go-
vernos de ambos os países e perto de
100 agentes económicos, dos quais 60
eram tailandeses e 40 moçambicanos.
O Centro Cultural America-
no Martin Luther King Jr.
celebrou, esta terça-feira, o
primeiro aniversário de sua
existência em Moçambique, num
ambiente de pompa e circunstância.
O aniversário do Centro coinci-
de com a passagem de 50 anos do
histórico discurso do activista negro
dos direitos humanos, Martin Lu-
ther King Jr., “I have a Dream”.
Intervindo na ocasião, o Embaixa-
dor dos Estados Unidos da América
em Moçambique, Douglas Griffiths,
disse que o nome do Centro Cul-
tural Americano em Moçambique,
Martin Luther King Jr, que hoje
completa um ano da sua existência
representa um grande simbolismo
“Luther King” celebra 1º aniversárioPor: Zaqueu Massala
para os americanos.
“A meta do nosso Centro Cultural
consiste em ajudar e oferecer infor-
mações para os estudantes, acadé-
micos, jornalistas ou outras pessoas
interessadas. Esperemos que este
centro continue a crescer e florescer
para a troca de ideias para eventos
culturais”, firisou o Embaixador
Douglas Griffiths.
Para além da cerimónia de celebra-
ção da passagem de um ano da sua
existência, o centro lançou um ca-
tálogo online da biblioteca, que tem
por objectivo ajudar vários usuários
na consulta de vários livros.
Por seu turno, o director da bibliote-
ca, Pedro Nguluve, disse que o novo
catálogo online da biblioteca vai aju-
dar muitos estudantes na pesquisa de várias informações onde quer que estejam desde que estes tenham um computador com acesso à internet.“O novo catálogo online da biblio-teca vai ajudar nos trabalhos de pesquisa para os estudantes univer-sitários como as outras pessoas que queiram visitar, ler ou consultar al-guns livros da nossa biblioteca, desde que os mesmos tenham um compu-tador com acesso à internet. O nosso objectivo é ajudar a todos os estu-dantes nacionais e internacionais na pesquisa sobre um dado assunto”. Entretanto, antes do início da ce-rimónia, cerca de cinco estudantes do movimento literário subiram ao pódio para declamar poemas em ho-
menagem a Martin Luther King Jr.
Ilec
Vila
ncul
o
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS2
Terminou recentemente o
XI Festival Nacional de
Jogos Escolares em Tete
que, durante cerca de uma
semana, recebeu centenas de jo-
vens estudantes idos de vários
pontos do país para aquele que é
o maior evento desportivo escolar
em Moçambique. Viveu-se em
Tete um verdadeiro momento de
festa, acompanhado por momen-
tos únicos de euforia e celebração.
Bastante concorrido pelo público
daquela parte do país e não só, o XI
Rio Tinto apoia XI Edição dos Jogos EscolaresFestival Nacional de Jogos Esco-
lares em Tete contou com o apoio
da mineradora Rio Tinto, que não
mediu esforços em contribuir para
a promoção do desporto nos mais
novos.
Sua contribuição foi muito além
de oferecer a premiação dos jogos,
tendo igualmente oferecido o equi-
pamento das equipas masculina e
feminina de basquetebol de Tete e
o apetrechamento do pavilhão po-
livalente da cidade de Tete.
Segundo o Director Geral de Re-
lações Externas da RTCM, Pedro
Sacadura Botte, “foi com muita
honra e prazer que a Rio Tinto
participou nesta manifestação des-
portiva escolar que teve lugar em
Tete. Orgulhamo-nos de ter ajuda-
do a despertar a atenção das pes-
soas sobre este evento de tamanha
importância para Moçambique,
que reuniu estudantes oriundos de
todas as províncias do país e que
contribui para a identificação de
novos talentos”.
O pacote DStv Mini da DStv sofreu recente-
mente uma alteração no seu número de ca-
nais, passando a denominar-se DStv Gran-
de. O novo Pacote passa a usufruir de mais
de 69 canais contra os anteriores 58 canais do pacote
mini. Quem sai a ganhar é o cliente portador deste
pacote, que com esta mudança, passa a ganhar mais
canais, mais entretenimento sem que seja alterado o
seu preço, estando disponível ao preço de 921Mt*.
O pacote é caracterizado por uma diversidade de
conteúdos com destaque para os canais desportivos
SuperSport, as telenovelas da TLN e dentro de dias
será adicionado o canal Telemundo, canais da Fox, o
conteúdo musical com os Afromusic, Trace TV e o
Channel O, diversão infantil com o Panda Biggs e o
Disney Júnior.
Pacote Dstv Mini cresce de tamanho
O acesso aos financiamentos automóveis e de
maquinarias pode deixar de ser um empecilho
na vida social e empresarial dos moçambicanos
graças ao novo produto oferecido pelo First
National Bank (FNB), nomeadamente o FNB LEA-
SING sob o tema “os sonhos são seus e a solução é nos-
sa”, lançado recentemente no mercado nacional.
Com este novo produto, a instituição bancária pretende
criar soluções a medida dos seus clientes de modo a sa-
tisfazer as suas necessidades em tempo útil.
Deste modo, o FNB Leasing automóvel oferece solu-
ções personalizadas a cada cliente propondo para tal
mecanismos viáveis e acessíveis a sua disponibilidade fi-
nanceira como as taxas de juro baixas, seguros de vida e
de automóvel. Por sua vez, o FNB Leasing Maquinaria
e outros Equipamentos terá as mesmas regalias apenas
diversificada pelo produto financiado.
Esta instituição financeira tem vindo a consolidar a sua
expansão em todo o território nacional permitindo de
forma contínua, diversificada e fiável responder a todas
as necessidades dos seus clientes.
Parte do grupo FirstRand, o FNB é o terceiro maior
banco da África e o único de origem africana a operar
na Ásia mais concretamente na Índia.
Actualmente conta com cerca de 153 mil clientes e está
representado em sete países.
FNB lança pacote leasingPor Nélia Jamaldine
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS 3PUBLICIDADE
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS4 PUBLICIDADE
1. Na sequência da alienação de 28,571% das acções detidas pela Societá Ionica Gas S.p.A, na Eni East Africa, correspondentes a 20% do interesse participativo na Área 4 da Bacia do Rovuma, a favor da CNODC Ducth Cooperativief, U.A., foram con-cluídas, todas as diligências com fundamento no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (CIRPC), aprovado pela Lei n.°34/2007, de 31 de Dezembro, e demais legislação em vigor aplicável.
2. As partes comunicaram às entidades competentes, oportuna-mente, os resultados das diligências efectuadas.
-
-mente às transacções envolvendo ganhos de capital, em es-treita parceria com todas as entidades relevantes.
Todos Juntos Fazemos Moçambique
O Director
AUTORIDADE TRIBUTÁRIA DE MOÇAMBIQUEGABINETE DE COMUNICAÇÃO E IMAGEM
Comunicado N.°3
Alienação de Acções da Societá Ionica Gas S.p.A/Eni East África, a favor do CNODC Ducth Cooperatief U.A., na Área 4 da Bacia do Rovuma
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOSPUBLICIDADE 5
1. No âmbito do programa do aumento do acesso à energia eléctrica nas zonas rurais sem Rede Nacional de Energia, o FUNAE pretende construir centrais mini-hídricas nas províncias de Manica, Zambézia, Nampula e Niassa e fornecer energia eléctrica aos povoados circunzinhos nos locais próximos das centrais.
2.
administrativas, na qual incidirá sobre as seguintes componentes:
e eléctrica; O cumprimento de Normas de Higiene e segurança no trabalho e
procedimentos ambientais, tendo em conta as regras ambientais para o contratado (empreiteiro) do FUNAE; e
Proceder a monitoria de questões técnico-legais referentes a situações como validade de contratos e garantias.
3. O FUNAE convida as empresas elegíveis com capacidade para
providenciar as actividades previstas no número anterior, a
trabalho, disponibilidade e habilidade apropriada da equipa de
similares, brochuras, etc.).
4.
curta dos consultores seleccionados para a fase posterior.
5. A empresa será seleccionada de acordo com os procedimentos
Estado, aprovado pelo Decreto nº 15/2010, de 24 de Maio.
6. Língua Portuguesa, devendo conter um (1) original e quatro (4) cópias e ser entregues no endereço abaixo até as 14:00 horas do dia 15 de Agosto de 2013.
7. indicar claramente “
8. abaixo:
FUNAE – Fundo de EnergiaRua da Imprensa 256, 6º andar, Portas 607 – 610 (Prédio 33 andares)Telefones: +258 21 304717/20; Fax: +258 21 309228; Celular. 82 ou 84 3216550Maputo - MoçambiqueE-mail: [email protected]; Webpage: www.funae.co.mz
Maputo, aos 01 de Agosto de 2013
Energia para Moçambique
MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
Contratação de Serviços de Consultoria para Fiscalização da Construção de Centrais Mini-Hídricas nas Províncias de Manica, Zambézia e Nampula e Niassa
CONCURSO N.º 073/SE-MHD/FUNAE/UGEA/13
O Fundo de Energia (FUNAE) pretende admitir para o seu quadro de pessoal 1(Um), Motorista de Veículos Pesados e 1(Um) Contínuo, para
MOTORISTAOs candidatos devem possuir:
Possuir Nível Básico de escolaridade;
Ter nacionalidade moçambicana;Experiência mínima de 2 anos na área;
Possuir residência na cidade da Maxixe, eDisponibilidade imediata.
Principais Actividades:
Realizar outras tarefas de natureza e complexa incumbidas pelos superiores hierárquicos; e
correspondências.
CONTÍNUOOs candidatos devem possuir:
Ter Nacionalidade moçambicana;Possuir idoneidade e sanidade mental para o efeito;Experiência mínima de 1 ano na área;
Possuir residência na Cidade da Maxixe, eDisponibilidade imediata.
Principais Actividades: Executar trabalhos de limpeza nas instalações garantindo a higiene do escritório;Realizar outras tarefas de natureza e complexa incumbidas pelos superiores hierárquicos; e
correspondências. Local de Trabalho
Maxixe;
cidade da Maxixe.
Apresentação de candidatura:
fotocópia do BI ou documento equivalente e fotocópia da carta de
seguinte endereço:
Direcção Provincial dos Recursos Minerais de InhambaneRua da OJMCP n° 8, 1° AndarTelefax: (293) 20526/7
Ou pela via electrónica através do endereço: [email protected]
Maputo, aos 26 de Julho de 2013
ANÚNCIO DE VAGASEnergia para Moçambique
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS6 PUBLICIDADE
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS 7PUBLICIDADE
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS8
Os clientes pré-pago e
Fale Mais da Voda-
com poderão bene-
ficiar-se brevemente
da promoção intitulada “Bla-
ckBerry Diário” oferecendo
aos seus clientes um total de
30 sms grátis, acesso ilimita-
do à internet, acesso grátis às
redes sociais, mensagens ins-
tantâneas grátis como tam-
bém a abertura de 10 contas
de e-mail grátis.
Esta iniciativa tem como
objectivo possibilitar aos
clientes Vodacom o acesso
mais barato a partir de ape-
nas 5MT como também na
redução de cerca de 25% nos
pacotes BlackBerry.
“A Vodacom traz para o mer-
cado promoções constantes,
de celulares com acesso à
Internet e modems a preços
acessíveis e, claro, a contínua
expansão e melhoria da nos-
sa rede. Desta vez, pensámos
numa oferta que pudesse
beneficiar os nossos clientes
usuários de aparelhos Bla-
ckBerry”, disse o Director
Comercial e de Estratégia da
Vodacom reduz tarifa de InternetPor Nélia Jamaldine
Vodacom Junaid Munshi.
A Vodacom Moçambique
iniciou com as suas activida-
des no país em Dezembro de
2003 com o objectivo de ofe-
recer uma rede móvel de alta
qualidade e fiável através das
novas tecnologias de infor-
mação e comunicação.
E desde 2006, esta operado-
ra de telefonia móvel lançou
o serviço de dados GPRS, e
juntamente com os inova-
dores serviços e pacotes de
Internet, reforçando a tecno-
logia de rede introduzindo o
3G.
Determinada em oferecer
sempre o melhor serviço e
concentrada nas questões da
sociedade, a Vodacom tem
vindo a desenvolver impor-
tantes acções de responsabili-
dade social nas mais diversas
áreas, sendo de destacar a re-
abilitação e construção de es-
colas, a instalação de salas de
informática e a distribuição
de livros e material escolar
em diversas escolas espalha-
das pelo país.
Um casal de nacionalidade
Canadiana está em Mo-
çambique para promover
acções humanitárias, através
da ONG, Visão Mundial, dispo-
nibilizando cerca de 39 mil dólares
para o apoio de algumas crianças
desfavorecidas. Trata-se de Wayne
Westby, gestor de telecomunicações
de Canada, e Gisla Dewey, que es-
tão em Moçambique para uma acção
humanitária.
No total são 3.700 crianças que se
estão a beneficiar de programa de
apoio da Visão Mundial, deste nú-
mero 69% recebem apoio directa-
mente do casal.
Casal canadiano apoia desfavorecidas
Numa conferência de imprensa or-
ganizada pela Visão Mundial na
quarta-feira da semana passada, o
casal explicou que decidiu abraçar a
causa das crianças no ano de 1996,
depois de acompanhar a história
duma criança de Congo que preci-
sava de ajuda.
Entretanto, a partir daquele ano co-
meçaram a dedicar-se a acções huma-
nitárias, não só para aquela criança do
Congo mas também a outras crianças.
“Ficámos muito comovidos com
o sofrimento de algumas crianças
que vimos nos programas da Visão
Mundial em 1996 e a partir daquele
ano começámos a canalizar peque-
nos apoios à Visão Mundial para o
apoio de algumas crianças.
Hoje temos cerca de quatro crianças
que apoiamos directamente, duas
das crianças estão no Malawi e duas
em Congo, as outras recebem o nos-
so apoio através da Visão Mundial”.
Em 2009 o casal foi convidado para
participar duma maratona de 42
quilómetros na Califórnia e aprovei-
tou o momento para pedir o apoio
ou seja angariar fundos para o apoio
das crianças.
A fonte explicou ainda que neste
momento está em curso um projecto
de apoio de algumas crianças no dis-
trito de Manjacaze. Z. M
A Cimentos de Moçambi-
que, empresa pertencente
à InterCement, anunciou
recentemente que irá au-
mentar a sua capacidade no País,
após ter assinado um contrato de
arrendamento de uma moagem, lo-
calizada junto à fábrica de Matola.
Esta, com capacidade de produção
Cimentos de Moçambique aumenta capacidade
de 220 mil toneladas por ano, vai
ampliar em 12% a produção local.
Para Sérgio Bandeira, Director Ge-
ral da Cimentos de Moçambique,
a operação vai permitir ganhos im-
portantes, seja na concorrência com
o cimento importado, na possibili-
dade de fabricação de novos tipos
de produtos ou esforço contínuo de
melhoria dos serviços prestados aos
clientes.
A InterCement conta agora com
40 unidades de produção espalha-
das pelo Mundo e capacidade ins-
talada de 38 milhões de toneladas.
Além do continente africano, actua
no Brasil, Argentina, Paraguai e
Portugal.
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS 9
Moçambique está nos úl-
timos anos a registar
um desenvolvimento
económico, intelectual
e cultural assinalável. Esta evolu-
ção caracteriza-se pelo aumento de
renda, formação académica superior
bem como na melhoria dos hábitos
de vida.
Muitos moçambicanos, sobretudo
da classe média, estão cada dia que
passa melhorando a sua qualidade de
vida, através de busca de serviços so-
Cultura do seguro longe do idealciais de qualidade. Isso está a passar
pela aquisição de imóveis e viaturas
próprias.
Porém, essa evolução não se con-
substancia com a cultura de assegu-
rar esses bens para qualquer impre-
visto.
Segundo Ruben Chivale, adminis-
trador Delegado da Índico Seguros,
uma companhia moçambicana de
seguros, é inconcebível que uma pes-
soa invista muito dinheiro na aqui-
sição de uma casa ou viatura, mas já
não consegue desembolsar três ou
quatro mil meticais para proteger
o seu bem contra qualquer tipo de
risco.
Referiu que um bem patrimonial
sempre que estiver em poder do ci-
dadão está sujeito a risco e uma for-
ma de transferir esse risco para ou-
tros é segurar esse bem. Contudo, os
moçambicanos, mesmo cientes dis-
so, continuam renitentes em apostar
no seguro.
Ruben Chivale, que falava à impren-
sa à margem da cerimónia da come-
moração do segundo aniversário da
sociedade, referiu que apesar da cul-
tura do seguro estar longe do ideal
em Moçambique, o negócio está a
surtir efeitos almejados.
De acordo com Chivale, quando a
sociedade iniciou com as actividades
em 2011, sempre ambicionou ser
líder do mercado. E para ser líder,
impunha-lhes fazer melhor que os
concorrentes directos, sobretudo no
capítulo referente a qualidade.
Foi nessa senda que a sociedade de-
sencadeou um conjunto de acções
visando a concretização dos objec-
tivos. As acções resumiram-se na
concentração de qualidade.
Ruben Chivale sublinhou que o
cumprimento destes princípios
chamou atenção de outros agentes
económicos no mercado nacional e
internacional.
“Muito rapidamente merecemos a
confiança dos correctores, nossos
parceiros. Por isso, hoje, 80% do
nosso negocio é nos colocado via
correctores de seguros, com quem
mantemos relações comerciais ho-
nestas e profissionais”, disse.
Por causa da confiança conquistada
junto ao mercado, a Índico Seguros
foi reconhecida por várias institui-
ções internacionais facto que valeu
grandes prémios. Dentre os prémios
atribuídos à Índico Seguros por se
reconhecer mérito na prestação de
serviços de qualidade destacam-se o
International Gold Star For Quali-
ty, pelo cumprimento dos princípios
estabelecidos no QC100 TQM mo-
del; Platinum Award For Excelen-
ce and Business Prestige, atribuído
pela Business Initiative Directions
(BID); ESQR’S – Quality Achie-
vement Award, categoria de ouro
atribuído pela European Society For
Quality Research entre outros.
Importa referir que a Índico Segu-
ros opera no ramo de seguros contra
incêndios, automóveis, roubos, mer-
cadorias, habitação e acidentes. Ile
c Vi
lanc
ulo
Ruben Chivale, administrador delegado da Índico Seguros,
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS10
Vodacom reduz tarifa de InternetPor Nélia Jamaldine
Casal canadiano apoia desfavorecidas
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Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS 11PUBLICIDADE
Savana 02-08-2013EVENTOS EVENTOS12
A Associação Moçambicana
de Empresas de Marketing,
Publicidade e Relações
Públicas (AMEP) conta,
desde a semana passada, com um
novo elenco directivo, para o biénio
2013-2015.
A Assembleia Geral decidiu renovar
o mandato da Ferro & Ferro como
Presidente da Direcção e integrar
neste órgão as agências BBrands
(Vice-Presidente), FDS-Fim de
Semana, Kisha Representações e
Papaia como vogais.
Entre os corpos gerentes desta agre-
miação representativa da classe dos
AMEP com nova direcção“marketeers”, publicitários, comu-
nicadores e assessores de impren-
sa, produtores de publicidade e de
eventos e áreas afins, pontificam a
Golo como Presidente da Mesa da
Assembleia Geral, a Congress Ren-
tal como Vice-Presidente e Media-
print como Relator.
Do Conselho Fiscal fazem parte a
DDB como Presidente, a Destinos
como Vice-Presidente e a RGB
como Relator.
Os associados presentes assinalaram
que as relações com a CTA – Confe-
deração das Associações Económi-
cas de Moçambique apresentam-se
de grande importância, na medida
em que esta confederação manifes-
tou a sua disponibilidade em apoiar
a associação na actualização e mo-
dernização do Código de Publicida-
de e em outras matérias de carácter
jurídico, servindo de interlocutor
com as entidades competentes.
Os associados da AMEP entendem
que, através do envolvimento da
CTA, poderá ser possível alterar o
comportamento das entidades com-
petentes em relação à Indústria da
Comunicação Empresarial em geral
e da Indústria Publicitária moçam-
bicana, em particular, numa tentati-
va de regular o mercado nacional e
a actividade dos seus principais in-
tervenientes.
Foi ainda discutido o alargamento
da base associativa a empresas que
desenvolvem outras actividades não
prescritas nos Estatutos, como por
exemplo as Empresas Proprietárias
dos Meios de Comunicação So-
cial. Este ponto serviu como base
para renovar a discussão sobre que
AMEP se pretende.
Os associados presentes voltaram a
defender que esta instituição tem de
possuir uma acção mais actuante e
determinante e que possa intervir,
juntamente com as entidades com-
petentes, na regulação e disciplina
do mercado face a situações anóma-
las e irregulares, que se vêm regis-
tando nos últimos tempos, com um
desrespeito impune do Código de
Publicidade e da legislação em vigor
na República de Moçambique.
Após a sessão da Assembleia Geral
e a tomada de posse dos corpos ge-
rentes, a Direcção da AMEP esteve
reunida no passado dia 30 de Julho,
para discutir e aprovar o seu progra-
ma de acção para o biénio de 2013-
2015, assim como distribuir tarefas e
responsabilidades entre os membros.
Foi na última sexta-feira que a Banda Kakana
estreou-se com o seu primeiro trabalho dis-
cográfico intitulado Serenata, num concerto
bastante concorrido pelos fãs, que esgotaram
as bilheteiras do mesmo. Como consequência desta
adesão massiva, o Centro Cultural Universitário viu
a sua capacidade esgotada, tendo boa parte dos fãs
assistido o concerto em situação desconfortável e em
pé. Mais uma vez questionou-se a venda de bilhetes
a mais, que não estivessem de acordo com o número
de lugares do estabelecimento. Uma situação bas-
tante comum na organização dos vários concertos
na capital moçambicana. Mas serena e bem acom-
panhada, Yolanda Chicane, vocalista dos Kakana,
acompanhada pela banda, conseguiu acalmar os âni-
mos da plateia oferecendo vários momentos ímpares
aos presentes, que foram merecedores de aplausos.
Para aquela que seria a primeira apresentação do
seu primeiro álbum, a Banda Kakana já tem con-
quistado o seu público, tanto pela sua apresentação,
assim como pelas várias actuações por alguns palcos
moçambicanos. Com músicas originais, algumas já
conhecidas pelo público, Yolanda Chicane fez várias
“serenatas” ao público, com os 15 temas que com-
põem o seu disco, no estilo marrabenta, afro-jazz
e latino, fazendo alusão ao amor, paz e esperança.
Desta vez a Banda Kakana esteve em primeiro pla-
no e foi ela que teve o privilégio de convidar artistas
de gabarito nacional e internacional para participa-
rem do seu concerto. Moreira Chonguiça, João Ca-
baço, Maria Helena Pinto e Simba dividiram o
mesmo palco com a Banda Kakana, enriquecendo a
actuação das figuras de cartaz.
Banda Kakana esgota bilheteira
Yolanda Chicane exibindo os dotes musicais juntamente com Morreira Chonguiça
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