SOCIOLOGIA BRASILEIRA
Professor Ricardo da Cruz AssisSociologia - Ensino Médio
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O desenvolvimento do pensamentosociológico no Brasil obedeceu àscondições de desenvolvimento docapitalismo e da inserção do paísna ordem mundial, como resultadode um longo processo que tevecomo suporte as condições sócio-históricas do capitalismo na Europa,a partir do Renascimento.
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A cultura colonial
Reflete a herança cultura jesuítica e o lento
processo de formação do Estado nacional.
Os jesuítas exerceram durante três séculos o
monopólio sobre a educação, o pensamento
culto e a produção artística que aqui se
desenvolveram.
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A cultura colonial
A cultura religiosa foi um importante instrumento de colonização.
Implantou-se uma Cultura Erudita e Religiosa (Os produtores da chamada cultura erudita fazem parte
de uma elite social, econômica, política e cultural e seu conhecimento ser proveniente do pensamento científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo em geral (erudito significa que tem instrução vasta e variada adquirida sobretudo pela leitura). A arte erudita e de vanguarda é produzida visando museus, críticos de arte, propostas revolucionárias ou grandes exposições, público e divulgação).
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O erro colonial
Agrupamos a "Cultura do Negro" e a "Cultura do
Índio" numa mesma vertente pelo fato de se encontrarem
num mesmo nível de desenvolvimento: o pré-lógico ou
ecológico.
Nestas culturas a problemática central de sobrevivência
gira em torno da adaptação ao meio físico. São
sociedades sem destino, sem significação (numa acepção
estritamente técnica) e sem "projeto". Vivenciam assim um
tempo cósmico, a-histórico, circular da revolução dos
astros e da recorrência das estações do "ano".
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A cultura colonial
Cultura Erudita e Religiosa - baseado na retórica e em princípios universalizantes ( é a que é legitimada e transmitida pelas escolas e outras instituições).
Seus efeitos foram aniquilar a cultura indígena, submeter as populações escravas e distinguir as camadas cultas
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A cultura e as classes intermediárias no
século XVIII
No séc.XVIII, a mineração trouxe algumas
transformações sociais, alterando a sociedade colonial
até então dividida em dois grandes grupos:
-os donos de terra (os administradores)
-os escravos
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A cultura e as classes intermediárias no século XVIII
Surgiram novas ocupações:
-comerciantes, artífices,criadores de animais,funcionários da
administração que controlavam a extração de minérios e sua
exportação, e outras.
Essa camada intermediária livre e sem propriedades,precede o
surgimento da burguesia-consumidora da erudição da cultura
européia.
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Decreto de expulsão dos Jesuítas -1759:
Declaro os sobreditos regulares [os Jesuítas] (…) rebeldes,
traidores, adversários e agressores que estão contra a minha
real pessoa e Estados, contra a paz pública dos meus reinos
e domínios, e contra o bem comum dos meus fiéis vassalos
(…) mandando que efetivamente sejam expulsos de todos os
meus reinos e domínios.
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A cultura da corte e o século XIX
Em 1808 houve a transferência da corte joanina para oBrasil.
Introduzida na colônia a cultura portuguesa da época,resultante das influências do humanismo neoclassistafrancês (movimento cultural europeu, do século XVIII eparte do século XIX, que defende a retomada da arteantiga, especialmente greco-romana, considerada modelode equilíbrio, clareza e proporção. O movimento, degrande expressão na escultura, pintura e arquitetura,recusa a arte imediatamente anterior - o barroco e orococó, associada ao excesso, à desmedida e aos detalhesornamentais)
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Cultura Escolástica
Cultura escolástica era a filosofia ensinada nas escolas da época
(que vai do começo do século IX até o fim do século XVI) pelos
mestres, chamados, por isso, escolásticos. As matérias ensinadas
nas escolas medievais eram representadas pelas chamadas artes
liberais, divididas em
trívio: gramática, retórica, dialética
e quadrívio: aritmética, geometria, astronomia, música
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A cultura da corte e o século XIX
Destinava-se a descrever a colônia por meio de estudos
naturalistas, que recebiam o nome genérico de história natural,e
a recrutar, as classes intermediárias, intelectuais, dispostos a
servir à corte e às classes dominantes.
Continuava sendo uma cultura alienada, ditada pelas formas
européias, além de garantir o domínio do poder imperial.
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A cultura da corte e o século XIX
Apesar dos movimentos intelectuais e literários que tratavam de questões políticas e sociais no Brasil, a terra e a nação surgiram como objeto, como tema, nunca como pensamento crítico desenvolvido a partir das condições próprias da nação,caracterizava uma forma de alienação, responsável pelo tardio desenvolvimento da ciência no Brasil.
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O Advento Da Burguesia
A burguesia surgiu com o desenvolvimento das
atividades comerciais,de exportação e a expansão
capitalista do início do século, revolucionaram o modo de
pensar, capaz de transformar a antiga colônia numa nação
capitalista.
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O ADVENTO DA BURGUESIA
A burguesia emergente necessitava de um saber mais nacional e
pragmático, menos universalista e dependente da estrutura social
colonial.
Procurava-se combater o analfabetismo, homogeneizar os valores
e o discurso, criar um sentimento de patriotismo que levasse a
mudanças reais na estrutura social.
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O ADVENTO DA BURGUESIA
A Primeira Guerra Mundial e a crise que a sucedeu
fizeram crescer o poder econômico e político da
burguesia nacional
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A GERAÇÃO DE 30
A década de 30 se norteou por algumas preocupações gerais entre a intelectualidade:
Interesse pela descoberta do Brasil verdadeiro, em oposição ao Brasil colonizado e estudado sob a visão etnocêntrica da Europa
O desenvolvimento do nacionalismo, como sentimento capaz de unir as diversas camadas sociais.
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A GERAÇÃO DE 30
A valorização do cientificismo- como principal forma de
conhecer e explicar a nação- e um grande anseio por
modernizar a estrutura social brasileira.
A sociologia como conhecimento sistemático e metódico
da sociedade só aparece na década de 30.
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A GERAÇÃO DE 30
Fundação da Escola Livre de Sociologia e Política, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em São Paulo, e da Ação Integralista Brasileira (1932)
Intelectuais da chamada geração de 30, foram Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda e Fernando de Azevedo
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GILBERTO FREYRE (1900- 1987)
Casa-Grande & Senzala
Seu primeiro e mais conhecido livro é Casa-Grande & Senzala,
publicado no ano de 1933 e escrito em Portugal. Nele, Freyre
rechaça as doutrinas racistas de branqueamento do Brasil.
Baseado em Franz Boas, demonstrou que o determinismo racial ou
climático não influencia no desenvolvimento de um país.
Entretanto, essa obra deu origem ao mito da democracia racial no
Brasil, com relações harmônicas interétnicas que mitigariam a
escravidão brasileira, que, segundo Freyre, fora menos ruim que a
norte-americana.
Ao contrário do que popularmente se imagina, Casa Grande &
Senzala não é um estudo sociológico ou antropológico. Baseado
em fontes históricas e suas reflexões, Gilberto Freyre se
apresentou como um "escritor treinado em ciências sociais" e não
como sociólogo ou antropólogo, como refletiu em seu Como e
porque sou e não sou sociólogo (1968) . Além disso, por influência
de Franz Boas sabia da necessidade de pesquisas empíricas para
validar um estudo como sendo sociológico ou antropológico
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Democracia racialA democracia racial é um termo usado por algumas pessoas para descrever relações raciais no
Brasil. O termo denota a crença de alguns estudiosos que o Brasil escapou do racismo e da
discriminação racial. Estudiosos afirmam que os brasileiros não veem uns aos outros através da
lente da raça e não abrigam o preconceito racial em relação um ao outro. Por isso, enquanto a
mobilidade social dos brasileiros pode ser limitada por vários fatores, gênero e classe incluído, a
discriminação racial é considerada irrelevante (dentro dos limites do conceito da democracia racial).
O conceito foi apresentado inicialmente pelo sociólogo Gilberto Freyre, na sua obra Casa-Grande &
Senzala, publicado em 1933. Embora Freyre jamais tenha usado este termo nesse seu trabalho, ele
passou a adotá-lo em publicações posteriores, e suas teorias abriram o caminho para outros
estudiosos popularizarem a ideia.
Freyre argumentou que vários fatores, incluindo as relações estreitas entre senhores e escravos
antes da emancipação legal dada pela Lei Áurea em 1888, e o caráter supostamente benigno do
imperialismo Português impediu o surgimento de categorias raciais rígidas. Freyre também
argumentou que a miscigenação continuada entre as três raças (ameríndios, os descendentes de
escravos africanos e brancos) levaria a uma "meta-raça". A teoria se tornou uma fonte de orgulho
nacional para o Brasil, que se contrastou favoravelmente com outros países, como os Estados
Unidos, que enfrentava divisões raciais que levaram a significantes atos de violência. Com o tempo,
a democracia racial se tornaria amplamente aceita entre os brasileiros de todas as faixas e entre
muitos acadêmicos estrangeiros. Pesquisadores negros nos Estados Unidos costumavam fazer
comparações desfavoráveis entre seu país e o Brasil durante a década de 1960.32
Nas últimas quatro décadas, principalmente a partir da publicação em 1976 de Preto no
Branco, escrito por Thomas Skidmore, um estudo revisionista das relações raciais
brasileiras, os estudiosos começaram a criticar a noção de que o Brasil seja de verdade
uma democracia racial. Skidmore argumenta que a elite predominantemente branca na
sociedade brasileira promoveu a democracia racial para obscurecer formas de opressão
racial.
Os críticos que se opõem à ideia da democracia racial, afirmando que ela seja um mito,
frequentemente usam como base a alegação genérica de que não seria possível
impossível definir com exatidão à qual raça uma pessoa pertença realmente, visto que
os próprios indivíduos não são capazes de se definir. Muitos pesquisadores relatam
estudos em que demonstram a discriminação generalizada nos campos do emprego,
educação e política eleitoral. O uso aparentemente paradoxal da democracia racial para
obscurecer a realidade do racismo tem sido referido pelo estudioso Florestan Fernandes
como o "preconceito de não ter preconceitos". Ou seja, porque o Estado assume a
ausência de preconceito racial, ele não consegue fazer cumprir o que existem poucas
leis para combater a discriminação racial, pois acredita que tais esforços sejam
desnecessários.
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SÉRGIO BUARQUE DE
HOLANDA (1902- 1982)Jornalista, sociólogo e historiador brasileiro nascido em São
Paulo, um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX,
que tentou interpretar o Brasil, sua estrutura social e política, a
partir das raízes históricas nacionais. Antes de se tornar
historiador e escrever, foi jornalista e tornou-se amigo dos
principais representantes do Modernismo, como Mário de
Andrade e Oswald de Andrade, e passou a escrever em
revistas ligadas ao movimento.
O autor defende que o Estado não nasce como decorrência temporal da família, antes, nasce como contraposição
às relações familiares. É o triunfo do geral sobre o particular. As relações familiares são superadas.
Exatamente o processo pelo qual o geral (Estado) supera o particular (família) diz muito sobre a estrutura de uma
sociedade.
A sociedade moderna, ao superar sua fundamentação na família, exige que as crianças sejam criadas não mais
para reproduzirem, quando adultas, uma postura doméstica, e sim individualidades. Ou seja, ao passarmos de um
modelo de sociedade familiar para um modelo moderno de sociedade, desvinculado das amarras familiares, isso
vai se refletir no papel que os pais devem assumir nessa nova sociedade: agora, os pais não devem mais impor o
medo aos filhos, tornando-os incapazes de decisões não supervisionadas pelos pais, mas antes, incentivarem as
individualidades que a sociedade moderna cobrará dos filhos quando adultos, tais quais a concorrência e a
iniciativa pessoal. 34
O homem cordial brasileiro.O autor nos apresenta o conceito {talvez, um tipo-ideal} do homem cordial brasileiro.
Os estrangeiros costumam falar da cordialidade brasileira em relação à bondade, hospitalidade, contudo, não é isso
que o autor quer dizer ao classificar o brasileiro como cordial. O centro dessa ideia é que o brasileiro age
cordialmente, ou seja, com o coração. A cordialidade se contrapõe a civilidade. Cordial porque ainda está vinculado
à sociedade-família, e não à sociedade-civilização. Sociedade-família essa que, como vimos, é patriarcal e rural. A
cordialidade está embasada por um fundo emotivo, enquanto a civilidade tem algo de coercitivo.
O exemplo que ilustra a civilidade é a sociedade japonesa. Lá impera a polidez e o ritualismo. Tanto assim que o
respeito entre as pessoas se dá de forma parecida com a veneração à divindade ou a reverência religiosa.
Em contraposição à civilidade (japonesa), há a cordialidade brasileira. Aqui há a aversão ao ritualismo. Na essência
somos contrários à polidez, contudo, pode-se observar uma prática nossa que se assemelha à polidez na forma,
mas de conteúdo muito distinto.
“Ela pode iludir na aparência - e isso se explica pelo fato de a atitude polida consistir precisamente em uma espécie
de mímica deliberada de manifestações que se converteu em fórmula. Além disso, a polidez [cordial] é, de algum
modo, organização de defesa ante a sociedade. Detém-se na parte exterior, epidérmica do indivíduo, podendo
mesmo servir, quando necessário, de peça de resistência. Equivale a um disfarce que permitirá a cada qual
preservar intactas sua sensibilidade e suas emoções. Por meio de semelhante padronização das formas exteriores
da cordialidade, que não precisam ser legítimas para se manifestarem, revela-se um decisivo triunfo do espírito
sobre a vida. Armado dessa máscara, o indivíduo consegue manter sua supremacia ante o social. E, efetivamente,
a polidez [cordial] implica uma presença contínua e soberana do indivíduo.”
Isso significa que a cordialidade brasileira assume a forma de polidez como um disfarce para esconder a
cordialidade, o agir emotivo. Diante da sociedade exigente de um agir desvinculado da emotividade (um agir
moderno), o homem cordial age materialmente com o coração, porém, utilizando uma forma polida para esconder.
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A aversão do homem cordial ao ritualismo social. O
horror às distâncias.Ainda que utilize essa forma polida para esconder o agir cordial, o homem cordial não
consegue fazê-lo com muita tenacidade. Tanto assim que não nos é comum uma
reverência extensa à autoridade, posto que não é concebível a possibilidade de excluir um
convívio mais familiar. O respeito esperado na sociedade moderna substitui-se pelo desejo
de estabelecer intimidade {de incorporar ao coração, à família}.
A aversão ao ritualismo também se manifesta na linguagem, através do acentuado
emprego de diminutivos. Fazemos isso com intuito de tornar o objeto ou pessoa no
diminutivo mais acessível aos sentidos e também aproximá-lo ao coração. Outra
manifestação disso é percebida pela nossa tendência em omitir os sobrenomes no
tratamento cotidiano. Isso porque sem um sobrenome, o interlocutor passa a poder fazer
parte da sua família.
Até mesmo nos negócios essa aversão ao ritualismo social se demonstra. Tal coisa não
seria de se esperar, dado que esse exercício está calcado na individualidade e
concorrência (atributos modernos, que, teoricamente, são característicos da sociedade que
superou a legitimação na família). Contudo, a prática do cotidiano da sociedade do homem
cordial exige que para se conquistar um freguês o comerciante deve fazer dele um amigo.
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A GERAÇÃO DE 30
Na década de 30, grandes mudanças ocorreram no Brasil: a crise
da política defendida pelas oligarquias agrárias, o crescimento da
burguesia, o incremento da industrialização e a centralização do
poder com o golpe de 1937, que instaurou o Estado Novo no
país.
Surgiram pensadores de influência marxista ou liberal.
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A GERAÇÃO DE 30
Foram criados inúmeros ministérios e institutos-antigos
bacharéis de direito, engenharia e medicina, com
conhecimentos gerais de ciências sociais e humanas
foram encaminhados para o funcionalismo público.
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A GERAÇÃO DE 30
Surgiram os pensadores de direita, ideólogos do integralismo, tais como Plínio Salgado, que via com desconfiança não só o movimento modernizador da sociedade como também o liberalismo e o marxismo.
Suas idéias conservadoras exaltavam a ordem, a disciplina e a tradição, bem como o autoritarismo do Estado.
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A DÉCADA DE 40
A Segunda Guerra Mundial foi o divisor de águas na história da civilização ocidental, responsável pela emergência e pela consagração dos EUA e da então URSS como potências mundiais.
Acordos definiram as regiões do planeta que ficariam sob o controle político e ideológico dos EUA ou da URSS, “determinando” a divisão do mundo em dois blocos político-econômicos rivais e inconciliáveis.
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A DÉCADA DE 40
Na década de 40, o país adquiria consciência de sua complexidade e de sua particularidade.
Tudo favorecia a superação de uma cultura que buscara sempre se identificar com as metrópoles econômicas e culturais européias.
As artes, a ciência se debruçava sobre o Brasil, valorizando seus aspectos mais específicos e minoritários.
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A DÉCADA DE 40
O pensamento sociológico, como forma de pensar a nação brasileira e desenvolver uma consciência crítica sobre nossa realidade, adquiriu nessa década uma importância cada vez maior. As análises sobre as desigualdades sociais, etnias, políticas indigenistas, regionalismos, tradições, transição e mudança extrapolaram os limites da disciplina e foram incorporadas pela geografia, pela história e até pela filosofia.
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A DÉCADA DE 50
A década de 50 é marcada por dois importantes
pensadores, responsáveis pela formação de duas grandes
correntes do pensamento social brasileiro:
Florestan Fernandes
Celso Furtado
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A DÉCADA DE 50
Florestan Fernandes, unia a teoria à prática, sendo o que ele
próprio chamava de “sociólogo militante”, foi influenciado por
Marx.
Segundo Florestan, a sociedade podia ser estudada pelos padrões
ou estrutura, isto é, os fundamentos da organização social pelos
dilemas (conjunturas históricas), que eram contradições geradas
pela dinâmica interna da estrutura.
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Florestan Fernandes considerava a escola pública, laica,
gratuita, universal e de boa qualidade como meio para
reduzir as desigualdades sociais. Para ele, as ciências sociais
deveriam contribuir para desvendar os mecanismos pelos
quais nas sociedades capitalistas essas desigualdades se
produzem e reproduzem.
“Na sala de aula, o professor precisa ser um cidadão e um
ser humano rebelde”
“Hoje se trata mais concretamente de colocar o cidadão no
eixo da reflexão pedagógica transformadora”.53
Paulo Freire (1921-1997)
Desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente
político. Para Freire, o objetivo maior da educação é
conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas
desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua
situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação.
Freire entedia que a educação deveria se dar num processo
dialógico que possibilitasse o desenvolvimento da
consciência crítica para a formação da personalidade
democrática.
“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra,
no trabalho, na ação reflexão.”
”O educador já não é o que apenas educa, mas o que,
enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando
que, ao ser educado, também educa”.54
A DÉCADA DE 50
Florestan Fernandes é o principal elo entre uma geração de
importantes catedráticos e uma nova geração que surgia nos
anos 50.
Suas grandes preocupações, no campo da sociologia, além da
reflexão teórica, foram o estudo das relações sociais e da
estrutura de classes da sociedade brasileira, o capitalismo
dependente e o papel do intelectual.
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A DÉCADA DE 50
Celso Furtado foi o grande inovador do pensamento econômico,
não só no Brasil, como também em toda a América Latina. É
apontado como o fundador da economia política brasileira.
Propõe uma interpretação histórica da realidade econômica e,
em especial, do subdesenvolvimento, entendidos como fruto de
relações internacionais.
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A DÉCADA DE 50
Celso Furtado foi defensor da idéia de que o subdesenvolvimento não correspondia a uma etapa histórica das sociedades rumo ao capitalismo, mas se tratava de uma formação econômica gerada pelo próprio capitalismo internacional.
A principal crítica que se faz a seu pensamento é ter servido de ideologia para a burguesia nacional, em especial, durante a política desenvolvimentista adotada por Juscelino Kubitschek.
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DARCY RIBEIRO E A QUESTÃO INDÍGENA
Romancista, etnólogo e político, Darcy superou sua formação
acadêmica.
Em seus estudos, a questão indígena relacionava-se a uma ampla
análise do desenvolvimento industrial e do processo civilizatório
a partir dos centros hegemônicos, quer dentro do próprio país,
quer a partir das relações internacionais.
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DARCY RIBEIRO E A QUESTÃO INDÍGENA
Sua atuação foi sempre a de um antropólogo militante
que, seguindo a linha marxista, condenou toda ortodoxia,
buscou as raízes históricas da situação das populações
indígenas e procurou saídas estratégicas.
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O GOLPE DE 1964
O golpe militar de 1964 – implantou nova ditadura no Brasil e teve como ideário o desenvolvimento capitalista, o apoio ao capitalismo norte-americano e a repressão às tentativas de transformação da ordem estabelecida-teve duras repercussões junto ao desenvolvimento das ciências sociais e à estruturação desses cursos universitários no País.
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O GOLPE DE 1964
Entre os anos 40 e 60, a sociologia produziu inúmeros trabalhos denunciando as desigualdades sociais e as relações de domínio e opressão internas e externas.
Os mais diversos estudos buscavam a conscientização da população e a luta pelo desenvolvimento de formas mais democráticas e igualitárias de vida social, desde os estudos voltados para a ação sindical até aqueles que procuravam introduzir mudanças na educação.
O pensamento crítico e revelador dos conflitos sociais.
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O GOLPE DE 1964
Boa parte da sociologia refletia a opção por uma ideologia revolucionária e socialista, tendência que se sedimentava à medida que se faziam mais fortes os laços de dependência do país em relação ao imperialismo norte-americano.
O confronto entre a universidade e o regime militar chegou a extremos em todo o País com passeatas, embates físicos, manifestações, ocupações de prédios, espancamentos, prisões e mortes.
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O GOLPE DE 1964
Com a decretação do Ato Institucional nº5 (AI-5), em dezembro de 1968, os principais nomes da sociologia no Brasil foram sumariamente aposentados e impedidos de lecionar.
Muitos foram exilados, outros se exilaram, passando a publicar seus trabalhos no exterior.
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AS CIÊNCIAS SOCIAIS PÓS-64
Núcleos de pesquisas independentes foram formados,
como o Cebrap ( Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento),o CERU (Centro de Estudos Rurais e
Urbanos), o CESA ( Centro de Estudos de Sociologia da
Arte) e o CER (Centro de Estudos da Religião)
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AS CIÊNCIAS SOCIAIS PÓS-64
Nos anos 80, com a abertura política, surgem outros partidos e
antigas alianças se reproduzem sob nova roupagem.
Muitos cientistas sociais decidem deixar a cátedra para ingressar
na política propriamente dita.
O PT ( Partido dos Trabalhadores) foi o que mais se beneficiou
com essa nova atuação de nossos cientistas.
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E AGORA?
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REVISANDO No Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, estudiosos se debruçaram em busca do
entendimento da formação da sociedade brasileira, analisando temas como abolição da
escravatura, êxodos e estudos sobre índios e negros. Dentre os autores mais significativos,
temos: Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil-1936), Gilberto Freyre (Casa Grande &
Senzala-1933) e Caio Prado Júnior (Formação do Brasil Contemporâneo-1942)
Nas décadas seguintes, a Sociologia praticada no Brasil voltou-se aos estudos de temas
relacionados às classes trabalhadoras, tais como salários e jornadas de trabalho, e também
comunidades rurais. Na década de 1960 a Sociologia passou a se preocupar com o processo
da industrialização do país, nas questões de reforma agrária e movimentos sociais na cidade
e no campo; a partir de 1964 o trabalho dos sociólogos se voltou para os problemas
socioeconômicos e políticos brasileiros, originados pela tensão de se viver num regime militar
(ou ditadura militar, que no Brasil foi de 1964 a 1985), nesse período a Sociologia foi banida
do ensino secundarista.
Na década de 1980 a Sociologia finalmente voltou a ser disciplina no ensino médio, sendo
facultativa sua presença na grade curricular. Também ocorreu nesse período a
profissionalização da Sociologia no Brasil. Além da preocupação com a economia, política e
mudanças sociais apropriadas com a instalação da nova república (1985), os sociólogos
diversificaram os horizontes e ampliaram seus leques de estudos, voltaram-se para o estudo
da mulher, do trabalhador rural e outros assuntos culminantes.83
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