Síndrome Metabólica
Anahy WildeR1 Medicina Esportiva
HC-FMUSP
Síndrome Metabólica
• Já foi chamada Síndrome X, Síndrome Plurimetabólica, com classificações diversas
• Síndrome que inclui diversos fatores de risco ateroscleróticos
• Representa o aumento de risco cardiovascular
Síndrome Metabólica
• Base fisiopatológica: gordura visceral aumenta resistência periférica à insulina
• Associada à liberação de fatores pró agregantes plaquetários, pró coagulantes, pró inflamatórios e antifibrinolíticos, favorecendo a disfunção endotelial, o estresse oxidativo e portanto os eventos cardiovasculares
Síndrome Metabólica
Definição NCEP – ATP III (2001) – 3 critérios:• Circunferência abdominal: masculino >102 e
feminino >88• GJ>=100 (ou em terapia)• PA >= 130x85 (ou em terapia)• TG>=150 • HDL masculino <40 e feminino <50 (ou em
terapia)
Síndrome Metabólica
Definição International Diabetes Federation 2005:
Circunferência abdominal: masculino >=90 e feminino >=80 + 2 critérios:
• GJ>100 (ou em terapia)
• PA > 130x85 (ou em terapia)
• TG>150
• HDL masculino <40 e feminino <50 (ou em terapia)
Risco CardiovascularEstratificação
PASSO 1 Na presença de um destes, o Risco é Muito Alto:• DAC: síndrome coronariana, angina, insuficiência
coronariana• AVC, AIT• DAP• Estenose carotídea >50%, estenose artéria renal,
aneurisma aorta abdominal• DCV, aterosclerose manifesta
Risco CardiovascularEstratificação
PASSO 2Na ausência daqueles, calcular score de risco de
Framinghamque considera Idade, CT, HDL-c, fumo, PAs;
Define o risco em Baixo, Intermediário e Alto.
Score de Framingham
Risco CardiovascularEstratificação
PASSO 3Agregar risco adicional ao Framingham (sobe umacategoria de risco) se houver 1 ou mais fator agravante: DM Lesão de órgão alvo:• Microalbuminúria, IRC• Hipertrofia; sobrecarga VE ecg eco• Retinopatia HF+ DAC ( parentes 1º. grau masculino <55 anos e feminino
<65 anos ) Síndrome Metabólica
Síndrome Metabólica
• Outros fatores de risco cardiovascular: sexo masculino, idade: homens >45a, mulheres>55a, sedentarismo.
• Outros marcadores de risco reconhecidos: Ácido úrico, homocisteína, PCR, pré eclâmpsia• Os fatores de risco cardiovascular agem de modo
sinérgico, a associação de 3 fatores de risco pode triplicar a chance de um evento cardiovascular, a associação de 4 ou 5 pode elevar o risco em 5 vezes.
Síndrome Metabólica
Mudança de hábitos de vida é a base da terapiaAbordagem de cada item isoladamente>> MEV!
Síndrome MetabólicaMetas Terapêuticas Gerais
• GJ <110, pré prandial idem, aceitável 130• HbA1c <6,5-7, idosos até 8• CT <200• TG <150• HDL >45 homens, >55 mulheres• IMC < 25• Circunferência abdominal
• PA e LDL conforme RCV
Síndrome MetabólicaMetas Terapêuticas conforme RCV
Risco Baixo• PA<140x90• LDL<160
Risco Intermediário• PA< 140x90• LDL<130
Risco Alto• PA<130x80• LDL<100
Risco Muito Alto• PA<130x80• LDL<70
Síndrome Metabólica
Exames para acompanhamento, frequência e rotina de consultas são definidos pelas sociedades pertinentes ou como medidas de saúde pública, por órgãos governamentais
PM-SP:• HAS: Hb, glicemia, perfil lipídico, ácido úrico, creatinina,
potássio, ECG, RX torax• HAS e DM: HBA1c, F.O, microalbuminúria, rastreamento do
pé diabético
DietaComposição
• 50 a 60% de carboidratos: frutas, verduras, legumes, cereais integrais• 25 a 30% de gorduras: 8-10% saturadas, <=10%poliinsaturadas, 10 a
20% monoinsaturadas• 10 a 20% de proteínas• 20 a 35g de fibras solúveis e insolúveis
Se hipertrigliceridemia: carbos 40-45%, substituídos por gorduras monoinsaturadas
Se LDL elevado: abaixo de 7% de gordura saturada, abaixo 200mgdia colesterol.
• Sal ideal 3-5g.dia (máximo 6g=1 colher de chá=2g sódio)
DietaGenérico
Hábitos de vida
Álcool - doses máximas diárias de etanol:• 30g homens, 15g mulheres• 60ml destilado (uísque, pinga, vodka) ou 240ml
vinho(=2 cálices) ou 740ml cerveja (=2 latas)• Mulheres: metade dissoÁlcool sempre com alimento
Tabagismo: proscrito
Hábitos de vida
IMC abaixo de 25 (acima=sobrepeso). • Ingestão calórica 500kcal abaixo do gasto
metabólico > perda 0,5-1kgpor semana. • Se sedentário: dieta com menos de
1200kcal.dia. • Satisfatório se houver perda de >=5% do peso
em 2 meses
Hábitos de vida
Sedentarismo: combater!• Recomendações genéricas exercício aeróbio
intensidade moderada 30minutos 5x semana• Evitar sarcopenia• Considerações específicas conforme grupos de
risco (IC, HAS, DM...)
Hábitos de vidaEXERCÍCIO FÍSICO
• Melhora a sensibilidade à insulina e o controle do DM
• Músculo treinado capta melhor a glicose• Manutenção do peso• Melhora o perfil lipídico e HAS leve a
moderada• Reduz diretamente os riscos cardiovasculares• Melhora o bem estar e a qualidade de vida
Síndrome MetabólicaAbordagem Medicamentosa
Medicações antiobesidadeAprovadas pelo FDA para IMC >30 ou >27 com
comorbidades• Sibutramina, topiramato, bupropiona, victoza • Redutores da absorção intestinal – orlistat• Redutores do apetite ou noradrenérgicos –
anfepramona, fenpreporex > proscritos
Síndrome MetabólicaAbordagem
Cirurgia bariátrica
IMC >40 IMC >35 com comorbidades relacionadas que
podem ser minimizadas com a perda ponderalDM,DSLP, HAS,DAC, apnéia do sono, osteoartrite
Síndrome MetabólicaAbordagem Medicamentosa
Antidiabéticos orais se diabéticosMetformina• inibição da gliconeogênese hepática, principal responsável pela
hiperglicemia de jejum (responsável por 75% de sua ação hipoglicemiante)
• melhora da sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina (contribuindo para queda da insulinemia)
• redução do turnover de glicose no leito esplâncnico• Mecanismo de ação pós receptor insulínico, não bem definido• Outro efeito é o aumento da produção de ácido lático por
estimular o metabolismo não oxidativo da glicose em células intestinais. O lactato produzido pode ser usado na gliconeogênese, sendo um importante fator protetor contra a hipoglicemia.
Síndrome MetabólicaAbordagem Medicamentosa
Metformina• É a medicação de escolha para resistência à insulina
aumentada, inclusive diabéticos obesos em que este é o fator predominante
• Não estimula secreção de insulina, tem ainda pequeno efeito anorexígeno >> breve redução ponderal
• Reduz glicemia em 20% (monoterapia),triglicerídeos em 10-15%, reduz LDL em menor grau, reduz PAI-1 (inibidor do ativador do plasminogênio) – substância pró trombótica
• Redução de complicações macrovasculares (AVC, IAM, morte cardíaca) em pacientes obesos (estudo UKPDS) – redução dos níveis plasmáticos de marcadores de ativação endotelial e de fatores da coagulação
Síndrome MetabólicaAbordagem Medicamentosa
Metformina• Dose 1000-2550mg.dia, em 2 tomadas, junto com as
refeições que retarda a absorção da droga• ECs: náuseas, diarreia em 30% pacientes, maioria
minimizada com a continuidade do uso, introdução gradual, fórmula de liberação prolongada
• Contraindicação: insuficiência renal (risco acidose lática), hepatopatia com transaminases 3x acima do valor de referência
• Atenção: stress agudo (cirurgia), >80anos, exame com contraste radiológico
Síndrome MetabólicaAbordagem Medicamentosa
Anti-hipertensivos Primeira linha: Inibidores da ECA (captopril, enalapril), Antagonistas
da angiotensina II (losartan, ibesartan) se iECAs não tolerados por tosse, BCEReduzem a progressão da nefropatia (principalmente na fase de microalbuminúria) e da retinopatia, além de prevenir eventos cardiovasculares. Menor efeito em negros.
Diuréticos tiazídicos e betabloqueadores tem mostrado benefícios na prevenção de eventos macro e microvasculares no DM2
• Tiazídicos: efeito sinérgico sobre HAS, uso em associação. Estudos com doses altas (50-100mg) mostraram complicações metabólicas como hiperglicemia e hiperlipidemia
• Betabloqueadores: de escolha se história prévia de IAM. Atenção ao controle do perfil lipídico.
• Antagonistas do cálcio: em associação.
Síndrome MetabólicaAbordagem
• Associação hipertrigliceridemia+HDL baixo.• LDL: componente qualitativo é mais importante (no
diabético é mais aterogênico, partículas pequenas e densas>aterogênese)
Estatinas:• Reduzem LDL• Efeito antiaterosclerótico independente e estabilizador do
endotélio
Síndrome MetabólicaAbordagem
Terapia do LDL-c elevado• gordura saturada<7% das calorias totais• colesterol<200mg.dia• Dietoterapia reduz LDL no máximo em 25mg.dL• Estatinas reduzem LDL em 20-50%, atorvastatina
maior redução. Leve efeito redutor dos triglicerídeos, entre 10-30%, atorvastatina maior redução.
ECs: mialgias; miosite e rabdomiólise mais raras, especialmente se associada a fibrato
Síndrome MetabólicaAbordagem
Terapia da hipertrigliceridemia• Objetivo TG <150• Dieta com restrição de carboidratos e gorduras saturadas• Carboidratos 40-45% do valor calórico total, demais
substituído por gorduras monoinsaturadas.• A hipertrigliceridemia responde melhor e mais rápido à
associação dieta+exercício físico do que a hipercolesterolemia
• Níveis de TG>500 indicam terapia medicamentosa pelo risco de pancreatite aguda.
• Fibratos: gemfibrozil, fenofibrato, bezafibrato, ciprofibrato. Reduzem TG > 30%. Administrados na principal refeição.
Síndrome MetabólicaAbordagem
Terapia do HDL-c baixo• Objetivo > 45mg.dL para homens e >55mg.dL para
mulheres• MHV!• Se insucesso: fibratos (hipertrigliceridemia é bastante
associada à redução HDL)• Se elevação LDL associada: estatinas, pois podem elevar
HDL• Redução da morbimortalidade cardiovascular• Ácido nicotínico: maior eficácia em elevar HDL, mas ECs:
elevação glicemia, flushing, dor abdominal, náuseas, prurido, hepatotoxicidade
Síndrome MetabólicaAbordagem Medicamentosa
AAS • Antiagregante plaquetário• Plaquetas são elementos de grande importância na gênese dos eventos
macro e microvasculares • DM, pela hiperglicemia> Aumento da atividade plaquetária através do
estímulo à produção tromboxane A2 Indicado para prevenção secundária em pacientes com alto risco
cardiovascular, DCV, DAC, DAP. Indicado para prevenção primária em DM 2: • >40a ou >30a com outros fatores de risco (HF+ DCV ou Taba ou DSLP ou
albuminúria) • AAS 75 a 162mg.dia, dose padrão 100mg • Se intolerância ao AAS, está indicado clopidogrel 75mg.dia
Obrigada!
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