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Sinopse
América Mason, uma atrevida universitária na
Eastern State University, está apaixonada por um Maddox -
Shepley Maddox. Diferente de seus primos, Shepley é mais
amoroso do que briguento, mas uma viagem para casa dos
pais dela em Wichita, Kansas pode significar o próximo
passo, ou o fim de tudo.
Prólogo
Shepley
"Deixa de ser mulherzinha." Disse Travis, perfurando-
me no braço. Eu franzi a testa e olhei ao redor para ver
quem tinha o ouvido falar. A maioria dos meus colegas
calouros estava ao alcance da voz, passando pela cantina
da Universidade de Estado Eastern para orientação.
Reconheci vários caras de Eakins High, mas havia
ainda os que não reconheci, como as duas meninas
entrando juntas — uma com um cardigan e uma trança
castanha, a outra com cabelo loiro praiano e shorts curtos.
Ela olhou em minha direção por meio segundo e então
continuou, como se eu fosse um objeto inanimado.
Travis levantou as mãos, com um bracelete de couro
preto grosso no seu pulso esquerdo. Eu queria tira-lo e
bater nele com ele.
"Desculpe Shepley Maddox!" Ele gritou meu nome
enquanto olhava ao redor, soando mais como um robô ou
um mau ator. Apoiando-se em mim, ele sussurrou,
"Esqueci que não devia mais chamá-lo assim — ou pelo
menos, não no campus."
"Ou em qualquer lugar. Por que você veio se vai ser
um idiota?" Eu perguntei.
Com os dedos, Travis segurou a parte inferior da aba
do meu boné, quase o tirando de mim, antes que eu o
pegasse.
"Lembro quando eu era um calouro. Não acredito que
foi á um ano. Isso é muito estranho." Ele puxou um isqueiro
do bolso, acendeu um cigarro e soltou uma nuvem de
fumaça cinza. Algumas meninas pairando nas
proximidades quase desmaiaram e eu não tentei vomitar na
minha boca.
"Você tá estranho, pra caralho. Obrigado por me
mostrar aonde ir. Agora, saia daqui."
"Hey, Travis." Uma menina disse do final da calçada.
Travis assentiu com a cabeça para ela e em seguida me
deu uma cotovelada, firme.
"Até mais, primo. Enquanto você está ouvindo esse
chato de merda, eu vou afundar minhas bolas na morena."
Travis cumprimentou a garota, como se fosse ela quem
fosse. Eu a vi em alguns porões do campus no ano
passado quando vim com Travis para suas lutas do Círculo,
mas não sabia o nome dela. Eu podia vê-la interagir com
Travis e aprender tudo o que precisava saber. Ela já foi
conquistada.
A contagem semanal de Travis tinha diminuído um
pouco desde o seu primeiro ano, mas não muito. Ele não
tinha dito em voz alta, mas percebi que estava entediado
com a falta de desafio das estudantes. Só estava ansioso
para encontrar uma garota que ele ainda não tivesse
levado ao nosso sofá.
A porta pesada precisava mais do que apenas um
puxão e quando eu pisei lá dentro, senti o alívio imediato
do ar condicionado. Mesas retangulares comprimidas, lado
a lado, em cinco fileiras, separadas estrategicamente com
áreas de fluxo e acesso para a parte de alimentos e
saladas.
Uma mesa circular solitária ficava em um canto, e lá
estava a loira com sua amiga e um colega extravagante
com o cabelo loiro platinado com um moicano tão duro que
pareceu que parte de sua testa tinha sido amassada por
uma parede
Darius Washington estava sentado no final da fila de
mesas, suficientemente próximo da mesa circular, então
esperei que ele me visse. Uma vez que ele olhou, acenou
como se esperava, e me juntei a ele, muito feliz que
estivesse a menos de 3 metros da loira. Não olhei para
trás. Travis era um idiota arrogante mais frequentemente
do que nunca, mas estar perto dele significava aulas
gratuitas sobre como conseguir a atenção de uma garota.
Lição número um: persiga, mas não corra.
Darius acenou para as pessoas sentadas na mesa
circular.
Eu acenei com ele. "Você os conhece?"
Ele balançou a cabeça. "Só Finch. Eu o conheci
ontem, quando me mudei para os dormitórios. Ele é
hilário."
"E as garotas?"
"Não, mas são sexy. As duas."
"Eu preciso que me apresentem a loira."
"Finch parece ser amigo dela. Eles estão conversando
desde que se sentaram. Vou ver o que posso fazer."
Coloquei a mão firme no ombro dele, voltando a
espreitar. Ela encontrou meus olhos, sorriu e olhou para
outro lugar.
Fique frio, Shep. Não estrague tudo.
Esperando por algo extremamente chato como a
orientação acabar, era ainda pior sofrer por antecipação
para conhecer aquela garota. De vez em quando, eu podia
ouvi-la rindo. Prometi a mim mesmo não olhar para trás,
mas falhei repetidamente. Ela era linda, com enormes
olhos verdes e cabelo comprido ondulado, como se ela só
tivesse ido a praia e os deixado secar naturalmente.
Quanto mais tentava ouvir a voz dela, mais me sentia
ridículo, mas havia algo nela, mesmo desde a primeira vez
eu tinha planejando várias maneiras para impressioná-la ou
fazê-la rir. Eu faria qualquer coisa para chamar sua
atenção, nem que fosse por cinco minutos.
Uma vez que nos entregaram nossos pertences e o
layout do campus, planos de refeição e as regras foram
explicadas até nos cansar, o Reitor dos estudantes, Sr.
Johnson, nos dispensou.
"Espere até estarmos lá fora." Eu disse.
Darius assentiu com a cabeça. "Não se preocupe.
Agirei como nos velhos tempos."
"Antigamente, nós perseguíamos colegiais. Ela
definitivamente não é uma garota do colegial.
Provavelmente nem mesmo quando estava no colegial." Eu
disse, após Darius se levantar e começar a andar. "Ela é
confiante. Ela parece experiente, também."
"Não, cara. Ela parece ser uma boa garota para mim."
"Não esse tipo de experiência." Eu rosnei.
Darius riu. "Acalme-se. Você ainda não a conheceu.
Precisa ter cuidado. Lembre-se de Anya? Você ficou tão
envolvido com ela, que nós pensamos que você fosse
morrer."
"Hey, cuzão." Travis disse debaixo de uma sombra na
árvore, cerca de cem metros da entrada. Ele soltou um
último sopro de fumaça e jogou fora o cigarro esmagando
no chão com sua bota. Ele tinha o sorriso satisfeito de um
pós-orgasmo.
"Como?" Eu disse incrédulo.
"Seu quarto do dormitório é logo ali." Ele disse,
balançando a cabeça em direção a Morgan Hall.
"Darius vai me apresentar a uma garota." Eu disse.
"Só... Mantenha sua boca fechada."
Travis arqueou uma sobrancelha e então assentiu
com a cabeça uma vez. "Sim, querido."
"Falei sério." Eu disse, olhando para ele. Eu enfiei
minhas mãos no bolso da calça jeans e respirei fundo,
assistindo Darius falar banalidades com Finch. A morena já
tinha saído, mas graças a Deus, sua amiga parecia estar
interessada em ficar por aqui.
"Pare de se mexer." Disse Travis. "Parece que você
está prestes a mijar nas calças."
"Cala a boca." Eu assobiei.
Darius apontou em minha direção, Finch e a loira
olharam para mim e o Travis.
"Porra." Eu disse, olhando para meu primo. "Converse
comigo. Nós parecemos stalkers1."
"Você é um sonhador." Disse Travis. "Vai ser amor à
primeira vista."
"Eles estão... eles estão andando?" Eu perguntei. Meu
coração bateu como se fosse rasgar através do meu peito
e eu tive a súbita vontade de bater em Travis por ser tão
impertinente. Travis olhava com sua visão periférica.
“Yeah.”
1 Stalker: Perseguidor em tradução livre, mas hoje em dia no Brasil já se usa esse
termo.
"Yeah?" Eu disse, tentando suprimir um sorriso. Um
fluxo de suor escapou do meu couro cabeludo, e eu
rapidamente o limpei.
Travis abanou a cabeça. "Eu vou chutar tuas bolas.
Já está assustando essa garota, e você ainda nem a
conheceu."
"Hey." Darius disse.
Me virei e peguei a mão que me estendeu num
cumprimento de High five lateral e um soquinho.
"Este é o Finch." Disse Darius. "Ele mora no dormitório
ao meu lado."
"Oi." Finch disse, apertando minha mão com um
sorriso travesso.
"Eu sou a América ", disse a loira, estendendo a mão
pra mim.
"A orientação foi brutal. Graças a Deus somos
calouros apenas uma vez."
Ela era mais bonita de perto. Seus olhos brilhavam, o
cabelo dela brilhava a luz do sol e as longas pernas
pareciam o céu naqueles shorts brancos desfiados. Ela era
quase tão alta quanto eu, mesmo com sandálias rasteiras e
a maneira que mexia a boca quando falou, juntamente com
seus lábios carnudos, era sexy como o inferno. Peguei a
mão dela e sacudi uma vez.
"América ?"
Ela sorriu. "Vá em frente. Faça uma piada picante. Eu
já ouvi todas."
"Você ouviu, 'Eu adoraria te foder pela liberdade'?"
Travis perguntou.
Eu dei uma cotovelada nele, tentando manter uma
cara séria. América percebeu meu gesto.
"Sim, na verdade."
"Então... você está aceitando minha oferta?" Travis
esmiuçou.
"Não," América disse sem hesitação.
Sim. Ela é perfeita.
"E meu primo?" Travis perguntou, me empurrando
tanto que tive de desviar.
"Qual é." Eu disse, quase implorando. "Desculpe-me
por isso." Eu disse para a América . "Nós não deixamos ele
sair muito."
"Posso ver o porquê. Ele é realmente seu primo?"
"Eu tento não dizer às pessoas, mas sim."
Ela olhou para Travis e então voltou sua atenção para
mim. "Então, vai me dizer seu nome?"
"Shepley Maddox." Eu adicionei como um adendo.
"O que você vai fazer no jantar, Shepley?"
"O que eu vou fazer no jantar?" Eu perguntei.
Travis me cutucou no braço.
Eu o empurrei para longe mim. "Cai fora!"
América deu uma risadinha. "Sim, você. Eu
definitivamente não estou convidando seu primo para um
encontro."
"Por que não?" Travis perguntou, fingindo o insulto.
"Porque não saio com as crianças."
Darius fez um gesto sarcástico e Travis sorriu,
inabalável. Ele estava sendo um idiota de propósito para
me fazer parecer o príncipe encantado. O parceiro perfeito.
"Você tem carro?" Ela perguntou.
"Eu tenho." Eu disse.
"Me pegue na frente do Morgan Hall às seis."
"Yeah, eu posso fazer isso. Nos vemos lá então." Eu
disse.
Ela já estava se despedindo de Finch e indo embora.
"Puta merda." Eu suspirei. "Acho que estou
apaixonado".
Travis suspirou, e com um tapa, ele bateu na parte de
trás do meu pescoço. "Claro que você esta. Vamos lá."
América
Grama recém cortada, o asfalto queimando sob sol e
fumaça do escapamento — esses eram os cheiros que me
lembro do momento em que Shepley Maddox saiu do seu
Charger Vintage preto e se encaminhou subindo os
degraus do Morgan Hall para onde eu estava.
Seus olhos analisaram meu longo vestido azul claro e
sorriu. "Você está fantástica. Não, melhor do que
fantástica. Parece que eu terei que fazer o meu melhor."
"Você parece normal.” Eu disse, observando sua
camisa polo e sua eventual calça jeans. Inclinei-me até ele.
"Mas seu perfume é incrível."
Suas bochechas ficaram vermelhas escuras o
suficiente para mostrar através da pele bronzeada e ele
ofereceu um sorriso.
“Já me disseram que sou normal. Mas isso não me
desanimará de jantar com você”.
"Você vem?"
Ele assentiu.
"Eles estavam mentindo. Igual a mim." Eu passei por
ele, descendo os degraus.
Shepley passou apressado por mim, alcançando a
maçaneta da porta do lado do passageiro, antes que eu
pudesse alcançar. Ele puxou, abrindo a porta com um
movimento.
"Obrigada." Eu disse, sentando-me no banco do
passageiro.
Senti o couro fresco contra minha pele. O interior
havia sido recentemente aspirado e polido e cheirava a
purificador de ar. Quando ele se sentou em seu lugar e
virou para mim, não pude deixar de sorrir. Seu entusiasmo
era adorável. Garotos do Kansas não eram assim...
Ansiosos.
Pelo tom dourado de sua pele e seus músculos
sólidos do braço que se sobressaiam toda vez que os
movimentava, eu conclui que ele deve ter malhado durante
todo o verão — talvez enfardando feno ou carregando algo
pesado. Seus olhos verdes de avelã praticamente
brilhavam e seu cabelo escuro — embora não tão curtos
quanto de Travis — tinha sido iluminado pelo sol,
lembrando-me da cor caramelo quente da Abby.
"Eu queria te levar ao Italian, um lugar aqui na cidade,
mas está esfriando suficiente lá fora para... Eu... Eu só
queria sair e conhecer você em vez de ser interrompido por
um garçom. Então, eu fiz isso." Ele disse, acenando para o
banco de trás. "Espero que esteja tudo bem."
Fiquei tensa e virei lentamente para ver do que ele
estava falando. No meio do banco, fixada com o cinto, tinha
uma cesta coberta com tecido sentada sobre uma manta
grossa dobrada.
"Um piquenique?" Eu disse incapaz de esconder a
surpresa e a alegria em minha voz.
Ele respirou, aliviado. "Yeah. Tudo bem?"
Eu virei ao redor no banco, virando de uma vez
quando eu fiquei de a frente.
"Vamos ver".
Shepley nos levou para uma propriedade privada um
pouco ao sul da cidade. Ele estacionou em um terreno de
cascalho estreito e saiu apenas o tempo suficiente para
abrir o portão e empurrá-lo abrindo-o. O Charger rosnou
quando ele dirigiu por duas linhas paralelas de solo
desnudo entre os hectares de grama alta.
"Você já passou por esse caminho, huh?"
"Esta terra pertence aos meus avós. Há uma lagoa na
parte inferior, onde Travis e eu costumávamos pescar o
tempo todo."
"Costumavam"?
Ele encolheu os ombros.
"Nós somos os netos mais jovens. Perdemos ambos
os avós quando estávamos no ensino médio. Além de estar
ocupado com esportes e aulas no ensino médio, achei
errado vir pescar aqui sem vovô."
"Sinto muito." Eu disse. Eu ainda tinha todos os meus
avós, e não poderia imaginar perder qualquer um deles.
"Ambos os avós? Quer dizer, todos os três casais?" Eu
disse, pensando em voz alta. "Oh Deus, me desculpe. Que
grosseria."
"Não, não... é uma pergunta válida. Entendi muito
bem. Somos primos em dobro. Nossos pais são irmãos e
as nossas mães são irmãs. Eu sei. Estranho, huh?"
"Não, isso é muito legal, na verdade."
Depois subimos uma pequena colina, Shepley
estacionou o carro debaixo de uma sombra de árvore a uns
nove metros de uma lagoa de cinco hectares. O calor do
verão tinha ajudado a crescer as taboas2 e os lírios e a
água estava linda, me encolhi na brisa da luz do sol.
Shepley abriu minha porta e saí na grama. Quando
olhei ao redor, ele se escondeu no banco de trás,
reaparecendo com o cesto e uma manta. Seus braços
estavam livres de qualquer tatuagem, também ao contrário
de seu primo fortemente colorido. Eu me perguntei se havia
alguma sob a camisa. Então, tive a súbita vontade de
remover suas roupas para achar a resposta. Ele espalhou a
2 Taboas
colcha multicolorida com um simples movimento que caiu
perfeitamente no chão.
"O quê?" Ele perguntou. "Isso é..."
"Não, isso é incrível. Eu só... É que a colcha está tão
bonita. Não acho que eu deveria sentar-me nela. Parece
novinha em folha".
O tecido estava ainda fresco e vincos de onde ela
tinha sido dobrada.
Shepley estufou o peito. "Minha mãe que fez. Ela fez
dezenas. Ela fez essa para mim, quando me formei. É uma
réplica." O seu rosto ficou vermelho.
"De quê?"
Assim que eu fiz a pergunta, ele estremeceu. Eu tentei
não sorrir. "É uma versão maior do seu cobertorzinho de
infância, não é?"
Ele fechou os olhos e assentiu com a cabeça. “Yeah.”
Sentei sobre a colcha e cruzei as pernas, acariciando
o espaço ao meu lado. "Venha aqui."
"Eu não sei se posso. Acho que acabei de morrer de
vergonha."
Eu olhei para ele, estava piscando um olho e um feixe
de luz do sol escapava através das folhas da árvore acima.
"Eu tenho um cobertorzinho, também. Murfin está no
meu dormitório — debaixo do meu travesseiro."
Seus ombros relaxaram e ele sentou, colocando o
cesto na frente dele. "Blake."
"Blake?"
"Eu acho que eu tentei dizer 'em branco' e se
transformou em Blake ao longo dos anos."
Eu sorri. "Eu gosto que você não ter mentido".
Ele encolheu os ombros, ainda envergonhado. "Eu
não sou muito bom nisso, enfim."
Eu me inclinei, cutucando seu ombro com o meu. "Eu
gosto disso, também."
Shepley assentiu e em seguida, abriu o cesto,
puxando um prato coberto com queijo e bolachas e, em
seguida, uma garrafa de vinho Zinfandel e duas taças de
plástico de champagne.
Eu abafei uma risada e Shepley riu também.
"O quê foi?" Ele perguntou.
"É só que... Este é o encontro mais fofo que já estive
na vida."
Ele derramou o zin. "Isso é uma coisa boa?"
Eu pego um queijo Brie e coloco numa bolacha e dou
uma mordida, acenando, e em seguida dou um pequeno
gole de vinho para ajudar a descer.
"Você definitivamente ganhou um A pelo esforço."
"Ótimo. Não quero que seja fofo a ponto de estarmos
na friend-zoned." Ele disse, quase para si mesmo.
Eu lambi o biscoito e o vinho dos meus lábios sob seu
olhar. O ar entre nós mudou. Era mais pesado... Elétrico.
Inclinei-me em direção a ele e ele fez uma tentativa de
esconder a surpresa e a emoção em seus olhos.
"Posso te beijar?" Eu perguntei.
As sobrancelhas dele subiram. "Você quer... Você
quer me beijar?" Ele olhou ao redor. "Agora?"
"Por que não?"
Shepley nem piscou os olhos. "Eu só, hum... nunca
tive uma garota...”.
"Estou te deixando desconfortável?"
Rapidamente, ele balançou a cabeça. "Definitivamente
não é o que estou sentindo agora."
Ele segurou em concha minha bochecha e me puxou
para perto sem hesitar um segundo. Eu imediatamente abri
minha boca, degustando a umidade de dentro dos seus
lábios. Sua língua era macia e quente e como hortelã doce.
Eu gemi e ele afastou-se.
"Vamos, hum... Fiz sanduíches. Gosta de presunto ou
peru?"
Toquei meus lábios, sorrindo e então forcei uma cara
séria. Shepley parecia positivamente atrapalhado da
melhor forma possível. Ele entregou-me um quadrado
envolvido em papel manteiga – e cuidadosamente de preso
em um canto, ao puxar vi o pão branco.
"Graças a Deus." Eu disse. "O pão branco é o
melhor!"
"Eu sei, não é? Não suporto pão integral."
"Que se dane o branqueamento e as calorias!" Eu abri
o sanduíche e provei o peru cuidadosamente e o Suíço
cheirava a molho ranch e alface e tomate. Eu olhei para
Shepley, horrorizada. "Oh Deus."
Ele parou de mastigar e engoliu. "O quê"?
"Tomates?"
Seus olhos se encheram de terror. "Porra. Você é
alérgica?" Ele olhou freneticamente ao redor. "Tem um
EpiPen3? Deveria te levar ao hospital?"
Eu caí para trás, ofegando e agarrando em minha
garganta.
Shepley pairava sobre mim, não tendo certeza de
onde me tocar ou como ajudar. "Porra. Porra! O que eu
faço?"
Eu agarrei a camisa dele e o puxei para baixo,
concentrando-me em falar. Finalmente, as palavras saíram.
"Boca a boca." Eu sussurrei.
Shepley estava tenso e então todos os seus músculos
relaxaram. "Você está brincando comigo?"
Ele sentou-se quando desatei a rir.
"Jesus, Mare, eu estava surtando!"
3
Minha risada se desvaneceu e eu sorri para ele.
"Minha melhor amiga me chama de Mare.”
Ele suspirou. "Então estou seguindo para o caminho
do friend-zoned."
Eu levantei a minha mão acima da cabeça, enrolando
fios do meu cabelo longo, sentindo a grama fresca por
baixo do meu braço. "Melhor isso com carinho do que
agressivo."
Ele levantou uma sobrancelha. "Eu não sei eu posso
lidar com você."
"Você não vai saber se não tentar."
Shepley ancorou-se com os braços um de cada lado e
então inclinou-se para baixo, tocando seus lábios nos
meus. Alcancei abaixo, juntando minha saia e sorri quando
a bainha subiu acima dos joelhos. Seus lábios trabalhavam
contra os meus quando ele se posicionou entre minhas
pernas com um movimento suave.
As mãos dele deslizavam na minha pele e meus
quadris rolaram e deslocaram em reação. Ele fisgou a mão
por trás do meu joelho, puxando-o para seu quadril.
"Puta merda." Ele disse contra os meus lábios.
Puxei-o mais perto. A rigidez por trás do seu zíper
pressionou contra mim e eu gemi, sentindo o tecido na
ponta dos meus dedos quando desabotoei a calça jeans.
Quando alcancei lá dentro, Shepley congelou. "Eu não
trouxe um... Eu não esperava por isso. Afinal."
Com a mão livre, pesquei um pacote pequeno do lado
do meu sutiã. "Desejando um desses?"
Shepley olhou para a embalagem na minha mão e a
expressão dele mudou. Sentou atrás sobre os joelhos, me
observando, quando me empurrei para cima com meus
cotovelos.
"Deixe-me adivinhar." Eu disse, degustando a acidez
em minhas palavras. "Nós nos conhecemos. Estou
sexualmente avançando e trouxe uma camisinha, então
deve dizer que sou uma puta, te deixando completamente
desinteressado."
Ele franziu a testa.
"Diga. Diga o que está pensando." Eu disse,
desafiando-o. "Dê-me em tempo real. Eu posso aguentar."
"Essa garota é articulada e divertida e muito
possivelmente a criatura mais linda que já vi na vida real.
Como em nome de Deus eu consegui estar neste momento
com ela?" Ele se inclinou para frente, meio confuso, meio
admirado. "E não sei se isto é um teste". Ele olhou para os
meus lábios. "Porque, acredite se for eu quero passar."
Sorri e trouxe-o para outro beijo. Ele inclinou sua
cabeça, ansiosamente, apoiando-se.
Eu o segurei apenas alguns centímetros da minha
boca. "Eu posso ser rápida, mas gosto de ser beijada
devagar."
"Isso eu posso fazer."
Os lábios do Shepley estavam plenos e macios. Ele
tinha um ar de nervosismo e inexperiência, mas a maneira
como me beijou contou uma história diferente. Então ele
me beijou de novo e selou minha boca uma vez,
demorando um pouco, antes de se afastar.
"É verdade?" Ele sussurrou. "As meninas rápidas não
costumam ficar por aqui por muito tempo?"
"Essa é a questão de ser rápida. Você não sabe o que
irá fazer até você fazer."
Ele exalou. "Só me faz um favor." Ele disse entre
beijos. "Quando você estiver pronta para ir, tente deixar
mais fácil pra mim."
"Você primeiro." Eu sussurrei.
Ele deitou-me sobre a manta, para terminar o que
comecei.
Capítulo Um
Shepley
América parecia um anjo, pressionando o telefone na
orelha, com lágrimas brilhando pelo seu rosto. Mesmo que
elas não fossem lágrimas de felicidade, ela ainda era nada
menos do que bonita.
Ela bateu na tela e segurou o seu celular no espaço
entre suas pernas cruzadas. A capinha pink caiu na cama
de seus elegantes dedos e sua saia longa verde oliva,
lembrando-me do nosso primeiro encontro - que aconteceu
no primeiro dia em que nos conhecemos... Juntamente com
algumas outras primeiras vezes. Eu a amava, mas eu a
amava ainda mais agora, depois de sete meses e uma
separação, mesmo manchada de rímel e olhos
avermelhados.
"Eles estão casados." América deu uma risada e
limpou seu nariz.
"Eu ouvi. Acho que o Honda está no aeroporto, então?
Posso te deixar lá e segui-la até o apartamento. Quando o
voo chega?"
Ela suspirou, ficando frustrada com ela mesma. "Por
que eu estou chorando? O que há de errado comigo? Eu
nem estou surpresa mesmo. Nada que eles fazem me
surpreende mais!"
"Há dois dias, pensávamos que eles estavam mortos.
Agora, Abby é esposa do Travis... E você acabou de
conhecer meus pais pela primeira vez. Tem sido um fim de
semana importante, baby. Não se culpe."
Toquei sua mão e tive a impressão que ela relaxou,
mas não durou muito tempo antes que ela se irritasse.
"Você tem parentesco com ela." Ela falou. "Eu sou
apenas uma amiga. Todo mundo é parente menos eu. Eu
sou uma estranha."
Passei meu braço em volta de seu pescoço e puxei-a
em meu peito, beijando o seu cabelo.
"Você vai ser parte da família em breve."
Ela me empurrou, com outro pensamento incômodo
flutuando em sua cabecinha. "Eles são recém-casados,
Shep."
"E daí?"
"Pense nisso. Eles não vão querer um companheiro
de quarto."
Minhas sobrancelhas se arquearam. O que diabos eu
vou fazer?
Tão logo a resposta me veio à minha mente, eu sorri.
"Mare."
"Sim?"
"Devíamos dividir um apartamento."
Ela balançou a cabeça. "Nós já conversamos sobre
isso."
"Eu sei. Eu quero falar sobre isso novamente. Travis e
Abby se casando é a desculpa perfeita."
"Sério?"
Eu assenti.
Eu assisti pacientemente enquanto as possibilidades
nadaram por trás de seus olhos, os cantos de sua boca
ondulando mais pra cima a cada segundo.
"É empolgante pensar sobre isso, mas na
realidade...”.
"Será perfeito", Eu disse.
"Deana vai me odiar ainda mais."
"Minha mãe não te odeia."
Ela me olhou com insegurança. "Tem certeza?"
"Eu conheço minha mãe. Ela gosta de você. Muito."
"Então vamos fazer isso."
Sentei-me incrédulo por um momento e, então, me
aproximei dela. Era surreal - o fato de que, todo o fim de
semana ela tinha estado na casa onde eu cresci e agora
ela estava sentada na minha cama. Desde o dia em que
nos conhecemos, eu senti como se a realidade tivesse sido
alterada. Milagres como a América apenas não acontecem
comigo. Não só tinha o meu passado e presente
inacreditavelmente entrelaçados, mas América Mason
apenas concordou em dar o próximo passo comigo.
Chamá-lo de um grande fim de semana seria um
eufemismo.
"Eu vou ter que arranjar um emprego." Eu disse,
tentando recuperar o fôlego.
"Eu tenho um pouco de dinheiro guardado das lutas,
mas considerando o incêndio, não vejo nenhuma luta
acontecendo tão cedo, se acontecerá alguma vez
novamente."
América balançou a cabeça. "Não quero ir de qualquer
forma, não depois da outra noite. É muito perigoso Shep.
Vamos participar de funerais por semanas."
Como uma bomba as palavras dela ofuscaram toda a
emoção de nossa discussão.
"Não quero pensar nisso."
"Você não tem uma reunião na fraternidade amanhã?"
Eu assenti. "Nós vamos arrecadar dinheiro para as
famílias e fazer algo na casa em homenagem a Derek,
Spencer e Royce. Ainda não acredito que eles se foram.
Ainda não caiu a ficha, eu acho."
América mordeu o lábio e então pôs sua mão na
minha. "Estou tão feliz que você não estava lá." Ela
balançou a cabeça. "Pode ser egoísta, mas é tudo que
consigo pensar."
"Não é egoísta. Eu pensei a mesma coisa sobre você.
Se papai não tivesse insistido em nos trazer para casa esta
semana... Nós poderíamos ter estado lá, Mare."
"Mas nós não estávamos. Nós estamos aqui. Travis e
Abby fugiram para se casar, e nós vamos morar juntos. Eu
quero pensar em coisas boas."
Eu comecei a fazer uma pergunta, mas hesitei.
"O quê foi?"
Eu balancei minha cabeça.
"Diga."
"Você sabe como Travis e Abby são. E se eles se
separarem? Como é que eu e você ficaríamos?"
"Provavelmente deixaríamos que um deles dormisse
no nosso sofá e os ouviríamos discutindo na nossa sala até
que eles voltassem a ficar juntos."
"Você acha que eles vão ficar juntos?"
"Eu acho que vai ser difícil por um tempo. Eles são...
Voláteis. Mas Abby é diferente com Travis, e ele é
definitivamente diferente quando tá com ela. Eu acho que
eles precisam um do outro, da forma mais genuína. Você
sabe o que quero dizer?"
Eu sorri. "Eu sei."
Ela olhou ao redor do meu quarto, seus olhos
pausaram nos meus troféus de beisebol e em uma foto
minha e dos meus primos, quando eu tinha 11 anos.
"Eles chutavam sua bunda o tempo todo?" Ela
perguntou. "Você era o priminho dos irmãos Maddox. Deve
ter sido simplesmente... Uma loucura."
"Não," Eu disse apenas. "Nós éramos mais irmãos do
que primos. Eu era o caçula, então eles me protegiam.
Thomas diz que Travis e eu somos mimados. Travis
sempre colocava a gente em enrascadas que ele
arrumava. Eu era o pacificador, eu acho, sempre pedindo
paciência." Eu sorri com as memórias.
"Eu vou ter que perguntar a sua mãe sobre isso algum
dia."
"Sobre o quê?"
"Como ela e Diane acabaram com Jack e Jim."
"Meu pai alega que isso aconteceu com muita
sutileza." Eu disse, rindo. "Minha mãe diz que foi um
desastre."
"Parece nós - Travis e Abby, você e eu." Seus olhos
brilharam.
Quase um ano após eu me mudar, meu quarto era
quase o mesmo. Meu computador antigo ainda estava
juntando poeira na pequena mesa de madeira no canto, os
mesmos livros estavam nas prateleiras, e as duas fotos
constrangedoras de formatura foram mantidas em porta
retratos baratos na mesinha de cabeceira. Os únicos itens
que estão faltando, foram fotos e recortes de jornais
emoldurados dos meus dias de futebol que eu costumava
pendurar nas paredes cinza. O ensino médio parecia que
tinha sido á muito tempo. Qualquer vida sem América
parecia como um universo alternativo. Ambos, o incêndio e
o Travis se casando de alguma forma tinham solidificado
meus sentimentos com a América ainda mais.
Um calor me atingiu e isso só acontecia quando ela
estava por perto. "Portanto, quer dizer que nós somos os
próximos." Eu disse sem pensar.
"Próximos o que?" O reconhecimento empurrou suas
sobrancelhas até o seu cabelo e ela se levantou. "Shepley
Walker Maddox, mantenha seus diamantes para você
mesmo. Não estou nem perto e pronta para isso. Vamos
brincar de casinha e ser feliz, okay?"
"Okay." Eu disse, levantando minhas mãos. "Não quis
dizer em breve. Eu apenas disse os próximos."
Ela se sentou. "Está bem. Só para esclarecer, eu
tenho o segundo casamento de Travis e Abby para
planejar, e não tenho tempo para mais um."
"Segundo casamento?"
"Ela me deve. Nós fizemos uma promessa há muito
tempo que seríamos Dama de Honra uma da outra. Ela vai
ter uma despedida de solteira e um casamento de verdade,
e ela vai me deixar planejá-lo. Todas as coisas. São
minhas."
"Entendido."
Ela jogou os braços ao redor de meu pescoço, o
cabelo dela me sufocando. Eu enterrei meu rosto mais
fundo dentro dela, suas madeixas douradas, sendo bem
vindo pela falta de ar e isso significava que eu estava perto
dela.
"Este quarto é muito limpo, e também o seu quarto no
apartamento." Ela sussurrou. "Eu não sou uma fanática por
limpeza."
"Eu sei."
"Você pode ficar enjoado de mim."
"Impossível."
"Você vai me amar pra sempre?"
“Além disso."
Ela me abraçou apertado, soltando um suspiro de
satisfação do tipo que eu sempre trabalhei para ter, porque
me faria muito feliz quando ela fizesse. Seu olhar doce,
suspiros felizes eram como o primeiro dia de verão, como
se tudo fosse possível, como se fosse meu superpoder.
"Shepley!" Minha mãe me chamou.
Eu inclinei para trás e peguei América pela mão,
levando-a do meu quarto pelo corredor até a sala de estar
na parte de baixo da casa.
Meus pais estavam sentados, juntos. Em seu pequeno
sofá desgastado, de mãos dadas. Foi a primeira mobília
que haviam comprado juntos, e eles se recusavam a se
livrar dela. O resto da casa era cheio de couro
contemporâneo moderno e design rústico, mas eles
gastaram maior parte do tempo no piso inferior, no corredor
do meu quarto, sobre o prurido tecido floral azul de seu
primeiro sofá.
"Nós vamos tratar de um assunto breve, mãe. Nós
chegaremos a tempo para o jantar."
"Aonde você vai?" Ela perguntou.
América e eu trocamos olhares.
"Abby acabou de ligar. Ela queria que eu passasse no
apartamento um pouquinho." América disse.
Ela e Abby eram bem treinadas em improvisar meias-
verdades. Imaginei que Abby tinha ensinado bem a
América , depois que ela se mudou para Wichita.
Elas tiveram de fazer um monte de coisas às
escondidas quando fizemos a pequena viagem pra Las
Vegas, para que Abby pudesse jogar e ajudar o pai
fracassado a sair das dívidas.
Meu pai se movimentou para frente em seu assento.
"Acha que você poderia esperar um minuto? Precisamos
fazer algumas perguntas."
"Só preciso pegar minha bolsa." América disse,
desculpando-se graciosamente.
Minha mãe sorriu, mas eu franzi a testa.
"Do que se trata?"
"Sente-se, filho." Meu pai disse, acariciando o braço
da poltrona de couro marrom adjacente ao assento.
"Eu gosto dela." Minha mãe disse. "Eu realmente e
sinceramente gosto dela. Ela é forte e confiante, e ela te
ama desse jeito também."
"Espero que sim." Eu disse.
"Ela ama." Minha mãe disse com um lindo sorriso.
"Então..." Eu comecei. "O que vocês precisam me
dizer que não podia ser dito na frente dela?"
Os meus pais olharam um para o outro, e então papai
deu um tapinha no joelho da mamãe com a mão livre.
"É algo ruim?" Eu perguntei.
Eles tiveram dificuldades em encontrar as palavras,
respondendo sem falar.
"Okay. O quão ruim é isso?"
"Tio Jim ligou." Meu pai disse. "A polícia esteve em
sua casa ontem à noite, fazendo perguntas sobre Travis.
Eles acham que ele é responsável pela luta no Keaton Hall.
Você sabe alguma coisa sobre isso?"
"Você pode nos dizer." Disse minha mãe.
"Eu sei sobre a luta." Eu falei. "Não foi a primeira. Mas
Travis não estava lá. Você estava aqui quando eu liguei
para ele. Ele estava no apartamento."
Meu pai se mexeu em seu lugar. "Ele não esta no
apartamento agora. Você sabe onde ele está? Abby sumiu
também."
"Okay." Eu disse simplesmente. Não queria responder
de qualquer maneira.
Meu pai viu através de mim. "Onde eles estão filho?"
"Travis ainda não falou com o tio Jim, pai. Não acha
que nós devemos dar uma chance a ele primeiro?"
Meu pai considerou isso. "Shepley... Você tem alguma
coisa a ver com aquelas lutas?"
"Eu estive em algumas delas. A maioria deste ano."
"Mas não nesta." Minha mãe esclareceu.
"Não mãe, eu estava aqui."
"Isso foi o que dissemos ao Jim." Disse meu pai. "E
isso é o que vamos dizer a polícia se perguntarem."
"Você não saiu? Em qualquer momento durante a
noite?" Minha mãe perguntou.
"Não, eu tenho uma mensagem sobre a luta, mas este
fim de semana era importante para a América . Eu nem
sequer respondi."
Minha mãe relaxou.
"Quando Travis foi embora? E por quê?" Meu pai
perguntou.
"Pai." Eu disse, tentando me manter paciente, "Tio Jim
lhe dirá depois que Travis fala com ele”.
América espiou da porta do meu quarto, e eu sinalizei
para ela se juntar a nós.
"Temos que ir." Ela disse.
Eu assenti.
"Vocês voltarão para o jantar?" Minha mãe perguntou.
"Sim, senhora." América disse.
Arrastei-a subindo as escadas atrás de mim, para o
nível principal e saímos porta afora.
"Eu pesquisei sobre o voo deles." Ela disse quando
nos sentamos no Charger. "Mais duas horas."
"Então nós deve chegar em Chicago na hora."
América se inclinou para beijar minha bochecha.
"Travis pode se meter em um monte de problemas, né?"
"Não se eu puder ajudá-lo."
"Nós, baby. Não se nós pudermos ajuda-lo."
Eu olhei nos olhos dela.
Travis já tinha me feito terminar a minha relação com
a América uma vez. Eu o amava como um irmão, mas eu
não arriscaria isso novamente. Não podia deixar a América
proteger Travis e se meter em problemas com as
autoridades, mesmo que ela quisesse.
"Mare, eu te amo por dizer isso, mas eu preciso de
você fique fora desta vez."
Ela enrugou seu nariz em desgosto. "Wow."
"Travis vai levar muita gente com ele, se ele levar a
pior por isso. Não quero que você seja um deles."
"Você será? Um deles?"
"Sim." Eu disse sem hesitação. "Mas você estava nos
meus pais todo o fim de semana. Você não sabe de nada.
Entendeu?"
"Shep..."
"Já disse." Eu falei. Com um tom mais severo, e ela se
inclinou um pouco para trás. "Me prometa."
"Eu... não posso te prometer isso. Abby é da família.
Eu faria qualquer coisa para protegê-la. Por associação,
isso inclui o Travis. Estamos juntos nessa Shepley. Travis
faria o mesmo por mim ou por você e você sabe disso."
"Isso é diferente."
"De jeito nenhum. Nem um pouco."
Inclinei-me até ela e beijei os lábios teimosos que eu
tanto amava e eu torci a chave no contato, ligando o
Charger. "Eles apenas podem trazer o seu carro até em
casa."
"Oh, não." Ela disse olhando pela janela. "A última vez
que lhes emprestei meu carro, eles se casaram sem mim."
Eu ri.
"Leve-me até o Honda. Eu vou trazê-los para casa e
eles vão ouvir de mim o caminho inteiro de volta. E Travis
não vai sair dessa e voltar com você também, então se ele
perguntar...”.
Eu balancei minha cabeça me divertindo. "Eu não
ousaria."
Capítulo Dois
América
Toquei levemente as gotículas de suor acima meu
lábio superior com as costas de uma mão, pressionando
para baixo o topo do meu chapéu de abas largas com a
outra. Do outro lado da palmeira e arbustos de floração de
cores brilhantes e imagináveis foi onde Taylor e Falyn se
sentados juntos em uma mesa no Bleuwater.
Tirei meus óculos de sol pretos enormes e estreitei os
olhos, vendo-os discutindo. A ilha perfeita para a
celebração do segundo casamento que tinha tomado a
maior parte do ano para planejar e os rapazes Maddox
estavam estragando tudo.
“Jesus,” eu suspirei. "O que foi agora?”
Shepley agarrou minha mão, olhando na mesma
direção, até que viu o problema. "Oh. Eles não parecem
nada felizes."
"Thomas e Liis estão brigando, também. Os únicos
que estão se dando bem são Trent, Cami e Tyler e Ellie,
mas Ellie nunca fica brava."
"Tyler e Ellie não estão realmente... juntos," Shepley
disse.
"Por que todos dizem isso? Eles estão juntos. Só não
dizem que estão juntos."
"Isso tem sido assim por muito tempo, Mare".
"Eu sei. Já chega."
Shepley puxou minhas costas contra seu peito e se
encostou no meu pescoço. "Se esqueceu de nós."
“Huh?”
"Você se esqueceu de dizer, que estamos nos dando
bem."
Hesitei. Planejamento, organização e certificar de que
tudo fluia bem tinham me mantido ocupada. Fora a
recepção no Sails, eu mal tinha visto Shepley. Mas ele não
reclamou.
Toquei sua bochecha. "Nós sempre estamos bem."
Shepley ofereceu um meio sorriso. "Travis se casou
oficialmente duas vezes antes do resto de nós."
"Trenton não está muito trás."
"Você não sabe."
"Eles estão noivos, baby. Eu tenho certeza."
"Eles não definiram uma data."
Eu alisei minha saída de praia preta transparente e
puxei Shepley em direção à praia. "Você não aprova?"
Ele encolheu os ombros. "Eu não sei. É estranho. Ela
namorou com Thomas primeiro. Você só não faz isso."
"Bem, ela fez. E se ela não tivesse feito, Trent não
estaria tão feliz." Parei na beira da areia, apontando para
um pequeno grupo de Maddoxes que se reuniram na beira
da água. Travis estava sentado em uma cadeira plástica
branca, fumando um cigarro e olhando através do oceano.
Trenton e Camille estavam alguns metros longe dele,
olhando suas expressões.
Meu estômago afundou. "Oh, não. Ah, foda.”
"Eu cuido disso." disse Shepley, largando a minha
mão para se encaminhar em direção a Travis.
"De um jeito. Não me importo com o que você tenha
que dizer ou fazer... Apenas faça. Eles não podem brigar
na lua de mel."
Shepley acenou para mim, deixando-me saber que ele
tinha tudo sob controle. Seus sapatos viraram na areia
quando ele marchou para onde seu primo estava sentado.
Travis parecia arrasado. Não podia imaginar o que poderia
ter acontecido com a felicidade conjugal entre apenas a
noite anterior e esta manhã.
Shepley sentou-se com os pés plantados entre sua
cadeira e a de Travis, e ele juntou as mãos apertando-as.
Travis não se mexeu. Ele não cumprimentou Shepley. Ele
só olhava para a água.
"Isso é grave." Eu sussurrei.
"O que é grave?" Abby perguntou, assustando-me.
"Whoa. Nervosa esta manhã? O que você está olhando?
Onde está o Shep?" Ela esticou o pescoço para olhar pela
praia.
"Porra." Ela sussurrou. "Isso parece grave. Você e
Shepley brigaram?"
Eu girei ao redor. "Não. Shepley foi descobrir o que
estava errado com Trav. Vocês não? Brigaram, quero
dizer?"
"Não. Tenho certeza que isso não é o que qualquer
um chamaria o que ele fez a noite toda. Talvez um agarra,
agarra igual a luta livre..."
"Ele disse alguma coisa para você esta manhã?"
"Ele saiu antes que eu acordasse."
"Agora, ele... Ele parece daquele jeito!" Eu disse,
apontando. "O que diabos aconteceu?"
"Por que você está gritando?"
"Eu não estou gritando!" Eu respirei. "Quero dizer...
Desculpa. Todo mundo tá com raiva. Não quero gente com
raiva neste casamento. Quero as pessoas felizes."
"O casamento acabou, Mare." Abby disse, acariciando
minha bunda, como ela fazia. Ela caminhou para a praia.
O casamento a tinha deixado confiante, mais calma e
mais devagar para reagir quando algo estava errado. Abby
tinha a segurança de saber que se um problema parou
diante deles, eles iriam descobrir juntos e de mãos dadas à
solução. Travis, como Namorado era imprevisível, mas
Travis como Marido era parceiro da Abby, e a única família
que ela tinha.
Eu quase podia ver o triunfo na maneira que ela se
moveu, ela se aproximou dele e Shepley. Tudo que
estivesse errado, Abby enfrentava sem medo. Travis está
imbatível, igual a ela. Eles não tinham nada a temer.
Essa parte de ser casada era atraente para mim, mas
estar casada com um Maddox daria trabalho e não sabia se
eu estava pronta para isso ainda — mesmo se meu
Maddox fosse Shepley.
No momento que Abby se ajoelhou próximo ao Travis,
ele jogou os braços ao redor dela e enterrou seu rosto na
dobra do seu pescoço. Shepley se levantou e deu alguns
passos para trás, olhando para mim por um momento,
antes de ver Abby trabalhar sua magia.
"Bom dia, docinho." Mamãe disse, tocando meu
ombro.
Virei-me para abraçá-la. "Oi. Como você dormiu?"
Mãe olhou ao redor e suspirou. As linhas de cada lado
da boca dela se agravaram quando sorriu.
"Este lugar, América . Você fez um bom trabalho."
"Muito bom." Papai provocou.
"Mark, pare." Mamãe disse, empurrando-o com seu
cotovelo. "Ela já disse que não está com pressa. Deixe-a
em paz." Ela olhou para mim. "Ainda vamos ao Brunch4?"
4 A palavra Brunch surgiu na Inglaterra como uma forma de café da manhã atrasado,
ou seja, nem café da manhã, nem almoço. Brunch é uma palavra formada através da
contração das palavras Breakfast e Lunch..
"Yeah." Eu disse, distraída com Travis abraçando
Abby na praia. Mordi meu lábio. Pelo menos eles não
estavam brigando — ou talvez eles estejam fazendo as
pazes.
"O que foi?" Pai perguntou. Ele olhou na mesma
direção que eu, imediatamente viu Travis e Abby. "Meu
Deus, eles não estão discutindo, estão?"
"Não. Está tudo bem." Eu disse a ele.
"Travis não atacou algum bêbado por olhar para sua
esposa, né?"
"Não". Eu ri. "Travis está mais calmo... Digamos."
"Abby tem o rosto de Pam" Meu pai disse.
"Não, ela não tem." Falei mais pra mim do que para
ele.
"Tem razão." Disse minha mãe. "É definitivamente a
cara dela."
Queriam dizer que a cara de poker da Abby. Qualquer
estranho não seria capaz de pensar nisso, mas todos nós
sabíamos o que significava.
Virei-me para eles com um sorriso forçado. "Reservei
uma mesa para seis. Acho que Jack e Deana já estão indo.
Eu só vou pegar Shepley e vamos nos encontrar lá."
Minha mãe piscou os olhos e fingiu que ela não
percebeu que estava tentando me livrar deles, assim como
todas às vezes quando eles ignoraram a cara de poker da
Abby quando nós fomos pegas em uma mentira. Meus pais
não eram estúpidos, mas eles também eram não-
tradicionais da forma que, enquanto estávamos a salvo,
eles nos permitiam cometer erros. Não sabiam que esses
erros foram cometidos em Las Vegas.
"América ." Disse minha mãe. O tom dela me alertou
para algo mais sério do que a cena na praia.
"Nós temos uma ideia sobre o que é sobre esse
Brunch."
"Não, você não tem." Eu comecei.
Ela levantou a mão. "Antes de você fazer com que
todos na mesa fiquem desconfortáveis, seu pai e eu
discutimos isso, e nossos sentimentos não mudaram."
Minha boca caiu aberta, e minhas palavras
tropeçaram em minha língua várias vezes antes de formar
uma frase coerente. "Mãe, por favor, nos escute."
"Tem dois anos que você nos deixou." Disse minha
mãe.
"É um ótimo apartamento. É perto campus..." Eu disse.
"A escola nunca veio fácil para você." Minha mãe
interrompeu.
"Shepley e eu estudamos o tempo todo. Estou com
média 3.0 nas notas."
"Menos mal." Disse minha mãe, com tristeza em seus
olhos.
Ela odiava me dizer não, mas dizia quando sentia que
era importante, o que se tornava muito difícil para eu
argumentar.
“Mãe...”
"América, a resposta é não." Pai abanou a cabeça,
segurando as mãos com as palmas das mãos para fora.
"Nós não estamos financiando um apartamento para
você e seu namorado, e não achamos que você poderia
segurar as notas satisfatórias e trabalhar horas suficientes
para pagar aluguel, e nem metade da renda. Não sabemos
como os pais do Shepley se sentem, mas não podemos
concordar com isso. Ainda não".
Meus ombros caíram. Durante semanas, Shepley
estava preparando um discurso com refutações calmas e
argumentos sólidos. Ele ficaria arrasado — novamente —
como a última vez que nós tínhamos anunciado que
iríamos morar juntos e fomos desenganados.
"Papai." Lamentei, num último esforço.
Ele não ficou comovido. "Docinho, sinto muito.
Agradeceríamos se não falassem no assunto no Brunch. É
nosso último dia. Vamos apenas..."
"Eu entendo. Ok." Eu disse.
Ambos me abraçaram e então se encaminharam em
direção ao restaurante. Eu pressionei meus lábios juntos,
tentando descobrir uma maneira de dar a notícia ao
Shepley. Nosso plano tinha sido afundado antes de termos
a chance de apresentá-lo aos nossos pais.
Shepley
"Merda." Eu disse sob minha respiração.
A conversa da América com os pais dela não parecia
agradável e quando eles saíram e ela olhou para mim, eu
já sabia o que tinha acontecido.
"Trav, olha para mim." Abby disse, segurando seu
queixo até seus olhos focarem no dela.
"Eu não posso te dizer. Isso é tão sincero do quanto
eu posso ser."
Abby colocou suas mãos em seus quadris e mordeu
os lábios juntos, examinando o horizonte. "Você pode pelo
menos me dizer por que não pode me dizer?" Ela olhou
para ele com seus grandes olhos cinza.
"Thomas me pediu para não contar e se eu fizer... Não
poderemos ficar juntos."
"Só me responda isto." Abby disse. "Tem a ver com
outra mulher?"
Confusão seguida por horror refletiram nos olhos de
Travis e ele a abraçou novamente. "Cristo, baby, não. Por
que você me perguntaria isso?"
Abby o abraçou, descansando o rosto no ombro dele.
"Se não é outra pessoa, então eu confio em você."
"Sério?" Travis perguntou.
"Travis o que diabos é isso?" Perguntei.
Travis franziu a testa para mim.
"Shep", Abby disse, "Isso é entre Thomas e Travis".
Balancei a cabeça. Se ele não contou a Abby, ele não
ia me dizer. "Okay." Esmurrei Travis no ombro com o lado
do meu punho. "Se sente melhor? Abby esta bem com
isso."
"Eu não diria isso." Disse Abby. "Mas vou respeitá-lo.
Por enquanto."
Um sorriso cauteloso espalhou no rosto de Travis e
ele estendeu a mão para sua esposa.
"Hey." Disse América. "Tudo bem por aqui?"
"Estamos bem." Disse Abby, sorrindo para Travis.
Travis simplesmente acenou com a cabeça.
América olhou para mim, a brisa soprando os grossos
fios de seus longos cabelos loiros em seu rosto.
"Podemos conversar?"
Minhas sobrancelhas se levantaram e ela estremeceu.
"Não me olhe assim," Ela disse.
Travis e Abby caminharam pela praia, deixando-nos a
sós.
"Eu vi você com seus pais. Parecia uma conversa
intensa."
"Não foi agradável. Eles sabiam por que tínhamos
pedido para fazer o Brunch com eles e seus pais. Pediram
para não tocar no assunto."
"Você quer dizer, sobre morar juntos?" Eu disse,
sentindo meu corpo inteiro ficar tenso.
“Sim.”
"Mas... Eles não ouviram o que temos a dizer. Eu
tenho argumentos."
"Eu sei. Mas eles estão focados em minhas notas, e
não sentem que serei capaz de trabalhar e manter a média
3.0."
"Baby, eu vou te ajudar."
"Eu sei. Mas... eles têm razão. Se eu não tenho tempo
para estudar, não importa o quanto você me ajude."
Tínhamos escolhido um apartamento. Eu já pago em
dinheiro para segurá-lo.
Franzi a testa. "Ok, então eu vou nos sustentar. Farei
uma pausa da faculdade se for preciso."
"O que? Não! Isso é uma péssima ideia."
Eu agarrei seus braços minúsculos com ambas as
mãos. "Mare, somos adultos. Podemos ficar juntos se
quisermos."
"Meus pais não me apoiarão se eu morar com você.
Eles disseram isso, Shep. Eles não vão ajudar-me com
taxa de matrícula ou livros e definitivamente não ajudarão
com as despesas de subsistência. Eles acham que é uma
decisão errada."
"Eles estão errados."
"Você está falando sobre sair da faculdade. Estou
pensando que eles têm razão."
Meu coração começou a acelerar. Senti que isso seria
o começo do fim. Se a América não estava interessada em
morarmos juntos, talvez ela estivesse perdendo o interesse
em mim completamente.
"Case-se comigo." Deixei escapar.
Seu nariz se enrugou. "Como?"
"Eles não poderão dizer nada se formos casados."
"Isso não vai mudar os fatos. Eu ainda vou ter que
trabalhar e as minhas notas vão cair."
"Eu te disse. Eu vou nos sustentar."
"E largar a faculdade? Não isso é estúpido, Shep.
Pare."
"Se o Travis e Abby conseguem..."
"Não somos Travis e Abby. Definitivamente não
vamos nos casar para resolver um problema, como eles
fizeram."
Senti minhas veias latejarem com raiva, a pressão fez
o sangue ferver em meu rosto e se comprimir atrás dos
meus olhos. Andei para longe dela, dobrando as minhas
mãos em cima da minha cabeça, disposto a acalmar meu
temperamento Maddox. As ondas estavam batendo na
margem e eu podia ouvir Trenton e Camille, falando de
uma direção, Travis e Abby de outro.
Crianças com suas famílias juntamente com jovens e
casais de idosos estavam começando a entrar em seus
quartos. Estávamos cercados por pessoas que tinham a
merda deles juntos. América e eu estivemos juntos por
mais tempo que Travis e Abby e Trent e Camille. Eles
estavam casados ou noivos e América e eu nem
conseguimos isso para ir a próxima etapa.
Por trás de mim, América escorregou seus braços
sob os meus, cruzando os dedos na minha cintura,
pressionando sua bochecha e seios contra minhas costas.
Eu inclinei minha cabeça em direção ao céu. Eu adorava
quando ela fazia isso.
"Não tenha pressa, baby." Ela sussurrou. "Isso vai
acontecer. Só precisamos ter paciência."
"Então... não falaremos sobre isso no Brunch."
Ela se remexeu, tentando balançar a cabeça contra as
minhas costas.
Eu suspirei profundamente. "Porra."
Capítulo Três
América
"Feliz aniversário de casamento para você." Eu cantei,
entregando a Abby um cartão e uma pequena caixa branca
com um laço azul. Ela olhou para o relógio e depois limpou
os olhos. "Gostei do nosso primeiro aniversário muito
mais."
"Provavelmente porque planejei, estávamos em Saint
Thomas e foi tudo perfeito."
Abby atirou-me um olhar.
"Ou porque Travis estava realmente presente." Eu
disse, tentando manter o ódio em minha voz.
Travis tem viajado muito a trabalho, e apesar de Abby
parecer entender, eu certamente não entendia. Ele estava
trabalhando meio período como personal trainer, depois
das aulas, mas em algum momento, o proprietário pediu-
lhe para viajar para fazer vendas ou... Eu não sabia o que
seria. O salário era muito melhor, mas era sempre no
último minuto e ele nunca disse não.
"Não me olhe desse jeito, Mare. Ele está a caminho
agora. Ele não tem culpa que seu voo atrasou."
"Ele poderia não ter que viajar pela metade de todo
país tão perto do aniversário de vocês. Pare de defendê-lo.
É irritante".
"Para quem?"
"Para mim! A única que te viu chorar por causa do
cartão de aniversário que ele teve que escrever antes de
sair porque sabia que havia uma boa possibilidade de
perder isso. Ele deveria estar aqui!"
Abby inspirou e suspirou. "Ele não queria perder isso,
Mare. Ele já está cansado disso. Não piore."
"Tudo bem", disse. "Mas eu não vou deixar você aqui
sozinha. Vou ficar até ele chegar."
Abby me abraçou, e levei meu queixo por cima do
ombro, olhei ao redor do apartamento ofuscante. Parecia
tão diferente de quando entrei pela primeira vez que pela
porta, no nosso primeiro ano. Travis tinha insistido que
Abby decorasse o espaço sozinha após se Shepley mudar,
logo depois que eles tinham se casado. Em vez de placas
de trânsito e posters de cerveja, as paredes eram
adornadas com pinturas e fotos de casamento, fotos de
família. Havia abajures e mesas e decoração de cerâmica.
Eu me virei para olhar os pratos cheios de comida fria
sobre a pequena mesa de jantar. A vela tinha queimado e
secados os pingos de cera que quase tocaram a madeira
reciclável.
"O jantar esta cheiroso. Eu vou ter certeza de esfregar
na cara dele."
Shepley mandou uma mensagem e eu enviei uma
resposta rápida.
"Shep?" Abby perguntou.
"Sim. Ele pensou que eu estaria em casa agora."
"E como estão indo?"
"Ele é fanático por limpeza, Abby. Como você acha
que estamos indo?" Eu disse enojada.
"Você estava tão brava quando seus pais disseram
que não podia ir morar com ele. Os dois de mau humor nos
dormitórios durante um ano e meio. Eles finalmente
cederam e agora, você odeia."
"Eu não odeio. Tenho medo que ele vá me odiar."
"Faz quase três anos. Se fosse possível para Shepley
fazer qualquer coisa além de venerar você, eu duvido que
seja por um par de meias sujas."
Eu puxei meus joelhos até o peito, quase desejando
que ele estivesse em meus braços. Sempre me perguntava
quando estar perto de Shepley ou até mesmo pensar nele
pararia de me fazer gostar tanto dele, mas o passar do
tempo só tinha feito os meus sentimentos mais fortes.
"Formatura no próximo verão, Abby. Acredita nisso?"
"Não. Então temos de ser adultos."
"Você é uma adulta desde que era criança."
“Verdade.”
"Me pego pensando se ele vai me pedir em
casamento".
Abby arqueou a sobrancelha.
"Se ele diz meu nome de uma determinada maneira,
ou se vamos a um restaurante chique, acho que vai ser
isso, mas ele não faz."
"Ele perguntou, Mare, lembra-se? Você disse que não.
Duas vezes."
Eu recuei, lembrando aquela manhã na praia e alguns
meses mais tarde com a luz de velas brilhando em seus
olhos, o macarrão caseiro e o desapontamento supremo no
rosto. "Mas isso foi ano passado."
"Você acha que perdeu sua chance, né? Você acha
que ele nunca vai ter coragem de perguntar de novo." Não
respondi, mas ela continuou, "Por que você não o pede?"
"Porque eu sei que é importante para ele perguntar."
Propor a Shepley me passou pela cabeça, mas
lembrei do que ele disse sobre a notícia que Abby tinha
feito a pergunta ao Travis. Ele tinha se incomodado quase
tanto quanto como se seus sentimentos sobre o assunto
fossem tão tradicionais. Shepley sentiu que era o seu dever
como o homem perguntar. Não percebi que eu não estava
pronta quando ele propôs, e ele iria parar de perguntar.
"Você quer que ele pergunte de novo?"
"Claro que sim. Não precisamos nos casar
imediatamente, certo?"
"Certo. Então, qual é a pressa de ficarem noivos?" Ela
perguntou.
"Eu não sei. Ele parece chateado."
"Chateado? Com você? Não acabou de te enviar uma
mensagem pra saber como você esta?"
"Sim, mas..."
"Você está chateada?"
"Chateada não é a palavra certa. Ele fica
desconfortável. Nós estamos estagnados, e posso dizer
que isso o incomoda."
"Talvez ele esteja esperando por um sinal de que você
está pronta?"
"Eu tenho soltando sinais a torto e direito, exceto em
mencionar direto, famosas indiretas da América um acordo
tácito para deixar como não ditas".
"Talvez devesse lhe dizer que está tão pronta quanto
ele para pedir de novo."
"E se ele não estiver?"
Abby fez uma careta. "Mare, estamos falando do Shep.
Ele provavelmente está esforçando pra não pedir todos os
dias."
Eu suspirei. "Isto não é sobre mim. Estou aqui para
você."
Ela franziu a testa. "Quase me esqueci."
A maçaneta sacudiu e a porta se abriu.
"Flor?" Travis gritou. Sua expressão se desintegrou
quando ele viu a comida na mesa, e então olhou para nós
sentadas juntas no sofá.
Os olhos da Abby se iluminaram quando ele correu
em torno do sofá e se ajoelhou na frente dela, envolvendo
seus braços em torno de sua cintura e enterrando seu rosto
no colo dela.
Shepley olhou da porta, sorrindo.
Eu sorri para ele. "Você é dissimulado."
"Ele fretou um voo de volta. Tive que pegá-lo no FPO
daqui da cidade." Ele fechou a porta atrás dele e riu,
cruzando os braços. "Eu pensei que ele ia ter um ataque
cardíaco antes de chegarmos aqui."
O nariz de Abby está enrugado. "No FPO? Quer dizer
no pequeno aeroporto fora da cidade?" Ela olhou para o
Travis. "Um avião? Quanto custou isso?"
Travis olhou para ela, balançando a cabeça. "Não
importa. Acabei de chegar aqui." Ele olhou para mim.
"Obrigado por ter ficado com ela, Mare".
Balancei a cabeça. "É claro". Fiquei parada, sorrindo
para Shepley. "Eu vou segui-lo para casa."
Shepley abriu a porta. "Depois de você, baby."
Eu disse adeus ao Travis e a Abby, não que eles
tenham notado enquanto ele praticamente grudou no rosto
dela.
Shepley segurou minha mão enquanto descíamos as
escadas para nossos carros. O carro estava brilhando
como novo, estacionado ao lado do meu Honda vermelho
riscado e sujo. Ele destrancou a porta e o cheiro da fumaça
atacou meu nariz.
Eu acenei minha mão na frente do meu rosto. "Tão
nojento. Se você ama tanto seu carro, por que deixa Travis
fumar nele?"
Ele encolheu os ombros. "Eu não sei. Ele nunca
perguntou."
Eu sorri. "O que Travis faria se, um dia, você parasse
de deixar ele fazer tudo do jeito dele tempo todo?"
Shepley beijou o canto da minha boca. "Eu não sei. O
que você faria?"
Eu pestanejei.
A expressão do Shepley virou para horror. "Oh, merda.
O que foi que eu disse. Não quis dizer isso."
Eu agarrei as minhas chaves na mão. "Está tudo bem.
Vejo você em casa."
“Baby.” Ele começou.
Mas eu já estava do outro lado do Honda.
Sentei no banco do motorista gasto do meu Honda de
duas portas, liguei, mesmo que eu quisesse ficar lá por um
tempo e chorar. Shepley desistiu e segui. Eu não sabia o
que era pior — ouvir a verdade não intencional ou ver o
medo nos olhos dele depois que disse isso. Shepley, se
sentia como um capacho para todos que o amava,
incluindo a mim.
Shepley
Eu parei no estacionamento coberto ao lado do Honda
da América e suspirei. O volante gemia quando meus
dedos brancos trançados o seguravam firme. O olhar no
rosto da América anteriormente, quando eu tinha falado
sem pensar, não é algo como se eu já tivesse visto antes.
Se eu dissesse algo estúpido, raiva seria evidente nos
olhos dela. Mas eu não a deixei com raiva. Isto foi pior.
Sem querer, eu a machuquei, a magoei profundamente.
Moramos a três edifícios de distância de Travis e Abby.
Nosso prédio tinha menos estudantes universitários e mais
jovens casais e famílias pequenas. O estacionamento
estava lotado, os outros inquilinos já estavam em casa e na
cama.
América saiu. A porta rangeu quando ela empurrou
fechando-a. Ela caminhou para a calçada, sem nenhuma
emoção em seu rosto. Eu tinha aprendido a manter a calma
durante uma discussão, mas a América era emocional e
qualquer esforço para mascarar seus sentimentos nunca
era uma coisa boa.
Crescer com os meus primos tinha acabado por ser
um grande recurso para a manipulação de alguém tão
tenaz como América , mas se apaixonar por uma mulher
que era autoconfiante e forte, às vezes era necessário lutar
contra minhas próprias inseguranças e fraquezas.
Ela me esperou sair do carro, e então caminhamos
juntos para nosso apartamento no andar debaixo. Ela
estava quieta, e isso só me deixou mais nervoso.
"Eu não tive tempo de lavar a louça, antes de ir até a
Abby." Ela disse, caminhando para a cozinha. Ela rodeou a
bancada de café da manhã e então congelou.
"Fiz antes de sair para buscar o Travis."
Ela não se virou. "Mas eu disse que faria."
Merda. "Está tudo bem, baby. Não demorou muito
tempo."
"Então eu deveria ter tido tempo para lava-las antes
de sair."
Merda! "Não foi o que quis dizer. Eu não me importo."
"Eu também não e é por isso que eu disse que faria
depois." Ela jogou a bolsa na bancada e desapareceu no
corredor.
Eu podia ouvir os passos dela entrando no nosso
quarto e batendo a porta do banheiro.
Sentei-me no sofá, cobrindo meu rosto com as mãos.
Nossa relação não tinha sido formidável nos últimos meses.
Eu não tinha certeza se era porque ela não estava feliz
com a vida comigo ou se não estava feliz comigo. De
qualquer forma, isso não sugere nada de bom para o nosso
futuro. Não havia nada que mais me apavorava.
"Shep?" uma voz baixinha me chamou do corredor.
Virei-me, vendo América sair da escuridão para a sala
de estar.
"Você está certo. Eu sou arrogante e espero que tudo
seja do meu jeito o tempo todo. Se não, eu surto. Eu não
posso continuar fazendo isso com você."
Meu sangue correu frio. Quando ela se sentou ao meu
lado, eu instintivamente me inclinei, com medo da dor que
ela causaria quando dissesse as palavras que mais temia.
“Mare, eu te amo. O que quer que esteja pensando, pare."
"Eu sinto muito." Ela começou.
"Para, porra."
"Eu vou melhorar." Ela disse, as lágrimas brilhavam
em seus olhos. "Você não merece isso."
"Espera. O quê?"
"Você me ouviu." Ela disse, parecendo envergonhada.
Ela desapareceu de volta para o corredor, e levantei-
me, seguindo-a. Abri a porta para o nosso quarto escuro.
Só uma réstia de luz apareceu no banheiro, revelando a
cama feita e as mesas de cabeceira, sobrecarregada de
fotos nossas em preto e branco, livros e revistas de fofoca.
América tirou suas roupas, uma peça de cada vez,
deixando cada uma, fazendo uma trilha para o chuveiro,
antes de ligá-lo.
Imaginei-a do lado de fora da cortina, abraçando-a, as
curvas suaves do seu corpo movimentando-se lentamente
a cada gesto. A braguilha do meu jeans resistiu
instantaneamente contra a ereção por trás do zíper. Eu
peguei-a e reajustei, caminhando em direção à porta com
um feixe de luz fluorescente.
A porta rangeu quando empurrei abrindo-a. América
já tinha entrado para trás da cortina, mas eu podia ouvir a
água caindo no chão da banheira.
"Mare?" Eu disse. Meu pau estava me implorando
para tirar a roupa e entrar no chuveiro por trás dela, mas eu
sabia que ela não estava de bom humor. "Não queria dizer
aquilo. O que eu disse anteriormente apenas saiu. Você
não é uma tirana. Você é teimosa, sincera e determinada, e
eu sou apaixonado por todas essas coisas. Eles são parte
do que faz você, ser você."
"É diferente". Sua voz mal atravessava a cortina sobre
o som de gemido da água corrente através dos canos.
"O que é diferente?" Eu perguntei, imediatamente
ponderando se foi o sexo. Em seguida, amaldiçoei a voz de
dezesseis anos de idade na minha cabeça que tinha
jorrado tamanha estupidez infantil.
"Você esta diferente. Nós estamos diferentes."
Eu suspirei, deixando a cabeça cair pra frente. Isso
estava ficando pior, não melhor. "Isso é uma coisa ruim?"
"Eu me sinto dessa maneira."
"Como posso corrigir?"
América olhou para mim, por trás da cortina, um belo
olho esmeralda só espreitando para mim. Água correu para
baixo de sua testa e nariz, pingando fora no chão. "Nós
estamos morando juntos."
Eu engoli. "Você esta infeliz?"
Ela balançou a cabeça, mas apenas parcialmente, o
que aliviou minha ansiedade. "Você esta?"
"Mare." Eu respirei. "Não, não estou. Nada a respeito
sobre estar com você poderia me fazer infeliz."
O olho dela instantaneamente se atenuou e ela o
fechou, empurrando as lágrimas salgadas, misturadas com
água do chuveiro pelo seu rosto. "Eu posso ver. Eu posso
dizer. Eu só não sei o por quê."
Eu puxei a cortina para o lado, e ela afastou tanto
quanto podia, assistindo-me passar um pé dentro e depois
o outro, mesmo que ainda estivesse totalmente vestido.
"O que você está fazendo?" Ela perguntou.
Envolvi meus braços ao redor dela, sentindo a água
despejar por cima da minha cabeça, encharcando minha
camiseta.
"Onde quer que você esteja, eu estarei lá com você.
Não quero estar em qualquer outro lugar que você não
esteja." Beijei-a e ela choramingou em meus braços. Não
era como se ela fosse mostrar seu lado mais suave.
Normalmente, se ela estivesse magoada ou triste, ela
ficava com raiva.
"Não sei por que tem sido diferente, mas te amo do
mesmo jeito. Na verdade, até mais."
"Então, por que..." Ela perdeu a voz, perdeu a
coragem.
"Por quê?"
Ela balançou a cabeça. "Sinto muito pela louça suja."
“Baby.” Eu disse, colocando o meu dedo por baixo do
seu queixo e levantando delicadamente até que ela olhou
para mim.
"Foda-se as louças."
América levantou minha camisa, por cima da minha
cabeça, deixando-a cair ao chão como um tapa. Então,
desapertou o cinto enquanto sua língua brincou ao longo
do meu pescoço. Ela já estava nua, então não havia nada
para fazer, mas a deixei despir-me. Era estranhamente
excitante.
Assim que o zíper estava aberto, América ajoelhou-se
diante de mim, levando meu jeans com ela. Eu tirei meus
tênis e ela jogou-os pra fora da banheira antes de fazer o
mesmo com meus jeans. Ela estendeu a mão, curvando os
dedos até que eles estavam confortavelmente entre minha
pele e o cós da cueca, e ela escorregou-os, puxando-os
cuidadosamente por minha ereção. Uma vez que caíram
contra o azulejo do lado de fora da cortina, América puxou
meu comprimento inteiro em sua boca, e eu tive que me
equilibrar, com as palmas das mãos contra a parede.
Eu gemi quando ela forçou a sucção e apertando junto
para criar muito possivelmente a melhor sensação do
mundo. Sua boca estava tão quente e molhada. Ela era a
única que me fez desejar que eu pudesse beijá-la e a foder
ele ao mesmo tempo. Por um breve momento, o
pensamento que tinha afundado em mim para mudar de
assunto estalou em minha cabeça, mas isso era difícil
argumentar com ela, se fosse esse o caso. Sexo com ela
era um dos meus temas favoritos.
Sua mão livre alcançou as minhas bolas e quase me
levando ao limite. "Eu preciso estar dentro de você." Eu
disse.
Ela não respondeu, então se levantou um uma
posição de pé e engatou o joelho no meu quadril.
Ela agarrou minhas orelhas e me puxou contra sua
boca e eu posicionei-me, determinando o momento para
abaixá-la até meu pau — lentamente desde que ela já
havia me feito entrar em um frenesi. Levantei sua outra
perna. Assim quando mudei para me posicionar, perdi o
equilíbrio. América gritou quando estendi a mão, lutando
por algo para nos salvar, e então eu recorri á cortina de
nylon arrancando os anéis, dando-nos apenas meio
segundo antes de minha bunda bater no chão.
Eu grunhi e então olhei para a América , o cabelo dela
todo molhado, os olhos cerrados fechados. Um olho de
jade saltou aberto e depois o outro.
"Cristo, está bem?" Eu perguntei.
"E você?"
Eu suspirei uma risada. "Sim, eu acho que estou."
Ela cobriu a boca e então começou a rir, fazendo o
riso em irromper da minha garganta e rasgar pelo
apartamento. Num instante, estávamos limpando os olhos
e tentando recuperar o fôlego.
Risadinhas desvanecidas e levantamos do chão, água
escorrendo da nossa pele para o azulejo. Uma gotícula se
formou no nariz da América e escorreu na minha bochecha.
Ela enxugou os olhos, olhando pra frente e trás, esperando,
como se perguntasse o que eu poderia dizer a seguir.
"Nós estamos bem." Eu disse suavemente. "Eu
prometo".
América se sentou e eu fiz o mesmo.
"Não temos que fazer o que todo mundo está fazendo
para ser feliz, né?" A voz dela soava com tristeza.
Eu engoli o caroço na minha garganta. Não era o que
eu queria fazer o que todo mundo estava fazendo. Por um
longo tempo, eu quis o que eles já tinham.
"Não." Eu disse. Pela primeira vez desde que nos
conhecemos, menti para a América .
Eu estava muito envergonhado de admitir a ela que
queria essas coisas — anéis, os votos, a hipoteca e os
filhos. Eu queria tudo. Mas era difícil dizer para uma garota
não convencional que eu queria uma vida convencional
com ela. O pensamento que não queríamos as mesmas
coisas e o que isso significava me apavorava, então
empurrei para o fundo da minha mente, para o mesmo
lugar onde eu guardava as minhas memórias da minha
mãe chorando por tia Diane, longe o suficiente para que
meu coração não sentisse nada.
Capítulo Quatro
América
Meus dedos dos pés brilhavam no sol, recém-pintados
de rosa-shocking. Eles se mexeram enquanto eu apreciava
a fina camada brilhante de suor na minha pele e o calor
dançando da calçada em torno da água azul-turquesa. Eu
estava queimando sob os raios solares, mas permaneci
sobre a ripa de plástico branco da minha espreguiçadeira,
feliz por mergulhar em vitamina D mesmo com os
merdinhas do 404B jogando água para tudo que é lado
como selvagens.
Meus óculos de sol caíram pela décima vez, os
grânulos salgados na ponte do meu nariz, os faziam
deslizar como uma barra de manteiga ao derreter.
Abby apontou sua garrafa de água. "Isso é por temos
o mesmo dia de folga."
Eu segurei a minha e toquei com a dela. "Eu vou
beber a isso."
Nós duas inclinamos para cima nossas bebidas e eu
senti o líquido gelado deslizar pela minha garganta.
Coloquei a garrafa para baixo perto de mim, mas ela
escorregou da minha mão e rolou debaixo da minha
cadeira.
"Droga." Eu disse protestando, mas não me mexi.
Estava muito calor para me mover. Estava muito calor para
qualquer coisa, mas ficar no ar condicionado ou deitar à
beira da piscina de forma intermitente, deslizando para a
água antes de nós espontaneamente queimarmos.
"Que horas Travis sai do trabalho?" Eu perguntei.
"Ás cinco." Ela suspirou.
"Quando ele vai sair da cidade novamente?"
"Daqui a duas semanas a menos que alguma coisa
aconteça."
"Você é muito paciente sobre isso."
"Sobre o quê? Como é o trabalho dele? É o que tem
que ser." Ela disse.
Virei de barriga para baixo e olhei-a, minha bochecha
plana contra as ripas. "Você não está preocupada?"
Abby baixou os óculos e olhou por cima deles para
mim. "Eu devo estar?"
"Nada. Eu sou estúpida. Ignore-me."
"Acho que o sol está fritando seu cérebro." Disse Abby,
empurrando para cima seus óculos. Sentou-se de volta
contra sua espreguiçadeira, com seu corpo relaxado.
"Eu disse a ele."
Não olhei para ela, mas eu podia sentir Abby me
encarando pela lateral do meu rosto.
"Disse o quê para quem?" Ela perguntou.
"Shep. Eu disse a ele — tipo, de alguma forma — que
eu estava pronta."
"Por que não diz, diretamente que você está pronta?"
Eu suspirei. "É meio como se eu tivesse dito."
"Vocês dois são cansativos."
"Ele falou alguma coisa para o Travis?"
"Não. E você sabe que quando Trav me diz alguma
coisa em confidência está fora dos limites."
"Isso não é justo. Eu lhe diria, se soubesse que era
importante. Você é uma merda de amiga."
"Mas eu sou uma ótima esposa." Ela disse sem
nenhuma desculpa em sua voz.
"Eu lhe disse que devíamos visitar meus pais antes
das aulas começarem. Uma viagem de carro."
"Divertido."
"Estou esperando que ele perceba a dica e faça a
pergunta."
"Devo plantar uma semente?"
"Ela já foi plantada, Abby. Se ele não me pedir é
porque ele não quer... Mais."
"Claro que ele quer. Em agosto faz três anos que
vocês estão juntos. Não se passaram três meses e
definitivamente não é maior tempo que uma garota esperou
por um anel. Acho que só parece ser assim, porque Trav e
eu fugimos para nos casar muito rápido."
"Talvez."
"Seja paciente. Rejeição é difícil para seus egos
aceitarem."
"Travis não pareceu se importar."
Ela ignorou minha indireta. "Duas vezes leva duas
vezes mais longe."
"Esfrega isso na minha cara, vadia." Eu explodi.
"Eu não quis dizer...”.
Abby xingou quando ela foi levantada para fora da
espreguiçadeira e para os braços de Travis.
Eu me levantei e caminhei até borda da piscina,
cruzando meus braços. "Vocês chegaram cedo."
"Houve um cancelamento na academia."
"Oi, baby." Shepley disse, envolvendo seus braços ao
meu redor.
Ao contrário de Travis, estava totalmente vestido,
então eu estava a salvo.
"Oi." Eu comecei.
Mas Shepley inclinou-se e num instante, nós
estávamos caindo dentro da piscina como um pilar sendo
derrubado.
"Shepley!" Eu gritei quando chegarmos à superfície da
água antes de afundarmos.
Ele imergiu e puxou-me para ele, embalando-me em
seus braços. Ele balançou a cabeça e sorriu.
"Você está louco!" Eu disse.
"Não foi planejado, mas esta mais de cem graus lá
fora, porra. Eu estou cozinhando." Shepley disse.
Os merdinhas do prédio ao lado, espirraram água uma
vez, mas depois de apenas um olhar feio do Travis eles
estavam lutando para sair da piscina.
Eu plantei um beijo nos lábios do Shepley, sentindo o
gosto do cloro na boca dele. "Já pensou sobre a viagem?"
Eu perguntei.
Ele balançou a cabeça. "Eu verifiquei o tempo. Estão
prevendo uma tempestade chegando."
Eu franzi a testa. "Sério? Eu cresci na região de
Tornado Alley. Você acha que eu dou a mínima sobre o
tempo?"
"E se ela vier? O Charger...".
"Ok, vamos com o Honda."
"Para Wichita?" Seu nariz se enrugou.
"Ele pode fazer isso! Ele já fez isso antes!" Eu disse,
na defensiva.
Shepley arrastou as pernas através da água para o
lado e em seguida, ele levantou-me até concreto. Ele
limpou a água de seu rosto e semicerrou os olhos pra mim.
"Quer dirigir com o Honda até seus pais, neste fim de
semana, com as tempestades que estão por vim. Qual é a
urgência?"
"Nenhuma. Só achei que seria bom dar uma
fugidinha."
"Só vocês dois. Uma viagem de carro especial." Abby
disse.
Quando Shepley virou-se para olhar para ela eu atirei
para minha melhor amiga um olhar de advertência. Sua
expressão estoica não dava nenhuma dica, mas eu ainda
queria enterrá-la.
Ele trocou olhares com Travis e então se voltou para
me encarar, a confusão atravessou seu rosto. "Vai nos dar
tempo para conversar, eu acho. Temos estado ocupados.
Isso vai ser legal."
"Exatamente." Eu disse.
Uma vez falei essas palavras, algo acendeu nos olhos
do Shepley, e um milhão de pensamentos pareciam vir
para trás de seus olhos.
O que quer que seja que esteja o aborrecendo, ele
afastou pra longe e se atirou pra cima de mim, bicando
meus lábios. "Se isso é o que você quer, eu vou pedir
folga."
"É o que eu quero."
Ele escalou para fora da piscina, a sua camiseta
branca estava translúcida, sua calça jeans ensopada e os
tênis esguichavam a cada passo. "Eu vou entrar e fazer a
ligação. Mas vamos com o Charger. Ele é vinte e cinco
anos mais velho, mas é mais confiável."
"Obrigada, baby." Eu disse sorrindo, enquanto ele ia
embora. Uma vez que ele estava fora de alcance da voz,
virei para Abby, toda a emoção em meu rosto. "Você é uma
idiota."
Abby fez um gesto sarcástico.
Travis olhou de Abby para mim e de volta para Abby
novamente. "O que? Qual é a graça?"
Abby balançou a cabeça. "Eu vou te dizer mais tarde."
"Não, você não vai!" Eu disse, chutando a água para
ela.
Com a mão, Travis limpou as gotículas de água em
seu rosto e depois ele beijou a têmpora da Abby.
Ela se afastou dele para o lado da piscina e nadou
para subir a escada. Ela pegou uma toalha da
espreguiçadeira e se secou. Travis a assistiu como se
fosse á primeira vez, como se ele nunca tivesse colocado
os olhos nela.
"Estou surpresa que você ainda não tenha ficado
grávida." Eu disse.
Abby congelou.
Travis franziu a testa. "Qual é Mare! Não diga a
palavra com G. Você vai assustá-la!"
"Por quê? Isso não esta em pauta?" Eu perguntei a
minha amiga.
"Algumas vezes." Abby disse, olhando incisivamente
para Travis. "Ele acha que eu vou parar de tomar pílula no
momento em que nos formarmos."
Minhas sobrancelhas se arquearam.
"Você vai?"
"Não." Ela disse rapidamente. "Não até comprarmos
uma casa."
A expressão de Travis de intensificou. "Nós temos um
quarto extra."
"Obrigada Mare." Abby resmungou, curvando-se para
esfregar a toalha sobre suas pernas.
"Eu sinto muito." Eu disse. "Eu vou entrar. Temos uma
viagem para planejar."
"Hey. Se você for, tenha cuidado. Shep está certo. O
clima esta previsto para ser desfavorável. Talvez você deva
esperar até a época de tempestade acabar."
"Se não formos agora, vamos começar ficar ocupados.
Uma vez que aulas começarem será tarde demais.
Teremos de esperar um feriado." Olhei para o chão. "A
maneira como ele tem agido, não sei se ele vai ser muito
mais paciente."
"Ele vai esperar para sempre, Mare." Abby disse.
"Tarde demais para o quê?" Travis perguntou saindo
para fora da piscina. "O que ele está esperando?"
"Nada". Eu atiro a Abby um olhar de advertência antes
de recolher as minhas coisas e empurrar o portão. Eu o
fechei atrás de mim, mantendo minha mão sobre o metal
quente. "Mantenha a boca fechada. Você pode ser esposa
dele, mas primeiro é minha amiga."
"Okay, Okay." Abby disse escondendo-se sob meu
olhar.
Shepley
"Obrigado Janice. Agradeço muito." Eu toco o botão
vermelho e coloco o celular na cama.
Janice tinha me adorado desde o momento em que
pisei no seu escritório para a entrevista. O que começou
como um pequeno trabalho tinha se transformado em um
trabalho administrativo e então, eu de alguma forma tinha
acabado no Departamento de Gestão de Fortunas. Janice
estava esperando que eu me formasse na faculdade,
prometendo-me promoções e oportunidades em
abundância, mas meu coração não estava ali.
Olhei para a gaveta de minha mesa de cabeceira
quase vazia. Que é onde está o meu coração. Uma vez
que a luz do visor do meu celular se apagou a escuridão do
quarto me cercou. O sol do final de tarde do verão entrou
através das cortinas criando sombras tímidas nas paredes
laterais.
Vivemos aqui há menos de um ano e as paredes já
estavam lotadas com quadros contendo as nossas
memórias. Não foi difícil juntar nossos pertences, pois os
últimos dois anos foram só sobre nós. Agora eu não tinha
certeza se era um símbolo de nossas vidas juntos ou se foi
um memorial do casal que costumávamos ser.
Eu tinha me arrependido de propor casamento desde
o momento em que a América disse Não. Nós ficamos
diferentes depois disso. Esfreguei o músculo entre meu
ombro e pescoço. Estava denso com a tensão. Eu já tinha
tirado minha roupa molhada e envolvido uma toalha em
volta da minha cintura. Foi legal, algo que não tivesse
exigido antes de morar com a minha namorada, mas eu
estava gostando juntamente com o cheiro de sua loção
sobre os lençóis e as caixas de tecido em cada quarto do
apartamento. Mesmo a bagunça na sua mesa de cabeceira
tinha se tornado reconfortante. Eu fiquei muito consciente
da gaveta na mesinha de cabeceira, continha somente um
item — uma pequena caixa vermelha escura. Dentro
estava o anel que eu me fantasiava colocando no dedo
dela, o anel que ela usaria no dia do nosso casamento,
encaixada perfeitamente uma aliança de casamento. Eu
tinha comprado há dois anos e parcelado em várias vezes.
Teríamos uma longa viagem pela frente e eu ia levá-la
para o passeio. Nossa viagem a Kansas marcaria a terceira
vez que a caixa sairia da gaveta e eu me perguntei se isso
voltaria para sua casa.
Não sabia o que ela poderia dizer se eu pedisse, mas
eu não podia ficar me perguntando e esperando.
Minhas mãos estavam ásperas e secas quando
entrelacei meus dedos e olhei para o chão me perguntando
se eu deveria reproduzir uma proposta com flores como da
última vez ou se eu deveria apenas fazê-la. Pedindo-lhe
para se casar desta vez seria o equivalente a muito mais.
Se ela disser não, ela teria de falar sobre o que viria a
seguir. Eu sabia que a América queria se casar um dia,
porque ela já tinha falado sobre isso comigo e a Abby na
sala.
Talvez ela só não quisesse se casar comigo.
Preocupar-me que nunca seria o momento certo para
que América dissesse Sim, tornou-se um tormento diário.
Não era uma palavra tão pequena, mas que tinha me
afetado. Tinha nos afetado. Mas eu a amava demais para
insistir no assunto. Eu tinha medo que ela dissesse algo
que não quisesse ouvir. Em seguida, houve minúsculos
pedaços de esperança — como ela falando sobre o futuro e
a maior confirmação, sobre morarmos juntos. Mas mesmo
enquanto nós abríamos as caixas, eu me perguntei se ela
tinha só concordado em arrumar um apartamento, porque
ela era teimosa demais para admitir que os pais dela
estavam certos sobre nós não estarmos prontos.
Ainda assim, o medo da verdade me impediu de pedir.
Eu a amava demais para deixá-la ir tão facilmente. Ela teria
que lutar para se afastar como eu lutaria para ficar com ela.
Nem questionei minha sanidade ainda considerando propor
uma terceira vez e eu temia que fosse o primeiro dia
agonizante de muitos onde eu teria que aprender a viver
sem ela.
Porém se ela dissesse sim, deixaria todo esse medo
de perguntar valer a pena.
"Baby?" América me chamou. A porta de entrada se
fechou atrás suas palavras.
"No quarto." Eu respondi.
Ela abriu a porta e acendeu a luz. "Por que você está
sentado no escuro?"
"Acabei de falar ao telefone com a Janice. Ela não
ficou super feliz com notícia em cima da hora, mas ela me
deu a sexta-feira de folga."
"Maravilha!" Ela disse deixando cair á toalha. "Eu vou
tomar um banho. Quer se juntar a mim? Ou você tem que ir
a academia?"
"Posso ir de manhã." Eu disse me levantando sobre
meus pés.
América puxou um cordão enquanto ela caminhava e
o top do biquíni dela caiu no chão. Ela parou poucos
passos depois e se sacudiu e a parte debaixo caiu em suas
coxas e então ela os deixou cair o resto no caminho.
Eu segui atrás dela, pegando as peças de roupa,
conforme eu passava. Ela alcançou atrás da cortina de
girou o botão e franziu a testa para mim enquanto eu joguei
as roupas no cesto.
"É sério? Você está limpando atrás de mim?"
Dei de ombros. "É apenas um hábito, Mare. É
compulsivo. Não consigo me controlar."
"Como você conseguiu morar com o Travis?" Ela
perguntou.
Pensar no Travis imediatamente o início de uma
ereção desapareceu. "Deu muito trabalho."
"Morar comigo dá muito trabalho?"
"Você não é tão ruim assim. É preferível. Confie em
mim."
Ela puxou para trás a cortina e depois beliscou minha
toalha, puxando até que a área coberta estivesse livre. O
algodão macio estava no chão e então América também.
Com uma mão eu agarrei a borda da fórmica ao redor da
pia, e com a outra eu enterrei meus dedos suavemente no
seu cabelo ainda molhado. A boca dela era incrível. Ela
usou uma mão para segurar a minha cintura e apenas o
suficiente da sucção e uma pitada de dentes, ela me
provocou e me chupou até que comecei a me preocupar
que eu fosse arrancar a fórmica do gabinete.
Num instante eu estava gozando, mas ela não cedeu
sua boca trabalhou até que eu tivesse acabado. Eu a
levantei e então puxei a cortina, empurrando-a para trás e
em seguida virando-a de costas. Com uma mão entre suas
pernas e a outra segurando a pele lisa do quadril beijei seu
ombro ao mesmo tempo em que eu afundei nela. Eu me
aprofundei dentro dela. O som que ela fez foi suficiente
para me fazer gozar pela segunda vez, mas eu esperei por
ela.
Trabalhei meus dedos em círculo em sua pele macia,
sorrindo quando ela começou a contorcer-se contra a
minha mão, sussurrando por mais. Enquanto eu balançava
contra ela, dolorosamente lento, ela continuou
choramingando e gemendo.
A água caia em cascata ao longo de suas costas,
empurrei seu cabelo para o outro lado e corri minha mão
sobre sua pele bronzeada, saboreando cada centímetro,
esperando que ela se lembrasse de como é bom quando
estamos juntos para quando chegasse a hora de tomar
uma decisão.
O tom de seus gritos se tornou mais alto, aquele uivo
adorável que ela faz quando ela atinge o clímax. Incapaz
de parar eu forcei contra ela, mais e mais, até eu gozar
novamente diminuindo assim como ela, ofegante, mesmo
que eu tivesse gozado não mais do que vinte minutos atrás.
América se virou para olhar para mim, vestindo nada
mais que um sorriso travesso. Ela parou se afastando de
mim — que foi o pior sentimento do mundo — e em
seguida ela envolveu seus braços em volta do meu
pescoço com a água derramando sobre nossas cabeças.
"Eu te amo." Ela sussurrou.
Eu coloquei minhas mãos através de cada lado do seu
cabelo, deslizando minha língua em sua boca. Eu esperava
que fosse o suficiente.
Capítulo Cinco
América
Shepley soltou minha última bagagem no banco de
trás do Charger, ofegando enquanto ele lutava para
guarda-la. Assim que ele conseguiu, ele pegou sua mochila
do chão e jogou atrás de seu banco. Eu beijei sua
bochecha, e ele acenou com a cabeça levantando o interior
colarinho de sua camisa para limpar o suor de sua testa.
Nem estava amanhecendo ainda, e já estava quente.
Abby cruzou os braços. "Tudo pronto?"
"Isso é tudo." Eu disse.
"Graças a Deus." Disse Shepley.
"Mulherzinha." Travis provocou, dando um soco em
seu primo.
Shepley estremeceu em reação e então o socou
divertidamente de volta. "Só porque faz alguns anos que
não te soco, não significa que não acontecerá novamente."
"Alguns anos? Quando você socou o Travis?" Eu
perguntei.
Travis tocou seu queixo. "Foi um pouco mais do que
isso. Á noite em que você terminou com ele. À noite"— ele
olhou pra Abby, já se lamentando pelo que ele estava
prestes a dizer —"Que eu trouxe a Megan de volta ao
apartamento”.
Eu olhei para o Shepley, duvidosa. "Você deu um
soco no Travis."
"Logo depois que você saiu." Shepley admitiu. "Eu
pensei que você soubesse?"
Eu balancei minha cabeça e então olhei para o Travis.
"E ainda dói?"
"Às vezes, eu acho que ainda posso sentir." Travis
disse. "Shepley bate forte."
"Ótimo." Eu disse, me sentindo um pouco excitada
com o pensamento de Shepley dando um soco. Meu
Maddox não era conhecido por brigar como os irmãos, mas
era bom saber que ele poderia cuidar de si próprio quando
necessário.
Shepley olhou para seu relógio. "É melhor sairmos.
Quero evitar essa tempestade. Foi previsto um tornado
para Winchita esta tarde."
"Tem certeza que vocês não podem esperar?" Abby
perguntou.
Dei de ombros. "Shepley já tirou o dia de folga."
"Estou feliz que vocês estão indo com o Charger."
Travis disse. "A única coisa pior do que dirigir na chuva é
ficar preso na chuva."
Shepley beijou minha têmpora e em seguida, abriu a
porta do motorista. "Vamos pegar a estrada, baby."
Eu abracei a Abby. "Eu te telefono quando chegarmos
lá. Deverá ser meio tarde. Duas e meia, ou três horas."
"Tenha uma boa viagem." Ela disse me abraçando
apertado.
Eu afivelei o cinto e Shepley apoiou pra fora do
espaço de estacionamento, Travis fingiu chutar a porta do
Shepley. "Tchau, idiota."
"Eu amo como os rapazes mostram afeto. É tão
bonito, de um modo triste."
"Você acha que não posso mostrar afeto?"
Eu arqueei uma sobrancelha.
Shepley colocou o carro em ponto morto, saltou pra
fora e correu para o Travis, pulando em seu primo e
envolvendo ambos os braços e as pernas ao redor dele.
Travis estava inabalável, segurando-o como uma criança
crescida.
Shepley abraçou Travis, — beijando-o na boca — e
em seguida o soltou antes de caminhar até o Charger com
os braços estendidos para cada lado. "E agora? Eu sou
homem suficiente para demonstrar afeto!"
"Você venceu." Eu disse meio espantada, meio
divertida.
Travis não pode sustentar sua expressão chocada,
olhando com nojo e confuso. Ele limpou a boca e então
alcançou a Abby, abraçando-a ao lado dele. "Você é
estranho pra caralho, cara."
Shepley deslizou de volta em seu lugar, fechou a
porta, apertando o cinto com um clique. Ele abaixou a
janela, despedindo-se com uma saudação rápida. "Você
me beijou primeiro, idiota. Eu tenho uma foto para provar
isso."
"Nós tínhamos três anos."
"Nos vemos no domingo!" Shepley disse.
"Tchau, cuzão!" Travis gritou.
Shepley engatou o carro e saiu pra fora do
estacionamento.
Dentro de dez minutos, já estávamos quase fora da
cidade, passando pelo Skin Deep Tattoo no caminho.
Shepley apertou a buzina, vendo os veículos de Trenton e
Camille estacionados em frente.
"Eles costumavam sempre sair pra fumar lá fora toda
vez que eu passava." Shepley disse.
"Cami disse que eles pararam pela Olive."
"Assim como Taylor." Shepley disse.
"Não é uma loucura?" Eu perguntei, balançando a
cabeça, enquanto eu pensava sobre em como Taylor tinha
se apaixonado pela mãe da Olive a mil quilômetros de
distância. "Agora, nós só precisamos trabalhar com Travis."
"Ele disse que vai parar quando Abby ficar grávida."
"Agora, isso seria um milagre." Eu disse.
"Qual deles? Ele parar ou ela finalmente concordar em
ter filhos?"
"Ambos."
"Você quer ter filhos?" Shepley não olhou pra mim
quando ele perguntou.
Eu engoli. Ainda nem mesmo estávamos fora da
cidade e ele já estava debatendo os tópicos difíceis. Não
tinha certeza se era uma pegadinha. Ele estava procurando
um motivo pra ir embora? Minha resposta seria a última
gota para ele?
"Hum... Sim. Quer dizer, eu acho. Sempre pensei que
eu iria... Ter filhos. Mais tarde."
Ele apenas balançou a cabeça, o que me deixou mais
nervosa. Eu peguei uma revista e distraidamente a folheei,
fingindo ler as palavras nas páginas. Sinceramente, eu não
tinha ideia de quem ou o que havia nela. Eu estava
desesperada para parecer casual. Falamos sobre filhos
antes, e o fato de que estava tão desconfortável agora,
parecia ser um sinal sinistro de que estamos indo na
direção errada.
Quando chegamos a Springfield, as tempestades já
estavam começando a se formar.
Shepley apontou para o céu escuro no horizonte.
"Quanto mais quente fica, mais aquelas tempestades vão
se construir. Veja a previsão do tempo para Kansas City."
Eu puxei meu telefone da minha bolsa, verificando as
informações. Eu balancei minha cabeça. "Ele diz que há
tempestades, mas não vão começar até mais tarde." Eu
selecionei o meu aplicativo favorito de radar. "Oh. Há
alguns círculos vermelhos furiosos no sudoeste de
Oklahoma agora. Esta seguindo pra Wichita na mesma
hora em que chegarmos à cidade."
"Isso é o que eu temia. Felizmente, não atingiu antes."
"Sempre podemos parar e pegar um quarto de motel."
Eu disse.
Senti meu sorriso artificial no meu rosto, e o ar no
carro denso e desconfortável. De repente, eu fiquei furiosa
por eu me sentir assim. Shepley era meu namorado. Eu o
amava, e ele me amava. Disso, eu tinha certeza.
Estávamos em um impasse, em um mal-entendido estúpido
e eu não queria ser essa garota. Eu abri minha boca para
dizer muita coisa, mas a expressão no rosto do Shepley me
parou.
"Eu te amo." Foi à única coisa que consegui dizer.
Seu pé escorregou do pedal do acelerador por um
momento, e então ele pegou a minha mão, mantendo seus
olhos na estrada. "Eu também amo você."
Pelo sutil tremor de seu olho, eu sabia que ele estava
trabalhando para manter o olhar magoado em seu rosto.
"Hey, olhe. A escrita na porta do reboque diz O'Fallon,
Missouri," Ele disse. "Igual Falyn do Taylor."
"Eu acho que ela soletra o nome de forma diferente."
"Sim..." Ele ficou fora de rumo, incapaz de fingir mais.
Folheei a minha revista uma segunda vez, fingindo ler
e olhando pela minha janela as árvores e os campos de
trigo da Rota 36. Shepley manteve sua mão na minha,
apertando-a de vez em quando. Eu rezei para que ele não
estivesse colocado na balança o fato que sentia minha falta
contra ter que aturar minhas besteiras Quando passamos
Chillicothe, Missouri, notei uma placa de saída para
Trenton. "Huh. Olha isso. Nós deveríamos fazer um jogo?
Encontrar todos os membros da família Maddox? Acho que
há uma cidade chamada Cameron, ao norte de Kansas
City. Eu posso dizer que conta como Cami."
"Claro. Podemos contar seu nome já?"
"Ha-há." Eu disse.
Mesmo que nós estávamos desesperados para
melhorar o humor, ainda foi estranho. Eu não fazia parte da
família Maddox, não de verdade. E era possível que eu
tivesse perdido minha chance.
Quando chegamos à cidade de Kansas, o céu aberto
encheu o carro com cheiro de chuva, asfalto molhado e o
fedor afiado do tumulto.
Eu esperava que as horas no carro fossem nos
obrigar a nos comunicar, falando sobre o que não
poderíamos dizer, mas aí eu me calei. A menina que eu
tinha orgulho de sua boca atrevida tinha muito medo de
que falasse algo desconfortável.
Cala a boca, Mare. Ele nunca vai superar isso, se
você propuser casamento, mesmo que ele queira pedi-la.
Talvez ele não queira propor... Mais.
O barulho constante da chuva no Charger cresceu
irritantemente. Enquanto nos dirigíamos entre as
tempestades, os limpadores do para-brisa mudaram de se
arrastar ao longo de vidro, para furiosamente tentando
afastar a chuva. Shepley formulava conversas fiadas —
sobre a chuva, claro e a escola no próximo ano — mas ele
ficou preso aos tópicos seguros, cuidadoso para não saísse
muito próximo ao extremo de algo sério.
"Topeka." Shepley anunciou como se a placa não
estivesse ali em letras brancas grandes e em negrito.
"Estamos adiantados. Vamos parar em um
restaurante. Estou cansada de comida de posto de
gasolina."
"Okay." Ele concordou. "Olhe no seu telefone por algo
na rota."
"Gator’s Bar e Grill." Eu disse em voz alta. É o terceiro
para baixo na lista, mas foi avaliado apenas com duas
estrelas e meia. "Uma review diz para não irmos lá depois
de escurecer. Isso é interessante. Você acha que existem
vampiros?"
Shepley riu, olhando para o relógio acima do rádio. "É
pouco depois de meio-dia. Acho que estamos a salvo."
"É 5 km à frente." Eu disse. "Só que fora da estrada."
"Qual? 470 vire na Interestadual 35."
"470."
Shepley assentiu com a cabeça, satisfeito. "Aí esta
Gator’s."
Como foi prometido, Gator’s estava fora da estrada,
um pouco mais de cinco quilômetros de distância. Shepley
escolheu um espaço no estacionamento e desligou o motor
pela primeira vez em quase quatro horas. Eu pisei no
estacionamento de concreto, sentindo meus ossos e
músculos cansados.
Shepley se esticou do seu lado do carro, se dobrando
pra baixo e depois de pé, puxando seus braços sobre o seu
peito. "Sentar-se por tanto tempo não pode ser bom. Não
sei como as pessoas com um trabalho atrás de uma mesa
conseguem."
"Você trabalha num escritório." Eu disse com um
sorriso.
"Meio período. Se eu dependesse de quarenta ou
cinquenta horas por semana, eu iria enlouquecer."
"Então, você não vai ficar no banco?" Eu perguntei
surpresa. "Eu pensei que você gostasse de lá."
"Wealth Management é um bom lugar para se
trabalhar, mas você sabe que não vou ficar lá."
"Não. Você não mencionou isso."
"Sim... eu disse. Eu... Ah. Eu disse pra Cami."
"Cami?"
"A última vez que fui com o Trenton no The Red. Você
sabe o quanto eu falo quando estou bêbado."
"Eu esqueci." Eu disse.
Shepley alcançou minha mão e caminhamos para
dentro, mas, pelo menos dois pés de espaço e
pensamentos não ditos estavam entre nós.
Observei ao redor do Gator’s, olhando para o teto alto.
Luzes de Natal multicoloridas estavam penduradas, o
sistema de ventilação exposto, os assentos da cabine
tinham buracos rasgados no estofamento e o chão tinha
pelo menos dez anos de sujeira embebido em cada tufo
torcido do tapete desgastado. Senti cheiro de gordura
velha, o lambril de metal enferrujado da parede e a tinta
cinza escura não eram acolhedores, entre a tentativa do
estilo industrial chique.
"A classificação de duas estrelas está fazendo
sentido." Eu disse, tremendo com o ar-condicionado.
Esperamos tanto tempo para uma mesa que quase
pedi a Shepley para sairmos, mas então uma garçonete
irritada de cabelo azul e com mais piercings do que ela
tinha buracos nos mostrou dois lugares vazios no bar.
"Por que ela nos colocou aqui?" Eu perguntei.
"Existem mesas vazias. Há um monte de mesas vazias."
"Nem mesmo os funcionários querem estar aqui."
Shepley disse.
"Talvez nós devêssemos ir?"
Ele balançou a cabeça. "Vou só comer alguma coisa e
voltar pra estrada."
Eu assenti, perturbada.
O barman limpou os espaços a nossa frente e
perguntou por nossas bebidas. Shepley pediu uma garrafa
de água, e eu pedi uma limonada de morango.
"Não quer uma cerveja? Por que você se sentou no
bar então?" O barman disse perturbado.
"Fomos colocados aqui. Não foi um pedido." Eu
respondi mal educada.
Shepley deu um tapinha no meu joelho. "Eu estou
dirigindo. Você pode dar a ela uma Bud Light. Na caneca,
por favor."
O garçom colocou os menus na nossa frente e foi
embora.
"Por que você pediu uma cerveja?"
"Eu não quero que ele diga aos cozinheiros para
cuspir na nossa comida, Mare. Você não precisa beber."
Trovão soou lá fora e sacudiu o prédio, e então a
chuva começou a bombardear o telhado.
"Podemos esperar a tempestade passar em algum
outro lugar, mas não quero ficar aqui." Eu disse.
"Está bem. Vamos encontrar outro lugar, mesmo que
seja o estacionamento." Ele deu um tapinha no meu joelho
novamente e depois o apertou.
"Hey." Um homem disse, passando por trás de nós
com um amigo. Ele parecia já bêbado, se atrapalhando em
um assento no final do bar. Seus olhos se derramaram
sobre mim como água suja.
"Hey." Shepley respondeu por mim. Ele trancou os
olhos no bêbado.
"Baby." Eu disse o alertando.
"Só estou mostrando a ele que apenas não estou
intimidado." Shepley disse. "Com sorte, ele vai estar menos
inclinado a nos incomodar."
O garçom voltou com minha limonada de morango e a
garrafa de água do Shepley. "Prontos para pedir?"
"Sim, ambos vãos querer o wrap de frango
Southwest."
"Batatas fritas ou anéis de cebola?"
"Nenhum."
O garçom levou nossos menus, nos encarou e depois
saiu para leva nossos pedidos.
"Onde ele está indo, porra?" O bêbado disse ao seu
amigo.
"Se acalme Rich. Ele vai voltar." Ele disse, rindo.
Tentei ignorá-los. “Então, você esta considerando
seguir pela área dos esportes?”
Shepley deu de ombros. "É um emprego dos sonhos.
Não sei como o empreendimento real é, mas sim, esse é o
plano. O treinador Greer disse que me devo me candidatar
para assistente de treinador. Ele disse que eu teria uma
boa chance. Eu vou começar por lá."
"Mas... Você não joga futebol."
Shepley se deslocou em seu lugar. "Eu joguei."
"Você... Jogou? Quando?"
"Nunca na faculdade. Eu comecei por todos os quatro
anos do ensino médio. Acredite ou não, eu era muito bom."
"O que aconteceu? E por que não me contou isto
antes?"
Shepley empurrou sua água quando ele se inclinou
mais acima no bar. "Isso é estúpido, eu acho. Era a única
coisa em que eu era melhor do que todos os meus primos."
"Mas Travis não fala sobre isso. Seus pais não falam
sobre isso. Se você começou como calouro, você deve ter
sido melhor do que bom. Não vejo nenhuma foto na sua
casa que possa insinuar que você praticava esporte."
"Eu rompi três dos quatro principais ligamentos no
joelho durante o último jogo antes das finais meu último
ano. Eu me esforcei muito para voltar, mas quando eu
comecei o treinamento para a Eastern, meu joelho não era
mais o mesmo. Ele ainda não tinha se curado, então eu era
um calouro suplente. Eu não tinha certeza de quanto tempo
os treinadores esperariam, mas eu sabia que mesmo que
eles me dessem o ano, eu faria acontecer." Ele sentou-se
em linha reta. "Então, eu me aposentei."
"Isso explica por que você sempre diz um motivo
diferente para as cicatrizes. Eu pensei que você estava
envergonhado."
"Eu estava."
Franzi a testa. "Isso não é motivo para se
envergonhar. Eu posso entender por que você quer ser
parte disso novamente."
Ele assentiu com a cabeça, o sorriso no rosto,
revelava que só agora ele foi perceber esse fato em si
mesmo.
Ele tinha se aberto. Era a oportunidade perfeita para
começar uma conversa sobre por que o ar tinha sido tão
tenso no carro, mas assim que eu abri minha boca, eu
fraquejei. "Obrigada por me dizer."
"Eu deveria ter dito você há muito tempo, mas..." Ele
hesitou.
Finalmente, a curiosidade e a impaciência venceu o
medo. "Por que parece que está tão estranho entre nós?"
Eu perguntei. "O que você tem em mente?"
Shepley ainda mais tenso do que ele já estava. "O
que? Nada. Por que você esta perguntando?"
"Você não está pensando em alguma coisa?"
"O que você está pensando?"
"Baby." Eu disse, meu tom era mais crítico do que eu
tinha seria.
Shepley suspirou, acenando com a cabeça quando o
barman me trouxe uma caneca gelada cheia de líquido
âmbar e uma fina linha de espuma.
"Bebe tudo!" Rich disse, gemendo. "Deus, esses
lábios são fantásticos pra caralho. Aposto que ele
consegue chupar uma bola de golfe por uma mangueira de
jardim! Lambe-los depois de tomar uma bebida, sexy. Faz a
todos os homens de todos os lugares um favor."
Eu apenas rosnei pra ele, empurrando a caneca o
mais distante de mim.
Rich se levantou.
O amigo tentou detê-lo. "Pelo amor de Deus! Sente-
se!"
Rich balançou a cabeça e limpou a boca com o
antebraço, tropeçando em nossa direção.
"Merda." Disse sob meu suspiro. Eu mantive meus
olhos pra frente.
Shepley apertou meu joelho. "Está tudo bem. Não se
preocupe."
"Você pode pegar esses lábios e..." Rich começou.
"Sente-se. Agora. Porra." Shepley o avisou.
Eu só o ouvi falar tão severamente com Travis. Perdi o
folego e uma mistura de nervosismo, surpresa e a
sensação distinta de ficar excitada fez o sangue em minhas
bochechas esquentarem.
"O que você disse filho da puta?" Rich perguntou,
inclinando-se contra o bar do meu outro lado.
Shepley se arrepiou. "Você tem três segundos pra
ficar longe da minha namorada, ou vou te bater ate você
apagar, caralho."
"Rich!" Seu amigo o chamou. "Venha aqui!"
Rich inclinou-se, e Shepley se levantou, a um passo
em torno do meu banco, encarando diretamente os olhos
de Rich.
"Saia da minha frente, Mare."
"Shepley..."
Rich bufou. "Mare? Shepley? Vocês são crianças
famosas? Que raio de nomes são esses?".
"Se afaste." Shepley disse.
Eu me levantei do meu banco e dei alguns passos.
"Este é o último aviso." Shepley acrescentou.
O barman ficou congelado na porta da cozinha, com
nossos pratos nas mãos.
"Shep." Eu disse, pegando o braço dele. Nunca o
tinha visto tão hostil. "Apenas vamos embora."
Com dois dedos, Rich tocou o ombro do Shepley. "O
que você vai fazer rapazinho? Que tal eu enfiar meu pau na
boca dela, aí então você terá algo pra se zangar?"
O maxilar do Shepley se remexeu sob sua pele.
"Baby." Eu disse.
Seus ombros relaxaram. Ele tirou algumas notas do
bolso e jogou-as sobre o bar. Ele estendeu o braço atrás
dele, para me alcançar.
Eu contornei em direção à porta, incentivando o meu
namorado a me seguir. Shepley começou a se virar em
minha direção, mas Rich estendeu a mão, agarrando um
punhado da camisa de Shepley e o puxou de volta.
Shepley não hesitou. Os olhos do Rich cresceram
quando ele viu Shepley vindo pra ele com um cotovelo
levantado. Um baque soou quando o cotovelo do Shepley
bateu contra o osso malar do Rich, que tropeçou,
segurando a lateral do rosto, e o seu amigo se levantou,
detendo-se.
"Eu te desafio a me atacar, porra." Shepley rosnou.
Rich tentou aproveitar-se da distração momentânea
do Shepley e cambaleou. Shepley se esquivou e Rich caiu
pra frente quando ele seguiu com o movimento. Eu cobri
minha boca, estava em descrença total que era meu
namorado e não Travis, no meio de uma briga. Fazia muito
tempo desde que eu tinha visto Travis no ringue do Círculo,
e mesmo que ele tenha se acalmado bastante desde que o
casamento, Travis ainda acabaria dando um soco ou dois,
se alguém o provocasse.
Shepley sempre foi o pacificador, mas no momento,
ele estava distribuindo socos no Rich, forte o suficiente
para tirar sangue. Um corte começou a sangrar logo acima
do olho direito.
O barman pegou o telefone bem quando Shepley
desviou de um punho enquanto se preparava para dar um
soco. Rich girou, fazendo um 180º e depois caiu no chão,
saltando de uma vez. Ele estava inconsciente. Seu amigo o
assistiu de seu banco, balançando a cabeça. Olhos de Rich
já estavam começando a inchar, fechando-se enquanto
estava ali, atordoado, no tapete sujo.
"Baby, vamos embora." Eu disse.
Shepley deu um passo em direção ao amigo, que
estremeceu de volta em reação.
"Shepley Maddox! Vamos embora!"
Shepley olhou para mim, bufando. Ele não tinha uma
única marca em seu rosto. Ele passou por mim, pegando
minha mão e me puxando porta afora.
Capítulo Seis
Shepley
O volante do Charger gemia enquanto eu torci a
madeira com ambasa às mãos. A chuva caía de um céu
azul escuro, agredindo o para-brisa tão alto que a América
quase tinha que gritar sobre o ruído. Ela estava
tagarelando mil palavras por minuto e era tudo uma
confusão ao mesmo tempo. Ela não estava brava, mas
animada. Eu não estava zangado. Eu estava
profundamente me sentindo furioso pra caralho. A
adrenalina ainda passava através das minhas veias,
fazendo minha cabeça pulsar como se ela fosse explodir.
Esse sentimento era exatamente o porquê que eu não
perderia a paciência. Isso me deixaria com uma sensação
de mal-estar, fora de controle, culpado — tudo o que eu
não queria sentir.
Assim que os quilômetros se passaram e saímos de
Topeka, voz da América entrou em foco.
Ela chegou mais perto para tocar na minha mão.
"Baby? Você me ouviu? Você poderia ir mais devagar. A
chuva está mais forte e está começando a ficar empoçada
na estrada." Ela não estava com medo, mas eu podia ouvir
a preocupação em sua voz. Meu pé levantou meio
centímetro do acelerador e relaxando, liberando a tensão
da minha perna e depois o resto do meu corpo.
"Sinto muito." Eu disse através de meus dentes.
América apertou minha mão. "O que aconteceu?"
Dei de ombros. "Perdi a cabeça."
"Sinto que estou no carro com o Travis em vez de
meu namorado."
Eu respirava pelo nariz. "Isso não acontecerá de
novo."
Pelo canto do meu olho, eu vi o rosto dela se
comprimir.
"Você ainda me ama?"
Suas palavras foram como um soco no estômago e
tossi uma vez tentando recuperar o fôlego. "O quê"?
Os olhos dela estavam semicerrados. "Você ainda me
ama? Isso é porque eu disse não?"
"Você... Você quer falar sobre isso agora? Quer
dizer... Claro que eu te amo. Você sabe disso, Mare. Eu
não posso acreditar que você me perguntou isso."
Ela limpou uma lágrima que escapou em sua
bochecha e olhou pela janela. O tempo lá fora espelhava a
tempestade nos olhos dela. "Não sei o que aconteceu."
Minha garganta se apertou, sufocando qualquer
resposta que eu poderia ter dado. Palavras não vinham a
mim. Eu alternava entre olhar para ela confuso e olhar para
a estrada.
"Eu te amo." Ela fechou seus dedos finos e elegantes
em um punho e os apoiou debaixo do queixo, e o cotovelo
no braço da porta. "Eu quis falar com você sobre a forma
de como as coisas têm sido entre nós ultimamente, mas eu
estava com medo... e... Não sabia o que dizer. E...”.
"América ? Isto é uma... isto é como uma viagem de
despedida?"
Ela se virou para mim. "Me diz você."
Não percebi que os meus dentes estavam cerrados
até que meu maxilar começou a doer. Fechei meus olhos
firmemente e então pisquei algumas vezes, tentando me
concentrar na estrada, mantendo o Charger entre as linhas
brancas e amarelas. Eu queria parar e conversar, mas com
a chuva forte e a visão limitada á distância, eu sabia que
seria muito perigoso. Eu não correria o risco com o amor da
minha vida no carro — mesmo que ela não acreditasse que
ela era no momento.
"Nós não conversamos." Ela disse. "Quando paramos
de conversar?"
"Quando começamos a nos amar tanto que era
assustador demais para arriscar? Pelo menos, é o que era
para mim — ou é." Eu disse.
Dizendo a verdade e em voz alta era aterrorizante e
um alívio. Eu tinha guardado por tanto tempo que dizer
isso me fez sentir um pouco mais leve, mas sem saber
como ela reagiria me fez desejar que eu pudesse voltar
atrás.
Mas isto era o que ela queria — para falar a verdade
— e ela estava certa. Estava na hora. O silêncio estava nos
arruinando. Em vez de curtir o nosso novo capítulo juntos,
estávamos persistindo no porque não, ainda não e o
quando. Estava impaciente e isso estava me envenenando.
Eu amava mais o pensamento sobre nós, do que eu a
amava? Isso não faz sentido.
"Jesus, eu sinto muito Mare," Eu cuspi.
Ela hesitou. "Pelo o quê?"
Meu rosto se contorceu por desgosto. "Pela forma
como tenho agido. Por esconder as coisas de você. Por ser
impaciente."
"O que tem escondido de mim?"
Ela parecia tão nervosa. Que partiu meu coração.
Eu puxei a mão para os meus lábios e beijei seus
dedos. Ela se virou para me encarar, puxando para cima
uma perna e mantendo o joelho no peito. Ela precisava de
algo para se agarrar, preparando-se para a minha resposta.
A chuva salpicava a janela e estavam começando uma
névoa abrandando-a. Ela era a coisa mais bela e mais
triste que já vi. Ela era forte e confiante e eu a tinha
reduzido para a garota preocupada de olhos arregalados
do meu lado.
"Eu te amo e quero ficar com você para sempre."
"Mas?" Ela incitou.
"Sem mas. Isso é o que é."
"Você está mentindo." Ela disse.
"De agora em diante, será assim. Eu prometo."
Ela suspirou e olhou para a frente. Seu lábio começou
a tremer. "Estraguei tudo, Shep. Agora, você está contente
de apenas continuarmos de onde paramos."
"Sim. Quero dizer... esta tudo bem? Não era isso que
você queria? O que quis dizer, que você estragou tudo?"
Seus lábios se pressionaram juntos em uma linha
dura. "Eu não devia ter dito não." Ela choramingou
baixinho.
Eu exalei eliminando o pensamento. "Para mim?
Quando te perguntei se, se casaria comigo?"
"Sim." Ela disse com sua voz quase implorando. "Eu
não estava pronta ainda."
"Eu sei. Está tudo bem." Eu disse, apertando a mão
dela. "Eu não vou desistir de nós."
"Como consertamos isso? Estou disposta a fazer o
que quiser. Só quero que seja da maneira que costumava
ser. Bem, não exatamente, mas...”.
Eu sorri assistindo ela tropeçar nas palavras. Ela
estava tentando me dizer alguma coisa sem mesmo dizê-la
e isso era algo que ela não estava confortável em fazer.
América sempre disse o que queria. Era uma das razões
da qual eu a amava.
"Quem me dera poder voltar àquele momento. Preciso
de um recomeço."
"Um recomeço?" Eu perguntei.
Ela estava esperançosa e frustrada. Eu abri minha
boca para perguntar o porquê, mas granizos do tamanho
de uma moeda de 25 centavos começaram a bater no
para-brisa.
“Merda!" Gritei imaginando cada pedaço amassando a
lataria. Diminuí a marcha à procura de uma saída.
"O que vamos fazer?" América perguntou sentando-se
e plantando as mãos no assento.
"A que distância estamos?" Eu perguntei.
América mexeu em seu telefone. Ela bateu nele
algumas vezes. "Estamos nos arredores de Emporia.
Então, um pouco mais de uma hora?" Ela gritou com o som
da chuva e mil pedaços de gelo cravejavam a pintura a
sessenta quilômetros por hora.
Diminuí ainda mais vendo o brilho das luzes de freio
dos veículos encostando sobre o meu ombro. Os
limpadores de para-brisa foram ecoando meu batimento
cardíaco em um ritmo rápido, mas firme como a música
que dançávamos no The Red.
"Shepley?" América disse. Preocupação tingia sua
voz como antes, mas ela também estava com medo.
"Nós vamos ficar bem. Isso vai passar em breve." Eu
disse, esperando que eu estivesse certo.
"Mas seu carro!"
A traseira do Charger deslizou, eu puxei minha mão
longe da América usando ambas para segurar o volante
contra a derrapagem. Nós deslizamos pela da estrada em
direção ao canteiro central. Eu virei demais e então a
traseira do Charger começou seguir em direção á um
córrego.
Com as duas mãos eu girei o volante novamente, tirei
o pé do acelerador. O Charger inclinou para o lado e nós
caímos em um aterro baixo antes de pousar no córrego
completamente.
A água se acumulava na parte de baixo da minha
janela, o rio lamacento agitado e a brisa que batia contra o
vidro, querendo entrar.
"Você está bem?" Eu perguntei segurando seu rosto
com as mãos, olhando para ela.
Os olhos de América começaram a inchar. "O que...
Nós...”.
O telefone dela começou a silvar. Ela deu uma olhada
e depois me mostrou a tela.
"Alerta de tornado." Ela disse. "Para Emporia. Agora
mesmo."
"Temos de sair daqui." Eu disse.
Ela assentiu com a cabeça e se virou em seu banco.
"Deixe a bagagem. Podemos voltar por isso. Temos
que ir. Agora."
Eu abri minha janela. América pegou a dica, soltou o
cinto e abriu a dela também. Quando ela começou a subir
eu disparei atrás dela, mas eu hesitei. O anel estava na
minha mochila no banco de trás.
"Droga!" América gritou de cima do carro. "Deixei meu
telefone cair na água!"
O fraco aumento e a diminuição de sirenes de tornado
soavam à distância o granizo foi substituído pela chuva.
Voltei para pegar a minha mochila, colocando-a por
cima do meu ombro e saltei para fora da minha janela,
juntando-me a América no topo do carro.
Água esguichava por cima do capô. América cruzou
seus braços nus sobre o peito, tremendo ao vento seu
cabelo já estava saturado com a água da chuva. Vestindo
somente um shorts, um top e sandálias, ela estava vestida
para um dia quente de verão.
Dei uma olhada rápida avaliando a água, e então
pulei. Mal chegou a minha cintura.
"Não é profundo, baby. Pule."
América apertou os olhos contra a chuva.
"Temos que procurar um abrigo América . Pule aqui
comigo!"
Ela caiu mais do que pulou e então eu a ajudei do
outro lado do córrego para o aclive de grama. Carros
estavam estacionados em ambos os lados dos viadutos,
mas nem todo o tráfego foi interrompido. Um caminhão
passou por nós, soprando o cabelo da América para trás e
nos imergindo com água.
América estendeu os braços de cada lado, seus
dedos espalharam sua maquiagem escorrendo pelo seu
rosto.
"Não estou enxergando nada e você?" Eu perguntei.
Ela balançou a cabeça, usando a parte superior do
seu top para limpar o rosto dela. "Porém, isso não significa
nada. Eles podem ter informações de jornais ou
tempestades."
"Esse viaduto está mais perto do que a cidade. Vamos
para lá. Podemos ligar para seus pais...”.
Uma melodia de gritos ecoou atrás de nós e eu olhei
ao redor para ver o que estava acontecendo.
"Shepley!" América gritou, olhando a sudoeste em
horror em direção ao RV park5 aninhado nas árvores.
Os ramos foram dobrando-se, quase até seu ponto de
ruptura, debatendo-se impotentes ao vento furioso.
"Caralho." Eu disse, vendo uma nuvem lentamente
cair do céu.
América
Molhada e congelando, ergui minha mão, tremendo
para apontar em direção ao funil azul formado acima das
5 Estacionamento de trailers.
nuvens. Alguém esbarrou em mim, quase me batendo de
frente e vi um homem correndo em direção ao viaduto,
abraçado ele estava uma criança com tranças e sandálias
brancas.
A autoestrada levava a um viaduto sobre a rodovia
170. O RV parkestava abaixo de um lado, e um posto de
gasolina estava do outro lado, apenas a 1/4 de quilometro
de distância.
Shepley estendeu a mão. "Temos que ir."
"Para onde?"
"O viaduto."
"Se for sobre a ponte, tudo vai ser sugados para fora."
Eu disse, meus dentes começaram a bater, tremendo. Eu
não sabia se era porque estava com frio ou com medo. "O
posto de gasolina é o lugar mais seguro!"
"É mais perto do que de Emporia. Com sorte ele não
vai passar por nós."
Mais pessoas passaram por nós em direção á
bifurcação, desaparecendo enquanto eles desciam a colina
para se esconder debaixo da ponte. Um caminhão pisou
em seus freios no meio da estrada e segundos depois, o
caminhão bateu em uma SUV. Um alto esmagamento de
metal e vidro foi silenciado pelo vento crescente criado pelo
tornado. Tinha crescido mais em apenas poucos segundos
desde quando eu me virei.
Shepley me sinalizou para eu esperar enquanto ele se
encaminhou para os destroços. Ele espiou deu alguns
passos de volta e então correu para ver o motorista do
caminhão. Seus ombros caíram. Todos eles tinham
falecido.
"Você não pode ficar aqui!" Uma mulher disse
puxando meu braço.
Ela estava de mãos dadas com uma criança, cerca de
dez anos de idade. O branco de seus olhos destacava-se
contra sua pele escura cor de bronze.
"Mãe!" Ele disse, afastando-se dela.
"Ele vai passar direto por aqui! Você tem que
encontrar um abrigo!" A mãe disse novamente, correndo
em direção ao posto de gasolina, com seu filho.
Shepley retornou para mim, pegando minha mão.
"Temos que ir." Ele disse voltando-se para ver dezenas de
pessoas correndo em nossa direção de seus veículos
estacionados.
Concordei e começamos a correr. A chuva picou meu
rosto, soprando horizontalmente em vez de em direção a
terra, tornando-se difícil de enxergar.
Shepley olhou para trás. "Vamos!" Ele disse.
Nós atravessamos as duas pistas e em seguida
fizemos uma pausa do lado distante do canteiro central. O
tráfego estava calmo, mas ainda se movia em ambas as
direções. Paramos por um momento e então Shepley
puxou-me para a frente novamente e cruzamos ambas as
faixas de tráfego e depois descemos a rampa em direção
ao posto de gasolina. Em uma placa alta lia-se Flying J. As
pessoas estavam fugindo do estacionamento em direção
ao viaduto.
Shepley parou, meu peito estava arfante.
"Aonde vocês vão?" Shepley perguntou para ninguém
em particular.
Um homem segurando a mão de uma garota que teria
entre 5 a 10 anos – passou por nós, apontando para frente.
"Está cheio! Eles não podem mais colocar ninguém lá!"
"Merda!" Eu choraminguei. "Merda! O que vamos
fazer?"
Shepley tocou minha bochecha, preocupado
apertando a pele ao redor dos olhos. "Reze para ele não
nos atingir."
Nós corremos juntos para as duas pontes que permitia
a passagem do viaduto por cima da rodovia 170.
Grandes pilares de concretos pairavam sobre nós,
criando um lado escondido onde o metal se encontrava
com a encosta. As fendas de ambas as pontes já estavam
lotadas de pessoas assustadas.
"Não tem espaço nenhum." Eu disse sem esperança.
"Nós vamos fazer ter espaço." Shepley disse.
Conforme subíamos a ladeira íngreme da colina de
concreto carros que ainda passavam sobre o viaduto
soavam como tambores.
Os pais tinham colocado seus filhos nos cantos mais
profundos que poderiam encontrar. Casais amontoavam-se
e um grupo de quatro adolescentes limparam suas
bochechas molhadas, alternando entre xingamentos em
seus telefones celulares e rezando.
"Lá." Shepley disse, puxando-me por baixo da ponte a
Oeste. "Vai bater primeiro na parte Leste da ponte." Ele me
levou para o centro onde havia um pequeno espaço,
grande o suficiente para um de nós. "Suba Mare." Ele disse
apontando para o pequeno espaço precedente de meio
metro de profundidade no nicho de concreto.
Eu balancei minha cabeça. "Não tem nenhum espaço
para você."
Ele franziu a testa. "América não temos tempo para
isso."
"Está vindo!" Alguém da ponte Oeste chorou.
Shepley agarrou de cada lado do meu rosto e plantou
um beijo árduo nos meus lábios. "Eu te amo. Nós vamos
ficar bem. Eu prometo. Suba lá."
Ele tentou me conduzir, mas eu resisti.
"Shep..." Eu disse sobre o vento.
"Agora!" Ele exigiu. Ele nunca tinha falado comigo
assim antes.
Eu engoli e então obedeci.
Shepley olhou ao redor, bufando e puxando sua
camiseta ensopada para longe de seu corpo. Ele notou um
homem abaixo segurando o celular dele.
"Tim! Suba aqui!" Uma mulher o chamou.
Tim empurrou para trás seu cabelo escuro molhado e
continuou apontando o telefone em direção ao tornado.
"Ele está se aproximando!" Ele falou de volta, sorrindo com
entusiasmo.
Crianças gritaram, choraram e alguns adultos
também.
"Isso está acontecendo?" Eu disse, sentindo meu
coração trovejando contra minhas costelas.
Shepley apertou minha mão. "Olhe para mim Mare.
Isso vai acabar logo."
Concordei rapidamente inclinando para ver Tim ainda
filmando. Ele deu um passo para trás e em seguida
começou a acompanhar a inclinação.
Eu puxei Shepley para perto de mim como pude e ele
me abraçou forte. Tempo parecia ter parado. Estava quieto
— sem vento, sem choro quase como se o mundo tivesse
segurado suas respirações por antecipação dos próximos
poucos segundos. Este era um momento que mudaria a
vida de todos que tinham se escondido do lado errado
debaixo da ponte.
Muito rapidamente, a paz tinha se acabado e o vento
começou a rugir como uma dúzia de jatos militares que
passavam lentamente voando baixo sobre nossas cabeças.
A grama abaixo do canteiro central começou a chicotear, e
eu sentia como se estivesse muito fundo, debaixo d'água, a
mudança no ar pesado, sentindo a pressão e
desorientação. Primeiro, fui puxada de volta um pouco e
então eu vi Tim decolando sobre seus pés. Ele bateu no
chão agarrou o concreto e então a grama antes de ser
sugado para o céu por um monstro invisível.
Gritos me cercaram e meus dedos cravaram em volta
do Shepley. Ele se inclinou em minha direção, mas o funil
se encaminhou para o outro lado da ponte a Leste e, em
seguida, o nosso o ar mudou. Outra pessoa chorou quando
ela perdeu o controle e foi puxada para fora do nosso
esconderijo. Um por um, qualquer um que não tinha se
encaixado no canto onde a colina encontrava a ponte foi
puxado.
"Segure firme!" Shepley gritou, mas sua voz foi
arrancada. Ele usou cada pedaço de sua força para
empurrar-me ainda mais para a fenda.
Senti seu corpo se afastando de mim. Seus braços
apertaram ao meu redor, mas quando eu comecei a ir para
frente, ele me libertou completamente e cavou os dedos
dos pés no concreto, inclinando-se contra o vento.
"Shep"! Gritei, vendo como seus dedos ficaram
brancos pressionando contra o chão.
Ele lutou por um momento para me entregar sua
mochila.
Eu deslizei sobre um braço e depois estendi a mão
para ele. "Pegue na minha mão!"
Os pés dele começaram a deslizar e ele olhou para
mim, o reconhecimento e o terror em seu rosto. "Feche os
olhos, baby."
Assim que ele disse as palavras, ele se foi
desvanecido como se fosse um nada. Eu gritei o nome
dele, mas minha voz se perdeu no vento ensurdecedor.
A pressão atmosférica mudou e a sucção parou. Fui
até a parte inferior, vi uma corda azul escura trançada
batendo no viaduto arremessando caminhões como se
fossem brinquedos. Eu me arrastei para fora, e então eu
corri de debaixo da ponte olhando ao redor incrédula, senti
a chuva picar cada centímetro da minha pele exposta.
"Shepley!" Eu gritei, agachando-me. Segurei firme em
sua mochila abraçando-a como se fosse ele.
A chuva se esvaiu, e eu assisti o tornado crescendo
de tamanho deslizando graciosamente em direção a
Emporia.
Eu corri até o Charger, parando na parte superior do
córrego. O viaduto era agora um caminho de destruição
com carros desconfigurados e partes aleatórias de
destroços por todo lado. Os destroços do caminhão e da
SUV já não estavam mais lá, um grande pedaço de lataria
estava deitada em seu lugar.
Momentos antes, Shepley e eu estávamos em uma
viagem para ver os meus pais. Agora, eu estava no meio
do que parecia uma zona de guerra.
A água ainda cobria o capô do Charger.
"Nós estávamos lá dentro." Eu sussurrei para
ninguém. "Ele estava lá dentro!" Meu peito estava ofegante,
mas não importa quantas vezes eu puxasse minha
respiração, não conseguia ar suficiente. Minhas mãos
bateram em meus joelhos e então meus joelhos no chão.
Um soluço atravessou minha garganta, e eu chorei.
Eu esperava que ele viesse correndo até mim e me
convencesse de que ele estava bem. Quanto mais tempo
eu esperava no Charger sem ele, mais eu entrava em
pânico. Ele não ia voltar. Talvez ele estivesse deitado em
algum lugar, ferido. Eu não sabia o que fazer. Se eu saísse
para procurá-lo, ele poderia voltar para o Charger, mas não
estaria lá.
Respirei fundo, limpando a chuva e as lágrimas do
meu rosto. "Por favor, volte para mim." Eu sussurrei.
Luzes vermelhas e azuis refletiram no asfalto
molhado, e olhei por cima do ombro e vi um carro de polícia
estacionado atrás de mim. Um oficial saltou para fora e
correu ao redor, ajoelhando-se ao meu lado, ele colocou
uma mão gentilmente nas minhas costas. Reyes, seu nome
estava gravado em uma plaquinha de bronze pregada no
bolso da frente da camisa. Ele me saudou com o seu
chapéu de feltro azul e a estrela de bronze fixada na frente
dizia Kansas Highway Patrol.
"Você está ferida?" Reyes estendeu a mão com os
braços musculosos, envolvendo um cobertor de lã em volta
dos meus ombros.
Não percebi que estava com frio até que senti o doce
alívio do calor se afundando em minha pele.
O oficial pairava sobre mim, ele era maior do que o
Travis. Ele tirou seu chapéu, revelando sua cabeça
raspada. Sua expressão era séria, quer ele queira ou não.
Duas linhas fundas separavam suas sobrancelhas grossas
e pretas, seus olhos estreitando enquanto ele olhava para
mim.
Eu balancei minha cabeça.
"Esse carro é seu?"
"Do meu namorado. Nos escondemos sob o viaduto."
Reyes olhou ao redor. "Bem, isso foi estúpido. Onde
está ele?"
"Não sei." Quando eu disse as palavras em voz alta,
uma nova dor atravessou por mim, e eu desmoronei mal
me segurando enquanto minhas palmas espalmavam na
estrada molhada.
"O que é isso?" Ele perguntou, apontando para a
mochila em meus braços.
"Dele... É dele. Ele me entregou antes de ele...”.
Um silvo agudo soou e Reyes falou. "219 à Base H.
219 à Base G. Over."
"219 pode prosseguir." Uma voz de mulher disse pelo
alto-falante. O tom dela era plano de nenhum modo
oprimido.
"Eu estou com um grupo de pessoas que foram se
abrigar sob o viaduto 50 com cruzamento na 35." Ele
sondou a área vendo pessoas feridas espalhadas acima e
abaixo da estrada. "O tornado passou por aqui. 10-49 é a
localização. Vamos precisar de assistência médica. Todos
que eles puderem enviar."
"Entendido, 219. As ambulâncias estão sendo
enviadas para sua localização."
"104. Entendido." Reyes disse, voltando sua atenção
para mim.
Eu balancei minha cabeça. "Não posso ir há lugar
nenhum. Eu tenho que procurá-lo. Ele pode estar ferido."
"Ele pode estar. Mas você não pode procurar por ele,
até que você cuide disso." Reyes assentiu com a cabeça
na direção do meu antebraço.
Um corte de seis centímetros estava aberto minha
pele e sangue se misturava com chuva, gotejando da ferida
para o asfalto.
"Oh, Jesus." Eu disse, segurando meu braço. "Nem
sei como isso aconteceu. Mas eu... Não posso sair daqui.
Ele está por aqui em algum lugar."
"Você está indo. Você pode voltar." Reyes disse.
"Você não pode ajudá-lo neste momento."
"Ele virá para cá. Voltará para o carro."
Reyes assentiu com a cabeça. "Ele é um cara
esperto?"
"Ele é inteligente pra caralho."
Reyes conseguiu dar um sorrisinho. Isso suavizou seu
olhar intimidador.
"Então o hospital é o segundo lugar que ele irá
procura-la."
Capítulo Sete
América
Eu toquei o curativo no meu braço, a pele ao redor
ainda avermelhada e irritada de ser limpa e suturada. Eu
me senti mais confortável no conjunto de roupas
hospitalares azul bebê que a enfermeira tinha me dado
para trocar, do que minha regata e shorts jeans molhados e
gelados. Eu estava sentada na sala de espera da
emergência há uma hora, ainda segurando o cobertor de lã
do Reyes, tentando pensar em como dizer a Jack e Deane
o que havia acontecido com seu filho - não que eu pudesse
de qualquer maneira. As linhas telefônicas estavam fora de
serviço.
O hospital se tornou um fluxo constante de mortos ou
pessoas morrendo, os feridos e os perdidos. Uma dúzia ou
mais de crianças tinham sido trazidas, cobertos de lama,
mas de alguma forma, sem um arranhão. O que eu poderia
dizer, eles tinham sido separados de seus pais. O dobro de
pais haviam chegado, à procura de seus filhos
desaparecidos.
A sala de espera tinha sido transformada em uma
espécie de triagem, e acabei de pé contra a parede, sem
saber o que eu estava esperando. Uma mulher gordinha
sentou-se a poucos passos de distância, abraçando quatro
filhos, todos os rostos borrados com sujeira e lágrimas. A
mulher estava usando uma camisa verde brilhante que
dizia Kids First Daycare em letra infantil. Estremeci,
sabendo que os filhos que ela estava segurando fossem
somente preciosos para aqueles que tinham estado sob
seus cuidados.
Meus pés começaram a marchar em direção à porta,
mas uma mão segurou meu ombro. Por meio segundo,
alívio e uma alegria esmagadora tomou conta de mim como
uma onda. Meus olhos se encheram de lágrimas antes
mesmo de me virar. Mesmo que Reyes fosse uma visão
bem-vinda, a decepção de ele não ser Shepley me enviou
a um excessivo abismo.
Me engasguei com um soluço e meus joelhos se
dobraram, e Reyes me ajudou no chão.
"Whoa!" Ele disse. "Whoa, senhorita. Acalme-se."
Seus braços grossos eram tão grandes quanto a minha
cabeça, e ele tinha uma profunda ruga permanente entre
as sobrancelhas. Ela ficou mais profunda ainda, enquanto
observava meu estado de espírito.
"Eu pensei que você fosse com ele," eu disse uma vez
que eu tinha me recuperado, se fosse possível depois de
ser devastada -- de novo.
"Shepley?" Ele perguntou.
"Você o encontrou?"
Reyes hesitou, mas então ele balançou a cabeça.
"Ainda não. Mas eu te encontrei duas vezes, então eu
posso encontrá-lo uma vez."
Eu não tinha certeza se eu podia me sentir mais
desesperada. Emporia tinha sido fortemente atingida. Toda
uma parede do hospital havia sido arrancada, isolamento e
vidros jogados no chão. Carros no estacionamento foram
empilhados em cima uns dos outros. Um estava sentado
nos galhos de uma árvore. Milhares de pessoas ficaram
sem casas, e dezenas ficaram perdidas.
Em meio à devastação, eu não conseguia entender
por onde começar a procurar Shepley. Eu estava a pé e
não tinha suprimentos. Ele estava lá fora em algum lugar, e
estava esperando por mim. Eu tinha que encontrá-lo.
Eu me levanto. E Reyes me ajudou.
"Vá devagar," disse ele. "Eu vou tentar encontrar um
lugar tranquilo para esperarmos por ele."
"Eu estive esperando por uma hora. A única razão
pela qual ele não teria vindo para o carro ou aqui para me
encontrar é..." Eu engoli a dor, recusando-me a chorar de
novo. "E se ele estiver ferido?"
"Senhorita." Ele entrou no meu caminho. "Eu não
posso deixar você ir."
"América ."
"Perdão?"
"O meu nome. É América . Eu sei que você está
ocupado. Não estou pedindo a sua ajuda, mas peço que
saia do meu caminho."
Ele franziu a testa. "Você acabou de suturar o braço, e
você vai sair a pé cidade? Vai escurecer em poucas horas."
"Eu sou uma garota crescidinha."
"Embora não seja muito inteligente."
Eu estiquei meu pescoço para ele. "Aqui está seu
cobertor."
"Fique com ele," disse ele.
Eu me esquivei, mas ele se opôs.
"Saia do meu caminho, Reyes."
Eu tentei passar em volta dele, mas ele me bloqueou
de novo, suspirando.
"Estou me preparando para voltar lá pra fora para uma
ronda. Me dê cinco minutos, e você pode ir junto."
Eu olhei para ele, incrédula. "Eu não posso ir junto! Eu
tenho que encontrar Shepley!"
"Eu sei," disse ele, olhando ao redor e gesticulando
para eu manter minha voz baixa. "Eu vou sair desse jeito.
Nós dois vamos ficar de olho lá fora por ele."
Eu levei um momento para responder. "Jura?"
"Mas ao escurecer...”.
"Eu entendi," eu disse, balançando a cabeça. "Você
pode me trazer de volta pra cá."
"Vou perguntar por aí. Deve haver um abrigo da Cruz
Vermelha. Talvez FEMA6 seja criado até então. Você não
pode passar a noite aqui. Você nunca vai ser capaz de
dormir."
Eu queria poder sorrir, mas eu não conseguia.
6 FEMA é a sigla para Federal Emmergency Management Agency (Agência Federal
para Gerenciamento de Emergências) – órgão do Governo norte-americano que (dizem eles) busca estar à frente da prevenção e gestão de situações de Emergência Nacional e desastres naturais e geral.
"Obrigada."
Ele se remexeu, desconfortável com a simpatia.
"Yeah. O Cruiser esta por aqui." Ele disse, apontando para
o estacionamento.
Enfiei a mochila de Shepley sobre meus ombros e
depois segui Reyes para fora, sob o céu tempestuoso. Meu
cabelo ainda úmido, eu o torci e, em seguida, dei um nó em
um coque, longe do meu rosto. Meus pés deslizavam
contra as solas molhadas de minhas sandálias, meus
dedos dos pés já doloridos do ar frio.
"De onde você é?" Reyes perguntou, pressionando o
controle em seu chaveiro.
Nós dois nos sentamos em nossos lugares. Senti o
tecido do banco quente e macio.
"Eu cresci em Wichita, mas eu fui para a escola em
Eakins, Illinois."
"Oh, na Eastern State?"
Eu assenti.
"Meu irmão foi para a escola lá. O mundo é pequeno."
"Deus, esses assentos parecem de espuma e veludo."
Eu suspirei, inclinando-me para trás.
Reyes fez uma careta. "Você tem estado
desconfortável por muito tempo. Eles são mais como lã e
acolchoamento de toalete.”
Eu respirei uma risada pelo nariz, mas eu ainda não
conseguia formar um sorriso.
Seus olhos suavizaram. "Nós vamos encontrá-lo,
América ."
"Se ele não me encontrar primeiro."
Shepley
A chuva respingava sobre as minhas pálpebras, me
mantendo acordado. Pisquei, cobrindo meus olhos com
minha mão, e meu ombro reclamou imediatamente... e
então minhas costas... e depois todo o resto. Me levantei, e
me encontrando de sentado em um campo de plantação
verde. Acho que era soja. Destroços estavam ao meu redor
— tinha de tudo, desde roupas a brinquedos e pedaços de
madeira. Quarenta e cinco metros à frente, a luz brilhou
sobre o metal retorcido de uma bicicleta. Eu fiz uma careta.
Meu ombro ficou rígido enquanto tentei esticá-lo, e eu
rosnei quando uma dor aguda me atingiu como um tiro
através do meu braço. Minha camiseta branca ficou suja
com lama e misturada com vermelho no local da dor.
Eu estiquei a gola com os dedos para ver uma
bagunça de uma laceração que foi de apenas quinze
centímetros acima do meu coração até a extremidade do
meu ombro esquerdo. Quando me movi, um objeto se
moveu com ele, me apunhalando por dentro. Toquei a pele,
sugando o ar através de meus dentes. Doeu pra caralho,
mas o que tinha cortado minha pele ainda estava lá dentro.
Com os dentes cerrados, eu espalhei a pele com os
dedos. Eu podia ver as camadas de pele e músculo e outra
coisa, mas não era osso. Era um pedaço de madeira
marrom, cerca de três centímetros de espessura. Usando
os dedos como uma pinça, eu cavei dentro, chorando,
enquanto pescava a enorme lasca do meu ombro. O som
de jatos de sangue e tecido combinado com o desconforto
fez minha cabeça girar, mas em um movimento lento, eu
extraí a estaca e joguei a deixando cair no chão. Eu cai
para trás, olhando para o céu chorando, esperando a
tontura e náusea diminuírem, ainda tentando percorrer
minhas últimas lembranças.
Meu sangue gelou. América .
Eu me levantei, segurando meu braço esquerdo
contra meu lado. "Mare?" Eu gritei. "América !" Me virei em
círculo, olhando para a rodovia expressa, à escuta de
pneus zumbir no asfalto.
Somente o canto dos pássaros e uma ligeira brisa
soprando ao longo do campo de soja podiam ser ouvidos.
Raios de sol vinham do céu à minha direita, me
ajudando a me orientar. Estávamos no meio da tarde, ou
seja, eu estava de frente para o sul. Eu não tinha ideia para
qual direção que eu tinha sido lançado.
Eu olhei para cima, lembrando as minhas últimas
palavras para a América . Eu me senti sendo puxado, e eu
não queria que ela visse isso. Eu pensei que seria a última
coisa de que eu poderia protegê-la. Então eu tinha sido
lançado para o ar. O sentimento tinha sido difícil de
processar, talvez algo como paraquedismo, mas através de
uma chuva de meteoros. Eu tinha sido atingido por aquilo
que parecia ser pequenas pedras, e no momento seguinte,
uma bicicleta tinha socado minhas pernas e costas. Então
eu tinha sido jogado no chão.
Pisquei, sentindo pânico crescer na minha garganta. A
rodovia expressa estava ou na minha frente ou atrás de
mim. Eu não sabia como encontrar a mim mesmo, muito
menos a minha namorada.
"América !" Eu gritei novamente, aterrorizado que ela
tivesse sido sugada para fora também.
Ela poderia estar deitada, estando a sete metros de
distância a mim ou ainda escondida na fenda no viaduto.
Eu decidi apenas caminhar para o sul, na esperança
de uma vez eu alcançar algum tipo de estrada, eu seria
capaz de determinar o quão longe era o último lugar que eu
tinha visto a minha namorada. A soja roçou meu jeans
molhado. Minhas roupas foram prejudicadas pela camada
de lama espessa, e meus sapatos eram como dois blocos
de concreto. Meu cabelo estava coberto de cascalho
molhado e sujeira, e assim também era o meu rosto.
Quando me aproximei da margem do campo, vi um
grande pedaço de estanho com as palavras Emporia Sand
& Gravel. Como eu vinha de uma pequena colina, vi os
restos da empresa, as pilhas de materiais espalhados pelo
vento — o mesmo vento que me tinha levado pelo menos
uns quatrocentos metros de onde eu tinha me escondido.
Meus pés golpearam através do solo e areia
encharcadas de chuva, ao longo dos grandes pedaços da
estrutura de madeira e metal que tinha sido um grande
edifício. Caminhões foram derrubados mais de 91 metros
de distância.
Eu congelei quando me deparei com um monte de
árvores. Um homem foi jogado nos galhos, todos os
orifícios preenchidos com cascalho. Eu engoli a bile
borbulhando na minha garganta. Estendi a mão, mal capaz
de tocar a sola da bota.
"Senhor?" Eu disse, mal conseguindo falar acima de
um sussurro. Eu nunca tinha visto nada tão horrível.
Seu pé girou, sem vida.
Cobri minha boca e continuei caminhando, chamando
o nome de América . Ela está bem. Eu sei que ela está. Ela
está esperando por mim. As palavras se tornaram um
mantra, uma oração, enquanto eu atravessava o campo
sozinho, caminhando pela lama e grama, até que eu vi os
flashes vermelhos e azuis de um veículo de emergência.
Com energia renovada, eu corri em direção ao
caos, esperando por Deus que não iria apenas encontrar a
América , mas que eu também iria encontrá-la ilesa. Ela
devia estar tão preocupada comigo, por isso o desejo de
acalmar seus medos era tão forte quanto a necessidade de
encontrá-la a salva.
Três ambulâncias estavam estacionadas ao
longo da rodovia expressa, e eu corri para a mais próxima,
observando os paramédicos carregar uma jovem mulher.
Vendo que não era a América , o alívio tomou conta de
mim.
O paramédico olhou para mim e, em seguida,
olhou de novo, virando-se para mim. "Whoa. Você está
machucado?"
"Meu ombro", eu disse. "Eu puxei uma lasca pra fora
do tamanho de uma caneta."
Olhei em volta, enquanto ele avaliou a minha ferida.
"Yeah, isso vai precisar de pontos. Provavelmente
grampos. Você definitivamente precisa para mantê-lo
limpo."
Eu balancei minha cabeça. "Você já viu uma garota
loira, por volta dos vinte e poucos anos, mais ou menos
desse tamanho?" Eu perguntei, segurando a minha mão na
altura do meu olho.
"Eu vi um monte de garotas loiras hoje, amigo."
"Ela não é apenas uma garota loira. Ela é linda, tipo
espetacularmente bonita."
Ele deu de ombros.
"O nome dela é a América ", eu disse.
Ele apertou os lábios em uma linha rígida e, em
seguida, sacudiu a cabeça. "Namorada?"
"Nós derrapamos na rodovia expressa e entramos em
um córrego. Nos escondemos sob um viaduto, mas eu não
tenho certeza de onde eu estou."
"Charger Vintage?", Perguntou.
"Yeah?"
"Deve ter sido esse viaduto", disse o paramédico,
acenando com a cabeça para o oeste. "Porque seu carro
está a uns 275 metros nessa direção."
"Você viu a loira bonita esperando por perto?"
Ele balançou a cabeça.
"Obrigado." Eu disse, indo em direção ao viaduto.
"Não tem mais ninguém lá. Todas as pessoas que se
abrigaram do viaduto estão, no hospital ou na tenda da
Cruz Vermelha.”
Eu me virei lentamente, frustrado.
"Você realmente precisa limpar isso aí e ser suturado,
senhor. E ainda temos tempo a chegar. Deixe-me lhe dar
uma carona para o hospital.”
Olhei em volta e, em seguida, assenti. "Obrigado."
"Qual é seu nome?" Ele fechou as portas traseiras e,
em seguida, bateu na porta com o lado de seu punho duas
vezes.
A ambulância arrancou à frente e contornou antes de
ir em direção a Emporia com suas luzes e sirenes por
ligadas.
"Uh... lá se foi a nossa carona."
"Não, esta é a nossa carona." Disse ele, mostrando-
me a um SUV vermelho e branco. Na porta lia-se Chefe
dos Bombeiros.
“Entre.”
Quando ele subiu ao volante, ele me deu um longo
tempo. "Você foi carregado, né? Quão longe você acha?"
Eu dei de ombros. "Do outro lado desse cascalho de
planta. Havia um corpo... na árvore."
Ele franziu a testa e, em seguida, assentiu. "Eu vou
avisar. Você foi arremessado pouco mais de quatrocentos
metros, eu aposto. Você tem sorte de escapar com apenas
um arranhão."
"É um inferno de um arranhão", eu disse,
instintivamente esticando meu ombro até que senti uma
pontada.
"Eu concordo", disse ele, desacelerando à medida que
nos aproximávamos do Charger.
Olhei para ele quando nós passamos, vendo que ele
ainda estava submerso. América tinha ido embora.
Minha garganta se apertou. "Se ela não está no
viaduto e não está no Charger, ela foi para o hospital."
"Eu concordo com isso, também", disse o chefe.
"Esperamos que seja, em busca de abrigo e não
porque ela está machucada."
O Chefe suspirou. "Você vai descobrir em breve. Em
primeiro lugar, você vai limpar esse ferimento."
“Eu não tenho muito tempo."
"Bem, você definitivamente não vai encontrá-la
durante a noite."
"É por isso que eu não posso perder tempo."
"Eu não sou seu pai, mas posso dizer-lhe agora, se a
infecção se instalar, você não vai sentir-se bem para
procura-la pela amanhã. Cuide de si mesmo, e então você
poderá procurar por sua garota.”
Eu suspirei e, em seguida, bati a porta com o lado do
meu punho. Era muito mais difícil do que quando o chefe
tinha batido na porta da ambulância.
Ele me lançou um olhar de lado.
"Desculpe," eu murmurei.
"Está tudo bem. Se fosse minha mulher, eu sentiria o
mesmo."
Olhei para ele. "Sim?"
"Vinte e quatro anos. Duas meninas crescidas. Você
vai se casar com essa garota?"
Engoli em seco. "Eu tinha um anel na minha mochila."
Ele deu um meio sorriso. "Cadê?"
"Eu entreguei a ela antes de eu ter apagado."
"Bem pensado. Ela está segurando-o e o protegendo,
e ela ainda não sabe. Ela vai ter duas boas surpresas
quando ela o ver."
"Eu espero que sim, senhor."
O chefe fez uma careta. "Espera? Onde você estava
indo?"
"Para a casa dos pais dela."
"Ela estava lhes apresentando seus pais? Parece que
suas chances eram bastante boas.”
"Eu já conheci seus pais," eu disse, olhando pela
janela. Era para eu estar indo em outra direção com a
América , e em vez disso, eu estava voltando para Emporia
para encontrá-la. "Várias vezes. E eu a pedi para se casar
comigo - várias vezes."
"Oh," disse o chefe. "Você ia lhe perguntar de novo?"
"Eu pensei que eu fosse tentar uma última vez."
"E se ela disser não?"
"Eu ainda não decidi. Talvez lhe perguntar por quê.
Talvez lhe perguntar quando. Talvez me preparar para ela
me deixar um dia."
"Talvez seja a hora dela lhe perguntar."
Meu rosto se contorceu em desgosto. “Não.” Eu ri uma
vez. “Ela sabe que eu não ficaria feliz com isso. As coisas
estavam bem. Agora, realmente não faz sentido que eu
esteja tão chateado. Nós estávamos em rumo a isso. Nós
acabamos de nos mudar para morarmos juntos. Ela estava
cometida a mim. Ela me ama. Eu nos fiz infelizes com
isso.”
O chefe balançou a cabeça. “Morando juntos, hein?
Isso explica tudo. Minha esposa sempre diz para minhas
filhas, ‘Por que comprar a vaca se você recebe o leite de
graça?’ Aposto que ela teria dito sim se você tivesse
esperado para compartilhar sua cama.”
Eu suspirei uma risada. “Talvez. Nós praticamente
vivemos juntos de qualquer maneira. Ou eu estava em seu
quarto no dormitório, ou ela estava na minha casa.”
"Ou... se ela concordou em ir morar com você, é
possível que ela só esteja levando as coisas em seu
próprio ritmo. Ela não disse adeus. Ela só disse não."
“Se ela disser não, novamente, eu tenho certeza que
ela vai dizer adeus.”
“Às vezes, adeus é uma segunda chance. Clareia sua
mente. De qualquer forma... falta alguém fazer você se
lembrar por que você amou essa pessoa em primeiro
lugar.”
Engasguei e, sem seguida, tentei limpar a emoção da
minha voz. Eu não poderia imaginar ficar longe de América
.
Eu não estava apenas apaixonado por ela. Era como
se fosse minha primeira respiração, então a segunda, e
então cada respiração depois disso. América tinha entrado
em minha vida, e, em seguida, ela virou a razão para isso.
“Ela é especial, sabe? Ela é a garotinha do papai, mas
ela vai te dizer onde enfiar se não gostar do que você tem a
dizer. Ela dará um tapa em um grandalhão para proteger a
honra de sua melhor amiga. Ela odeia despedidas. Ela usa
uma pequena cruz de ouro em volta do pescoço e xinga
como um marinheiro. Ela é o meu felizes para sempre.”
“Ela parece ser como fogos de artifícios. Talvez ela
tenha dito não para ter certeza que você não ia embora no
primeiro sinal de uma pedra no caminho. Eu estou cercado
por garotas, e eu vou te dizer... às vezes, elas dão tiros em
você para ver se você vai correr.
“Eu estava enganando a mim mesmo.” Minha voz se
quebrou.
O chefe ficou quieto. “Eu não diria que...“
“Quando eu a encontrar, eu vou propor a ela. Eu vou
lhe pedir quantas vezes for preciso, apenas estar com ela
já é o suficiente. Eu tive que ser literalmente arrancado dela
para entender isso.”
Chefe riu. “Você não seria o primeiro homem a
precisar de uma pancada na cabeça.”
“Eu tenho que encontrá-la.”
“Você irá.”
“Ela está bem. Né?”
Chefe olhou para mim. Eu podia ver que ele não
queria fazer uma promessa que não podia cumprir, então
ele simplesmente assentiu com a cabeça, as rugas ao
redor de seus olhos claros se afundaram.
“É melhor você encontrar uma mangueira de jardim
em primeiro lugar, ou ela não vai reconhecê-lo. Parece que
você perdeu uma luta com uma roda de cerâmica.”
Eu ri uma vez. Tentei resistir ao impulso de esfregar a
lama seca do meu rosto, não querendo fazer uma bagunça
ainda maior na caminhonete do Chefe mais do que eu já
tinha feito.
“Você vai encontrá-la,” disse o Chefe. “E você vai se
casar com ela.”
Eu ofereci um sorriso em agradecimento e acenei com
a cabeça uma vez antes de voltar a olhar para fora da
janela, procurando os rostos de todos que passavam a
caminho do hospital.
Capítulo Oito
América
Reyes estava cuidando de uma avó e seu neto
adolescente, que se arrastaram para fora dos destroços de
seu trailer home. Reyes estava patrulhando para cima e
para baixo nas estradas e nos caminhos dentro de um raio
de 3 km de onde ele me pegou, mas não tínhamos nos
deparado com Shepley ou qualquer um que o tinha visto.
Eu estava chateada por não ter nem sequer uma foto dele.
Elas estavam todas no meu telefone que estava
mergulhado em algum lugar no rio. A bateria tinha só um
pontinho quando eu verifiquei o clima, por isso estaria
provavelmente descarregado.
Explicar como que Shepley parecia era difícil. Cabelo
castanho curto, olhos castanhos esverdeados, alto, boa
aparência, porte atlético, 1,82 sem marcas distintivas o que
fazia a minha descrição dele bastante imprecisa, embora
ele não fosse. Pela primeira vez, eu queria que ele tivesse
uma tatuagem gigante como a do Travis.
Travis. Aposto que ele e Abby estavam preocupados.
Voltei para cruiser e sentei no banco do passageiro.
"Alguma sorte?", disse Reyes.
Eu balancei minha cabeça.
"Sra. Tipton também não viu Shepley
"Obrigada por perguntar. Eles estão bem?”
"Um pouco machucados, mas vão ficar bem. Sra.
Tipton perdeu seu terrier, Boss Man". Suas palavras
estavam vazias, mas ele escreveu tudo em sua prancheta.
"Isso é horrível."
Reyes acenou com a cabeça, continuando suas
anotações.
"Tudo isso acontecendo e você vai ajudá-la a
encontrar seu cão?", perguntei.
Reyes olhou para mim. "Seus netos visitam ela duas
vezes por ano. Esse cão é a única coisa entre ela e a
solidão. Então, sim, eu vou ajudá-la. Eu não posso fazer
muito, mas eu vou fazer o que posso.”
"Isso é legal da sua parte."
"É o meu trabalho", disse ele, continuando seus
rabiscos.
"A policia rodoviária ajuda com os animais
desaparecidos?"
Ele olhou para mim. "Hoje eu ajudo."
Eu levantei meu queixo, recusando a deixar o seu
tamanho e sua expressão intimidante me atingir. "Você tem
certeza que não há nenhum outro jeito de fazer um alerta?"
"Eu posso levá-la de volta para sede."
Olhei para o desastre que ficou o estacionamento para
trailer. "Depois de escurecer. Temos que continuar
procurando.”
Reyes assentiu, apagando as luzes e colocando o
carro em movimento. "Sim, senhora."
Nós retornamos para a rodovia e pela segunda vez,
Reyes dirigiu em direção ao viaduto para verificar com a
equipe de emergência local para ver se eles tinham visto
Shepley.
"Obrigado novamente. Por tudo."
"Como está o seu braço?", Ele perguntou, olhando
para o meu curativo.
"Dolorido."
"Eu posso imaginar.”.
"Você tem família aqui?", Perguntei.
"Sim, tenho." Seu queixo marcado tremeu debaixo de
sua pele, desconfortável com a questão pessoal.
Ele não pareceu querer entrar em detalhes, então,
claro, eu não podia parar por aí.
"Eles estão bem?"
Depois de um segundo de hesitação, ele falou: "Só
saudades delas. Minha esposa estava um pouco agitada ".
"Delas?"
"Nova garotinha em casa."
"Nova quanto?"
"Três semanas."
"Eu aposto que você estava preocupado."
"Aterrorizado," ele disse, olhando para frente. "Eu
verifiquei elas. Tinha alguns danos no teto. Danos
causados por granizo na nova minivan.”
"Ah não. Sinto muito."
"Ela não era nova. Apenas nova para nós. Mas de
mais.”
"Bom", eu disse. "Estou feliz." Eu olhei para o rádio
relógio, franzindo minhas sobrancelhas. "Já faz duas
horas.” Eu fechei os olhos. “Esta viagem era para ser a
viagem. Eu estava jogando dicas por todos os lados.”
"Pra que?"
"Para ele me pedir... propor."
"Oh." Ele franziu a testa. "Há quanto tempo vocês
estão juntos?"
"Quase três anos."
Ele exalou. "Eu pedi Alexandra depois de três meses."
"Ela disse sim?"
Ele levantou uma sobrancelha.
"Eu não", eu disse, tirando lama seca das minhas
mãos. "Ele me perguntou antes."
"Aiii."
"Duas vezes."
Todo o rosto de Reyes contorceu. "Brutal".
"Seu primo e minha melhor amiga estão casados. Eles
fugiram depois de um acidente horrível na faculdade e
eu...”.
"O incêndio?"
"Sim, você já ouviu falar sobre isso?"
"Faculdade do meu irmão, lembra?"
"Claro."
"Então, eles se casaram? Não deu certo?”
"Não."
"Mas foi um impedimento para casar com o cara que
você ama?"
"Bem, quando você diz desse jeito...”.
"Como você diria isso?"
"Seu colega de quarto, Travis, se casou. Então, no
começo, ele meio que me propôs como uma saída,
esperando que nossos pais fossem nos deixar morar
juntos. Meus pais não estavam de acordo... não totalmente.
E eu também não queria me casar apenas para manipular
uma situação, como Travis e Abby. Travis também é seu
primo e Abby é a minha melhor amiga". Olhei para Reyes
para ver sua expressão. "Eu sei. É complicado.”
"Só um pouco."
“Então ele me propôs três meses depois e eu senti
que ele estava apenas pedindo por que Travis e Abby
estavam casados. Shep admira Travis. E eu
definitivamente não estava pronta.”.
"Justo."
"Agora", deixei escapar um longo suspiro, "Eu estou
pronta, mas ele não vai pedir. Ele está falando sobre ser
olheiro de futebol”.
"E?"
"E, ele vai ficar fora por uma boa parte do ano." Eu
balancei a cabeça, cutucando minhas unhas sujas. "Eu
estou com medo de ficarmos separados.”
"Olheiro, hein? Interessante.” Ele se mexeu na
cadeira, se preparando para o que ele iria dizer. "O que
tem na mochila?"
Dei de ombros, olhando para a mochila no meu colo.
"As coisas dele."
"Que tipo de coisas?"
"Eu não sei. Uma escova de dente e um tanto de
roupas para um fim de semana. Nós estávamos indo visitar
meus pais.”
"Você queria que ele propôs-se na casa dos seus
pais?" Mais uma vez, sua sobrancelha arqueada.
Eu atirei-lhe um olhar. “E? Isso está começando a
parecer menos como uma conversa e mais como um
interrogatório.”
“Estou curioso para saber por que a mochila é tão
importante. Foi à única coisa além de você dois a sair do
carro. Ele te entregou antes ser engolido do viaduto. Ela
tem que ser importante.”
"Onde você está querendo chegar?"
"Eu só quero ter certeza que eu não estou
transportando drogas na minha viatura".
Minha boca se abriu e depois fechou.
"Eu te ofendi?" Reyes perguntou, embora ele
claramente não estivesse afetado pela minha reação.
“Shepley não usa drogas. Ele mal bebe. Ele compra
uma cerveja e fica com isso a noite toda."
"E você?"
"Não!"
Ele não estava convencido. “Você não tem que usar
drogas para vender. Os melhores traficantes não usam."
"Nós não somos traficantes ou contrabandistas ou
qualquer que seja o termo atual."
Reyes foi para o acostamento ao lado do Charger
inundado. Água e detritos deslizando nas janelas abertas.
"Isso vai custar muito para consertar. Como é que ele vai
pagar por isso?”
"Ele e seu pai compartilham um amor por carros
antigos."
“Projeto de restauração para unir pai e filho? Tudo
pago com o dinheiro do pai dele?”
“Eles não precisavam se unir. Ele é muito próximo dos
seus pais. Ele era um bom garoto e ele é um homem ainda
melhor. Sim, eles têm dinheiro, mas ele tem um emprego.
Ele sustenta a si mesmo."
Reyes olhou para mim. Ele estava apenas... Inflexível.
Ainda assim, eu não tinha nada a esconder e eu não iria
deixá-lo me intimidar.
"Ele trabalha em um banco," Eu retruquei. "Você
realmente acha que eu estou escondendo drogas nesta
mochila?"
"Você estava segurando ela como se ela fosse feita
de ouro."
"É dele! É a única coisa que tenho dele além do carro
alagado!” Lágrimas arderam em meus olhos com a
percepção do que eu tinha acabado de dizer formando um
nó na minha garganta.
Reyes esperou.
Eu pressionei meus lábios então puxei o zíper, até que
ela abriu. Eu puxei a primeira coisa que peguei que era
uma das camisetas de Shepley. Era a sua favorita, uma
camiseta cinza escura da Eastern State. Eu a segurei no
meu peito, imediatamente desmoronando.
"America... não... não chore." Reyes parecia meio
aborrecido, meio desconfortável, tentando olhar para outro
lugar menos pra mim. "Isto é complicado."
Peguei outra camiseta, em seguida um par de
shorts. Quando eu os desenrolei, uma pequena caixa caiu
de volta na mochila.
"O que é aquilo?" Reyes disse em um tom acusatório.
Cavei na mochila e tirei a caixa, segurando com um
sorriso enorme. "É o... este é o anel que ele comprou. Ele
trouxe isso.” Chupei uma respiração irregular, minha
expressão se desfazendo. “Ele ia propor.”
Reyes sorriu. "Obrigado."
"Por quê?" Eu disse, abrindo a caixa.
"Por não transportar drogas. Eu teria odiado prender
você.”
"Você é um idiota", eu disse, enxugando os olhos.
"Eu sei." Ele baixou a janela e acenou para outro
oficial.
Com a ajuda da Guarda Nacional, a rodovia tinha sido
limpa, e o tráfego estava em funcionamento novamente,
mas como o sol começou a se por, outro conjunto de
nuvens escuras começou a se formar no horizonte.
"Isso parece ameaçador", eu disse.
"Eu acho que nós já passamos pelo ameaçador."
Eu fiz uma careta, sentindo-me impaciente. "Temos
que encontrar Shepley antes de escurecer."
"Estou fazendo isso." Ele acenou para um oficial que
se aproximava. "Landers!"
"Como vai?", Disse Landers.
Com ele em pé ao lado da janela de Reyes, mesmo
em uma viatura, eu me sentia como se estivéssemos sendo
parados, e a qualquer minuto, Landers perguntaria a Reyes
se ele sabia o quão rápido ele estava indo.
"Eu tenho uma garotinha em meu carro..."
"Garotinha?" Eu assobiei.
Ele suspirou. “Eu tenho uma moça no meu carro que
está à procura de seu namorado. Eles se abrigaram sob o
viaduto quando o tornado começou."
Landers se inclinou para baixo, dando-me uma
checada. "Ela tem sorte. Nem todos tiveram.”
"Como quem?" Eu perguntei, curvando apenas o
suficiente para ver melhor.
“Eu não tenho certeza. Você pode acreditar que um
cara que foi jogado uns 500 metros correu todo o caminho
de volta para a rodovia, procurando por alguém? Ele estava
coberto de lama. Parecia uma barra de chocolate
derretida.”
"Ele estava sozinho? Você lembra o nome dele?”,
Perguntei.
Landers balançou a cabeça, ainda rindo da própria
piada. "Algo estranho."
"Shepley?", Perguntou Reyes.
"Talvez", disse Landers.
"Ele estava machucado? O que ele estava vestindo?
Tinha uns vintes poucos anos? Olhos cor de avelã?"
"Ei, ei, ei, senhorita. Foi um dia longo," Landers disse,
levantando-se.
Tudo que eu podia ver dele era sua barriga.
Reyes olhou para ele. "Qual é Justin. Ela está
procurando por ele há horas. Ela viu ele ser sugado por um
tornado caramba”.
“Ele tinha uma laceração significativa em seu ombro,
mas ele vai sobreviver se o chefe dos bombeiros conseguir
convencer ele a ser tratado. Ele estava obcecado em
encontrar sua, um... como é que ele disse? Namorada
epicamente linda.” Landers fez uma pausa e então se
inclinou para baixo. “América?"
Meus olhos se arregalaram e minha boca se abriu em
um sorriso escancarado. "Sim! Esse é o meu nome! Ele
estava aqui? Procurando por mim? Você sabe pra onde ele
foi?”
"Para o hospital... procurar você" Landers disse,
inclinando seu chapéu. "Boa sorte, senhorita."
"Reyes!" Eu disse, agarrando seu braço.
Ele assentiu enquanto acendeu o farol, em seguida
mudou a marcha. Nós seguimos com a viatura cruzando a
linha, então Reyes pisou firme no acelerador, correndo pela
rodovia até a Emporia... até Shepley.
Shepley
A enfermeira balançou a cabeça, limpando um corte
no meu ouvido com uma bola de algodão. "Você é
sortudo." Ela piscou seus longos cílios, então pegou por
trás dela algo colocado na bandeja de prata ao lado da
minha maca.
A sala de emergência estava cheia. Os quartos
estavam disponíveis apenas para os casos mais urgentes.
Uma triagem havia sido criada na sala de espera, eu
esperei por mais de uma hora antes de uma enfermeira
finalmente chamar meu nome e me levar até uma maca no
corredor onde eu esperei por mais uma hora.
"Eu não posso acreditar que você estava saindo
daqui."
"Está ficando tarde. Eu tenho que encontrar a America
antes de escurecer.”
A enfermeira sorriu. Ela era bem baixinha. Eu pensei
que ela tinha acabado de sair da escola de enfermagem
até que abriu a boca. Ela me lembrava muito da América -
dura, confiante, que aceitaria zero por cento de merda que
qualquer um poderia dar a ela.
"Eu te disse. Olhe”, disse ela. “A America está no
sistema, o que significa que ela apareceu aqui. Ela está,
provavelmente, fora procurando por você. Fique aí. Ela vai
voltar.”.
Eu fiz uma careta. "Isso não me faz sentir melhor" - Eu
olhei para seu crachá -"Brandi”.
Ela sorriu.
"Não, mas essas feridas irão ficar vermelhas.
Mantenha limpas e secas. Você sentirá uma pequena
alfinetada no seu ouvido.”
"Fabuloso" murmurei.
"Você é o único que se abrigou debaixo de um
viaduto. Você não sabe de nada? Isso é pior do que ficar
em um campo aberto. Quando um tornado passa sobre
uma ponte, aumenta a velocidade do vento”.
"Será que eles te ensinaram na escola de
enfermagem?", Perguntei.
"Este é o Tornado Alley. Se você não sabe as regras
ainda, você estará ansioso para aprender após a primeira
temporada de furacão.”
"Eu posso ver o por que."
Ela soprou uma risada. "Considere o ouvido direito
muito bom. Não são muitas pessoas que podem dizer que
passaram por um tornado e sobreviveram para contar
história”.
"Eu não acho que eles vão ficar impressionados com
a orelha machucada."
"Se você está querendo uma cicatriz, você vai ter
uma", disse ela, apontando para o meu ombro.
Olhei para a atadura branca e a fita no meu ombro,
então, atrás de mim em direção à porta. "Se ela não estiver
aqui em quinze minutos eu vou voltar para procurá-la."
"Eu não posso conseguir os seus documentos de
liberação prontos em..."
"Quinze minutos", eu disse.
Ela não se impressionou com a minha exigência.
"Ouça, princesa, se você não percebeu, eu estou ocupada.
Ela estará aqui. Temos outra tempestade que se aproxima
de qualquer maneira e...”.
Eu endureci. "O quê? Quando?"
Ela deu de ombros, olhando para a televisão colocada
na sala de espera. Pessoas de todas as idades, todos
encharcados com água da chuva, sujos e com medo, em
pé enrolados em cobertores de lã hospitalares. Eles
começaram uma multidão ao redor da tela. Um
meteorologista estava em pé na frente de um radar, se
movendo alguns centímetros de cada vez. Uma grande
mancha vermelha cercada por amarelos e verdes se
espalhava até os limites da cidade de Emporia7, então
começou tudo de novo, preso em um loop.
"Isso vai nos engolir e depois cuspir-nos", disse
Brandi. Minhas sobrancelhas levantaram com o pânico que
crescia em meu peito.
"Ela ainda está lá fora. Eu nem sei aonde procurar.”
"Shepley," Brandi disse, agarrando meu queixo e me
forçando a encará-la. “Fique aí. Se ela voltar aqui e
descobrir que você foi embora o que você acha que ela vai
fazer?” Quando eu não respondi, ela soltou meu queixo,
desgostosa. "Fazer a mesma coisa que você. Vai procurar
por você. Este é o lugar mais seguro para ela, se você
ficar aqui ela vai encontrar o caminho de volta.”
Eu agarrei a borda da maca, apertando a almofada
coberta de plástico em meu punho, enquanto Brandi
deslizou cuidadosamente uma camiseta áspera sobre a
minha cabeça. Ela me ajudou a deslizar através de meus
braços, esperando pacientemente, enquanto lutei para
levantar meu ombro esquerdo.
7
"Eu posso te dar um vestido de hospital em vez disso,"
ela disse.
"Não. Sem vestidos", eu disse. Grunhindo, eu
manobrava o meu braço pela manga.
"Você não pode sequer se vestir, mas você vai
procurá-la?"
"Eu não posso simplesmente sentar aqui, seguro e
aquecido, enquanto America está lá fora em algum lugar",
eu disse. "Ela provavelmente não tem nenhuma pista de
que ela está prestes a ser atingida novamente por mais
tempestade."
“Shepley me escute. Nós ainda estamos sob um aviso
de tornado.”
“É impossível sermos atingidos duas vezes na mesma
noite."
"Na verdade, não é", disse ela. "É raro, mas
acontece."
Eu saí da maca, minha respiração presa quando o
músculo machucado em meu braço se moveu.
"Bem. Se você vai insistir em ser ridículo, você tem
que assinar um ACAM.”
"Assinar um o quê?"
"ACAM – Alta Contra o Aconselhamento Médico."
"Ei, ei, ei," disse o Chefe, segurando suas mãos.
"Onde você pensa que está indo?"
Eu respirei pelo nariz, frustrado. "Outra tempestade
está chegando. Ela não voltou ainda."
"Isso não significa que é uma boa ideia por a cabeça
para fora na chuva."
“E se fosse sua esposa, Chefe? E se suas filhas
estivessem lá fora? Você iria?"
Sirenes de tornado encheram o ar. Era muito mais alto
desta vez, o zumbido sinistro soando como se fosse logo
do lado de fora da porta. Todo mundo olhou em volta, em
seguida, o pânico começou.
Eu fui para a porta.
Mas o Chefe ficou na minha frente. "Você não pode ir
lá fora, Shepley! Não é seguro!”
Segurando meu braço esquerdo contra o meu corpo,
empurrei-o então, abri meu caminho através da sala de
espera lotada até as portas. O céu se abriu novamente,
chovia muito no estacionamento. Com horror e
incredulidade em seus rostos, as pessoas estavam
correndo pelo cimento para a sala de emergência.
Eu olhei para os sinais de uma nuvem funil. Eu não
tinha carro e nenhuma ideia de onde estava. Eu tinha
estado com medo muitas vezes em minha vida, mas
nenhum jamais havia chegado próximo de agora. Manter
as pessoas que você ama seguro não era uma opção, mas
eu não poderia salvá-la.
Eu me virei, agarrando a camisa do chefe com o meu
punho, seu distintivo cavando em minha palma. "Ajude-
me," eu disse, tremendo de medo e frustração.
Gritos começaram e lampejos de energia aconteciam
à distância.
"Todo mundo, entrem nos corredores!" O chefe disse,
puxando-me de volta para minha maca.
Eu lutei com ele, mas mesmo ele sendo o dobro da
minha idade, com o uso de dois braços, ele me dominou
facilmente.
"Chega! Seu idiota! No chão!”, Ele rosnou, lutando
para me empurrar em direção ao chão.
Brandi colocou um garoto no meu colo e segurou mais
três crianças, se entrincheirando ao meu lado.
O menino não chorou, mas ele tremia
incontrolavelmente. Pisquei e olhei em volta, vendo os
rostos cheios de terror de todos ao nosso redor. A maioria
deles já tinha sofrido com um tornado devastador.
"Eu quero o meu pai", o menino no meu colo
choramingou.
Eu o abracei ao meu lado, tentando proteger o
máximo de seu corpo que eu pude. "Vai ficar tudo bem.
Qual o seu nome?"
"Eu quero o meu pai", disse ele de novo, à beira do
pânico.
"Meu nome é Shep. Eu estou sozinho, também. Você
acha que poderia ficar aqui comigo até isso acabar?”
Ele olhou para mim com grandes olhos avermelhados.
"Jack".
"Seu nome é Jack?", Perguntei.
Ele assentiu.
"Esse é o nome do meu pai", eu disse com um
pequeno sorriso.
Jack espelhou minha expressão, em seguida, seu
sorriso desapareceu lentamente.
"É o nome do meu pai, também."
"Onde ele está?", Perguntei.
“Nós estávamos na banheira. Minha mãe... minha
irmãzinha. Houve um ruído bem alto. Meu pai segurou-me
apertado. Realmente apertado. Quando acabou, ele não
estava me segurando mais. Nosso sofá estava de cabeça
para baixo, eu estava sob ele. Eu não sei onde ele está. Eu
não sei onde qualquer um deles está.”
"Não se preocupe", eu disse. "Eles sabem que devem
procurar você aqui."
Algo bateu em uma janela quadrada e quebrou o
vidro. Gritos assustados mal audíveis sobre as sirenes e o
tempestuoso vento.
Jack enterrou a cabeça no meu peito, o apertei
suavemente com o meu braço bom, segurando o meu
braço esquerdo contra a minha cintura.
"Onde está sua família?" Jack perguntou, com os
olhos cerrados.
"Não aqui," Eu disse, olhando por cima do meu ombro
para a janela quebrada.
Capítulo Nove
América
“Quanto mais falta?” Perguntei.
“Quatro quilômetros a menos desde a última vez que
me perguntou.” Reyes balbuciou.
Reyes estava dirigindo rápido, mas não o suficiente.
Só de saber que Shepley estava no hospital, machucado,
me fazia sentir como seu pudesse pular para fora do carro
e correr mais rápido do que estávamos indo. Nós
passamos pelo pedágio em direção a uma rua com uma
fileira estreita de casas que de alguma maneira não tinha
sido atingidas pelo tornado.
Abaixei a janela, e estava apoiando meu queixo na
minha mão, deixando o ar soprar no meu rosto. Fechei os
olhos, imaginando a expressão nos olhos de Shepley
quando eu entrasse pela porta.
“Landers disse que ela estava bem acabado. Você
deveria se preparar para isso.” Reyes disse.
“Ele está bem. Isso é tudo com o que me importo.”
“Só não quero vê-la chateada.”
“Por quê?” Virei para ele. “Pensei que era o
patrulheiro durão sem nenhuma emoção.”
“Eu sou.” Ele disse, se remexendo em seu assento.
“Não quer dizer que quero ver você chorando de novo.”
“Sua esposa não chora?”
“Não.” Disse ele sem titubear.
“Nunca?”
“Não dou a ela razão para chorar.”
Recostei-me no meu assento novamente. “Aposto
que ela chora. Só que provavelmente não mostra. Todo
mundo chora.”
“Nunca a vi chorando. Ela riu muito quando Maya
nasceu.”
Sorri. “Maya. Que fofo.”
Gotas de chuva enormes começaram a bater no para-
brisa, fazendo Reyes acionar os limpadores. O movimento
de ir e vir e de arrasto sobre o vidro funcionou como um
ritmo que ecoava cada batida do meu coração.
Um canto da boca de Reyes de levantou. “Ela é fofa.
Cabeça cheia de cabelo preto. Ela saiu, parecendo estar
usando um gorro. Ela era bem amarela na primeira
semana. Pensei que só tinha um ótimo bronzeado... como
eu.” Ele deu um sorriso convencido. “Mas acabou sendo
icterícia. A levamos para o médico, e depois para o
laboratório. Eles a furaram com uma agulha e apertaram o
pé dela para uma amostra de sangue. Alexandra não
derramou uma lágrima. Eu chorei tanto quanto Maya. Acha
que sou durão? Não conheceu minha esposa.
“No dia de seu casamento?”
“Nope.”
”Quando ela descobriu que estava grávida?”
“Nope.”
Pensei naquilo por um momento. “Nem mesmo
lágrimas de alegria?”
Ele negou com a cabeça.
“E as mulheres que você ajuda? Você as deixa
sozinhas se ela chorarem?”
“Me faz sentir desconfortável.” Ele disse
simplesmente. “Eu não gosto.”
“Que bom que casou com uma mulher que não
chora.”
“Sorte. Muita, muita sorte. Ela não é exageradamente
emocional.”
“Ela não soa nem um pouco emocional.” Provoquei.
“Você não está tão errada.” Ele riu uma vez. “Não
tinha certeza nem se ela gostava de mim no início. Me
levou dois anos e muitas horas na academia para
desenvolver a coragem de chamá-la para sair. Não achei
que poderia amar alguém mais do que amo Alexandra até
algumas semanas atrás.”
“Quando Maya nasceu?”
Ele concordou coma cabeça.
Sorri. “Estava errada. Você não é um babaca.”
Um barulho estático veio do rádio e a expedidora
começou a falar sobre um relatório do tempo.
“Mais um tornado?” Perguntei.
As sirenes começaram a tocar.
“O Serviço Nacional do Tempo está emitindo o
relatório da aproximação de um tornado dos limites na
cidade de Emporia.” A expedidora disse numa voz
monótona. “Todas unidades sejam avisadas, o tornado se
encontra nos perímetros.”
“Como ela está tão calma?” Perguntei, olhando para o
céu.
Nuvens negras estavam pairando sobre nós.
Reyes diminuiu, olhando pra cima. “Essa é Delores. É
o trabalho dela ficar calma, mas também, nada abala essa
mulher. Ela vem fazendo isso desde antes de eu nascer.”
A voz de Delores veio pelo rádio novamente. “Todas
unidades sejam avisadas, um tornado se encontra nos
perímetros, viajando norte, nordeste. Local atual, rua
Prairie e avenida sul.
Delores continuou a repetir o relatório enquanto as
sobrancelhas de Reyes se juntaram, e ele começou a
examinar o céu freneticamente.
“O que foi?” Perguntei.
“Estamos a um quarteirão ao norte desse local.”
Shepley
O vento soprava em gotículas de água, encharcando
a telha e derrubando as cadeiras. Diversos homens com
emblemas de hospital corriam com pedaços largos de
madeira, martelos e pregos, e iam ao trabalho braçal
cobrindo o vidro quebrado. Alguns varriam os cacos de
vidro que tinham se espalhado pelo chão.
O Chefe se levantou e se encaminhou para o lugar
onde os homens da manutenção trabalhavam. Assim que
ele começou a conversar com um deles, ele olhou para
janela. E se virou rapidamente e gritou: “Todos, se
mecham!”
Ele agarrou uma mulher e saltou para longe bem
antes de um carro compacto atravessou a madeira e as
janelas improvisadas, permanecendo virado de lado no
meio da sala de espera.
Depois de alguns segundos de silêncio espantado,
gritos e prantos preencheram a sala. Brandi entregou as
crianças as quais estava segurando a mim, e ela correu em
direção ao carro, checando os trabalhadores que foram
atingidos.
Ela pôs sua palma na testa de um homem, sangue
deslizando de seu rosto. “Preciso de uma maca!”
O Chefe se virou e me observou com um olhar
confuso.
“Você está bem?” Perguntei, abraçando as crianças
ao meu redor.
Ele acenou com a cabeça e ajudou a mulher que ele
tinha tirado do caminho a se levantar.
“Obrigada.” Ela disse, olhando em volta em choque.
O Chefe espiou o lado de fora pelo buraco na parede
que o carro tinha criado. “Ele já passou.”
Ele deu um passo em direção aos corpos quebrados
ao redor do carro, mas pausou quando seu radio chamou.
Uma voz grossa saiu do aparelho enquanto um
homem falou. “Dois-dezenove para Base G.”
“Base G. Fala” A expedidora respondeu.
O Chefe aumentou o radio. Ele podia ouvir o pânico
disfarçado na voz do oficial.
“Oficial ferido na autoestrada 50 com a Sherman. Meu
carro capotou. Múltiplas fatalidades e ferimentos nessa
área, incluindo eu. Solicito dez-quarenta e nove para esse
local. Câmbio.” Ele disse, grunhindo a última palavra.
“Qual a gravidade dos seus ferimentos, Reyes?” A
expedidora perguntou.
O Chefe olhou para mim. “Tenho que ir.”
“Não tenho certeza.” O oficial disse. “Estava levando
uma jovem para o hospital. Ela está inconsciente. Eu acho
que a perna dela esta presa. Vamos precisar de algumas
ferramentas. Câmbio.”
“Copiei, dois-dezenove.”
“Delores?” Reyes disse. “O namorado dela foi
relatado para estar no Newman Regional com o chefe dos
bombeiros. Você pode falar no radio com o hospital e
verificar?”
“Dez-quatro, Reyes. Aguente firme. Temos unidades
no caminho.”
Agarrei o braço do Chefe. “É ela. América está com
aquele policial.”
“Base G é a patrulha da Rodovia Expressa. Ela está
com um patrulheiro do estado.”
“Não importa com quem ela está. Ele está ferido, e
ela presa lá dentro. Ele não pode ajudá-la.”
O Chefe se desprendeu de mim, mas eu apertei mais
ainda o braço dele.
“Por favor.” Eu disse. “Me leve para lá.”
O Chefe fez uma careta, já se opondo contra a ideia.
“Pelo que parece, eles vão ter que arrancá-la do veículo.
Isso pode levar horas. Ela está inconsciente. Ela nem vai
saber que você está lá, e provavelmente só irá atrapalhar.”
Eu engoli em seco e olhei em volta enquanto
pensava. O Chefe tirou as chaves de seu bolso.
“Só...” Suspirei. “Não precisa me levar até lá. Só me
diz onde é, e eu vou andando.”
“Você vai andando?” O Chefe disse, incrédulo. “Está
escuro. Sem eletricidade significa sem postes de
iluminação. Nem lua tem por causa das nuvens.”
“Eu preciso fazer alguma coisa!” Gritei.
“Eu sou o chefe dos bombeiros. Temos um oficial
ferido . Estou indo supervisionar a extração e...”
“Estou te implorando.” Eu disse, cansado demais para
lutar. “Não posso ficar aqui. Ela está inconsciente, pode
estar ferida, e pode ficar com medo quando acordar. Eu
tenho que estar lá.”
O Chefe pensou durante alguns segundos e suspirou.
“Tudo bem. Mas fique fora da droga do caminho.”
Concordei com a cabeça, seguindo-o quando se
encaminhou para o estacionamento. Ainda estava
chovendo, fazendo com que me preocupasse mais ainda
com ela. E se o carro tivesse capotado numa vala de
drenagem que nem o Charger? E se ela estivesse em
baixo d’água?
O Chefe ligou os faróis e as sirenes enquanto dirigia o
carro SUV para fora do estacionamento do hospital. Fios
elétricos e ramos de árvores caídos estavam por toda
parte, assim como veículos amassados em todos os tipos
de forma e tamanhos. Até mesmo um barco virado se
encontrava no meio da rua. Famílias estavam se
deslocando até o hospital a pé, e trabalhadores civis
preparavam seus equipamentos, tentando remover os
escombros da estrada principal do hospital.
“Meu Deus.” O Chefe sussurrou, fitando nossos
arredores com temor no olhar. “Atingiu duas vezes no
mesmo dia. Quem diria?”
“Eu não.” Eu disse. “Estou vendo na minha frente e
ainda não acredito.”
O Chefe virou sentido sul, indo em direção a Reyes e
América .
“O quão longe é... onde Reyes e os outros estavam?
“Seis quarteirões talvez. Não tenho certeza se
seremos os primeiros na cena ou não, mas...”
“Não somos.” Eu disse, já conseguindo ver as luzes.
O Chefe dirigiu mais alguns quarteirões e parou no
lado da estrada. Os primeiros a responder já estavam
bloqueando a estrada, e bombeiros estavam lotando o
carro capotado.
Corri em direção ao veículo. O primeiro, estava
parado até que o Chefe deu a palavra. Caí de joelhos ao
lado do carro. Cercado por escombros, o veículo estava
amassados em lugares, todas as janelas estraçalhadas.
“Mare?” Soltei um som de choro, pressionando meu
rosto contra a terra molhada.
A metade do carro ainda estava na rua, e a outra
metade – a do lado da América – se encontrava na grama.
Ondas loiras saiam para fora da pequena abertura
que antes era a janela do passageiro. As longas mechas
estavam ensopadas de chuva, rosas em uma pequena
parte.
Minha respiração falhou por um momento, e olhei
sobre o ombro para o paramédico. “Ela está sangrando!”
“Estamos cuidando disso. Você vai ter que se mover
por um segundo, para eu tirá-la daí.”
Concordei com a cabeça. “Mare?” Disse novamente,
esticando meu braço a ela.
Não tinha certeza do que estava tocando, mas podia
sentir as pele macia. Ela ainda estava quente.
“Cuidado!” O médico disse.
“América ? Consegue me ouvir? É o Shep. Estou
aqui.”
“Shepley?” Uma voz fraca chamou de dentro do
veículo.
O paramédico me empurrou para fora do caminho.
“Ela está acordada!” Ele gritou para seu parceiro.
A atividade baseada no sentimento de emergência da
equipe ao redor do carro aumentou.
“Shepley?” América chamou, dessa vez mais alto.
Um oficial me levantou do chão e me segurou.
“Estou aqui!” Eu chamei de volta.
Uma pequena mão se esticou na chuva e caí de
joelhos, rastejando-me em direção a ela.
Agarrei sua mão antes que alguém pudesse me
impedir. “Estou aqui, baby. Eu estou bem aqui.” Beijei a
mão dela, sentindo algo afiado nos meus lábios.
Em seu dedo anelar estava o diamante o qual eu
tinha planejado pedi-la em casamento – de novo- nesse
final de semana na casa dos seus pais.
Meu lábio inferior tremeu, e beijei seus dedos de
novo. “Fique acordada, Mare. Eles vão tirá-la daí daqui a
pouco.”
Deitei no chão, segurando a mão dela, por alguns
minutos até um bombeiro trazer uma ferramenta hidráulica
para forçar a porta abrir. O oficial me puxou para fora do
caminho, e América se esticou para mim novamente.
“Shepley?” Ela chorou.
“Ele vai ficar para trás um pouco enquanto tiramos
você daí, okay? Aguente firme, senhorita.”
O mesmo policial de antes tocou meu ombro. Foi aí
que eu notei as bandagens na sua cabeça.
“Você é o Reyes?” Perguntei.
“Desculpe-me, senhor Eu tentei nos tirar do caminho.
Era tarde demais.”
Assenti com a cabeça uma vez.
O Chefe se aproximou. “Você deveria me deixar levá-
lo para o hospital, Reyes.”
“Não até ela sair.” Ele disse, encarando os bombeiros
posicionando a ferramenta.
Com uma única tentativa, o bombeiro posicionou dois
alicates de metal perto da porta. O som do rangido alto e
agudo da ferramenta hidráulica combinou com o zumbido
alto dos caminhões dos bombeiros.
América deu um grito, e tentei me aproximar do
carro.
Reyes me segurou. “Fique afastado, Shepley.” Ele
disse. “Eles a tirarão mais rápido se você estiver fora do
caminho.”
Cerrei minha mandíbula. “Eu estou aqui!” Gritei.
O sol se pôs, e projetores luminosos se posicionaram
ao redor do carro. Corpos iluminados estavam deitados em
uma fila pela calçada, a menos de noventa metros de
distância. Era quase impossível ficar ali em pé esperando
alguém ajudar América , mas não tinha nada que eu
pudesse fazer além se assegurá-la de que ainda estava por
perto. Esperar que eles a retirassem era a minha única
opção.
Cobri minha boca com a minha mão, sentindo as
lágrimas queimarem meus olhos. “Quanto tempo?”
Perguntei.
“Só alguns minutos.” O Chefe disse. “Talvez menos.”
Assisti eles cortarem e arrancarem a porta do carro, e
depois se esforçaram para tirar a perna dela. Ela soltou um
grito de novo. O aperto de Reyes no meu braço ficou mais
forte.
“Ela é energética.” Ele disse. “Ela não aceitava não
como resposta. Insistiu em vir junto comigo, esperando
encontrar você.”
O Chefe deu uma risadinha. “Conheço alguém
assim.”
O paramédico entrou com um colar cervical, e quando
estabilizou o pescoço dela, a puxou para fora, centímetro
por centímetro. E quando vi seu rosto e seus lindos olhos
grandes olhando os arredores em choque e com medo, as
lágrimas caíram.
Fiquei alguns metros de distância enquanto eles, a
deixavam estável na maca, e então finalmente eu tive a
permissão para ficar perto e segurar a mão dela mais uma
vez.
“Ela vai ficar bem.” O paramédico disse. “Ela tem um
pequeno corte na cabeça. O seu tornozelo esquerdo
provavelmente quebrado. E isso é o pior que ela tem.”
Eu olhei para América e beijei sua bochecha,
sentindo o alívio sobre mim. “Você achou o anel.”
Ela sorriu, uma lágrima caindo do canto de seu olho
passando pela têmpora. “Achei o anel.”
Engoli em seco. “Eu sei que essa é uma situação
traumática. Sei que você odeia a Abby ter pedido ao Travis
depois do incêndio, mas...”
“Sim.” América disse sem hesitação. “Se você está
me pedindo pra casar com você, sim.” Ela sugou o ar,
lágrimas caindo de seus olhos.
“Estou te pedindo pra casar comigo.” Eu engasguei
antes de beijar o anel em seu dedo.
Assim que os paramédicos colocaram a maca de
América na ambulância, segui Reyes até a parte traseira
com ela. Ela estremecia quando passávamos pelos quebra-
molas, mas ela nunca deixou de segurar minha mão.
“Eu não acredito que está aqui.” Ela disse
suavemente. “Não acredito que está bem.”
“Eu nunca me perdi por muito tempo. Sempre consigo
encontrar meu caminho de volta pra você.
América soltou uma risadinha pelo nariz e fechou os
olhos, permitindo-se relaxar.
Capítulo Dez
América
"É linda," eu disse, olhando em volta da nova casa do
Travis e da Abby. "Você disse quatro quartos?"
Abby assentiu. "Dois no andar de baixo e dois em
cima."
Eu levantei meu queixo, olhando para as escadas. Elas
estavam revestidas por fusos de madeira branca e cobertas
por recém-colocados carpetes taupe. Os pisos de madeira
eram reluzentes, e o novo mobiliário, tapetes e a decoração
tinham sidos arrumados perfeitamente.
"Parece que essa casa saiu direto da revista Better
Homes and Gardens," eu disse, balançando a cabeça
admirada.
Abby olhou em volta com um sorriso, suspirando e
assentindo. "Estávamos economizando há um bom tempo.
Eu queria que fosse perfeito. E Trav também."
Eu girei minha aliança de casamento ao redor do meu
dedo. "E é. Você parece cansada."
"Desempacotar caixas e organizar faz isso com você,"
disse ela, indo para a sala de estar.
Ela se sentou no ottoman, e eu no sofá. Isso foi à
segunda coisa que Travis comprou quando ele conheceu a
Abby.
"Ele vai amar isso quando chegar em casa," eu disse.
"Eles devem estar aqui daqui a pouco."
Ela olhou para o relógio, enrolando distraidamente um
longo fio de cabelo caramelado. "A qualquer minuto, na
verdade. Me lembre de agradecer ao Shepley por buscá-lo
no aeroporto. Eu sei que ele não gosta de deixar você
sozinha nestes dias."
Eu olhei para baixo, passando a mão sobre a minha
barriga redonda. "Você sabe que ele faria qualquer coisa por
você e pelo Travis."
Abby apoiou o queixo sobre o punho e balançou a
cabeça. "É difícil acreditar que o seu será o quarto neto de
Jim. Olive, Hollis, Hadley, e agora...”.
"Não vou dizer ainda," eu disse com um sorriso.
"Vamos lá! Está me matando de curiosidade não saber!
Só diga o sexo."
Eu balancei minha cabeça, e Abby riu meio frustrada
com o meu segredo.
"Ainda é nosso segredo - pelo menos por mais três
semanas."
Abby ficou em silêncio. "Você está com medo?"
Eu balancei minha cabeça. "Honestamente, ansiosa
para não ser só uma incubadora inchada andando que nem
pata."
Abby inclinou a cabeça, compreensiva. Ela se estendeu
até o final da mesa para endireitar um quadro que tinha uma
foto preto-e-branco de sua renovação de votos em St.
Thomas.
Eu toquei minha barriga, pressionando em qualquer
parte do bebê que estava se alongando contra minhas
costelas. "Daqui seis meses, você vai ter que colocar coisas
que quebram em lugares mais altos."
Abby sorriu. "Estou ansiosa para isso."
A porta da frente abriu, e Travis gritou do outro lado do
hall de entrada, sua voz flutuando facilmente pela sala de
estar, "Estou em casa, Beija-Flor.”.
"Eu vou deixar vocês à vontade," eu disse, me
posicionando para levantar do sofá.
"Não, fique" Abby disse de pé.
"Mas... ele esteve fora por dez dias," eu disse,
observando ela caminhar para o outro lado da sala para
receber Travis na ampla entrada.
"Oi, baby," disse Travis, deslizando os braços em torno
de sua esposa. Ele apertou os lábios contra os dela,
cafungando ela.
Shepley sentou no sofá ao meu lado, me beijando e, em
seguida, minha barriga. "Papai está aqui," disse ele.
O bebê se mexeu, e eu me endireitei, tentando arrumar
mais espaço.
"Alguém sentiu sua falta," eu disse, passando os dedos
pelos cabelos de Shepley.
"Como você está se sentindo?" Ele perguntou.
"Bem," eu disse, assentindo.
Ele franziu a testa. "Eu estou ficando impaciente."
Eu levantei uma sobrancelha. "Está?"
Ele riu, e em seguida olhou para seu primo.
"Aonde você vai?" Travis perguntou, olhando Abby ir
para a cozinha. Ela voltou com dois balões presos em uma
fita e uma caixa de sapatos. Ele riu confuso, e então, leu a
parte de cima da caixa. "Bem-vindo ao lar, Papai."
"Oh meu Deus!" eu gritei antes de cobrir minha boca.
Segurando a caixa, Travis olhou para mim, então para
Shepley, e depois de volta para Abby. "É fofo. É para o
Shep?"
Abby balançou a cabeça lentamente.
Travis engoliu em seco, seus olhos instantaneamente
brilhantes. "Para mim?"
Ela assentiu.
"Você está grávida?"
Ela assentiu novamente.
"Eu vou ser pai?" Ele olhou para Shepley, os olhos
arregalados, um enorme sorriso bobo no seu rosto. "Eu vou
ser pai! Não é possível, porra! De jeito nenhum!" disse ele,
uma lágrima caindo pelo seu rosto. Ele riu, beirando à
loucura em uma gargalhada estridente.
Ele limpou a bochecha e, em então, pegou Abby em
seus braços, girando ela. Abby riu, enterrando o rosto em
seu pescoço.
Ele a colocou no chão. "Sério?" Ele perguntou, com
cautela.
"Sim, baby. Eu não iria brincar com isso."
Ele riu novamente, aliviado. Eu nunca tinha visto Travis
tão feliz.
"Parabéns," disse Shepley, levantando.
Ele caminhou até Travis e o abraçou. Travis o agarrou,
obviamente chorando.
Abby enxugou os olhos, tão surpresa quanto o resto de
nós com a reação de Travis. "Tem mais," ela disse.
Travis soltou Shepley. "Mais? Está tudo bem?" Ele
perguntou com manchas vermelhas ao redor dos olhos.
"Abra a caixa," Abby disse, apontando para a caixa de
sapatos ainda na mão de Travis.
Ele piscou algumas vezes e, em seguida, olhou para
baixo, rasgando cuidadosamente o papel marrom que estava
em volta. Ele ergueu a tampa e, então, olhou para a Abby.
“Flor", ele soprou.
"O quê? Me mostre! Eu não consigo me mexer!" Eu
disse.
Travis tirou dois pares de sapatinhos de crochê cinza
para bebê, mexendo entre quatro dedos.
Eu cobri minha boca novamente. "Dois?" Eu gritei.
"Gêmeos!"
"Puta merda, irmão," disse Shepley, dando tapinhas nas
costas de Travis. "É isso aí."
Travis engasgou, sobrecarregado com as emoções.
Quando a consciência voltou, ele guiou Abby para sua
poltrona reclinável. "Sente-se querida. Descanse. A casa
está incrível. Você trabalhou muito." Ele se ajoelhou na frente
dela. "Você está com raiva? Eu posso cozinhar alguma
coisa. Qualquer coisa. Diga o que."
Abby riu.
"Você está me fazendo ficar mal, Trav," Shepley
brincou.
"Como se você não tivesse feito maior rebuliço em cima
de mim esse tempo todo," eu disse.
Shepley sentou ao meu lado, me abraçando de lado e
beijando minha têmpora.
“Neto número cinco... e seis” Eu disse, sorridente.
"Eu não vejo a hora de contar ao Papai," disse Travis.
Seu lábio inferior tremeu, e ele apertou a testa contra a
barriga dela.
"Esta família anormal está se saindo muito bem," disse
Shepley tocando minha barriga.
"Nós estamos sendo incríveis, porra,” disse Travis.
Shepley se levantou, desapareceu na cozinha, e depois
voltou com duas garrafas de cerveja abertas e duas garrafas
de água. Ele entregou uma cerveja para Travis e, em
seguida, as águas para Abby e eu. Nós levantamos nossas
bebidas.
"Pela próxima geração Maddoxes," disse Shepley.
A covinha do Travis afundou quando ele sorriu. "Que
suas vidas sejam tão bonitas quanto às mulheres que os
carregam."
Eu levantei minha água. "Você sempre foi bom em
brindes, Trav."
Nós todos tomamos um gole, e então eu observei como
Travis, Shepley e Abby riam e conversavam sobre como a
vida havia se tornado incrível, nosso parentesco iminente, e
o que seria a vida de agora em diante.
Travis não conseguia parar de sorrir, e Abby parecia
estar se apaixonando por ele mais uma vez, enquanto o
observava se apaixonar pela ideia de ser pai.
Para pessoas que tinham lutado por cada passo dado,
não tínhamos nenhum arrependimento, e não mudaríamos
nada. Cada curva errada tinha nos levado a este momento,
provando que cada escolha que fizemos estava certa. Nós
tínhamos chorado, nos machucado e sangrado em nosso
caminho para a felicidade, de um jeito que não poderia ser
interrompido pelo fogo ou pelo vento.
Mas mesmo assim, apesar do que foi e de tudo o que
aconteceu, nós éramos algo bonito.
THE END.
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